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DISCIPLINA DE PSICOLOGIA COMUNITÁRIA

PROFESSORA REGENTE: DRA. ALINE DOMÍCIO

La7es: Aline Maria Barbosa Domício Sousa


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ID La2es: 3051478425693643

Unidade I - Histórico da Psicologia Comunitária

01.01 - Fatores desencadeadores em diferentes países


01.02 – Contexto da América LaVna e Brasil
01.03 – Histórico da Psicologia Comunitária no Ceará
HISTÓRICO E DESENVOLVIMENTO DA PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
Fatores Desencadeadores em diferentes continentes
Na América LaVna, a expressão “Psicologia Comunitária” é empregada
desde 1975, com o objeVvo de se fazer uma nova Psicologia Social, a parVr
da preocupação de alguns psicólogos de disVntos países laVno-americanos
com os escassos resultados sociais da Psicologia Social tradicional e por
haver uma grande necessidade de superar os problemas socioeconômicos
que ainda hoje afetam a região (Andery, 1984; Montero, 1994; Quintal de
Freitas, 1996).
HISTÓRICO E DESENVOLVIMENTO DA PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
Fatores Desencadeadores em diferentes conUnentes
Frente à Psicologia Social tradicional que se preocupava com estudos de
grupos, questões especificas da conduta, o ajustamento social, as aVtudes,
o estereoVpo, as relações interpessoais etc. (Leyens, 1979), sem vinculá-los
aos contextos histórico-culturais, enquanto base de explicação dos dados,
como também sem quesVonar o papel da ideologia e das relações de classe
(Lane, 1981, 1984; Serrano García e Medina, 1991), surgiu um movimento
no interior da Psicologia Social quesVonando essas posturas e concepções.
HISTÓRICO E DESENVOLVIMENTO DA PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
Fatores Desencadeadores em diferentes conUnentes
Os estudos dos autores mencionados antes deram uma guinada no discurso
da Psicologia Social, principalmente na América LaVna e Brasil, levando com
a uma nova rota de construção de uma Psicologia Social contextualizada,
preocupada com os problemas sociais e, mais que isso, compromeVda com
a inclusão social e a redução das desigualdades sociais.
Por essa rota surgiram também uma Psicologia PolíVca e uma Psicologia
Comunitária que, até hoje, seguem um caminho próprio com relação ao
campo maior da Psicologia Social e às novas concepções de Saúde Mental
Comunitária, apesar de estarem dialéVca e indissoluvelmente ligadas entre
si sem perder suas especificidades e perspecVvas.
HISTÓRICO E DESENVOLVIMENTO DA PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
Diferentes concepções:
Bloom – “La Psicología Comunitaria es el campo de la Psicología que intenta
resolver los problemas sociales en lugar de los problemas parVculares de cada
individuo.” (1973:393);
Newbrough – “La Psicología Comunitaria consVtuye un campo de la Psicología
que intenta integrar el conocimiento a través de otras líneas disciplinares con el
fin de desarrollar una teoría general de la conducta humana.” (1973:202).
Rappaport – “se ocupa del bienestar de las disVntas subcomunidades dentro del
orden social más amplio.” (1977:2 y 3);
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Diferentes concepções:
Abib Andery – “Cabe a Psicologia na Comunidade trabalhar nos indivíduos e
grupos a visão de mundo, a autopercepção enquanto pessoas e grupos;
reexaminar hábitos, aVtudes, valores e práVcas individuais e coleVvas, familiares e
de grupo, no senVdo de uma consciência de classe e de desVno.” (1984:207-8);
Sánchez Vidal – “Es el campo de estudios de la relación entre sistemas sociales
(comunidades) – y comportamiento humano y de su aplicación intervenVva en la
resolución (prevenVva) de los problemas psicosociales”(1991:131);
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Diferentes concepções:
Montero – “Se trata de una psicología de la acción para el cambio, en la cual los
actores principales son las personas comunes y corrientes en su coVdianeidad y el
psicólogo es un facilitador, no el rector de ese cambio.” (1994:17);
