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PSICOLOGIA UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - CAMPUS I


CURSO DE PSICOLOGIA

DAÍSE LOPES SILVA

RESUMO PARTE 1:
A PSICOLOGIA SOCIAL E UMA NOVA CONCEPÇÃO DO HOMEM PARA A
PSICOLOGIA

Salvador – 2023
DAÍSE LOPES SILVA

Trabalho apresentado ao Departamento


de Educação - Campus I da Universidade
do Estado da Bahia (UNEB) como requisito
parcial de avaliação da disciplina de
Psicologia Social I.

Docente: Cláudia Regina Sobral


No primeiro capítulo do livro psicologia social o homem em movimento, a autora inicia
discutindo a relação histórica entre Psicologia e Psicologia Social, destacando duas
tendências predominantes que surgiram na década de 50. A primeira, enraizada na
tradição pragmática dos Estados Unidos, visava influenciar atitudes, intervir na
dinâmica de grupo para a produtividade e criar harmonia após a Segunda Guerra
Mundial. A segunda seguiu a tradição filosófica europeia, particularmente a
fenomenologia, buscando modelos científicos extensos, como a Teoria de Campo de
Lewin.

A autora expõe que as pesquisas e os experimentos não conseguiram estabelecer


leis, e os estudos interculturais revelaram variáveis complexas que desafiavam os
pesquisadores. Isto levou a um retorno às análises fatoriais e às novas técnicas
multivariadas, que estabeleciam relações, mas careciam de insights sobre "como" e
"por quê". Na América Latina, num contexto de dependência econômica e cultural do
Terceiro Mundo, a Psicologia Social oscilou entre o pragmatismo americano e uma
visão ampla de um indivíduo abstrato. Os congressos interamericanos de psicologia
refletiram essa oscilação, resultando na década de 76 com críticas sistemáticas e
novas propostas, especialmente do grupo venezuelano. Esse movimento se estendeu
ao Brasil, em busca de uma Psicologia Social que abordasse as realidades locais.

Segundo Silvia Lane, para superar a crise, os estudiosos reconheceram a tradição


biológica da Psicologia, concentrando-se no indivíduo como um organismo interagindo
num ambiente físico. Contudo, esta perspectiva era limitada, pois não considerava o
contexto social e histórico do indivíduo. O texto enfatiza a necessidade de incorporar
dimensões históricas e sociais na compreensão do comportamento humano.

A autora argumenta que o comportamento humano é influenciado por fatores


biológicos e sócio-históricos. Negligenciar o contexto social e histórico distorce a
compreensão do comportamento. O desafio para a Psicologia Social reside em
compreender a criatividade humana e o poder transformador dentro das estruturas
sociais que constroem, indo além da mera replicação das condições
sociais existentes.

Silvia Lane aborda o papel da ideologia no campo das ciências humanas, critica a
abordagem positivista por perder de vista o sujeito humano na sua busca por fatos
objetivos. Esta crítica decorre de uma análise detalhada que revela que as descrições
do comportamento por si só não podem explicar o humano como agente de mudança
e sujeito histórico a discussão destaca que uma descrição comportamental estrita,
desprovida do contexto mais amplo do desenvolvimento histórico e dialético, tende a
reforçar a ideologia dominante. Tais descrições tratam os comportamentos como
“naturais” negligenciando as influências ideológicas que os moldam.

A autora argumenta que, para compreender verdadeiramente o comportamento


humano, as ciências humanas devem considerar o desenvolvimento histórico e
dialético das sociedades. O foco apenas nas descrições limita a compreensão,
levando à representação das influências ideológicas como inerentes à natureza
humana.

Sara Lane afirma que se a psicologia se limitar a descrições ou considerar o indivíduo


apenas como causa e efeito de sua própria individualidade, terá uma influência
conservadora e ideológica. Sem reconhecer os indivíduos como produtos e produtores
da história pessoal e social, a psicologia apenas reforça condições que impedem o
surgimento de contradições e dificultam a transformação social.

A autora discute a relação entre psicologia social e materialismo histórico observando


que o dilema do positivismo entre objetividade e subjetividade resultou na perda do
elemento humano, suscitando a necessidade de reintegrar a subjetividade como
materialidade psicológica. Critica dualidades como físico e psíquico, que podem
tender ao idealismo ou reduzir os humanos a meras entidades orgânicas. Nenhuma
das abordagens explica adequadamente a criatividade e as transformações humanas.
Entretanto, é necessária uma nova dimensão para compreender o indivíduo como
uma entidade concreta dentro de uma totalidade histórico-social. Essa busca leva ao
surgimento de uma psicologia social fundamentada no materialismo histórico e na
lógica dialética.

No livro, a autora enfatiza a importância dos pressupostos epistemológicos baseados


no materialismo histórico e no raciocínio dialético para a reconstrução do
conhecimento que se alinha com a realidade social. Critica as limitações das
abstrações e construções teóricas que não informam efetivamente as práticas
psicossociais. Em vez disso, o texto propõe uma metodologia que começa com
observações empíricas, indo progressivamente além das descrições superficiais e
desenvolvendo categorias que facilitam uma compreensão mais profunda dos
indivíduos. Explora a interação entre ações e comunicação, a consciência de si
mesmo e dos outros, e a importância da linguagem na compreensão do significado
pessoal.

A autora também introduz conceitos de Leontiev, incluindo atividade, personalidade e


consciência, para fornecer uma estrutura abrangente para analisar indivíduos em
contextos sociais. Salienta a importância das relações grupais mediadas pelas
instituições sociais e da mediação ideológica na atribuição de papéis e representações
sociais e explora implicações metodológicas da pesquisa-ação dentro de uma
estrutura interdisciplinar, mostrando a interação dinâmica entre pesquisador,
participante e o contexto social. Afirma que os investigadores estão envolvidos e que
as suas perspectivas são moldadas pela sua visão do mundo e compromisso,
tornando impossível a geração de conhecimento “neutro” ou não influenciado. O
pesquisador e o participante estão envolvidos em relações sociais que podem
reproduzir ou transformar as condições sociais.

Silvia Lane traz o conceito de “Toda Psicologia é Social”, deixando claro que embora
diferentes áreas da psicologia mantenham seus focos específicos, todas devem
reconhecer e analisar a natureza histórico-social do ser humano. Do desenvolvimento
infantil às patologias e técnicas de intervenção, cada área deve examinar criticamente
o seu tema em relação ao contexto social, evitando isolar o comportamento como se
existisse de forma independente.

Em suma, a afirmação não diminui o foco específico da psicologia social, mas antes
insta-a a abordar a questão de como os humanos são ao mesmo tempo sujeitos da
história e agentes de mudança social. Este conceito pode ser aplicado a todas as
áreas da psicologia, incentivando uma compreensão abrangente do comportamento
humano dentro do tecido social mais amplo.

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