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Psicologia Comunitária

 A adoção formal do termo Psicologia Comunitária


aconteceu nos Estados Unidos, durante a
conferência de Swampscott, um distrito de Boston,
em 1965.
 Essa conferência teve por finalidade debater a
formação dos novos psicólogos e ampliar a noção
de saúde mental no campo comunitário, tema da ata
firmada por John Kennedy, em fevereiro de1963,
que criava os Centros de Saúde Mental
Comunitária.
A Psicologia Comunitária como movimento
alternativo
2

 A Psicologia Comunitária surge, portanto, como


um movimento alternativo ao pensamento
psicológico dominante até os anos 1960, a respeito
das ações humanas no meio social.
 Além disso, foi marcada pelo descontentamento de
uma parte dos psicólogos com a insuficiência
teórica a que a Psicologia estava submetida,
especialmente em relação à Medicina e à
Psiquiatria.
O desejo de participação ativa nos problemas
sociais
3

Os psicólogos foram então encorajados a participar ativamente


dos problemas sociais e a se tornar agentes de mudanças.

Os grupos articuladores dessa nova postura em Psicologia eram


formados por psicólogos clínicos que desejavam um novo
setting profissional e reivindicavam uma diferenciação tanto
de visões da Medicina quanto de visões mais clinicalistas da
Psicologia.
O surgimento da Psicologia Comunitária Norte
Americana
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Quatro questões relevantes marcaram o surgimento da Psicologia


Comunitária nos EUA, que depois passou a ser conhecida
como Psicologia Comunitária Norte Americana – PCNA:
1. Revolta contra a dominação psiquiátrica junto aos
profissionais de saúde mental.
2. Ampliação do olhar e da atenção em saúde mental para
populações “menos favorecidas”.
3. Desejo de conhecer as forças sociais que vinham provocando
conflitos nos anos 60.
4. Ampliação da ação para intervenções preventivas e não
apenas nos comportamentos problemáticos.
A PCNA como um campo derivado da Clínica: o
individualismo
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 A Psicologia Comunitária se estabelece assim, nos EUA,


como um campo derivado da Psicologia Clínica.
 Apesar de ter como proposta rever seu estatuto
individualizante, a PCNA acaba apenas ampliando a
noção de clínica, mantendo o indivíduo como centro do
entendimento sobre o mundo social, as relações de poder
e as ações grupais.
 Com isso, acaba operando um reducionismo psicológico,
que se caracteriza por retirar os indivíduos de seu mundo
social para estudá-lo em um relativo isolamento.
PCNA: americanização ou individualização da
Psicologia Social
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 Por todos esses fatores, a PCNA é relacionada a


um processo que alguns autores chamaram de
americanização das Ciências Sociais ou
individualização da Psicologia Social, referindo-
se a um movimento que, ao buscar relacionar o
indivíduo e o mundo, acaba por dar uma
abordagem do político na qual a supremacia é do
indivíduo.
O surgimento da Psicologia Social Comunitária
ou PC Latino Americana
7

 Na maior parte dos países da América Latina,


inclusive no Brasil, havia, nas décadas de 40 e 50,
experiências de intervenção em comunidades que
eram exercidas por profissionais das ciências
humanas e sociais com cunho assistencialista e
paternalista.
 No início da década de 60, os confrontos entre o
Estado e as necessidades da população, no Brasil e
na América Latina levaram a um período de
extrema repressão e violência.
A PCLA
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 É a partir desse momento que começa a


conscientização de que os trabalhos que estavam
sendo realizados em cada país não eram experiências
isoladas, mas faziam parte de um esforço coletivo
que atendia a interesses e preocupações comuns.
 E assim surge a Psicologia Social Comunitária – que
recebeu este nome em 1975, em Porto Rico, e que,
para se diferenciar de sua irmã norte americana ficou
conhecida como Psicologia Comunitária Latino
Americana – PCLA.
Definição de Psicologia Social Comunitária
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 Maritza Montero define a Psicologia Social


