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Psicologia institucional em terras brasileiras

Roberta Carvalho Romagnoli


Maria Livia do Nascimento

Nossa psicologia e algumas de suas tensões

No final dos anos de 1950, são criados os primeiros cursos de psicologia em nosso
país, e em 1962 esta profissão é reconhecida. Hoje em dia, o Brasil é o país que tem mais
psicólogos no mundo, seguido do México e depois dos Estados Unidos. Segundo os dados
do Conselho Federal de Psicologia (2021), somos 391.853 profissionais, trabalhando nos
mais variados domínios: saúde, educação, trabalho, políticas públicas. Os psicólogos
estão nas clínicas, nos hospitais, nas escolas, nas empresas, nas organizações não
governamentais, nos serviços públicos, nos esportes, nas comunidades, dentre outros. A
psicologia brasileira tem como grande foco de inserção no mercado de trabalho as
políticas públicas. Em um país com grande desigualdade social, a exclusão social e a
pobreza são desafios cotidianos a esta prática profissional e para a formação em
psicologia, nos conduzindo a problematizar as relações de poder, os efeitos de nosso
conhecimento e a necessidade de considerar a complexidade da subjetividade.
Mesmo neste contexto, infelizmente, a psicologia no Brasil tem sua forma
hegemônica calcada no modo-indivíduo de subjetivação, assim chamado por Barros
(2009), independente de sua área de atuação. No modo-indivíduo, forjado no século
XVIII, mas ainda dominante na atualidade, está presente a noção de que no interior do
sujeito se encontra a sua verdade, valorizando-se a sua dimensão privada. Nesta
perspectiva, são destacadas as virtudes e habilidades pessoais pelas quais o indivíduo
alcança méritos de acordo com seu esforço pessoal e isolado, e também recebe críticas e
desqualificações oriundas de seu fracasso, como se estivesse separado das suas inserções
sociais e institucionais. Um dos riscos desta leitura é a atribuição de dificuldades dirigidas
apenas à subjetividade individualizada e dissociada de suas multideterminações, bem
como das condições de produção desses sujeitos. Esta atribuição acaba por particularizar
e personalizar problemas sociais institucionais, que na realidade não estão relacionados
com indivíduos, mas com as relações que se estabelecem a partir de uma instituição e dos
seus efeitos.
Ao estudar a necessidade de outra leitura da subjetividade para sustentar a atuação
do psicólogo em sua inserção nas políticas públicas, Silva e Carvalhaes (2016) destacam
o viés normalizador da leitura acima e apontam para a necessidade de desmonte de certas
verdades oriundas do paradigma moderno da ciência. Paradigma que tem se amparado
em homogeneizações, desconsiderando os atravessamentos históricos e sociais, as
singularidades e os saberes outros que compõem essa realidade. De fato, o controle social
muitas vezes exercido pelo profissional de psicologia se ampara na naturalização desse
modo-indivíduo, baseada no discurso científico, totalitário e generalizante, que sustenta
as dissociações teoria e prática, sujeito e objeto, pesquisador e campo de pesquisa. Lógica
que precisa ser reinventada, escapando da mera reprodução do que já existe.
No movimento de descentralização da lógica individual e buscando os
atravessamentos históricos e sociais, a Psicologia no Brasil é, também, um campo de que
abriga as ideias institucionalistas, insistindo nos contextos, nas relações de poder, nos
efeitos das práticas no cotidiano das políticas públicas, dentre outros. Indo nessa direção,
muitas universidades incluem em suas grades curriculares de graduação em psicologia a
disciplina Psicologia Institucional. Além disso, podem também ser encontrados nos
processos de formação, por meio de estágios, projetos de extensão e pesquisa
atravessados por essa temática. Tal conjunto de práticas permite repensar as verdades
instituídas no campo psi e possibilita invenções que se afastam das já anteriormente
apresentadas naturalizações e dicotomias sistematicamente, presentes na formação e na
atuação em psicologia.
Nesse país com fortes contradições e grandes desigualdades sociais, essas ideias,
que colocam em análises pensamentos e práticas instituídas, começam a circular na
década de 1970, graças aos argentinos que chegaram ao Rio de Janeiro, buscando escapar
da ditadura no seu país. A partir daí, este movimento foi introduzido sistematicamente no
Rio de Janeiro e em outras cidades da região Sudeste, dentre elas Belo Horizonte. De
acordo com Rodrigues (1999), o campo de ação inicial dos institucionalistas era a saúde
mental. Naquele momento histórico, defendiam a prática grupal, com a articulação
interdisciplinar associada aos setores populares. À época, também, o institucionalismo
começa a se disseminar em alguns departamentos e grupos de pesquisa de universidades
brasileiras dentre outras organizações, congregando os mais diferentes tipos de
profissionais.
Na década de 1980, sobretudo depois da abertura política após a ditadura civil-
militar de 1964, firmam-se as abordagens da Análise Institucional de René Lourau e

