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ISSN da publicação: ISSN 2175-6880 (Online)

Anais do Evento 2010


Volume 7
Trabalhos apresentados no Grupo de Trabalho 07 - Pensamento Social e Relações
Raciais no Brasil

Coordenadores:
Prof. Dr. Alexandro Dantas Trindade (UFPR)
Profª Drª Simone Meucci (UFPR)
Maria Izabel Machado
Hilton Costa

Ementa: Este Grupo de Trabalho visa debater, numa perspectiva ampla, duas linhas de
investigação que, embora estejam interligadas em inúmeras reflexões do pensamento sociológico
brasileiro recente, possam vir a ser apresentadas em suas respectivas especificidades analíticas.
Nesse sentido, esse GT visa debater as ‘Interpretações do Brasil’ nas produções sociológica,
literária, iconográfica, musical e cinematográfica, assim como as condições sociais de sua produção
e circulação, abordando também a avaliação e a crítica do legado colonial brasileiro, destacando-se,
dentre outros aspectos, a escravidão, a mestiçagem e o privatismo. Discute-se também as diferentes
abordagens do pensamento social brasileiro, tais como determinismo e condicionamento racial e
geográfico; cultura e diversidade; desigualdade social e dinâmica do capitalismo periférico. Sob
esse prisma, pesquisas sobre trajetórias intelectuais, movimentos sociais, relações raciais,
movimentos culturais e artísticos em perspectiva comparada, dentre outras, compõem o escopo de
análises sobre o qual esse GT pretende ser uma amostra significativa das contribuições presentes na
sociologia no Brasil, implicando, por fim, no debate sobre os efeitos das interpretações nas políticas
sociais e na produção cultural brasileira contemporânea.

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EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO: A SOCIOLOGIA DE MARIALICE MENCARINI
FORACCHI

Tatiana Gomes Martins

RESUMO

O objetivo central deste trabalho consiste em discutir o lugar da Educação enquanto problema de
investigação para a sociologia Brasileira dos anos 1950 e 1960 tendo como foco a obra da socióloga
Marialice Mencarini Foracchi, ou seja, pretende-se levantar os elementos que balizaram a definição
da Educação como problema sociológico estratégico e que são expressos nos trabalhos da autora.
Trata-se de parte de uma pesquisa sobre os fundamentos da Sociologia da Educação produzida no
período que procura reconhecê-los como parte do movimento de idéias que circulavam na
Sociologia Brasileira e relacioná-los aos dilemas do processo de modernização brasileiro,
entendidos como forma de enfrentamento da questão nacional.

Palavras chave: Marialice Mencarini Foracchi, Sociologia da Educação, Educação, Questão


Nacional

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EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO: A SOCIOLOGIA DE MARIALICE MENCARINI
FORACCHI

Tatiana Gomes Martins 1

A obra de Marialice Mencarini Foracchi 2 (1929-1972) consta dentre as principais


contribuições da Sociologia Brasileira na área da Educação. Seus estudos têm importância
reconhecida, sendo considerados referência para a análise do estudante e da juventude brasileira 3 .
Ao lado dessa especificidade, contudo, figuram os laços de sua obra com as propostas, orientações e
investigações de uma vertente da Sociologia Brasileira e que se debruçava sobre os processos de
mudança social procurando não apenas compreender as transformações em curso na sociedade
brasileira, mas, também, criar as bases para uma Sociologia Aplicada. Nesse sentido, sua obra
levanta elementos fundamentais para se compreender como a Educação se constituiu como
problema fundamental para a Sociologia dos anos 1950 e 1960 e como esse lugar privilegiado
respondia às demandas da sociedade brasileira do período. Essa perspectiva é aberta na medida em
que se faz uma aproximação entre a incorporação da problemática da Educação pela Sociologia
Brasileira e a forma de problematização da questão nacional no período correspondente ao de auge
e crise do desenvolvimentismo.
É possível identificar uma convergência entre Sociologia e Educação a partir da
problemática da questão nacional, principalmente quando se tem em vista uma Sociologia
fortemente mobilizada pela interpretação dos processos de mudança social. Mesmo levando em
conta análises que procuram dissociar a questão nacional dos processos de Revolução Burguesa e