Quintal de Freitas – “A psicologia (social) comunitária uVliza o enquadre teórico
da psicologia social, privilegiando o trabalho com os grupos, colaborando para a
formação da consciência críVca e para a construção de uma idenVdade social e
individual orientadas por preceitos eVcamente humanos.” (1996:73).
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Diferentes concepções:
GÓIS considera que a Psicologia Comunitária está centrada em dois grandes modelos: o
do desenvolvimento humano e o da mudança social (alternaVvas sociopolíVcas), os
quais partem de uma visão posiVva da comunidade e das pessoas.
Nesses modelos está presente o reconhecimento da capacidade do individuo e da
comunidade de serem responsáveis na construção de suas vidas, bastando para isso a
existência de processos de facilitação social baseados na ação local e na conscienVzação.
Ainda que exista nos países do Norte uma preocupação com a mudança social e de
desenvolvimento humano, como na América LaVna, o enfoque predominante na Europa
e nos Estados Unidos é o clínico-comunitário. Enquanto o que vemos nas publicações
de autores laUno-americanos é a tendência sóciocomunitária.
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Diferentes concepções:
Mesmo com essas diferenças entre Sul e Norte, hoje vemos que a questão é
compreender a Psicologia Comunitária em um marco maior, guardada as suas
especificidades culturais. Essa preocupação implica a construção de novos
marcos conceituais que fundamentem a Psicologia Comunitária.
A discussão gira em torno da especificidade da área, seus paradigmas, os modelos
explicaVvos adotados e seus métodos de invesVgação e de intervenção.
Com pouca publicação na área e a dificuldade da língua, além do etnocentrismo
cienrfico dos Estados Unidos e Europa, estamos a reboque da discussão sobre
uma Psicologia Comunitária numa perspecUva mundial.
HISTÓRICO E DESENVOLVIMENTO DA PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
Atualmente a psicologia comunitária desenvolve-se a parUr dos seguintes marcos:
1. às questões psicossociais decorrentes da vida comunitária;
2. às ações interdisciplinares de desenvolvimento comunitário e
desenvolvimento local (trabalho e renda, saúde, educação, assistência
social, ação políVca, ação cultural, urbanização, organização de
comunidade, planejamento social, orçamento parVcipaVvo e outros);
3. e à necessidade de um novo currículo em Psicologia e de uma nova
formação do Psicólogo (teoria-práVca-compromisso).
Referências
GÓIS, Cezar Wagner de Lima. Noções de psicologia comunitária. 1994.
GÓIS, Cezar Wagner de Lima. Psicologia comunitária. 2003.
LANE, Sílvia TM et al. Histórico e fundamentos da psicologia comunitária no Brasil. Psicologia Social
Comunitária: da solidariedade à autonomia, v. 11, p. 17-34, 1996.
DISCIPLINA DE PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
PROFESSORA REGENTE: DRA. ALINE DOMÍCIO
La7es: Aline Maria Barbosa Domício Sousa
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Unidade I - Histórico da Psicologia Comunitária
01.01 - Fatores desencadeadores em diferentes países
01.02 – Contexto da América LaVna e Brasil
01.03 – Histórico da Psicologia Comunitária no Ceará
HISTÓRICO E DESENVOLVIMENTO DA PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
DÉCADA DE 60 – Psicologia NA Comunidade
• Com ênfase na clínica parVcular/popular.
• Não havia preocupação direta com a visão de homem e de mundo ou na adequação dos
instrumentos de intervenção em psicologia para o contexto de moradia das pessoas.
• Psicólogo com formação acadêmica clínica, individual, profissional liberal (autônomo).
• O atendimento individual era a longo prazo e remunerado pelo cliente/paciente com
recursos próprios.
• O conceito de comunidade era geográfico.
• Não haviam parcerias com o poder público.
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DÉCADA DE 70 – Psicologia DA Comunidade
• Os psicólogos buscaram fazer algumas adaptações em relação aos instrumentos
uVlizados nos seus trabalhos, pois já havia a percepção das influências do meio para
