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Teoria Geral do

Direito Constitucional
Aula 1

Constituição e hermenêutica
Resumo
Unidade de Ensino: 1
Compreender os conceitos iniciais e basilares acerca
Competência da
do sistema constitucional vigente, bem como os mecanismos
Unidade de Ensino:
de interpretação aplicáveis e suas variáveis.

Será abordado o histórico e fundamentos


do constitucionalismo brasileiro, bem como os fundamentos
Resumo:
filosóficos e políticos da CF/88. Ao final, trataremos
da mutação constitucional e da interpretação da Constituição.

Palavras-chave: Constitucionalismo; Constituição; Mutação; Reforma.

Constituição
Título da teleaula:
e hermenêutica

Teleaula nº: 1
Convite ao estudo

Quais são os fundamentos


do constitucionalismo brasileiro?
Quais são os fundamentos que norteiam
a Constituição Federal de 1988?
O que é mutação e reforma constitucional?
Como se interpreta a Constituição?
Conhecimentos prévios

O que são normas jurídicas?


Qual o papel do Direito frente à sociedade?
Qual o papel do Estado?
O que é uma Constituição?
Pensando a aula:
situação geradora de aprendizagem

A reforma política é tema recorrente no Congresso


Nacional; a discussão acerca dos principais pontos
atinentes a este assunto alcançou a mídia, os lares
e as ruas.
Cotidianamente, discute-se a respeito da extinção
das coligações partidárias, fala-se sobre o voto
distrital misto e sobre o fim
da reeleição para certos
cargos políticos.
Pensando a aula:
situação geradora de aprendizagem

Outra questão bastante polêmica é a ventilada


migração de nosso sistema presidencialista atual,
para o regime parlamentarista de governo,
defendida por alguns.
Pensando a aula:
situação geradora de aprendizagem

Diante deste contexto, vale questionar:


▪ Seria possível abandonar o sistema de governo
presidencialista que vige atualmente,
adotando-se o modo parlamentarista
de governo, por meio de alteração do texto
da Constituição Federal,
através da edição de uma
Emenda Constitucional?
Histórico e fundamentos do
constitucionalismo brasileiro
Situação-Problema 1

A CF em vigência foi promulgada em 1988,


marcando a reabertura democrática do
Brasil, depois de mais de duas décadas
de um regime autoritário.
Não à toa que seu texto mostra-se permeado de
valores ecléticos e plurais e marcado por uma série
de direitos e garantias que
sequer admitem restrição.
Situação-Problema 1

A pergunta que se faz é: diante das transformações


políticas ocorridas nos últimos 30 anos, desde sua
origem, seria possível alterar o texto
constitucional a fim de promover a mudança
radical do sistema de governo proposta
(presidencialismo X parlamentarismo)?
O que é uma constituição?

“Norma fundamental e suprema que rege a


organização e o funcionamento do Estado”
(José Afonso da Silva).
O que é uma constituição?

PERSPECTIVAS E CONCEPÇÕES POSSÍVEIS:


▪ * SOCIOLÓGICA (Ferdinand Lassale): conjugação
dos múltiplos e diferentes “elementos
sociais”/vontade social;
▪ * POLÍTICA (Carl Schmitt): resultado
das decisões governamentais;
▪ * JURÍDICA (Hans Kelsen):
norma fundamental que
lastreia todo o ordenamento
jurídico vigente;
A “pirâmide” de Kelsen

Fonte: https://bit.ly/2EkcLAU.

Esta construção hierárquica,


aplicada em nossa realidade,
conduz ao princípio da
SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO,
também vigente.
Histórico constitucional brasileiro

Ao longo de nossa história, o Brasil teve


7 Constituições diferentes.
Cada novo texto constitucional correspondeu
a uma ruptura político-social, exigindo
conformação da norma fundamental.
Histórico constitucional brasileiro

1824: Primeira Constituição, outorgada por


D. Pedro I, por ocasião da independência;
estabelecia a forma monárquica de governo
e o chamado Poder Moderador.
1891: Promulgada diante da proclamação da
república, instituiu o presidencialismo e
reconheceu a soberania popular.
Histórico constitucional brasileiro

1934: Surgiu na Era Vargas e preocupou-se com direitos


sociais, voltados à população e aos trabalhadores.
1937: Marcou o início do Estado Novo, mostrando-se
tendente ao autoritarismo, pela concentração de
poderes na figura do Executivo, tendo sido outorgada.

Fonte: https://bit.ly/2SgRlsk e https://bit.ly/2DSsdTo.


