11/10/2018 RESENHA CRÍTICA: Escola e Democracia, de Dermeval Saviani.

– Ombudsteacher

Educação brasileira vista de outras nuances.

janeiro 14, 2016agosto 11, 2018 por Editorial

RESENHA CRÍTICA: Escola e Democracia, de

Dermeval Saviani.

Neste post irei compartilhar com vocês uma das diversas resenhas que produzi durante o segundo
semestre do curso de Licenciatura em Pedagogia. Esta resenha foi escrita para a disciplina de
Fundamentos Sociológicos da Educação e aborda o primeiro capítulo do livro Educação e
Democracia, do sociólogo brasileiro Dermeval Saviani.

REFERÊNCIA

SAVIANI, D. Escola e democracia: teorias da educação, curvatura da vara, onze teses sobre a
educação política. p.15-42. 36. ed. Campinas, SP 2003.

Obra completa: h ps://drive.google.com/file/d/0B3VYsXCM0eIUVHgycXpOaVB3NzA/view?

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RESUMO DO CAPÍTULO

Na obra “Escola e Democracia”, Saviani (2003) aborda no primeiro capítulo “As teorias da
educação e o problema da marginalidade”, onde o autor estuda, por meio de uma analise
descritiva e comparativa, as teorias criticas e não criticas da educação e indica a condição do
marginal em cada teoria. Isso é, reflete sobre teorias que entende a educação como meio para
implantar a igualdade na sociedade e reflete também sobre teorias criticas reprodutivas que dizem
que a educação é um instrumento de discriminação social, sendo, portanto, um fator para a
marginalização.

Logo no inicio do capitulo, o autor define que nas teorias não criticas a marginalidade deve
ser corrigida por meio da escola.

A marginalidade é, pois, um fenômeno acidental que afeta individualmente a um número

maior ou menor de seus membros o que, no entanto, constitui um desvio, uma distorção do que
não só pode como deve ser corrigido. A educação emerge aí, como um instrumento de correção
dessas distorções. (SAVIANI, 2003 p. 16).

As teorias não críticas – que levam este nome por encarar a educação como autônoma – são:

Pedagogia Tradicional: Nesta teoria a educação é entendida como um remédio à

ignorância, isto é, o marginalizado é entendido como ignorante e por conta disso precisa assimilar
conhecimentos acumulados durante toda a história de forma sistematizada e lógica para que então
possa sair da condição de marginal. O professor, segundo esta teoria, deve garantir que os
conhecimentos são transmitidos. Esta teoria não se consolidou, pois estava longe de conseguir a
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universalização da educação e a superação da marginalização, pois mesmo os alunos que se saiam

bem na escola quando entrava em contato com a sociedade não conseguia se ajustar ao que a
sociedade necessitava. Surge então outra teoria.

Pedagogia Nova: Iniciada de modo restrito a Pedagogia Nova surge como uma alternativa
à escola tradicional. Nesta teoria o marginal já não é mais entendido como o ignorante, mas sim
como rejeitado. É durante a utilização desta teoria que surge Maria Montessori com seus métodos
para a inserção dos ditos “anormais”. A partir da formulação de uma educação para “anormais” e
rejeitados é que se entende que somos indivíduos diferentes e precisamos, portanto, de um ensino
que seja ajustado ao aluno. Se na teoria anterior o professor era entendido como peça-chave para a
educação, nesta teoria o foco se volta para o aluno, pois todo o trabalho pedagógico é desenvolvido
para atender as suas necessidades. Porém esta teoria também não obteve sucesso, pois custava
muito aos cofres públicos sua implantação.

Pedagogia Tecnicista: Na última teoria analisada por Saviani, nos grupos de teorias não
criticas, temos a pedagogia tecnicista que surge após o fracasso provocado pela pedagogia nova.
Nesta teoria o processo educativo é entendido de maneira objetiva e operacional. Durante a
pedagogia tecnicista se expande os métodos de ensino que tem como objetivo a formação rápida,
como, por exemplo, o ensino à distância. Objetiva-se nesta concepção de educação a formação de
mão de obra. Nesta teoria o marginalizado, segundo Saviani (2003) não é mais o ignorante, muito
menos o rejeitado, mas sim o incompetente, e é função da educação torna-lo um sujeito eficiente
capaz de contribuir ativamente no processo de aumento da produtividade.

