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Marcos Teóricos e Filosóficos do Estado da constituição

Portifólio:
Marcos Teóricos e
Filosóficos do Estado e da
Constituição

PROF: FÁBIO
ALUNA KAMILLA CALLIÊ PEREIRA AFONSO

Kamilla Calliê - 30/06/2022


Marcos Teóricos e Filosóficos do Estado da constituição

30/06/2022

Introdução
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é a lei fundamental e
suprema do Brasil, servindo de parâmetro de validade a todas as demais espécies
normativas, situando-se no topo do ordenamento jurídico. Foi aprovada pela
Assembleia Nacional Constituinte em 22 de setembro de 1988 e promulgada em 5
de outubro de 1988. Pode ser considerada a sétima ou a oitava constituição do
Brasil e a sexta ou sétima constituição brasileira em um século de república.
Ficou conhecida como "Constituição Cidadã", por ter sido concebida no processo de
redemocratização, iniciado com o encerramento da ditadura militar no Brasil (1964–
1985). É composta por 250 artigos, sendo a segunda maior constituição do mundo,
depois da constituição da Índia. Não é permitido propor emendas que venham a
suprimir as Cláusulas Pétreas da Constituição. Até outubro de 2021 foram
acrescentadas 119 emendas, sendo 111 emendas constitucionais ordinárias, seis
emendas constitucionais de revisão e dois tratados internacionais aprovado de
forma equivalente.
Neste conteúdo, aprendemos o que é a constituição federal, suas características,
classificações e como interpretá-las, encaramos o Direito de forma filosófica, vemos
o homem como um ser político, como funciona os direitos humanos na realidade
social, as fases que a constituição passou desde antes de sua criação e suas
adequações a realidade moderna, como o multiculturalismo e a globalização
influenciam na constituição e o poder e soberania do Estado.
Ao final do conteúdo estará algumas atividades de fixação e avaliação passadas
pelo professor responsável da disciplina de Marcos Teóricos e Filosóficos do Estado
da Constituição.

Kamilla Calliê - 30/06/2022


Marcos Teóricos e Filosóficos do Estado da constituição

Aula 1
 Ciência política: relação com as demais ciências
sociais e principais correntes

A ciência política é o campo das ciências sociais que estuda as estruturas que
moldam as regras de convívio entre as pessoas em agrupamentos. A ciência
política dedica-se a entender e moldar as noções de Estado, governo e organização
política, e pode estudar também outras instituições que interferem direta ou
indiretamente na organização política, como ONGs, Igreja, empresas etc. Alguns
teóricos restringem o objeto de estudo da ciência política ao Estado, outros
defendem que o seu objeto é mais amplo, sendo o poder, em geral, aquilo que deve
ser estudado por essa área.
Existe uma grande área de estudos dentro das ciências humanas denominadas
ciências sociais. As ciências sociais são compostas pela sociologia, antropologia,
psicologia social, economia e ciência política. A ciência política é a parte das
ciências sociais que se dedica a tentar entender, exclusivamente, as formações
políticas estruturais que o ser humano criou para garantir o convívio pacífico em
grandes sociedades.
A ciência política é responsável por entender e moldar as questões relativas
ao poder na sociedade, estabelecendo normas e preceitos para o pleno
funcionamento das instituições sociais, da economia, do Estado e do sistema
jurídico. Fica a cargo da ciência política a provisão intelectual e teórica de meios de
ação do ser humano e das instituições que beneficiem a vida coletiva.
Aula 2
 Classificação da Constituição

Classificação das constituições quanto à origem:


Quanto à origem, as constituições podem ser:
1. Outorgadas: são as constituições impostas, ou seja, formadas sem
participação popular, resultado de ato unilateral da pessoa ou classe
dominante de uma sociedade, que impõe uma constituição escrita. Também
são chamadas de constituições impostas, ditatoriais ou autocráticas. São
exemplos brasileiros a Constituição do Império de 1824, as Constituições da
República de 1937 e de 1967 e a Emenda Constitucional de 1969.
2. Promulgadas: são as constituições que surgem de acordo com a vontade
popular, de maneira democrática, como as Constituições da República de

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1891, 1934, 1946 e 1988. Também são chamadas de constituições


democráticas, populares ou votadas.
3. Cesaristas ou bonapartistas: o texto dessas constituições é criado sem
participação do povo, sendo fruto da vontade da pessoa ou classe
dominante; no entanto, posteriormente, o texto é entregue à votação popular.
Ou seja, o escrito é outorgado, mas cabe ao povo outorgá-lo. A vontade do
povo, nesse caso, serve apenas para aprovar a vontade do soberano.
4. Pactuadas ou dualistas: são constituições que surgem do embate entre
monarquia e burguesia, de modo que, em virtude da instabilidade política, é
estabelecida uma limitação ao poder do imperador. Esse, porém, é mantido
no poder, o que dá surgimento às monarquias constitucionais.
Classificação das constituições quanto à forma:
Quanto à forma, as constituições podem ser:
1. Não escritas: são constituições dispersas em diversas normas, como leis,
costumes e jurisprudências, não havendo, assim, uma única fonte normativa,
mas várias. Essas constituições não foram elaboradas por um poder
constituinte, mas por fontes variadas. O maior exemplo de constituição não
escrita é a Constituição Inglesa, formada majoritariamente por leis,
jurisprudências, tratados e convenções, com foco na soberania parlamentar.
As constituições não escritas são chamadas também de constituições não
codificadas, de fato, costumeiras ou consuetudinárias. No entanto, como
vimos, elas não são formadas apenas por costumes, ao contrário do que
muitos pensam.
2. Escritas ou instrumentais: são constituições elaboradas por um órgão
encarregado de tal função, que as codifica em um ou vários documentos
solenes. As constituições escritas são divididas em:
 Constituições codificadas ou unitárias: são constituições redigidas num
único texto, como a Constituição da República Federativa do Brasil de
1988;
 Constituições variadas, legais ou pluritextuais: são constituições que
foram escritas em documentos diversos, ou seja, cujos poderes estão
descritos em fontes solenes diversas.
Classificação das constituições quanto ao modo de elaboração:
1. Históricas ou costumeiras: são constituições não escritas, criadas
lentamente no decorrer da história de um povo e sintetizam os valores
consolidados numa sociedade, como acontece com a Constituição Inglesa.
Por tal razão, são consideradas mais estáveis quando confrontadas com as
constituições dogmáticas.
2. Dogmáticas ou sistemáticas: são constituições escritas, elaboradas por um
órgão criado com tal finalidade, e consolidam os valores vividos por aquela
sociedade. As constituições dogmáticas dividem-se em:
 Constituições ortodoxas: refletem uma única ideologia quando de
sua codificação;

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 Constituições heterodoxas ou ecléticas: refletem ideologias


distintas quando são elaboradas. É o caso da Constituição da
República Federativa do Brasil de 1988, que consolidou, por exemplo,
o pluralismo político no seu artigo 1° e a propriedade privada aliada à
sua função social, o que pode parecer contraditório num primeiro
momento, dentre outros valores.
Art. 1º A República Federativa do Brasil,
formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em
Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos: [...]
V - o pluralismo político.
Classificação das constituições quanto ao conteúdo:
Quanto ao conteúdo, as constituições podem ser:
1. Materiais: são constituições que trazem dispositivos que tratam apenas de
aspectos estatais, como direitos e deveres dos cidadãos, direitos políticos,
organização do estado, atribuições dos poderes estatais e assuntos
relacionados. Elas podem ser escritas ou não.
2. Formais ou procedimentais: são constituições obrigatoriamente escritas e
rígidas, independente do conteúdo tratado. Logo, as normas materiais
escritas numa constituição também são normas formais.
Essa classificação pode parecer complexa aos que são pouco familiarizados com o
Direito. No entanto, o assunto é relativamente simples.
Todo Estado, para ser constituído, possui uma constituição, que pode ser escrita ou
não. Certamente, mesmo os países que não possuem constituições solenes se
organizam de algum modo, senão não estariam constituídos.
Por exemplo, no Estado Hebreu da época da Antiguidade Clássica, os profetas
podiam determinar a anulação de atos dos governantes. No entanto, não havia uma
constituição escrita e elaborada por um órgão criado com tal finalidade, havendo
apenas a existência das Leis do Senhor, criadas por Deus, que lhes permitiam agir
assim. As Leis do Senhor eram uma verdadeira constituição material, pois tratavam
apenas sobre os aspectos relacionados ao modo de organização daquela
sociedade, bem como direitos e obrigações, mas não estavam codificadas numa
constituição escrita e rígida organizada por um órgão constituinte.
As constituições formais, como visto, devem ser obrigatoriamente rígidas e escritas.
Elas tratam das normas materialmente constitucionais, ou seja, as normas relativas
aos aspectos estatais, mas também podem trazer normas cujo conteúdo não
interessa de maneira essencial à organização do Estado. Por exemplo, elas podem
determinar que uma determinada profissão privada, que não tenha nenhum
interesse para a vida estatal e que não lida com questões públicas, só pode ser
exercida pelas pessoas formadas em determinada área.
No caso brasileiro, temos normas materialmente e formalmente constitucionais,
como as que tratam da organização do Estado e dos direitos individuais e coletivos,

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e normas apenas formalmente constitucionais, como o §2° do artigo 242, que


determina que o Colégio Dom Pedro II fica mantido na órbita federal. Uma lei podia
tratar deste assunto sem prejuízo ao texto constitucional; no entanto, foi
preocupação do Constituinte Originário abordar o tema.