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Georges Lapassade, e as contribuições de Michel Foucault e da Esquizoanálise de Gilles
Deleuze e Félix Guattari como sustentáculos da leitura institucionalista. Com certeza, este
é um movimento plural marcado por um conjunto de afinidades e diferenças, que tem
certas peculiaridades no Brasil, dentre elas a interface com Michel Foucault. Este
movimento teve, e ainda tem, uma inserção heterogênea no Brasil, uma vez que está
presente não só no campo da saúde mental, mas também na saúde coletiva, na educação,
na assistência social, dentre outros.
Como sabemos, as ideias institucionalistas não possuem somente uma gênese
teórica ligada aos estudos dos conceitos atentos às demandas acadêmicas. Possuem,
também uma gênese ligada aos movimentos sociais, às expressões coletivas que emergem
no tecido social e às manifestações instituintes mais libertárias. Na verdade, essas duas
dimensões veem sempre juntas, pois não se pode analisar e compreender textos insistindo
em sua independência das condições concretas, das conjunturas que os produziram. Do
mesmo modo, não se entende um movimento social sem conhecer o pensamento que o
inspira (Baremblitt, 1992). Enfim, não há separação entre teoria e prática. As gêneses aqui
referidas são ambas forças constitutivas da emergência do institucionalismo em nosso
país, que se fez com uma associação peculiar com Michel Foucault, especialmente com
suas contribuições sobre a constituição do sujeito e a analítica do poder. Desse modo,
importantes movimentos sociais sustentaram a construção desse campo no Brasil, sendo
a Saúde Coletiva e a Reforma Psiquiátrica os destaques.
De acordo com L’Abbate, Mourão e Pezzato (2013) a Saúde Coletiva surge no
Brasil na década de 1970, com o movimento da reforma sanitária, no contexto da luta
contra a ditadura civil-militar, em busca da melhoria das condições de vida da população.
Constitui-se a partir da crítica ao universalismo naturalista do saber médico, ao negar que
os discursos biológicos detêm o monopólio no campo da saúde. Admite em seu território
uma diversidade de objetos e de discursos teóricos, sem relação hierárquica e valorativa.
Busca lançar uma ponte entre as Ciências Humanas e o campo da saúde, abrindo para as
dimensões simbólica, ética e política. Busca, ainda, uma análise das relações de poder
que perpassam a instituição saúde.
O institucionalismo emerge, também, associado à Reforma Psiquiátrica, tendo
como principal referência a desinstitucionalização de Franco Basaglia e suas ideias
críticas sobre as teorias e práticas da lógica asilar. No Brasil, este movimento começa
com a luta contra as condições tutelares e violentas das práticas psiquiátricas durante o