Histórico constitucional brasileiro

1946: Promulgada após a queda de Vargas,


enfraquecido pela derrocada do autoritarismo no final
da 2ª Guerra Mundial; tratou das liberdades individuais.
1967: Outorgada a fim de legitimar o regime militar
estabelecido em 01/04/1964; trouxe retrocessos no
campo da democracia, ao permitir a edição de
Ais-Atos Institucionais pelo Executivo, que era
eleito a partir do voto indireto.

Fonte: https://bit.ly/2hx6PLY.
Histórico constitucional brasileiro

1988: Promulgada – Marcou a reabertura democrática


do país, com a instituição de eleições diretas, o
equilíbrio de poder entre Executivo, Legislativo e
Judiciário e a consagração de uma série de direitos e
garantias fundamentais, individuais e sociais, além de
estabelecer fundamentos e objetivos à república.

Fonte: https://bit.ly/2DSR4Xb e https://bit.ly/2BIGCkO.


Classificações das constituições

ELABORAÇÃO > HISTÓRICA ou DOGMÁTICA.


FORMA > ESCRITA ou NÃO ESCRITA (costumes).
ORIGEM > PROMULGADA ou OUTORGADA.
EXTENSÃO > SINTÉTICA ou ANALÍTICA.
ALTERABILIDADE > FLEXÍVEL ou RÍGIDA
ou SEMIRRÍGIDA ou PARCIALMENTE IMUTÁVEL
(cláusulas pétreas).
CONTEÚDO >
MATERIAL ou FORMAL.
Classificações das constituições

A CF/88 classifica-se como: dogmática, escrita,


promulgada, analítica, parcialmente imutável
e material/formal (a depender do trecho).
Resolvendo a Situação-Problema 1

Por não se tratar de cláusula pétrea, o sistema


presidencialista poderia ser alterado por EC
em favor do modelo parlamentarista,
embora configure drástica e profunda
alteração do status quo político.
No entanto, como a CF/88 é RÍGIDA, sua alteração
implica na observância de procedimento bem mais
complexo e de quórum
bastante qualificado.
▪ * PLEBISCITO – DEMOCRACIA
e SOBERANIA POPULAR.
Fundamentos filosóficos
e políticos da CF/88
Situação-Problema 2

Diversas questões relativas à alteração de modos e


sistemas de governo, a partir da emenda do texto
constitucional ainda devem ser discutidas.
É válido perguntar: a DEMOCRACIA que emana da
CF/88 se revela em forma de REGRA ou PRINCÍPIO?
A ideia de “ESTADO DEMOCRÁTICO”
constante no preâmbulo da CF
é sugestiva ou possui
caráter prescritivo?
Regras e princípios

As normas jurídicas podem ser classificadas


em REGRAS e PRINCÍPIOS, segundo a doutrina:
▪ PRINCÍPIOS: mandamentos nucleares de um sistema,
são abrangentes, e orientam a interpretação e
aplicação das regras que a eles se vinculam;
▪ REGRAS: são objetivas, com menor espaço
interpretativo, visando a conformação específica de
uma situação concreta ao
modelo jurídico proposto.
Princípios fundamentais

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada


pela união indissolúvel dos Estados e Municípios
e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito [...]
REPÚBLICA: forma de governo, implica em:
▪ Democracia representativa (art. 1º, par. ún.);
▪ Eletividade;
▪ Periodicidade (art. 60, § 4º, II);
▪ Responsabilidade
(adm. Pública;).
Princípios fundamentais

FEDERAÇÃO: forma de estado, implica em:


▪ Autonomia (financeira/administrativa/política)
dos entes da federação: U, E, DF e M;
▪ Rígida repartição de competências;
▪ Possibilidade de intervenção federal como
garantia de funcionamento do modelo federativo:
• Inexistência de secessão;
• Nacionalidade unificada;
• Constituição singular.
Princípios fundamentais

ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO: regime


de governo adotado pelo Poder Constituinte
Originário, que pode ser compreendido como:
▪ Estado DEMOCRÁTICO: pressupõe a supremacia
da vontade e do poder do povo, como elemento
de legitimação das decisões políticas;
▪ Estado de DIREITO: “império das leis”, situando a
legislação democraticamente
produzida, acima de toda
e qualquer figura, cargo
ou instituição.
Separação de poderes