1
Pós-Doutoranda – Sociologia/Unicamp
2
Marialice Mencarini Foracchi foi destacada pesquisadora e professora ligada à Universidade de São Paulo,
onde realizou sua formação acadêmica desde a graduação (1958) até o Doutorado (1965) e tornou-se livre-docente
(1970).
3
Nas palavras de Martins (1997): “Este livro é, também, um documento sobre um período da história brasileira
carregado de esperanças e desilusões. Marialice acompanhava as evoluções, as manobras, os ataques e recuos das suas
personagens no próprio dia-a-dia e procurava situar sociologicamente cada fato novo derivado de tantos tensos
confrontos. Essa história ainda não está concluída. Através dela a Universidade e seu lugar histórico, seu
empobrecimento político, suas misérias crescentes, surge se despedaçando, brandando por uma grandeza perdida ou
nunca tida senão nas aspirações generosas sucessivas jovens gerações. (...) Estou convencido de que hoje é impossível
escrever honestamente sobre os movimentos estudantis e os conflitos de gerações em nosso país sem ampla referência
aos trabalhos dessa autora. Como seria muito estranho ministrar cursos sobre educação, sobre a Universidade, sobre o
estudante, sobre a situação de ensino, sem o recurso também amplo aos seus estudos sérios, provocativos,
esclarecedores, profundos e cuidadosos. Só a decadência da Universidade, lamentável sem dúvida, explicaria a exclusão
dessa estudiosa dos excluídos e quem melhor os compreendeu”. (MARTINS, 1982, p. VII – IX).
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Industrial 4 , o referencial, nesse caso, se aproxima das interpretações que compreendiam o
encaminhamento da questão nacional a partir daqueles contextos 5 . A Sociologia, como disciplina
constitutiva da Modernidade vinculou-se, num primeiro momento, às questões e aos problemas
suscitados pelas Revoluções Burguesas, como a urbanização, a industrialização e o
desenvolvimento do capitalismo, a secularização e a construção nacional, procurando não apenas
diagnosticar os processos de mudança, mas também definir alternativas de orientação do curso das
transformações, o que marcava o clima da época (HOBSBAWM, 2004a; 2004b). A Educação, por
sua vez, também estabelece uma relação estreita com um projeto de Modernidade, na medida em
que a sistematização e a institucionalização de uma Educação Nacional emergem desse contexto
como elemento chave para a reconstrução social pretendida, sobretudo no que dizia respeito à
constituição do Estado-Nacional e a reconstrução das bases de uma identidade nacional 6 . Esse lugar
foi garantido por sua capacidade de incidência sobre os principais pontos que o processo exigia
como a consolidação de novas formas de sociabilidade, de uma cultura nacional e dos valores
liberais burgueses (HOBSBAWM, 2004b). Esses pontos convergem com os principais dilemas
enfrentados pela Sociologia na interpretação da constituição da sociedade moderna e industrial, tais
como: a definição dos agentes da transformação ou da conservação social, a interpretação do papel