Comunitária como um ramo da Psicologia cujo
objeto é o estudo dos fatores psicossociais que
permitem desenvolver, fomentar e manter o
controle e poder que os indivíduos podem exercer
sobre seu ambiente individual e social para
solucionar os problemas que os afligem e obter
mudanças em seu ambiente e na estrutura social.
Diferenças entre a PCNA e a PCLA
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 A Psicologia Social Comunitária ou Latino Americana


possui uma história bastante diferente de sua irmã norte-
americana, principalmente porque incorporou
características históricas, sociais e políticas dos países
mais pobres, que passaram por ditaduras militares e que
tiveram uma organização dos partidos de esquerda
bastante distinta da organização norte-americana.
 Enquanto nos EUA a Psicologia Comunitária estava
vinculada ao movimento de saúde comunitária, aqui
ela estava sendo proposta como uma atividade
política.
Condições para o surgimento da PCLA
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Segundo Wiesenfeld e Sánchez (1991, citados por Arendt,


1997) três condições teriam criado o clima apropriado para o
crescimento da Psicologia Comunitária Latino Americana, a
partir dos anos 70.
 São elas:

 1ª. Necessidade de mudança do foco da psicologia social

norte-americana.
 2ª. Importância da participação da comunidade na resolução

de seus problemas.
 3ª. Influência do pensamento de Paulo Freire e Fals Borda e

da metodologia da pesquisa-ação.
Condições para o surgimento da PCLA: 1ª.
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 Primeira: A preocupação de um grupo de psicólogos que sentiam


a necessidade de mudar o foco da Psicologia Social, que à época,
segundo eles, imitava predominantemente a abordagem
experimentalista norte-americana. Segundo Wiesenfeld e Sánchez
considerava-se que a Psicologia Social, na América Latina:
 "não estava se baseando na realidade para a qual ela estava
suposta de atuar, mas que o conhecimento que estava sendo
importado era, de certa forma, questionável naquele contexto.
Assim, a contribuição da psicologia social para a solução de
problemas educacionais, de saúde, de moradia, de trabalho,
entre outros, especialmente em grupos de baixa renda, passou a
ser questionada por acadêmicos e pelos governos" (1991, p.114).
Condições para o surgimento da PCLA: 2ª.
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 Segunda: O desenvolvimento de movimentos que teriam


se organizado como "resposta à histórica frustração dos
cidadãos que sofriam de falta de atenção e interesse da
parte de agências governamentais responsáveis pela
solução de seus problemas e de organizações políticas
que procuravam representá-los junto aos grupos locais
detentores de poder" (1991, p.114). Tais movimentos
expressariam a consciência cada vez maior das
comunidades da importância do seu envolvimento no
processo de tomada de decisões em problemas vitais
para a transformação das condições ambientais.
Condições para o surgimento da PCLA: 3ª.
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 Terceira: a influência do pensamento de autores


como Paulo Freire e Orlando Fals Borda,
introdutores da metodologia da pesquisa-ação
como um procedimento "fornecido aos psicólogos
sociais comunitários para promover a idéia de auto-
gestão nas comunidades" (1991, p.114).
As raízes da PCLA
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 As raízes da disciplina que direcionam as estratégias de


ação dos psicólogos latino-americanos envolvidos com
o desenvolvimento comunitário são:
 Envolvimento com problemas nacionais
 Questionamento de sistemas psicológicos instituídos
 Sensibilidade para a emergência de movimentos sociais
 Busca de abordagens conceituais e metodológicas
alternativas
O referencial teórico da PCLA
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 Inicialmente, a Psicologia Social Comunitária parte
de duas referências fundamentais:
 A pesquisa ação participativa do sociológo
colombiano Fals Borda (que foi inspirada no
esquema de pesquisa-ação proposto por Kurt
Lewin)
 E a Educação Libertadora de Paulo Freire – da
qual utiliza o conceito de conscientização
Paulo Freire – A educação libertadora e o processo
de conscientização
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 O tema da conscientização é constante na obra de Paulo Freire.


