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Universidade de Brasília

Instituto de Ciências Sociais


Departamento de Sociologia

FORMULÁRIO DE PARTICIPAÇÃO EM ATIVIDADES COMPLEMENTARES ORGANIZADAS


PELO SOL

Aluno(a): Jordanna Fonseca Silva

Matrícula: 200056042 Data do evento: 22 / 04 / 2021

Nome do evento: Seminários da Pós

Título do Trabalho/Palestra: Lançamento do livro “Bolsonarismo: teoria e prática”

Resumo do trabalho/palestra:

O prof. Ricardo Festi inicia a transmissão convidando as/os alunas/os para comparecer
nas atividades que irão acontecer no mês de maio, como lançamento de livros e
palestras. Em seguida, convida o prof. Emerson Rocha, autor do livro “Bolsonarismo: teoria e
prática””, para iniciar o debate. Emerson afirma que será como um “anfitrião” dando a
palavra ao prof. Carlos Sávio, coautor do livro, que ficou responsável por apresentar uma
parte mais ampla; a concepção geral da obra e falar sobre seu capítulo. Na sequência,
Emerson e Ricardo Visser falarão sobre a sua contribuição para o livro. E por fim, Edson
Farias fará sua intervenção. O prof. Carlos Sávio, em sua contribuição, debruçou-se sobre
o plebiscitarismo no pensamento político, ou seja, as tradições sobre a participação
política. A ascensão plebiscitária de Bolsonaro, para ele, teve na rebelião de direita de
2013 – as manifestações ocorridas neste período que objetivavam a retirada de Dilma –
um dos momentos mais marcantes, que mais a frente contribuiu para a implosão do
sistema político organizado, até então, em três grandes partidos PT, PSBD, PMDB. Em
seguida, as transformações da consciência são também importantes para entender esse
fenômeno – que não foi analisada com a devida importância pelos sociólogos –,
transformações estas de valores que reconfiguraram o país, dividindo-o em dois blocos
de consciência e aspiração: emergentes, que guardam ressentimento à ordem após a
ditadura militar, e progressistas e intelectuais, que viam que a constituição de 1988 era
um grande avanço. Bolsonaro soube, assim, mobilizar de forma plebiscitária e com uma
inteligente comunicação ao lado dos “emergentes”, que até então não tinham uma figura
de representação na política brasileira. Após demonstrar mais detalhadamente seus
argumentos, apontando a forma particular que Bolsonaro utiliza a burocracia do Estado
e como o atual presidente agencia a figura carismática e personalista, com contrates
radicais entre dicotomias. Com isso, Sávio afirma que é possível ter um plebiscitarismo
que institucionalize a vontade e racionalidade da maioria. Na segunda fala, os autores
Emerson e Ricardo buscaram compreender os repertórios afetivos e cognitivos com os
quais o bolsonarismo dialoga com as classes populares. Para a análise, o conceito de
ideologia foi afastado, uma vez que as pesquisas demonstram um vínculo fraco entre a
identificação com a “esquerda” e “direita” e a decisão eleitoral. Além de que buscava-se
compreender o que os entrevistados viam como era ter vida boa no Brasil, dificuldades e
problemas. Nas respostas dadas por aqueles pertencentes à classe popular haviam dois
padrões gerais, denominados espaço vital e funções vitais. Tendo em vista que estes
padrões são importantes para compreender o apoio ao Bolsonaro, o primeiro ponto
importante é que o atual presidente se apropriou do tema da segurança pública,
fomentando na sensação de medo e insegurança. Transformando em empoderamento e
afirmação, com exemplo, as discussões sobre a flexibilização de porte e posse de armas.
Em segundo lugar, a oposição da saúde e economia, dando ênfase ao trabalho, sua
importância para a manutenção da família. O que os autores ponderam é que Bolsonaro
toca em determinados temas e se apropria deles, trabalhando com as percepções das
classes populares. Temas que, em certa medida, a esquerda apagou de suas pautas. Por
fim, lembrou-se do processo de retrocesso econômico que ocorre a partir de 2013 que
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mina a expectativa de melhoria das condições de vida das camadas populares, gerando
uma sensação de ressentimento e insatisfação geral. Por fim, à guisa de conclusão,
Edson toma a palavra, e apresenta seu capítulo. Ele escreveu sobre o fenômeno de
guerra cultural e como ela ocupa uma posição importante no bolsonarismo. O prof. define,
primeiramente, o que são guerras culturais, estratégia de descolamento e visibilidade
socio-discursivo, relação entre cultura e comunicação. O confronto de ideias – o regime
da verdade – que se alargou com a internet, demonstra que o que está em disputa é a
formação e a mobilização da opinião de indivíduos. Destaque na popularização das
guerras culturais para as vozes de direita desde blogs até canais de Youtube – Olavo de
Carvalho, por exemplo, é um personagem de destaque nesta realidade –. O que une as
agendas destes personagens heterogêneos é uma concepção negacionista,
conservadora e de negação de direitos, utilizando da noção de “povo”. Para compreender
o que é povo brasileiro, defendido no campo bolsonarista, o prof. se utiliza da articulação
entre tecnologia e retórica. Com o uso inflamado de termos e utilização de imagens, a
provocação é a estratégia retórica. Incita para conformar e reintegrar valores
compartilhados dentro da bolha, que é permitido pelo algoritmo. Voltando para o objetivo
central do artigo, em contraposição à ideia de povo presente na constituição de 1988,
calcada no multiculturalismo, o autor demonstra que Bolsonaro, ao chegar ao poder,
operacionaliza um desmonte de instituições historicamente voltadas à garantia da
expressão dessa diversidade. Deste modo, o autor conclui que a noção de povo
mobilizada pelo campo bolsonarista é um povo homogêneo, igual, normalizado,
articulando a noção de integração e limpeza social. O povo, na análise proposta, é a ideia
de limpeza, uma concepção eugenista.

Assinatura do aluno participante: Assinatura do Professor/organizador:

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