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período da ditadura civil-militar. Nesse sentido, a reforma psiquiátrica propõe serviços
substitutivos que operam em rede para o tratamento da loucura.
Esses dois movimentos do campo da saúde fazem contato com as ideias de Michel
Foucault, que inclusive esteve no Rio de Janeiro em 1973, para debater o poder
psiquiátrico, e em 1974, para apoiar o movimento sanitário e questionar as tendências
privatizantes da ditadura. Félix Guattari, também visitou o Brasil, em 1982, e após sua
vinda publicou o livro Micropolítica: cartografias do desejo em conjunto com Suely
Rolnik, insistindo em uma subjetividade coletiva e política, para além de uma dimensão
psicológica e representacional. René Lourau, por sua vez, esteve no Brasil quatro vezes
entre 1982 e 1995, dando cursos e fazendo trocas com os institucionalistas brasileiros.
Nesse cenário, as ideias desses pensadores são utilizadas de forma singular no
Brasil, que nos chegam como parceiros para colocar em análise relações de poder e para
sustentar práticas inventivas. Temos um rico diálogo entre essas correntes no campo da
Psicologia, sempre em associação com intervenções e com a produção de conhecimento
comprometida com a problematização das práticas sociais. Usamos estes autores para
pesquisar e pensar “com”, valorizando o conhecimento produzido no Brasil e prestando
atenção às inúmeras resistências e subversões que surgem das fissuras do projeto moderno
da ciência. Não estamos à procura da verdade, da naturalização ou da normalização do
que estudamos. Em diálogo com esses autores, afirmamos, nos processos de formação
universitários, a multideterminação da realidade, a heterogeneidade e a diferença.
A psicologia participou ativamente desses movimentos sociais e da difusão
dessas ideias, inserindo-os na formação dos psicólogos. Nesse contexto, defendemos a
potência afirmativa da heterogênese em associação à singularidade brasileira. Isso
propicia a criação de estratégias originais, de agenciamentos que têm como efeito a
desnaturalização das instituições nas quais os psicólogos se inserem, colocando-as em
análise e reiterando a impossibilidade de manter as dicotomias teoria-prática, sujeito-
objeto, indivíduo e social. Tal movimento de invenção, efetuado por psicólogos,
pesquisadores e professores de psicologia brasileiros em parceria com os autores
franceses, tenta recuperar o coletivo e as redes, seja a partir das interdependências entre
instituído e instituinte, dos questionamentos das relações de poder e da naturalização e/ou
a partir dos agenciamentos e da transversalidade que daí podem surgir. Na Psicologia
Institucional, misturamos de forma produtiva e inventiva, leituras epistemologicamente
distintas. Problematizando, assim, as diferenças que o cotidiano insiste em homogeneizar,
para além das hierarquias e da fixidez da academia. Assim sendo, apresentamos a seguir

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uma breve introdução a essas ideias, para em seguida pensar como estão associadas às
singulares práticas de intervenção, pesquisa e formação presentes nos modos brasileiros
de fazer psicologia institucional.

A instituição e sua dialética: René Lourau

Preocupado em imprimir um sentido dinâmico à instituição, que até então era vista
como universal e estática, Lourau (1975) lança mão do pensamento dialético de Hegel
para sustentar os movimentos e as transformações dos movimentos sociais por ele
acompanhados. Para tal, aborda a instituição a partir da dimensão teórica e da dimensão
da realidade. Teoricamente, ele nos apresenta a gênese do conceito de instituição, a partir
de sustentações filosóficas. Tendo em vista sua natureza dialética, o conceito universal e
abstrato de instituição está em constante transformação e reformulação, se delineando no
jogo das negações do particular e do singular. Nesse raciocínio, cada um desses momentos
se fundamenta na negação, na superação e na conservação do precedente. Por outro lado,
a instituição também possui uma gênese prática associada a movimentos e fatos sociais
concretos, estudada pelo autor no que ele denomina processo de institucionalização, e que
corresponde a uma junção da leitura teórica com a análise dos movimentos sociais que se
alternam em rebeldia e repressão (Lourau, 1980). Ao processo de institucionalização,
aparato de negação do movimento social e de afirmação de territórios a-históricos,
corresponde um jogo de intensidades em que o instituído suprime o instituinte em nome
da disciplina, e da manutenção da ordem. Esta análise prática imprime um sentido
dinâmico aos momentos teóricos do conceito.
Entende assim que a instituição só existe em processo, através de deslocamentos
que se dão por oposição de forças contrárias: uma força instituída, que persegue sempre
a conservação do que já existe; e uma força instituinte que busca estados inéditos. Nesta
tensão constante entre forças opostas, localiza-se o processo de institucionalização.
Independentemente de quem as encarna e das especificidades de seu cotidiano, essas
forças compõem as associações humanas e seus embates abundam em nosso cotidiano.
Para se conhecer uma instituição deve-se levar em conta a constante mutação inerente a
todo o processo de institucionalização e a interação entre forças que, por não estarem
diretamente visíveis, podem emergir por meio de analisadores construídos no processo
de intervenção socioanalítica, ou ainda, de maneira espontânea nas instituições, de modo
a desvelar seus conflitos.