 Apesar de não ser de sua autoria, foi em seu trabalho que tal termo ganhou
notoriedade.
 Freire define conscientização como: tomar posse da realidade, é o olhar mais
crítico possível da realidade, que a desvela para conhecê-la e para conhecer os
mitos que enganam e que ajudam a manter a realidade da estrutura dominante.
 A conscientização não tem como objetivo apenas a compreensão lógica da
realidade mas também a necessidade de uma ação política que se caracteriza
por ações concretas frente a ela. Tal exigência torna-se ainda mais urgente em
contextos como o latino-americano, em que uma grande maioria da população
vive realidades extremamente desiguais e opressoras, nas quais o direito de
pronunciar a sua palavra lhe é constantemente negado, ou permitido na forma
de um imenso favor .
Os tipos de sociedade
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 Paulo Freire via uma profunda imbricação entre contexto histórico-cultural e
compreensão de mundo. É com base nisso que, em Educação como prática da
Liberdade”, Freire (1984) expõe as sociedades como podendo ser de três tipos:
fechadas, abertas ou de transição.
 Sociedades fechadas: carregam consigo a marca da sobreposição de uma elite cada vez
mais rica em detrimento de uma grande maioria cada vez mais pobre e subjugada a
interesses alheios a suas principais demandas.
 Sociedades em transição: se caracterizam por um acirramento pouco profundo entre o
que é velho e o que representa o novo, de modo que ambas as idéias são guiadas por um
clima de muita emoção em detrimento da resolução das questões urgentes que
compõem as contradições sociais. Isso implica em importação de modelos
descontextualizados e posturas bastante assistencialistas por parte dos dirigentes.
 Sociedades abertas: possuem uma relação mais direta entre elite e população em geral,
o contexto é levado em conta na efetivação das ações, há uma maior autoconfiança de
seu povo, bem como fomento de espaços para uma participação pautada no diálogo. O
resultado disso é uma população mais dialógica e que, de fato, volta-se para uma
compreensão e transformação mais profunda de suas questões. (Góis, 2005).
Os tipos de consciência
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 A cada uma dessas sociedades corresponde, respectivamente, um determinado tipo


de consciência. Freire (1984) expõe três tipos de consciência, correspondentes a
cada um desses tipos de sociedade: a semi-intransitiva, a transitiva ingênua e a
transitiva crítica.
 É evidente que o conceito de “intransitividade” não corresponde a um fechamento
do homem dentro dele mesmo [...]. O homem, qualquer que seja seu estado, é um
ser aberto. O que pretendemos significar com a consciência “intransitiva” é a
limitação de sua esfera de apreensão. É a sua impermeabilidade a desafios situados
fora da órbita vegetativa. Neste sentido, e só neste sentido, é que a intransitividade
representa um quase incompromisso do homem com a existência [...] Na
consciência semi-intransitiva, o indivíduo apreende a realidade de um modo quase
vegetativo, uma vez que esta é compreendida de maneira cristalizada e terminada.
Neste estado, o ser não estaria em relação com o mundo, mas apenas em contato
com ele.
A consciência semi-intransitiva
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 A partir da apreensão semi-intransitiva os processos do


mundo têm sua responsabilidade atribuída a uma instância
superior.
 O homem se faz mágico, pela não captação da causalidade
autêntica. A consciência mágica capta os fatos emprestando-
lhes um poder superior, que a domina de fora e a que tem, por
isso mesmo, de submeter-se com docilidade. É próprio desta
consciência o fatalismo, que leva ao cruzamento dos braços, à
impossibilidade de fazer algo diante do poder dos fatos.
 A consciência, então, capaz de transitar, movimentar-se, ganha
um caráter estático, rígido, tendo em vista que o mundo não se
coloca como um problema para ela, mas como um dado.
A transitividade ingênua
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 A transitividade ingênua se caracteriza, entre outros aspectos,


pela simplicidade na interpretação dos problemas. Pela
tendência a julgar que o tempo melhor foi o tempo passado.
Pela subestimação do homem comum. Por uma forte
inclinação ao gregarismo, característico da massificação. Pela
impermeabilidade à investigação, a que corresponde um
gosto acentuado pelas explicações fabulosas. Pela fragilidade
na argumentação. Por forte teor de emocionalidade. Pela
prática não propriamente do diálogo, mas da polêmica [...].
Esta nota mágica, típica da intransitividade, perdura, em
parte, na transitividade [...].