Art. 2º São poderes da União,


independentes e harmônicos
entre si, o Legislativo, o
Executivo e o Judiciário.
“FREIOS E CONTRAPESOS” –
Cada esfera do Poder atua
com autonomia, no exercício
de funções típicas, mas
também pode exercer funções
atípicas, a fim de fiscalizar.
Funções típicas e atípicas

LEGISLATIVO: típica: legisla; atípicas: administra seu


próprio orçamento e repartições, além de julgar
o processo de impeachment (presidente, ministros).
EXECUTIVO: típica: administra; atípicas: participa
do processo legislativo (sanção ou veto e MP por ex.),
julga seus próprios processos administrativos
(exoneração de funcionários, etc.).
JUDICIÁRIO: típica: julga; atípicas:
participa do processo legislativo,
edita suas próprias normas
(portarias, resoluções) e possui
autonomia administrativa.
Fundamentos da república (art. 1º)

I. SOBERANIA: expressão máxima de poder no plano


interno, e independente no plano externo.
II. CIDADANIA: integração dos indivíduos e
titularização dos direitos e deveres previstos
pela ordem constitucional.
III. DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: valor
de orientação na interpretação e aplicação normativa.
IV. VALORES SOCIAIS [...]: equilíbrio
entre o trabalho e a livre iniciativa.
V. PLURALISMO POLÍTICO: modelo
eclético e plural de sociedade.
Objetivos da república (art. 3º)

Não se trata de meta concreta a ser atingida em curto


prazo; constituem um “horizonte ético” a guiar toda
a atividade e postura estatal:
I. Construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II. Garantir o desenvolvimento nacional;
III. Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir
as desigualdades sociais e regionais;
IV. Promover o bem de todos,
sem preconceitos de origem,
raça, sexo, cor, idade
e quaisquer outras formas
de discriminação.
Resolvendo a Situação-Problema 2

Ao analisar o texto constitucional para fins de sua


alteração, por meio de EC, podemos afirmar com
segurança que a DEMOCRACIA constitui um
PRINCÍPIO a orientar a interpretação e aplicação de
todos os enunciados normativos constantes nas CF.
Nesta linha, inclusive em observância à consagrada
compreensão de que o texto constitucional se reveste
de FORÇA NORMATIVA, o princípio do ESTADO
DEMOCRÁTICO DE DIREITO possui
caráter prescritivo, extraível
de todo o sistema construído
sobre os valores que o integram.
Mutação e reforma constitucional
Situação-Problema 3

No que se refere à estrutura textual da CF/1988,


sabemos que ela é composta de: texto principal,
ADCT – Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias, e do próprio preâmbulo.
Nesse sentido, surgem as seguintes questões:
▪ O preâmbulo da Constituição possui força
normativa? Ele pode ser
alterado por meio de EC?
Poder constituinte

A Constituição é a base para toda a estruturação do


Estado – inclusive serve de fundamento de legitimação
para os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário – não
poderia ser criada por um poder por ela própria
constituído. Disso, surge o:
▪ PODER CONSTITUINTE, que é capaz de CRIAR
a constituição (bem como, a partir dela, a própria
realidade política e jurídica
concernente ao Estado) e de
ALTERAR o texto constitucional.
Há, portanto, poder constituinte
ORIGINÁRIO e DERIVADO.
Poder const. originário x derivado

PODER
CONSTITUINTE

ORIGINÁRIO DERIVADO

PÓS-
FUNDACIONAL
FUNDACIONAL REFORMADOR REVISOR DECORRENTE
HISTÓRICO
REVOLUCIONÁRIO

As modalidades descritas acima se


diferem quanto à sua NATUREZA,
AGENTE, LIMITAÇÕES, etc.
Mutação constitucional

Nem sempre ocorre formalmente; pode-se


manter o texto, mas, mudar a INTERPRETAÇÃO e,
consequentemente, o SENTIDO extraível do texto; em
certos casos, a mudança pode conferir sentido
diametralmente oposto a um mesmo enunciado
normativo, em relação a interpretações passadas.
A este fenômeno, a doutrina convencionou chamar
de MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL,
observável em certas decisões
proferidas pelo Judiciário,
notadamente pelo STF.
Mutação constitucional

Julgamento da ADI 4277 + ADPF 132


pelo STF: reconhecimento, por
unanimidade, da união homoafetiva Fonte: https://
como união estável válida para fins rdbl.co/2EipFiJ.

de reconhecimento jurídico pelo Estado,


ocasionando a MUTAÇÃO dos dispositivos
constitucionais atinentes ao tema:
▪ Art. 226, § 3º: Para efeito da proteção do Estado, é
reconhecida a união estável
entre o homem e a mulher
como entidade familiar,
devendo a lei facilitar sua
conversão em casamento.
Estrutura da CF: preâmbulo

