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CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO
INTRODUÇÃO
Estado liberal é o não intervencionista, que não se intromete em áreas como saúde,
educação, previdência e trabalho, relegando esses assuntos à iniciativa privada. É, pois, o Estado
mínimo, que avoca para si apenas a manutenção da ordem pública.
Os objetivos das constituições liberais eram limitar o poder político dos governantes e
fortalecer os direitos individuais do homem.
Do exposto dessume-se que constituição liberal é o conjunto de normas superiores que
dispõe sobre a organização do Estado, a organização do poder e os direitos individuais da pessoa.
Restringe-se, pois, a esse trio temático de matérias.
CONSTITUIÇÃO SOCIAL
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a) Constituição Sintética: são as constituições com poucos dispositivos, curtas, breves, que
traçam apenas normas gerais, cujo detalhamento é relegado à legislação infraconstitucional.
Exemplo: Constituição dos EUA.
b) Constituição Analítica ou Prolixa: são as constituições que, além das normas gerais, cuidam
de matérias que, a rigor, poderiam ser disciplinadas pela lei ordinária. É o caso da Constituição
brasileira.
a) Constituição Histórica ou Costumeira: é a que não é escrita, surge com a evolução gradativa
das instituições políticas. Toda constituição não escrita é histórica. Exemplo: Constituição da
Inglaterra.
b) Constituição Dogmática: é a que é escrita e preparada por uma Assembleia Constituinte,
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convocada especialmente para esse fim, para que a elabore com base nos ideais que, naquele
momento, prevalecem na sociedade. Toda constituição escrita é dogmática. Exemplo: Constituição
Brasileira.
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PODER CONSTITUINTE
Poder constituinte originário é o que cria uma Constituição. Não há necessidade que seja a
primeira Constituição de um Estado, pois pode ser uma nova Constituição que substitua a anterior.
CARACTERÍSTICAS
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O poder constituinte originário é, em princípio, ilimitado, pode versar sobre qualquer assunto.
Essa ideia de Sieyès, de considerá-lo ilimitado, surgiu para se contrapor ao Estado Absolutista,
que conferia amplos poderes aos governantes. A teoria do poder divino e direito divino dos
governantes, foi hostilizada por Sieyès que revestiu o poder constituinte originário de uma força
ilimitada, justamente para impor-se sobre a força dos governantes.
O próprio Sieyès, entretanto, impunha um limite ao poder constituinte originário, que,
segundo ele, deveria respeitar o direito natural. De fato, o direito natural surge com o próprio ser
humano, é anterior ao Estado e ao próprio poder, e, portanto, está acima de tudo.
O povo é o titular do poder constituinte originário e não a nação, como considerava Sieyès.
CONCEITO
O poder constituinte derivado é o que faz as reformas à Constituição. Tem, pois, a função de
promover as revogações ou modificações das normas constitucionais.
CARACTERÍSTICAS
O povo é também o titular do poder constituinte derivado, mas, na maioria dos países, como
é o caso do Brasil, esse exercício se dá indiretamente através do Poder Legislativo.
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Em alguns países, a reforma constitucional, após ser aprovada pelo parlamento, é submetida
ao referendo popular e assim o povo, que é o titular desse poder, tem uma participação direta.
CONCEITO
FUNDAMENTO
O art. 25, caput, da CF, dispõe que: “Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições
e leis que adotaram, observados os princípios desta Constituição”.
CONSTITUIÇÃO MUNICIPAL
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O poder constituinte derivado decorrente está subordinado à Constituição Federal, que lhe
impõe limites que a doutrina classifica da seguinte forma:
a) Princípios Constitucionais Estabelecidos: são as normas constitucionais que impõem limites
expressos ou implícitos aos Estados-Membros e Distrito Federal. Um dos exemplos é art. 19 da CF.
Outro exemplo é o art. 21 da CF, que ao tratar das competências exclusivas da União,
implicitamente veda que a Constituição Estadual disciplina esses assuntos.
b) Princípios Constitucionais Sensíveis: são aqueles cuja violação acarreta a intervenção da
União nos Estados e Distrito Federal.
Estão previstos no art. 34, VII, da CF, que prevê as hipóteses em que a União pode intervir nos
Estados e Distrito Federal.
Referida intervenção federal depende da propositura da ação direta de inconstitucionalidade
interventiva perante o STF. O Procurador Geral da República é o único legitimado a formular essa
“representação” ao STF, cuja natureza é de verdadeira e autêntica ação judicial.
c) Princípios Constitucionais Extensíveis: são as normas da Constituição Federal que
disciplinam a organização da União, mas que a jurisprudência do STF ordena que seja aplicada
também aos demais entes da federação (Estados-Membros, Distrito Federal e Municípios). O
objetivo de se estender essas normas a todos os entes da federação é garantir a unidade do
federalismo, a harmonia da separação dos poderes e a uniformidade do federalismo brasileiro.
Dentre essas normas constitucionais merecem menção as que cuidam do processo legislativo,
organização do Tribunal de Contas, eleição do Chefe do Poder Executivo, etc. Por exemplo, a
iniciativa do projeto de lei para criar tributos federais é exclusiva do Presidente da República e, por
consequência, será exclusiva do Governador, quando se tratar de tributos estaduais ou do Prefeito,
se for tributo municipal. É claro que a reprodução do modelo federal aos Estados, Distrito Federal e
Municípios requer uma adequação, um ajuste, afinal a União tem um poder legislativo bicameral e
nos demais entes da federação esse poder é unicameral. O princípio da simetria ou paralelismo das
formas consiste nos critérios que se utiliza para levar a efeito a aplicação dos princípios
constitucionais extensíveis às esferas estadual, distrital e municipal.
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CONCEITO
Norma Constitucional válida é a elaborada com observância dos requisitos formais e materiais
prescritos pelo ordenamento jurídico.
ESPÉCIES
Referidas normas, que são aquelas introduzidas pelo poder constituinte originário e portanto
integram o texto original da Constituição, são sempre válidas, ainda que violem o direito natural ou
o núcleo central da própria Constituição. O fato de afrontarem o procedimento previsto para o
exercício do poder constituinte originário, por exemplo, de não serem votadas pela Assembleia
Constituinte, também é irrelevante, porquanto opera-se a ratificação tácita no momento em que
são promulgadas juntamente com a Constituição.
O STF, na ADIN 815, decidiu que todas as normas do poder constituinte originário são válidas,
ainda que elas violem cláusulas pétreas, limites impostos apenas ao poder constituinte derivado.
Estas normas, que são as produzidas pelo poder constituinte derivado reformador, sujeitam-
se à análise de sua constitucionalidade, pois emanam de um poder limitado e subordinado. Elas
devem observar os requisitos de validade, tanto sob o prisma formal, quanto material, sob pena de
serem inconstitucionais.
Assim, a tese da inconstitucionalidade de normas constitucionais é aceita para as normas
oriundas do poder constituinte derivado e repudiada em relação às normas emanadas do poder
constituinte originário.
CONCEITO
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INÍCIO
DESCONSTITUCIONALIZAÇÃO
RECEPÇÃO
Com a promulgação de uma nova constituição, as leis vigentes devem ser aproveitadas, caso
contrário, até que o Congresso Nacional as refizessem, o caos teria tomado conta da sociedade.
As leis anteriores, cuja matéria seja compatível com a nova Constituição, são, pois,
recepcionadas e, então, elas passam a ter um novo fundamento de validade. Opera-se a novação
constitucional, isto é, a substituição do seu fundamento de validade.
Recepção é, portanto, o fenômeno de preservação das leis anteriores que se revelam
materialmente compatíveis com a nova Constituição ou com uma nova Emenda Constitucional.
Para que haja a recepção, basta a compatibilidade material entre a lei anterior e a nova
Constituição. Exemplo: o art. 7º, IV, da CF/88 proíbe que o salário mínimo seja utilizado como
critério de correção monetária, logo as leis anteriores que dispunham em sentido contrário, não
foram recepcionadas. Outro exemplo, o art. 5º, LXIII, da CF consagra o princípio do acesso à defesa,
por consequência, o art. 595 do CPP, que, diante da fuga do réu, considerava a apelação deserta,
não foi recepcionado. Igualmente, a lei de imprensa não foi recepcionada, por colidir com o
princípio da liberdade de expressão.
Por outro lado, a eventual incompatibilidade formal da lei anterior é irrelevante, não
inviabiliza o fenômeno da recepção. Antes da Constituição de 1.988, por exemplo, havia uma
espécie normativa chamada decreto-lei, que o Presidente da República podia expedir em
determinadas matérias. Se o Congresso Nacional não o rejeitasse expressamente, ocorria a sua
aprovação tácita. Milhares de decretos-lei foram editados, inclusive, o próprio Código Penal
reveste-se dessa forma. Outros exemplos de decretos-leis: a lei das contravenções penais e a CLT.
Sobreditos decretos-leis, e tantos outros, foram recepcionados, porque, no conteúdo, são
compatíveis com a Constituição de 1.988.
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Referidas normas têm eficácia imediata e integral, sendo aplicada por inteira.
Em regra, as normas constitucionais contêm todas as informações essenciais à sua aplicação
e, portanto, são de eficácia plena. Exemplo: são brasileiros natos aqueles que nascerem no
território nacional (art. 12 da CF).
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delas devem ser extraídas o máximo de efetividade para se garantir o mínimo existencial às
pessoas.
Com efeito, algumas normas de eficácia limitada classificam-se da seguinte forma:
a) Normas de princípios institutivos: são as que preveem a criação de um órgão ou instituição,
através da lei regulamentadora. Exemplo: o art. 134 da CF prevê que cada Estado-Membro deverá
criar uma Defensoria Pública. Trata-se, nesse caso, de uma norma institutiva impositiva, pois as
Defensorias Públicas devem ser criadas, não há a liberdade de não criá-las. Outro exemplo: o art.
18, §2º, da CF prevê que os territórios podem ser criados por lei complementar. Trata-se de uma
norma institutiva facultativa, pois há a opção de não se criar territórios.
b) Normas de princípios programáticos: são as que estabelecem programas sociais e
econômicos que devem ser implementados pelo Poder Legislativo e Poder Executivo. O art. 196 da
CF, por exemplo, reza que “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao
acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.
As normas programáticas têm aplicação progressiva, e não imediata, porquanto dependem
de disponibilidade orçamentária e financeira do Poder Público. Referidas normas, no entanto, não
devem ser encaradas como meras promessas constitucionais inconsequentes e,
independentemente de disponibilidade financeira, o mínimo existencial às pessoas, segundo
jurisprudência da Excelsa Corte, deve ser implementado imediatamente como decorrência do
caráter cogente e vinculante dessas normas. O art. 205 da CF, por exemplo, prevê que a educação é
direito de todos e dever do Estado e da família. É uma norma programática. O STF tem compelido
os municípios a providenciarem número de vagas suficientes para que o comando constitucional
não se torne promessa inconsequente. Com base no princípio da máxima efetividade das normas
constitucionais tem ocorrido a ingerência do Poder Judiciário para que o Poder Público não ignore
essas normas constitucionais programáticas.
TIPOS DE INCONSTITUCIONALIDADE
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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
CONCEITO
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democráticos, que são os eleitos pelo voto popular, isto é, o Poder Legislativo e o Poder Executivo,
mas o Poder Judiciário numa situação específica, desde que provocado, pode também declarar a
inconstitucionalidade de um projeto de lei, exercendo, destarte, o controle preventivo de
constitucionalidade.
Para tanto, é preciso os seguintes requisitos:
a) Que haja violação constitucional dos aspectos formais do processo legislativo ou então a
afronta a alguma cláusula pétrea do §4º do art. 60 da CF. Exemplo: um projeto de lei rejeitado é
apresentado novamente na mesma sessão legislativa, sem que tenha sido subscrito pela maioria
absoluta dos Deputados ou Senadores, fato que infringe o art. 67 da CF.
b) Impetração de mandado de segurança. A legitimidade ativa para a impetração é exclusiva
dos parlamentares. Trata-se, pois, de direito líquido e certo do parlamentar ao regular processo
legislativo. No âmbito federal, é direito público subjetivo de qualquer deputado ou senador
apresentar esse remédio constitucional. A competência é originária do Supremo Tribunal Federal.
Não cabe, no entanto, o ajuizamento de ação direta de inconstitucionalidade para questionar a
validade de um mero projeto de lei. No âmbito dos projetos de leis estaduais ou municipais, a
legitimidade para a impetração do mandado de segurança é dos deputados estaduais ou
vereadores, respectivamente, e a competência é originária do Tribunal de Justiça.
Quando o projeto da lei afrontar apenas os regimentos internos do Poder Legislativo, o Poder
Judiciário não poderá intervir, trata-se de questão “interna corporis”, nesse caso, não há violação
direta da Constituição e, portanto, para preservar o princípio da separação dos poderes, veda-se o
controle judicial preventivo e até mesmo o repressivo.
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sustar a sua aplicação, sem que haja necessidade de se valer do Poder Judiciário.
c) Para rejeitar medida provisória por motivo de inconstitucionalidade (art. 62 da CF). A
medida provisória, como se sabe, é baixada pelo Presidente da República e entra em vigor com a
sua publicação, todavia, o Congresso Nacional deverá apreciá-la posteriormente e, caso a rejeite,
por motivo de inconstitucionalidade, estará fazendo o controle repressivo de constitucionalidade.
CLASSIFICAÇÃO
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O controle difuso autoriza que a inconstitucionalidade seja decretada por qualquer juiz ou
tribunal em ações judiciais de qualquer área do Direito (trabalhista, penal, cível, tributária, etc).
A inconstitucionalidade, no controle difuso, pode recair sobre leis ou atos normativos
federais, estaduais ou municipais.
No controle difuso, o pedido principal não é a inconstitucionalidade e sim outro pedido
baseado num caso concreto cuja lei que o respalda reveste-se de inconstitucionalidade. A questão
da inconstitucionalidade figura como causa de pedir (exemplo: petição inicial da ação de
inexigibilidade de débito tributário fundamentada na inconstitucionalidade de determinada lei) ou
fundamento de defesa (exemplo: o réu, na ação de cobrança, sustenta, na contestação, que a lei
que respalda o débito é inconstitucional).
A declaração de inconstitucionalidade é apenas incidental (“incidenter tantum”), pois, no
referido processo, existem partes e lide, isto é, uma pretensão resistida, cuja solução, num ou outro
sentido, está condicionada à análise da questão da inconstitucionalidade.
É claro que o juiz, de ofício, pode decretar a inconstitucionalidade de uma lei, porquanto a
questão é de ordem pública.
Na sentença ou acórdão, a questão da inconstitucionalidade aparece na motivação ou
fundamentação e não nos capítulos (tópicos da sentença ou acórdão que julgam o pedido).
O efeito de decisão judicial, que reconhece a inconstitucionalidade da lei, é apenas entre as
partes (“inter partes”), isto é, a lei não será aplicada ao caso concreto. A lei não é, portanto,
invalidada, pois o que ocorre é apenas uma “declaração incidental de inconstitucionalidade”,
expressão usada para designar a inconstitucionalidade pronunciada na motivação da sentença ou
acórdão. Se, no entanto, a inconstitucionalidade incidental, através de recurso extraordinário, for
decretada pelo STF, a lei será invalidada e não poderá ser aplicada às partes e a nenhum outro caso,
tendo, pois, efeito expansivo, conforme veremos mais adiante.
É declaratória a natureza jurídica da decisão judicial que reconhece a inconstitucionalidade de
uma lei ou ato normativo e, por consequência, tem, em regra, eficácia “ex tunc”, isto é, retroativa.
O STF, no entanto, por razões de segurança jurídica, pode, em caráter excepcional, modular
os efeitos da decisão e estabelecer efeitos “ex nunc”, vale dizer, não retroativos ou fixar o efeito
“pro futuro”, estipulando que a decisão judicial só valerá a partir de determinada data.
Acrescente-se ainda que a sentença que julga procedente a ação civil pública tem efeitos
“erga omnes”, mas através da referida ação só se pode questionar a inconstitucionalidade de leis
ou atos normativos como fundamentação jurídica, isto é, causa de pedir. Não se pode inserir no
pedido da ação civil pública a declaração de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos, sob
pena de ela se transfigurar numa disfarçada ação direta de inconstitucionalidade.
Conforme já salientado, no controle difuso, qualquer juiz ou tribunal, na motivação da
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sentença ou acórdão, pode declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo para viabilizar o
julgamento do pedido. O art. 97 da CF dispõe, no entanto, que “somente pelo voto da maioria
absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os Tribunais
declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.”
Enquanto o juiz de primeiro grau sozinho tem jurisdição para declarar a inconstitucionalidade
de leis ou atos normativos, justamente porque suas decisões não formam jurisprudência, o
Magistrado de Segundo Grau (desembargadores e ministros) não desfrutam dessa competência.
Trata-se do princípio “full bench”, que significa bancada completa, oriundo do direito norte-
americano, que proíbe aos órgãos fracionários dos tribunais (turmas, câmaras e sessões)
declararem a inconstitucionalidade de uma lei.
Para preservar a estabilidade da ordem ou segurança jurídica e evitar decisões conflitantes, a
Constituição veda que os órgãos fracionários dos Tribunais (turmas, câmaras e grupos de câmaras)
pronunciem sobre a inconstitucionalidade, ainda que em caráter meramente incidental, reservando
a competência ao plenário do Tribunal ou a seu Órgão Especial, exigindo ainda o quórum de
maioria absoluta. É a chamada reserva de plenário ou de seu órgão especial.