Art. 242. O princípio do art. 206, IV, não se


aplica às instituições educacionais oficiais
criadas por lei estadual ou municipal e
existentes na data da promulgação desta
Constituição, que não sejam totais ou
preponderantemente mantidas com recursos
públicos.

[...]

§ 2º O Colégio Pedro II, localizado na cidade do


Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal.

No Brasil também temos normas que são apenas materialmente constitucionais,


tendo em vista que estão escritas fora do texto constitucional. É o caso do Tratados
Internacionais de Direitos Humanos aprovados nos termos do rito previsto no §3° do
artigo 5° da Constituição Federal.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem


distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

[...]

§ 3º Os tratados e convenções internacionais


sobre direitos humanos que forem aprovados,
em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros, serão equivalentes às
emendas constitucionais.

Classificação das constituições quanto à extensão:


Quanto à extensão, as constituições podem ser:
1. Analíticas: são constituições cujo conteúdo é extenso, que tratam de
matérias que vão além da organização básica do Estado. Por isso, também
são chamadas de constituições prolixas, extensas ou longas. Esse tipo
de constituição é tendência do constitucionalismo contemporâneo, tendo em
vista a proteção cada vez maior que se busca em face de certos direitos,
como feito na Carta Constitucional de 1988 com relação ao direito
previdenciário.
2. Sintéticas: são constituições que buscam tratar, essencialmente, dos
elementos materialmente constitucionais, ou seja, são cartas pequenas,

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concisas. Também são chamadas de constituições concisas, sumárias,


curtas ou negativas. O grande exemplo que podemos apresentar é a
Constituição dos Estados Unidos da América, que possui apenas sete
artigos. O detalhamento dos direitos e deveres é deixado a cargo das leis
infraconstitucionais. Ou seja, nesse caso, temas que podem ser considerados
materialmente constitucionais foram deixados de fora da lei maior. Os textos
constitucionalmente sintéticos são definidos como constituições negativas,
pois atribuem a liberdade-impedimento ao Estado, delimitando os arbítrios
deste em face da população.
A Constituição Federal de 1988 é analítica, pois analisa pormenorizadamente
determinados temas que não são materialmente constitucionais, dizendo como deve
ser feita a interpretação e aplicação das normas relacionadas ao assunto.
Classificação das constituições quanto à estabilidade:
1. Imutáveis: são constituições que não podem ser alteradas em nenhuma
hipótese, ou seja, que buscam a eternidade. Também são chamadas de
constituições graníticas, intocáveis ou permanentes.
2. Super-rígidas: são constituições que possuem uma parte imutável,
normalmente as cláusulas pétreas, e outra parte que pode ser alterada por
um processo legislativo dificultoso em comparação com o da legislação. Para
o professor e Ministro Alexandre de Moraes, a Constituição de 1988 é super-
rígida, em virtude da previsão do §4° do artigo 60. No entanto, tal
entendimento não deve prevalecer, pois o que é proibido são emendas
tendentes a abolir as cláusulas pétreas, de modo que elas podem sim ser
modificadas.
3. Rígidas: são constituições que possuem processo legislativo especial e
dificultoso em comparação com o de mudança das leis. A Constituição de
1988 é rígida, pois, nos termos do §2° do artigo 60, a proposta de emenda só
será aprovada depois de discutida e votada em dois turnos em cada Casa do
Congresso Nacional, devendo a aprovação ocorrer por, no mínimo, três
quintos dos votos dos respectivos membros. São outros exemplos de
constituições rígidas as Constituições da República de 1891, 1934, 1937,
1946 e 1967.
4. Semiflexíveis ou semirrígidas: são constituições que possuem
procedimento dificultoso e especial para algumas normas e permite a
alteração das demais pelo procedimento comum das leis inferiores. O
exemplo brasileiro é a Constituição do Império de 1824, que possuía um
procedimento dificultoso e especial para as normas que tratavam de direitos
políticos e individuais e limites e atribuições dos Poderes e, quanto aos
demais dispositivos, podia ser alterada como se fosse uma lei ordinária.
5. Flexíveis ou plásticas: são constituições que podem ser alteradas pelo
processo legislativo comum das leis, não possuindo rigidez. Observa-se
desde já, no entanto, que a ausência de rigidez não significa que elas são
menos estáveis, pois a Constituição de 1988 é rígida e já foi emendada mais
de cem vezes.

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Importante notar que o controle de constitucionalidade decorre da rigidez


constitucional; afinal, se a constituição for flexível, não há como aferir a validade
das demais normas em face da dela, pois todas as normas estão no mesmo
patamar hierárquico. Um procedimento especial e dificultoso, portanto, permite o
exame de compatibilidade das normas inferiores com a constituição.
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada
mediante proposta: [...]
§ 2º A proposta será discutida e votada em
cada Casa do Congresso Nacional, em dois
turnos, considerando-se aprovada se obtiver,
em ambos, três quintos dos votos dos
respectivos membros. [...]
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta
de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.

Aula 3
• Constituições Brasileiras
Promulgada no dia 5 de outubro de 1988, durante o governo do então presidente
José Sarney, a Constituição em vigor, conhecida por "Constituição Cidadã", é a
sétima adotada no país e tem como um de seus fundamentos dar maior liberdade e
direitos ao cidadão - reduzidos durante o regime militar - e manter o Estado como
república presidencialista. As Constituições anteriores são as de 1824, 1891, 1934,
1937, 1946 e 1967.

Das sete Constituições, quatro foram promulgadas por assembleias constituintes,


duas foram impostas — uma por D. Pedro I e outra por Getúlio Vargas — e uma
aprovada pelo Congresso por exigência do regime militar. Na história das
Constituições brasileiras, há uma alternância entre regimes fechados e mais
democráticos, com a respectiva repercussão na aprovação das Cartas, ora
impostas, ora aprovadas por assembleias constituintes.

1ª - Constituição de 1824 (Brasil Império)

Apoiado pelo Partido Português, constituído por ricos comerciantes portugueses e


altos funcionários públicos, D. Pedro I dissolveu a Assembleia Constituinte em 1823
e impôs seu próprio projeto, que se tornou a primeira Constituição do Brasil. Apesar
de aprovada por algumas Câmaras Municipais da confiança de D. Pedro I, essa
Carta, datada de 25 de março de 1824 e contendo 179 artigos, é considerada pelos
historiadores como uma imposição do imperador.

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Entre as principais medidas dessa Constituição, destaca-se o fortalecimento do


poder pessoal do imperador, com a criação do Poder Moderador, que estava acima
dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. As províncias passam a ser
governadas por presidentes nomeados pelo imperador e as eleições são indiretas e
censitárias.

O direito ao voto era concedido somente aos homens livres e proprietários, de


acordo com seu nível de renda, fixado na quantia líquida anual de cem mil réis por
bens de raiz, indústria, comércio ou empregos. Para ser eleito, o cidadão também
tinha que comprovar renda mínima proporcional ao cargo pretendido. Essa foi a
Constituição com duração mais longa na história do país, num total de 65 anos.

2ª - Constituição de 1891 (Brasil República)

Após a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, houve mudanças


significativas no sistema político e econômico do país, com a abolição do trabalho
escravo, a ampliação da indústria, o deslocamento de pessoas do meio rural para
centros urbanos e também o surgimento da inflação. Outra mudança foi o abandono
do modelo do parlamentarismo franco-britânico, em proveito do presidencialismo
norte-americano.

O marechal Deodoro da Fonseca, proclamador da República e chefe do governo


provisório, e Rui Barbosa, seu vice, nomearam uma comissão de cinco pessoas
para apresentar um projeto a ser examinado pela futura Assembleia Constituinte. O
projeto escolhido vigorou como Constituição Provisória da República até as
conclusões da Constituinte.

As principais inovações dessa nova Constituição, datada de 24 de fevereiro de


1891, são: instituição da forma federativa de Estado e da forma republicana de
governo; estabelecimento da independência dos Poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário; criação do sufrágio com menos restrições, impedindo ainda o voto aos
mendigos e analfabetos; separação entre a Igreja e o Estado, não sendo mais
assegurado à religião católica o status de religião oficial; e instituição do habeas
corpus (garantia concedida sempre que alguém estiver sofrendo ou ameaçado de
sofrer violência ou coação em seu direito de locomoção – ir, vir, permanecer –, por
ilegalidade ou abuso de poder).

3ª - Constituição de 1934 (Segunda República)

Presidido por Getúlio Vargas, o país realiza nova Assembleia Constituinte, instalada
em novembro de 1933. A Constituição, de 16 de julho de 1934, traz a marca
getulista das diretrizes sociais e adota as seguintes medidas: maior poder ao
governo federal; voto obrigatório e secreto a partir dos 18 anos, com direito de voto
às mulheres, mas mantendo proibição do voto aos mendigos e analfabetos; criação
da Justiça Eleitoral e da Justiça do Trabalho; criação de leis trabalhistas, instituindo

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jornada de trabalho de oito horas diárias, repouso semanal e férias remuneradas;


mandado de segurança e ação popular.

Essa Constituição sofreu três emendas em dezembro de 1935, destinadas a


reforçar a segurança do Estado e as atribuições do Poder Executivo, para coibir,
segundo o texto, "movimento subversivo das instituições políticas e sociais".