4
Nesse caso, a questão se coloca enquanto movimento de construção da nacionalidade, o que põe em destaque
o processo social e histórico de emergência de um projeto nacional, ou seja, entra em questão a problemática da
construção de uma identidade cultural como base de um movimento nacional. Segundo Hroch (2000), trata-se da
emergência de uma consciência nacional fortemente atrelada a uma memória coletiva construída historicamente por
meio de uma vivência social e cultural comum e na qual a língua joga papel fundamental para a comunicação e a
transmissão cultural. Esses seriam os antecedentes de um processo de mobilização que se organizaria,
progressivamente, até adquirir caráter de massa.
5
Seguindo a linha de Hroch no que diz respeito à compreensão das fases de desenvolvimento do movimento
nacional, Hobsbawm (2004a) destaca a construção dos Estados Nacionais, em meados do século XIX, como movimento
que tem como base o princípio de nacionalidade, ou seja, o reconhecimento das características comuns de um povo, em
especial a língua. Por outro lado, analisando a formação nacional enquanto parte das transformações resultantes do
processo de Revolução Burguesa, incorpora outro elemento fundamental desse processo, ou seja, a maneira pela qual o
Estado cria a Nação. Aqui, destacam-se os mecanismos por meio dos quais o Estado procurava construir uma identidade
cultural e institucional (HOBSBAWM, 2004b). Essa perspectiva abre caminho para a compreensão da questão nacional
como expressiva da luta de classes, equacionando o problema nos termos de uma ideologia nacional que corresponde
aos interesses do capitalismo em expansão (HOBSBAWM, 2004b, BAUER, 2000)
6
Sem com isso deixar de considerar a dimensão da socialização que está na base da discussão sobre a
constituição de uma identidade nacional e as diversas ramificações a partir das quais são colocadas as relações entre
Educação e Modernidade.
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do Estado e dos diferentes grupos no processo e a identificação dos recursos, instrumentos e
estratégias disponíveis 7 .
Problematizados pelos sociólogos brasileiros nos anos 1950 e 1960, esses dilemas
expressam determinada forma de mobilização da questão nacional brasileira que girava em torno da
peculiaridade dos processos de industrialização e modernização nos chamados países
subdesenvolvidos ou em vias de desenvolvimento. Nesse caso, é importante levar em conta um
contexto social marcado por um salto de industrialização 8 e de modernização 9 que permitiu a
incorporação daqueles dilemas a partir de um contexto de circulação de idéias bastante
característico, vinculando estreitamente a Sociologia à problemática do desenvolvimento e a suas
implicações políticas. Essa vinculação não apenas se concretizou enquanto definição de um objeto
de pesquisa, mas também sustentou a atribuição de um protagonismo intelectual à Sociologia 10 . Daí
se depreende que essa centralidade da questão do protagonismo do processo de transformação
social – que exerce força magnética sobre os demais temas abordados pela sociologia da mudança
social, ou do desenvolvimento brasileiro – descortina dois caminhos analíticos para se compreender
a incorporação da questão educacional enquanto problema sociológico nos anos 1950 e 1960. De
um lado, coloca em questão a maneira pela qual a Sociologia, mobilizando a temática da Educação,
procura responder ao diagnóstico do papel dos diferentes agentes no processo de consolidação da
sociedade moderna e industrial brasileira. De outro, permite analisar como a definição de um papel
intelectual canalizou os interesses da Sociologia pela Educação. Esses dois caminhos analíticos
permitem elucidar a maneira pela qual se estreitam os laços entre Sociologia e Educação revelando
diversas facetas dessa relação.
Ao mesmo tempo, esse movimento das idéias sociológicas acerca do tema está inserido num
processo mais amplo de definição do protagonismo do processo de Revolução Burguesa no Brasil