O órgão especial do Tribunal exerce as mesmas funções administrativas e jurisdicionais do
Tribunal Pleno. Só é possível a criação de órgão especial nos tribunais com mais de 25 (vinte e
cinco) desembargadores, sendo metade escolhida pelo critério de antiguidade e a outra metade
por eleição.
Com efeito, dispõe o art. 93, XI, da CF:
“Nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, poderá ser constituído órgão
especial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das
atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-
se metade das vagas por antiguidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno”.
Acrescente-se que o STF é composto por duas turmas. Cada uma com 5 (cinco) membros. A 1ª
ou 2ª Turma do STF não pode declarar a inconstitucionalidade de leis, a competência é exclusiva do
plenário e ainda assim exige-se maioria absoluta, isto é, 6 (seis) votos, tendo em vista que no STF há
11 (onze) ministros.
Surgindo no julgamento do órgão fracionário a questão da inconstitucionalidade de uma
determinada lei, duas hipóteses podem ocorrer:
1ª) o órgão fracionário entende que a lei é constitucional. Nesse caso, o próprio órgão
fracionário tem jurisdição para o julgamento, declarando a validade da lei, porquanto a reserva de
plenário é apenas para se declarar a inconstitucionalidade.
2ª) o órgão fracionário entende que a lei é inconstitucional. Em tal situação, o órgão
fracionário deve lavrar o chamado “acórdão de encaminhamento”, consignando, nesse acórdão,
que considerou a lei inconstitucional e, por isso, suscita a manifestação do Tribunal Pleno ou Órgão
Especial (se houver). Trata-se, na verdade, do denominado “incidente” de inconstitucionalidade,
que gera a cisão do julgamento, uma competência “per saltum”, no dizer de Pontes de Miranda.
Trata-se de um critério funcional de competência.
Esta segunda situação gerará, portanto, três acórdãos sucessivos:
1º) acórdão do encaminhamento lavrado pelo órgão fracionário;
2º) acórdão do Tribunal Pleno ou Órgão Especial reconhecendo a inconstitucionalidade ou
constitucionalidade da lei;
3º) acórdão de complemento do órgão fracionário, que julgará as demais questões não
relacionadas à inconstitucionalidade das leis. Sobre o assunto, dispõe a Súmula 513 do STF: A
decisão que enseja a interposição de recurso ordinário ou extraordinário não é a do plenário, que
resolve o incidente de inconstitucionalidade, mas a do órgão (câmaras, grupos ou turmas) que
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SÚMULA VINCULANTE
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que prolatar outra decisão. Não há necessidade, para a propositura de reclamação constitucional,
que haja o exaurimento das vias recursais, mas nada obsta a interposição de recursos ou outros
meios admissíveis de impugnação (art. 7º da Lei 11.417/2006).
Quando, no entanto, o desrespeito à súmula vinculante emanar de ato ou omissão da
Administração Pública, a Lei 11.417/2.006, que rege a súmula vinculante, no §2º do art. 7º,
estabelece que o uso da reclamação constitucional só será admitido após o esgotamento das vias
administrativas. Evidentemente, viola o princípio da universalidade da jurisdição essa imposição,
como condição da reclamação, da ultimação de todas as vias administrativas. É claro que a
reclamação, à semelhança do mandado de segurança e habeas data, não tem fase instrutória, e,
por isso, o impetrante deve juntar a prova pré-constituída, isto é, documental, e, sendo assim, é
realmente necessário que antes de protocolá-la ele percorra as vias administrativas para provocar
uma decisão sobre a matéria, mas isso é completamente diferente do esgotamento das vias
administrativas.
Por outro lado, o procedimento de criação, revisão e cancelamento da súmula vinculante é
previsto na Lei 11.417/2.006, mas subsidiariamente aplica-se Regimento Interno do Supremo
Tribunal Federal.
No referido procedimento, o relator poderá admitir, por decisão irrecorrível, a manifestação
de terceiros interessados na matéria (“amicus curiae”). É ainda colhido o parecer do Procurador
Geral da República nas propostas de súmulas vinculantes que ele não houver formulado.
A súmula vinculante tem eficácia imediata, isto é, a partir de sua publicação, mas o Supremo
Tribunal Federal, por decisão de 2/3 (dois terços) dos seus membros, poderá restringir os efeitos
vinculantes ou decidir que só tenha eficácia a partir de outro momento, tendo em vista razões de
segurança jurídica ou de excepcional interesse público (art. 4º da Lei 11.417/2.006). Trata-se, como
se vê, dos efeitos modulares.
CONCEITO
Processo Objetivo é o instaurado sem que haja qualquer conflito concreto. É o que ocorre no
controle abstrato.
Processo Subjetivo é o instaurado para solucionar o conflito concreto entre as partes. É o que
ocorre nos demais processos.
No processo objetivo, não há falar-se em impedimento ou suspeição dos ministros do STF,
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porquanto não há qualquer interesse das partes em litígio. Sendo assim, na eventual ação direta de
inconstitucionalidade para questionar resolução do Tribunal Superior Eleitoral, os três ministros do
STF, que também atuam no TSE, poderão participar do julgamento.
LEGITIMIDADE ATIVA
Os legitimados para a propositura desta ação figuram no rol taxativo do art. 103, I a IX, da CF.
Não há, portanto, outros legitimados.
No referido rol agrupam-se os legitimados universais e os legitimados especiais. Os primeiros
podem mover a ação direta de inconstitucionalidade para discutir qualquer matéria, estando, pois,
dispensados de demonstrar o interesse de agir. Os segundos precisam comprovar a pertinência
temática da matéria.
Os legitimados universais ou gerais são:
• Presidente da República: o fato de ter sancionado a lei questionada, não lhe retira a legitimidade
para a ação.
• Mesa da Câmara dos Deputados ou Mesa do Senado Federal: mesmo nos casos de lei delegada, em
que o Congresso Nacional, nos termos do art. 49, V, da CF, tem poderes para, através de decreto legislativo,
sustar a sua eficácia, sem precisar socorrer-se ao Poder Judiciário, entende-se que a Mesa da Câmara dos
Deputados ou do Senado tem interesse para propositura da ação direta de inconstitucionalidade. Quanto à
Mesa do Congresso Nacional, a Constituição não lhe confere legitimidade para a referida ação.
• Procurador Geral da República. Na Constituição anterior, cumpre recordar, ele era o único
legitimado.
• Conselho Federal da OAB. Ainda que a matéria não seja pertinente à classe dos advogados, persiste-
lhe a legitimidade ativa, que é para a discussão de qualquer matéria, diferentemente das demais entidades
de classe. Uma das finalidades da Ordem dos Advogados do Brasil é promover a defesa da Constituição. O
passado dessa valorosa instituição, que sempre lutou pela democracia, justifica o tratamento diferenciado.
As entidades seccionais da OAB, no entanto, não gozam de legitimidade para essa ação.
• Partido Político com representação no Congresso Nacional. Basta que haja no partido um Deputado
Federal ou um Senador, ao tempo da propositura da ação. Se, no curso do processo, o partido político
perder essa representação, a ação prosseguirá, conforme jurisprudência do STF. No âmbito interno do
partido político, a legitimidade é exclusiva do Diretório Nacional, que deve constituir advogado com poderes
expressos para a propositura dessa ação.
Por outro lado, quanto aos legitimados especiais, para moverem a ação direta da
inconstitucionalidade, devem demonstrar que a matéria da lei supostamente inconstitucional
relaciona-se à sua finalidade institucional. É o que se denomina pertinência temática. Estes
legitimados especiais são os seguintes:
• Governador do Estado e do Distrito Federal, bem como a Mesa da Assembleia Legislativa dos
Estados e a Mesa da Câmara Legislativa do Distrito Federal. É essencial, no entanto, que demonstrem o
interesse direto do Estado ou Distrito Federal a que pertencem. A lei ou ato normativo questionado pode
ser do próprio Estado ou Distrito Federal ou de outro Estado-Membro, ou ainda se tratar de lei federal.
• Confederação Sindical. A legitimidade ativa para a propositura da ação em análise exige o duplo
registro da Confederação Sindical, isto é, o registro no Cartório de Pessoas Jurídicas e o registro no
Ministério do Trabalho. A lei ou ato normativo, cuja constitucionalidade se questiona, deve relacionar-se à
categoria profissional que a confederação sindical representa. Não desfrutam de legitimidade ativa para a
referida ação: federações sindicais, sindicatos em geral e centrais sindicais. A constituição reservou a
legitimidade apenas à Confederação Sindical, que é a entidade de grau máximo.
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• Entidades de Classes de Âmbito Nacional. Devem demonstrar que a lei questionada relaciona-se aos
interesses da categoria profissional que representa. A expressão “classe”, segundo a Excelsa Corte, abrange
apenas as categorias profissionais (médicos, dentistas, engenheiros, etc), exclui-se, portanto, a UNE (União
Nacional dos Estudantes), porque o seguimento estudantil não corresponde propriamente a uma categoria
profissional. A entidade de classe, para ser parte legítima, deve ainda representar apenas uma única
categoria profissional, se abranger mais de uma (exemplo: engenheiros e arquitetos), o STF lhe negará a
legitimidade. Quanto aos Conselhos Profissionais, exceto o Conselho Federal da OAB, cuja legitimidade é
universal, são partes ilegítimas. O caráter nacional da entidade de classe, por outro lado, depende de ela
possuir em seus quadros associados de pelo menos 9 (nove) Estados da Federação. O Supremo Tribunal
Federal supriu a lacuna, aplicando por analogia as normas que definem o partido político de âmbito
nacional. Finalmente, as associações de associações, isto é, entidades de classes de âmbito nacional, em que
os associados são as próprias associações estaduais, por exemplo, Associação Nacional dos Juízes Estaduais,
gozam de legitimidade para a ação em análise, conforme jurisprudência do STF.
CAPACIDADE POSTULATÓRIA
OBJETO DE DISCUSSÃO
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LEGITIMIDADE ATIVA
Esta ação só pode ser proposta pelos mesmos legitimados da ação direta de
inconstitucionalidade, cujo rol, que é taxativo, consta no art. 103 da CF. Sobre a legitimidade aplica-
se tudo que já foi dito anteriormente, inclusive, a classificação que divide os legitimados em
universais e especiais.
No início, a legitimidade para ação declaratória de constitucionalidade era apenas do
Presidente da República, Mesa da Câmara, Mesa do Senado e Procurador Geral da República, mas
este rol foi ampliado pela emenda constitucional 45/2004, que alterou o art. 103 da CF. O art. 13 da
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Lei 9.868/99 ainda se refere ao antigo rol, mas evidentemente que prevalece o novo rol do art. 103
da CF.
PETIÇÃO INICIAL
OBJETO DA DISCUSSÃO
De acordo com o art. 102, I, da CF, a ação declaratória de constitucionalidade só pode versar
sobre lei ou ato normativo federal. Ao contrário da Ação Direta de Inconstitucionalidade, não
abrange as leis ou atos normativos estaduais.
JULGAMENTO DO MÉRITO
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FUNDAMENTO
É prevista no §1º do art. 102 da CF, introduzida pela Emenda Constitucional nº 3/1.993, e
regulada pela Lei 9.882/99.
Dispõe o §1º do art. 102 da CF:
“A arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição,
será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei”.
Trata-se de norma constitucional de eficácia limitada, que não definiu o conteúdo da ADPF.
Somente com o advento da Lei 9.882/99, que a delineou como sendo uma ação judicial de
competência originária do STF, apta a provocar o controle abstrato ou concentrado de
constitucionalidade, é que foi possível conferir-lhe eficácia.
A ADPF não é uma ação incidental aos processos que discutem casos concretos. A Excelsa
Corte já decidiu que ela não se presta para esse fim.
Ingressa, pois, no rol das ações que instauram o chamado processo objetivo, isto é, o controle
abstrato de constitucionalidade.
LEGITIMIDADE ATIVA
OBJETO DE PROTEÇÃO
A ADPF tem por objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental da Constituição,
resultante de ato do poder público.
Diferentemente da ação direta de inconstitucionalidade, que serve para a proteção de
qualquer norma da Constituição, ainda que não seja uma norma constitucional fundamental, a
ADPF só pode ser utilizada para a tutela de preceitos fundamentais da Constituição, que, de acordo
com o STF, são os seguintes:
1 – Princípios Fundamentais (Título I, art. 1º a 4º da CF);
2 – Direito Fundamentais (Título II, arts. 5 a 17 da CF e outros espalhados pelo texto
constitucional);
3 – Cláusulas Pétreas (§4º do art. 60 da CF);
4 – Princípios Constitucionais Sensíveis (art. 34, inciso VII, da CF).
Portanto, o termo “preceito” significa normas constitucionais, abrange tanto os princípios
quanto as regras.
PETIÇÃO INICIAL
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OBJETO DE DISCUSSÃO
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aberto, pois o objeto da discussão é, tão somente, verificar se há ou não a omissão da lei ou ato
normativo.
Esta ação, que é prevista no §2º do art. 103 da CF, encontra-se regulamentada pela Lei
9.868/99, com as alterações que lhe foram introduzidas pela Lei 12.063/09.
Podem propor a referida ação apenas os legitimados à propositura da ação direta de
inconstitucionalidade e ação declaratória de constitucionalidade.
A petição indicará:
I - a omissão inconstitucional total ou parcial quanto ao cumprimento de dever constitucional
de legislar ou quanto à adoção de providência de índole administrativa;
II - o pedido, com suas especificações.
A petição inicial, acompanhada de instrumento de procuração, se for o caso, será
apresentada em 2 (duas) vias, devendo conter cópias dos documentos necessários para comprovar
a alegação de omissão.
A petição inicial inepta, não fundamentada, e a manifestamente improcedente serão
liminarmente indeferidas pelo relator.
Cabe agravo da decisão que indeferir a petição inicial.
Proposta a ação direta de inconstitucionalidade por omissão, não se admitirá desistência.
Aplica-se, no que couber, as normas sobre o procedimento da ação direta de
inconstitucionalidade, portanto, o relator, se entender necessário, poderá solicitar informações aos
órgãos responsáveis pela omissão. Igualmente, é possível a participação do “amicus curiae”.
O relator ainda tem a faculdade de abrir vista para o parecer do Advogado Geral da União,
que tem 15 (quinze) dias para se manifestar. Quanto ao Procurador Geral da República, deve
obrigatoriamente emitir parecer em 15 (quinze) dias, após o decurso do prazo das informações, nas
ações em que não for autor (§ 3º do art. 12-E).
MANDADO DE INJUNÇÃO
Conceito
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Finalidade
Legitimidade ativa
Legitimidade passiva
Quanto à legitimidade passiva, deve figurar como impetrado o Poder, o órgão ou autoridade
com atribuição para editar a norma regulamentadora (art. 3o da Lei 13.300/2.016).
Vê-se assim que o impetrado será o próprio órgão ou poder ou autoridade omissos.
É, pois, aquele que tem o dever de regulamentar a norma que se encontra em mora. Em
regra, é o Poder Legislativo: Congresso Nacional, Assembleias Legislativas e Câmaras de
Vereadores. Mas, quando a lei houver sido editada e ainda não regulamentada, a legitimidade
passiva recairá sobre o órgão ou autoridade incumbida de regulamentá-la. Nessa hipótese, caso a
lei tenha fixado um prazo para a regulamentação, o mandado de injunção só poderá ser impetrado
após o decurso desse lapso de tempo.
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Quanto ao particular, não pode editar atos normativos e, por isso, revela-se evidente a sua
ilegitimidade “ad causam” para figurar no polo passivo do mandado de injunção, sendo incabível
até mesmo o seu ingresso como litisconsorte.
Competência
A competência do mandado de injunção não é definida pela matéria, mas, sim, pela qualidade
da autoridade responsável pela elaboração da norma faltante.
Compete ao Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 102,I, “q”, da CF processar e julgar,
originariamente o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for
atribuição:
a) do Presidente da República;
b) do Congresso Nacional;
c) da Câmara dos Deputados;
d) do Senado Federal;
e) da Mesa de uma dessas Casas Legislativas;
f) do Tribunal de Contas da União;
g) de um dos Tribunais Superiores;
h) do próprio Supremo Tribunal Federal.
Compete ao Superior Tribunal de Justiça, por sua vez, nos termos do art. 105, I, h, da
CF processar e julgar, originariamente, o mandado de injunção, quando a elaboração da norma
regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da administração direta
ou indireta, excetuados os casos de competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da
Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal.
O dispositivo constitucional reconhece que a Justiça Militar, a Justiça Eleitoral, a Justiça do
Trabalho e a Justiça Federal desfrutam de competência para o mandado de injunção, mas não
especifica as hipóteses. Por consequência, a competência será aquela definida por lei.
O STF já decidiu que a Justiça Federal de primeiro grau é a competente para julgar mandado
de injunção quando a omissão normativa for imputada à autarquia federal. Igualmente, quando a
omissão emanar do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN).
De fato, a Justiça Federal é a competente para as causas em sejam partes a União, entidades
autárquicas federais e empresas públicas federais, inclusive, quando se tratar de mandado de
injunção, de modo que a competência originária do STJ se limita às hipóteses excepcionais.
