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Texto complementar
LANE, Silvia Tatiane Maurer. O que é psicologia social? 5ª ed. São Paulo: Brasiliense,
1983.
OBJETIVOS
• 1971: foi criada a Faculdade de Psicologia na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, após a
fusão da Faculdade São Bento com o Instituto Sedes Sapientiae, este curso virou referência no país;
• Silvia Lane foi a primeira diretora do curso de Psicologia da PUC/SP, onde permaneceu como
professora e pesquisadora por toda a sua vida;
• 1972: criação do Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Social na PUC/SP, surge com
o objetivo de repensar a Psicologia Social à luz da sociedade brasileira.
DEPOIMENTO DESTE PERÍODO: UMA PROPOSTA
PEDAGÓGICA VOLTADA AO CAMPO SOCIAL
“No curso de graduação da PUC-SP, tentávamos concretizar a tese da teoria e prática no
ensino, levando os alunos a observações, entrevistas, enfim, a coletar dados do cotidiano e
confrontá-los com os textos clássicos sobre os conceitos de atitudes, motivação e
percepção sociais, dissonância cognitiva, socialização, dinâmica de grupo etc (Lane,
1999 apud BOCK et al, 2007, pp. 47-48)
• Ficou evidente com essa experiência, apesar dos esforços e comprometimento dos professores, a
insuficiência teórico e metodológica para lidar com o público e as demandas apresentadas;
• A reflexão crítica dessa experiência e a produção do que veio logo em seguida ficou conhecido
como Psicologia Social Comunitária, consolidando uma primeira tentativa de sistematização no I
Encontro Regional de Psicologia na Comunidade, ocorrido na PUC/SP, com organização da
ABRAPSO.
A EXPERIÊNCIA DE OSASCO
“Os trabalhos de Osasco permitiram um profundo questionamento tanto da metodologia
quanto da teoria da psicologia social. Recuperou-se a experiência já consagrada de Paulo
Freire com sua obra “Pedagogia do Oprimido”, leu-se Alberto Merani, debateu-se a
necessidade e preponderância do método qualitativo de pesquisa, falou-se em pesquisa-ação
ou pesquisa participante. Questionou-se profundamente o parâmetro teórico da psicologia
social. De uma hora para outra, apenas a discussão crítica da Psicologia Social americana
não era mais suficiente. Tratou-se de superar radicalmente uma psicologia por demais
comprometida ideologicamente e que não cabia em sua realidade.” (BOCK et al, 2007, p.
48, grifo dos autores)
A REESTRUTURAÇÃO UNIVERSITÁRIA
• Propostas de disciplinas voltadas ao campo da realidade social brasileira:
- “Estudos livres”, ministrada por Silvia Lane;
• Os estudos de Lewin e Skinner, permitiram que Silvia Lane, criticasse a dicotomia entre
subjetividade e objetividade;
• A saída para a construção de uma Psicologia Social crítica, foi o contato com a realidade, como
ocorria com as experiências em Osasco, mas também com o diálogo com psicólogos sociais da
América Latina que também respondiam à Crise da Psicologia Social em fins dos anos 1970,
estudando sua própria realidade e construindo práticas inovadoras.
UMA NOVA PERSPECTIVA PARA A
PSICOLOGIA SOCIAL
“O trabalho social iniciado no curso de graduação da PUC-SP, o desenvolvimento das
pesquisas no curso de pós-graduação e as relações na América Latina se uniram enquanto
aspectos fundamentais para a construção da nova perspectiva em Psicologia Social. Uma
perspectiva que, segundo Silvia Lane, deveria começar explicitando uma nova concepção de
homem na psicologia: um homem social e histórico. E, para compreender esse homem e
como as determinações históricas estão em relação com ele, seria necessário um outro
método. O materialismo histórico e dialético será o método que ela vai adotar e desenvolver
na psicologia social.” (BOCK et al, 2007, p. 49, grifos nossos)
DUAS PERSPECTIVAS EM PSICOLOGIA SOCIAL
• A Psicologia Social tradicional partia da visão dicotômica de relações interpessoais X influências
sociais, adotando o método científico, em que se destaca a neutralidade;
• A Psicologia Social então proposta, entende o indivíduo como histórico; indivíduo e sociedade estão
em permanente interação, portanto, em uma relação dialética; e a realidade passa a ser encarada
como em permanente movimento, ou seja, passível de transformações sociais;
• A mudança de visões se dá com a influência do marxismo que por meio do método conhecido como
materialismo histórico e dialético, propõe que o conhecimento não é neutro e expõe as categorias
analíticas de totalidade, contradição, empírico-abstrato-concreto e mediação, numa perspectiva
predominantemente histórica.
DEBATE DE DUAS PERSPECTIVAS DA
PSICOLOGIA SOCIAL
• Psicologia Social tradicional:
“... a Psicologia Social é uma ciência básica e neutra, a ela cabe descobrir as relações
estáveis entre variáveis psicossociais a fim de possibilitar ao tecnólogo social a solução dos
problemas sociais de forma consciente e não improvisada” (Aroldo Rodrigues, 1986 apud
Sawaia, 2002 apud BOCK et al, 2007, p. 50)
• Pesquisa de Sergio Ozella que abrange o ensino da Psicologia Social entre 1983 e 1993:
• 1983: Aroldo Rodrigues com Psicologia Social (54), J. L. Freedman (36), Salomon Asch (29),
Krech, Crutchfield e Ballachey (29) e Silvia Lane com o O que é Psicologia Social? (22);
• 1993: Silvia Lane e Wanderley Codo com Psicologia Social: o homem em movimento (63), Aroldo
Rodrigues com Psicologia Social (36), Silvia Lane com O que é Psicologia Social? (22).
• A década que se passou não só apontou pelo aumento da influência da Psicologia Social crítica,
como a adoção de autores brasileiros dentre os três mais lidos nas universidades.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOLOGIA SOCIAL
ABRAPSO
• A Crise da Psicologia Social em fins da década de 1970 não se restringiu ao Brasil, mas envolveu
diversos países na América Latina;
• A Associação Latino Americana de Psicologia Social (ALAPSO), predominantemente marcada pela
psicologia social norte americana tinha pouca representatividade na América Latina.
• Silvia Lane esteve na presidência da associação da sua fundação até 1983, contribuindo, junto a
outros psicólogos não somente para a sua criação, mas para a produção e disseminação de uma
Psicologia com compromisso social.
• Reafirma-se do início ao fim, da produção teórica desta autora, seu compromisso de desenvolver
uma Psicologia que contribua para a transformação da realidade;
• O que faz com que o homem se reconheça como sujeito? O que permite que ele se implique (ou
não) na vida cotidiana? Quais são as determinações sociais que influenciam esse indivíduo?
Acesso ao documentário:
https://www.youtube.com/watch?v=J-uh19AP9kk