4ª - Constituição de 1937 (Estado Novo)

Em 10 de novembro de 1937, Getúlio Vargas revogou a Constituição de 1934,


dissolveu o Congresso e outorgou ao país, sem qualquer consulta prévia, a Carta
Constitucional do Estado Novo, de inspiração fascista, com a supressão dos
partidos políticos e concentração de poder nas mãos do chefe supremo do
Executivo. Essa Carta é datada de 10 de novembro de 1937.

Entre as principais medidas adotadas, destacam-se: instituição da pena de morte;


supressão da liberdade partidária e da liberdade de imprensa; anulação da
independência dos Poderes Legislativo e Judiciário; restrição das prerrogativas do
Congresso Nacional; permissão para suspensão da imunidade parlamentar; prisão e
exílio de opositores do governo; e eleição indireta para presidente da República,
com mandato de seis anos.

Com a derrota da Alemanha na Segunda Guerra Mundial, as ditaduras direitistas


internacionais entraram em crise e o Brasil sofreu as consequências da derrocada
do nazifascismo. Getúlio Vargas tentou, em vão, sobreviver e resistir, mas a grande
reação popular, com apoio das Forças Armadas, resultou na entrega do poder ao
então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), José Linhares, após a
deposição de Vargas, ocorrida em 29 de outubro de 1945.

O novo presidente constituiu outro ministério e revogou o artigo 167 da Constituição,


que adotava o estado de emergência, acabando também com o Tribunal de
Segurança Constitucional. Ao fim de 1945, as eleições realizadas para a
Presidência da República deram vitória ao general Eurico Gaspar Dutra, empossado
em 31 de outubro de 1946, que governou o país por decretos-lei, enquanto
preparava-se uma nova Constituição.

5ª - Constituição de 1946

Essa Constituição, datada de 18 de setembro de 1946, retomou a linha democrática


de 1934 e foi promulgada de forma legal, após as deliberações do Congresso
recém-eleito, que assumiu as tarefas de Assembleia Nacional Constituinte.

Entre as medidas adotadas, estão o restabelecimento dos direitos individuais, o fim


da censura e da pena de morte. A Carta também devolveu a independência ao
Executivo, Legislativo e Judiciário e restabeleceu o equilíbrio entre esses poderes,

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além de dar autonomia a estados e municípios. Outra medida foi a instituição de


eleição direta para presidente da República, com mandato de cinco anos.

As demais normas estabelecidas por essa Constituição foram: incorporação da


Justiça do Trabalho e do Tribunal Federal de Recursos ao Poder Judiciário;
pluralidade partidária; direito de greve e livre associação sindical; e condicionamento
do uso da propriedade ao bem-estar social, possibilitando a desapropriação por
interesse social.

Destaca-se, entre as emendas promulgadas à Carta de 1946, o chamado ato


adicional, de 2 de setembro de 1961, que instituiu o regime parlamentarista. Essa
emenda foi motivada pela crise político-militar após a renúncia de Jânio Quadros,
então presidente do país.

Como essa emenda previa consulta popular posterior, por meio de plebiscito,
realizado em janeiro de 1963, o país retomou o regime presidencialista, escolhido
pela população, restaurando, portanto, os poderes tradicionais conferidos ao
presidente da República.

6ª - Constituição de 1967 (Regime Militar)

O contexto predominante nessa época era o autoritarismo e a política da chamada


segurança nacional, que visava combater inimigos internos ao regime, rotulados de
subversivos. Instalado em 1964, o regime militar conservou o Congresso Nacional,
mas dominava e controlava o Legislativo. Dessa forma, o Executivo encaminhou ao
Congresso uma proposta de Constituição que foi aprovada pelos parlamentares e
promulgada no dia 24 de janeiro de 1967.

Mais sintética do que sua antecessora, essa Constituição manteve a Federação,


com expansão da União, e adotou a eleição indireta para presidente da República,
por meio de Colégio Eleitoral formado pelos integrantes do Congresso e delegados
indicados pelas Assembleias Legislativas. O Judiciário também sofreu mudanças, e
foram suspensas as garantias dos magistrados.

Essa Constituição foi emendada por sucessiva expedição de Atos Institucionais


(AIs), que serviram de mecanismos de legitimação e legalização das ações políticas
dos militares, dando a eles poderes extraconstitucionais. De 1964 a 1969, foram
decretados 17 atos institucionais, regulamentados por 104 atos complementares.

Um deles, o AI-5, de 13 de dezembro de 1968, foi um instrumento que deu ao


regime poderes absolutos e cuja primeira consequência foi o fechamento do
Congresso Nacional por quase um ano e o recesso dos mandatos de senadores,
deputados e vereadores, que passaram a receber somente a parte fixa de seus
subsídios.

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Entre outras medidas do AI-5, destacam-se: suspensão de qualquer reunião de


cunho político; censura aos meios de comunicação, estendendo-se à música, ao
teatro e ao cinema; suspensão do habeas corpus para os chamados crimes
políticos; decretação do estado de sítio pelo presidente da República em qualquer
dos casos previstos na Constituição; e autorização para intervenção em estados e
municípios.

7ª - Constituição de 1988 (Constituição Cidadã)

Em 27 de novembro de 1985, por meio da emenda constitucional 26, foi


convocada a Assembleia Nacional Constituinte com a finalidade de elaborar novo
texto constitucional para expressar a realidade social pela qual passava o país, que
vivia um processo de redemocratização após o término do regime militar.
Datada de 5 de outubro de 1988, a Constituição inaugurou um novo arcabouço
jurídico-institucional no país, com ampliação das liberdades civis e os direitos e
garantias individuais. A nova Carta consagrou cláusulas transformadoras com o
objetivo de alterar relações econômicas, políticas e sociais, concedendo direito de
voto aos analfabetos e aos jovens de 16 a 17 anos. Estabeleceu também novos
direitos trabalhistas, como redução da jornada semanal de 48 para 44 horas,
seguro-desemprego e férias remuneradas acrescidas de um terço do salário.
Outras medidas adotadas Constituição de 88 foram: instituição de eleições
majoritárias em dois turnos; direito à greve e liberdade sindical; aumento da licença-
maternidade de três para quatro meses; licença-paternidade de cinco dias; criação
do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em substituição ao Tribunal Federal de
Recursos; criação dos mandados de injunção, de segurança coletivo e
restabelecimento do habeas corpus. Foi também criado ohabeas data (instrumento
que garante o direito de informações relativas à pessoa do interessado, mantidas
em registros de entidades governamentais ou banco de dados particulares que
tenham caráter público).

Aula 4
 Direitos Humanos e realidade social.
Inicialmente, a afirmação e positivação dos direitos humanos nas primeiras
constituições e tratados internacionais como a Declaração dos Direitos do Homem
de 1948, compreendem um importante passo da humanidade visando criar
mecanismos de respeito e reconhecimento à dignidade da pessoa humana, a
liberdade, a justiça e paz no mundo.
Infelizmente, tais declarações e princípios e garantias constitucionais estão sendo
transgredidos a cada momento, devido a vários fatores (capitalismo, globalização,
neoliberalismo, entre outros fatores), justificados pela realidade social.
os direitos humanos compreendem garantias individuais imprescindíveis. Um dos
princípios fundamentais dos direitos humanos constitui o princípio da dignidade da
pessoa humana, que traz a ideia da dignidade como qualidade intrínseca da pessoa

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humana, do qual o ser humano em virtude de sua condição humana, é titular de


direitos de devem ser respeitados e reconhecidos.
Não se trata de saber quais e quantos são esses direitos, qual é a sua natureza
e seu fundamento, se são direitos naturais ou históricos, absolutos ou relativos, mas
sim qual é o modo mais seguro para garanti-los, para impedir que, apesar das
solenes declarações, eles sejam continuamente violados.
Nesta perspectiva, é imprescindível protegê-los e impedi-los de serem
violados. Assim, não se pode olvidar da contribuição negativa do atual modo de
produção, o capitalismo, que apenas beneficia o capital e quem o detém, além de
trazer drásticas consequências para grande parte da população, que não podendo
usufruí-lo, sofre com seus drásticos efeitos.
Trata-se, portanto, de uma aguda destrutividade, que no fundo é a expressão
mais profunda da crise estrutural que assola a (des)sociabilização contemporânea:
destrói-se força humana que trabalha; destroçam-se os direitos sociais; brutalizam-
se enormes contigentes de homens e mulheres que vivem do trabalho; torna-se
predatória a relação produção/natureza, criando-se uma monumental ”sociedade
descartável”, que joga fora tudo que serviu como “embalagem” para as mercadorias
e o seu sistema, mantendo-se, entretanto, o circuito reprodutivo do capital.
(ANTUNES, 2001, p. 38).
Assim, a problemática dos direitos humanos, possui uma direta relação com
o capitalismo e a globalização, vez que este modelo de produção possui um caráter
extremamente individualista, especulativo e excludente. No mundo onde os
interesses são distintos e antagônicos (direitos humanos x capitalismo), ganha
sempre a lógica do capital, do lucro, do consumismo. O cidadão que não possui
poder de compra, que não consome, que não teve “oportunidade” de ser escravo
explorado deste modelo de produção, não possui seus direitos mínimos
assegurados e/ou garantidos.
Desse modo, os direitos humanos constituem-se em tema de bastante
relevância no atual momento, devido aos números alarmantes de famintos, de
desempregados e de escravos, de sem-teto e sem terras, de excluídos por sua cor,
sexo ou cultura.
Nunca na História se falou tanto como hoje em Direitos Humanos, mas
estamos longe do efetivo respeito a eles. A cada ano, 30 milhões de pessoas
morrem de fome no mundo, 800 milhões de seres humanos sofrem de
subalimentação crônica e vivem em extrema pobreza. São milhões de pessoas que
não são reconhecidas como seres humanos, como sujeitos de direitos. No mundo
globalizado, do império do mercado, onde reina a competitividade, o egoísmo, o
consumismo, a pessoa humana não tem importância para os interesses
supranacionais. (GENEVOIS, 2006, p. 07).
Desta forma, considera-se uma verdadeira falácia e hipocrisia tratar da
questão dos direitos sem mencionar uma crítica a sua afirmação e efetividade, ou
seja, sem olhar a realidade (pobreza e miséria) e as transformações do mundo
atual. Afinal, será que existindo uma realidade perversa e desumana salientadas e
afirmadas nas palavras da autora, como pode haver direitos humanos respeitados?
Na perspectiva do mercado, da competitividade da ganância e do egoísmo humano,

