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Optometria Comportamental Internacional

Módulo 8

Ambliopia:
Diagnóstico e Tratamento
optométrico.

Especialização em Optometria Comportamental


“Diagnóstico e Tratamento dos Problemas Visuais”
Tradução: Enro Gustavo Venturella
Copyright © 2017/2018 - Dr. Robert B. Sanet

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Optometria Comportamental Internacional

INTRODUÇÃO
Buscaremos ver em profundidade neste curso, o que é a ambliopia e qual é o melhor
tratamento com todas as ferramentas que atualmente temos à nossa disposição
como optometristas.
Veremos o tratamento moldado à nossa filosofia, uma filosofia holística que trata o
paciente na sua totalidade e que não pode separar os globos oculares do resto do
individuo.
Veremos que existem diferentes tipos de ambliopias e que é crucial realizar um bom
diagnóstico para poder propor o tratamento mais adequado em cada caso.
Nós optometristas, tratamos durante décadas a ambliopia com êxito em qualquer
idade, apesar da oposição médica e de muitos de nossos colegas.
Graças aos avanços da neurociência veremos como foi demostrado que as teorias
dos períodos críticos que limitavam o tratamento aos 6-7 anos, não são sensatas e
que a plasticidade cerebral existe desde que nascemos até que morremos, por tanto
esse é o intervalo de idade de tratamento da ambliopia.

DEFINIÇÃO

A. CLÁSSICO - “Velho”
1. Duas (algumas vezes três) ou mais linhas de diferença na acuidade visual de um
olho comparado ao outro, que não pode ser compensada com óculos ou lentes de
contato.
2. Menos de 20/40 (algumas vezes 20/30) num olho, que não é compensável com
óculos ou lentes de contato.

B. CLÁSSICO - “Novo”- Ciuffreda


A ambliopia funcional é uma condição unilateral (ou, com pouca frequência, bilateral)
na qual, a melhor acuidade visual corrigida é menor que 20/20 em ausência de
algumas anomalias estruturais ou patológicas óbvias, porém com uma o mais das
seguintes condições ocorridas antes dos seis anos de idade:

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1. Anisometropia significativa.
2. Esotropia ou Exotropia unilateral constante
3. Isometropia significativa
4. Astigmatismo unilateral ou bilateral significativo.
5. Degradação da Imagem

• Sempre que a acuidade visual for menos de 20/20, deve ser considerada
clinicamente significativa, requerendo uma investigação adicional.
• Se uma das cinco condições mencionadas anteriormente não está presente,
então deve ser considerada a possibilidade de mudanças ou condições orgânicas e
deve ser investigada.
• A ambliopia funcional pode estar imposta sobre a ambliopia orgânica. A
"contribuição" de cada uma deve ser avaliada e ser levada em consideração no
prognóstico.

C. DO DESENVOLVIMENTO (Sherman)

A ambliopia é uma disfunção que restringe as habilidades do individuo para recolher,


processar, analisar e responder a informação visual.

1. A ambliopia é primariamente um problema de concorrência binocular. A redução


da acuidade visual monocular é meramente o sintoma apresentado.
2. A adaptação feita pelo paciente via inibição neural e supressão, causam
anomalias na mobilidade ocular, fixação, acomodação, localização espacial,
velocidade de percepção, etc., e como consequências podem alterar o estado
refrativo do olho amblíope.
3. O propósito da terapia de ambliopia é maximizar o funcionamento do paciente em
tarefas relacionadas com a visão como tarefas acadêmicas, esportes e dirigir.
4. O tratamento pode ter êxito e a cura mantida em longo prazo, se enfatizamos em
desenvolver altos graus de função binocular. Raramente é necessária a oclusão
convencional e a correção óptica completa.

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CLASSIFICAÇÃO

A. Ambliopia Orgânica – É usada para descrever certos casos de visão


reduzida, onde a patologia ocular é a causa.

