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DIREITO CONSTITUCIONAL
JANEIRO – 2024
1º CICLO DE ENSINO
Sumário
1
We the People of the United States, in Order to form a more perfect Union, establish Justice, insure domestic
Tranquility, provide for the common defence, promote the general Welfare, and secure the Blessings of Liberty to
ourselves and our Posterity, do ordain and establish this Constitution for the United States of America.
2
DALLARI, Dalmo de Abreu. A Constituição na Vida dos Povos: Da Idade Média ao Século XXI. São Paulo, SP:
Saraiva, 2010, fl.230
A inovação verificada na Constituição norte americana, a primeira como lei escrita de
natureza superior, garantiu ao sistema político que surgia uma clareza de objetivos e fundamentos
até então inéditas, consolidando a ideia de uma norma cogente fundamental daquele povo,
influenciando outras nações, onde cresciam os movimentos de ruptura com regimes despóticos,
destacando-se neste cenário a França, onde aqueles grupos interessados em severas mudanças
políticas viram em uma Constituição escrita uma ferramenta essencial na garantia dos direitos
individuais frente aos desmandos perpetrados por governos totalitaristas.
Imersos em intensos conflitos sociais os lideres revolucionários franceses, encontravam
certa similitude entre o contexto político norte americano, na época da promulgação de sua
constituição, e aquele vivenciado na França com os levantes populares contra o regime
monárquico vigente.
Com o escopo de trazer luz aos
direitos fundamentais do indivíduo frente
à penúria dos regimes totalitários até
então vigentes, foi proclamada em 1789 a
Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão, documentoque declarava de
forma expressa uma série de direitos
inerentes ao homem
pela simples
condição humana, constituindo uma
verdadeira carta de direitos
incorporada posteriormente ao
preambulo da Constituição Francesa de
1791.
Após as duas Guerras Mundiais, consequente a retomada da constitucionalização europeia,
foi redefinido o papel das Constituições, consolidando-se um modelo constitucionalista de caráter
social, iniciado com a Revolução Mexicana e República de Weimar, atribuindo à Constituição um
caráter social, servindo não apenas como fonte de direitos e garantias individuais, mas também
garantidora do bem-estar social.
Neoconstitucionalismo
Após esta leve introdução com relação aos movimentos do antigo e do moderno
“Constitucionalismo”, surge após a Segunda Guerra Mundial (segunda metade do século XX) o
“movimento neoconstitucionalista”, também chamado de constitucionalismo contemporâneo, cujo
objetivo é desenvolver, interpretar e aplicar o direito constitucional e as constituições.
Este instituto é dividido em diversas classificações, dentre elas destacam-se três marcos
principais o histórico, o filosófico e o teórico.
Conceitos de Constituição
1. Quanto à estrutura
ADCT: Conceito: o termo significa Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. São
regras que asseguram a harmonia do antigo regime constitucional (1969) para o novo
regime (1988), possuindo regras de caráter meramente transitórios.
2. Quanto ao conteúdo:
3. Quanto à forma:
5. Quanto à origem:
7. Quanto à Rigidez:
✓ Normativas: são aquelas que estão escritas em perfeita consonância com a realidade
social.
✓ Nominativas: são textos constitucionais que não conseguem efetivar os anseios sociais.
A Constituição do Brasil de 1988 ainda é nominal.
✓ Semânticas: são aquelas cuja finalidade buscam legitimar o poder autoritário estatal ao
invés de limitar o poder de governantes. São constituições ditatoriais, autocráticas.
Objetos/Elementos da Constituição
Seguindo a classificação de José Afonso da Silva os elementos das constituições dividem-se em:
Este termo é utilizado para designar e fixar o conteúdo das normas constitucionais.
Divide-se em:
2.1. Poder Constituinte Originário: também denominado Genuíno, Primário ou de
Primeiro Grau, cria a primeira ou uma nova constituição de um Estado a partir de uma evolução
jurídico-política ou mesmo uma revolução popular. Para atingir seu objetivo ele é inicial (não
existe outro poder anterior ou superior a ele), autônomo (o poder constituinte determina a
estrutura da nova Constituição), ilimitado (tem autonomia para escolher o Direito que irá viger,
ou seja, não se subordina a nenhuma ideia jurídica preexistente) e incondicionado (é dotado de
liberdade quanto aos procedimentos adotados para a criação da Constituição, ou seja, não precisa
seguir nenhuma formalidade preestabelecida).