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existem “valores e desejos” que possuem peso maior em face à realização da


justiça social.
Como percebe-se quanto a temática da afirmação dos direitos humanos tem-
se uma grande preocupação em como fazer que esses direitos essenciais ao ser
humano sejam respeitados frente à atual conjuntura capitalista e neoliberal. Por
outro lado, não deve ser menosprezado o desleixo e banalização por parte da
sociedade e das instituições jurídicas que se acomodam e ignoram o problema.
Os direitos humanos, protegidos e garantidos na Declaração Universal dos
Direitos do Homem de 1948 e na Constituição do Brasil de 1988, mostram-se
antagônicos em relação à realidade social, estruturada pela extrema perversidade e
banalização aos direitos imprescindíveis ao ser humano.
De um lado, uma minoria de ricos cada vez mais ricos, enquanto a grande
maioria, uma verdadeira massa cada vez mais pobre, sofrendo com a crueldade da
indiferença do sofrimento humano e com as péssimas condições de vida.
A Constituição Brasileira de 1988 traz expressa em seu art. 3º as seguintes
ordenações
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da
República Federativa do Brasil:
I – Construir uma sociedade livre, justa e
solidária; II – garantir o desenvolvimento
nacional; III – erradicar a pobreza e a
marginalização e reduzir as desigualdades
sociais e regionais; IV – promover o bem de
todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo,
cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação.

Conforme os dispositivos constitucionais é dever do país, organizado em seus


três poderes, buscar efetivar os princípios fundamentais, visando o bem comum. A
responsabilidade pela concretização de tais direitos é tarefa do Estado. “O sujeito
passivo desses direitos é o Estado. É este é posto como o responsável pelo
atendimento aos direitos sociais”. (FERREIRA FILHO, 2000, p. 50). Assim, sabendo
que constitui como tarefa do Estado a proteção aos direitos sociais e outros direitos,
também deve haver uma conscientização da sociedade que não deve eximir-se de
sua responsabilidade.
Entretanto, contestado as prescrições constitucionais, justificadas pelas
dimensões cada vez maiores das mazelas sociais no país, sabe-se muito bem, que
tais princípios constituem uma verdadeira falácia, pois apesar de estarem elencados
na lei maior do país, seu fundamento maior “realizam-se” apenas no papel.
Torna-se de grande valia também mencionar que a negação de direitos, a
falta de espírito crítico em relação a esta temática e, tragicamente, toda a condição
desumana em que vivem vários seres humanos que estão à margem desses
direitos e do mundo globalizado e capitalista (violência estrutural)[2]. Por outro lado,
a perversidade desta situação concretiza-se por estar apresentar de forma sutil,
como algo natural, pré-configurado, sem questionamentos sobre suas reais causas.
Sobre o conceito de violência institucionalizada de acordo com Herkenhoff (2001, p.
39):

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A violência institucionalizada é o conjunto de condições sociais que esmagam


parcela ponderável da população, impossibilitando que os integrantes dessa parcela
tenham uma vida humana. Não se pode escamotear que estão sendo violentados
todos aqueles seres humanos privados das condições mínimas de existência: os
adultos que passam fome; as crianças que passam fome e cujo cérebro é,
irreversivelmente, deteriorado pela desnutrição; os que não têm direito ao abrigo, à
privacidade de uma habitação; os que não tem direito a qualquer descanso ou lazer
porque a uma longa jornada de trabalho vem se somar com uma longa jornada
perdida no transporte urbano; os que não têm direito à solidariedade, condenados
ao isolamento por força de uma organização social que pulveriza os contatos no
nível de pessoa e de grupo; os que foram expulsos de sua terra, do seu chão, da
referência física que lhes proporcionava segurança.
Desta forma, cabe a sociedade a conscientização, a indignação, a revolta, e o
fazer não por caridade, mas por humanidade, por compromisso, para buscar a
transformação e a emancipação dos homens. E aos governos cabe a tarefa de
deixar de lado aspectos meramente econômicos e preocupar-se em desenvolver o
aspecto social, distribuir renda e dignidade de forma igualitária. É preciso lutar por
um futuro novo, mesmo que seja utópico, antes que se volte a barbárie.

Aula 5
 Elementos da Constituição

Conforme classificação elaborada por José Afonso da Silva, as normas


constitucionais podem ser diferenciadas ou separadas em diversas categorias
levando-se em conta a sua estrutura normativa e conteúdo, sendo que essas
"categorias" são denominadas de "elementos". São eles:
a) elementos orgânicos, que contêm normas que regulam a estrutura do Estado e
do Poder, que se concentram, predominantemente, nos Títulos II (Da organização
do Estado), IV (Da organização dos Poderes e Sistemas de Governo), Capítulos II e
III, do Título V (Das Forças Armadas e da Segurança Pública) e VI (Da Tributação e
do Orçamento);
b) elementos limitativos, que se manifestam nas normas que consagram o elenco
dos direitos e garantias fundamentais (do Título II da Constituição - Dos Direitos e
Garantias Fundamentais), excetuando-se os Direitos Sociais, que entram na
categoria seguinte;
c) elementos socioideológicos, consubstanciados nas normas que revelam o
caráter de compromisso das Constituições modernas entre o Estado individualista e
o Estado Social, intervencionista, como as do Capítulo II do Título II (Direitos
Sociais) e as dos Títulos VII (Da Ordem Econômica e Financeira) e VIII (Da Ordem
Social);

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d) elementos de estabilização constitucional, consagrados nas normas


destinadas a assegurar a solução de conflitos constitucionais, a defesa da
Constituição, do Estado e das instituições democráticas, como os encontrados nos
arts. 34 a 36 , CF , os arts. 59, I e 60 (processo de emendas à Constituição), art.
102 , I . a (controle de constitucionalidade);
e) elementos formais de aplicabilidade, que são os que se acham
consubstanciados nas normas que estabelecem regras de aplicação das normas
constitucionais, assim, o preâmbulo, o dispositivo que contém as cláusulas de
promulgação, as disposições constitucionais transitórias e o § 1º, art. 5º, que
determina que as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm
aplicabilidade imediata.

Aula 6
• Formação do Estado
A formação de um Estado consiste em três elementos: uma população, um
território e um governo. Esses aspectos são essenciais, porque sem eles não
poderia existir um Estado.
Povo
Diz respeito a todos que habitam o território, englobando todas as pessoas,
mesmo que elas estejam temporariamente no território ou que não tenham qualquer
vínculo com o Estado. Mas há uma diferença entre as referências de população,
povo e cidadão. Para entender: a população refere-se brasileiros e estrangeiros (em
território nacional), a palavra povo se caracteriza pelos natos e naturalizados, e os
cidadãos são os nacionais que possuem direitos políticos.
Território
É o lugar onde há aplicação do ordenamento jurídico, a base física em que está
fixado o elemento humano. É nele que o governo pode exercer a sua organização e
validar suas normas jurídicas. Constitui-se do solo, subsolo, águas territoriais, ilhas,
rios, lagos, portos, mar e espaço aéreo.
Soberania
Para o Jurista Miguel Reale, a soberania é o “[…] poder que tem uma nação de
organizar-se juridicamente e de fazer valer dentro de seu território a universalidade
de suas decisões nos limites e dos fins éticos de convivência”. Soberania é uma
autoridade superior que não pode ser limitada por nenhum outro poder. Com isso
em mente, sabemos que a soberania possui estas características:
Una: é sempre um poder superior. Não podem existir duas soberanias dentro de
um mesmo Estado, por exemplo;
Indivisível: aplica-se a todos os fatos ocorridos no Estado;
Inalienável: quem a detém desaparece ao ficar sem ela, seja o povo, nação ou
o Estado;
Imprescritível: não tem prazo de duração.

