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Direito Constitucional I

DIREITO CONSTITUCIONAL
Aula Direito Constitucional e Constituição

Leitura Constitucional (obrigatória):


1. Biblioteca A
Direito Constitucional I. Ilanes, Miriany Cristini Stadler e outros. Editorial: Bookman/Sagah. Edição: 1.
Fazer a leitura dos temas da aula.

2. Biblioteca Saraiva
Curso de Direito Constitucional, 4ª edição | 2020, Autor: Flávio Martins
p. 417 - item 3.8 da Supremacia da Constituição + p. 440 até 504 - Classificação das Constituições

Leitura complementar (facultativa):


Curso de Direito Constitucional, 4ª edição | 2020, Autor: Flávio Martins
p. 528/619 Histórico das Constituições brasileiras
Profª. Me. Rafaela C Juliatto
Direito Constitucional I

 Revisão:

 Constitucionalismo:
Conceito, objetivo e fundamento
Surgimento e evolução histórica
 Neoconstitucionalismo e Conteúdo Axiológico da Constituição
 Análise do art.1º da CF/88
 Soberania Popular e análise do art. 18 da CF/88
Direito Constitucional I

 Direito Constitucional

O Direito Constitucional é um ramo das ciências jurídicas. Pertence ao setor do Direito Público, assim como
outros ramos do Direito, tais como : ambiental, administrativo, tributário, financeiro, penal etc.

O Direito Constitucional é “ramo do Direito público que expõe, interpreta e sistematiza os princípios e normas
fundamentais do Estado”. (SILVA, 2017, p. 36)

Objeto:
Não se limita ao estudo da Constituição, embora esta seja o mais importante.
MEIRELLES TEIXEIRA conceitua Direito Constitucional como “o conjunto de princípios e normas que regulam a
própria existência do Estado moderno, na sua estrutura e no seu funcionamento, o modo de exercício e os limites de sua
soberania, seus fins e interesses fundamentais, e do Estado brasileiro, em particular.”

- Normas constitucionais estruturantes do Estado e que estabelecem direitos e garantias fundamentais


Direito Constitucional I

 Fontes do Direito Constitucional


Fontes (Savigny séc. XIX): origem e meios pelos quais o direito se exterioriza – se manifesta (Tércio Sampaio Ferraz).

Fontes Materiais e Fontes Formais:


As materiais se referem aos fatos, elementos e circunstâncias que faze nascer o direito. Ex: fatos históricos,
racionais, ideais e até religiosos.
As formais dizem respeito àquilo que foi de fato construído a partir das fontes materiais, ou seja, à
instrumentalização. Ex: leis, normas, decretos, etc.

Fontes Materiais do Direito Constitucional: são os fatos, elementos e circunstâncias históricas, culturais,
religiosas e ideais vigentes em um determinado tempo e local (sociedade).

Fontes Formais do Direito Constitucional: são os instrumentos que se utiliza para que as fontes materiais sejam
exteriorizadas. A principal (mas não únca) fonte formal do Direito Constitucional é a Constituição!
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 A Constituição como principal Fonte Formal do Direito Constitucional


Porque tende a reunir todos os elementos materiais estando, portanto, condicionada pela realidade histórica de uma
determinada sociedade.
Konrad Hesse em “A Força Normativa da Constituição”: a realidade social dá origem a uma constituição normativa
que apenas terá sua força normativa (poderá ser realizada/ter eficácia) se, de fato, espelhar a realidade (realidade
histórica do seu tempo).

 Demais Fontes Formais do Direito Constitucional


Costumes (orientação na interpretação),
Doutrina (criação de parâmetros),
Princípios Gerais do Direito Constitucional (norte ao intérprete constitucional na aplicação das normas
constitucionais)
Obs: Princípio da Proporcionalidade: não expresso – critério muito utilizado para solução de casos de conflito entre
direitos fundamentais e normas restritivas destes direitos.
Jurisprudência: Decisões vinculantes, principalmente em sede de Controle de Constitucionalidade, proferidas pela
Supremas Corte – STF.
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 Conceito de Constituição
Para Paulo Bonavides, a Constituição sob o ponto de vista material, é “o conjunto de normas pertinentes à organização
do poder, à distribuição da competência, ao exercício da autoridade, à forma de governo, aos direitos da pessoa humana, tanto
individuais como sociais” (BONAVIDES, 2008, p.80.)

