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Instituto Thea

Optometria Comportamental Internacional

Ministrado por:

Doutora Mariella Venturella


Doutora em Psicologia
Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde
Mestre em Psicologia Sanitaria
Pós-graduada em Transtorno do Espectro Autista
Especialista em Desenvolvimento Infantil e Familia

Florianópolis – SC – Brasil - 2017


Está apostila foi elaborada pela Doutora Mariella Venturella em parceria
com o Instituto Thea na finalidade de facilitar o registro dos conhecimentos
adquiridos durante o curso dos dias 09 e 10 de setembro de 2017. Não se
autoriza sua reprodução e apresentação do seu conteúdo para fins
lucrativos. É obrigatório indicar os autores para a utilização ou cita ções
desse material.
INTRODUÇÃO
1. Transtorno do Espectro Autista (TEA) e conceitos diagnósticos
2. O funcionamento mental e a relação da criança diagnosticada de TEA
3. Síndromes e transtornos relacionados com o TEA
4. A comunicação, o trabalho e a atenção à criança diagnosticada de TEA
Referências
INTRODUÇÃO

Cada vez mais o Transtorno do Espectro Autista (TEA) ganha destaque pela
sua complexidade, pelas mudanças ocorridas nos conceitos diagnósticos e
principalmente, pelo seu índice de prevalência que em 2006 era de 1 de
cada 110 crianças e em 2014 passa à ser de 1 para cada 68 (Autism Speaks,
2015, Centers for Disease Control and Prevention, 2014).

O objetivo deste curso é a formação d e profissionais da área da saúde nos


princípios básicos da relação e comunicação com as crianças diagnosticas
de TEA.

O autismo infantil e a psicoses precoce constituem os aspectos psicológicos


mais graves da infância. Porém, se trata de um transtorno tra tável, que
pode ser trabalhado por diferentes profissionais e técnicas, sempre
centralizado na inter-relação.

O novo conceito de transtorno do espectro autista ressalta que o autismo


em um sentido mais restrito é um conjunto de sintomas que se definem
pelo comportamento. Esta linha facilita pensar em um funcionamento
mental autista que coexiste com outros e não em um diagnóstico clinico
fechado. Considerando as alterações a nível social, de comunicação e de
interesses restritos e repetitivos.

Os profissionais que trabalham ou desejem trabalhar com este perfil devem


se preparar e se reciclar constantemente para poder pensar diante das
atitudes, da forma de se comunicar e do seu próprio sentimento nesta
relação.
1. Transtorno do Espectro Autista (TEA) e con ceitos diagnósticos

Antes mesmo de se começar a utilizar o termo autista, vários autores


documentavam casos que hoje em dia estariam dentro dos aspectos
autistas. O melhor documentado e atualmente citado é caso de Dick,
publicado por Klein (1930) que expl ica uma dificuldade do desenvolvimento
nas primeiras idades. Ela descreve uma criança praticamente sem afeto,
indiferente, com interesses particulares (como por exemplo, trens, mapas,
carros e outros) e que não fazia questão de um contato com o seu entorno ,
que a maior parte do tempo emitia sons sem significado e uma grande
dificuldade de brincar de faz -de-conta.

O Autismo Infantil, explicado dessa maneira, foi descrito por primeira vez
por Leo Kanner em 1943.Para este psiquiatra americano de origem
austríaca, o principal problema consistia na incapacidade dessas crianças
de estabelecer relações com os demais e de reagir de maneira natural
diante das situações. Kanner descreveu 11 casos de crianças que estavam
entre os dois anos e meio e os oitos anos de id ades, selecionando algumas
características essenciais para o diagnóstico: grande carência de contato
afetivo para com outras pessoas, insistência em realizar rotinas repetitivas,
mutismo ou uma considerável anomalia na fala, fascinação por objetos e
destreza em manipula-los, altas habilidades viso -espaciais ou memoria
mecânica em contraste com dificuldades de aprendizagem em outra área,
por último, uma aparência agradável e inteligente. Ele acreditava que era
uma síndrome única, separada de outros transtorn os clínicos.

Quase que simultaneamente, Asperger (1944), na Áustria, publicou seu


primeiro artigo sobre um grupo de crianças q ue ele diagnosticou com o
termo de ‘psicopatia autística’. Ele destacava as seguintes características:
uma relação social ingênua e inadequada, interesse por determin adas áreas
ou objetos, boa gramática e vocabulário utilizado em conversações
monótonas ou unilaterais, pouca motricidade e uma falta de sentido
comum. Para Asperger a síndrome que ele descrevia era diferente da de
Kanner, apesar de admitir algumas semelhanças.