B. Ambliopia Funcional

1. Ambliopia Histérica
a. Mais frequente em crianças entre os 8 e 14 anos e em mulheres.
b. Frequentemente é caracterizada por campos visuais tubulares.
c. Geralmente são pacientes bastante colaboradores.
d. Com maior frequência binocular.
e. Intervalo de AV 20/70 - 20/200
f. Nenhuma dificuldade na orientação.

Diferença com “fingir”:


a. Com maior frequência monocular.
b. Campos visuais normais ou não relevantes
c. Exagerada dificuldade com a orientação

2. Síndrome de Streff
Devemos diferenciar a síndrome de Streff da ambliopia histérica, pois é bastante
similar.
As duas diferenças principais são: A etiologia e o tratamento

3. Degradação da Imagem
a. A ambliopia é secundaria a uma obstrução física na linha do olhar que impede
que a informação tenha um bom foco, alto contraste, imagem na retina.
b. Pode ser unilateral ou bilateral
c. As causas mais comuns: cataratas congênitas, opacidade corneana, ptose,
oclusão total precoce.
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4. Refrativa
a. Anisometrópica – Estados refrativos desiguais entre os olhos.
1. A fixação central se apresenta com maior frequência, porém é instável.
2. A ambliopia é causada por diferenças na nitidez, tamanho e contraste.
3. A anisometropia miópica é a mais frequente na população.
4. A ambliopia prevalece mais na anisometropia hipermetrópica.
5. A supressão é menos profunda que na ambliopia por estrabismo.
6. Pode-se encontrar combinada com estrabismo.

b. Isométrica – A ambliopia bilateral encontra-se associada com erros refrativos


relativamente altos, porém aproximadamente iguais.
1. Apresenta-se fixação central (normalmente instável).
2. Bilateral
3. As lentes corretivas melhoram a acuidade, porém não chega a 20/20.
4. A AV pode melhorar depois do uso da prescrição.
5. É mais frequente em hipermetropias altas bilaterais (>5.00 a 6.00D) ou
astigmatismos (>3.00D).
6. É necessária uma miopia mais alta que hipermetropia para produzir ambliopia.
7. Pode suceder associada com estrabismo, porém é menos comum.

5. Estrábica – associada a um aparecimento precoce de desvio constante unilateral


1. Apresenta-se com maior frequência a fixação excêntrica no estrabismo
unilateral assim como é frequente a fixação central no alternante.
2. Se encontramos fixação central no estrabismo unilateral, podemos interpretar
como o começo de um recente estrabismo (não congênito).

DIFERENÇA ENTRE UM OLHO NORMAL E UM OLHO AMBLÍOPE


Para poder entender um olho amblíope (não normal) primeiro temos que entender
um olho normal, porque sem esse conhecimento não podemos comparar, e desta
forma tudo fica muito mais claro:

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OLHO NORMAL OLHO AMBLÍOPE

LOCALIZAÇÃO MUITO IMPRECISA


MUITO PRECISA
ESPACIAL (FÓVEA NÃO É 0)

MOVIMENTOS IRREGULARES, COM


BONS
OCULARES FIJ. EXC. PIOR

IRREGULARES E NÃO DÃO


MICROMOVIMENTOS BONS
APOIO AO REFLEXO DE FIXAÇÃO

ACOMODAÇÃO POUCO DIMINUIDA MUITO DIMINUIDA

RESPOSTAS MUITO LENTA PRINCIPALMENTE


BEM
PUPILARES DIRETA

RESPOSTA ÀS + RELAXA
LENTES - ESTIMULA

ACUIDADE VISUAL BEM DIMINUIDA

AVALIAÇÃO

Existem quatro possibilidades quando se avalia um paciente com perda de visão:

• Mudança orgânica presente sem fatores ambliogênicos; portanto em nenhum


caso a perca de visão é de natureza funcional.
• Mudanças orgânicas e ambliogênicas presentes; portanto a ambliopia funcional
está superposta à ambliopia orgânica.
• Fatores ambliogênicos presentes sem nenhuma mudança orgânica visível;
portanto é uma ambliopia puramente funcional.
• Nenhum fator orgânico ou ambliogênico óbvio é evidente; portanto, necessitamos
realizar mais provas (pós/orbital) para buscar causas orgânicas. Esta não é uma
ambliopia funcional.
** A Acuidade Visual reduzida em um olho, pode ser devida ao efeito e interação de
muitos fatores.
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OLHOS AMBLÍOPES:
 A medida da AV varia com o método de avaliação.
 Não existem limites claros que diferenciem os olhos amblíopes e não amblíopes.
 A velocidade de resposta do paciente é lenta e irregular inclusive para letras que
estão dentro do limiar de acuidade do paciente.
 Algumas letras de Snellen são lidas corretamente e outras são lidas
incorretamente em qualquer linha de diferentes tamanhos.
 As letras são ocasionalmente lidas fora de ordem e algumas vezes saltadas.
 A AV obtida com letras isoladas é melhor que com uma linha ou tabela completa.
 As letras situadas no extremo da tabela são lidas com maior exatidão que as
letras situadas na metade da linha.

As Respostas Comportamentais (acuidade visual diminuída) aparecem com relação


aos déficits visuais de:
Sensibilidade aos efeitos de interação de contornos
Distorções espaciais anómalas e incertas
Função de sensibilidade ao contraste reduzida
Fixação Foveal monocular instável e inexata
Habilidade de Seguimento Ocular diminuída
Resposta acomodativa inexata.

PROVAS E TESTES:

A. História do caso (Anamnese)


Questionário específico sobre Estrabismo/Ambliopia
B. Acuidade Visual
1. Tabela completa
2. Uma linha
3. Uma letra
4. Furo Estenopeico (um ou vários furos)
5. Sensibilidade ao contraste

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C. Refrativo
1. Refração
2. Furo Estenopeico (um ou vários furos)
3. Ceratometria
D. Controle Oculomotor
1. Seguimentos
2. Sacádicos
3. Estabilidade de Fixação
E. Estado de Fixação
1. Ângulo Kappa
2. Visoscópio
3. Pós-imagem transferida
4. Hélice de Hadinger (MIT)
- Somente visão
- Combinada com motor
- Combinada com lentes
- Combinada com máscaras

F. Binocularidade/Supressão
1. Cover Test
2. Estereopsia
a. Disparidade lateral standard
b. Randot
3. Espelho polarizado
4. Prova com Prisma de 4 Dioptrias Base Externa
G. 2x Telescópio
H. Saúde ocular/Orgânica.
1. Oftalmoscopia
2. Biomicroscopia
3. Campos Visuais
4. Tabela de Amsler
5. Visão de cores Monocular
6. Teste da Tampa vermelha
7. Filtro de densidade neutra (3.0 #96 Kodak Wratten)
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MECANISMOS AMBLIOGÉNICOS

A. - Privação da forma - a carência da imagem nítida afeta o neuro-


desenvolvimento dos mecanismos corticais implicados na percepção da forma e
figura.
1. - Os efeitos primários do embassamento monocular no desenvolvimento do
sistema nervoso visual são corticais.
2. - Os processos receptores retinianos do olho amblíope são normais.
3. - Marcados efeitos nas características espaciais de neurônios no córtex estriado.

B. A competitividade e o efeito inibidor binocular ocorrem a nível cortical no lugar


onde se produz a interação binocular.
1. A imagem retiniana embassada não pode estimular conexões do desenvolvimento
neural, produzindo assim uma privação monocular da visão da forma.
2. Também cria corticalmente, uma concorrência binocular anômala entre os olhos.
3. Quanto mais jovem é a criança, mais alta é a suscetibilidade a estes mecanismos.
4. Aparentemente o efeito inibitório é a força mais potente. Nos casos de Isometria,
a acuidade visual não está tão afetada como nos casos de anisometropia.
5. Aniso/ambliopia tem perda da sensibilidade ao contraste em todas as frequências
espaciais. Parece ser relativa à diminuição da resolução em toda a retina.