Concepção Positivista:
“Todo Estado tem constituição, que é o simples modo de ser do Estado. (...) Em síntese, a constituição é o conjunto
de normas que organiza os elementos constitutivos do Estado.” (JOSÁ AFONSO DA SILVA, 2017, p. 36)
Conjunto de normas escritas ou costumeiras que regula:
 Forma de Estado
 Forma de Governo
 Modo de aquisição/exercício e perda do poder
 Estabelecimento de órgãos
 Limites de ações de seus órgãos (competências constitucionais)
 Direitos e garantias fundamentais

Concepção Jusnaturalista: a constituição expressa o reconhecimento, no plano jurídico, dos princípios e regras do
Direito Natural.
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 Sentidos (concepções) da Constituição discussões sobre a verdadeira natureza jurídica das disposições constitucionais

1. Sentido Sociológico
Ferdinand Lassale – Filósofo (1825-1864)
• O que é uma Constituição?
• No que consiste a verdadeira essência de uma Constituição?

Constituição Real e Constituição Jurídica


A Constituição real é, tão somente, o reflexo dos fatores reais de poder que regem uma nação, quais sejam, as
relações de poder que surgem em uma determinada sociedade em um determinado tempo: poder político, religioso,
econômico, militar etc.
A Constituição Jurídica é aquela emanada do Estado que não necessariamente reuni os fatores reais do poder
existentes na sociedade. A Constituição jurídica que se divorcia da Constituição real pois não se ajusta à realidade,
torna-se ilegítima e ineficaz.

“Uma Constituição escrita é boa e duradoura quando corresponde à Constituição Real e tem suas raízes nos fatores do poder
que regem o país. Caso contrário, a Constituição escrita seria ilegítima, caracterizando-se como uma simples “folha de papel”
LASSALLE, F. A essência da Constituição. 5. Ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, v. 1, 2000.
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2. Sentido Jurídico
Hans Kelsen (jurista e filósofo austríaco) – 1881-1973
Livro: A Teoria Pura do Direito

A Constituição é fruto da vontade racional do homem e não das leis naturais.


O Direito deve afastar as influências de ambientes externos em seu método. Ciências como a política, economia,
sociologia, embora tenham relação como direito, não devem influenciar seu método, devendo ser desconsideradas.
As disposições constitucionais têm natureza de norma jurídica e, portanto:
• São obrigatórias e vinculantes
• Dotadas de coercibilidade
• Devem ser cumpridas sob pena de aplicação de determinada sanção

Natureza de norma jurídica especial pois encontra-se hierarquicamente superior aos demais atos normativos,
servindo de fundamento de validade para produção normativa do país. Supremacia Constitucional.
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3. Sentido Político
Carl Schmitt– Jurista e Filósofo (1888)
Livro: Teoria da Constituição

Não, Kelsen. A Constituição não é norma jurídica. A Constituição é uma decisão política fundamental.
Constituição é o resultado de uma determinada decisão voluntária de um determinado povo que por meio de seus
representantes elegem preceitos para guiar a sociedade.

Constituição e Leis Constitucionais:


Constituição: normas que expressam uma decisão política fundamental ao Estado (normas materialmente
constitucionais)
Ex: CF/88 – art. 18 (estabelece a forma federativa de estado)

Leis Constitucionais: disposições que, embora expressas na Constituição, não expressam uma decisão política
fundamental ao Estado (normas formalmente constitucionais)
Ex: CF/88 - art. 242, § 2º
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 CLASSIFICAÇAO DAS CONSTITUIÇÕES

Quanto ao conteúdo: normas materialmente constitucionais e normas formalmente constitucionais


Constituições materiais ou substanciais são aquelas definidas por um conjunto de normas materialmente
constitucionais, ou seja, referentes à organização do poder. São as que possuem normas de núcleo material, um
cerne substancial identificado e relacionado com o poder.
Já as constituições formais ou ainda procedimentais, são aquelas que não importando se tem ou não normas de
conteúdo constitucionais, tem suas normas consideradas como tal pelo simples fato de estarem postas na
Constituição
Dois aspectos importantes:
 a força normativa dos preceitos constitucionalizados pelo poder constituinte e
 a superioridade hierárquica destes preceitos em face das disposições infraconstitucionais.
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 CLASSIFICAÇAO DAS CONSTITUIÇÕES