Em 1995, Wing, desenvolve a expressão ‘espectro autista’ com a finalidade


de agrupar os diferentes casos. Está definição ficou bastante popular entre
os profissionais por dois motivos: primeiro por diminuir a ampl itude do
leque nos graus e gravidade da patologia ; e segundo, porque não se deve
confundir a patologia com a criança. Uma criança com autismo não tem
porque ser só autismo. Ela é primeiro e sempre, uma criança.

É importante considerar que seguimos avançan do na compreensão do


funcionamento mental dessas crianças. Cada vez existem mais pesquisas
sobre o tema e diferentes formas de ajudar e atender, a criança e sua
família.

Manual Diagnóstico e Estatístico de Trastornos Mentales (DSM)

Existem alguns manuais médicos para o diagnóstico dos diferentes


transtornos. No Brasil é comum utilizar as nomenclaturas e classificações
do CID-10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas
Relacionados com a Saúde) ou do DSM -V (Manual Diagnóstico e Esta tístico
de Transtornos Mentais), ambos têm uma história parecida sobre os
diagnósticos e nomenclaturas do autismo, porém é o DSM-V que sofreu as
mais recentes modificações. Por este motivo, é nele que apoiamos nosso
repasse desde o início até os dias atuai s do conceito médico deste
transtorno.

A primeira edição do DSM foi em 1952, onde a ideia sobre o autismo era
muito recente e não acabou recebendo um critério de diagnostico próprio.
As crianças que mostravam sintomas autista eram classificadas como
‘esquizofrenia infantil’.
O segundo DSM é publicado em 1968 e continua sem incluir uma categoria
própria para o autismo, continua com a nomenclatura de ‘esquizofrenia
infantil’, porém dentro dos seus critérios diagnósticos já se encontravam:
comportamento autista, atípico y retraído (American Psychiatric
Association, 1968, p. 35).

É em 1980, na terceira edição do manual que se inclui uma categoria


diagnostica distintiva para o autismo. O Autismo Infantil passa a ser
considerado um Transtorno Geral do Desenvolvimento (TGD), que incluía
subtipos: autismo infantil TGD no início da infância, TGD atípico y autismo
infantil residual.

Esta terceira edição passa por uma revisão em 1987, sendo chamada de
DSM-III-R, em que se elimina o uso da categoria TGD para as idade s iniciais
da infância. Os profissionais da época também encontravam dificuldades
em diferencias entre um TGD atípico e um autismo infantil residual e
decidiram que o Transtorno Geral do Desenvolvimento incluiria somente
duas categorias: transtorno autista e TGD não especificado.

Nas seguintes edições, DSM-IV (1994) e DSM-IV-TR (2000), continuou-se


utilizando o termo TGD, porem incluía mais subtipos: o transtorno autista,
o transtorno de Rett, o transtorno desintegrativo infantil, o transtorno de
Asperger e o TGD não especificado (incluindo o autismo atípico).

A última revisão do manual ocorreu em 2013, sendo o DSM -V gerador de


muitas controvérsias e questionamentos. O grupo TGD deixa de ter
subtipos e fica definido como um único diagnostico: Transtorno do
Espectro Autista (TEA). Além disso, anteriormente os critérios diagnoticos
estavam dentro de uma tríade (interação social, comunicação e interesses
restritivos e repetitivos) e agora estão dentro de uma díade
(sociais/comunicação e interesses restritivos e repetitivos).
É certo que desde 1980 se utiliza de maneira extraoficial uma única
categoria para falar de Autismo, Asperger e TGD não especificado. Porém,
são os marcos diagnósticos que permitem aumentar ou diminuir as
prevalências do autismo. E percebem os que depois de praticamente quatro
décadas os critérios diagnósticos são vítima de controvérsias no âmbito
clinico, de pesquisa e cultural.
2. O funcionamento mental e a relação da criança diagnosticada de TEA

Os conceitos do Transtorno do Espectro Autista (TEA) destaca que o


autismo não deixa de ser um conjunto de sintomas definidos pelo
comportamento da criança. É importante pensar que o funcionamento
mental autista coexiste com outros aspectos saudáveis e que seria muita
responsabilidade esquecer que antes de um diagnóstico tão grave, existe
uma criança que deve ser vista e reconhecida dentro da sua idade do
desenvolvimento. De todos modos nos centraremos em comentar os
aspectos mais particulares da relação de uma criança com est e diagnóstico:

- Apresentam uma aparência de autossuficientes;


- Normalmente não apresentam um olhar com interesse pelas pessoas ;
- Pode estar sem realizar nenhum tipo de comunicação ou realiza -la de
maneira inadequada, fragmenta ou sensorial;
- Pode passar a sensação de que as pessoas lhes interessam tanto como um
objeto ou menos;
- Apresentação dificuldade de integrar, interpretar e vincular suas
emoções, o que também dificulta a relação e o interesse emocional
adequado;
- Não costumam apresentar uma cap acidade de empatia e sentido comum,
podendo reagir com comportamentos sem muito sentido para a situação;
- Vivem em um estado indiferenciado de si mesmo, do que lhe rodea e dos
demais;

É essa desordem interna somado a dificuldade de comunicar -se e de


diferencia-se que fazem ser tão difícil compreende -los e organizar nossa
própria experiência interna diante da relação com eles.

Citar estes aspectos nos aproxima a considerar o que nos faz sentir uma
criança diagnosticada de TEA. A família e os profissionais que convivem um
longo período de tempo com estas crianças, comprovam o difícil que pode
ser pensar diante das suas atitudes, o cansaço que pode produzir e uma
comunicação algumas vezes tão sem sentido, que levam a um desgaste
emocional (Brun, 2004).

Aos sentimentos conflitivos que chamamos de ambivalência, essa oscilação


que pode existir entre a aceitação e a negação da situação, entre a
serenidade e raiva, entre o sentimento de ajudar e impotência, entre a
culpa e a justificação.

Definitivamente, por mais saudável que possa ser a relação com uma
criança autista, o próprio diagnostico é uma dor, sem contar na sua
cronicidade e o que isso representa na adaptação da vida da criança e da
família que lhe acompanha. As dificuldade s de relação e comunicação
dificultam, em grande medida, sua integração social e da sociedade na sua
vida.
3. Síndromes e transtornos relacionados com o TEA

3.1 Síndrome do cromossomo X-Frágil (SXF)

A síndrome do cromossomo X-Frágil é causada por uma alteração no gene


FMR1, onde uma pequena parte do código do gene se repeti em alguma
área frágil do cromossomo X e quantas mais repetições ocorrerem maior
será a probabilidade de que exista algum problema.

O gene FMR1 produz uma proteína que o cérebro necessita para crescer
adequadamente. Um defeito neste gene faz com que o corpo não produza
ou produza pouco dessa proteína .

Está síndrome pode afetar meninos e meninas, porém, dado que os


meninos têm somente um cromossomo X, é muito mais provável que este
único cromossomo X-Frágil lhes afete de maneira mais grave.

A pesar de ser uma alteraçã o genética não é obrigatório que existam


antecedentes familiares na família. Mas também pode ser fruto da
existência desses antecedentes, seja do cromossomo X -Frágil, problemas
do desenvolvimento ou por dificuldade intelectual.
Incidência:

Na última década essa síndrome aparece como umas das principais causas
de incapacidade intelectual, sendo responsável por um 30% de todas as
formas de deterioração cognitiva. Acredita -se que 1 de cada 259 mulheres
tem este gene nessas condições. A SXF impacta de maneira negativa no
desenvolvimento e gera dificuldades de aprendizagem, inclusive chegando
a um retardo mental severo, além de manifestar problemas de atenção,
hiperatividade e condutas autistas.

Características:

Os problemas de comportamentos da SXF incluem:


- Atraso para engatinhar, caminhar e gira -se;
- Palmas fora de contexto ou morder as mãos;
- Comportamento hiperativo ou impulsivo;
- Retardo intelectual;
- Atraso para falar e de linguagem;
- Tendência em evitar o contato visual.

Os sinais físicos podem incluem:

- Pés planos;
- Articulações flexíveis e tónus muscular baixo;
- O tamanho do corpo é relativamente grande;
- Orelhas ou rosto grande com uma mandíbula proeminente;
- Rosto alargado;
- Pele extremadamente suave.