A transitividade ingênua
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 A consciência transitiva ingênua, então, forneceria


condições para que se pudesse implantar qualquer tipo de
tirania contra os seres humanos. Não é à toa que os grandes
ditadores sempre têm como apelo a emoção e, ao mesmo
tempo, a firme postura de um grande protetor, que não
precisa ter algum tipo de preparo específico para
administrar um lugar, sob a égide de que “quem ama
protege”. Como exemplo disso, na História da América
Latina, podemos identificar o período da ditadura militar,
dos anos 1960 até meados dos anos 1980, em que se
utilizavam slogans ufanistas, como “Brasil, ame-o, ou
deixo-o!”.
A consciência transitiva-crítica
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 Já a consciência transitiva-crítica é caracterizada, segundo Paulo Freire, pelos


seguintes aspectos:
 Profundidade na interpretação dos problemas.
 Substituição de explicações mágicas por princípios causais.
 Por buscar testar os “achados” e se dispor sempre a revisões.
 Por despir-se ao máximo de preconceitos na análise dos problemas e, na sua
apreensão, esforçar-se por evitar deformações.
 Por negar a transferência da responsabilidade.
 Pela recusa a posições quietistas.
 Por segurança na argumentação.
 Pela prática do diálogo e não da polêmica.
 Pela receptividade ao novo e pela não-recusa ao velho, só porque velho, mas pela
aceitação de ambos enquanto válidos.
 Por se inclinar sempre a arguições.
Conscientização
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 Este tipo de consciência, portanto, analisa com maior


profundidade os fatos, mostra-se mais aberta,
democrática e, ao mesmo tempo, mais inquieta, pois as
indagações são seu ponto de partida. A
conscientização, portanto, é um processo que incita a
participação popular de modo efetivo, superando a
mera cidadania dos direitos, indo em direção a uma
cidadania ativa na qual o povo passa a se pronunciar
acerca de que direitos quer ter, e não apenas usufruir
direitos elaborados de modo alheio a suas reais
necessidades.
Conscientização e Psicologia
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 Mas quais as relações podemos estabelecer entre este


conceito e o psiquismo humano?
 Em que nos interessa esta categoria, desenvolvida por um
educador e que, apesar de apontar, não nos define qual sua
concepção explícita de psiquismo?
 O surgimento da Psicologia Comunitária no Brasil,
inclusive, está ligado à pergunta acima, pois de um começo
assistencialista, preocupado com a mera presença do
psicólogo no auxílio a populações “carentes”, a Psicologia
Social passou a se perguntar acerca de sua utilidade no que
diz respeito à emancipação das populações oprimidas.
Conscientização
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 De acordo com Lane (2002) e Góis (2003), um dos


referenciais teórico-metodológicos muito utilizados naquele
período de surgimento da Psicologia Comunitária no Brasil
era o trabalho em Educação Popular desenvolvido por Paulo
Freire. Em que pese a importância dos trabalhos iniciais com
Psicologia Comunitária a partir de Freire, não havia uma
compreensão clara da relação entre as condições materiais da
vida cotidiana e o desenvolvimento do psiquismo.
 O termo “conscientização” tratava de uma concepção muito
mais política do que necessariamente psicológica.
Por uma concepção política na Psicologia

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 Um dos grandes defensores da utilização do termo “conscientização” para


a Psicologia é Martin-Baró, psicólogo espanhol, mas de intensa atividade
em El Salvador. Ignácio Martin-Baró viu no trabalho de Paulo Freire
elementos de essencial contribuição para a construção do que chamou de
Psicologia da Libertação.
 Esse autor define o papel do psicólogo como o de contribuir para a
transformação da realidade de opressão em que vive a maioria das
pessoas da América Latina. Segundo Martin-Baró, “à luz desta visão [da
transformação da realidade] da psicologia, pode-se afirmar que a
conscientização constitui-se no horizonte primordial do quefazer
psicológico”. O autor define conscientização a partir de Paulo Freire e
afirma se tratar do “ processo de transformação pessoal e social que
experimentam os oprimidos latino-americanos quando se alfabetizam em
dialética com o seu mundo” .
Um sujeito histórico
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 Era um período em que se tornava necessário expor a


descontextualização da Psicologia Latina e a uma necessidade de
se historicizar o psiquismo e a inevitabilidade de comprometer-se.
 Isso implica numa visão de sujeito e de sociedade, na qual o
sujeito é histórico, com amplas possibilidades de utilizar o
aparato histórico-cultural de que dispõe, bem como de criar
outros a partir destes e modificar sua realidade. Esta, por sua vez,
não é estática, e deve contar com a participação daqueles que a
constituem. Nesse sentido, a sociedade vislumbrada pelo
realismo crítico de Martin-Baró é sobretudo justa, com
oportunidades para que este sujeito que permeia sua práxis possa
se desenvolver, o que significa mudança nas condições materiais
deste desenvolvimento.
A conscientização como processo fundamental no
trabalho do psicólogo
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 Martin-Baró aposta na conscientização como processo