a formação do psiquismo humano.
• Parceria com regimes sócio-políVcos associacionistas/cooperaVvistas.
• IniciaVva de escolas/associações de bairro em contratarem por si mesmas o serviço
do psicólogo (aqui ainda contratado como profissional liberal).
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DÉCADA DE 70 – Psicologia DA Comunidade
• Facilitação de grupos, outras técnicas (como dinâmica de grupos, dramaVzações,
etc.)
• ConVnua sendo paga (a preços populares), mas não necessariamente por "paciente",
mas já com a ideia de "turnos de trabalho".
• As pessoas repassavam determinado valor para as associações ou escolas manterem
os serviços.
• O contato do psicólogo era basicamente com líderes ou diretores de escolas de
bairro.
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DÉCADA DE 80 – Psicologia SOCIAL Comunitária
• Trabalho ideológico e políVco parVdário como pano de fundo para atuação do psicólogo
nas comunidades.
• Aplicar a proposta da teoria metodológica na comunidade.
• Passa a estar mais próxima da formação (cursos de graduação).
• Eminente facilitação de grupos.
• Nasce a parVr da parceria dos governos (federal/estadual) Por exemplo: com o projeto
universidade solidária.
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DÉCADA DE 80 – Psicologia SOCIAL Comunitária
• Algo externo as comunidades. Funcionamento com base em projetos sociais.
• Pensado por outras pessoas e inseridos nas comunidades.
• Propostas mulVprofissionais.
• Ênfase no uso de instrumentos como: dinâmicas de grupo; processos de mobilização
social e (ou) técnicas da antropologia social (pesquisa-ação, pesquisa-parVcipante).
• Ênfase no trabalho de facilitação de grupos. Ex. Lideranças comunitárias. Saúde:
MulVplicadores.
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DÉCADA DE 90 – Psicologia Comunitária
• Importância de um processo inicial de mapeamento psicossocial. Levantamento das demandas e
necessidades.
• Retorno\Reinvenção da forma como a psicologia vai trabalhar com processos subjeVvos
(compreender o psiquismo humano).
• Resgate do processo histórico cultural de consVtuição do indivíduo (fortalecimento da cidadania)
• Arcabouço teórico-metodológico específico. Maior sistemaVzação de metodologias parVcipaVvas
em psicologia comunitária
• Reconhecimento do conselho federal da Psi. Com. como área de atuação.
• Entrada da Psi. Comunitária em universidades federais (disciplina acadêmica). Fortalecimento e
inauguração de mestrados e doutorados nesta area de atuação.
Referências
Domício, Aline Maria Barbosa. No Rastro das Marias: contribuições feministas para a psicologia comunitária
laVnoamericana. CuriVba: Appris, 2012.
Freitas, Maria de FaVma Quintal. "Inserção na comunidade e análise de necessidades: reflexões sobre a
práVca do psicólogo." Psicol. reflex. crit 11.1 (1998).
Góis, Cezar Wagner. Psicologia Comunitária: aVvidade e consciência. Publicações: InsVtuto Paulo Freire de
Estudos Psicossociais, 2005.
Góis, Cezar Wagner de Lima. "Psicologia comunitária-doi: 10.5102/ucs. v1i2. 511." Universitas: Ciências da
Saúde 1.2 (2008): 277-297
Nota de aula elaborada pelos anVgos monitores da disciplina de psciologia comunitária – UNIFOR durante os
semestres 2017 e 2016 - Equipe: Talita Alves, Guy Bravos, Patrícia Carla, Gwen Mignot, Ana Paula Gomes.
DISCIPLINA DE PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
PROFESSORA REGENTE: DRA. ALINE DOMÍCIO
Lattes: Aline Maria Barbosa Domício Sousa
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ID Lattes: 3051478425693643
Unidade II - Definições e objetivos
02.01 – Diferentes definições do termo
02.02 – Objetivos
02.03 – Categorias da psicologia social que contribuem para a psicologia comunitária
HISTÓRICO E DESENVOLVIMENTO DA PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
DIFERENTES DEFINIÇÕES DO TERMO PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
AMÉRICA LATINA em 1975 usa a expressão “Psicologia Comunitária”.
BRASIL houve a preocupação de se fazer uma nova psicologia social.
CEARÁ PIRAMBÚ (Fortaleza), em 1980, com a preocupação de fazer uma psicologia