Podem apresentar algumas caracter ísticas ao nascer, enquanto outras


podem surgir somente depois da adolescência.
Tratamento:

Não existe um tratamento específico para as crianças que apresentam a


síndrome do cromossomo X-Frágil. Porém, é possível estimular, educar,
trabalhar e ajudar a estas crianças e famílias para se desenvolver dentro do
seu maior potencial e qualidade de vida.

3.2 Síndrome de Rett

A síndrome de Rett ocorre quase sempre em meninas e costuma ser


diagnostica erroneamente como autismo ou paralisia cerebral. Se trata de
um defeito no gene da proteína 2 de união a metil -CpG (MeCP2) que se
encontra no cromossomo X. No caso das meninas, quando um dos
cromossomos X apresentam este defeito, o outro é suficientemente normal
para que a criança sobreviva. Já no caso dos meninos, não existe um
segundo cromossomo X para compensar, por tanto, o defe ito acaba
causando aborto espontâneo ou uma morte bastante prematura.

Incidência:

Costuma afetar 1 de cada 10 mil crianças.


Características:
- Costuma apresentar um desenvolvimento normal entre os 6 a 18 meses
de vida;
- Problemas respiratórios que podem piorar com o estresse;
- Mudanças no desenvolvimento;
- Babar e salivação excessiva;
- Retardo intelectual e dificuldades de aprendizado;
- Escolioses;
- Caminha instável ou rígido, também pode caminhar com a ponta dos pés;
- Convulsões;
- Crescimento da cabeça tardio;
- Perda dos padrões de sono;
- Perda dos movimentos da mão com um proposito;
- Perda do compromisso social;
- Problemas graves no desenvolvimento da linguagem.

Tratamento:

- Suporte e orientação psicológica a família e relacional a crian ça;


- Ajuda nutricional por temas de alimentação;
- Apoio e suporte a nível de higiene geral, principalmente troca de fralda;
- Fisioterapia;
- Seguimento medico para convulsões e orientações sobre a possibilidade
de um tratamento genético.
3.3 Síndrome de Angelman

A síndrome de Angelman é causa pela baixa contribuição materna normal a


uma região do cromossomo 15, sendo o mais comum por uma anulação do
segmento desse cromossomo. O feto recebe duas copias do cromossomo
15, um do modelo da mãe e outro do pai, onde normalmente se expressa o
alelo materno que impõe silêncio ao alelo paterno, porém si se perde ou se
transforma a contribuição materna, o resultado é a síndrome de Angelman.

Incidência:
Apesar de não existir uma incidência comprovada, exis tem dois estudos,
um na Suécia que sugeri 1 de cada 20 mil crianças, e outro de Dinamarca
que sugeri 1 de cada 10 mil crianças.

Características:
- Atraso no desenvolvimento, funcionalmente severo;
- Discurso debilitado, nenhum uso o mínimo uso da linguage m;
- Capacidade de comunicação repetitiva;
- Linguagem não verbal superior a comunicação verbal;
- Desordem dos movimentos, presença de balanceio e movimento tremulo;
- Comportamento extremamente feliz e uma risada frequentemente sem
sentido aparente;
- Personalidade que se excita com facilidade demonstrando principalmente
agitando as mãos em um movimento repetitivo;
- Pouca capacidade de concentração.

Problemas associados:
- Estrabismo;
- Reflexos hiperativos de tendões;
- Mandíbula proeminente, boca e dentes amplos;
- Sensibilidade ao calor;
- Dispersão do sono;
- Babar constantemente e língua ressaltada;
- Epilepsia.

Tratamento:
É uma síndrome que dificulta determinar uma medicação adequada para a
epilepsia e os problemas de sono devido suas variáveis, que diferencia dos
casos comuns desses sintomas isolados.

As intervenções precoces mais recomendadas são de fisioterapia,


hidroterapia, fonoaudiologia, musicoterapia e outras atividades e
profissionais que ajudem a estimulas a relação, o movimento e a
comunicação.
3.4 Síndrome de Prader-Willi

A síndrome de Prader-Willi, igual que a síndrome de Angelman, é causada por uma


deficiência de um gene no cromossomo 15, porém a diferença é que neste caso a
carência do material genético é por parte do cromossomo do pai. Ou por duas copias
do cromossomo 15 por parte da mãe. Esta mutação ocorre de forma aleatória, não
existe antecedentes familiares.