7
Não se trata de restringir a problemática sociológica e educacional aos termos das Revoluções Burguesas,
mas de levantar os principais problemas que emergem desse contexto. A condução e a forma de problematização dos
mesmos distinguem as interpretações, da mesma forma que definem diferentes posicionamentos políticos em relação ao
projeto nacional.
8
Sobre o salto de industrialização da economia brasileira, consultar Baer (1995) e Mello (1986)
9
Maria Arminda do Nascimento Arruda, mostra como esse clima marca a produção cultural paulistana no
período (ARRUDA, 2001). Sobre as transformações no estilo de vida que caracterizam o processo de urbanização
brasileiro ver Mello e Novais (1988).
10
O debate entre Florestan Fernandes e Guerreiro Ramos é expressivo dessa vinculação (MARTINS, 2008).
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que marca profundamente os países de passado colonial e do qual emergem duas personagens
fundamentais: o Estado e as classes médias. No primeiro caso, é importante destacar o processo de
fortalecimento da ação estatal na condução do processo de industrialização brasileiro desde o
primeiro governo Vargas 11 . No plano social, coloca-se o problema da identificação das bases de
sustentação ideológica desse protagonismo estatal. Segundo Décio Saes (1995), na ausência de
vinculação ideológica da burguesia brasileira com um projeto nacional, é a classe média
progressista que, em função de sua situação de trabalho e da estreita aproximação com os processos
de urbanização e de industrialização, encampa esse projeto.
A incorporação da temática da Educação na Sociologia Brasileira dos anos 1950 e 1960
exprime a confluência desses fatores e, dessa forma, adquire importância fundamental na
compreensão do encaminhamento da questão nacional brasileira no período. Como já foi dito, a
reflexão sobre a Educação nas ciências sociais do período se insere em um contexto de circulação
de idéias mostrando-se parte dessa abordagem particular da questão nacional brasileira dos anos
1950 e 1960, em que o problema do desenvolvimento brasileiro se sobressai, tanto em termos de
interpretativos quanto políticos, já que os diagnósticos visavam intervir nesse processo. Dessa
forma, a Educação torna-se um dos objetos da investigação sociológica sobre o desenvolvimento
brasileiro. Nos anos 1950 e 1960, antes do Golpe de 1964, o tema emerge das discussões sobre os
processos de industrialização, urbanização e modernização da sociedade brasileira inserindo-se na
perspectiva de uma Sociologia Aplicada. Essa orientação fundamentou a criação do CBPE (Centro
Brasileiro de Pesquisas Educacionais) no Rio de Janeiro em 1955, que ampliado pelo
estabelecimento dos Centros Regionais nas cidades de Porto Alegre, Salvador, Recife e São Paulo,
institucionalizou a proposta de aproximação entre a Sociologia e a Educação nas décadas de 1950 e
1960.
O Centro, vinculado ao INEP, sob a direção de Anísio Teixeira, e à ONU (Organização das
Nações Unidas), é fundado com o objetivo de se tornar locus de produção e formulação de políticas

11
Esse processo se estendeu à esfera da educação, que não fugindo à regra, se apresenta como instrumento de
construção do Estado. Como destaca Sônia Draibe (2004), a questão nacional da educação envolveu as demandas e
tensões do processo de consolidação do Estado capitalista brasileiro colocadas, em especial, nos termos da formação da
cidadania e da qualificação profissional. Nesse sentido foi encaminhada uma série de mudanças que consolidaram a
constituição de um sistema educacional estatal que vão desde a criação do Ministério da Educação e Saúde
(desmembrado em 1953) e aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação em 1961.

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públicas na esfera da educação, e essas deveriam estar em consonância com as tendências
modernizadoras da sociedade brasileira. Nesse sentido, unem-se as demandas de pesquisas na área
da Educação e as tendências nas ciências sociais no momento (PAOLI, 1995). No plano
institucional, a combinação entre as duas áreas de conhecimento, se estruturou na definição das
atividades em, dois departamentos, o DEPE (Divisão de Estudos e Pesquisas Educacionais) e o
DEPS (Divisão de Estudos e Pesquisas Sociais) 12 . Segundo Silva (2002), enquanto no primeiro se
realizavam pesquisas de levantamento de dados quantitativos da situação educacional e iniciativas
de formação e aperfeiçoamento de quadros do magistério, no segundo as pesquisas adquiriam
caráter acadêmico, voltados mais para a problemática da socialização e da mudança social que para
a educação escolar propriamente dita.
Ainda que se leve em conta essa predominância da problemática da mudança social, o fato
de a proposta multidisciplinar não garantir a efetiva articulação entre as pesquisas e o papel do
Centro como financiador de pesquisas nas ciências sociais 13 , não se pode deixar de reconhecer sua
contribuição enquanto espaço de circulação das idéias que expressavam a concepção da Educação
como problema social e sociológico, ou seja, como setor estratégico de pesquisa nas ciências sociais
que visavam responder às demandas do desenvolvimento brasileiro. Essa perspectiva, contudo, não
se restringiu ao CBPE e pode ser observada em um importante momento de discussões sobre o
desenvolvimento da sociedade brasileira nas ciências sociais, o Seminário Internacional
Resistências à Mudança: fatores que impedem ou dificultam o desenvolvimento organizado
CLAPCS (1959) no qual a Educação figurou como um dos tópicos em debate – e, também, no
interior do INEP que editava a Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos.
Além disso, é importante destacar que grandes nomes das ciências sociais participaram das
discussões e pesquisas no CBPE como Florestan Fernandes, Antonio Candido, L. A. Costa Pinto,
Darcy Ribeiro, Donald Pierso, Gilberto Freyre, Octavio Ianni, Fernando Henrique Cardoso. O
CRPE-SP (Centro Regional de Pesquisas Educacionais de São Paulo) abrigava, além da pesquisa de
Marialice Mencarini Foracchi, então assistente de Florestan Fernandes, trabalhos de Octávio Ianni,