C. Ambliopia Estrábica
1. Etiologia – Estrabismo constante unilateral (ou alta frequência) de aparecimento
precoce.
2. Não há relação entre profundidade de ambliopia e tamanho do estrabismo.
3. Mecanismos Ambliogênicos:

A. Menos importante - acomodação controlada mediante a fixação do olho. A


imagem foveal do olho que se desvia pode estar desfocada algumas vezes.
B. Mais importante – Os dois pontos correspondentes na retina recebem
diferentes estímulos, criando confusão e diplopia. Desenvolve-se uma

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interação binocular anómala (supressão) como mecanismo protetor, causando


ambliopia.
C. As anomalias visuais (distorção e incertezas espaciais) se restringem em
grande parte ao campo central.
D. Estrabismo/ambliopia relatam perdas de contraste em altas frequências.
Corresponde com a ideia de que somente está afetado o campo central.

DIAGNÓSTICO
A. Worth y Chavasse
B. Birnbaum, Koslowe, y Sanet
C. Wick y Wingard
D. Garzia
E. Sen
F. Fitzgerald y Krumholtz
G. OTROS……

PESQUISAS DA NEUROLOGIA
A. Levine
B. Hubel y Wiesel – estudos da privação em gatos
C. Hickey - Chimps
D. Duffy, Snodgrass, et al. – Estudos de Bicuculina.
E. Kratz, Spear, et al. – Estudos de Enucleação.
F. Singer, Tretter e Ynon – Estudo ambiental.

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GESTÃO DA AMBLIOPIA FUNCIONAL

A. OBJETIVOS DO TRATAMENTO
1. Estabelecer fixação central estável
2. Conseguir máxima acuidade visual
3. Desenvolvimento oculomotor, acomodativo e binocular normal
4. Eliminar supressão
5. Desenvolver binocularidade normal
6. Desenvolver uma capacidade espacial e do processamento da informação visual
normal.

B. SEQUÊNCIA DO TRATAMENTO

1. Prescrição de Lentes

Prescrição clássica de lentes: “Óptico, Refrativo, Correção”.


a) A meta é proporcionar a máxima nitidez
b) Baseado na refração cicloplégica (normalmente retinoscopia)
c) Correção de anisometropia/astigmatismo completa

Prescrição Comportamental de lentes:


a) Compensação refrativa baseada principalmente na mínima compensação para
alcançar os resultados desejados.
b) Se for necessário diminuir o positivo no olho dominante, diminua igualmente,
permita a cada olho o mesmo estímulo para que a acomodação assim como as
imagens retinianas estejam igualmente enfocadas.
c) Baseado em #7A, retinoscopia de perto ou outras provas comportamentais, por
exemplo, os traços com o cheiroscópio; estrela de Van Orden, etc.
d) Compensar baixo até que a fixação seja estável e central.
e) Considerar lentes de contato para anisometropia significante (inclusive se é axial).
f) Considerar bifocal para respostas acomodativas reduzidas.
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g) Considerar prescrição de ponto próximo para aliviar o estresse visual e sintomas


de problema visual em ponto próximo.

2. Terapia de Oclusão

1. Que olho ocluir?


a. Direto – ocluir o olho não amblíope
1) Principal tratamento; tipo habitual de oclusão.
2) Permitir estímulo do olho amblíope
3) Reduzir concorrência / inibição do olho não amblíope
b. Indireto - ocluir o olho amblíope. É útil para estabilizar Fixação Excêntrica quando
a oclusão direta fracassou.

2. Material de oclusão (baseado nas propriedades de transmissão)


a. OCLUSÃO TOTAL – forma de visão eliminada; porém a luz difusa pode entrar no
olho.

- Adesivo
- Laço ou elástico “oclusor pirata”
- Oclusor em clipe para lentes
- Fita translúcida
- Lentes opacas
- Lentes de contato opacas

b. OCLUSÃO PARCIAL: A visão está degradada/embassada; a formação da


imagem retiniana está presente; deve-se embassar o olho não amblíope o suficiente
para coloca-lo em um nível inferior ao olho amblíope:
- Algumas lâminas de oclusão
- Correção óptica hiper-positiva (óculos ou lentes de contato)
- Penalização com Atropina - o olho amblíope se corrige opticamente e o olho
não amblíope é atropinizado.