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Aula 7
• Interpretação constitucional
A interpretação jurídica consiste, antes de mais nada, na atividade atribuída ao
exegeta de delimitação do alcance da norma jurídica, de modo a extrair o “espírito
da norma”, ou seja, o real sentido que a norma jurídica deverá assumir no exame do
caso concreto.
Em relação à norma jurídica, a arte da interpretação se faz imprescindível uma
vez que aquela se traduz nos comandos de conduta necessários à condução
harmônica do ser humano no meio em que ele vive. Para tanto, diversos são os
estudos sobre o tema, analisando os diversos métodos de interpretação, para
chegar-se, se não a melhor solução para o caso sub examine, pelo menos para a
mais adequada.
Com a evolução das relações sociais, o desenvolvimento de novas tecnologias, o
aparecimento de novas necessidades e comportamentos, mormente ao longo do
Século XX, mister se fez desenvolver novos ramos e paradigmas jurídicos, mais
aptos a dar a sociedade e ao homem respostas mais adequadas a seus constantes
e inusitados reclamos. Desta forma, a norma jurídica deixou de ser um mero
comando de conduta, tornando-se um elemento potencializador do desenvolvimento
social sustentável e racional.
Essa necessária mudança e evolução da ciência jurídica, em virtude das
transformações da sociedade, traduziram-se, talvez, em sua maior expressão, no
Direito Constitucional, uma vez que a Lei Fundamental deixou de ser um mero
documento político, assumindo feições de pacto jurídico, no sentido de expressar
não só normas de organização do Estado e da Administração Pública, bem como
normas dirigentes e compromissárias, que expressam os objetivos fundamentais a
serem alcançados pela sociedade com a implementação e a efetivação do texto
constitucional.
Por tais razões, a norma jurídica de extração constitucional assumiu novas
feições e sua interpretação passou a ser efetuada sob novos prismas e métodos,
complementares às tradicionais técnicas de hermenêutica.
Para se atingir uma justa aplicação da norma objeto da interpretação, por meio
do processo cognitivo da compreensão, o sujeito, qualificado como
intérprete/aplicador, deverá lançar mão dos métodos de interpretação constitucional,
quais sejam:
1. O hermenêutico-clássico, que propõe a utilização de medidas relativas à
cognição das leis em geral, com o uso dos elementos literal, sistemático,
histórico e teleológico;
2. O tópico-problemático, onde, a partir das fórmulas de busca, chamadas de
tópicos, perseguir-se-ia caminhos para encontrar respostas para os
problemas concretos;
3. Hermenêutico-concretizador, cuja “(…) leitura de qualquer texto normativo,
inclusive do texto constitucional, começa pela pré-compreensão do intérprete,
a quem compete concretizar a norma a partir de dada situação histórica”[10];

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4. Científico-espiritual, que toma por base a Constituição, forma máxima da


expressão do direito, como objeto cultural, produto da criação humana, logo,
ciência dos espíritos, e, desse modo, exige que sua interpretação leve em
conta “(…) as bases de valoração (= ordem de valores, sistema de valores)
subjacentes ao texto constitucional; o sentido e a realidade da constituição
como elemento do processo de integração”[11];
5. Normativo-estruturante que, segundo Guilherme Peña de Moraes, “(…) é
extraído a partir da diferenciação entre texto e norma constitucional”[12]; e,
por fim,
6. Comparativo constitucional, cuja interpretação toma por base a
comparação entre elementos de vários ordenamentos jurídicos.
Ocorre, todavia, que esses métodos interpretativos clássicos desenvolvidos
demonstraram ser insuficientes para a resolução dos casos mais difíceis,
complexos, uma vez que o legislador não poderia conceber, a priori, a solução de as
celeumas que poderiam existir no seio da sociedade. Assim, os referidos métodos
foram complementados por uma nova hermenêutica constitucional, a qual
desenvolveu novos métodos de aferição do significado das normas, tais como o
tópico-problemático, o hermenêutico-concretizador, o científico-espiritual, o
normativo-estruturante e o da comparação constitucional.
1 – Princípios da interpretação constitucional.
Consoante afirmado, diversos princípios foram desenvolvidos pela hermenêutica
constitucional no sentido de estabelecer parâmetros interpretativos racionais e
razoáveis a respaldar a atividade do exegeta no descobrimento do real sentido
atribuído à norma.
1.1 – Princípio da unidade da constituição:
Por meio desse princípio, entende-se que a Constituição deve ser interpretada como
sendo um sistema unitário de normas, ou seja, de regras e princípios, sem que haja
qualquer hierarquia entre elas.
1.2 – Princípio do efeito integrador:
Referido princípio sustenta a ideia de que o intérprete deverá sempre que possível
buscar soluções que propiciem a integração social e a unidade política na aplicação
da norma jurídica, com respeito ao pluralismo existente na sociedade.
1.3 – Princípio da máxima efetividade:
Intimamente relacionado ao princípio da força normativa da Constituição, o princípio
em epígrafe consiste em interpretar a norma jurídica de modo a lhe proporcionar a
máxima eficácia possível, sem violar, todavia, o seu conteúdo. Relaciona-se,
portanto, essencialmente com os direitos fundamentais.
1.4 – Princípio da justeza ou da conformidade funcional:
O mencionado princípio tem por escopo orientar o intérprete para que não chegue a
uma exegese que deturpe o sistema organizatório-funcional estabelecido na
Constituição, com violação às regras de competências e funções elencadas.
1.5 – Princípio da concordância prática ou da harmonização:
O referido princípio estabelece que em uma eventual colisão de princípios ou bens
jurídicos, o exegeta deverá sopesar os princípios conflitantes de modo a harmonizá-
los, sem que a aplicação de um resulte no aniquilamento do outro.
1.6 – Princípio da força normativa:

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Sofrendo forte influência da doutrina de Konrad Hesse, o referido princípio


estabelece que toda norma constitucional possui, ainda que em grau reduzido,
eficácia. Logo, a Constituição deve incorporar em seu bojo a realidade sociopolítica,
conformando a realidade e, ao mesmo tempo, sendo conformada por ela.
Assim, a Constituição deve ser interpretada de modo que lhe seja assegurada força
normativa, reconhecendo a eficácia de suas normas, já que não se trata de uma
mera carta política de intenções.
1.7 – Princípio da interpretação conforme a constituição:
O princípio em comento sustenta que diante de normas polissêmicas, ou seja, com
vários significados, o intérprete deve optar pela interpretação que mais se
compatibilize com a Constituição, afastando as demais interpretações que violem a
Constituição.
1.8 – Princípio da presunção de constitucionalidade das leis:
Consoante assevera esse princípio, as leis e os atos normativos em geral existentes
no ordenamento jurídico devem ser presumidos constitucionais, salvo se houver
declaração judicial de inconstitucionalidade, a qual importará, conforme
entendimento da doutrina majoritária e do próprio STF, em nulidade da norma, a
qual não terá aptidão para produzir efeitos jurídicos, já que possui nulidade
congênita. Assim, como regra, a declaração de nulidade, se não houver modulação
de efeitos, importará em efeito ex tunc, com eficácia retroativa, sendo a norma
desprovida de qualquer eficácia.
1.9 – Princípio da proporcionalidade ou razoabilidade:
Vale ressaltar, de plano, que não há um consenso acerca da natureza jurídica da
proporcionalidade, muito embora possa ser reconhecida como um vetor
interpretativo no sistema jurídico, assumindo três dimensões: adequação,
necessidade e proporcionalidade em sentido estrito.
Os princípios da interpretação constitucional, não obstante não tenham
normatividade, são de suma importância, na medida em que complementam os
métodos de interpretação constitucional, assumindo forte diretriz elucidativa na
aplicação do direito ao caso concreto.
Revela-se necessário, portanto, para a boa aplicação da dogmática constitucional,
que o exegeta tenha o domínio dos institutos abordados, sem olvidar, como tantas
vezes asseverado pelo Ministro Luís Roberto Barroso, que toda interpretação
jurídica é também interpretação constitucional.
Assim procedendo, observando os critérios racionais da exegese, estaremos
mais próximos, indubitavelmente, de uma ordem constitucional em que as decisões
a serem tomadas manifestar-se-ão em consonância com a legitimidade do poder,
que se faz necessário em um Estado Democrático de Direito.
O fim visado pelo intérprete condiciona a escolha do método...
Cada homem possui necessidades próprias que, naturalmente, se contrapõem a
do seu semelhante e para todo homem é indispensável a vida em sociedade. Num
silogismo lógico, a partir dessas premissas, só se pode chegar à conclusão de que
os interesses do homem social, em um determinado momento, entrarão em choque.
Nesse instante, surge o Estado ou um poder soberano com a finalidade de compor
os conflitos de interesses pessoais e, assim, manter a ordem e a paz social.
Substituindo-se às partes, faz-lhes submeter a seus desígnios em nome da

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preponderância do bem comum e geral, através de uma atuação coercitiva,


mediante a milenar técnica de criação e imposição de normas à convivência
humana.
Essas normas, que, segundo o pós-positivismo, se compõem de regras e
princípios, qualificam-se, principalmente, pelas características de generalidade e
abstração. Isso quer dizer que “ela, norma, não vale para casos concretos e
particulares, mas para uma pluralidade de casos indeterminados, que apresentam,
ou poderão apresentar no futuro, certas características comuns.”
Dessa forma, para que se dê soluções a situações concretas, faz-se
necessária a tradução de determinadas normas, que nada mais são do que
composições de enunciados linguísticos formalizadas em regras escritas ou,
também, vetores de orientação, para, ao final, promover sua aplicação. Esse é,
grosso modo, o processo de interpretação, compreensão e aplicação do direito.
A compreensão de um texto normativo requer de seu intérprete uma atividade
intelectual. Para tanto, são postos a sua disposição parâmetros para apreciação e
seleção. Ou seja,
“(…) o intérprete atua segundo a lógica da preferência, e não conforme a lógica da
consequência [Comparato]: a lógica jurídica é a da escolha entre várias
possibilidades corretas. Interpretar um texto normativo significa escolher uma entre
várias interpretações possíveis, de modo que a escolha seja apresentada como
adequada [Larenz]. A norma não é objeto de demonstração, mas de justificação.
Por isso a alternativa verdadeiro/falso é estranha ao direito; no direito há apenas o
aceitável (justificável). O sentido do justo comporta sempre mais de uma solução
[Heller].”
De uma forma geral, numa primeira etapa, o intérprete busca dentro de si
respostas para os casos que lhe são atribuídos, segundo suas experiências e
valores internos, logo, a conclusão será um produto de sua pré-compreensão. Em
atividade contínua, confere prosseguimento ao processo de interpretação mediante
uma compreensão sistemática, com uma visão do ordenamento jurídico em geral. E,
finalmente, realiza uma compreensão concreta daquele fato jurídico, isto é, do
acontecimento que teve repercussão no mundo jurídico. Todavia, essas etapas, a
que se pode chamar de círculo hermenêutico, devem se fazer acompanhar dos
métodos de interpretação.
Aula 8
• Multiculturalismo e globalização.
A multiculturalidade implica um conjunto de culturas em contato, mas sem se
misturar: trata-se de várias culturas no mesmo patamar.
A globalização é um processo de expansão econômica, política e cultural a
nível mundial. Sua origem remete ao período das Grandes Navegações no século
XVI, momento em que as trocas comerciais se ampliaram para outras nações.