Com efeito, consoante MI 571/STJ, o STJ é competente para mandado de injunção contra
omissão normativa de Ministro de Estado ou relacionadas às greves de servidores públicos: a) de
âmbito nacional, b) que abranjam mais de uma região da Justiça Federal e c) que compreendam
mais de uma unidade da federação. Nas demais hipóteses, em se tratando de servidores públicos
federais, a competência será do respectivo Tribunal Regional Federal (STF MI 708).
No âmbito das omissões das leis estaduais e municipais, as Constituições e Leis Estaduais, e
não os regimentos internos dos tribunais, poderão, com base no princípio da simetria, fixar a
competência originária dos respectivos tribunais de justiça para o julgamento do mandado de
injunção, mas, no silêncio, a competência será dos juízos de primeiro grau.
Procedimento
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A referida lei não prevê a possibilidade de liminar em mandado de injunção. O STF não
admite a liminar em razão da natureza da decisão injuncional e dos efeitos jurídicos que dela
podem emanar.
A Lei 13.300/2.016 disciplina o procedimento do mandado de injunção de forma muito similar
ao mandado de segurança.
A propósito, o art. 14 da aludida lei ordena que seja aplicado subsidiariamente ao mandado
de injunção as normas do mandado de segurança e o Código de Processo Civil, nessa ordem.
O procedimento se desdobra nas seguintes fases:
a) Petição inicial;
b) Recebimento da petição inicial;
c) Informações e defesa;
d) Parecer do Ministério Público;
e) Sentença ou acórdão.
Petição inicial
A petição inicial deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual e indicará,
além do órgão impetrado, a pessoa jurídica que ele integra ou aquela a que está vinculado.
Quando não for transmitida por meio eletrônico, a petição inicial e os documentos que a
instruem serão acompanhados de tantas vias quantos forem os impetrados (§1º do art. 4º).
Quando o documento necessário à prova do alegado encontrar-se em repartição ou
estabelecimento público, em poder de autoridade ou de terceiro, havendo recusa em fornecê-lo
por certidão, no original, ou em cópia autêntica, será ordenada, a pedido do impetrante, a exibição
do documento no prazo de 10 (dez) dias, devendo, nesse caso, ser juntada cópia à segunda via da
petição (§2º do art. 4º).
A petição inicial será desde logo indeferida quando a impetração for manifestamente
incabível ou manifestamente improcedente (art. 6o ).
Da decisão de relator que indeferir a petição inicial, caberá agravo interno, em 5 (cinco) dias,
para o órgão colegiado competente para o julgamento da impetração (parágrafo único do art. 6º).
Se a inicial for indeferida em juízo de primeira instância, o recurso cabível será a apelação, pois o
ato judicial reveste-se da natureza jurídica de sentença terminativa.
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Informações e defesa
Findo o prazo para apresentação das informações, será ouvido o Ministério Público, que
opinará em 10 (dez) dias, após o que, com ou sem parecer, os autos serão conclusos para decisão
(art. 7o).
Aplica-se o que já foi dito sobre o mandado de segurança.
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todas as pessoas (efeito “erga omnes”) ou ao grupo de titulares do direito (efeito “ultra partes”).
Para esta última corrente, o STF realizaria, no julgamento do mandado de injunção, a normatização
abstrata da matéria até que sobreviesse a lei regulamentadora. Nesse caso, o relator, ao deparar-se
com outro caso idêntico, aplicaria, através de mero despacho, a decisão anterior.
A lei 13.300/2016 preceitua que a decisão terá eficácia subjetiva limitada às partes e
produzirá efeitos até o advento da norma regulamentadora. O §1o do art. 9º, entretanto,
acrescenta que poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão, quando isso for
inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da
impetração.
Vê-se assim que é possível a concessão do efeito concretista geral. Com efeito, transitada em
julgado a decisão, seus efeitos poderão ser estendidos aos casos análogos por decisão monocrática
do relator (§2o do art. 9º).
A propósito, dispõe o art. 9o :
“A decisão terá eficácia subjetiva limitada às partes e produzirá efeitos até o advento da
norma regulamentadora”.
O §1o do art. 9º salienta que:
“Poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão, quando isso for inerente
ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da impetração”.
O §2o , por sua vez, assevera que:
“Transitada em julgado a decisão, seus efeitos poderão ser estendidos aos casos análogos por
decisão monocrática do relator”.
Nessas situações dos §§1º e 2º do art. 9º, o mandado de injunção individual surte o mesmo
efeito que o mandado de injunção coletivo.
Ação de revisão
Sem prejuízo dos efeitos já produzidos, a decisão poderá ser revista, a pedido de qualquer
interessado, quando sobrevierem relevantes modificações das circunstâncias de fato ou de direito
(art. 10).
A ação de revisão observará, no que couber, o procedimento estabelecido na Lei 13.300/2016
(parágrafo único do art. 9º).
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Serão julgadas em recurso ordinário pelo Supremo Tribunal Federal, as decisões denegatórias
de mandados de injunção, nos casos de competência originária dos Tribunais Superiores (art. 102,
II, da CF). Trata-se de um recurso “secundum eventus litis”, isto é, o cabimento depende do resultado
do julgamento, só sendo possível contra decisões denegatórias. Se a decisão for concessiva, é cabível o
recurso especial ou o recurso extraordinário.
Os Tribunais Superiores são: Superior Tribunal de Justiça (STJ), Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), Superior Tribunal Militar (STM) e o Tribunal Superior do Trabalho (TST).
No tocante às decisões do TSE, são irrecorríveis, salvo as que contrariarem a Constituição e
as denegatórias de “habeas corpus” ou mandado de segurança (§3º do art. 121 da CF). Assim, não
cabe recurso ordinário ao Supremo Tribunal Federal das decisões denegatórias de “habeas data”
proferidas pelo Tribunal Superior Eleitoral, pois o art. 102, II, “a”, da CF, ao se referir aos Tribunais
Superiores, deve ser interpretado em consonância com o §3º do art. 121 da CF.
O recurso ordinário só é cabível quando a decisão for denegatória e decidida em única
instância por esses Tribunais Superiores. Incabível quando a causa tiver sido julgada em grau de
recurso por esses Tribunais, mas, nesse caso, caberá recurso especial ou extraordinário.
Entende-se por decisão denegatória aquela que julga a ação improcedente ou parcialmente
procedente, outrossim, a que extingue o processo sem resolução do mérito.
No tocante ao STJ, não tem competência para julgar recurso ordinário constitucional quando
se tratar de mandado de injunção. É, pois, descabida a interposição de recurso ordinário dirigido ao
Superior Tribunal de Justiça, haja vista que o acórdão proferido em sede de mandado de injunção
por parte de Tribunal Estadual ou Federal é recorrível por meio dos recursos especial e
extraordinário (STJ RMS 16.751).
É também cabível recurso ordinário ao TSE contra acórdão em mandado de injunção
proferido por Tribunais Regionais Eleitorais (art. 121, §4º, V, da CF). Este recurso ordinário ao TSE,
conquanto previsto no at. 276, II, “b”, do Código Eleitoral apenas contra os acórdãos denegatórios
dos TRE’s em mandado de segurança e “habeas corpus”, também se aplica ao “habeas data” e
mandado de injunção. De fato, o parágrafo único, III, do art. 15 do Regimento Interno do TSE prevê
expressamente o cabimento do recurso ordinário ao TSE em todas as hipóteses do art. 121, §4º, V,
da CF.
É possível o mandado de injunção coletivo, pois, de acordo com o art. 5º, XXI, da CF, as
entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus
filiados judicial ou extrajudicialmente. O art. 8, III, da CF ainda dispõe que ao sindicato cabe a
defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive, em questões
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a) Direitos difusos;
b) Direitos coletivos em sentido estrito;
c) Direitos individuais homogêneos.
Para defesa dos interesses de uma única pessoa, será cabível o mandado de injunção
individual.
De fato, preceitua o parágrafo único do art. 12:
“Os direitos, as liberdades e as prerrogativas protegidos por mandado de injunção coletivo
são os pertencentes, indistintamente, a uma coletividade indeterminada de pessoas ou
determinada por grupo, classe ou categoria”.
No mandado de injunção coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente às pessoas
integrantes da coletividade, do grupo, da classe ou da categoria substituídos pelo impetrante, sem
prejuízo do disposto nos §§ 1o e 2o do art. 9o (art. 13).
Esta regra acima só é aplicável em caso de procedência da ação. Em sendo o mandado de
injunção coletivo improcedente, não há falar-se em coisa julgada em relação aos titulares
individuais do direito. E caso o mandado de injunção coletivo seja julgado improcedente por
insuficiência de provas, nada obsta seja novamente impetrado à vista de novas provas, não se
sujeitando, destarte, à coisa julgada material (§3º do art. 9º).
O mandado de injunção coletivo não induz litispendência em relação aos individuais, mas os
efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante que não requerer a desistência da demanda
individual no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração coletiva
(parágrafo único do art. 13).
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
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CLÁUSULA PÉTREA
Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir a forma federativa
de Estado (art. 60, §4º, I, da CF).
A federação é cláusula pétrea, isto é, não pode ser alterada por Emenda Constitucional.
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A expressão “tendente a abolir”, constante do citado art. 60, §4, I, da CF, veda que, através de
Emenda Constitucional, se suprima uma das características da federação, mencionadas acima,
ainda que o objetivo seja para melhor atender os interesses da população.
TERRITÓRIOS FEDERAIS
Os Territórios Federais não são entes da federação, tanto é que o art. 18 da CF, que arrola
esses entes, não os inclui no seleto rol.
Até a Constituição de 1.988 existiam, no Brasil, três territórios: Fernando de Noronha, que foi
incorporado ao Estado de Pernambuco, Roraima e Amapá, que tornaram-se Estados-Membros.
Atualmente, não há Territórios, mas eles ainda podem ser criados por lei complementar.
Com efeito, dispõe o §2º do art. 18 da CF: “Os Territórios Federais integram a União, e sua
criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei
complementar”.
Caso sejam criados, pertencerão à União e, portanto, diante da total falta de autonomia, não
serão considerados entes da federação.
Os territórios têm natureza jurídica de autarquia territorial. Não passam de simples divisão
administrativa da União. Podem ser definidos como descentralizações administrativas da União,
porquanto não gozam da capacidade de autogoverno, tanto é que o seu Governador é nomeado
pelo Presidente da República, após aprovação do Senado Federal. As contas do Governador do
Território serão ainda submetidas ao Congresso Nacional, com parecer prévio do Tribunal de
Contas da União.
Quanto à função legislativa nos Territórios, é exercida pelo Congresso Nacional. É, pois, a
União que legisla para os Territórios. Os Territórios Federais com mais de cem mil habitantes, no
entanto, terão Poder Legislativo, denominado Câmara Territorial, conforme §3º do art. 33 da CF,
devidamente eleitos, nos termos definidos por lei. A competência da Câmara Territorial, segundo a
doutrina, limita-se aos assuntos de interesse da região. Quanto às questões maiores, isto é, de
interesse de todos os Territórios, mantém-se a competência do Congresso Nacional.
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Em relação ao Poder Judiciário, os Territórios Federais com mais de cem mil habitantes terão
seus próprios órgãos judiciários de primeira e segunda instância, membros do Ministério Público e
Defensores Públicos Federais (§3º do art. 33 do CP). Caso tenham menos de cem mil habitantes,
esses órgãos serão os mesmos do Distrito Federal.
Os Territórios Federais não desfrutam de autonomia financeira, eles são financiados pela
União, que, inclusive, arrecada os tributos federais e estaduais, que incidem na região.
Os Territórios poderão ser divididos em Municípios (§1º do art. 33 da CF). Os referidos
municípios terão as mesmas características dos demais municípios do País, isto é, poderão eleger os
vereadores e prefeitos, arrecadarem os tributos municipais, elaborarem suas próprias leis
orgânicas, etc.
Finalmente, cada Território elegerá 4 (quatro) Deputados Federais, independentemente do
número de habitantes, mas, evidentemente, não elegerão Senadores.
DISTRITO FEDERAL
O Distrito Federal é um dos entes da federação citado pelo art. 18 da CF. Goza de autonomia,
nos termos do art. 32 da CF. Não é, portanto, subordinado à União e, nesse aspecto, distingue-se
dos Territórios e se iguala aos Estados-Membros.
No Distrito Federal localiza-se Brasília, que é a Capital Federal.
O Distrito Federal é localizado numa área territorial separada e autônoma para se preservar a
igualdade entre os Estados-Membros. Se a Capital Federal se localizasse em determinado Estado-
Membro, a isonomia, no plano real, seria quebrada devido à importância maior que lhe seria
conferida.
O Distrito Federal é então a área que se reserva para servir de sede da União e dos Três
Poderes Públicos Federais. E, para que o Presidente da República e o Congresso Nacional, não
tenham a preocupação extra de gerir o funcionamento administrativo e legislativo dessa região, é
que se confere autonomia ao Distrito Federal, através de sua inserção como ente da federação.
O Distrito Federal tem o poder de elaborar a sua própria Constituição que, no entanto, recebe
o nome “Lei Orgânica Distrital”. Outrossim, o poder de eleger o seu Governador e Deputados
Distritais, que desfrutam das mesmas prerrogativas e restrições impostas aos Governadores e
Deputados Estaduais. No âmbito distrital, tanto o Poder Executivo quanto o Poder Legislativo são
mantidos pelos cofres financeiros do próprio Distrito Federal.
Quanto à Justiça e a Polícia do Distrito Federal, isto é, o Poder Judiciário, Ministério Público,
Defensoria Pública, Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros, são organizados e mantidos
financeiramente pela União Federal (art. 21, XIII e XIV, da CF). Esses órgãos exercem as atribuições
que lhes são próprias nos Estados-Membros. No âmbito do Poder Judiciário, por exemplo, a
competência é a mesma dos Tribunais e Juízes Estaduais. As Polícias e Corpo de Bombeiros do
Distrito Federal subordinam-se ao Governador Distrital, embora sejam organizados e financiados
pela União (§6º do art. 146 da CF).
É vedada a divisão do Distrito Federal em Municípios (art. 32 da CF). Portanto, as divisões
territoriais não podem ser chamadas de Municípios e sim regiões administrativas, compostas por
Brasília e as cidades satélites. O Governador do Distrito Federal, mediante aprovação da Câmara
Legislativa, nomeia os administradores regionais dessas cidades satélites, que, portanto, não têm
Prefeitos.
Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e
Municípios (§1º do art. 32 da CF). Ao arrecadar os tributos estaduais e municipais, garante a sua
autonomia administrativa e financeira, e, por isso, não se confunde com os Territórios Federais.
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Sobre a formação dos Estados-Membros, dispõe o §3º do art. 18 da CF: “Os Estados podem
incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem
novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada,
através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar”.
São, portanto, três os mecanismos constitucionais previstos para a formação dos Estados-
Membros: incorporação, subdivisão e desmembramento.
Incorporação é a absorção de um Estado-Membro por outro. O Estado-Membro incorporador
continua existindo e é ainda ampliado pela anexação do Estado-Membro incorporado que, por sua
vez, sob o prisma jurídico, deixa de existir. O antigo Estado da Guanabara, por exemplo, foi
incorporado pelo Estado do Rio de Janeiro. A incorporação de Estados, a rigor, é prevista no art. 48,
VI, da CF que, ao tratar da competência legislativa do Congresso Nacional, faz expressa menção à
palavra “incorporação”.
Quanto ao §3º do art. 18 da CF, prevê que os Estados podem “incorporar-se entre si”, e,
nesse sentido, a incorporação é a fusão de dois Estados que se unem e se extinguem para formar
um novo Estado. Como a Constituição não tem palavras inúteis, força convir que esse último
sentido é o que deve prevalecer. Na incorporação, portanto, surge um terceiro Estado-Membro
formado pela junção de outros dois ou mais que, por consequência, deixam de existir. Uma
primeira corrente, liberal, admite as duas modalidades de incorporação, enquanto outra, ortodoxa,
só aceita esta última.
Por outro lado, subdivisão é o fracionamento que extingue o Estado-Membro para conferir à
sua área territorial um outro destino. Exemplo: o Estado-Membro é dividido em dois e cada parte
passa a constituir um novo Estado. Outro exemplo: o Estado-Membro é dividido em três partes,
sendo que duas se transformam em Territórios Federais e a terceira é anexada a um outro Estado.
Desmembramento, por sua vez, é o fato de uma parte da área territorial do Estado-Membro
ser destinada à formação de um novo Estado. O Estado desmembrado não é extinto, apenas perde
parcela de sua extensão territorial. Na década de 1.970, o Estado do Mato Grosso foi
desmembramento para que se formasse o Estado do Mato Grosso do Sul. A Constituição de 1.988
desmembrou o Estado de Goiás e então surgiu o Estado de Tocantins. Houve ainda uma tentativa
de se desmembrar o Estado do Pará, para se criar outros dois Estados, mas a proposta acabou
sendo rejeitada pelo plebiscito.