Quanto à forma: escritas e não escritas


As constituições escritas são aquelas codificadas e sistematizadas em documento solene e único elaborada por um
órgão constituinte que esquematiza o funcionamento dos poderes constituídos, o modo e exercício do poder e os
limites de atuação dos detentores do poder.
Já as constituições não escritas são aquelas cujas normas não vem grafadas de modo único e sistematizado. É a
Constituição cujas normas estão em leis constitucionais esparsas, sedimentadas nos costumes, na jurisprudência e
em convenções. São constituições costumeiras ou consuetudinárias que durante muito tempo foram adotadas em
diferentes Estado.
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 CLASSIFICAÇAO DAS CONSTITUIÇÕES

Quanto à extensão: sintéticas e analíticas

Sintéticas são aquelas constituições breves, sumárias e sucintas que abrangem apenas princípios gerais ou regras
básicas da organização estatal e do funcionamento de suas funções. Demais assuntos são deixados para a legislação
infraconstitucional.
As Constituições analíticas são as mais numerosas e amplas, detalhistas e minuciosas, trazem em seu arcabouço
assuntos de natureza alheia ao direito constitucional, como por exemplo regulamentações que seriam, na verdade,
de competência de leis infraconstitucionais. São exemplos de constituições analíticas a Constituição brasileira
vigente e a Constituição Portuguesa de 1976.
 Proteção
 Efetividade
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 CLASSIFICAÇAO DAS CONSTITUIÇÕES

Constituição Normativa, Nominal, Semântica

Constituição Normativa é "aquela cujas normas dominam o processo político, pois são lealmente observadas por
todos os interessados, fazendo com que o poder se adapte ao texto constitucional. A constituição é efetivamente
aplicada" (op. cit., p. 79).



Por sua vez, Constituição Nominal é aquela “carente de realidade existencial. Apesar de ser juridicamente válida, o
processo político a ela não se curva ou se adapta adequadamente. Não é aplicada efetivamente" (op. cit., p. 79).



De outro turno, Constituição Semântica representa o “modelo constitucional que, em vez de servir como
mecanismo de limitação do poder estatal, visa apenas à estabilização e conservação da estrutura de dominação do
poder político”
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 CLASSIFICAÇAO DAS CONSTITUIÇÕES

Quanto à origem: promulgadas (democráticas) ou outorgadas


As Constituições democráticas, também chamadas de populares ou ainda promulgadas, são aquelas que se originam
da participação popular. São elaboradas pela Assembleia Nacional Constituinte formada por representantes eleitos
pelo povo com a finalidade de elaborar o texto constitucional. São exemplos as constituições brasileiras de 1891,
1934, 1946 e 1988
As constituições outorgadas, são as elaboradas e estabelecidas sem a participação do povo, aquelas que o
governante por si outorga, impõe, . Constituições brasileiras de 1824, 1937, 1967 e 1968
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 CLASSIFICAÇAO DAS CONSTITUIÇÕES

Quanto ao processo de criação: históricas ou dogmáticas


Direito Constitucional I

Quanto ao processo de mudança: flexíveis, rígidas, semirrígidas e super-rígidas (imutáveis)


Se refere a sua estabilidade ou mutabilidade, ou seja, possibilidade e/ou processo de alteração.

A Constituição rígida é aquela que embora seja possível alterá-la, a modificação se dá de modo diferenciado e mais
complexo do que no processo de alteração das normas infraconstitucionais. Assim, normas constitucionais rígidas
são mais difíceis de serem modificadas, pois possuem um procedimento mais complexo, especial, solene e dificultoso
do que o estabelecido para as normas legais ordinárias

Constituições flexíveis, ao contrário das rígidas, são aquelas que podem ser livremente alteradas pelo legislador
pelo mesmo processo de elaboração e alteração das leis ordinárias (comum).