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Embora o que está instituído apregoe a existência de harmonia e estabilidade nas
relações humanas, tentando ignorar as diferentes forças que as atravessam e a história que
as constituiu, estas emergem nas instituições por meio dos analisadores. A respeito dessas
tensões e sua relação com os analisadores, Lourau (1980) faz a seguinte afirmação:

A instituição possui o poder de nos objetivar, de nos coisificar dento de


estatutos e funções. O analisador «desobjetiva», desfaz os estatutos e funções,
nos restitui a subjetividade. Daí a tendência, em ocasiões, de privilegiar a esta
última na figura dos desviantes, o que constitui uma maneira de objetivar os
analisadores, de mantê-los à distância no momento em que se lhes exalta. A
instituição possui o poder de fixar em normas as relações livres, vivas
interpessoais tal e como se constituem na vida cotidiana mais íntima, assim
como nos movimentos sociais espontâneos; se trata da institucionalização,
negação de forças instituintes e criação do positivo, do instituído. O analisador
desinstitucionaliza, revela o instituinte achatado embaixo do instituído, e ao
fazê-lo, desordena o instituído. (p. 156). (tradução nossa).

Isso porque “As instituições não são somente os objetos e as regras visíveis na
superfície das relações sociais. Têm uma face escondida. Essa face que a análise
institucional se propõe a descobrir revela-se como não-dito.” (LOURAU, 2004, p. 68).
Nesse sentido, em nosso país, as relações de poder, anunciadas pela Psicologia
Institucional, se escondem na necessidade do instituído, em defesa da harmonia e da
estabilidade, visa a censura à vontade de mudança inerentes a todos os coletivos. No
processo de institucionalização, a predominância do instituído insiste na ausência das
contradições, relega o instituinte ao esquecimento, naturaliza a faceta da ordem e da
reprodução. Por isso precisamos colocar em análise as instituições pelas quais circulamos,
perseguir os conflitos que emergem em situações, episódios, acontecimentos, deixando
que os “não-ditos” aflorem.
Nessa direção Lourau (2004) defende a primazia dos analisadores sobre o analista,
uma vez que são eles que colocam em análise a instituição, que é conhecida a partir do
que nos liga a ela, ou seja, nossa implicação. Isso porque é impossível conhecermos uma
instituição de fora, já que não colocamos nada em análise sem que estejamos encarnando
instituições que falam através de nós. O conceito de implicação, considerado o escândalo
da Análise Institucional, se distancia do senso comum, que o associa a engajamento, a
questões subjetivas de envolvimento e a julgamentos de valor. Desmontando a ideia de
neutralidade científica, a implicação denuncia que aquilo que a instituição deflagra em
nós é sempre efeito de uma produção coletiva, de interesses, expectativas e crenças que
estão imbricados nessa relação. Não se pode jamais ser neutro, pois estamos sempre
implicados com o que pretendemos conhecer e pesquisar, sendo que o objeto de estudo

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sempre produz efeitos no pesquisador, além de estar associado ao sistema de poder que
legitima as forças instituídas.
Neste contexto, conhecer sustenta um processo que revela que não há neutralidade
nessa produção e que o pesquisador implicado é também produzido pelas instituições que
o atravessam, circula entre a academia e o que pretende estudar, engendrando e sendo
engendrado pelos instituídos, mas também por forças instituintes. Nessa perspectiva, a
análise da implicação é inerente ao processo de produção de conhecimento. Essa análise
consiste em questionar as instituições que nos atravessam no contato com o campo de
intervenção, que sempre produz efeitos no pesquisador (ROMAGNOLI, 2014). E, assim,
nos permite acessar a instituição e colocá-la em análise.

Foucault e a analítica do poder

Embora a genealogia do sujeito moderno seja questão primeira do pensamento de


Michel Foucault, ao dizer que somos constituídos e constituímos nossas relações sociais
por técnicas de poder, sua obra traz uma analítica que coloca o sujeito como efeito de
práticas de poder. Ou seja, as relações de poder operam por um jogo de forças e nela
estamos imersos.
Entendemos que uma das revoluções trazidas pelo pensamento de Foucault se
refere à sua afirmação de que o poder é positivo, querendo dizer que não é simplesmente
algo que vem de fora e nos oprime, se abate sobre nós, e que seria apenas repressivo.
Desse modo, o filósofo não centra suas ideias em um poder que exclui, censura, pune,
mas sim em um poder que induz, incita, produz se exercendo por meio de uma rede difusa
que se propaga por toda sociedade. Foucault inverte essa lógica ao colocar o sujeito na
produção do jogo de forças que fabrica nossas práticas e engendra nossos desejos. Assim,
ao afirmar a positividade do poder, traz sua face produtora de verdades em um contexto
histórico específico.
Dois caminhos podem ser percorridos aqui. Um que estabelece as relações entre
saber e poder e outro que traz as diferentes modalidades de poder apontadas pelo autor.

