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MATRÍCULA: 113005020
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Para a confecção do trabalho o programa da disciplina foi separado em cinco blocos de autores, onde o
aluno deveria articular as ideias dos autores de um bloco qualquer. Os blocos são: Bloco 1 – Aulas 2 e 3;
Bloco 2 – Aulas 5 até a 8; Bloco 3 – Aulas 9 até a 12; Bloco 4 – Aulas 13 até a 17; e Bloco 5 – Aulas 18 até
a 21.
O trabalho irá atravessar quatro conjuntos de textos estudados durante o
curso incluídos no contexto pós Revolução de 1930 e anterior ao golpe militar
de 1964: O Pensamento de Victor Nunes Leal; O Pensamento Nacional-
Desenvolvimentista do ISEB; A ruptura de Hélio Jaguaribe; e o Pensamento de
Celso Furtado. Esse recorte foi escolhido devido à importância que essas
ideias tiveram no debate que leva ao golpe militar de 1964, cujos ecos se
ouvem ainda nos dias atuais.
Victor Nunes Leal faz sua analise da sociedade brasileira baseado nos
dados do censo de 1940. A primeira versão do texto é de 1948 sob o título de
O municipalismo e o regime representativo no Brasil, sendo a mudança para o
título Coronelismo, enxada e voto ocorrido em 1949 por sugestão do editor
(LAMOUNIER, 1999). Para Victor Nunes, o fenômeno “coronelismo” estaria
restrito a um época, de 1888 a 1930. Sua tese central é que o “coronelismo”
seria decorrente da superposição do poder local dos proprietários rurais com o
poder público estadual, mas ao contrário do que se achava na época, esse
fenômeno ocorre devido a decadência do poder dos proprietários rurais em
oposição ao fortalecimento do poder público em relação ao poder privado
(LEAL, 1997; LAMOUNIER, 1999). Nisso o poder residual dos proprietários
rurais ainda influencia no regime representativo eleitoral.
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A figura do coronel não está ligada diretamente a patente do exército da época, mas sim aos
“coronéis” da Guarda Nacional imperial. Cf. LEAL, 1997: 19.
doutores, parentes ou aliados políticos dos coronéis, estes depois de
consolidado a liderança só retorna ao seu feudo político para descansar ou até
mesmo se reunir com suas lideranças locais. No entanto as lideranças locais
estão diretamente ligadas aos coronéis, os quais arregimentam uma
quantidade grande de votos de cabresto (LEAL,1997: 23), os quais estão
ligados a uma troca de favores diretos e até mesmo a custeio das despesas
eleitorais pelos chefes locais.
Esse livro causa uma ruptura dentro do ISEB, onde dois grupos
disputam a orientação que deveria ser seguida pelo Instituto (ABREU, 2001). A
orientação teórica de Jaguaribe vence uma votação interna que teria definido
essa querela, causando a demissão de Guerreiro Ramos. Mesmo sendo
derrotado, o grupo opositor de Juaguaribe consegue que o presidente Jucelino
Kubitscheck promova uma reforma na organização do ISEB. Essa reforma
atinge diretamente Jaguaribe, fazendo com que o grupo de Jaguaribe peça
demissão do ISEB (ABREU, 2001).
Com isso ocorrendo a orientação de Jaguaribe perde força e o ISEB
muda sua área de ação, passando a atender um público mais amplo. Nisso a
tese nacional desenvolvimentista, contraria a de Hélio Jaguaribe, se torna
dominante fazendo com que o ISEB tenha aderência maior as ações políticas e
grupo políticos, principalmente o Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Considerações finais
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A discussão das consequências desses pensamentos para a sociedade brasileira e seus movimentos é
de uma grande importância para entender o contexto complexo da cultura política brasileira como um
todo, mas ao mesmo tempo é de um fôlego que, infelizmente, não cabe nesse trabalho.
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Essa circulação de ideias se dá de uma forma extremamente complexa na sociedade, mas ela é
dependente, dentre outros fatores, do que Boudieu chama de habitus de classe.
Referências Bibliográficas
EARP, Fábio Sá & PRADO, Luiz Carlos Delorme. “Celso Furtado”. In:
FERREIRA, Jorge & REIS, Daniel Aarão. (orgs.). As esquerdas no Brasil.
Nacionalismo e reformismo radical (1945-1964). Rio de Janeiro: Cia. Brasileira,
2007.