Constituição semirrígida é aquela que possui ao mesmo normas que podem ser livremente alteradas, como no
caso das constituições flexíveis, e normas que necessitam de procedimento especial e solene para serem
modificadas, como no caso das constituições rígidas.
Ex: Carta Imperial do Brasil (Constituição do Império – 1824)
Art. 178. É só Constitucional o que diz respeito aos limites, e attribuições respectivas dos Poderes Politicos, e aos Direitos
Politicos, e individuaes dos Cidadãos. Tudo, o que não é Constitucional, póde ser alterado sem as formalidades referidas, pelas
Legislaturas ordinarias.
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 CLASSIFICAÇAO DAS CONSTITUIÇÕES

A Constituição super-rígida é marcada pela pretensão de eternidade e consequente impossibilidade de alteração.


Alguns autores dizem que a CF/88 é super-rígida em razão das clásuslas pétreas (art. 60§4º). Rigorosamente:
combinação.Entendimento majoritário: Rígida

As Constituições consideradas imutáveis e sua problemática:


“A estabilidade das constituições não deve ser absoluta, não pode significar imutabilidade. Não há Constituição
imutável diante da realidade social cambiante, pois não é ela apenas um instrumento de ordem, mas deverá sê-lo,
também, de progresso social. Deve-se assegurar certa estabilidade constitucional, certa permanência e durabilidade
das instituições, mas sem prejuízo da constante, tanto quanto possível, perfeita adaptação das constituições À
exigências do progresso, da evolução e do bem estar social. A rigidez relativa constitui técnica capas de atender a
ambas as exigências, permitindo emendas, reformas e revisões, para adaptar as normas constitucionais às novas
necessidade sociais, mas impondo processo especial e mais difícil para essas modificações formais, que o admitido
para a alteração da legislação ordinária.”
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 9a. ed., São Paulo: Malheiros Editores, 2004, p.
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 CLASSIFICAÇAO DA CONSTITUÇÃO BRASILEIRA DE 1988

 Promulgada (democrática),
 nominal,
 analítica,
 formal,
 escrita e
 rígida.

É democrática porque no momento da sua criação ocorreu participação popular por meio de inúmeras propostas
de emendas, algumas delas com até um milhão de assinaturas.

É nominal porque previu vários direitos, inclusive assegurou as liberdades públicas e os direitos sociais, contudo,
não há efetividade e concretude suficiente para afirmar a implantação de ambos.

É analítica, pois é extensa e contempla diversos dispositivos detalhistas.

É formal, é escrita em um documento único e solene, no qual estão estabelecidas todas as normas supremas e que
servem de fundamento de validade para as de ordem infraconstitucional.
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 CLASSIFICAÇAO DA CONSTITUÇÃO BRASILEIRA DE 1988


 Promulgada (democrática),
 nominal,
 analítica,
 formal,
 escrita e
 rígida.

A Constituição de 1988 é rígida. Sua rigidez pode ser identificada da simples leitura de alguns de seus dispositivos,
como por exemplo os artigos 60 e seguintes que tratam das espécies normativas.

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:


(...) § 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se
aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.

Rigidez constitucional → hierarquia de normas → a Supremacia da Constituição (supremacia formal, consequência da


rigidez Constitucional).

“O Princípio da Supremacia da Constituição requer que todas as situações jurídicas sejam com a Constituição
compatíveis.”
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Kelsen entende o sistema normativo de forma hierárquica e propõe a forma geométrica de uma pirâmide na base da
qual se situariam atos de menor nível hierárquico. No topo da pirâmide coloca a constituição.
"a Constituição é a norma fundamental do sistema jurídico, ocupando o ápice da pirâmide normativa, da qual todas
as demais normas extraem o seu fundamento de validade"
KELSEN, Hans. Teoria pura do Direito. 2ª ed. Coimbra: Armênio Amado, 1962.
 Escalonamento das normas no ordenamento jurídico brasileiro,
 Hierarquia das normas
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 Os Elementos da Constituição: José Afonso da Silva


• Orgânicos,
• Limitativos,
• Sócio ideológicos,
• De estabilização constitucional e
• Formais de aplicabilidade

1. Elementos Orgânicos: são aquelas normas que organizam e regulam a estrutura do Estado e do Poder do
Estado. Ex: Título III – Da Organização do Estado; Título IV – Da Organização dos Poderes.