Para Foucault os saberes, compreendidos como materialidade, práticas e acontecimentos,


são dispositivos políticos articulados com as diferentes formações sociais inscrevendo-
se, portanto, em suas condições políticas. [...]. Para ele a análise do saber implica
necessariamente na análise do poder, visto não haver relação de poder sem a constituição
de um campo de saber. Da mesma forma, todo saber constitui novas relações de poder...
(COIMBRA e NASCIMENTO, 2001, p. 246)

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Ao estabelecer essa relação saber/poder, o autor aproxima suas análises da
discussão dos regimes de verdade, das universalidades e do que denominou sociedade
disciplinar. Assim, refere o poder disciplinar como aquele que visa produzir corpos
dóceis, de sujeitos fixados em instituições, “(...) que têm por função ligar os indivíduos
aos aparelhos de produção, formação, reformação ou correção de produtores”
(FOUCAULT, 1996, p. 114). Uma rede de instituições pedagógicas, médicas, penais ou
industriais, que tem como características a vigilância e a disciplina, que se dão por meio
do controle do tempo, do corpo e do saber dos sujeitos a elas submetidos. Desse modo,
é a partir dos próprios sujeitos, de suas práticas cotidianas que os saberes são extraídos e
passam a definir regras e modos corretos de ser e agir. Enfim, é por tais procedimentos
que são produzidos os saberes que constituem as relações de poder, pois onde se exercita
o poder, ao mesmo tempo, formam-se saberes.
Entretanto, o poder não age só no mundo das ideias, atua também sobre os corpos
e com isso voltamos à concepção de positividade. É por essa lógica que, por exemplo, no
século XIX, por força do saber médico, atrelado aos interesses do capitalismo, a
humanidade é dividida em homossexuais e heterossexuais, saber que aponta ser os
primeiros desviantes da norma, saber que passa a definir corpos femininos e masculinos,
fixando-os em padrões pré-estabelecidos e imutáveis. A verdade que emerge daí passa a
definir a sexualidade humana, como efeito de saberes construídos pela psiquiatria, pela
psicologia, pela família higiênica dentre outros.
Com o desenrolar de suas pesquisas, Michel Foucault aponta uma outra forma de
exercício de poder, na qual o adestramento do indivíduo se amplia a partir da lógica da
biopolítica, pensada como um modo de governo da vida, que se dá por meio da gestão
dos perigos e da promoção da saúde da população. Tal racionalidade aparece de maneira
articulada e extensa em alguns de seus cursos, a saber: Em defesa da sociedade,
Segurança, território e população e Nascimento da biopolítica (FOUCAULT, 2002,
2008a, 2008b). Nesses textos, relaciona o poder com uma forte preocupação com a saúde,
a segurança e o bem-estar da população, e com a afirmação de uma sociedade de
normalização, que atua não apenas pela norma da disciplina, como já havia assinalado
anteriormente, mas também pela regulação da vida. Assim sendo, “... a estratégia
biopolítica maximiza os esforços disciplinares por expandir-se pelos espaços abertos,
muito além das instituições, e dirigir-se ao homem como ser vivo, como espécie.”
(NASCIMENTO e TEDESCO, 2009, p. 7)

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Por essa lógica, o Estado deve tomar conta do corpo da população, definindo-a,
controlando sua conduta, impondo regras de segurança, instigando práticas preventivas
para evitar riscos futuros. Nesse momento, Foucault se distancia do poder como relações
de forças, para defini-lo em termos de governo, que tem como saber a economia política
e por instrumento os dispositivos de segurança. O objetivo é, portanto, a gestão total da
vida
Tal exercício de poder pede um homem flexível, com mobilidade para circular
como apregoa o neo-liberalismo. É nesse ponto que Foucault introduz a noção de
governamentalidade dentro de sua analítica do poder. Diferentemente da disciplina, não
mais o poder que produz o corpo dócil. Pela governamentalidade, o indivíduo é instigado
a conduzir sua conduta, já que o neoliberalismo traz a ideia de que se é livre para fazer o
que quiser. Para tanto, a governamentalidade exige sujeitos competitivos que possam se
constituir como empresários de si mesmo, impregnados da lógica de buscar sempre
melhorias para si. Cabe ao Estado criar condições para que as pessoas sejam competitivas,
consumidoras, máquinas que produzam fluxos de renda.
Passetti (2007) nos ajuda a pensar junto com Foucault ao escrever:
Na pesquisa de Foucault, a noção de governo dos vivos chega para ultrapassar a relação saber-
poder, para romper a relação com o fora e reconhecer a força do governo em cada um, em alguns,
muitos e quase todos. Não se trata apenas de soberania, disciplina e biopolítica mas, também, de
controles que atravessam subjetividades e redimencionam as resistências não mais para o
confronto, mas para a inclusão. (p.268).