A convivência entre culturas diferentes não é uma questão nova, mas que se
se intensificou nos últimos anos devido a acontecimentos marcantes. Não é possível
entender o multiculturalismo fora do contexto do fenômeno da globalização.

Kamilla Calliê - 30/06/2022


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O desenvolvimento acelerado dos meios de transporte e das tecnologias de


comunicação aproximaram diferentes regiões do mundo, criando redes industriais e
financeiras complexas e uma economia multinacional, interdependente e insubmissa
às fronteiras nacionais. Com o fim da Guerra Fria, os Estados Unidos passam a
hegemonizar culturalmente todo o planeta. Seus produtos, filmes, músicas e formas
de ver as coisas se espalham globalmente gerando o que se chama de
“americanização” do mundo. Frente a esse fenômeno de hegemonização dos
padrões culturais globais, as culturas tradicionais se fortaleceram, reagindo contra a
massificação dos modos de ser. Por outro lado, apesar da massificação, vemos que
essas comunidades culturais locais são capazes de se apropriar de partes da
cultura americana, transformando-as em uma algo novo e diferente do original. No
Brasil, o funk e rap são um exemplo claro dessa possibilidade.
Outros processos importantes que influenciam no surgimento das sociedades
multiculturais, são as lutas pela independência que ocorrem nas colônias europeias
da segunda metade do século XX, especialmente na África e na Ásia. O cenário que
se configura após a colonização gera um processo de resgate das culturas
tradicionais locais e, ao mesmo tempo, pela ligação histórica, desencadeia um
movimento migratório para os países colonizadores. Também os conflitos de ordem
étnica, religiosa e política, além das deficiências econômicas, são fatores que
aumentam o fluxo migratório. Incentivado por tudo isso e pelo próprio cenário criado
pela globalização, esse movimento migratório transforma de modo profundo as
nações que receberam os imigrantes, colocando em xeque a capacidade dos
estados modernos de gerirem sua nova configuração multicultural.
Aula 9
 Poderes do Estado
De acordo com a Constituição brasileira, as funções do Estado são exercidas por
três Poderes distintos e independentes: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário.

Legislativo (cria leis)


Os responsáveis por gerir o poder legislativo são o Senado Federal e Câmara
dos Deputados. Este poder deve criar e averiguar leis, adaptando mudanças caso
seja necessário.
Por formar as leis, o poder Legislativo também fiscaliza o poder que as executa:
executivo.
Executivo (executa leis)
O executivo tem como finalidade executar as leis. Assim, refere-se àqueles que
assumem cargos administrativos, sejam estes estaduais, federais ou nacional.
Desta forma, fica sob responsabilidade dos governadores, prefeitos e o próprio
presidente do país, averiguar se as leis definidas pelo legislativo, estão sendo
acatadas.
Judiciário (julga leis)
O judiciário é o único poder que não é constituído por intermédio de eleição do
povo. Este poder é formado por desembargadores e juízes que ficam responsáveis

Kamilla Calliê - 30/06/2022


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por julgar infrações e averiguar se as leis respeitam a Carta Magna, ou seja, a


própria Constituição Federal.
Desta forma, caso o Legislativo aprove alguma norma que vai contra a
Constituição, é o poder Judiciário que deve intervir.

Os três poderes foram formados com o objetivo de não permitir que exista
soberania ou exacerbação na aplicação dos poderes aplicados pelo Estado, assim
visam promover o equilíbrio a favor da sociedade. E justamente por isso, cada um
tem o poder de fiscalizar ‘indiretamente’ as atitudes do outro, e advertir se for
preciso.
O Direito Constitucional Administrativo, é o braço do direito público que possui
estrutura para interagir com tais poderes. Apoiado na lei que rege todas as outras
leis (Constituição Federal), advogados constitucionalistas, são facilmente
encontrados no poder judiciário, delegados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Portanto, para que não haja confusão nos três poderes basta pensar que o
primeiro tem a responsabilidade de criar as leis; o segundo tem que aplicar as leis; o
terceiro tem que fiscalizar as leis. Todos eles compõem o Estado, o qual representa
os interesses coletivos e não egoísticos, o que promove uma vida em sociedade
possível e prazerosa.

Aula 10
• Soberania
Soberania, em seu sentido político ou jurídico, é o exercício da autoridade que
reside em um povo e que se exerce por intermédio dos seus órgãos constitucionais
representativos. A soberania é uma autoridade superior que não pode ser
restringida por nenhum outro poder e, portanto, constitui-se como o poder absoluto
de ação legítima no âmbito político e jurídico de uma sociedade.
A palavra soberania deriva da junção de dois fragmentos de raiz latina: super e
omnia, que literalmente significam algo como poder supremo, no sentido de que não
há poder superior ao
“soberano”.
A soberania de um Estado diz respeito ao poder político e de decisão dentro do
território nacional, em especial no que se refere à defesa dos interesses nacionais.

Soberania Popular
Um Estado em que impera a Soberania Popular é criado e sujeito à vontade das
pessoas, que são a fonte de todo o poder político. Trata-se do princípio básico das
democracias.
Na Legislação brasileira, a Soberania popular está consagrada na Constituição:
Art. 1º A República Federativa do Brasil,
formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em
Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:
I - A soberania;

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II - A cidadania;
III - A dignidade da pessoa humana;
IV - Os valores sociais do trabalho e da livre
iniciativa;
V - O pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
De forma mais aprofundada, o professor e jurista Celso Ribeiro de Bastos 1 analisa a
soberania brasileira:
“Ter a soberania como fundamento do Estado brasileiro significa que dentro do
nosso território não se admitirá força outra que não a dos poderes juridicamente
constituídos, não podendo qualquer agente estranho à Nação intervir nos seus
negócios.”

Limitações da Soberania
Apesar de os Estados – como o Brasil – possuírem a Soberania, as liberdades
humanas constituem um valor superior ao da soberania desse Estado. O poder da
soberania exercido pelo Estado encontra fronteiras não só nos direitos da pessoa
humana, como também nos direitos dos grupos e associações. A soberania também
não pode ferir o direito dos outros Estados soberanos.
ATIVIDADES AVALIATIVAS
Dia 17/03
https://drive.google.com/file/d/1Yy_bmYLd40v35yYgenNWqA1Su3XVOcIH/view
Dia 24/03
https://drive.google.com/file/d/1d_6lpMY6rSbRJOsfKFP3IUBNzg4q3xKO/view

Dia 07/04
Relatório Trabalho em Grupo
Grupo 1
Função: Gravação
1º tópico
- Para compreender o conceito primeiro tem que lembrar que não há Estado perfeito
sem soberania. Ha 3 elementos constitutivos do Estado: população, território e
governo. E alguns autores pretenderam incluir a soberania como quarto elemento,
porém viram que a soberania se compreende no exato conceito de Estado. -
Canadá e Austrália - Colônias autônomas.
- Soberania é uma autoridade superior que não pode ser limitada por nenhum outro
poder.