2. Elementos limitativos: são as normas que compõem o rol de direitos e garantias fundamentais que limitam a
atuação do Estado. Ex: Título II – Dos Direitos e Garantias Individuais,

3. Elementos sócio ideológicos: revelam um Estado Social, mais intervencionista que o velho Estado Liberal. O
surgimento do chamado Estado Social que traz como consequência governos intervencionistas que desempenham
atividades para garantir a promoção dos direitos sociais. Ex: Capítulo II, do Título II (Dos Direitos Sociais), e,
também, nos Títulos VII e VIII (Da Ordem Econômica Financeira e Da Ordem Social).
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4. De estabilização constitucional: normas que asseguram a solução de eventuais conflitos constitucionais, a


defesa da Constituição do Estado e das Instituições democráticas. Possibilitam a defesa do Estado e a promoção da
paz social. Ex: nos arts. 102, I, a, e 103 (relativos à jurisdição constitucional), nos arts. 34 a 36 (Da Intervenção nos
Estados e Municípios), nos arts. 59, I, e 60 (referentes ao processo de emendas à Constituição), e no Título V,
Capítulo I (Do Estado de Defesa e do Estado de Sítio)

5. Formais de aplicabilidade: normas que estabelecem a forma de aplicação da Constituição. Preâmbulo, os


artigos 1º ao 4º , que revelam princípios fundamentais da Constituição, O ADCT ato das disposições constitucionais
transitórias, o §1º , do art. 5º , onde está disposto que as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais
têm aplicação imediata e o artigo 24 que dita as regras para aplicação do federalismo cooperativo, que também
representam elementos formais de aplicabilidade.
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 Histórico das Constituições Brasileiras


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Histórico das Constituições Brasileiras

Constituição de 1824 – Brasil Império


Com a intensificação dos movimentos pela independência, em 09 de janeiro de 1822, desrespeitando a ordem da
coroa portuguesa para retornar à Portugal, D Pedro I disse: “ se é pelo bem de todos e felicidade geral da nação,
estou pronto! Digam ao povo que fico! (Dia do Fico)
Após declarar a independência do Brasil em 07 de setembro de 1822, D. Pedro I dissolve a Assembleia Constituinte
em 1823 e impõe seu próprio projeto, que se tornou a primeira Constituição do Brasil. Apesar de aprovada por
algumas Câmaras Municipais da confiança de D. Pedro I, essa Carta, datada de 25 de março de 1824 e contendo
179 artigos, é considerada pelos historiadores como uma imposição do imperador.
Entre as principais medidas dessa Constituição, destaca-se o fortalecimento do poder pessoal do imperador, com a
criação do Poder Moderador, que estava acima dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. As províncias
passam a ser governadas por presidentes nomeados pelo imperador e as eleições são indiretas e censitárias.

O direito ao voto era concedido somente aos homens livres e proprietários, de acordo com seu nível de renda,
fixado na quantia líquida anual de cem mil réis por bens de raiz, indústria, comércio ou empregos. Para ser eleito, o
cidadão também tinha que comprovar renda mínima proporcional ao cargo pretendido. Essa foi a Constituição com
duração mais longa na história do país, num total de 65 anos. (Fonte: Agência Senado)
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Histórico das Constituições Brasileiras

Constituição de 1891 – Brasil República


Constituição Política do Império foi substituída pela primeira constituição republicana, chamada de "Constituição
dos Estados Unidos do Brazil“ em 24 de fevereiro de 1891.
Seu relator foi Rui Barbosa que foi fortemente influenciado pela Constituição norte-americana de 1787: governo
presidencialista, forma de Estado Federal e forma de governo republicana.
Foi estabelecida a independência dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Houve a criação do sufrágio com
menos restrições, impedindo ainda o voto aos mendigos e analfabetos; separação entre a Igreja e o Estado, não
sendo mais assegurado à religião católica o status de religião oficial; e instituição do habeas corpus (garantia
concedida sempre que alguém estiver sofrendo ou ameaçado de sofrer violência ou coação em seu direito de
locomoção – ir, vir, permanecer –, por ilegalidade ou abuso de poder).
Embora previsse eleições diretas, o primeiro presidente da República foi eleito de forma indireta pelo Congresso
Nacional: Marechal Deodoro da Fonseca e o vice Marechal Floriano Peixoto.
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Histórico das Constituições Brasileiras

