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do Estado Brasileiro
Marco Antonio Silva Pinterich - Noturno
Resumo
O presente trabalho visa entender a formas de desenvolvimento de duas das
principais linhas de pensamento político dentro da história do Brasil. Deste modo, o intuito
será de expor sobre as ideias colocadas pelos conservadores com o intuito de evidenciar sua
importância no pensamento brasileiro, tentando deste modo desvincular o imagético ligado a
ideia de conservadorismo colocado pelo debate público, para que com isso consigamos
entender como se desenvolve e se articula essa linha teórica de pensamento que carrega
consigo grandes nomes, como por exemplo Oliveira Vianna, Paulino José Soares de Sousa e
Gilberto Freyre, que são importantes para se pensar esse contexto e para entender o
desenvolvimento do pensamento político no país. Para além disso, em conjunto com o
processo de expor e pensar o movimento conservador será colocado em foco o liberalismo no
país, trabalhando no diálogo desses dois pólos para se entender a realidade da sociedade
brasileira perante a formação do Estado, aqui podendo citar dois pensadores de extrema
importância para a difusão do liberalismo no Brasil: Hipólito da Costa e Silvestre Pinheiro
Ferreira, o último que teve uma importância extrema para pensar a ideia de
constitucionalidade e democracia liberal junto ao império luso-brasileiro, entendendo assim
como se deu a articulação de seu pensamento que encontrava seu amparo teórico em
Benjamin Constant e suas noções sobre o estado absolutista e a democracia.
Introdução
A formação de um Estado-Nação é um processo gradual e demorado, passando
historicamente por diversas influências no pensamento que ajudam a entender de maneira
mais ampla as formas como o mesmo atuará na contemporaneidade. Deste modo, o Brasil
enquanto território fruto de um processo sócio, político, cultural e histórico, carrega consigo
marcas específicas que são de extrema importância para se entender a formação do Estado
brasileiro, onde dentro desse conjunto de agente podemos entender alguns que se colocam
mais à margem e outros em maior evidência.
Assim entender o desenvolvimento do Estado dentro de termos específicos,
desmistificando noções já estruturadas sobre o pensamento conservador e liberal é o primeiro
passo para um melhor compreensão da materialidade posta na formação das instituições
brasileiras , usando uma concepção pensada por Bertrand de Juvenel (2010), em suas
análises para entender o surgimento da obediência civil, a curiosidade é a grande educadora
de nossa espécie, assim nascemos inseridos dentro de dinâmicas de pensamento já “dadas”,
logo, não nos gera curiosidade pois não foge dos padrões cotidianos, ao entendermos a
“história das coisas” e que pontos estão envolvidos nisso é a chave para a grande educadora
agir, assim a proposta deste trabalho é exatamente esclarecer esse surgimento de forma
simplificada para gerar uma melhor compreensão da nossa própria realidade nacional.
O artigo posto aqui assim irá pensar as construções do pensamento político no Brasil
e seus principais desdobramentos dentro da formação do estado por meio de duas principais
linhas de pensamento: o liberalismo, de maior hegemonia e de extrema importância para
pensar o Estado luso-brasileira; e o conservadorismo, colocado em uma maior marginalidade
por sua ligação com os costumes populares e ainda na atualidade muito pouco debatido em
termos acadêmicos no cenário nacional.
Em outro sentido, Costa foi editor do Correio Braziliense por um período de cerca
de 15 anos (1808-1822), tendo como principal público a elite brasileira, onde seu objeto se
aparentava com o “[...] novo regime que deveria substituir a Monarquia absoluta.” (PAIM,
1998, p. 43).
Barretto (1976) observou que as histórias constitucionais do Brasil e de Portugal
mostraram as dificuldades e contradições da transição de regimes autoritários fechados para
regimes liberais abertos. A limitação paradoxal do liberalismo brasileiro na primeira metade
do século XIX era que o liberalismo econômico se baseava no livre comércio, enquanto o
liberalismo político podia, na melhor das hipóteses, acomodar a escravidão. Segundo Barreto:
Assim, como irá colocar Gileno (2016), a Constituição de 1824, assim como a Carta
Constitucional Portuguesa de 1826 colocam em sua estrutura a presença do poder moderador,
esse que serviria para atenuar conflitos que porventura os poderes executivo, legislativo e
judiciário poderiam ter. Essa escolha por um poder moderador mostra a influência nítida de
Silvestre Pinheiro Ferreira e Benjamin Constant na classe intelectual da realeza lusitana e
luso-brasileira.