Os requisitos para a formação dos Estados-Membros, seja por incorporação, subdivisão ou
desmembramento são os seguintes:
a) Plebiscito. De acordo com o §3º do art. 18 da CF, a população diretamente interessada
deve ser previamente ouvida. Na verdade, quem participa do plebiscito são os eleitores, mediante
voto obrigatório, e não a população em geral. De acordo com a Lei 9.708/98, que regulamenta a
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matéria, a convocação do plebiscito é através de decreto legislativo, por proposta de 1/3 (um
terço), no mínimo, dos membros que compõem qualquer das Casas do Congresso Nacional. A
realização do plebiscito é organizada pela Justiça Eleitoral. Participam do plebiscito todos os
eleitores do Estado-Membro, e não apenas os que residem na área que será destacada. Se envolver
dois Estados-Membros, como na incorporação, o eleitorado de ambos os Estados devem participar.
Sendo rejeitada a proposta, o projeto de Lei Complementar para formação do Estado não poderá
ser apresentado. Se o resultado, no entanto, for favorável, o projeto da lei complementar será
apresentado, mas não necessariamente aprovado, porquanto o Congresso Nacional expressa a
vontade nacional e não apenas a do eleitorado regional.
b) Audiência das Assembleias Legislativas dos Estados-Membros envolvidos. Esta audiência é
junto à Casa perante a qual tenha sido apresentado o projeto de lei complementar. É claro que as
manifestações das Assembleias Legislativas não vinculam o Congresso Nacional a votar a favor ou
contra a formação do Estado.
c) Aprovação pelo Congresso Nacional do projeto de lei complementar que prevê a formação
do Estado-Membro.
FORMAÇÃO DE MUNICÍPIOS
Sobre a formação dos municípios, dispõe o §4º do art. 18 da CF: “A criação, a incorporação, a
fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período
determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito,
às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal,
apresentados e publicados na forma da lei”.
Do exposto denota-se que são quatro os mecanismos de formação dos Municípios: criação,
incorporação, fusão e desmembramento. Não há, contudo, a previsão para a subdivisão de
municípios.
Na incorporação, aqui empregado no seu significado genuíno, um Município absorve o outro.
O Município incorporador continua existindo, com ampliação de sua área, enquanto o Município
incorporado desaparece.
Na fusão, dois ou mais Municípios se integram para formar um terceiro município. Quanto
aos municípios fundidos, são extintos.
No desmembramento, uma parte da área territorial do Município é separada para formar
outro Município. O Município desmembrado, no entanto, continua existindo, mas numa extensão
menor.
O grande enigma do citado §4º do art. 18 é a expressa menção à criação de Municípios como
sendo fenômeno distinto da incorporação, fusão e desmembramento. Como na Constituição não há
palavras inúteis, a doutrina embrenhou-se para encontrar o real significado desse termo. Por
consequência, a criação de Municípios recai sobre uma área que, até então, não pertencia a
nenhum outro Município (exemplo: terras arrastadas pela aluvião formam uma ilha que, depois,
torna-se Município) ou então refere-se à emancipação de um Distrito Municipal, isto é, a sua
transformação em Município. E, diante disso, o termo desmembramento tem o seu significado
alterado e passa a abranger a área municipal que é destacada para anexar-se a outro Município já
existente.
Por outro lado, a formação dos Municípios, através de um desses quatro mecanismos, exige
os seguintes requisitos.
a) Plebiscito convocado pela Assembleia Legislativa do respectivo Estado-Membro. Nas
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consultas plebiscitárias participam os eleitores dos Municípios envolvidos. É organizado pela Justiça
Eleitoral. A votação desfavorável gera o encerramento do procedimento de formação do Município.
Se for favorável, prossegue-se. O assunto é regulado pela Lei 9.709/1.988.
b) Apresentação, nos termos da lei, dos Estudos de Viabilidade Municipal. Entretanto, até o
presente momento, esta lei ainda não existe.
c) Fixação, através de lei complementar da União, do período em que é possível a criação, a
incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios. Este requisito, à semelhança do
anterior, foi introduzido pela Emenda Constitucional nº 15/1.996, mas também não houve a edição
dessa lei complementar.
d) Aprovação da Assembleia Legislativa do projeto de lei estadual apresentado para a
formação do Município.
O §4º do art. 18 da CF, com a redação que lhe foi dada pela Emenda Constitucional nº
15/1.996, tornou-se norma constitucional de eficácia limitada, carece de dupla regulamentação.
Primeiro, é necessária uma lei ordinária disciplinando os Estudos de Viabilidade Municipal.
Segundo, é preciso que lei complementar estabeleça o período em que é possível a formação dos
Municípios. Diante da omissão, diversos Estados-Membros, através de leis estaduais, formaram
novos Municípios. Evidentemente que essas leis estaduais foram declaradas inconstitucionais pelo
STF, em ADI movida pelo Procurador Geral da República. O STF, contudo, modulou os efeitos da
decisão e não invalidou as leis de imediato, fixou um prazo (efeito “pro futuro”) de validade de 24
(vinte e quatro) meses para esses Municípios, evitando o desastre jurídico que o efeito retroativo
(“ex tunc”) poderia causar.
No julgamento de uma ADI por omissão, o STF ainda fixou o prazo de 18 (dezoito) meses para
que o Congresso Nacional editasse as leis regulamentadoras. Mas, até a data de hoje, o §4º do art.
18 da CF ainda foi regulamentado, a desídia legislativa persiste. O que o Congresso Nacional fez foi
aprovar uma única Emenda Constitucional para convalidar os Municípios que foram criados até 31
de dezembro de 2.006, mas o problema continua para os Municípios que porventura tenham sido
criados, após essa data, por leis estaduais flagrantemente inconstitucionais.
INTRODUÇÃO
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Distrito Federal e Municípios, ao passo que o art. 24 cuida das competências legislativas comuns
dos entes da federação.
b) Competência remanescente ou reservada: as matérias não enumeradas expressamente à
União ou Municípios e que também não sejam comuns ou concorrentes à União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, são da competência dos Estados-Membros ou Distrito Federal. Portanto, o
que não consta no rol das competências exclusivas ou no rol das competências compartilhadas
(comuns e concorrentes) serão da competência dos Estados-Membros ou Distrito Federal (art. 25,
§1º, da CF). Este sistema de se atribuir a competência remanescente aos Estados-Membros foi
imposto nos EUA, mas lá a enumeração para o Governo Central é mínima e, portanto, sobram
inúmeras matérias para os Estados. Na Constituição Brasileira, porém, atribui-se à União uma
quantidade enorme de matérias e, além disso, ainda se enumera as competências dos Municípios,
de modo que pouco resta aos Estados-Membros. Um dos poucos exemplos é a competência para
transporte intermunicipais, diante da omissão da Constituição, é atribuída aos Estados-Membros.
Vale lembrar que, quanto ao transporte geral ou interestadual, é da competência da União (art. 21,
XI) e o transporte local ou urbano é afeto à competência dos Municípios (art. 30, I).
Em matéria de imposto, porém, a competência remanescente pertence à União que,
mediante lei complementar, poderá instituir impostos não previstos para os Estados-Membros,
Distrito Federal e Municípios (art. 154, I, da CF). Observe-se que, em matéria de taxas e
contribuições de melhoria, persiste a competência residual dos Estados-Membros. Não é, portanto,
correto dizer que a União tem a competência tributária residual. O que ela não tem é a
competência impositiva residual (para impostos).
José Afonso da Silva sugere que o termo competência residual seja usado para designar a
competência da União em matérias de impostos, e a expressão competência remanescente para se
referir à competência dos Estados-Membros quanto às demais matérias. A doutrina prefere,
contudo, empregar como sinônimas ambas as expressões.
c) Competência resultante ou inerente ou decorrente: é a que não é atribuída expressamente
a nenhum dos entes da federação, mas que, através de uma dedução lógica, se conclui que a
matéria é inerente a um desses entes. O art. 22, inciso XV, da CF, por exemplo, atribui
privativamente à União a competência para legislar sobre emigração, imigração, entrada,
extradição e expulsão de estrangeiros, mas silencia sobre a deportação. Todavia, como a questão
da deportação guarda relação direta com essas matérias, força convir que o assunto também é da
competência da União, que nas relações internacionais é o ente que representa o Estado Nacional.
Conquanto seja taxativo o rol das competências privativas da União, previsto no art. 22 da CF,
ressalvando-se que há ainda as matérias de lei complementar que a Constituição reservou à União,
não se pode olvidar que, com base da teoria dos poderes implícitos, justifica-se também a
existência da competência resultante ou inerente. De acordo com essa teoria, a Constituição, ao
prever a competência sobre determinado assunto, implicitamente autoriza o uso dos meios
necessários à consecução dos fins. O art. 21, VII, da CF, por exemplo, diz que compete à União
emitir moeda, por consequência, implicitamente autoriza-se a União a criar a Casa da Moeda.
Trata-se de um poder implícito.
a) Exclusiva;
b) Privativa;
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c) Comum;
d) Concorrente;
e) Suplementar.
COMPETÊNCIA EXCLUSIVA
Competência exclusiva é a atribuída apenas a um dos entes da federação, que não poderá
delegá-la. Portanto, toda competência exclusiva é indelegável.
As competências administrativas exclusivas da União estão previstas no art. 21 da CF.
Com efeito, compete à União manter relações com Estados estrangeiros, participar de
organizações internacionais, declarar guerra e celebrar paz, assegurar a defesa nacional, permitir
que forças estrangeiras transitem ou permaneçam temporariamente no território nacional,
decretar estado de sítio, estado de defesa e a intervenção federal, autorizar e fiscalizar a produção
e o comércio de material bélico, emitir moeda, administrar as reservas cambiais do País, fiscalizar as
operações financeiras, inclusive as de seguro e previdência privada.
Estas matérias, previstas nos incisos I a VIII, da CF referem-se aos interesses do Estado Federal
e, por isso, a Constituição reservou exclusivamente à União, que é a representante do Estado
Nacional.
Ainda compete exclusivamente à União elaborar e executar planos nacionais e regionais de
ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social (inciso IX), manter o serviço
postal e o correio aéreo nacional (inciso X), explorar, diretamente ou mediante autorização,
concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, radiofusão sonora e de sons e imagens,
energia elétrica, aproveitamento enérgico de cursos de água (em articulação com os Estados onde
se situam as potências hidroenergéticas), navegação aérea, aeroespacial, infraestrutura portuária,
transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que
transponham os limites do Estado ou Território, os serviços de transporte rodoviário interestadual e
internacional de passageiros, os portos marítimos, fluviais e lacustres (incisos XI e XII).
Acrescente-se também que compete exclusivamente à União organizar e manter os seguintes
serviços público: Poder Judiciário e Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios,
Defensoria Pública dos Territórios, Polícia Civil, Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar do
Distrito Federal, serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional,
execução dos serviços de polícia marítima, aeroportuária e de fronteira, serviços nucleares de
qualquer natureza, serviços de inspeção do trabalho (incisos XII, XIII, XIV, XV, XXII a XXV).
Igualmente, compete à União conceder anistia (inciso XVII) e exercer a classificação sobre
diversões públicas e programas de rádio e televisão (inciso XVI). Outrossim, traçar as diretrizes para
o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos,
outrossim, sobre o sistema nacional de viação (incisos XX e XXI).
Finalmente, ainda lhe compete planejar e promover a defesa permanente contra as
calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações (inciso XVIII), bem como instituir
sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de
seu uso (inciso XIX).
Por outro lado, as competências exclusivas dos Estados-Membros abrangem as competências
remanescentes (§1º do art. 25 da CF) e a competência para exploração, direta ou mediante
concessão, dos serviços locais de gás canalizado, mediante lei estadual, sendo vedado ao
Governador, em matéria de gás, editar medida provisória, conforme §2º do art. 25 da CF que, por
via oblíqua, acaba reconhecendo que, em outras matérias, seria possível a medida provisória
estadual.
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O art. 30, I, da CF atribui ao Município, com exclusividade, legislar sobre todos os assuntos de
interesse local. Portanto, a competência do Município será definida casuisticamente na análise do
caso concreto. Ainda que se trate de competência que a Constituição, no art.22, enumerou
expressamente à União, por exemplo, trânsito, o Município poderá legislar para tratar das
peculiaridades locais.
O art. 30, incisos II a IX, da CF enumerou expressamente algumas competências exclusivas do
Município, por exemplo, a criação de Distritos, com observância da lei estadual, serviços de
atendimento à saúde da população, educação infantil, ensino fundamental, serviços públicos de
interesse local que tem caráter essencial, incluindo o transporte urbano, coletivo e outros. O §1º do
art. 182 da CF ainda atribui aos Municípios legislar sobre o Plano Diretor, que é obrigatório nas
cidades com mais de vinte mil habitantes.
Todavia, o inciso I do art. 30 não faz a enumeração das competências, simplesmente atribui
aos Municípios a competência exclusiva para legislar sobre todos os assuntos de interesse local.
A competência dos Estados-Membros, à semelhança de que ocorre com os Municípios,
também não é enumerada. Em regra, não é sequer definida. Trata-se de uma competência
remanescente, compreende as matérias que não são da União, nem dos Municípios. Assim,
competência da União é enumerada expressamente, a do Município é identificada no caso concreto
e a dos Estados-Membros é remanescente.
Excepcionalmente, porém, em três hipóteses, a Constituição enumera expressamente
algumas competências dos Estados:
• Criação, incorporação, fusão e desmembramento de Municípios: depende de lei estadual
(§4º do art. 18 da CF).
• Criação de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões: depende de lei
estadual (§3º do art. 25 da CF).
• Criação, organização e supressão de distritos: depende de lei estadual (art. 30, IV, da CF).
COMPETÊNCIA PRIVATIVA
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rotulando-as de competências privativas, em vez de exclusivas, sendo que nenhuma das matérias
abordadas por esses dois dispositivos constitucionais podem ser objeto de delegação.
Fora dessas duas hipóteses, previstas nos arts. 51 e 52, o termo privativo é empregado
corretamente na Constituição para indicar a possibilidade de delegação da matéria. Exemplo:
parágrafo único do art. 84 da CF.
Portanto, não obstante as críticas, a classificação das competências em exclusivas e privativas
merece ser mantida.
Note-se, no entanto, que a competência dos Municípios é sempre exclusiva, não admite
delegação, igualmente, a competência dos Estados-Membros, ao passo que a competência da
União, nas matérias do art. 22, é delegável e, nesse caso, recebe corretamente o nome de
competência privativa. Assim, nas hipóteses do art. 22 da CF, a União, mediante lei complementar,
poderá delegar pontos específicos dessas matérias às leis estaduais ou distritais. A delegação não é
aberta, não se pode, por exemplo, autorizar os Estados a legislar genericamente sobre direito do
trabalho, mas apenas sobre um ponto específico, como foi o caso da lei complementar que
autorizou os Estados a legislar sobre piso salarial.
Referida delegação, quando a matéria for pertinente a todos os Estados, deve ser comum,
estender-se a todos eles, mas cada Estado-Membro, mesmo mediante diante da lei complementar
autorizadora, terá a mera faculdade de legislar ou não sobre o assunto.
Essas matérias que a lei complementar pode delegar aos Estados, em relação a certos pontos
específicos, são as seguintes:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial
e do trabalho;
II - desapropriação;
III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra;
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
V - serviço postal;
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais;
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores;
VIII - comércio exterior e interestadual;
IX - diretrizes da política nacional de transportes;
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial;
XI - trânsito e transporte;
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
XIV - populações indígenas;
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros;
XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões;
XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e da
Defensoria Pública dos Territórios, bem como organização administrativa destes;
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais;
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular;
XX - sistemas de consórcios e sorteios;
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação e
mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros militares;
XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais;
XXIII - seguridade social;
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
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COMPETÊNCIA COMUM
COMPETÊNCIA CONCORRENTE
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peculiaridades regionais. É, no entanto, tênue a linha divisória entre o geral e o especial, motivando
inúmeras ações judiciais sobre invasão de competência legislativa.
As matérias que ensejam a competência concorrente, prevista no art. 24 da CF, são as
seguintes:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
II - orçamento;
III - juntas comerciais;
IV - custas dos serviços forenses;
V - produção e consumo;
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos
naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
IX - educação, cultura, ensino e desporto;
X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas;
XI - procedimentos em matéria processual;
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência;
XV - proteção à infância e à juventude;
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.
Note-se que a competência é concorrente da União, Estados e Distrito Federal para legislar
sobre os seguintes ramos do direito: direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e
urbanístico. Igualmente sobre procedimento em matéria processual.
Observe-se, contudo, que a competência é privativa da União quando se tratar de legislar
sobre direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e
do trabalho. Veja que direito processual é matéria privativa da União, ao passo que procedimento
processual insere-se nas competências concorrentes da União, Estados-Membros e Distrito Federal.
COMPETÊNCIA SUPLEMENTAR
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poderia ser concretizada por outra lei estadual superveniente, isto é, emanada da mesma Pessoa
Política.
Vê-se do exposto, que a competência suplementar dos Estados-Membros pode ser:
a. competência suplementar complementar: a lei estadual versa sobre normas gerais para
suprir as lacunas da lei federal que contem uma série de omissões.
b. competência suplementar supletiva: a lei estadual versa sobre normas gerais para suprir a
inexistência da lei federal sobre a matéria.
Na verdade, apenas a competência suplementar supletiva é plena, porquanto as leis estaduais
poderão tratar de todas as normas gerais, além das normas especiais.