Mediante essa outra grade analítica, é afirmada uma sociedade marcada por um
exercício de poder que consiste em conduzir condutas e ordenar probabilidades,
estruturando o eventual campo de ação dos outros. Conduzir condutas que se engendram
em um campo de relações e, assim, governam-se os indivíduos em suas relações consigo
mesmo, com os outros, com o meio, com hábitos, maneiras de ser e de pensar. E para bem
governar, ao invés de imposições, passa-se a fazer uso crescente de táticas que permitam
administrar coletivamente os fenômenos da população e, ao mesmo tempo, administrar
essa mesma população com sutileza e em suas minúcias, sobretudo minúcias
subjetivadoras.
A discussão dessas diferentes modalidades de poder é fundamental para
entendermos a atualidade do pensamento de Foucault ao desfamiliarizar o que está visível
mas ainda não foi problematizado, para que possamos dar lugar às práticas de contra-
conduta, sacudir as evidências, trazer as produções históricas que quebram as verdades
ditas absolutas.

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Imanência e complexidade: Deleuze e Guattari

A Esquizoanálise de Deleuze e Guattari encontra um solo fértil no Brasil.


Tratando as relações de poder em sua complexidade, propõem funcionamentos distintos
da realidade que se encontram justapostos. Ao afirmar “Tudo é política, mas toda política
é ao mesmo tempo macropolítica e micropolítica” (DELEUZE e GUATTARI, 1996, p.
90), os autores sustentam dimensões processuais, que produzem e são produzidas no
mundo em que vivemos e nas instituições.
A distinção dessas duas dimensões, se dá em seus modos de funcionamento e não
em seu porte. A macropolítica funciona por sobrecodificação, por classificação e ordena
o movimento da vida. Já a micropolítica opera para produzir deslocamentos, na busca de
forças instituintes. Os segmentos produzidos pela macropolítica para administrar a vida
são visíveis e instituídos. Já a micropolítica é da ordem do invisível, do molecular e pode
atuar tanto para oprimir, através dos microfascismos, quanto para sustentar
agenciamentos com forças instituintes. Entendemos que a dimensão macropolítica, nas
instituições é constituída por documentos, leis, regulamentos, pela organização do tempo,
do espaço e das atividades desenvolvidas por organizações de trabalho e parceiros sociais.
Desta forma, constitui uma faceta instituída para sustentar as mudanças sociais efetuadas
pela micropolítica ativa. Por outro lado, a dimensão micropolítica é o plano do movimento
e é habitado por tensões entre os assujeitamentos e a expansão da vida. Contudo, é
importante notar que a macropolítica é necessária, mas não suficiente para construir
outras relações sociais e institucionais, pois as leis, as normas não dão conta de controlar
o modo das pessoas viverem as relações de poder nas instituições.
Acerca dessa diferença, Rolnik (2016) nos fala de duas micropolíticas: a ativa e a
reativa. Quando as forças que movimentam o mundo se encontram com o corpo, se
produzem afetos que escapam à sua estabilidade, gerando um estranhamento. Se essa
experiência não se encontra reduzida à sua capacidade destrutiva, abrem-se portas para
que o desejo entre em curso de transformação, produzindo novos modos de existir, de
pensar, de agir, de criar. “O efeito desta política de ação do desejo é a transformação da
subjetividade e de seu campo relacional” (Rolnik, 2016) ação da micropolítica ativa, que
é em si inventiva e conectiva. Por outro lado, quando o desejo toma o caminho vigente,
que aponta para a manutenção do status quo, a potência da desestabilização pelas forças
do “fora” se transforma em medo, em insegurança, e o resultado é a conexão com o já