A Carta Constitucional Portuguesa de 1826 se deu com uma sucessão de
acontecimentos, o Irmão de D. Pedro I revogou a constituição de Portugal (1822) no ano de
1823, pois essa iniciava o processo de uma Monarquia Constitucional, com essa revogação
Portugal se manteve como Monarquia Absolutista até 1826, quando D. Pedro I retoma o
poder e faz novamente uma constituição liberal.
Assim a Carta Constitucional de 1824 se encontrava em um local entre as novas
formas de governança representativa e o absolutismo, onde colocava a figura do monarca
como divina, mas também assegurada pela constituição. Com isso a Constituição de 1824
colocava o Imperador como o primeiro representante do Estado Nacional, isso fazia com que
esse, ainda que detivesse a força do poder moderador, não pudesse atuar amparado no seu
poder pessoal.
Considerações finais
A partir dos diálogos estabelecidos ao decorrer do trabalho pode-se entender melhor
a importância das concepções liberais e conservadoras para a construção de um Estado Nação
como o Brasil. O processo de pensamento político formado dentro universo simbólico do
Brasil caminham em dois principais sentido, um mais hegemônico marcado pela sua grande
influência dentro das instituições, sendo esse o pensamento liberal, aqui podendo se ressaltar
Silvestre Pinheiro Ferreira junto a influência Benjamin Constant, esse que teve um papel
essencial para se pensar o Estado liberal luso-brasileiro, colocando aqui em ênfase ideia de
divisão de poderes e o poder moderador enquanto aquele que permite a continuidade
democrática dentro desse contexto.
Outro movimento importante que temos dentro do cenário nacional é o pensamento
conservador, por muitas vezes colocado enquanto menor em relação às outras perspectivas
por ter uma maior aproximação com o imaginário popular, pensando assim perspectivas de
manutenção da tradição e dos saberes que com elas são trazidos ancestralmente. Ainda que o
pensamento político conservador tenha sido colocado mais a margem dentro da história do
Brasil, esse também teve grande influência, aqui podendo-se colocar as construções feitas por
Gilberto Freyre, que além de grande repercussão em âmbito acadêmico foram de extrema
importância para se pensar uma identidade nacional no governo Vargas.
Com isso pode-se concluir que a formação do Estado brasileiro se deu em uma
perspectiva múltipla, ainda que pensadores liberais e conservadores se colocassem em uma
disputa narrativa, as duas formas de pensar o Brasil deixam suas marcadas para a posteridade,
coloca-se aqui a destaque que os desdobramentos desse debate se desdobram até a atualidade,
de forma a entender o esse contexto histórico como um processo quase eterno e disputa.
Ainda hoje se tem uma marginalização de algumas formas de pensamento, com isso entender
a influência dessas visões de mundo se torna ainda mais importante para que se possa fazer
um balanço teórico que se tenha a possibilidade de eticamente poder entender as
contribuições dos mais diversos autores para a formação do Estado no Brasil.
Bibliografia
BARRETTO, Vicente. Introdução ao pensamento político de Silvestre Pinheiro Ferreira. In: FERREIRA,
Silvestre Pinheiro. Idéias políticas. Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica, 1976.
BOTELHO, André; FERREIRA, Gabriela Nunes. Revisão do pensamento conservador: idéias e política no
Brasil. São Paulo: Editora HUCITEC, 2010.
GILENO, Carlos Henrique. Silvestre Pinheiro Ferreira e a construção das instituições administrativas e políticas
do Império luso-brasileiro (1815-1821). In: Mediações. Revista de Ciências Sociais, Londrina, v. 26, n. 1, 2021,
p. 108-125.
GILENO, Carlos Henrique. A Carta Constitucional de 1824 e a organização da estrutura de poder institucional
no Brasil. Escrita da História, p. 50-80, 2016.
JOUVENEL, Bertrand de. O poder, historia natural de seu crescimento: da obediência civil. 2010.
PAIM, Antonio. O encontro com a doutrina liberal. Hipólito da Costa. In: PAIM, Antonio. História do
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Santos, Thiago César dos. Conservadorismo à brasileira: Desenvolvimento do pensamento conservador no
Brasil durante o século XIX. 2021. Disponível em: https://repositorio.unisagrado.edu.br/handle/handle/111 ,
Acesso em: 31 de janeiro de 2023