12
Além do DEPE e do DEPS também constavam da estrutura o DDIP (Divisão de Documentação e
Informação Pedagógica e a DAM (Divisão de Aperfeiçoamento do Magistério (SAVIANI, 2008).
13
Essa perspectiva é levantada por Xavier (2000). Paoli (1995), por sua vez, ressalta a importância do centro
na profissionalização da atividade de pesquisa nas ciências sociais.
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Fernando Henrique Cardoso, Ruth Cardoso, Renato Jardim Moreira, Luiz Pereira, Tamás
Szmrecsányi, Maria Sylvia Franco Moreira (PAOLI, 1995). Nesse caso, a figura de Florestan
Fernandes destaca-se não apenas por agregar e orientar as pesquisas junto à Cadeira de Sociologia I,
mas também por contribuir diretamente com o debate acerca do tema educacional e sua
problematização por parte das ciências sociais. Nesse sentido, além do balanço e das sugestões aos
projetos de constituição e ao encaminhamento das atividades do Centro, a partir dos quais Florestan
Fernandes apresenta teses que fundamentam a relação entre Educação e os processos de mudança
social 14 , também expõe uma versão sistematizada dessas teses no livro Ensaios de Sociologia Geral
e Aplicada de 1960. Neste livro, Florestan Fernandes fundamenta a importância da educação na
formação de personalidades adaptadas a uma sociedade democrática, ou seja, destaca o papel da
educação no processo de construção do cidadão brasileiro. Trata-se da incorporação de pressupostos
teóricos mannheimianos expressos pelas noções de técnica social, racionalidade substancial e
planejamento democrático e que fundamentam um projeto de construção de uma sociedade
democrática. Dessa forma, a Educação apresenta-se como uma das técnicas sociais que deveriam
moldar, nos indivíduos, a capacidade de deliberar sobre os destinos da sociedade, o que seria
fundamental para uma ordem social democrática 15 . Esses pressupostos também orientam a
interpretação do autor em sua participação na Campanha de Defesa da Escola Pública
(FERNANDES, 1966). Nesse momento, além de Florestan Fernandes, intelectuais de tendências
distintas se envolveram nas discussões sobre a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) que
polarizaravam os interesses da escola pública e da escola privada, constituindo momento expressivo
da dimensão política que a questão da educação ocupava nas décadas de 1950 e 1960 16 .
Nessa linha de interpretação que associa transformação social, educação e participação
política e social se inserem os trabalhos de Marialice Mencarini Foracchi. O foco da análise consiste
14
Segundo Paoli (1995), as sugestões de Florestan Fernandes fundamentadas por essas teses foram
incorporadas ao projeto de criação dos Centros.
15
Para Mannheim (1973), tais técnicas sociais correspondem ao “conjunto dos métodos que visam a influenciar
o comportamento humano e que, quando nas mãos do Governo, agem como meios especialmente poderosos de controle
social”. A definição de racionalidade substancial enquanto compreensão racional totalizante da circunstância envolvida
e de educação como instrumento de formação de personalidades democráticas, em conjunto com as contribuições da
Sociologia está presente em MANNHEIM 1973 (1943); 1972 (1950).
16
Saviani (2008) destaca que os debates podem ser apreendidos em publicações como a Revista Vozes,
vinculada à Igreja Católica, o Correio Paulistano (São Paulo) e a Tribuna da Imprensa em apoio à tendência privatista
e a Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, a revista Anhembi e O Estado de São Paulo que veicularam os
argumentos em defesa da escola pública.
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na compreensão do alcance e dos limites do movimento estudantil partindo de uma reconstrução
sociológica da noção de estudante. Essa reconstrução parte de uma análise do plano das relações
interpessoais, na qual a família figura como grupo social de referência, para o nível das
transformações da sociedade brasileira dos anos 1960. O levantamento dos fatores que caracterizam
a situação de classe é eixo que liga as duas unidades analíticas, o que segundo a socióloga sustenta
empírico e historicamente as idéias de juventude e de estudante. No primeiro caso, foram analisadas
as relações de manutenção entre o estudante e a família, definindo o tipo de vínculo de dependência
constituído a partir dessa relação, sem, contudo, deixar de estabelecer o caráter sociológico da
esfera das relações familiares.