Saviani (2003) conclui este primeiro grupo de teorias fazendo uma analise do ponto de
vista pedagógico, onde diz que a questão central na escola tradicional é aprender, já na escola nova
é aprender a aprender e na pedagogia tecnicista é aprender a fazer.

Nenhuma destas três teorias fez com que o problema da marginalidade fosse corrigido, ao
contrário, somente contribuiu para o seu aumento.

Na segunda parte do capítulo, Dermeval Saviani faz comparações entre as teorias critico-
reprodutivas. Este grupo de teorias recebe este nome por terem como função básica da educação a
reprodução da sociedade de classes e reforçar o modo de produção capitalista. Neste grupo o autor
também seleciona três teorias, são elas:

Teoria do sistema de ensino enquanto violência simbólica: Desenvolvida por P.

Bourdieu e J. C. Passeron (1975) em “A reprodução: elementos para uma teoria do sistema do
ensino”. Esta teoria entende a educação como meio da classe dominante manter o poder sobre a
classe dominada, isso é, manter o proletariado em situação de dominação. Nesta teoria a escola tem
como função assegurar o que a classe de proletariados não irá avançar, mantendo assim as
desigualdades sociais. Para o autor, a teoria entende o marginal como aquele pertencente à classe
dominada.

Teoria do ensino enquanto aparelho ideológico do estado: Segundo esta teoria, é função
das escolas, assim como das igrejas, da família, da politica e etc. a inculcação de ideologias da classe
dominante. A escola, segundo esta teoria, longe de ser um instrumento de equalização social,
constitui-se como um perpetuador de interesses das classes dominantes. Nessa teoria é entendido
como marginal os indivíduos da classe trabalhadora.

Teoria da Escola Dualista: A última teoria observada por Saviani neste grupo de teorias
crítico-reprodutivas trás a escola divida em duas grandes redes. São elas: Escolas para a burguesia e
escolas para o proletariado. Nesta teoria a função da escola se configura em um instrumento da

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burguesia contra o movimento ideológico do proletariado. Segundo Saviani (2003 p. 39) a escola
“converte os trabalhadores em marginais, não apenas por referencia à cultura burguesa, mas
também em relação ao próprio movimento proletário”.

Para finalizar este capítulo Dermeval Saviani discute que se faz necessário a construção de
uma teoria critica da educação e questiona se seria possível uma escola que seja capaz de contribuir
para a superação da marginalidade, levando em conta as lições que as teorias analisadas pelo o
autor nos trazem.

CRÍTICA DO RESENHISTA

As contribuições de Dermeval Saviani por meio das análises trazidas neste capítulo são de
suma importância para entender a educação e sua função social ao longo da história, ainda de que
de forma breve. As afirmações de Saviani nos leva a compreender os problemas de desigualdade
no país e também entender o porquê da escola pública de qualidade ainda não existir – e se existe,
é para uma minoria – visto que para a classe dominante esta escola é um risco eminente.

A obra certamente leva o educador, o gestor e demais profissionais da educação se

questionarem sobre o sistema de ensino vigente e qual é realmente sua finalidade.

Para citar este artigo:

GALLO, J. V. S. Resenha Crítica: Escola e Democracia, de Dermeval Saviani. Limeira, 14 jan. 2016.
Disponível em: h ps://ombudsteacher.wordpress.com/2016/01/14/resenha-critica-escola-e-
democracia-de-dermeval-saviani/ (h ps://ombudsteacher.wordpress.com/2016/01/14/resenha-
critica-escola-e-democracia-de-dermeval-saviani/) Acesso em: dd/mm/aaaa
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