comprometida com a luta comunitária.
Concepções Teóricas: métodos provenientes da psicoterapia (Rogers, Moreno, Fannon e
Loyello), da educação popular (Freire), da Sociologia (Borja e Touraine), da Biodança
(Toro), da Teologia da Libertação (Boff e Gutiérrez).
Trabalhos: Alfabetização de Adultos e Jovens considerados marginais.
HISTÓRICO E DESENVOLVIMENTO DA PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
DIFERENTES DEFINIÇÕES DO TERMO PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
Compreensão sobre o desenvolvimento comunitário: deve incluir de forma prioritária o
desenvolvimento do sujeito da comunidade e não o seu ajustamento social à ideologia
dominante e as políticas públicas existentes.
Definição: “Psicologia Comunitária é uma disciplina que se orienta para a práxis
libertadora, a partir das próprias condições (atuais e potenciais) de desenvolvimento da
comunidade e de seus moradores. O fundamental é a compreensão do modo de vida da
comunidade e a realização de seus potenciais de desenvolvimento pessoal e social” (p.82).
Decorrências: permite-nos tratar de forma mais integral a relação entre práticas
comunitárias e Psicologia, entre práticas comunitárias e saúde, entre atividade comunitária
e consciência (Góis, 2005).
HISTÓRICO E DESENVOLVIMENTO DA PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
OBJETIVOS DA PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
ESPECIFICIDADE: articulação entre comunidade-municipalidade, que nos permite
compreender a comunidade em uma dimensão intercomunitária própria da vida
municipal.
MUNICÍPIO: é um lugar de participação e mobilização social, espaço de mediações
diretas entre indivíduo e sociedade, espaço visível de relações comunitárias,
movimentos sociais e relações institucionais.
FOCO DE ATUAÇÃO: estudar os significados e os sentidos, assim como os sentimentos
pessoais e coletivos da vida em comunidade (ênfase na forma como se estrutura o
MODO DE VIDA das pessoas no espaço comunidade).
PRÁTICAS COMUNITÁRIAS: vistas não somente como atividades externas de conteúdos
sociais e subjetivos, mas sim, essencialmente, atividades de conscientização que
mudam o sujeito e a própria realidade.
HISTÓRICO E DESENVOLVIMENTO DA PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
PRINCIPAIS FORMAS DE ATUAÇÃO DA PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
COMUNIDADE lugar de moradia e contradições.
ATIVIDADE
COMUNITÁRIA Sistema complexo de interações instrumentais e comunicativas.
DESENVOLVIMENTO Reflexão sobre a organização sócio ideológica, ecológica e etnográfica do
COMUNITÁRIO lugar.
SUJEITO DA Corresponsabilidade pela gestão da realidade social que vive.
COMUNIDADE
HISTÓRICO E DESENVOLVIMENTO DA PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
PRINCIPAIS FORMAS DE ATUAÇÃO DA PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
Considerações Importantes: Segundo a PNUD (1997) “a potencialização do indivíduo é o
ponto de partida da ação comunitária”(p.100).
Para a psicologia comunitária: a questão da potencialização é a criação de condições
sociopsicológicas que facilitem o desenvolvimento da consciência crítica dos moradores.
“Desse modo, as estratégias de facilitação do desenvolvimento comunitário devem
contemplar em sua estrutura de ação o problema objetivo da consciência como questão
central para a sua planificação e ação.
Considerar esse problema em um plano secundário ou isolado da vida concreta dos
indivíduos é um grave erro de consequências negativas tanto para os moradores como para
a vida comunitária”(ibidem).
Referências
Domício, Aline Maria Barbosa. No Rastro das Marias: contribuições feministas para a psicologia comunitária
latinoamericana. Curitiba: Appris, 2012.
Domício, Aline Maria Barbosa et al. Redes de Afeto: estudos e vivências em psicologia comunitária, gênero e
sexualidades. Fortaleza: Expressão Gráfica, 2018.
GÓIS, Cézar Wagner de Lima. Saúde comunitária: pensar e fazer. São Paulo: Aderaldo & Rothschild Editores, 2008.

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