...é preciso ponderar que o fato de ser a relação de dependência suscetível de


caracterização mais nítida no contexto da família em geral, não equivale a
admitir que ela seja socialmente produzida pela família. Pelo contrário – é
justamente porque a família não representam uma entidade abstrata mas
realiza, em sua vivência social, uma situação concreta de classe, que ela é
passível de ser tomada como essencial para a caracterização sociológica dos
estilos de dependência. (FORACCHI, 1965, p. 82, grifo do próprio autor)

Nesse sentido, começa a ser delineada, já nessa esfera, a definição do estudante como
categoria social, pois são identificados os fatores que vinculam as relações de dependência em
relação à família e sua posição sócio-econômica. A ênfase, aqui, é colocada no estudante de classe
média justificada por sua representatividade de mais de 70% dos estudantes universitários 17 . Dessa
forma, destaca a maneira pela qual o estudante se transforma em representante dos interesses de
ascensão social da classe média, evidenciada a partir do tipo de socialização realizada na esfera
familiar.

Convertendo o jovem em estudante, a família está, ela própria, indicando o


processo de transformação por que passa e evidenciando um tipo de
consciência do que representa o jovem como agente da continuidade de sua
posição. Em que direções, contudo, esse processo se desenrola?
Vinculando-se concretamente ao sistema, definindo interesses e integrando-
se à situação de classe, fica sugerido, neste processo interno à família, que o
sistema se transforma, igualmente em sistema de classe. Do ponto de vista
da transformação do jovem em estudante, isto significa que as alterações da
unidade familiar adquirem também um novo significado: a incorporação da

17
A autora incorpora nessa classificação dos estratos B e C.
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dimensão educacional como um dos requisitos do processo de ascensão.
(FORACCHI, 1965, p.117)

Nessa transformação do jovem em estudante que exprime a ideologia de ascensão social da


classe média, um traço se apresenta como fundamental: o trabalho. É o trabalho que garante a
manutenção do estudante universitário de classe média, e portanto que permite sua realização
enquanto estudante e enquanto representante de um projeto de classe média. Por outro lado, é essa
condição de estudante que o afasta dos vínculos de dependência familiar colocando-os em outras
condições calcadas num princípio de reciprocidade e de autonomia parcial. Essa ambiguidade que
se revela na definição da condição de autonomia do estudante, que o afasta e o aproxima da situação
familiar, é entendida como expressão da ambiguidade característica da classe média. É fruto de sua
posição de classe em ascensão que se identifica com as classes dominantes em termos de aspiração
social, mas que é subordinada por estas. Nesse caso, a condição de assalariada define a situação da
classe média e é desdobrada para a compreensão do estudante que trabalha definindo, caráter
parcial e dependente de sua condição e estabelecendo limites a sua atuação política e social.

