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UNIP- Universidade Paulista

CPA - Centro de Psicologia Aplicada / Campus Tatuapé

Nome: Camila França Lemos RA.: N324FF-5


Data: 09/03/2022

RESENHA CRITICA: “Compromisso Social da


Psicologia”

Percepções sobre o texto:

Silvia Lane foi pioneira em questionar a Psicologia Social brasileira


sobre seu vínculo com interesses dominantes e redirecionar sua produção
com objetivo de transformação social. Éramos influenciados pela psicologia
social norte-americana, de base experimental e positivista, que falava de
mecanismos psicológicos universais e abstratos, desconsiderando o histórico
social na construção do sujeito.
Lane questionava o elitismo dos serviços psicológicos. Observava que
suas alunas geralmente escolhiam a clínica particular, com viés individualista.
Num contexto geral, a psicologia nessa época não analisava seu
compromisso com interesses dominantes.
Em 1977 cria um trabalho nos sindicatos e comunidades operarias de
Osasco em uma disciplina intitulada "A Psicologia Social na pratica clinica".
Esta experiencia é citada como embrião da Psicologia Comunitária. Suas
inovações metodológicas eram: Produzir conhecimento que possibilite
compreender a realidade necessariamente transformando-a. Superar uma
psicologia por demais comprometida ideologicamente e que não cabia em
nossa realidade.
Na PUC, Silvia ministrou disciplinas que se propunham a fazer
revisões críticas de experimentos e pesquisas no Psychological Abstracts, o
resultado foi a inadequação ao nosso contexto.
Silvia critica a psicologia social de base cognitivista, pois essa
estabelece dicotomia entre indivíduo e sociedade. Critica o método
experimental, pois essa busca relações causais, aquilo que é pesquisado em
laboratório talvez não se aplique na vida real por que envolve variáveis
imensuráveis que influenciam o nosso comportamento. Além disso uma outra
crítica tem a ver com a necessidade de verificação empírica de princípios
teórico, isso fazia com que as pesquisas ficassem limitadas a
experimentação e aí novos métodos que pudessem ser desenvolvidos para
analisar outros fenômenos não eram tidos como relevantes.
Silvia dizia que produzam conhecimento que possam transformar a
realidade, emancipar os sujeitos de suas relações de opressão e dominação
e alienação.
A Psicologia Social no Brasil era um 'zero à esquerda', não interferia
em nada, não ajudava em nada, quer dizer, era um saber que estava lá, que
partia das teorias americanas para explicar realidades brasileiras. Era preciso
compreender como o latino-americano singulariza o universal na constituição
particular de sua existência. (Lane, 2000).
A partir de 1976 a produção de uma Psicologia Social alternativa a
norte-americana começa a se unir em diversos países latino-americanos. São
levantadas questões no início dessa produção de uma Psicologia Social
diferente no Brasil e na América Latina e uma delas é que é preciso ver o
indivíduo como ser social e histórico, não dá pra analisar uma pessoa dentro
de um laboratório por que as variáveis que influenciam seu comportamento
na vida são inúmeras. É adotado o materialismo histórico dialético como
método principal da psicologia social. Portanto, caberia à Psicologia Social
recuperar o indivíduo na intersecção de sua história com a história de sua
sociedade apenas este conhecimento nos permitiria compreender o homem
como produtor da história. (Lane, 1984a, p. 13).
A Psicologia Social tradicional estuda "relações interpessoais e
influencias sociais". Já uma Psicologia Social critica estuda: o indivíduo em
relação dialética com a sociedade. A constituição histórica e social do
indivíduo. Os elementos que explicam os processos de consciência e
alienação. As possibilidades de ação do indivíduo frente as determinações
sociais.
A ABRAPSO foi criada em 1980 pela professora e por seus colegas.
“A criação da ABRAPSO é um marco decisivo na orientação da psicologia
social brasileira em direção à problemática de nossa realidade sócio-
econômica-política-cultural. Também reafirma a importância fundamental de
Lane, que ficou na presidência nacional até 1983 . . .” (Molon apud Sawaia,
2002, p. 67).
Por fim, dá pra resumir que essa Psicologia Social Sócio-histórica é
produz um conhecimento comprometido com a transformação social. Seu
principal foco é desnaturalização dos fenômenos sociais.
Uma pessoa é a síntese do particular e do universal, ou seja, sua
individualidade se constitui, necessariamente, na relação objetiva com o seu
meio físico, geográfico, histórico e social, que irão, através de suas ações,
desenvolver seu psiquismo humano, constituído, fundamentalmente, pelas
categorias: consciência, atividade e afetividade.

Referencias:

Bock, Ana Mercês Bahia et al. Sílvia Lane e o projeto do "Compromisso


Social da Psicologia". Psicologia & Sociedade [online]. 2007, v. 19, n. spe2

Lane, S. T. M. (2000, maio/jun.). Diálogos: Uma psicologia para transformar a


sociedade [ Entrevista] . PSI Jornal de Psicologia, São Paulo, 18(122), 4-6.

Lane, S. T. M. (1984a). A Psicologia Social e uma nova concepção de


homem para a Psicologia. In S. T. M. Lane & W. Codo (Eds.), Psicologia
Social: O homem em movimento (pp. 10-19). São Paulo, SP: Brasiliense.

Sawaia, B. (2002). Sílvia Lane: Vol. 8. Coleção Pioneiros da Psicologia


Brasileira Rio de Janeiro, RJ: Imago.

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