Por outro lado, a Constituição, em quatro hipóteses, prevê normas gerais da União no art. 22,
isto é, fora do art. 24. São as seguintes:
• diretrizes da política nacional de transportes (art.22, IX);
• normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação e mobilização
das polícias militares e corpos de bombeiros militares (art.22, XXI);
• diretrizes e bases da educação nacional (art. 22, XXIV);
• normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações
públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios,
obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista,
nos termos do art. 173, § 1°, III (art. 22, XXVII).
Em relação a esse quarteto material, não há previsão constitucional para a legislação
suplementar dos Estados-Membros que, diante das lacunas ou ausência da lei federal, não poderão
editar as normas gerais sobre o assunto.
Nessas matérias, a competência da União limita-se à edição de normas gerais e, portanto, a
lei estadual é competente para tratar das normas especiais. Entretanto, tendo em vista que os
Estados não dispõem da competência suplementar, não se tratam tecnicamente de competências
concorrentes.
A propósito, sobre licitação, a competência divide-se da seguinte forma:
• lei federal: trata das normas gerais;
• lei estadual: trata das normas especiais;
• lei municipal: trata das normas ainda mais específicas, relacionadas às peculiaridades locais.
Finalmente, no que tange à competência suplementar dos Municípios, tem previsão no art.
30, II, da CF, ao dispor que compete aos Municípios “suplementar a legislação federal e estadual, no
que couber”. Diante da omissão da lei federal ou estadual, conforme o caso, que deveria tratar de
determinado assunto, o Município poderá legislar sobre a matéria, mas só nos aspectos de
interesse estritamente local, isto é, “no que couber”.
A expressão “suplementar a legislação federal ou estadual” induz à exegese que se trata de
competência suplementar complementar, isto é, que pressupõe a existência de uma lei federal ou
estadual, cujas lacunas poderiam então ser supridas pela lei municipal. Todavia, de acordo com a
posição dominante, não seria possível a competência suplementar supletiva, que é exercida quando
não há lei federal ou estadual disciplinando a matéria.
DA INTERVENÇÃO
CONSIDERAÇÕES GERAIS
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A União não poderá intervir diretamente nos Municípios, salvo em relação aos Município dos
Territórios Federais que, por ora, diga-se de passagem, ainda não foram criados.
Quanto ao Distrito Federal, não tem poder de intervenção, pois a Constituição veda a sua
divisão em Municípios, mas poderá sofrer a intervenção da União.
CARACTERÍSTICAS
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b) Defesa do Princípio Federativo (art. 34, incisos II, 2ª parte, III e IV).
c) Defesa das Finanças dos entes da federação (art. 34, V, alínea “a” e “b”).
d) Defesa da Constituição e seus princípios (art. 34, VI e VII).
A intervenção federal pode ser decretada para reorganizar as finanças públicas do Estado-
Membro ou Distrito Federal que:
a) Suspender o pagamento de dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de
força maior (art. 34, V, a).
b) Deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos
estabelecidos em lei (art. 34, V, b).
Justifica-se a intervenção federal para a defesa da Constituição e seus princípios nas seguintes
hipóteses:
a) Prover a execução da lei federal (art. 34, VI). Assim, o Estado-Membro ou Distrito Federal, que
descumpre sistematicamente determinada lei federal, estará sujeito à intervenção da União, a fim
de que seja garantido o cumprimento dessa lei. Tanto o Governador do Estado ou Distrito Federal,
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devem ser aplicados nos serviços de ensino, sob pena de violação do princípio constitucional
sensível. Há, portanto, regras constitucionais e legais que direcionam o rumo de parte da receita
arrecadada.
INTERVENÇÃO ESTADUAL
Nessas três situações, a intervenção é espontânea, isto é, o Governador poderá agir de ofício
e, se estender pertinente, baixará o decreto de intervenção, que especificará as medidas, o prazo e
as condições de execução e, se couber, ainda nomeará interventor.
Conquanto o decreto interventivo tenha eficácia imediata, o Governador, em vinte e quatro
horas, o encaminhará à apreciação da Assembleia Legislativa, que decidirá pela manutenção ou
interrupção da intervenção.
No âmbito estadual, é ainda cabível a intervenção nos termos do art. 35, inciso IV, da CF, em
mais três hipóteses:
a) Quando o Município violar princípios indicados na Constituição Estadual.
b) Quando o Município se recusar a cumprir as leis.
c) Quando o Município desobedecer a ordem ou decisão judicial.
PODER LEGISLATIVO
INTRODUÇÃO
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Dispõe o art. 2º da CF: São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o
Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
O Poder Legislativo elabora a norma primária, cujo fundamento de validade é baseado
diretamente na Constituição, ao passo que tanto o Poder Executivo quanto o Poder Judiciário
observarão a norma legal produzida, além, é claro, de atentar-se também para a Constituição.
Em seguida, a Constituição trata do Poder Executivo, que é o aplicador da lei ao caso
concreto, e, evidentemente, após aplicá-la é que surgem os conflitos de interesses que deverão ser
solucionados pelo Poder Judiciário, o último regulado pela Constituição, cuja função é igualmente
aplicar a lei ao caso concreto, mas com força de coisa julgada.
No âmbito federal, o Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que é composto
pela Câmara dos Deputados e do Senado Federal.
Pelo fato de o Poder Legislativo, no Brasil, denominar-se Congresso Nacional, palavra
importada dos EUA, uma corrente doutrinária rejeita o emprego do termo “parlamentar” para se
designar os Deputados e Senadores, sugerindo a sua substituição por “congressistas”.
Legislatura é o intervalo entre uma e outra eleição. Cada legislatura terá a duração de quatro
anos (parágrafo único do art. 44 da CF).
Sessão legislativa é o nome do ano de trabalho do Poder Legislativo. Cada ano recebe,
portanto, essa denominação. O ano do Congresso Nacional vai de 02 de fevereiro a 17 de julho e de
1º de agosto a 22 de dezembro (art. 57 da CF). Eis, então, a duração de uma sessão legislativa.
Período Legislativo é o semestre das reuniões do Poder Legislativo. São dois períodos: 02 de
fevereiro a 17 de julho (primeiro período) e 1º de agosto a 22 de dezembro (segundo período).
Sessão ordinária é a reunião do Poder Legislativo que ocorre nos períodos acima.
Sessão Extraordinária é a reunião do Poder Legislativo que ocorre fora desse período, isto é,
durante o recesso parlamentar.
PRINCÍPIO PROPORCIONAL
Os Deputados Federais são eleitos pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada
Território e no Distrito Federal (art. 45 da CF).
O número de Deputados, no entanto, é estabelecido por lei complementar (§1º do art. 45 da
CF). A LC 78/1.993 estabelece o mínimo de 8 (oito) e o máximo 70 (setenta) deputados, para cada
Estado-Membro, mas o número total não pode exceder a 513 (quinhentos e treze) deputados
federais, incluindo os quatro de cada Território que, por ora, ainda não existem, mas se um dia
forem criados, terão direito, cada qual, a quatro deputados federais, independentemente de sua
população.
O primeiro enfoque do sistema proporcional é que os deputados federais, na qualidade de
representantes do povo, são eleitos proporcionalmente à população de cada Estado-Membro,
respeitado o limite mínimo e máximo, que, de uma certa forma, impede que o sistema proporcional
seja levado às últimas consequências.
No ano anterior às eleições, com base nos dados estatísticos do IBGE, procede-se aos ajustes
necessários, conforme §1º do art. 45 da CF, para aumentar ou diminuir o número de deputados de
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PRINCÍPIO MAJORITÁRIO
O Senado Federal, por sua vez, compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito
Federal, eleitos segundo o princípio majoritário (art. 46 da CF).
Cada Estado e Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos. Quanto
aos Territórios, não elegem Senadores.
A igualdade jurídica entre os Estados-Membros, no federalismo, exige que eles,
independentemente de sua população, tenham o mesmo número de Senadores.
Os Senadores, a cada quatro anos, são eleitos, alternadamente, por um e dois terços, isto é,
numa eleição cada Estado-Membro elege 2 (dois) Senadores e quatro anos depois, noutra eleição,
elege apenas 1 (um) Senador. Portanto, os três Senadores não são eleitos simultaneamente e sim
alternadamente, por um e dois terços. Há, pois, a cada 4 (quatro) anos uma renovação parcial do
Senado Federal.
O princípio majoritário, que atribui como vencedores os mais votados, independentemente
do desempenho do partido, é adotado nas eleições dos Senadores e Chefes do Poder Executivo
(Presidente da República, Governador e Prefeito).
Cada Senador será eleito com dois suplentes (§3º do art. 46 da CF), isto é, os suplentes,
embora constem na cédula, não disputam individualmente as eleições, ao contrário dos suplentes
de deputados federais que são aqueles que, no âmbito do partido ou coligação, não atingiram
votação suficiente, mas que, vagando o mandato, serão chamados.
O suplente, enquanto tal, não é membro do Poder Legislativo e, por consequência, não tem
foro privilegiado. Ele só tem dois direitos: o de substituir o deputado ou senador no caso de
afastamento temporário e o de sucedê-lo no caso de vacância definitiva.
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CONCEITO
A função de fiscalização atribuída ao Poder Legislativo, sobre os atos da Administração Pública, é a razão de
ser da previsão constitucional de criação das Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI), que são
procedimentos de investigação para a apuração de fato determinado.
CRIAÇÃO
As Comissões Parlamentares de Inquérito podem ser criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado
Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de 1/3 (um terço) de seus membros (§3º
do art. 58 da CF).
Observe-se que a CPI mista, isto é, de iniciativa conjunta da Câmara dos Deputados e Senado
Federal é mais difícil de ser criada, porquanto exigirá 1/3 (um terço) dos Deputados e 1/3 (um
terço) dos Senadores.
O requerimento de instauração é dirigido ao Presidente da respectiva Casa Legislativa e, no
caso de CPI mista, ao Presidente do Congresso Nacional.
O Presidente da Casa Legislativa só analisa os requisitos formais ou extrínsecos do
requerimento, verificando se encontra subscrito por 1/3 dos Deputados ou Senadores e se descreve
o fato que será objeto de investigação. Não pode adentrar no mérito. Portanto, a simples
apresentação do requerimento que preenche os requisitos formais, impõe, por si só, a criação da
CPI. Noutras palavras, a instauração de CPI independe de aprovação do Plenário da Casa Legislativa,
vedando-se também ao Presidente da Casa Legislativa indeferi-la, sobre em razão da falta de
preenchimento dos requisitos formais.
O STF, ao conferir essa interpretação ao §3º do art. 58 da CF, que a criação da CPI se dá com o
simples requerimento, consagrou o direito de oposição e investigação da minoria parlamentar.
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Tendo em vista que, no Brasil, as eleições para Chefe do Executivo e Poder Legislativo
ocorrem na mesma data, há uma tendência nas urnas que o partido político do Chefe do Executivo
vencedor detenha também a maioria dos Deputados e Senadores e, por isso, a exigência de
deliberação do plenário da Casa Legislativa para a criação de CPI certamente impediria a
instauração das investigações que contrariassem os interesses do Governo.
PRAZO DE FUNCIONAMENTO
Toda CPI é temporária, tem prazo certo de duração (§3º do art. 58 da CF).
De acordo com o Supremo Tribunal Federal, o prazo máximo de funcionamento da CPI é a
legislatura, isto é, 4 (quatro) anos. Instaurada no início do mandato, poderá durar até 4 (quatro)
anos. Instaurada quando, por exemplo, restavam dois anos para o término da legislatura, só poderá
perdurar por mais dois anos, e assim por diante.
Em hipótese alguma, o prazo máximo poderá exceder ao período da legislatura, seja CPI do
Senado Federal ou da Câmara dos Deputados ou Mista.
OBJETO DE INVESTIGAÇÃO
PODERES DA CPI
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telefônica.
No âmbito estadual, o STF decidiu que a CPI tem os mesmos poderes da CPI federal, por força
do princípio da simetria.
Acrescente-se ainda que os poderes da CPI não se limitam à investigação dos atos do Poder
Executivo e sim da Administração Pública em geral, que abrange as funções administrativas dos três
poderes, inclusive, do Poder Judiciário. É claro que o Magistrado, no que tange à sua função
jurisdicional, não pode ser investigado pela CPI, mas, nos aspectos de sua função administrativa,
poderá ser investigado e até convocado para prestar depoimento.
Toda pessoa ou autoridade pública que presta esclarecimentos perante CPI, seja na condição
de testemunha ou investigado, tem os seguintes direitos:
a) Direito ao silêncio, isto é, de permanecer calado diante das perguntas que, em tese,
possam lhe causar prejuízo. Trata-se do direito da não autoincriminação.
b) Direito de não ser preso em flagrante pelo exercício do direito ao silêncio. É claro que
aquele que é arrolado como testemunha não pode silenciar, sob pena de ser preso em flagrante
por falso testemunho, sobre as perguntas que, de forma clara e evidente, não lhe trarão qualquer
prejuízo.
c) Direito de não ter o silêncio interpretado em seu desfavor.
A denúncia por crime de responsabilidade pode ser oferecida por qualquer cidadão (Art. 14
da Lei 1.079/1.950).
Quando se tratar de Presidente ou Vice-Presidente da República e Ministros de Estado, a
denúncia é feita perante a Câmara dos Deputados, que, por dois terços de seus membros, decidirá
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se autorizará ou não o prosseguimento do processo (art. 51, I, da CF). Sendo positivo esse juízo de
admissibilidade, o processo será encaminhado ao Senado Federal, onde tramitará, assegurando-se
a ampla defesa e o contraditório.
Em relação às demais autoridades públicas citadas acima, não há o juízo de admissibilidade da
Câmara dos Deputados, de modo que a denúncia é oferecida diretamente no Senado Federal, que
então fará esse juízo de admissibilidade de acusação.
O Senado Federal, durante o processo por crime de responsabilidade, é presidido pelo
Presidente do Supremo Tribunal Federal que, no entanto, não terá direito a voto. Se o acusado pelo
crime de responsabilidade for o próprio Presidente do STF, o Senado será presidido pelo Vice-
Presidente do STF.
A condenação, nos crimes de responsabilidade, só será proferida por 2/3 (dois terços) dos
votos do Senado Federal e limitar-se-á a decretar a perda do cargo, com inabilitação, por oito anos,
para o exercício da função pública, sem prejuízo de outras sanções penais e civis que, no entanto,
só poderão ser impostas em julgamento pelo Poder Judiciário.
De acordo com o STF, a renúncia apresentada após a instauração do processo de
impeachment não encerra o processo, que prosseguirá para apreciar a sanção de inabilitação, por
oito anos, para o exercício de função pública, que, portanto, não se classifica como sanção
acessória da perda do cargo, podendo ser imposta autonomamente.
Finalmente, ao Poder Judiciário não cabe rever o mérito da decisão do Senado Federal, que
tem competência privativa para o processo e julgamento dos crimes de responsabilidade, conforme
art. 52, I e II, da CF. O controle judicial sobre os aspectos formais, contudo, é cabível, podendo o
Poder Judiciário anular a condenação do Senado que violou, por exemplo, a ampla defesa ou que
não respeitou o quórum de 2/3 (dois terços).
INTRODUÇÃO
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Desde já cumpre ressaltar que a razão de ser das imunidades é conferir aos parlamentares
ampla liberdade de palavra, no exercício de suas funções, propiciando-lhes melhor desempenho no
mandato.
Trata-se de direito público do parlamento, e não apenas do parlamentar, sendo indisponível,
isto é, irrenunciável. As imunidades, embora subsistam durante o estado de sítio, podem, em tal
hipótese, ser suspensas mediante voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos
de atos praticados fora do recinto do Congresso que sejam incompatíveis com a execução da
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ESPÉCIES
IMUNIDADES ABSOLUTAS
Dispõe o art. 53, caput, da Constituição Federal, com nova redação determinada pela Emenda
Constitucional n. 35, de 20 de dezembro de 2001, que: “Os Deputados e Senadores são invioláveis,
civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos”.
As imunidades abrangem, pois, os delitos de opinião ou de palavra caracterizados pelo abuso
na manifestação do pensamento. Exemplos: crimes contra a honra (CP, arts. 138 a 140), incitação ao
crime (CP, art. 286) e apologia de crime ou criminoso (CP, art. 287).
De acordo com Julio F. Mirabete não é necessário que, por ocasião do fato, o congressista se
encontre no exercício de suas funções legislativas ou que a manifestação que constitui ilícito penal
verse sobre matéria parlamentar. A nosso ver, para que se caracterize a imunidade, é necessário o
liame entre a condição de congressista e a manifestação ofensiva, embora seja dispensável o fato de
o parlamentar encontrar-se no exercício de mandato.
Note-se que, ao cuidar das imunidades dos vereadores, a Magna Carta exige que a
manifestação ocorra no exercício do mandato. E para os deputados e senadores não incluiu esse
requisito. De fato, o objetivo da Constituição Federal foi assegurar a imunidade aos atos praticados
fora do recinto do Congresso, desde, é claro, que haja alguma correlação com as funções
parlamentares.
Assim, o parlamentar, quando fora do exercício estrito do mandato, goza ainda de imunidade,
desde que a manifestação ofensiva tenha sido assacada em decorrência das funções parlamentares.
Se, ao revés, não houver qualquer nexo entre a ofensa e as funções legislativas, excluir-se-á a
imunidade. Exegese diversa consagraria o privilégio, desvirtuando-se a imunidade, que se
caracteriza como prerrogativa funcional, e não pessoal.