...os processos sociais e os mecanismos focalizados expressam o fato de ser


a situação de trabalho vivenciada pelo jovem, nos limites da sua condição de
estudante que são, em nossa sociedade, os limites das relações que a classe
média estabelece com as demais classes sociais. A fragmentação dos
elementos vivos da força de trabalho em categorias distintas seria uma
manifestação da situação de dependência da camada média diante das
camadas dominantes e elucidaria o teor das relações que entre elas se
estabelecem. Isto pode ser comprovado pela análise de natureza e das
condições de trabalho do estudante que o caracterizam como trabalho
assalariado de classe média, no qual o indivíduo não participa diretamente
da elaboração do produto, e no transcorrer do qual não detém qualquer
parcela de influência sobre o processo social de produção. Enquanto
atividade “intermediária”, e parcial esta modalidade de trabalho é, não
obstante, essencial ao sistema, porque a classe média representa o
contingente social no qual os mecanismos de preservação do sistema são
reafirmados e redefinidos e – mais do que isto – o contingente suscetível de
ser ideologicamente manipulado, com vista à consolidação do sistema de
classes. Em virtude, porém, das circunstâncias, em que se desenvolve essa
forma de trabalho assalariado, o indivíduo é parcialmente envolvido, é
fragmentado em sua atividade e limitado em sua percepção do processo,
aparentando usufruir uma autonomia ilusória porque, como demonstramos,
obtida ao preço de um vinculamento mais profundo. (FORACCHI, 1965,
p.166-167)
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Para Foracchi, é apenas na condição de estudante que são abertas as possibilidades de
atuação política, mas essa situação não deixa de conter a ambivalência expressiva da vinculação
entre o estudante e a classe média. Na vivência da condição de estudante são abertas as
possibilidades de desenvolvimento de uma consciência de classe, ou seja, por meio da percepção
dos limites impostos a seu projeto de carreira o estudante passa a compreender os obstáculos
impostos a sua classe de origem. Essa percepção das limitações sociais à carreira, de um lado,
delineia um tipo de ação especificamente estudantil, tal como observado nas reivindicações pela
Reforma Universitária que se caracterizam pela contraposição às determinações tradicionalistas na
Universidade. De outro, essa percepção, ao evidenciar a origem estrutural desses obstáculos,
canaliza a ação estudantil para a transformação da sociedade como um todo, conferindo caráter
radical ao movimento. Não obstante, para Foracchi, os marcos desse radicalismo remetem
novamente à ambiguidade da classe média que se contrapõe à ordem tradicional, mas se exime de
imprimir o mesmo tom de contraponto à ordem capitalista. Esse é o diagnóstico acerca do discurso
radical que envolve o movimento estudantil no início dos anos 1960 18 .

Quando situadas num contexto social de referência 19 , o ardor revolucionário


perde, contudo, sua autenticidade: a revolução pregada se confunde com o
movimento ascensional de uma camada que visa obter, a qualquer preço,
consideração e prestígio social. É a “revolução” nos termos e nos limites de
uma classe, que se dirige ao povo, que procura envolver toda a nação mas
que se encontra, de fato, limitada pelas próprias preocupações.
(FORACCHI, 1965, p. 267)

Essa caracterização põe em evidência os limites da atuação política da classe média,


fundamental para a compreensão do contexto de radicalização política do início dos anos 1960.
Nesse contexto, em que se percebe maior penetração do discurso de esquerda na Universidade e
ebulição social que caracteriza o contexto que antecede o Golpe Militar de 1964 20 , a análise traz
uma contribuição fundamental para a compreensão do alcance e dos limites do radicalismo de
classe média no período analisada no âmbito da ação estudantil