Características:
- É congênita, isso quer dizer que está presente já ao nascer;
- Ao nascer costumam ser pequenos e flácidos;
- Os meninos podem apresentar criptorquidia, onde o testículo não desce
corretamente da cavidade abdominal;
- Afeta muitas partes do corpo, gerando: obesidade, diminuição do tono muscular e da
capacidade mental, pouca ou nenhuma produção hormonal por parte das glândulas
sexuais;
- Problemas para comer durante o período de amamentação;
- Olhos em forma de amêndoas;
- Desenvolvimento motor lento;
- Crânio bifrontal estreito;
- Aumento rápido de peso;
- Mãos e pés pequenos em relação ao corpo.
São crianças que apresentam uma ansiedade intensa pela comida e serão capazes de
fazer qualquer coisa por consegui-las. O que pode gerar uma obesidade mórbida,
gerando diabetes do tipo 2, hipertensão arterial e problemas pulmonares e articulares.

Tratamento:
A maior preocupação será o tema da obesidade que gerará um trabalho a todos que
convivem com a crianças: família, vizinhos, escola. Todos devem estar atentos nas
tentativas da criança em conseguir alimento como seja possível.

Além do suporte psicológico aos cuidadores e o seguimento da criança, neste caso se


recomenta uma medicação especifica para o tema hormonal e físico, existindo
medicações e alimentos específicos que ajudam em: melhorar a força física, a agilidade
e a estatura, incrementar massa muscular magra e diminui a gordura corporal,
melhorar a distribuição do peso e incrementar a densidade mineral óssea. O
tratamento farmacológico também pode ajuda na adolescência a equilibrar os
hormônios sexuais.

3.5 Síndrome de Williams

A síndrome de Williams é uma rara afetação causada por falta genes. Pode não existir
antecedentes familiares por parte dos pais, porém uma pessoa com essa síndrome tem
50% de probabilidade de transmitir o transtorno aos seus filhos. A causa costuma
acontecer de forma aleatória.

Incidência: Se apresenta em 1 de cada 8 mil crianças.

Características:
- Atraso no desenvolvimento e na linguagem;
- Tendência em se distrair com facilidade;
- Problemas de alimentação, apresentando cólicas, refluxos e vômitos;
- Dificuldades de aprendizagem;
- Retardo intelectual que pode ir de leve a moderado;
- Personalidade muito amigável, ingênuo, medo a sons altos e contato físico, porém
com afinidade pela música;
- Estatura pequena em relação aos demais da família;
- Rosto: nariz pequeno com a ponta para cima, borde largo na pele que do nariz ao
lábio superior, lábios proeminentes com uma boca aberta; pele que cobre a esquina do
olho, falta parcial dos dentes com esmalte defeituoso, pequenos e amplamente
espaçosos.

Tratamento:
Não existe cura e é necessário o tratamento cuidadoso com a alimentação pelos níveis
de assimilação de vitaminas. É muito indicado um seguimento psicológico, de
fisioterapia e de fonoaudiologia. Também se aconselha um suporte coordenado por
um geneticista especializado em está síndrome.
3.6 Síndrome Velocardiofacial ou DiGeorge

É um dos defeitos cromossômicos mais comuns nos recém -nascidos. Em


90% dos pacientes com estas características carecem de uma pequena
porção do cromossomo 22 na região q11, que inclui aproximadamente 30
genes individuais y que como resultado gera dificuldades de
desenvolvimento em todo o corpo. Os outros 10% dos casos foram
associados com outros defeitos cromossômicos relacionados com: mãe s
diabéticas, síndrome de alcoolismo fetal e exposição pré -natal a Accutane
(remédio para acne).

Em 10% dos casos se trata de uma herança hereditária, o restante ocorre


por casualidade.

Incidência: Se calcula que 1 de cada 3 ou 4 mil nascidos.

Características:
Se trata de um transtorno genético com quadro variáveis em cada pessoal
que o padece. As condições comuns incluem: dificuldades cardíacas,
aspectos do rosto, ausência ou subdesenvolvimento do timo e glândulas
paratireoides.
4. A comunicação, o trabalho e a atenção à criança diagnosticada de TEA

Uma das grandes dificuldades do autismo é o tema da ausência da


linguagem ou do seu uso inadequado. No início do tratamento costuma ser
a principal preocupação das famílias, chegando a dizer que ‘o único
problema é que não fala, se falasse já estaria tudo bem’.

Como profissionais podemos entender que a linguagem é uma parte


importante do desenvolvimento infantil e que pode ser um indicador de
que este desenvolvimento vai por um bom caminho.

