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ASPECTOS HISTÓRICOS,
TEÓRICOS, VALORES ÉTICOS,
POLÍTICOS E
PROBLEMATIZAÇÃO DA VIDA
COTIDIANA
AULAS 1
TEMA 1 – INTRODUÇÃO
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de assegurar a garantia de direitos humanos e sociais. E quanto à pedagogia,
no sentido de elucidar que a educação ultrapassa as barreiras da educação
formal e se constitui como um instrumento essencial na conscientização dos
indivíduos e na transformação social.
A Pedagogia Social surge na Alemanha no final do século XIX, a partir
das críticas na formação dos professores alemães e encontra terreno fértil para
seu desenvolvimento no contexto do período entre guerras, e, especialmente,
nos pós Segunda Guerra Mundial.
Ao final da segunda guerra a Europa estava em colapso moral, social,
econômico e estrutural. Assim sendo, era necessário que os Estados se
fortalecessem e, a partir disto, criassem sistemas de segurança social,
educacional, habitacional, dentre outros aspectos primários da vida e que
adotassem medidas de auxílio à população, especialmente aos pobres,
desabrigados, mutilados, desamparados, refugiados, órfãos e mulheres. Nesse
contexto, se fortalecem os movimentos por Direitos Humanos e por Direitos
Políticos e Sociais.
Surgem a partir desse contexto, muitas práticas de Educação Social para
atenuar as questões oriundas da guerra, abrandar as desigualdades
socioeconômicas e alavancar o progresso, promovendo o bem-estar social.
As primeiras ações de Educação Social acontecem de modo
concomitante em várias partes do mundo, mas de modo isolado, sem relação
clara entre si. Muitas dessas ações ocorrem a partir da atuação de movimentos
sociais ou em políticas estatais desenvolvidas para atenuar problemas sociais.
Estas práticas têm cunhos e modalidades diferentes em cada contexto político,
social e econômico em que acontecem, mas podemos considerar a partir de
então, as primeiras práticas e estudos sistematizados de Educação Social.
Embora desde a década de 1930 houvesse no Brasil práticas educativas
voltadas a crianças e adolescentes, em especial aos pobres, órfãos e infratores,
assim como, práticas da educação popular, voltadas à democratização da
educação, o viés destas práticas se diferencia em posicionamento político e
filosófico, daquele que se sucede após 1960.
No final da década de 1950 e no início da década de 1960 há um
fortalecimento dos movimentos sociais ligados às igrejas e trabalhadores. O que
se torna terreno fértil para o desenvolvimento de inúmeras práticas sociais
inovadoras, dentre estas muitas voltadas à educação popular.
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Apesar do estabelecimento da ditadura militar no Brasil, perseguir e
enfraquecer alguns movimentos sociais, ainda assim, pode-se dizer que há
continuidade em algumas práticas já existentes, embora muitas vezes, essas
práticas tenham ocorrido na clandestinidade, em movimentos de resistência.
Há também um fortalecimento de práticas estatais que envolvem a figura
do educador social, especialmente no que tange ao trabalho de ressocialização
do adolescente pobre em conflito com a lei e do adolescente em situação de rua.
A partir da década de 1970 a Educação Social é fortalecida no intuito de
minimizar as consequências do quadro social e do esgotamento do Estado de
bem-estar social 1. A diminuição da família extensa; o processo de migração para
os grandes centros urbanos; as modificações do uso dos espaços públicos; a
busca de um local seguro para que as crianças ficassem enquanto aguardavam
seus pais trabalharem; o aumento da participação da mulher no mercado de
trabalho; as novas vivencias políticas oriundas do processo de
redemocratização; a influência de movimentos internacionais pela democracia,
pelos direitos humanos, pelos direitos da criança e do adolescente; o aumento
crescente das críticas do sistema formal de ensino são influencias diretas no
fortalecimento de novas práticas no campo da educação, da assistência social,
da saúde e da psicologia.
Neste contexto, se destaca a figura do educador Paulo Freire que
incorpora e dá substância aos estudos e práticas da educação popular e
comunitária, e, por conseguinte, estabelece as sistematizações e reflexões que
impulsionam a Educação Social no Brasil. Paulo Freire, por suas obras e por sua
atuação inovadora em vários projetos de educação e educação popular
desponta como um dos principais teóricos da Educação Social.