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existente, as formas prévias forjadas pelas instituições. O desejo, desse modo, se torna
reativo, conservador, agindo na preservação das ideias e ações. Os microfascismos
sustentam a micropolítica reativa.
Usando essas ideias, os institucionalistas no Brasil entendem as instituições e os
seus objetos de estudo operando pela transversalização dessas duas dimensões macro e
micropolítica, das formas e das forças que nos constituem. Transversalizar as instituições
é abarcá-la através da imanência, assinalada por Deleuze e Guattari (1996), de seus
endurecimentos e cristalizações, e de seus movimentos e invenções que podem produzir
ações potentes e criativas nos processos de subjetivação. Nessa processualidade, os
endurecimentos operam através do que está estabelecido e insiste em sobrecodificar a
vida nas formas, nos modelos instituídos. O plano macropolítico, indispensável, nos liga
às instituições, às normas e garante direitos. A dimensão micropolítica, por outro lado, se
constitui no modo como as subjetividades se tensionam entre suas próprias submissões e
no que lhes é dito como sendo suas inferioridades e entre conexões de expansão da vida
nas suas diferentes inserções. Reprodução e invenção, formas e forças que se encontram
juntas, coexistindo no cotidiano de nossas relações sociais.
Para Guattari (1987), o conceito de transversalidade emerge para problematizar
os processos grupais que escapam das hierarquias das verticalidades e das
horizontalidades que associam pessoas e atividades sem que estabeleça uma relação entre
eles. Em certos momentos, a força dos coletivos irrompe e os grupos deixam de ser
assujeitados e se transformam em grupos sujeitos, afetados por processos descontínuos e
heterogêneos. Assim sendo, o grupo se torna um dispositivo produtor de novas realidades,
sustentando processos inéditos não previamente demarcados pelas lógicas hierárquicas
ou pelos arranjos horizontalizados nos/dos grupos. Como indicam Lopes e Romagnoli
(2018), para este autor, a análise da transversalidade constitui a própria dimensão
esquizoanalítica, uma vez que se compromete no seguir as coordenadas de subjetivação
e de singularização que transversalizam e ultrapassam um indivíduo ou grupo, na
composição de sentido-ações a oportunizar outras trajetórias de realidade potencialmente
inéditas. Desta forma, inicialmente Guattari (1987) sustentava que a transversalidade
seria o instrumento de ação de um grupo sujeito. Contudo, ao longo de sua obra e no
movimento de compor a transversalidade com a Esquizoanálise e seu encontro com Gilles
Deleuze, Guattari abandonou o conceito de “grupo sujeito”, e passa a enfatizar as
possibilidades de subjetivação/enunciação emergentes, pois os grupos e os coletivos são
apenas um meio em que tais disposições circulam. De acordo com o autor:

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Certa vez eu vim com a ideia de ”grupo sujeito” na tentativa de definir modos
de intervenção os quais descrevi como micropolíticos. Eu mudei de ideia: não
há grupos sujeito, mas agenciamentos de enunciação, de subjetivação,
agenciamentos pragmáticos que não coincidem com grupos circunscritos.
Esses agenciamentos podem envolver indivíduos, mas também formas de ver
o mundo, sistemas emocionais, máquinas conceituais (...), elementos de todos
os tipos (Guattari, 1996, pp. 227-228 – tradução nossa).

Na transversalidade, o agenciamento é essencial, pois se conecta com o coletivo e


articula os diferentes funcionamentos da realidade. Este se faz na justaposição da
macropolítica e da micropolítica, “no meio” destas dimensões, produzindo alianças e
passagens entre os modelos instituídos e as invenções instituintes, estratos e conexões,
bloqueios e fluxos. O agenciamento se engendra nas variações desse continuum de
relações e possui duas faces: a face maquínica do desejo e a face coletiva da enunciação.
Cada uma delas voltada ora para as formas, ora para as forças, ora para os modelos
instituídos, ora para as invenções instituintes, dependendo das composições que os fluxos
estabelecem ou não nas situações nas quais estamos envolvidos, ou que pretendemos
pesquisar. O encontro do pesquisador com o campo coloca em jogo essa pluralidade de
fragmentos, de disjunções, de conexões transversais, captadas através de sua
subjetividade, que, por sua vez, liga o pesquisador a estes planos e aos agenciamentos.
Apostando na invenção e na potência da vida, os autores partem da crítica das formas e
forças da realidade, para que se possam produzir novas subjetivações.