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos


em Assembleia Nacional Constituinte para instituir
um Estado Democrático, destinado a assegurar
o exercício dos direitos sociais e individuais,
a liberdade, a segurança, o bem-estar,
o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como
valores supremos de uma sociedade fraterna,
pluralista e sem preconceitos...
Estrutura da CF: preâmbulo

...fundada na harmonia social e comprometida, na


ordem interna e internacional, com a solução
pacífica das controvérsias, promulgamos, sob
a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO
DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
A avaliação do preâmbulo da CF pode ser feita
a partir de diferentes teorias.
Estrutura da CF: preâmbulo

TEORIA POLÍTICA: ou “teoria da irrelevância” prega


que o preâmbulo constitui mero discurso político
sem caráter vinculativo. É a teoria adotada pelo STF
(ADI 2076, p. ex.).
TEORIA JURÍDICA: ou “teoria da plena eficácia”,
entende que o preâmbulo, à semelhança do restante
do texto constitucional, possui força normativa.
TEORIA ESPECÍFICA: ou “teoria
da relevância jurídica”, entende
que o preâmbulo é fonte de
princípios interpretativos
ao restante do texto.
Estrutura da CF: ADCT

O ADCT – Ato das Disposições Constitucionais


Transitórias (espécie de “anexo”) finalidade
de atender situações decorrentes da transição
entre a ordem constitucional anterior e a atual, e
disciplinar questões que eventualmente se
perpetuassem ao longo do tempo.
É pacífico o entendimento de que, a ele,
aplica-se a TEORIA JURÍDICA,
conferindo força normativa
a todos os seus dispositivos.
Estrutura da CF: ADCT

Ali, encontramos algumas normas já exauridas,


ou seja, que já produziram seus efeitos
pretendidos, (art. 3º, ADCT, p. ex.)
Resolvendo a Situação-Problema 3

A análise do preâmbulo pode ocorrer a partir


de diferentes teoria. Se considerarmos a TEORIA
POLÍTICA, ou TEORIA DA IRRELEVÂNCIA, aplicada
pelo STF, podemos afirmar que o preâmbulo NÃO
possui força normativa, constituindo mero discurso
político para registro histórico.
Por integrar o texto constitucional,
NÃO existem óbices formais
à sua alteração por meio de
EC nos moldes previstos
pelo art. 60.
Métodos, limites, princípios e regras
de interpretação constitucional
Situação-Problema 4

Partindo da problematização inicial: seria possível


alterar o texto constitucional, para migrarmos
do sistema presidencialista para o sistema
parlamentarista de governo?
Nesta derradeira seção, podemos nos perguntar:
▪ Quais métodos, limites, princípios e regras
se aplicam à interpretação
constitucional que impõe
o sistema presidencialista,
atualmente?
Interpretação e hermenêutica

O ordenamento jurídico – e a CF – são compostos


por ENUNCIADOS NORMATIVOS (disposições
textuais) que precisam se submeter a um processo
de INTERPRETAÇÃO para que se extraia o SENTIDO
(a verdadeira NORMA JURÍDICA) a ser aplicado
no caso concreto em análise.
PARADIGMA DA CONSCIÊNCIA
PARADIGMA DA LINGUAGEM
Interpretação e hermenêutica

É possível afirmar que a construção das


normas jurídicas depende da interpretação.
A HERMENÊUTICA JURÍDICA é a ciência que
se dispõe a estudar este processo de
interpretação e construção.
Métodos de interpretação

JURÍDICO (HERMENÊUTICA CLÁSSICA): o texto


constitucional deve ser interpretado como uma lei,
estando o intérprete limitado ao texto, valendo-se de
elementos literais, sistemáticos, históricos e teleológicos.
TÓPICO-PROBLEMÁTICO: prioriza o estudo do caso
sobre o do texto; centralização do problema.
HERMENÊUTICO-CONCRETIZADOR:
situa a norma acima
do problema, pela
valorização do elem. subjetivo
(pré-compreensão do intérprete).
Métodos de interpretação

CIENTÍFICO-ESPIRITUAL: compreende o texto


constitucional como ferramenta de integração
política e social; há valorização das questões
sociais e demandas comunitárias, que norteiam
a interpretação dos enunciados normativos
relevantes ao caso.
Métodos de interpretação

NORMATIVO-ESTRUTURANTE: traça uma


dissociação entre o texto normativo e a figura
da realidade concreta, que permanece oculta
(domínio normativo); a interpretação deve
considerar ambas as esferas (texto e realidade).
Princípios de interpretação

Podem ser compreendidos como distintas


“ferramentas” à disposição do intérprete, para que
seja capaz de realizar a interpretação de forma
adequada e completa.

