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IVO DICKMANN
Universidade Comunitária da Região de Chapecó
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All content following this page was uploaded by IVO DICKMANN on 03 September 2018.
Ivo Dickmann*
Introdução1
Primeiramente, Fora Temer! É parte de nosso compromisso
político-pedagógico e um imperativo ético denunciar o golpe de estado
que foi impetrado contra a presidenta legitimamente eleita pelo voto
popular e deposta num forjado processo de impeachment de maio-agosto
de 2016 (CARDOSO, 2017). Esse fato demonstra a fragilidade da nossa
democracia brasileira e faz emergir profundas dúvidas sobre a
imparcialidade do judiciário, os limites da democracia representativa de
nossos deputados e senadores do Congresso Nacional e, finalmente,
mostra a força da mídia – especialmente os canais abertos de televisão e
as revistas semanais (leia-se aqui, especialmente, Rede Globo e Revista
Veja). Em resumo, a população brasileira, de modo especial os mais
pobres – a classe trabalhadora – foi vítima de um golpe jurídico-
*
Pós-doutorando em Educação (UNINOVE), Mestre e Doutor em Educação (UFPR), Bacharel
em Filosofia (IFIBE), Professor Titular do Programa de Pós-Graduação em Educação da
Unochapecó. Líder do PALAVRAÇÃO – Grupo de Estudos, Pesquisa e Documentação em
Educação Ambiental Freiriana. E-mail: educador.ivo@unochapeco.edu.br.
1 Esse artigo é a terceira parte integrante de uma trilogia que produzi em homenagem a
Paulo Freire pela passagem dos 20 anos de sua partida entre nós; sendo que uma primeira
versão – ou primeira parte, já que os três textos são sempre uma releitura mais ampliada
um dos outros –, está publicada no livro Pedagogia da Memória (DICKMANN, 2017a) e um
segundo texto está publicado numa coletânea especial da Revista Eletrônica do Mestrado
em Educação Ambiental – REMEA, que reuniu artigos dos eixos do evento XIX Fórum de
Leituras Paulo Freire (DICKMANN, 2017b).
parlamentar-midiático de direita (ORSO, 2017), como parte de um projeto
maior de retirar direitos sociais dentro de uma estratégia neoliberal e
neoconservadora de gestão do Estado, num ataque sistemático às
Políticas Sociais e a Educação.
A intenção desse texto é ajudar a desmitificar o discurso por trás
das necessárias mudanças, chamadas de reformas – na Ditadura Civil-
Militar de 1964 chamou-se revolução –, numa tentativa de revelar os
interesses de classe (no caso os interesses da elite), como um discurso
ardiloso por detrás da lógica da “ordem e progresso”, que visa impedir a
participação popular e administrar o Brasil de forma autoritária como
uma “republiqueta de bananas” (BRANDÃO, 1986).
Nesse cenário, é importante dizer que ainda há esperança, pois o
golpe não é o fim, mas o recomeço dos conflitos e contradições que
compõem a dialética da totalidade do real, estando nas mãos de todos
nós o desafio de construir um novo Brasil. Sendo assim, nossa
abordagem nesse texto será um olhar de quem tem compromisso com os
oprimidos, com os esfarrapados do mundo, com os condenados da terra
(FANON, 1974) com a classe trabalhadora, sendo, portanto, um texto
tendencioso e crítico, de quem tem lado, que está a favor de um grupo e
contra o outro, seguindo os ensinamentos de Paulo Freire contra a
impossibilidade da neutralidade científica (FREIRE, 2004; 2006).
Por isso, ao mesmo tempo, com esse texto, fazemos uma
homenagem a Paulo Freire pela passagem dos 20 anos de sua “Páscoa”,
sua “Travessia” deixando como legado sua autenticidade de quem morre
para viver (FREIRE, 1974), sabendo que ele permanece vivo entre nós, na
nossa palavração, na nossa práxis de educador popular no Ensino
Superior, por isso, iniciamos também esse artigo com algumas palavras
sobre nosso Patrono da Educação no Brasil (BRASIL, 2012).
Por isso, esse texto é um discurso no âmbito da utopia, como
entendia Freire (2006, p. 58), num movimento dialético tripartite de
denunciar as injustiças, anunciar a superação desse modelo político
insustentável e testemunhar uma nova sociedade, justa e solidária.
2Sem querer desmerecer a entidade selecionada, mas a título de esclarecimento, meu temor
é o caráter essencialmente técnico da Fundação Vanzolini na área da Engenharia da
Produção. Segundo seu próprio site, ela “(...) é uma instituição privada, sem fins lucrativos,
criada, mantida e gerida pelos professores do Departamento de Engenharia de Produção da
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). A instituição tem como objetivo
principal desenvolver e disseminar conhecimentos científicos e tecnológicos essenciais à
Engenharia de Produção, à Administração Industrial, à Gestão de Operações e às demais
atividades relacionadas que realiza com total caráter inovador. (...) é também um centro de
referência internacional em temas de destaque para as empresas privadas e para entidades
do setor público que buscam alcançar e manter padrões elevados de desempenho”.
Segundo essas informações, há certa carência de expertise pedagógica para a construção da
versão final nos próximos dois anos em diálogo com a diversidade de sujeitos desse
processo na base da educação nacional. Disponível em: <http://vanzolini.org.br> Acesso em:
22 maio 2017.
3 Diário Oficial da União (DOU) de 23 de Março de 2017. Disponível em:
Considerações finais
“Se nada ficar destas páginas, algo, pelo menos,
Esperamos que permaneça: nossa confiança no povo.
Nossa fé nos homens e na criação de um mundo
em que seja menos difícil amar”. (Paulo Freire)
Referências
AÇÃO EDUCATIVA (Org.). A Ideologia do Movimento Escola Sem Partido:
20 autores desmontam o discurso. São Paulo: Ação Educativa, 2016.
ALBUQUERQUE, D. M. Bolsas de produtividade em pesquisa ameaçadas.
Publicado em 18.10.2016. Disponível em: <https://blogdodijaci.
blogspot.com.br>. Acesso em: 05 jun. 2017.
ARAÚJO FREIRE, Ana Maria. Analfabetismo no Brasil: da ideologia da
interdição do corpo à ideologia nacionalista, ou de como deixar sem ler e
escrever desde as Catarinas (Paraguaçu), Filipas, Madalenas, Anas,