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3. Tempo de uso?
a) Oclusão constante – Usa durante todas as horas
b) Oclusão parcial em tempo (intermitente) - entre 2 - 8 horas/dia
c) Somente durante os procedimentos específicos de terapia visual

4. Tipo de oclusão - considerar:


Estética - A obstrução total constante pode dar lugar à melhora rápida, porém esta
não é necessariamente a melhor alternativa e pode não dar os resultados mais
duradouros. Porém, pode necessitar ser modificado, baseado em:
a. Idade - Possibilidade de ambliopia produzida por oclusão em crianças
jovens.
b. Acuidade e necessidades de funcionamento - Pode o paciente
desenvolver as atividades diárias sem que interfira no seu desenvolvimento
cognitivo, funcionamento acadêmico ou ocasionar danos corporais?
c. Presença de Binocularidade - Possibilidade de produzir estrabismos por
oclusão em pacientes com estrabismo intermitente e estrabismos de pequeno
ângulo com um componente latente no cover alternante.
d. Filosofia Optométrica Individual: Clássica vs. Comportamental.

5. Tempo da oclusão
1. Fundamento clássico: oclusão a tempo completo 24/7
2. Fundamento comportamental: se oclui somente 2-4 horas/dia ou somente
durante os procedimentos de terapia visual em casa.
3. A melhora pode ser muito rápida ou em alguns casos pode ser que até 6 ou
8 semanas não se veja nenhum início de melhora.
4. Se não melhora, verificar o cumprimento da oclusão e a terapia visual em
casa.
5. Esperar aproximadamente 6 semanas depois da última melhora antes de
parar o tratamento.

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3. Terapia de Ambliopia Ativa

A - Objetivo:
1 - Melhorar os efeitos da oclusão
2 - Diminuir o tempo total do tratamento
3 - Reduzir os sintomas
4 - Melhorar os déficits visuais
5 – Manter as melhoras obtidas no tratamento

B - Déficits primários em ambliopia

1) Movimento deficiente do olho / habilidades de fixação


a) Fixação excêntrica e instável
b) Aumento em latência sacádica e no tempo de reação para coordenação olho
– mão.
c) Exatidão diminuída dos seguimentos

2) Pobre discriminação de formas devido à diminuição da sensibilidade ao contraste

3) Déficit nas habilidades acomodativas.


a) Amplitude diminuída, exatidão e capacidade de manter
b) Aumento no tempo de reação acomodativa

4) Distorção espacial / instabilidade (perca de precisão associada com a apreciação


da posição do objeto).

5) Aumento da interação do contorno (os contornos de ajuste deterioram a resolução


da letra fixada)

6) Tempo reduzido do processamento da informação ou habilidade visual.

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PROCEDIMENTOS DE TERAPIA VISUAL:

1. Estabelecer Fixação Central Estável

A. TECNICAS de TERAPIA para FIXAÇÃO EXCÊNTRICA

1. MIT: Hélice de Haidinger – o objetivo do exercício é colocar a hélice de


Haidinger sobre o ponto quando vê monocularmente com o olho amblíope.

2. Transferência de Pós-imagens: Usar somente se existe Correspondência


Normal. A fóvea do olho não amblíope está monocularmente colocada no flash.
Quando o olho não amblíope é ocluído e a luz é transferida ao ponto correspondente
(fóvea) do olho amblíope. O objetivo é colocar a pós-imagem na tabela fixada
monocularmente.

3. Fast pointing – Começar com uma caneta segurada em uma mão em um lado da
cabeça do paciente (fora da vista do paciente), o paciente rapidamente tenta
localizar e colocar a tampa na caneta.

B. TÉCNICAS MONOCULARES em CAMPO BINOCULAR.

• Eliminar qualquer supressão presente em visão binocular (anaglífos,


cheiroscópio)
• Geralmente, permite melhorar a Acuidade Visual
• Técnicas com ambos os olhos com contornos periféricos enquanto o olho
amblíope olha detalhes centrais.