Conexões de epistemologias distintas a favor da vida

Sabemos que as ideias acima possuem leituras diferentes da realidade, da


instituição, da produção de conhecimento e, sobretudo das relações de poder. No entanto,
elas se associam em terras brasileiras, principalmente na realização da pesquisa-
intervenção, que tem como objetivo problematizar as relações de poder do campo
investigativo. Intervenção que se faz visando uma desnaturalização permanente das
instituições, incluindo a própria instituição da análise. Essa invenção refere-se a uma
forma de conhecer/produzir que une sujeito e objeto, pesquisador e campo de pesquisa,
acreditando que conhecer é também transformar, investigar o cotidiano, a vida;
contribuindo não só no campo acadêmico-científico, mas também para as práticas que se
efetuam amparadas na Psicologia. Essa modalidade de pesquisa, fértil nos espaços

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universitário, sobretudo nos cursos de pós-graduação, se confronta com as forças
instituídas na academia, ainda amparadas no projeto moderno de ciência que busca
verdades e generalizações. Como força instituinte, busca romper com as dicotomias e
efetuar agenciamentos, colocando no mesmo plano teoria e prática.
Esses agenciamentos se dão também entre os autores aqui apresentados, em uma
potência afirmativa da singularidade brasileira que criou estratégias originais para
sustentar a não neutralidade do pesquisador, a desnaturalização das instituições que são
colocadas em análise, e a imanência da reprodução e da invenção. Essa associação
instaura uma desestabilização das verdades absolutas e das facetas de individualização ao
tentar recuperar o coletivo e a enunciação das redes de relações construídas, seja a partir
das relações entre instituído e instituinte, como para René Lourau; seja mediante a
analítica do poder, como para Michel Foucault; seja a partir da transversalidade que pode
surgir para sustentar uma micropolítica ativa, como para Gilles Deleuze e Felix Guattari.
Entendemos que a forma brasileira de usar as ideias de René Lourau, Michel
Foucault e Gilles Deleuze e Félix Guattari exige uma interface entre diferentes práticas,
a saber: pensar além do visível e do reducionismo simplista de uma teoria, muitas veze
usada como verdade; sustentar a crítica, que é o primeiro passo para ultrapassagens
possíveis; desvelar relações de poder que assujeitam e submetem. E para além de uma
mentalidade colonizada, que considera a transcendência do conhecimento branco e
europeu, afirmar a potência da nossa produção. Assim sendo, para nós, a articulação entre
esses autores possibilita uma aposta em caminhos heterogêneos e múltiplos para
psicologia em suas práticas de pesquisa-intervenção.

Considerações Finais

O Brasil é um país com grandes desigualdades sociais, construídas e mantidas


historicamente e boa parte de sua população é considerada vulnerável. A vulnerabilidade
geralmente se associa à pobreza, mas não se reduz a ela, consistindo em uma soma de
instabilidades diversas. Nessa associação a baixa renda, a ausência ou precariedade de
trabalho e de educação formal, o acesso limitado a serviços básicos e as condições básicas
de vida são aspectos produtores de vulnerabilidade. Desde a constituição de 1988,
políticas públicas foram criadas para garantir a cidadania e os direitos sociais, sendo o
trabalho nessa área um dos principais campos de inserção laboral contemporâneo do
psicólogo brasileiro. Entendemos que essa inserção demanda posturas críticas e ativas,
que não sustentem o modo isolamento indivíduo versus social e nem a despolitização das

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práticas psicológicas, ainda presentes na psicologia dominante, como vimos no início
desse texto.
Além desse espaço majoritário de inserção laboral, a pandemia que estamos
vivendo, no início dessa segunda década do século XXI, também nos convoca a assumir
posturas mais ativas e singulares, através de improvisações e de inventividade. Cada vez
mais somos convocados a superar reducionismos e simplificações, ampliando nosso olhar
para as implicações institucionais e sociais, vencendo obstáculos e resistências oriundos
de nossa própria formação, para que possamos, de fato, contribuir para outros possíveis.
Precisamos estar atentos aos contextos em que estamos inseridos, para não maltratar a
vida, para sermos intercessores de modos de subjetivação mais solidários e coletivos.
Umas das ferramentas que temos para essa tarefa cotidiana são as ideias aqui
apresentadas.

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