Fonte: https://bit.ly/2trGdi6.

UNIDADE: texto constitucional é


uno e indivisível; NÃO pode haver
inconstitucionalidade interna,
nem mesmo primazia
ou submissão de um
dispositivo const. sobre outro.
Princípios de interpretação

MÁXIMA EFETIVIDADE: dentre os diversos sentidos


extraíveis de um mesmo enunciado constitucional, o
intérprete deve optar por aquele que lhe confira maior
abrangência e significado, observada a compatibilidade
com o restante do texto da Constituição.
FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO: todos os
dispositivos constitucionais se revestem de força
normatizante a vincular a postura
pública e privada, sendo
inclusive invocáveis, subjetiv.
Princípios de interpretação

Existem, ainda, diversos outros princípios elencados


pela doutrina, valendo citar:
▪ EFEITO INTEGRADOR;
▪ JUSTEZA ou CORREÇÃO FUNCIONAL;
▪ HARMONIZAÇÃO;
▪ INTERPRETAÇÃO CONFORME
(INTERNA E EXTERNA);
▪ PODERES IMPLÍCITOS;
▪ SUPREMACIA
CONSTITUCIONAL;
▪ ETC.
Resolvendo a Situação-Problema 4

O sistema presidencialista de governo, embora


não esteja expressamente estabelecido com
estas exatas palavras, é extraído do texto
constitucional, a partir da leitura dos diversos
dispositivos que discorrem sobre seu
funcionamento. Em especial, art. 76 e ss.
Resolvendo a Situação-Problema 4

É bastante extensa a sessão constitucional que


trata do tema, estendendo-se até o art. 91,
englobando as atribuições da Presidência e da
Vice-Presidência da República, dos Ministros de
Estado e dos Conselhos, além das hipóteses
e procedimentos para responsabilizar política
e juridicamente cada uma destas figuras.
Resolvendo a Situação-Problema 4

Antes de que pudesse se proceder à alteração deste


sistema, por meio de EC – o que seria possível, por
não se tratar de cláusula pétrea – seria necessário
compreendê-lo em toda a sua profundidade, a
partir da aplicação dos princípios de interpretação
constitucional estudados previamente.
Resolvendo a Situação-Problema 4

Em respeito ao princípio da UNIDADE, p. ex.,


a migração para o sistema parlamentarista
dependeria, também, do ajuste de diversos outros
dispositivos constitucionais que, de uma forma
ou de outra, fazem referência ao sistema
presidencialista em vigência.
Resolvendo a Situação-Problema 4

O princípio da FORÇA NORMATIVA nos conduz


ao entendimento de que a eventual mudança
implicaria não apenas em sugestão política, mas
em regra objetiva de observância obrigatória
por todas as instituições estatais.
Resolvendo a Situação-Problema 4

Finalmente, o princípio da MÁXIMA EFETIVIDADE,


aplicado sobre este contexto, traria consigo a ideia
de que o sentido a ser conferido sobre as novas
diretrizes constitucionais implementadas pelo
Poder Constituinte Reformador, deveria ser
sempre o mais ampla e abrangente possível,
a implicar em profunda reestruturação de nossa
realidade política atual.
Provocando novas situações
Provocando novas situações

A norma jurídica aplicável ao caso concreto é


produzida a partir de um processo de interpretação do
texto, que pode dar origem a diferentes sentidos,
a depender das circunstâncias fáticas e da própria
subjetividade do intérprete.
Não a toa, afirma-se que “a Constituição é o que
o STF diz que ela é”, sendo o STF o intérprete definitivo
do texto constitucional, a quem
compete, justamente, atribuir-lhe
significado final e último.
Provocando novas situações

Cientes de que a Constituição configura, a definição


de organização e limitação da atividade e da própria
existência do Estado; cientes, ainda, de que o STF,
reveste-se da autoridade para interpretar, de modo
institucionalmente inquestionável, os enunciados
constitucionais, atribuindo-lhes o significado que
entende ser mais cabível; cabe o
seguinte questionamento:
▪ Quais são os limites
de atuação do STF?
▪ O modelo atual traduz-se em
risco ao equilíbrio de Poderes?

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