2.2. Poder Constituinte Derivado: também denominado de Segundo Grau é responsável
pela reforma da Constituição. Destaque-se que no Brasil, isto ocorre mediante as Emendas
Constitucionais ou pela incorporação de Tratados Internacionais de Direitos Humanos.
2.3. Poder Constituinte Derivado Decorrente: é aquele exercido pelos Estados, entes
federados, na elaboração das Constituições Estaduais.
Emenda Constitucional
Processo legislativo formal pelo qual são alteradas disposições da constituição, no caso da
CRFB/88 possibilidade de emenda constitucional é regulado pelo artigo 60 da Carta Magna,
exigindo a aprovação em dois turnos, nas duas casas do Congresso Nacional por três quintos de
seus membros.
No mesmo artigo 60 da CFRB/88, estão previstos os dispositivos limitadores do poder
reformador, qual sejam, a legitimidade para propositura de emenda, limitação material nas
figuradas cláusulas pétreas e limitações circunstanciais.
LEGITIMADOS - PEC
1 Presidente da República
2 Um terço dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal
3 Mais da metade das Assembleias Legislativas, pela maioria relativa dos respectivos membros
Limitações:
a) Limitação Material - Cláusulas Pétreas
b) Limitação Circunstancial
INTERVENÇÃO FEDERAL;
ESTADO DE DEFESA;
ESTADO DE SÍTIO.
Conforme leciona Balladore Pallieri, Estado é uma ordenação que tem por fim específico
e essencial a regulamentação global das relações sociais entre os membros de uma dada
população sobre um dado território, na qual a palavra ordenação expressa a ideia do poder
soberano, institucionalizado, o Estado, como se nota, constitui-se de quatro elementos essenciais:
Um poder soberano de um povo situado num território com certa finalidade.
Uma definição, muito aceita pela doutrina, de Direitos Fundamentais estabelece que todos
aqueles direitos inerentes à própria condição humana que estejam positivados pela norma de um
determinado estado. Desta forma podemos diferenciar os conceitos de Direitos Humanos e
Direitos Fundamentais mediante a inserção destes últimos em uma norma formal.
A CFRB/88 estabelece os direitos e garantias fundamentais, dividindo-os em individuais,
coletivos, de nacionalidade e direitos e partidos políticos.
Direitos Individuais
Direito à Vida
Direito à Liberdade
Causa Supralegal (acima da lei, porém abaixo da constituição): Não esta previsto em lei, porém, o
consentimento do titular do bem disponível exclui a ilicitude do fato, encontra-se embasamento resolutivo
na doutrina .
Atenção: O Supremo Tribunal Federal, ao julgar o RE 603.616, decidiu que a entrada forçada em
domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando amparada em razões
concretas, devidamente justificadas posteriormente, que indiquem que dentro da casa ocorria situação de
flagrante delito.
Direito de Igualdade
O Sentido Formal é meramente do que está previsto em lei: “todos são iguais perante a
lei, sem distinções de qualquer natureza”, ou seja, a lei atinge a todos, ninguém podendo negar
seu cumprimento
Habeas Corpus
Sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou violação em sua
liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. Importante ressaltar que o Habeas
Corpus, também conhecido como o remédio heroico, destina-se a proteção do direito individual
de livre locomoção da pessoa física não podendo ser proposto em favor de pessoa jurídica.
Habeas Corpus preventivo é utilizado nos casos em que ainda não houve privação de
liberdade, mas ela está sob ameaça concreta e iminente por conta de algum ato anterior. O habeas
corpus preventivo também é chamado de “salvo conduto” e impede que um ato ilegal se
concretize.
IMPORTANTE
Habeas Data
ATENÇÃO
Mandado de Segurança
Art. 5º
[...]