No recinto do Congresso Nacional, esta imunidade é absoluta, mas fora deste espaço também
pode haver imunidade quando houver nexo com o exercício do mandato. Exemplos: palestras,
debates, inaugurações, comícios ou outros eventos públicos em razão do mandato.
A imunidade não se restringe à área penal, exclui também a eventual indenização por danos
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IMUNIDADES RELATIVAS
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denúncia sem a respectiva licença. Assim, o Procurador-Geral da República oferece a denúncia, que
é normalmente recebida pelo Supremo Tribunal Federal. Este dará ciência à Casa respectiva, que,
por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto aberto da maioria de seus membros,
poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. O pedido de sustação será apreciado pela
Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa
Diretora. A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato (§§ 3º, 4º e 5º
do art. 53 da CF).
A imunidade atinge apenas os crimes cometidos após a diplomação (§ 3º do art. 53). Note-se
que o início da imunidade se dá com a diplomação e não com a posse. Antigamente, a imunidade se
estendia também aos delitos anteriores à diplomação. Portanto, a partir da EC n. 35/2001, quanto
aos delitos cometidos antes da diplomação, a competência será do juízo de primeiro grau.
Quanto aos crimes praticados após a diplomação, o parlamentar é processado e julgado pelo
Supremo Tribunal Federal, desde que o crime se relacione com o mandato. Todavia, o partido
político, com representação na casa legislativa a que pertencer o parlamentar processado, poderá
representar à respectiva Casa, solicitando a sustação do andamento da ação penal pelo voto
ostensivo e nominal da maioria absoluta de seus membros. A suspensão do processo persistirá
enquanto durar o mandato, mas a prescrição permanecerá suspensa. A imunidade é uma
circunstância pessoal, não se comunicando aos demais agentes envolvidos no delito (CP, art. 30).
Manteve-se, como se vê, o foro por prerrogativa de função, pois os parlamentares devem ser
processados e julgados perante o STF, mas somente em relação aos crimes relacionados com o
mandato (art. 102, I, b, da CF); caso não tenha ligação com o mandato, será processado pelo juízo
de primeiro grau.
Finalmente, preceitua o art. 53, § 6º, da CF que: “Os Deputados e Senadores não serão
obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do
mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações”. Se, ao revés,
a informação não tiver sido obtida em razão do exercício do mandato, o parlamentar deverá prestar
o depoimento, porque, se calar ou falsear a verdade, cometerá o delito de falso testemunho (CP,
art. 342).
A Constituição Federal assegura a inviolabilidade dos vereadores por suas opiniões, palavras e
votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município (art. 29, VIII).
Note-se que só haverá a imunidade penal em relação aos delitos de opinião perpetrados no
exercício do mandato e na circunscrição do Município.
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PERDA DO MANDATO
A perda do mandato, que pode ocorrer através de cassação ou extinção, só é possível após se
assegurar a ampla defesa ao parlamentar.
A cassação do mandato é feita por deliberação do plenário da respectiva Casa Legislativa pelo
voto aberto, e não mais secreto, da maioria absoluta de seus membros, conforme Emenda
Constitucional 76/2.013. O pedido de cassação só pode ser apresentado pela Mesa da Casa
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Legislativa ou partido político representado no Congresso Nacional, assegurada a ampla defesa (§2º
do art. 55 da CF). O efeito da decisão do plenário, que por maioria absoluta acolhe o pedido e
decreta perda do mandato, é “ex nunc”, não retroage, garantindo-se, destarte, a validade dos atos
que o parlamentar praticou até então. Trata-se, portanto, de uma decisão constitutiva negativa ou
desconstitutiva. Sem a deliberação da respectiva Casa Legislativa não a há perda do mandato, ainda
que haja condenação criminal oriunda de STF. No processo do “Mensalão” (ação penal 470), a
Excelsa Corte ignorou o §2º do art. 55 da CF e decretou a perda do mandato dos deputados
condenados. Mas, posteriormente, noutro processo, retomou a posição anterior e decidiu que a
perda do mandado realmente depende de deliberação específica da maioria absoluta da respectiva
Casa Legislativa, conforme determina a Constituição.
Quanto à extinção do mandato, que é diferente da cassação, concretiza-se com uma simples
declaração da Mesa da respectiva Casa Legislativa, de ofício ou mediante provocação de qualquer
de seus membros ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada a ampla
defesa (§3º do art. 55 da CF). Dispensa-se, como se vê, a deliberação do Plenário. O efeito da
decisão da Mesa, que declara a extinção do mandato, é também “ex nunc” e, portanto, sem esta
decisão não se operará a perda do mandato. Conquanto a extinção do mandato seja um ato
vinculado, isto é, não há qualquer discricionariedade para que se possa relevá-la, o certo é que a
Constituição não estabelece prazo para que a Mesa da Casa Legislativa delibere sobre o assunto.
As hipóteses de perda do mandato por cassação constam no art. 55, I, II e VI da CF e as
hipóteses da perda por extinção nos incisos III a V do mesmo dispositivo constitucional.
São, pois causas de cassação do mandato:
a) violação das incompatibilidades, isto é, das proibições constantes no art. 54 da CF.
b) falta de decoro parlamentar, em razão de um comportamento que afete a imagem ou
pundonor do mandato ou do Poder Legislativo. O abuso de prerrogativas e percepção de vantagens
indevidas são dois exemplos de falta de decoro, constantes no §2º do art. 55 da CF, mas os
regimentos internos também preveem outras hipóteses. O parlamentar que se afasta
temporariamente do mandato, para ocupar um dos cargos previstos do art. 56, I, da CF (Ministro de
Estado, Governador, Secretário de Estado, Prefeito de Capital e Chefe de Missão Diplomática), não
perde o mandato, mas se, nesse período, faltar com o decoro poderá perder o mandato, afinal,
embora afastado, ele ainda é parlamentar.
c) se sofrer condenação criminal em sentença ou acórdão transitado em julgado. Frise-se que,
para a cassação, não basta a condenação penal, é preciso ainda deliberação da maioria absoluta da
respectiva Casa Legislativa como nas demais hipóteses acima.
Finalmente, os casos de extinção do mandato são os seguintes:
a) deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da
Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada. Esta desídia contumaz revela
desinteresse e descaso pelo mandato.
b) perder ou tiver suspensos os direitos políticos. O art. 15 da CF prevê as situações que
geram a perda e suspensão dos direitos políticos. A única que não é causa de extinção do mandato,
porque já figura como causa de cassação, é a condenação criminal transitada em julgado (art. 15,
III, e 55, VI) e, portanto, exige a deliberação da maioria absoluta da respectiva Casa Legislativa para
que se concretize a perda do mandato.
c) decisão da Justiça Eleitoral, nos casos previstos na Constituição. Exemplo: ação de
impugnação de mandato eletivo que é julgada procedente. De acordo com o STF, o parlamentar
que troca de partido perde o mandato, pois o mandato pertence ao partido, à medida que a filiação
partidária é obrigatória, autorizando-se, destarte, o ajuizamento da referida ação. É, no entanto,
permitida a troca de partido por motivo de perseguição ou por ter o partido traído o plano de
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governo ou ainda para ingressar num partido recém-criado. Vale lembrar que, nesses casos de
cassação, a perda do mandato só se opera com a declaração da Mesa da respectiva Casa Legislativa.
Finalmente, a renúncia ao mandato, antes da instauração do processo de cassação ou
extinção, surte efeito imediato e, por consequência, impede que o processo seja instaurado. Se, ao
revés, a renúncia operar-se após a instauração do referido processo, ainda assim o processo
prosseguirá; os efeitos da renúncia, portanto, são suspensos. Nesse caso, operando-se, no final, a
perda do mandato, o parlamentar ficará inelegível por 8 (oito) anos (Lei Complementar 64/90).
Fidelidade Partidária
PROCESSO LEGISLATIVO
ESPÉCIES NORMATIVAS
EMENDAS À CONSTITUIÇÃO
CONCEITO E LIMITAÇÕES
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São as normas que dificultam o processo de elaboração das Emendas à Constituição e, por
isso, garantem a rigidez constitucional.
A primeira dessas limitações procedimentais, denominada formal subjetiva, relaciona-se à
iniciativa das propostas de Emendas Constitucionais, cujo poder, nos termos do art. 60 da CF, é
conferido apenas aos seguintes órgãos:
I – um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal.
Assim, a iniciativa parlamentar, em relação às propostas de emendas à Constituição, é coletiva. O
Deputado ou Senador, sozinho, não pode apresentar o projeto, ao contrário do que ocorre com a
iniciativa dos projetos de leis. A Câmara dos Deputados tem 513 (quinhentos e treze)
parlamentares e, portanto, no mínimo, 1/3 (um terço), isto é, 171 (cento e setenta e um) terão que
assinar a proposta para o início do processo legislativo.
II – Presidente da República. Trata-se da única participação do Presidente da República no
processo de alteração da Constituição. Limita-se a apresentar a proposta na Câmara dos
Deputados, mas não participa da discussão, votação, promulgação e publicação das emendas à
Constituição, sobre as quais também não tem o poder de veto.
III – Mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-
se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. Exige-se, pois, a assinatura de no
mínimo 14 (quatorze) Assembleias Legislativas, à medida que o total de Estados-Membros
corresponde a 29 (vinte e nove).
As propostas de iniciativa de um terço dos Deputados e do Presidente da República são
apresentadas junto à Câmara dos Deputados, enquanto a proposta de um terço dos Senadores da
República e das Assembleias Legislativas devem ser protocoladas no Senado Federal, por força do
regimento interno do Senado. De fato, o Senado representa os Estados-Membros e as Assembleias
Legislativas também, portanto, a norma regimental revela-se coerente.
De acordo com o STF, o rol do art. 60 da CF é taxativo e, portanto, diante da falta de previsão
constitucional, não é possível a iniciativa popular para proposta de emendas à Constituição. Na
doutrina, José Afonso da Silva, sustenta que seria possível, porquanto todo poder emana do povo,
conforme parágrafo único do art. 2º da CF, ademais, a soberania popular é exercida mediante
iniciativa popular, nos termos do art. 14, III, da CF, que não a restringe à iniciativa das leis
ordinárias.
No tocante à iniciativa popular para emenda à Constituição Estadual, porém, é possível, pois
não há qualquer impedimento na Constituição Federal (STF. Plenário. ADI 825/AP, Rel. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 25/10/2018 , Informativo 921).
Por outro lado, há ainda a limitação procedimental, denominada formal objetiva, que se
refere ao processo de votação e promulgação das emendas à Constituição.
Quanto ao processo de votação, exige o quórum de 3/5 (três quintos), em dois turnos de
votação em cada Casa Legislativa. Turno é a discussão e votação. Por consequência, a proposta
deve ser discutida e aprovada duas vezes na Câmara dos Deputados e duas vezes no Senado
Federal. Nessas quatro votações, impõem-se a maioria qualificada de 3/5 (três quintos) dos
membros de cada Casa Legislativa, sob pena de rejeição da proposta.
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Conquanto se trate de uma maioria qualificada, não é o maior quórum que a Constituição
prevê, pois o art. 51 da CF exige dois terços da Câmara dos Deputados para que se autorize a
instauração de processo contra o Presidente da República e, nesse julgamento, o quórum no
Senado Federal também será de dois terços, conforme parágrafo único do art. 52 da CF.
No processo de elaboração das emendas à Constituição, a Segunda Casa Legislativa não atua
como Casa Revisora, uma não tem primazia sobre a outra, prevalece o regime de igualdade entre
elas, ao contrário do que ocorre no processo legislativo dos projetos de leis, cuja prioridade,
conforme veremos, é para a Casa Iniciadora. Frise-se, assim, que em relação às propostas de
Emendas Constitucionais vigora o bicameralismo igualitário, de equilíbrio.
Referentemente à promulgação, dispõe o §3º do art. 60 da CF: “A emenda à Constituição será
promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número
de ordem”.
Assim, os sete integrantes de cada Mesa, isto é, Mesa da Câmara dos Deputados e Mesa da
Câmara do Senado Federal deverão promulgar a Emenda Constitucional, em sessão conjunta,
atribuindo-lhe o respectivo número de ordem à sequência cronológica normal. Note-se que o
Presidente da República não tem poderes para vetar, sancionar ou promulgar as emendas à
Constituição.
A promulgação é o ato que certifica a regularidade do processo de elaboração da espécie
normativa, sinalizando que ela encontra-se apta a produzir seus efeitos jurídicos.
Acrescente-se ainda que o §5º do art. 60 da CF, dispõe que: “A matéria constante de proposta
de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma
sessão legislativa”.
Assim, a Emenda Constitucional rejeitada ou prejudicada não poderá ser apresentada na
mesma sessão legislativa, que corresponde ao período anual de cada legislatura. Se, por exemplo,
foi rejeitada em março, só poderá ser proposta novamente a partir de fevereiro do próximo ano.
Proposta rejeitada é a repudiada no mérito, proposta prejudicada é a arquivada no mérito.
Em ambas as hipóteses, o assunto constante nessas propostas só poderá constar de uma nova
proposta na sessão legislativa seguinte.
Uma corrente minoritária considera que se trata de uma limitação temporal às emendas à
Constituição. Prevalece, no entanto, a doutrina que classifica a hipótese como limitação formal, isto
é, relacionada ao procedimento.
Com efeito, limitação temporal é a que proíbe, durante certo lapso de tempo, a reforma da
Constituição. Na Constituição de 1.988, não existe a limitação temporal. Uma proposta de emenda
à Constituição rejeitada, por exemplo, em dezembro, poderá ser apresentada novamente a partir
de 2 de fevereiro, que é o início da próxima sessão legislativa. Portanto, a preocupação não foi com
o tempo. Trata-se de uma limitação de caráter procedimental. Não me parece, contudo, errado
classificar como sendo uma limitação material temporária.
LIMITAÇÕES CIRCUNSTANCIAIS
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pública. Se, não obstante a vedação, a emenda à Constituição for aprovada, ela será
inconstitucional, qualquer que seja a matéria abordada. Trata-se de uma inconstitucionalidade
formal orgânica, porque emanada de órgão incompetente, tendo em vista que, nessas
circunstâncias, o Congresso Nacional, não tem poderes para aprová-la.
A doutrina sugere que, nas três circunstancias acima, devido à gravidade da situação,
suspenda-se não apenas a fase deliberativa e sim o próprio processo legislativo das emendas à
Constituição.
LIMITAÇÕES MATERIAIS
As limitações materiais são as cláusulas pétreas, isto é, os temas que não podem ser objeto
de emendas à Constituição.
CLÁUSULAS PÉTREAS
O sistema de eleição direta comporta exceção na vacância dos cargos de Presidente e Vice-
Presidente da República. De acordo com o §1º do art. 81 da CF, vagando esses dois cargos, nos
últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita, indiretamente,
trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional. Nesse intervalo, a Presidência da
República será ocupada temporariamente, na seguinte ordem, pelo Presidente da Câmara dos
Deputados, Presidente do Senado e Presidente do STF, que são meros substitutos interinos e não
propriamente sucessores. Se a dupla vacância ocorrer antes dos dois anos do término do mandato,
haverá eleições diretas.
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Outra característica do voto popular é que ele é secreto. É, pois, esse sigilo que garante a
liberdade do voto, isto é, a autonomia de vontade do eleitor, afastando-o das eventuais pressões
psicológicas.
O voto ainda é universal, acessível a todos os brasileiros, sem restrições de caráter
discriminatório. O sufrágio universal não significa sufrágio total. Claro que há restrições ao direito
de votar, ditadas por razões de ordem pública. Tem, por exemplo, a idade mínima de 16 (dezesseis)
anos; ainda que emancipado, o menor impúbere não poderá votar, diante da presunção absoluta
de imaturidade para exercer esse direito. O estrangeiro, à exceção do português com residência
permanente no Brasil (§1º do art. 12 da CF), não pode votar. A razão da vedação é a preocupação
com a soberania nacional. Os militares votam normalmente. Os conscritos, que são as pessoas que
exercem o serviço militar obrigatório, nesse período, estão proibidos de votar. O analfabeto
também pode votar, mas não pode ser votado. Eventual emenda para suprimir ou restringir o
direito de voto do analfabeto será inconstitucional, diante da proibição de restrições
discriminatórias.
Evidentemente que afronta o voto universal, a instituição de sufrágios censitários, culturais,
masculinos, etc.
Por fim, o voto ainda deve ser periódico para que se confira aos eleitos um mandato político
temporário. É inconstitucional, portanto, o projeto de emenda que atribui cargo vitalício de
Senador aos ex-Presidentes da República. Sobre a periodicidade máxima tolerável, é uma questão
de se atentar para o princípio da razoabilidade.
• A Separação dos Poderes. O art. 2º da CF preceitua que são Poderes da União, independentes e
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. A mera tendência em enfraquecer o princípio
da separação dos poderes já será inconstitucional. Evidentemente que a emenda não pode reduzir de três
para dois o número de poderes. É, no entanto, possível o remanejamento de competências dos atuais
poderes, desde que não enfraqueça a ideia da independência entre eles.
• Os Direitos e Garantias Individuais. Esta expressão tem gerado polêmica. Uma corrente limita o seu
significado aos direitos fundamentais individuais, previstos no art. 5º da CF, pois se a Constituição quisesse
abranger outros teria usado a expressão “direitos fundamentais”, por consequência, aplica a máxima
“inclusio unius, alterus exclusio”, isto é, quando há dois ou mais casos, os não incluídos são excluídos.