Porém, ao trabalhar com autismo, sejam aspectos da fala ou não, o que


mais chama a atenção é a maneira de se relacionar. Algumas vezes parece
que o que lhes estamos explicando não lhes faz sentido ou que nem
escutaram.

Existem diferentes teorias sobre o desenvolvimento da fala, porém no caso


do autismo, prefiro as suposições que o problema de linguagem é causado
por dificuldades básicas de organização de um aparato mental capaz de
gerar e interiorizar a linguagem.

Para ajudar a comunicação de uma criança com autismo é necessário


primeiro tentar entender porque não fala ou porque fala de uma maneira
estranha e para entende-lo é necessário compreender alguns aspectos do
desenvolvimento normal e do autismo.

A finalidade da comunicação é expressa rmo-nos, se não temos intenção ou


não vemos motivo para fazê-lo, também não haverá motivo para falar. Está
intenção comunicativa começa antes da linguagem.

Autores como Folch e Meltzer, explicam como os bebes são capazes de ter
representações abstratas de qualidade perceptiva, en tre elas os sons
relacionais da mãe. Mesmo que o bebe não fale, as canções da mamãe, sua
forma de explicar as vivencias e as emoções, vão criando um código
compartilhado e é dessa mesma maneira que compartilham a experiência
de se comunicar e de se entender.

Em resumo, o bebe já tem certas capacidade s de realizar funções mentais,


de ordenar e integrar a informação que obtêm a traves dos sentimentos e
das sensações importantes, podendo assim elaborar e ordenar
pensamentos.

O que nos faz pensar que no caso do autismo este processo não chegou a
acontecer ou aconteceu de maneira bastante alterada. É como se não
tivessem criado códigos compartilhados e que a função comunicativa não
se desenvolveu ou aconteceu de forma anormal. Existindo uma grande
dificuldade de utilizar as funções que impliquem , claramente, uma outra
pessoa, por exemplo, pedir, chamar, perguntar, responder.

A falta de capacidade para criar uma linguagem própria é consequência de


uma estrutura mental, interessada quase que exclusivamente pelos
aspectos sensoriais ou superficiais, sem poder interiorizar realmente o
processo comunicativo, o significado das palavras de duas pessoas
diferentes que são capazes de reconhecer um ao outro e que tem um
código comum e expressões pessoais.

É como se existisse um fracasso em desenvolver símbolos mentais


representativos, de se reconhecer como um indivíduo diferente e, em
consequência, da capacidade de se relacionar socialmente. Por este motivo
é importante entender o que sentimos quando nos relacionamos com eles e
principalmente, o sentido que possa ter qualquer tipo de comunicação que
realizem. Porque isto ajudará a entender quais são suas capacidades e
dificuldades atuais e dará lugar qual deve ter sido seu processo de
desenvolvimento, como chegou onde está e como está.
Uma vez se consiga entender como se organiza e as características pessoais
de cada criança, sua idade e que ajudas necessitas, se verá que em todas
elas, sustentar e possibilitar um desenvolvimento dependerá de fomentar a
linguagem e a relação, para isso devemos nos dar conta das respostas da
própria criança a toda e qualquer atenção profissional e relação
interpessoal.

Finalizando, é importante definir três aspectos básicos que se deve


considerar no desenvolvimento do trabalho com estas cri anças:

- A intenção de se comunicar, seja qual for e da maneira que for;


- O desenvolvimento de um mundo de significados, dos que ela queira
transmitir e dos que queiramos nós transmiti rmos-lhe;
- A utilização de recursos comunicativos, de gestos, imagens ou repetições
verbais sem sentido, dentro de um significado e um contexto, a ser possível
a fala.

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Referências

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disorders. Washington, DC: American Psychiatric Association.

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Brun, J. M. (2004). Niños con autismo. Experiencia y Experiencias. En J. M. Brun y R.
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Folch, P. (1995). Debats a la cruïla sobre el símbol. Barcelona: PPU.

Kanner, L. (1943). Autistic disturbances of affective contact. Nervous Child 2, 217-250.

Klein, M. (1930). Importancia de la formación del símbolo en el desarrollo del yo.


Obras Completas de Melanie Klein, II, Contribuciones de Psicoanálisis, Buenos Aires,
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Meltzer, D. (1979). Exploración del autismo. Buenos Aires: Paidós, 1984.

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