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e
em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus
membros ou associados;
Mandado de Injunção
Art. 5º
[…]
Ação Popular
A Ação Popular pode ser proposta por qualquer cidadão (nacional no gozo dos direitos
políticos) como objetivo de anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o
Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
cultural, ficando o autor, salvo comprova da má-fé, isento de custas da sucumbência.
Art. 5º
[...]
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe,
à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do
ônus da sucumbência;
Conforme posição sedimentada pela doutrina, os direitos sociais são aqueles dependentes
de uma prestação positiva do Estado, decorrendo de normas constitucionais de conteúdo
programático, ou seja, exigem a ação estatal para sua efetivação, constituindo direitos de segunda
dimensão. Estão diretamente ligados aos direitos à educação, saúde, trabalho, previdência social,
lazer e segurança.
Direito ao Trabalho.
Embora a saúde individual de cada pessoa sofra a influência de uma série de fatores
desconexos da ação estatal ou mesmo das ações do próprio indivíduo, a Constituição Federal
elenca o direito à saúde como um dos direitos fundamentais do ordenamento jurídico pátrio,
devendo ser esclarecido que saúde, no presente caso, não se trata apenas da ausência de doenças,
mas, a imposição do direito que cada um tenha o acesso a um tratamento condigno de acordo com
o estado atual da ciência médica, independentemente de sua situação econômica, tratando-se de
direito social, que como os demais impõe uma prestação positiva do Estado para o seu perfeito
exercício.
Direito à Educação
Ainda neste sentido o artigo 205 da Constituição Federal, combinado com o artigo 6º,
eleva a educação ao nível dos direitos fundamentais do homem, sendo um direito social de todos,
e um dever do Estado, que deve fornecer a todos os serviços educacionais básicos, bem como
criar e ampliar as possibilidades de que todos possam exercer esse direito. O policiamento em
escolas insere-se no esforço da garantia de assegurar a todos o acesso à educação.
A educação básica, para as crianças, deve receber o máximo apoio, mas os adolescentes e
adultos também têm direito à educação. Quanto mais educação a população receber, maior será a
possibilidade de criação intelectual e, em consequência, de independência do país.
Direito de Nacionalidade
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que
estes não estejam a serviço de seu país;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles
esteja a serviço da República Federativa do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam
registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e
optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;
Direito de Cidadania.
O Cidadão é um indivíduo qualquer que habita a cidade, e que como morador, tem direitos
civis e políticos, contudo, quando buscamos um conceito jurídico de cidadania, podemos verificar
que se trata da capacidade de participação nas decisões políticas, constituindo nas palavras de
Pimenta Bueno “as prerrogativas, os atributos, faculdades ou poder de intervenção dos cidadãos
ativos no governo de seu país, intervenção direta ou indireta, mais ou menos ampla, segundo a
intensidade do gozo desses direitos”.
Preâmbulo
[...]
Entretanto, esse poder pode ser delegado. No Brasil, qualquer autoridade, pode assinar um ato
internacional, desde que possua a carta de plenos poderes, chamados “Plenipotenciários” firmado pelo
Presidente da República e referendada pelo Ministro das Relações Exteriores.
O art. 7º da Convenção de Viena, disciplina quem são as autoridades que podem representar o
país na assinatura de um tratado, os chamados “treaty making power”
ATENÇÃO
3
MENDES, Gilmar. O Controle de Constitucionalidade no Brasil, Repositório do Supremo Tribunal Federal,
www.stf.jus.br.
conferir competência para tal a um determinado órgão jurídico. 4
4
Hans Kelsn, Teoria Pura do Direito, tradução João Batista Machado, Editora Martins Fontes, p. 189.
ou ato normativo federal;
[...]
[...]
Súmula Vinculante
Controle de Convencionalidade
DALLARI,DalmodeAbreu.ElementosdeTeoriaGeraldoEstado.SãoPaulo:Saraiva.
LENZA,Pedro.DireitoConstitucionalesquematizado.SãoPaulo,Método.
MORAIS, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas.
SILVA, José Afonso da.Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros.
MARTINS, Flávio. Curso de Direito Constitucional. 4ªed..São Paulo, Saraiva, 2020.