Prevalece, contudo, a corrente ampliativa que insere no rol das cláusulas pétreas os direitos e
garantias fundamentais, pois, conforme ensina Paulo Bonavides, não teria sentido a Constituição
priorizar a primeira geração dos direitos fundamentais, que são os direitos individuais, e deixar de
fora as outras gerações, sobretudo, os direitos sociais que, inclusive, cuida das prerrogativas dos
trabalhadores (exemplos: férias, décimo terceiro salário, direito ao salário mínimo, etc).
Sobre o assunto, acrescente-se ainda que não teria cabimento conferir à emenda
constitucional o poder de revogar o mandado de segurança coletivo, que é previsto no art. 5º, LXX,
da CF, simplesmente porque não se trata de direito individual. Ora, se o mandado de segurança
individual não pode ser eliminado com maior razão veda-se a supressão do mandado de segurança
coletivo. Trata-se de uma questão de interpretação lógica. Todo conteúdo do art. 5º da CF, de
acordo com a doutrina dominante, é cláusula pétrea.
O STF também considerou cláusula pétrea dois direitos análogos aos previstos no art. 5º da
CF, embora ali não estejam enumerados. O primeiro foi o princípio da anterioridade tributária, a
emenda constitucional nº 3/93 que permitiu a imediata incidência do IPMF foi declarada
inconstitucional nesse aspecto. O segundo consistiu na regra do art. 16 da CF, segundo a qual, a lei
que altera o processo eleitoral não se aplica à eleição que ocorra até um ano de sua vigência; a
Emenda Constitucional 52, que violou esse dispositivo, foi declarada inconstitucional.
Com base nesses dois precedentes, força convir que a Excelsa Corte adota a corrente
ampliativa, que considera como cláusulas pétreas outros direitos análogos aos do art. 5º da CF.
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Quanto à maioridade penal, que é a fixada aos dezoito anos pelo art. 228 da CF, mesmo entre
os adeptos da corrente ampliativa, paira polêmica se poderia ou não ser reduzida, por exemplo,
para dezesseis anos, através de Emenda Constitucional. De um lado, impõe-se a resposta negativa
para se considerar cláusula pétrea esse art. 228 da CF, à medida que a norma nele contida é
análoga às demais hipóteses do art. 5º da CF. De outro lado, admite-se a referida emenda
constitucional, pois se o constituinte quisesse ter inserido essa regra no art. 5º tê-lo-ia feito
expressamente. A situação é um pouco diferente do princípio da anterioridade tributária, que
figura no rol dos direitos tributários, no capítulo pertinente, e do art. 16 que topologicamente está
no lugar correto, isto é, entre os direitos políticos. Já os princípios do direito penal concentram-se
no art. 5º da CF, que, no entanto, exclui do seu rol a maioridade penal aos dezoito anos,
sinalizando, destarte, a possibilidade de sua alteração.
Quanto à proibição da pena de morte, não resta dúvida que se trata de cláusula pétrea,
vedando-se, destarte, a sua extensão, através de emenda constitucional, a outros crimes, que não
sejam os crimes militares em tempo de guerra. Sobre a sua instituição pela via do plebiscito, há os
que admitem, com base no princípio da soberania popular, que prevê o povo como o titular de
todo poder. O Ministro Gilmar Mendes, do STF, no entanto, sustenta que as cláusulas pétreas
representam a identidade da Constituição, cuja alteração só seria viável pelo poder constituinte
originário, evitando-se assim a instabilidade institucional que o plebiscito poderia gerar.
DISTINÇÃO
A Lei Complementar só pode versar sobre as matérias que a Constituição expressamente lhe
reserva, ao passo que à Lei Ordinária compete o remanescente, isto é, disciplinar os demais
assuntos. É, pois, excepcional a produção de leis complementares, que têm as matérias
determinadas pela Constituição.
O quórum de aprovação da Lei Complementar é de maioria absoluta, mais da metade do total
dos membros de cada Casa Legislativa, enquanto o da Lei Ordinária é maioria simples, mais da
metade dos presentes, todavia, em ambas, o quórum de deliberação, isto é, necessário para que
haja discussão e votação, é maioria absoluta.
Uma primeira corrente, sustentada, dentre outros, por Manoel Gonçalves Filhos, posiciona a
Lei Complementar acima da Lei Ordinária. No eventual conflito, portanto, a Lei Ordinária será
inconstitucional. A supremacia hierarquia revela-se no fato de a Lei Complementar ter matérias
determinadas pela própria Constituição e ainda exigir quórum de aprovação superior ao da Lei
Ordinária. Acrescente-se, ainda, que, no Direito Francês, de onde se origina, a Lei Complementar
ocupa posição intermediária, sendo infraconstitucional, mas supralegal, estando, pois, acima das
demais leis. Outro argumento, que reforça a tese da hierarquia, é que uma das previsões de lei
regulamentar é sobre o processo de elaboração das leis, conforme parágrafo único do art. 59 da CF,
e evidentemente essa lei complementar deverá ser observada por todas as demais leis.
Uma segunda corrente, adotada pelo STF, sustenta que não há hierarquia e sim, sob o prisma
material, campo próprio de incidência. A lei ordinária, que trata de assuntos de lei complementar,
será inconstitucional, não por quebra de hierarquia e sim por invasão do campo próprio material de
outra espécie normativa. Será uma inconstitucionalidade horizontal e não vertical. Em
contrapartida, a Lei Complementar, aprovada por maioria absoluta, que trata de matéria que a
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Constituição não lhe reservou, será convertida em lei ordinária e como tal deverá ser encarada,
revogando, por força do princípio da continuidade das leis, as leis ordinárias anteriores que com ela
forem conflitantes.
A palavra lei, em sentido estrito, designa apenas essas duas espécies normativas, cujo
processo de elaboração envolve um ato complexo, isto é, a participação de dois Poderes, o
Legislativo e o Executivo.
São três as fases do processo legislativo dessas leis:
a) Fase Introdutória;
b) Fase Principal ou Constitutiva;
c) Fase Complementar.
FASE INTRODUTÓRIA
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Recebido o projeto de lei, começa a fase principal ou constitutiva, que envolve tanto o Poder
Legislativo quanto o Poder Executivo.
No âmbito do Poder Legislativo, a fase constitutiva compreende:
• Distribuição do projeto de lei, pelo Presidente da Casa Legislativa iniciadora, às Comissões
Parlamentares que, de acordo com a matéria, tem competência para examiná-lo. São denominadas
Comissões Temáticas ou Técnicas. Exemplo: Comissão de Educação e Cultura. Outro exemplo: Comissão de
Turismo e Desporto. Essas comissões, via de regra, são permanentes, mas em certos projetos de leis, como é
o caso dos que envolvem códigos, o exame será feito por uma Comissão Temporária, convocada
especialmente para esse fim. As Comissões Parlamentares têm a função de estudar e examinar os projetos
de lei para depois emitir o parecer, podendo, inclusive, realizar audiência pública com entidades da
sociedade civil interessadas no assunto.
• Remessa do Projeto ao Plenário da Casa Legislativa iniciadora para discussão e votação por maioria
simples ou absoluta, conforme se trate de projeto de lei ordinária ou complementar.
• Dispensa do Plenário. O art. 58, §2º, I, da CF prevê a delegação “interna corporis”, isto é, os projetos
de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do plenário, serão discutidos e votados pela
própria Comissão Parlamentar competente para a matéria, nesse caso, os projetos aprovados ou rejeitados
não são remetidos ao Plenário. Todavia, é possível que, mediante recurso de um décimo dos membros da
Casa, seja requerida a apreciação pelo Plenário. Acrescente-se, contudo, que as Comissões Parlamentares
não desfrutam de competência para votarem projetos de leis complementares, projetos de Códigos e outros
vedados pelo regimento interno.
• Arquivamento do Projeto. Rejeitado o projeto pelo órgão competente (Plenário ou Comissão
Temática), impõe-se o seu arquivamento. A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá
constituir objeto de novo projeto na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos
membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional (art. 67 da CF). Caso não haja esse quórum, a
apresentação do projeto só poderá ser feita na sessão legislativa seguinte.
• Envio de projeto à Casa revisora. Aprovado o projeto de lei na Casa Iniciadora, ele será então
remetido à Casa Revisora que, em regra, é o Senado Federal. O quórum de aprovação é o mesmo, maioria
simples ou absoluta, conforme se trate de lei ordinária ou complementar, sendo também possível, na forma
do regimento, a delegação à Comissão Parlamentar competente para discussão e votação. Se for rejeitado
será arquivado, mas, aprovado na íntegra, sem emendas, será enviado à Presidência da República para
sanção ou veto. Aprovado, mas com emendas feitas pela Casa revisora, o projeto retorna à Casa iniciadora
para apreciar apenas essas emendas, sendo vedado, nesse momento, qualquer tipo de acréscimo. Rejeitadas
ou aprovadas essas emendas, o projeto será enviado à Presidência da República. No Brasil, no que tange às
emendas aos projetos de lei, o bicameralismo não é igualitário, porque a Casa iniciadora, que normalmente
é a Câmara dos Deputados, tem o poder de afastar as emendas feitas pela Casa revisora, que, via de regra, é
o Senado Federal, e, nesse caso, prevalecerá a redação aprovada pela Casa iniciadora.
• Procedimento de urgência, também chamado de urgência constitucional ou procedimento sumário.
É a celeridade, solicitada pelo Presidente da República, aos projetos de lei de sua iniciativa. Com efeito,
dispõe o §1º do art.64 da CF que o “Presidente da República poderá solicitar urgência para apreciação de
projetos de sua iniciativa”. Nesse caso, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal devem concluir a
votação, cada qual sucessivamente, em até quarenta e cinco dias, com o acréscimo de mais dez dias para
que a Câmara dos Deputados aprecie as emendas do Senado Federal. Esses prazos não correm nos períodos
de recesso do Congresso Nacional, nem se aplicam aos projetos de códigos. O procedimento de urgência,
como se vê, é mera redução de prazos e não supressão das etapas do procedimento legislativo. A violação
do prazo de urgência, até que se ultime a votação, gera o sobrestamento, ou seja, a suspensão de todas as
demais deliberações da respectiva Casa, que não poderá discutir e votar outros projetos com exceção
daqueles que tenham prazo constitucionalmente determinado como, por exemplo, as medidas provisórias.
Há ainda outros casos de procedimento de urgência por previsão regimental. A Constituição, contudo, só
prevê esse.
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Com a sanção ou derrubada do veto, a lei, e não mais o simples projeto, é promulgada pelo
Presidente da República, dentro de quarenta e oito horas. O esgotamento desse prazo transfere a
competência para promulgação e publicação das leis ao Presidente do Senado. Se este não o fizer
em igual prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo (§7º do art. 66 da CF).
A promulgação é o ato jurídico que atesta a regularidade do processo legislativo e atribui
executoriedade à lei, sinalizando que ela encontra-se apta a produzir efeitos jurídicos.
Finalmente, a publicação é o ato jurídico que confere notoriedade à lei. A publicação é feita
pelo Presidente da República no Diário Oficial do Executivo da União. A partir da publicação,
ninguém mais poderá alegar desconhecimento da lei.
Lei Delegada é a espécie normativa editada pelo Presidente da República, mediante prévia
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Medida provisória é a espécie normativa, com força de lei, editada pelo Presidente da
República, em caso de urgência e relevância.
Trata-se do sucedâneo do extinto decreto-lei, que vigorou no Brasil até antes da Constituição
de 1.988.
Distingue-se da lei delegada, cuja edição é previamente autorizada pelo Congresso Nacional.
Em contrapartida, a medida provisória é apreciada posteriormente pelo Congresso Nacional, o
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• No Congresso Nacional, uma Comissão Parlamentar Mista elabora um parecer opinativo, que analisa
a medida provisória em todos os seus aspectos: constitucionalidade, urgência, relevância, mérito, adequação
financeira, orçamentária, etc. de fato, dispõe o art. 62, §9º da CF: “Caberá à comissão mista de Deputados e
Senadores examinar as medidas provisórias e sobre elas emitir parecer, antes de serem apreciadas, em
sessão separada, pelo plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacional”. Este parecer não pode ser
feito por único parlamentar e sim por uma Comissão Parlamentar Mista. A supressão dessa fase gera a
inconstitucionalidade da medida provisória, consoante jurisprudência do STF.
• Na sequência, as medidas provisórias terão sua votação iniciada na Câmara dos Deputados (art. 62,
§8º, da CF). Somente se aprovada, é que haverá a deliberação do Senado Federal. Os Plenários das
respectivas Casas podem rejeitar liminarmente a medida provisória por razões de inconstitucionalidade,
inclusive, por falta dos pressupostos de urgência e relevância. Assim, dispõe o art. 62, §5º, da CF: “A
deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional sobre o mérito das medidas provisórias
dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais”.
• O prazo, para ambas as Casas apreciarem a Medida Provisória, é de quarenta e cinco dias contados
de sua publicação. Este prazo não se confunde com o de vigência da medida provisória, que é de sessenta
dias prorrogáveis por mais sessenta. A vigência da medida provisória não é suspensa pela votação do prazo
de quarenta e cinco dias.
• A medida provisória, que não for apreciada em até quarenta e cinco dias, entrará em regime de
urgência, subsequentemente, em cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que
se ultime a votação, todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando. O
trancamento da pauta restringe-se aos projetos de leis ordinárias, segundo dispõe uma Resolução da
Câmara dos Deputados, não afeta a tramitação dos projetos de Emendas à Constituição e Leis
Complementares. Frise-se que esse sobrestamento não afeta a vigência da medida provisória.
• A medida provisória, que é aprovada na íntegra, sem emendas, por ambas as Casas Legislativas, é
convertida em lei, que será promulgada pelo Presidente da Mesa do Congresso Nacional.
• A medida provisória que, no entanto, sofrer alterações no seu texto original, através de emendas
inseridas na Câmara dos Deputados ou Senado Federal, transforma-se em “projeto de lei de conversão” e,
nesse caso, observará o processo legislativo das leis ordinárias, tanto é que, após ser aprovado em ambas as
Casas, seguirá para sanção ou veto do Presidente da República, que, vindo a sancioná-la fará também a
promulgação. Enquanto tramita esse “projeto de lei de conversão”, mantém-se, na íntegra, a vigência da
medida provisória, que, nessa situação excepcional, pode até ultrapassar o prazo de vigência de cento e
vinte dias. Sancionado ou vetado o “projeto de lei de conversão”, cessa a eficácia da medida provisória,
conforme se depreende o art. 62, §12º, da CF.
Finalmente, é vedada a edição de medidas provisórias sobre as seguintes matérias:
a) Nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral;
b) Direito penal, processual penal e processual civil;
c) Organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros;
d) Planos plurianuais e matéria orçamentária, salvo na hipótese do §3º do art. 167 da CF.
e) Que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro;
f) Matéria reservada à lei complementar;
g) Matéria já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção
ou veto do Presidente da República.
O art. 246 da CF ainda dispõe que: “É vedada a adoção de medida provisória na
regulamentação de artigo da Constituição cuja redação tenha sido alterada por meio de emenda
promulgada entre 1º de janeiro de 1995 até a promulgação desta emenda, inclusive”.
DECRETO LEGISLATIVO
Decreto Legislativo é a espécie normativa editada pelo Congresso Nacional para disciplinar
certas matérias de sua competência exclusiva.
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RESOLUÇÃO
O art. 59, VI, prevê a última das espécies normativas, que é a Resolução. Conquanto não se
tenha explicitado o órgão competente para editá-la força convir que se trata das Resoluções
oriundos do Poder Legislativo, pois as emanadas do Poder Executivo e eventualmente do Poder
Judiciário são meros atos administrativos. Interpretação divergente violaria o Princípio da
Separação dos Poderes.
As Resoluções podem ser editadas pelo Congresso Nacional ou separadamente pela Câmara
dos Deputados e Senado Federal.
Destinam-se, em primeiro lugar, a disciplina “interna corporis” do funcionamento e gestão
desses três órgãos do Poder Legislativo. Além disso, as Resoluções ainda podem produzir efeitos
externos, fora do âmbito do Poder Legislativo, em relação às matérias, previstas no art. 51 e 52 da
CF, de competência privativa da Câmara dos Deputados e do Senado Federal respectivamente. A
previsão da Resolução para essas matérias dos arts. 51 e 52 da CF consta nos Regimentos Internos
da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. A alíquota do ICMS também é fixada por Resolução
do Senado (art. 155, §2º, V, da CF).
É ainda, através de Resolução, que o Congresso Nacional autoriza o Presidente da República a
elaborar a lei delegada (art. 68, §2º, da CF).
As Resoluções podem então ser editadas pelo:
a) Congresso Nacional;
b) Câmara dos Deputados;
c) Senado Federal.
PODER EXECUTIVO
SISTEMAS DE GOVERNO
ESTRUTURA INTERNA
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MINISTROS DE ESTADO
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eleição direta, para ambos os cargos, noventa dias depois da última vacância.
2ª) A vacância ocorre nos últimos dois anos do mandato presidencial. Nessa situação, haverá
eleições indiretas realizadas pelo Congresso Nacional, para ambos os cargos, trinta dias depois da
última vaga.