Constituição de 1934 – Segunda República


Após a Revolução Paulista Constitucionalista de 1932 e a grande instabilidade política que assolou o país, Getúlio
Vargas, a fim de se manter na presidência, promulgou “Para organizar um regime democrático, que assegure à
Nação, a unidade, a liberdade, a justiça e o bem-estar social e econômico" em julho de 1934 a Constituição
Brasileira pela Assembleia Nacional Constituinte.
Maior poder ao governo federal; voto obrigatório e secreto a partir dos 18 anos, com direito de voto às mulheres,
mas mantendo proibição do voto aos mendigos e analfabetos; criação da Justiça Eleitoral e da Justiça do Trabalho;
criação de leis trabalhistas, instituindo jornada de trabalho de oito horas diárias, repouso semanal e férias
remuneradas; mandado de segurança e ação popular.
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Histórico das Constituições Brasileiras

Constituição de 1937 – Estado Novo


Também conhecida como "Constituição Polaca" por se inspirar no modelo de Poder semifascista polonês, esta
Constituição também marca o início do que, historicamente, se chamou de ditadura do Estado Novo.
Em 10 de novembro de 1937, Getúlio Vargas revogou a Constituição de 1934, dissolveu o Congresso e outorgou ao
país, sem qualquer consulta prévia, a Carta Constitucional do Estado Novo, de inspiração fascista, com a supressão
dos partidos políticos e concentração de poder nas mãos do chefe supremo do Executivo.
Medidas: instituição da pena de morte; supressão da liberdade partidária e da liberdade de imprensa; anulação da
independência dos Poderes Legislativo e Judiciário; restrição das prerrogativas do Congresso Nacional; permissão
para suspensão da imunidade parlamentar; prisão e exílio de opositores do governo; e eleição indireta para
presidente da República, com mandato de seis anos.
Com a derrota da Alemanha na Segunda Guerra Mundial, as ditaduras direitistas internacionais entraram em crise
e o Brasil sofreu as consequências da derrocada do nazifascismo. Getúlio Vargas tentou, em vão, sobreviver e
resistir, mas a grande reação popular, com apoio das Forças Armadas, resultou na entrega do poder ao então
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), José Linhares, após a deposição de Vargas, ocorrida em 29 de
outubro de 1945.
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Histórico das Constituições Brasileiras

Constituição de 1946
Essa Constituição, datada de 18 de setembro de 1946, retomou a linha democrática de 1934 e foi promulgada de
forma legal, após as deliberações do Congresso recém-eleito, que assumiu as tarefas de Assembleia Nacional
Constituinte.

Entre as medidas adotadas, estão o restabelecimento dos direitos individuais, o fim da censura e da pena de morte.
A Carta também devolveu a independência ao Executivo, Legislativo e Judiciário e restabeleceu o equilíbrio entre
esses poderes, além de dar autonomia a estados e municípios. Outra medida foi a instituição de eleição direta para
presidente da República, com mandato de cinco anos.
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Histórico das Constituições Brasileiras

Constituição de 1967 – Regime Militar


O contexto predominante nessa época era o autoritarismo e a política da chamada segurança nacional, que visava
combater inimigos internos ao regime, rotulados de subversivos. Instalado em 1964, o regime militar conservou o
Congresso Nacional, mas dominava e controlava o Legislativo. Dessa forma, o Executivo encaminhou ao
Congresso uma proposta de Constituição que foi aprovada pelos parlamentares e promulgada no dia 24 de janeiro
de 1967.
Essa Constituição foi emendada por sucessiva expedição de Atos Institucionais (AIs), que serviram de mecanismos
de legitimação e legalização das ações políticas dos militares, dando a eles poderes extra-constitucionais.
De 1964 a 1969, foram decretados 17 atos institucionais, regulamentados por 104 atos complementares.
Um deles, o AI-5, de 13 de dezembro de 1968, foi um instrumento que deu ao regime poderes absolutos e cuja
primeira consequência foi o fechamento do Congresso Nacional por quase um ano e o recesso dos mandatos de
senadores, deputados e vereadores, que passaram a receber somente a parte fixa de seus subsídios.
Entre outras medidas do AI-5, destacam-se: suspensão de qualquer reunião de cunho político; censura aos meios de
comunicação, estendendo-se à música, ao teatro e ao cinema; suspensão do habeas corpus para os chamados crimes
políticos; decretação do estado de sítio pelo presidente da República em qualquer dos casos previstos na
Constituição; e autorização para intervenção em estados e municípios.
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Constituição de 1988 – Constituição Cidadã

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