Paulo Freire se dedicou ao estudo do processo de alfabetização, em
destaque a educação de jovens e adultos, o método de alfabetização
desenvolvido por Freire inspirou o Plano Nacional de Alfabetização. O método
de Paulo Freire tem foco no processo de ensino aprendizagem e na
conscientização política e social do educando, com o viés da autonomia e da
emancipação da classe trabalhadora.
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Estado de bem-estar social designa o Estado que assume o cunho assistencial, que visa
garantir padrões mínimos de educação, saúde, habitação, renda e seguridade social a todos os
cidadãos.
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As práticas freirianas de alfabetização lhe renderam severas críticas da
elite, pois o processo de alfabetização crítica desencadeou realizado na
educação de jovens e adultos trabalhadores, rendeu inúmeras reivindicações por
melhores condições de trabalho e por direitos trabalhistas, o que culminou em
acusação contra Paulo Freire de apregoar ideias comunistas. A acusação de
comunista resultou na prisão e exílio de Freire até a década de 1980. No exílio
Paulo Freire trabalhou em projetos e lecionou em universidades, dando
continuidade aos seus estudos e a escrita de seus livros voltados a uma nova
postura crítica em relação à Educação.
Paulo Freire assume em 1988 o cargo de Secretário da Educação do
Município de São Paulo, cargo este que contribui substancialmente para
divulgação e estruturação de práticas de educação popular e Educação Social,
bem como para o entendimento e disseminação de novos conceitos e
terminologias nesta área.
Saviani (2008) nos coloca a respeito do desenvolvimento da educação
popular e social que:
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passou por vários momentos epistemológicos e organizativos, visando o
fortalecimento das organizações populares e a construção de novos saberes.
Assim sendo, a Educação Social se constituiu como uma estruturação das
práticas de educação popular, porém dentro de um viés de campo de estudo de
construção social de práxis. Deste modo, temos que a Educação Social na
atualidade compreende uma gama de educações, em espaços diferenciados e
diferentes perspectivas
TEMA 3 – CONCEITUAÇÃO
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Educação Social é a ciência que estuda a práxis socioeducativa e a própria práxis em si.
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Conceito ligado à dialética, segundo o qual a teoria se modifica constantemente com a
experiência prática, que por sua vez se modifica constantemente com a teoria. A práxis é
entendida como a atividade de transformação das circunstâncias.
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forças e um campo de lutas para conservar ou transformar esse campo
de forças”. (Bourdieu, 2004, p. 22-23)
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Educações, termo defendido por Gadotti (2012) quando coloca que a educação não é uma
única, pois possui inúmeras manifestações, práticas e concepções.
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estruturação dos elementos que compõem o processo de ensino aprendizagem,
numa constituição específica do ambiente e dos sujeitos que compõem o
processo. Há um planejamento minucioso que segue regras específicas,
baseadas na legislação vigente, bem como em um projeto político pedagógico.
A educação classificada como formal leva em conta o rigor científico, a
finalidade, a necessidade de reconhecimento social, a regulamentação e a
certificação.
A educação informal é aquela que se dá em ambientes informais, sem
intencionalidade educativa e a partir de vivências cotidianas. É o processo de
educação intrínseco ao viver, aquele em que somos: quem aprende e quem
ensina, e, em alguns momentos, concomitantemente aprendemos e ensinamos
ou aprendemos ensinando.
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objetivos claros, diante disto, alguns autores denominam-na de Educação
Intencional.
Na sociedade contemporânea ocidental a educação não formal encontra-
se diretamente ligada a espaços populares, a espaços estruturados a partir de
necessidades emergentes do mundo globalizado pós-moderno, a partir das
desigualdades sociais, da busca das minorias pela equidade de direitos. Esta
forma de educação também está presente em serviços ofertados por algumas
políticas públicas, com vistas minimizar situações sociais e a promover a garantia
de direitos sociais. Segundo Libâneo (2012):
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. 11. ed. Rio de Janeiro: Paz
e Terra, 1980.
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