Nas duas hipóteses acima, os eleitos apenas deverão completar o período de seus
antecessores, isto é, o que restar do mandato. A eventual disputa e vitória na eleição subsequente,
no entanto, será considerada reeleição.
Conquanto os critérios de eleição do Presidente da República, previstos no art. 77 da CF,
sejam considerados princípios constitucionais extensíveis aos Estados-Membros, Distrito Federal e
Municípios, o certo é que, no que tange especificamente às regras de substituição e sucessão, o STF
admite que as Constituições Estaduais e Leis Orgânicas tratem do assunto de outra maneira, não
impondo a observância do modelo federal. Noutras palavras, essas normas sobre sucessão e
substituição não são princípios constitucionais extensíveis.
O art. 84 da CF prevê o rol das competências privativas do Presidente da República que, como
vimos, no sistema presidencialista, acumula as funções de Chefe de Estado e Chefe de Governo.
Compete, pois, privativamente ao Presidente da República, como Chefe de Estado:
a) Representar oficialmente o Estado nas relações internas e internacionais.
b) Manter relações com Estados estrangeiros e organismos internacionais. Exemplos: celebrar
tratados e convenções internacionais e acreditar diplomatas. (art. 84, VII e VIII, da CF).
c) Participar do processo legislativo. Esta participação ocorre através da iniciativa que
desfruta para apresentar projetos de leis, outrossim, quando realiza a sanção ou veto, promulgação
e publicação das leis (art. 84, III e IV, da CF).
d) Promover a defesa nacional. Exemplos: exercer o comando supremo das Forças Armadas,
nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais
e nomeá-los para os cargos que lhe são privativos, declarar guerra, no caso de agressão estrangeira,
ou celebrar paz (art. 84, XIII, XIX e XX, da CF).
e) Promover a segurança interna do país. É o caso da decretação do estado de defesa, estado
de sítio e intervenção federal (art. 84, IX e X, da CF).
f) Expedir decretos e regulamentos para a fiel execução da lei (art. 84, IV, da CF).
g) Exercer a direção superior da administração pública federal (art. 84, II, da CF).
Por outro lado, algumas atribuições, consoante parágrafo único do art. 84 da CF, o Presidente
da República poderá delegar aos Ministros de Estado, Procurador Geral da República ou Advogado
Geral da União. São elas:
a) A edição do decreto sobre organização e funcionamento da administração federal,
outrossim, extinção de cargos ou funções, quando vagos (art. 84, VI, CF).
b) A edição do decreto de indulto ou comutação de penas (art. 84, XII, CF).
c) Prover os cargos públicos federais, na forma da lei (art. 84, XV, primeira parte, da CF).
Prover significa nomear para o cargo. Implicitamente, abrange-se o verbo “desprover”, que
também poderá ser delegado àquelas autoridades públicas. Quanto à extinção de cargos públicos
federais, constante da segunda parte do citado inciso XV, não pode ser objeto de delegação,
conforme denota-se do parágrafo único do art. 84 da CF. Agora, quanto aos cargos ou funções
vagos, a que se refere o inciso VI, alínea “b” do art. 84 da CF, podem ser objeto de delegação.
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PODER JUDICIÁRIO
INTRODUÇÃO
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De acordo com esse princípio, a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
ameaça a direito (art. 5º, XXXV, da CF).
Reveste-se de inconstitucionalidade toda e qualquer lei que impõe, como pressuposto
processual, o esgotamento das vias administrativas para só depois se ter o direito de invocar o
Poder Judiciário. A Constituição, no entanto, abre exceção à Justiça Desportiva.
Com efeito, dispõe o §1º do art. 217 da CF: “O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à
disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva,
regulada em lei”.
A Justiça Desportiva é dirigida por entidades privadas, mas exerce função quase estatal,
diante da necessidade do seu esgotamento antes de se dirigir ao Poder Judiciário.
QUINTO CONSTITUCIONAL
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respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada a ampla defesa (art. 93, VIII, da
CF).
c) Irredutibilidade de Subsídios: O subsídio do magistrado é composto por uma parcela única
dos vencimentos, sendo vedada abonos, prêmios, etc.
Finalmente, as garantias de imparcialidade, que consistem nas vedações constitucionais aos
magistrados, são as seguintes:
a) Proibição de exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de
magistério. O objetivo é coibir que a carga horária da docência prejudique a judicatura. O STF já
decidiu que cada tribunal deve definir a carga horária máxima que é tolerável para a docência.
Desde que ela não seja ultrapassada é possível ao magistrado lecionar em mais de uma instituição.
Cumpre ainda lembrar que o Conselho Nacional de Justiça baixou uma resolução que proíbe os
magistrados de integrarem a Justiça Desportiva, mesmo não sendo atividade remunerada.
b) Proibição de receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participações em processo.
c) Proibição de dedicar-se à atividade político-partidário. Por consequência, não pode sequer
filiar-se a algum partido político.
d) Proibição de receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas
físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei.
e) Proibição de exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de
decorridos três anos de afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. Trata-se de uma
vedação relativa ao exercício da advocacia, apelidada de “quarentena”, restrita ao juízo ou tribunal
de onde se afastou.
DIREITOS FUNDAMENTAIS
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Dispõe o art. 5º, caput da CF, que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”.
Se, na organização do Estado, a preservação do pacto federativo é a viga mestra, no plano dos
direitos individuais, o princípio da isonomia é a base principal, tanto é que é mencionado duas
vezes no caput do art. 5º da CF e outra vez no inciso I, além de outras inúmeras menções
espalhadas pela Constituição. Na interpretação das normas, é o princípio da isonomia que deve
direcionar o trabalho hermenêutico num grau maior que os demais.
O caput do at. 5º da CF consagra os cinco direitos individuais básicos, dos quais derivam todos
os demais. São os seguintes:
a) direito à vida;
b) direito à liberdade;
c) direito à igualdade;
d) direito à segurança;
e) direito à propriedade.
DESTINATÁRIOS
Os direitos individuais são aplicáveis aos brasileiros e aos estrangeiros, e, no que couber, às
pessoas jurídicas.
É certo, pois, que a Constituição refere-se a brasileiros e estrangeiros “residentes no país”,
mas esta expressão é apenas para esclarecer que esses direitos só podem ser exercidos dentro dos
limites da soberania brasileira. A expressão “residentes no país” é um qualificativo aplicável tanto
aos brasileiros quanto aos estrangeiros, mas nada tem a ver com moradia ou residência, é uma
forma confusa de se dizer que esses direitos só são assegurados no âmbito espacial da soberania
brasileira.
Basta, para a exercitabilidade do direito, que a pessoa, brasileira ou estrangeira, se encontre
no território brasileiro, ainda que apenas de passagem. É óbvio, por exemplo, que o turista
estrangeiro que é preso ilegalmente no Brasil poderá impetrar habeas corpus.
Os direitos individuais são universais, inerentes a toda e qualquer pessoa e, portanto, os
estrangeiros não residentes no Brasil têm também assegurados esses direitos, garantias e remédios
previstos no art. 5º da CF.
Quanto às pessoas jurídicas, é pacífico que também compartilham dos direitos previstos no
art. 5º da CF, desde que compatíveis com a sua natureza.
APLICABILIDADE IMEDIATA
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Dispõe o art. 5º, §1º, da CF: “As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais
têm aplicação imediata”.
O dispositivo acima refere-se aos direitos e garantias fundamentais, e não apenas aos
individuais, portanto, aplica-se ao Título II por inteiro, abrange tanto os direitos individuais quanto
os direitos políticos e sociais. Topograficamente, encontra-se mal posicionado, o ideal é que
figurasse no final do Título II, evitando, destarte, a interpretação de que teria aplicação restrita aos
direitos individuais.
Assim, todas normas constitucionais que versem sobre direitos fundamentais têm aplicação
imediata. Ainda que se trate de norma constitucional de eficácia limitada, dependente, portanto,
de regulamentação legal, impõe-se a aplicação imediata em dois aspectos:
a) efeito revogador: é a não recepção das leis anteriores que, na matéria, sejam conflitantes
com a norma constitucional.
b) efeito paralisante: impede a elaboração de novas leis que contrariem os preceitos da
norma constitucional.
É claro que não se pode confundir a eficácia imediata com a eficácia integral.
A integralidade, que é a produção de todos os efeitos, só será possível, quanto às normas
constitucionais de eficácia limitada, com a superveniência da lei regulamentadora ou, então, à
míngua dessa lei, mediante impetração do mandado de injunção ou ação direta de
inconstitucionalidade por omissão. A previsão dessas duas ações é justamente para se garantir a
eficácia integral e imediata das normas constitucionais da eficácia limitada.
NORMA DE ENCERRAMENTO
Dispõe o §2º do art. 5º da CF: “Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados
internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”.
Norma de encerramento é a que põe fim a uma enumeração e, ato contínuo, esclarece se o
rol é taxativo ou exemplificativo.
O rol dos direitos individuais é meramente exemplificativo, pois há outros direitos implícitos,
outrossim, os previstos em tratados internacionais em que o Brasil seja parte.
Este rol não pode ser reduzido, pois é cláusula pétrea, mas pode, quanto aos direitos
individuais implícitos, ser ampliado por Emendas à Constitucionais, que também, para aumentar a
proteção, poderá suprimir alguma restrição.
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Acrescente-se ainda que o princípio do duplo grau de jurisdição também não consta
expressamente na Constituição. Se, por exemplo, no procedimento, não houver previsão legal para
recurso da decisão final, há os que sustentam que o réu teria direito a novo julgamento, porquanto
o duplo grau seria um direito constitucional implícito, derivado do princípio da ampla defesa. Os
Prefeitos, por exemplo, são julgados pelo Tribunal de Justiça sem que a lei preveja recurso
ordinário, isto é, para discutir os fatos que ampararam a decisão.
Anote-se também que o princípio da anterioridade da lei eleitoral e da lei tributária, previstos
nos arts. 16 e 150 da CF, foram reconhecidas pelo STF como direitos individuais implícitos, pois
decorrem dos próprios princípios da Constituição.
É evidente que a tarefa de identificar os direitos individuais implícitos é atribuída ao Poder
Judiciário. Com isso, o §2º do art. 5º da CF referenda o ativismo judicial, que é a produção supletiva
da norma pelos magistrados através da aplicação direta dos princípios constitucionais, sem que a lei
figure como intermediária.
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DIREITO À VIDA
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A Constituição é omissa sobre o início da proteção ao direito à vida. Claro que a partir do
nascimento com vida, a pessoa já existe, tanto é que nesse momento já adquire a nacionalidade
brasileira, conforme art. 12 da CF. O problema é a questão da vida intrauterina, que se inicia a
partir da fecundação, segundo a ciência biológica. Diante do silêncio da Constituição, uma corrente
sustenta que a matéria é da alçada do legislador ordinário que estaria, portanto, livre para liberar o
aborto, enquanto outros ensinam que a vida na Constituição deve ser interpretada como sendo a
proteção desde a concepção, de modo que a eventual lei que autorizasse o aborto, sem qualquer
razoabilidade, se revestiria de inconstitucionalidade.
O STF já decidiu que não há vida no feto anencefálico e, por consequência, a interrupção
voluntária da gravidez, não configura crime de aborto, mas ainda não se pronunciou sobre o
momento exato do início da tutela da vida.
Acrescente-se ainda que é permitido o uso de certas pílulas que atuam após a concepção e,
diante disso, o aborto só seria crime a partir da nidação, que é a implantação do ovo fecundado no
útero, e não mais a partir da concepção.
A vida intrauterina, no entanto, é protegida no Código Penal, que incrimina o aborto,
outrossim, pelo Código Civil, que, desde a concepção, assegura os direitos do nascituro.
O segundo aspecto do direito à vida é a proteção à integridade física. A vida manifesta-se no
corpo e, portanto, é essencial que este seja respeitado. O art. 5º, III, da CF prevê que “ninguém será
submetido a tortura, nem a tratamento desumano ou degradante”. Diversos autores, na linha de
Peter Häberle, consideram a tortura como sendo o único direito absoluto, isto é, sobre o qual a lei
não pode abrir qualquer exceção. A Constituição proíbe penas cruéis e de trabalho forçado e ainda
ordena a respeito à integridade física e moral dos presos (art. 5º, incisos XLVII e XLIV).
O terceiro aspecto do direito à vida é a proteção à integridade moral, que é a dignidade e
reputação da pessoa, ou seja, a honra. A pessoa, que é ofendida em sua honra, tem o direito de
resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material e moral. (art. 5º, V, da
CF).
O quarto aspecto da vida é o direito à privacidade, que é gênero cujas espécies são: a
intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas (art. 5º, X, da CF). Saliente-se, desde já,
que a menção à honra como direito à privacidade refere-se ao direito de manter sob sigilo os fatos
relacionados à privacidade, é um reforço à tutela da honra que é também prevista no art. 5º, V, da
CF.
Portanto, o ingresso na casa sem o consentimento do morador, durante a noite, só pode
ocorrer nas hipóteses de flagrante delito, desastre ou prestação de socorro, e, durante o dia,
também por ordem judicial. Noite, para José Afonso da Silva, é o intervalo entre dezoito e seis
horas da manhã. Celso de Mello, contudo, adota o critério físico-astronômico, considerando que
noite é o período entre o crepúsculo e a autora. A inviolabilidade do domicílio estende-se também
aos compartimentos reservados de hotéis e locais de trabalho, consoante jurisprudência do STF.
Finalmente, ainda em decorrência do direito à privacidade, o art. 5º, XIV, da CF, que assegura
a todos o acesso à informação, resguarda o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício
profissional. Protege-se assim as atividades em que se tem acesso a informações sigilosas, como é o
caso de jornalistas, advogados, médicos, psicólogos, padres e tantos outros.
DIREITO À PROPRIEDADE
O art. 5º, caput, da CF prevê a inviolabilidade do direito à propriedade e o seu inciso XXII
preceitua que “é garantido o direito de propriedade”. Esta dupla menção, que nem o direito à vida
mereceu, sinaliza que a eventual Emenda Constitucional para implantação do Estado Comunista
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DIREITO À IGUALDADE
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O art. 7º, inciso XXX, da CF ainda proíbe a diferença de salários, de exercícios de funções e de
critérios de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil.
Sobre a questão do limite de idade para prestar concursos públicos, dispõe a Súmula 683 do
STF:
“O limite da idade para inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7, XXX, da
Constituição, quanto possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido”.
Assim, por exemplo, para o cargo de motorista, tendo em vista que com o avançar da idade
os reflexos tendem a diminuir, é razoável se impor limite de idade, mas para os cargos cuja idade
não compromete o exercício das funções, que aliás é a regra, o eventual limite será
inconstitucional.
O STF, em julgado curioso, considerou constitucional a lei que impõe estatura mínima para os
cargos de Delegado de Polícia e Investigador, mas reputou inconstitucional essa exigência para o
cargo de Escrivão de Polícia, cujas funções são meramente burocráticas.
A própria Constituição faz uma série de discriminações. Exemplos: a mulher pode aposentar-
se voluntariamente aos cinquenta e cinco anos de idade, enquanto para o homem exige-se
sessenta anos de idade (art. 40, §1º, III, alínea “a”). Outro exemplo, a Constituição prevê que certos
cargos públicos são privativos de brasileiros natos (art. 12, §3º, da CF). Mais um exemplo: as
mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do serviço militar obrigatório (art. 143, §2º, da CF).
O tratamento diferenciado será, pois, legítimo em duas situações:
1ª) quando houver um nexo de compatibilidade lógico entre o fato discriminado pela norma e
a razão jurídica da discriminação;
2ª) quando a discriminação emanar de norma constitucional.
O princípio da igualdade é o mais abordado pela Constituição.
Com efeito, dispõe o art. 3º, inciso IV, da CF:
“Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação.”
É claro que esse rol do art. 3º, IV, da CF é meramente exemplificativo, outros tipos de
discriminação também são vedados.
O rol 5º, XLI, da CF estatui que “a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e
liberdades fundamentais”.
O art. 5º, XLII, da CF, por sua vez, determina que “a prática do racismo constitui crime
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei”.
O racismo, que é definido pela Lei 7.716/89, consiste tanto na discriminação quanto no
preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. O preconceito é a intolerância por
esses motivos. A discriminação é o tratamento diferenciado por aquelas razões.
Por outro lado, a igualdade classifica-se em:
a) igualdade formal: é a igualdade perante a lei. Esta igualdade é observada quando a lei trata
igual as pessoas que se encontram na mesma situação, bem como de forma desigual, aqueles que
se encontrem em situação diferente, nesse último caso, o tratamento desigual deve ser feito na
medida dessa desigualdade, visando justamente buscar a igualdade entre as pessoas.
b) igualdade material ou substancial: é a igualdade social e econômica. Um dos objetivos da
República Federativa do Brasil é o de erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
desigualdades sociais e regionais (art. 3º, III, da CF).
As políticas de vedação e combate à discriminação são de duas ordens:
a) políticas de feição clássica: são as normas constitucionais e legais que proíbem e inibem a
discriminação.
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CONCEITO
Dispõe o art. 6º, caput, da CF: “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o
trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”.
Os direitos dos trabalhadores são espécies de direitos sociais, que, evidentemente, é o
gênero, que abarca também outras espécies de direitos.
NATUREZA JURÍDICA
Esta cláusula é a que justifica a não concretização imediata de um direito social em razão da
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PROIBIÇÃO DO RETROCESSO
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