Kamilla Calliê - 30/06/2022


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- Não são soberanos os Estados membros de uma Federação, a própria palavra


membro afasta a ideia de soberania.
- Soberania relativa ou condicionada por um poder normativo dominante não é
soberania. Deve ser posta em termos de autonomia, no contexto geral do Direito.
- Denominava-se o poder de soberania, entre os romanos, suprema potestas. Era o
poder supremo do Estado na ordem política e administrativa. No Estado grego
antigo, na obra de Aristóteles, falava-se em autarquia, significando um poder moral
e econômico, autossuficiência do Estado.
FONTE DO PODER SOBERANO - 2º tópico
Para as teorias carismáticas do direito divino (sobrenatural ou providência) dos reis,
o poder vem de Deus e se concentra na pessoa sagrada do soberano. Para as
correntes de fundo democrático, a soberania provém da vontade do povo (teoria da
soberania popular) ou da nação propriamente dita (teoria da soberania nacional).
Para as escolas alemã e vienense, a soberania provém do Estado, como entidade
jurídica dotada de vontade própria (teoria da soberania estatal).
SOBERANIA ABSOLUTA DO REI – 3º tópico
A teoria da soberania absoluta começou a ser codificada no século XVI na França, e
um de seus teóricos mais famosos, Jean Bodin, afirmou que a soberania de um rei é
original, infinita, absoluta, eterna e irresponsável. É baseado historicamente, e seus
princípios são baseados na monarquia estabelecida pela autoridade divina da
monarquia. São monarcas considerados representantes seculares de Deus, e neles
se concentra todo o poder. O poder pessoal do rei, ou poder soberano, não é
reconhecido. Esta doutrina do rei absolutismo se estabeleceu nos mosteiros
medievais, solidificou-se nos mosteiros absolutos e culminou no mosteiro de
Maquiavel.
A monarquia francesa, apoiada pelos ensinamentos de Richelieu, Fenelon, Bossuet
e outros, levou a monarquia absoluta à sua conclusão lógica, associando a
personalidade divina do rei ao seu próprio Estado, soberania e leis. O império, livre
das ruínas do cesarismo romano e ressuscitado na onipotência da monarquia
absoluta, reunido como reis.
Altuzio, Marslio de Pádua, Francisco de Vitória, e outros chamados teólogos e
canonistas da Espanha foram os precursores da teoria da soberania popular. Teoria
de Teocracia. Providência: O poder público de Deus, por sua dinâmica, infunde a
inclusão social no ser humano, necessitando de um governo legítimo. No entanto,
os reis não ganham poder como consequência de uma manifestação sobrenatural
da vontade de Deus, mas como resultado de uma decisão provisória de Deus.
Segundo os ensinamentos dos apóstolos São Paulo e São Tomás de Aquino, o
poder civil é baseado na vontade de Deus, mas exercido pelo povo.
Suarez defendeu os limites do poder e o direito de resistência do povo, ambos
fundamentos das ideias democráticas. Apesar de reconhecer o verdadeiro poder da
soberania constitucional, Molina enfatizou a existência de poderes superiores
exercidos pelo povo, aos quais se referiu como soberania constitucional.
TEORIA DA SOBERANIA POPULAR – 4º tópico

Kamilla Calliê - 30/06/2022


Marcos Teóricos e Filosóficos do Estado da constituição

A teoria da soberania popular teve como precursores Altuzio, Marsilio de Padua,


Francisco de Vitoria, Soto, Molina, Mariana, Suarez e outros teólogos e canonistas
da chamada Escola Espanhola. Reformulando a doutrina do direito divino
sobrenatural, criaram eles o que denominaram teoria do direito divino providencial: o
poder público vem de Deus, sua causa eficiente, que infunde a inclusão social do
homem e a consequente necessidade de governo na ordem temporal. Mas os reis
não recebem o poder por ato de manifestação sobrenatural da vontade de Deus,
senão por uma determinação providencial da onipotência divina. O poder civil
corresponde com a vontade de Deus, mas promana da vontade popular – omnis
potestas a Deo per populam libere consentientem -, conforme com a doutrinação do
Apóstolo São Paulo e de São Tomás de Aquino. Sustentou Suarez a limitação da
autoridade e o direito de resistência do povo, fundamentos do ideal democrático. E
Molina, embora reconhecendo o poder real como soberania constituída, ressaltou a
existência de um poder maior, exercido pelo povo, que denominou soberania
constituinte.
TEORIA DA SOBERANIA NACIONAL – 5º tópico
•Ganhou corpo com as ideias político-filosóficas que detalharam o liberalismo e
inspiraram a Revolução Francesa.
•” A coroa não pertence ao Rei, o Rei é que pertence a coroa. Este é um princípio, é
uma tradição, de que o Rei é depositário, não proprietário”-Renard
•Pertence a Teoria da Soberania Nacional á Escola Clássica Francesa, da qual foi
Rousseau o mais destacado expoente.
•A nação e a fonte única do poder de soberania.
•Exercem os direitos de soberania apenas os nacionais ou nacionalizados, na
satisfação dos direitos de cidadania na forma da lei.
•No conceito da Escola clássica:
-Una: Não pode existir mais de uma autoridade soberana em um mesmo território.
-Indivisível: o poder soberano delega atribuições, reparte competências, mas não
divide soberania.
-Inalienável: é a soberania, por sua própria natureza; não se aliena, não se transfere
a outrem.
-Imprescritível: A soberania no sentido de que não pode sofrer limitação no tempo.
TEORIA DA SOBERANIA DO ESTADO – 6º tópico
•Pertence às escolas alemã e austríaca.
•Tem diversas teorias sobre soberania.
•” A soberania é a capacidade de autodeterminação do Estado por direito próprio e
exclusivo “-Jellinek
•” A soberania é uma qualidade do estado perfeito” -Von Ihering
• O direito e feito pelo Estado e para o Estado.
ESCOLAS ALEMÃ E AUSTRÍACA – 7º tópico

Kamilla Calliê - 30/06/2022


Marcos Teóricos e Filosóficos do Estado da constituição

Lideradas por Jellinek e Kelsen, sustentam a estabilidade integral do Direito. A


soberania é de natureza estritamente jurídica, é um direito do Estado, possui caráter
absoluto sem limitações de qualquer espécie, nem mesmo dos direitos da
personalidade que possui sua existência negada. Sustentam que só existe o direito
estatal, elaborado e promulgado pelo Estado, já que a força do direito está na força
coativa que lhe empresta o Estado. Negam a existência de qualquer normatividade
jurídica destituída da força de coação que apenas o poder público pode dar. Austin
assim conclui, que não existe direito internacional por falta de sanção coercitiva.
Portanto, o tecnicismo jurídico alemão e o normativismo kelseniano leva a
conclusão de que o poder de soberania é ilimitado e absoluto, logo, toda forma de
coação estatal é legítima, pois tende a realizar o direito como expressão da vontade
do Estado. Em face desse princípio da estabilidade do direito (pan-estadístico), não
se concede nenhuma limitação ao poder do Estado. É certo que Jellinek esboça a
doutrina da autolimitação do poder estatal, porém, sem significação prática, pois se
o direito emana do Estado e este se coloca acima do direito, a evidência da
limitação do poder estatal por regras dele próprio passa a ser mera ficção.
Em verdade, porém, a primeira limitação ao poder soberano deriva dos princípios do
direito natural, sendo a ordem natural anterior e superior ao Estado, que se constitui
da legitimidade do direito e qualquer ato estatal, além da limitação decorrente das
regras de convivência social e internacional. O Estado não pode criar
arbitrariamente o direito; ele cria a lei, o direito escrito sendo ele apenas uma
categoria do direito no seu sentido amplo. Pontes de Miranda acentua “o Estado é
apenas um meio perfectível, não exclusivo, de revelação das normas jurídicas”,
sendo a lei que dele emana o direito justo como condição de legitimidade.
Sobretudo, o Estado é o meio pelo qual o homem tende a realizar o seu fim próprio
como o seu destino transcendental como demostram as teorias liberais e
humanistas. As teorias da soberania absoluta do Estado, com caráter totalitário,
tiveram repercussão no pensamento político universal, como na própria França com
Carré de Malberg e Louis Le Fur. Justificando os Estados nazista, fascista e
qualquer totalitarismo conflagrado no mundo duas vezes, mas contido pela força
superior do humanismo liberal.
TEORIA NEGATIVISTA DA SOBERANIA – 8º tópico
A teoria negativista da soberania é da mesma natureza absolutista. Formulada por
Léon Duguit, desenvolvendo o pensamento de Ludwig Gumplowicz.A soberania é
uma ideia abstrata, sem existência concreta, existindo apenas a crença na
soberania, Estado, nação, direito e governo são um só. Não há direito natural nem
qualquer forma de normatividade jurídica que não seja o próprio Estado, ao qual se
conceitua-se como “organização da força a serviço do direito”, ao conceito
metafísico de soberania nacional Duguit opõe o conceito simplista de “regra de
direito” como norma de direção social. A negação da sabedoria, acentua Esmein,
resulta na afirmação do reino da força. Nas noções filosóficas aristotélico-tomista,
soberana é a lei, que encontra sua legitimidade no direito natural, que limita o direito

Kamilla Calliê - 30/06/2022


Marcos Teóricos e Filosóficos do Estado da constituição

estatal. Ressaltando as palavras com que os constituintes argentinos de 1853


encerraram seus trabalhos “os homens se dignificam prostrando-se perante a lei,
porque assim se livra de ajoelhar-se perante tiranos”.

Dia 12/05
https://drive.google.com/file/d/1dUQyXyydb5ItnLhwZA8NFVPa9qrbTCzO/view

Dia 06/06
Relatório Trabalho em Grupo
Grupo 1
Função: Apresentação

Declaração universal dos direitos humanos.