fundamental no trabalho do psicólogo que intenta trabalhar a
partir de seu realismo crítico, tomando de Paulo Freire esta
noção. A conscientização, segundo Martin-Baró, não consiste
numa simples mudança de opinião sobre a realidade, numa
mudança da subjetividade individual que deixe a situação
objetiva intacta. A conscientização supõe uma mudança das
pessoas no sentido de mudar suas relações com o meio-ambiente
e, sobretudo, com os outros.
 É nesse sentido que a proposta de Martin-Baró é sócio-histórica.
O desenvolvimento pessoal não prescinde, portanto, de mudanças
estruturais nas estruturas sociais opressoras em que por vezes
estão inseridas as maiorias da América Latina.
Em busca do significado psíquico da
conscientização
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 Apesar de chamar atenção à contextualização do


fazer psicológico na América Latina, Martin-Baró
não explicita o significado disso em termos de
processos psíquicos. Apesar das semelhanças e até
mesmo de uma certa teoria de psiquismo implícita
ao realismo crítico de Martin-Baró, cabe aos
estudiosos de sua produção realizar essa associação.
Blanco e Góis, por exemplo, apontam a teoria de
Vigotski e seus colaboradores como uma grande
interlocução para a compreensão deste processo.
A perspectiva histórico-cultural
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 A Perspectiva Histórico-Cultural figura como uma


das principais realizações da Psicologia nas
primeiras décadas do século XX. Vieram
exatamente de seu fundador, o russo L.S.Vigotski,
e de seus legatários alguns dos mais fecundos
estudos acerca de questões teóricas e metateóricas
gerais relacionadas às investigações psicológicas.
A perspectiva histórico-cultural
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 A perspectiva vigotskiana, a partir de sua ancoragem no


materialismo histórico-dialético, apresenta três pontos principais:
 a constituição do psiquismo a partir das interações sociais
 o caráter mediado de tal constituição
 e a utilização do método genético de investigação
 Desse modo, em seu bojo, formularam-se proposições inovadoras
no tocante à compreensão do desenvolvimento humano e de
alguns dos processos psicológicos nele envolvidos, como o
pensamento, a linguagem e a consciência, o que, até hoje, suscita
possibilidades de diálogo e de composições de sentido que
extrapolam limites disciplinares.
A difusão das ideias de Vigotski no Brasil
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 As ideias de Vigotski se difundiram no Brasil a partir dos anos 70.


 A partir desse período, no campo da psicologia social, a perspectiva histórico-
cultural também passou a ser designada de psicologia sócio-histórica.
 Àquela época, à luz do ideário marxista, vários psicólogos contestavam a
psicologia social moderna, de cunho positivista, visando à elaboração de uma
práxis que concebesse o psiquismo de modo contextualizado e que se
comprometesse com a transformação dos dilemas coletivos da América
Latina.
 Sílvia Lane e Ignácio Martin-Baró, dentre outros, ilustram, cada um ao seu
modo, essa interlocução entre a perspectiva histórico-cultural e a
reconceituação da Psicologia Social.
 A Psicologia Comunitária emergiu desta revisão, sobretudo no contexto latino-
americano, destacando-se por enfocar os processos psicossociais existentes
em comunidade.
Bibliografia
34

 ARENDT, R. J.J. Psicologia comunitária: teoria e


metodologia. Psicologia: Reflexão e Crítica. Porto
Alegre, v.10, n.1,1997.
 FREIRE, P. Educação como prática da liberdade.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984.
 LANE, S. T. M. Histórico e fundamentos da
Psicologia Comunitária no Brasil. In: CAMPOS,
R.H.F. Psicologia Comunitária: da solidariedade à
autonomia. Petrópolis: Vozes, 2002. pp. 17-34.
Bibliografia
35

 NEPOMUCENO, L. et al. Por uma psicologia


comunitária como práxis de libertação. PSICO.
PUCRS. Porto Alegre, v. 39, n. 4. out./ dez. 2008.
p. 446-464.
 PRADO. M.A.M. A Psicologia Comunitária nas
Américas: o Individualismo, o Comunitarismo e a
Exclusão do Político. Psicologia: Reflexão e
Crítica. Porto Alegre, v. 15 n.1, 2002.

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