18
Para isso, a autora analisa as pautas da AP (Ação Popular), da POLOP (Política Operária), do PCB para a
ação estudantil e do próprio movimento estudantil.
19
A autora se refere às considerações presentes no manifesto da POLOP “Política Universitária e Política
Operária”.
20
Ianni (1975), Skidmore (1988).
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Se a pequena burguesia vive o dilema do desenvolvimento localizando-o
nas limitações que entravam a concretização do seu projeto de classe e se
este é, ideologicamente, justificado como expressão de interesses nacionais,
a capacidade que esta camada, eventualmente, revela de identificar-se com
os “oprimidos”, nada mais expressa senão as aspirações sociais frustradas.
(...) A constituição e a própria continuidade da pequena-burguesia brasileira
depende da consolidação da ordem social competitiva em moldes que não
sejam lesivos aos interesses nacionais que ela pretende encarnar e às
aspirações sociais que ela deseja realizar. Dependeria em última análise, da
sua identificação com o projeto “revolucionário” da burguesia industrial.
(FORACCHI, 1965, p. 246-247)

Essa forma de reconstrução sociológica voltada para a definição dos condicionantes e das
potencialidades de um agente de transformação da realidade brasileira, no caso o estudante, coloca
Marialice Foracchi em sintonia com os dilemas da sociedade brasileira dos anos 1950 e 1960. De
um lado, o privilegiamento da temática da educação e da juventude revela o enfrentamento de
questões centrais das discussões situadas no período democrático do Pós II Guerra e que remetem à
problemática da questão nacional, ou seja: 1) quais são os atores dinamizadores do processo de
modernização brasileiro? 2) como eles se comportam? 3) qual o nível de consciência de seu papel
histórico? 4) como formar essa consciência? 21 . No caso, é o papel do jovem, do estudante e da
Universidade no processo de transformação social que está em questão 22 .
De outro lado, compreendidos como representantes de uma forma específica de
problematização da questão nacional brasileira dos anos 1950 e 1960, os estudos de Marialice
Mencarini Foracchi exprimem o lugar da Educação no contexto de discussões sobre o
desenvolvimento brasileiro, que balizava as disputas políticas. Analisados a partir das discussões
sobre o tema e das tensões político-sociais que dinamizavam o processo de formação da sociedade

21
Mesmo que colocadas nos termos de um processo de racionalização ou se consciência nacional, o foco é
sobre essas questões (MARTINS, 2008).
22
De outro lado, no contexto do governo autoritário, as discussões sobre participação política e sobre a
Universidade tratam diretamente dos problemas da democracia e dos processos de tecnicização e de burocratização
fundamentais nas discussões do período Diante do tratamento destinado à educação pelo governo autoritário, que
imprimiu o caráter técnico, burocrático e economicista a essa esfera, os focos da análise, em geral, se voltaram para a
denúncia do caráter reprodutivo da escola (BRANDÃO, 2001; SAVIANI, 2008). Aqui, vale destacar também, o livro A
participação social dos excluídos, que reúne textos escritos pela autora entre 1954 e 1972. Esse livro, além de alargar a
pesquisa para outros momentos de formulação das idéias sobre as questões tratadas anteriormente, o que amplia o
universo da pesquisa, também abre caminho para interpretação de outros temas e diálogos estabelecidos pela autora,
sobretudo aqueles que envolviam os problemas da marginalidade, da exclusão e dos movimentos sociais com os quais a
autora vinha trabalhando no momento que antecede seu falecimento.
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moderna capitalista brasileira, permitem estabelecer os parâmetros que colocaram a Educação em
posição se não principal, pelo menos relevante na investigação sociológica e no próprio processo de
transformação social brasileiro daqueles anos de auge e crise do desenvolvimentismo. Desse modo,
a própria perspectiva da autora, tomando-se como referência a incorporação da temática da
Educação enquanto possibilidade de realização de uma Sociologia Aplicada, também pode ser
analisada a partir dos pressupostos de atuação intelectual que pautam essa concepção. Nesse
sentido, também pode ser aproximada de uma perspectiva progressista, ou radical de classe média 23 ,
já que, nela, estão contidas as alternativas de superação do conservadorismo brasileira via técnicas
racionais de controle, em especial, a Educação.

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23
Segundo Saes (1983), há uma convergência entre as demandas de melhoria das condições materiais da baixa
classe média progressista com as das classes baixas. Antônio Candido (1990) define como radicalismo “o conjunto de
idéias e atitudes formando contrapeso ao movimento conservador que sempre predominou” (p.4).
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