Artigos 3° ao 7°.
Artigo 3°: Todo indivíduo tem direito à vida,
à liberdade e à segurança pessoal.
Pode se afirmar que, o direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal são os 3
(três) direitos civis básicos, cuja defesa motiva desde grandes revoluções, como
exemplo, Revolução francesa e independência Americana até protestos infantis
contra a autoridade paterna. São os chamados de direitos-raiz, que somados à
igualdade e à propriedade, compõe a lista de direitos essenciais, como diz o ART.
5° da Constituição Federal e dos quais são derivados inúmeros outros direitos
fundamentais.
O ordenamento jurídico brasileiro não comunica, de modo livre de dúvidas, o
momento a partir do qual se inicia à proteção jurídica da vida do ser humano em
fase gestacional, porém, no ART. 2° do Código Civil afirma-se que, “A personalidade
jurídica começa com o nascimento com vida”, complementando em sentido
contrário, que “A lei põe a salvo os direitos do nascituro”.
Como diz o ART. 5°, inciso ll, da Constituição Federal/88 diz que “Ninguém será
obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei”, ou seja,
nenhum indivíduo pode ser ou será mantido a escravatura ou servidão; a
escravatura e o trato dos escravos, sob todas as formas, são proibidos. Vale a pena
destacar que esta perspectiva da liberdade não se aplica à ação do estado.
A ideia de segurança pessoal contém não só a esfera de proteção da vida, mas
também a proteção da integridade, física e mental, de modo a permitir a uma
existência plena e condizente com a ideia de dignidade humana, tendo em vista que
todos os indivíduos têm Direito ao reconhecimento, em todos os lugares, da sua
personalidade jurídica.
Artigo 4º: “ninguém será mantido em
escravatura ou em servidão; a escravatura e
o trato dos escravos, sob todas as formar,
são proibidos”

Kamilla Calliê - 30/06/2022


Marcos Teóricos e Filosóficos do Estado da constituição

O artigo 4 é claro ninguém tem o direito de nós escravizar, e não podemos


escravizar ninguém. Grandes progressos foram alcançados nos últimos 70 anos
desde a adoção da declaração universal dos direitos humanos e nós 150 anos
desde que economias inteiras eram baseadas na posse de seres humanos e líderes
encontravam inspiração divina para o sistema opressor. Ainda sim, existe práticas
semelhantes á escravidão e ao tráfico de pessoas continua sendo uma realidade de
nossos tempos.
Nádia Murad, uma mulher yazidi que recebeu o prêmio Nobel da paz em 2018, por
revelar o uso dos estupros como uma arma de guerra. Ela foi capturada pelo Estado
islâmico no Iraque aos 21 anos e vendida para escravidão sexual. Esse um exemplo
de escravidão que ainda estar acontecendo no mundo não só isso, mas mulheres e
meninas que trabalham nas indústrias de vestuário estão vulneráveis a exploração e
abusos, estima se que a maioria de escravos são mulheres e meninas.
Trabalhadores domésticos representam um dos grupos mais vulneráveis, conhecida
de escravidão moderna a “escravidão por dívida”, na qual a pessoa é forçada a
trabalhar para pagar umas dívidas, que cresce acentuadamente e que ela nunca
pode realmente pagar, essa prática cresce muito mais no setor agrícola que envolve
trabalhadores imigrantes, outra prática “moderna” é o tráfico de mulheres e meninas
à prostituição. Todas as formas de escravidão são crimes e não devem ser
toleradas de qualquer forma.
Artigo 5°: Ninguém será submetido à tortura,
nem a tratamento ou castigo cruel,
desumano ou degradante.
A Constituição Federal de 1988 é explícita quanto a prática da tortura no Brasil,
conforme descrito no inciso III do artigo 5º, que é uma das partes mais importantes
da nossa Constituição, uma vez que nele estão previstos os direitos e deveres,
garantias fundamentais do cidadão, objetivando assegurar uma vida digna, livre e
igualitária a todos.
A tortura é objeto de diversos tratados e convenções internacionais, considerada
uma violação gravíssima aos Direitos Humanos, além de ser um princípio geral do
Direito Internacional.
Além da tortura, neste inciso prevê também que nenhuma pessoa pode ser vítima
de tratamento desumano ou degradante, pois em todos esses casos, fere a
dignidade da pessoa humana e, portanto, são reprovados pelo Estado brasileiro.
O tratamento desumano, tratamento degradante e a tortura, apesar de diferentes,
são conceitos relacionados, pois se referem a situações em que o direito de viver
uma vida digna é impedido. O conceito de dignidade da pessoa humana, refere-se
ao direito de todos serem respeitados pelo Estado e pela sociedade, sendo
assegurados seus direitos e deveres fundamentais e terem condições mínimas para
uma vida saudável.
Apesar de relacionados os conceitos, temos que a tortura é uma ação ou omissão
praticada por agente público que causa sofrimento físico ou mental à pessoa, com
finalidade de castigar, obter confissão ou por causa de discriminação. O tratamento
desumano tem a ação de fazer o outro sofrer, física ou mentalmente, sem que haja

Kamilla Calliê - 30/06/2022


Marcos Teóricos e Filosóficos do Estado da constituição

motivação aparente. O tratamento degradante é o que humilha a pessoa, fazendo-a


sentir inferior aos outros e em relação a si mesma.
Portanto, é fundamental que se tenha explícito na Constituição Federal, para que
seja respeitado, garantindo assim a dignidade da pessoa humana.
Artigo 6°: Todos os indivíduos têm direito ao
reconhecimento, em todos os lugares, da
sua personalidade jurídica.
Todo ser humano tem direito de ser reconhecido como sujeito detentor de direitos e
merecedor de proteções, é o direito a ter direitos. Ser reconhecido como pessoa é
essencial para a proteção dos direitos fundamentais e, sem esse, a pessoa vê-se
desprovida de sua condição mais essencial. Não são admitidas gradações na ideia
de dignidade humana, pois não se perde este valor em razão da prática de condutas
socialmente reprovadas. Esta perspectiva, além de amparada na própria
Constituição, foi ressaltada no art.1° do Código Civil que afirma que "toda pessoa é
capaz de direitos e deveres na ordem civil".
Os criminosos são sujeitos de direitos. Não perdem essa qualidade, para se
transformarem em objetos processuais. São pessoas, inseridas entre aquelas
beneficiadas pela afirmação constitucional da sua dignidade. É inadmissível a sua
exclusão social, sem que sejam consideradas, em quaisquer circunstâncias, as
singularidades de cada infração penal, o que somente se pode apurar plenamente
quando transitada em julgado a condenação.
Artigo 7°: Todos são iguais perante a lei e
tem direito, sem qualquer distinção, a igual
proteção da lei. Todos têm direito a igual
proteção contra qualquer discriminação que
viole a presente Declaração e contra
qualquer incitamento a tal discriminação.

Conclusão
1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança pessoais.
2. Ninguém pode ser privado de sua liberdade física, salvo pelas causas e nas
condições previamente fixadas pelas constituições políticas dos Estados Partes ou
pelas leis de acordo com elas promulgadas.
3. Ninguém pode ser submetido a detenção ou encarceramento arbitrários.
4. Toda pessoa detida ou retida deve ser informada das razões da sua detenção e
notificada, sem demora, da acusação ou acusações formuladas contra ela.
5. Toda pessoa detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de
um juiz ou outra autoridade autorizada pela lei a exercer funções judiciais e tem
direito a ser julgada dentro de um prazo razoável ou a ser posta em liberdade, sem
prejuízo de que prossiga o processo. Sua liberdade pode ser condicionada a
garantias que assegurem o seu comparecimento em juízo.
6. Toda pessoa privada da liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal
competente, a fim de que este decida, sem demora, sobre a legalidade de sua

Kamilla Calliê - 30/06/2022


Marcos Teóricos e Filosóficos do Estado da constituição

prisão ou detenção e ordene sua soltura se a prisão ou a detenção forem ilegais.


Nos Estados Partes cujas leis preveem que toda pessoa que se vir ameaçada de
ser privada de sua liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal competente
a fim de que este decida sobre a legalidade de tal ameaça, tal recurso não pode ser
restringido nem abolido. O recurso pode ser interposto pela própria pessoa ou por
outra pessoa.
7. Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não limita os mandados de
autoridade judiciária competente expedidos em virtude de inadimplemento de
obrigação alimentar.
A segunda guerra mundial teve seu fim no ano de 1945, e esta teve seu início logo
após o fim da primeira guerra mundial, é preciso entender esse contexto para
entender a criação desse compilado de direitos humanos universais construídos
com a ONU a frente de tudo, ao final desta primeira guerra, a Alemanha se viu
destruída e humilhada pelo resto do mundo, tomada por um sentimento de
humilhação misturada com patriotismo, a Alemanha se reergueu e se preparou para
uma nova guerra, e esta guerra chegou, liderados por Hitler os soldados alemães
praticaram uma barbaridade histórica, ao lado de outros países como a Itália,
Governada por Mussolini, em meio a bombardeios, tiros, invasões, se viu também,
perseguição, discriminação e exclusão que logo evoluiu, em grande maioria, os
alvos eram os Judeus, todavia ciganos, pessoas com deficiência mental ou física,
comunistas e Testemunhas de Jeová não escapavam, essa discriminação se
potencializou, sendo cassados, presos, torturados, usados para testes científicos,
separados de sua família, roubados e a grande maioria foram mortos, dizimados.
Diante dessa análise de fatos e com o intuito de trazer proteção, e evitar que cenas
como essa se repetissem na história, a ONU, criada em 1948 pelo presidente
Franklin do EUA na época, estipulou os Direitos Humanos Universais, e o Art. 7
precisava ser criado, sendo de suma importância para que nenhum outro povo seja
privado de seu direito à liberdade e a segurança pessoal, para que nenhum outro
grupo sofra discriminações, tornando o processo de prisões justo, evitando
encarceramento como os do holocausto do qual não havia direito algum de defesa,
ou se quer justificativa.
Kamilla Calliê Pereira Afonso - Aluna

Kamilla Calliê - 30/06/2022

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