Exemplos: colocar filtro vermelho sobre o olho não amblíope, nenhum filtro no olho
amblíope, escrever ou desenhar em tinta vermelha. Se o olho amblíope se suprime,
a marca vermelha desaparece.
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C. CONTROLE OCULOMOTOR- Seguimentos e Sacádicos --- Curso 2


1. - Saltos prismáticos monoculares
2. - Pós-imagens diretas --- Somente se tem fixação central estável
3. - Contar linhas
4. - Sacádicos na carta de Hart
5. - Seguimentos no Rotador
6. - Computador
7. - Livros de rastreamento
8. - Tiras sacádicas

D. - ACOMODAÇÃO – Amplitude e flexibilidade --- Curso 2

a) Considerações gerais, formas de progresso:


1. Longe, cartas simples a menor, cartas complexas
2. Gradualmente incrementar os estímulos realizando mudanças em passos grandes
3. Mudanças de acomodação de valores grandes a menores
4. Deve ter controles de supressão quando realizar procedimentos binoculares

b) Técnicas de terapia:
1. Alvo (Diana)
2. Discriminação espacial --- escolher lentes
2. Lentes negativas (amplitude e flexibilidade)
3. Lentes longe - perto
4. Flexibilidade com lentes flippers e potência
5. Diferença mínima apreciável utilizando lentes negativas
6. Negativo mental de Wachs

E. TERAPIA de COORDENAÇÃO OLHO/MÃO --- Curso 2 y 3

a) Considerações gerais:
1. Atividades nas quais o OLHO CONDUZ A MÃO

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2. A maioria requer julgamentos da posição do objeto (requerem localização


espacial) e muitos têm demandas de resolução, além do movimento necessário do
olho para conduzir a mão.
3. Exemplo de técnicas de terapia:
A. Pintar, cortar, desenhar, traçar
B. Encordoamento de grãos, cereais ou botões
C. Computador e videogames
D. Atividades de tabuleiro com pinos
E. Costurar, cartas de cordão
F. Desenhos ponto a ponto, labirintos
G. Pintar em cruz de “O’s” ou letras em um jornal
H. Mapas de estradas e traçar linhas

F. DISCRIMINAÇÃO / RECONHECIMENTO DE FORMAS --- Curso 3

a. Atividades que requerem a resolução de detalhes


b. Ênfase: reconhecimento de forma, porém complicando com pequenas diferenças
em formas similares.
c. Técnicas de Terapia:
1. - Livros de Traçados
2. - Buscar letras / palavras
3. - Reprodução de formas
4. - Luzes para crianças: pontear desenhos, atividades de semelhanças e
diferenças
5. - Taquitoscópio
6. - Livro de atividades de Wachs

G. CAMPO MONOCULAR em CAMPO BINOCULAR

Técnicas de Campo Monocular em campo Binocular:

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OBJETIVO: eliminar qualquer supressão quando olha binocularmente e para reduzir


no olho não amblíope a inibição da ambliopia.
Geralmente, permite melhorar a acuidade visual e o mais importante: aumenta a
possibilidade de que a melhora na acuidade seja mantida.
As técnicas permitem a ambos os olhos ver contornos periféricos enquanto que
somente o olho amblíope vê detalhes centrais.

EXEMPLOS:
1. - Diplopia Wachs
2. - Colocar um filtro vermelho sobre o olho não amblíope, nenhum filtro sobre o olho
amblíope e escrever/desenhar com tinta vermelha. Se o olho amblíope é suprimido,
a marca da tinta desaparece.

H. TERAPIA BINOCULAR (para amblíopes anisometrópicos)


Desenvolver uma função sensorial-motora normal.
Técnicas de terapia:
• Corda de Brock
• Vectogramas
• Anáglifos
• Régua de Abertura
• Espelho estereoscópico
• Salva-vidas

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ANEXOS

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ENTRE:

SÍNDROME DE STREFF E A AMBLIOPIA HISTÉRICA.

A. HISTÉRICA S. STREFF

ACUIDADE VISUAL BAIXA DE LONGE E MUITO MAIS BAIXA


PERTO. DE PERTO.

REVIP NORMAL 10 A 15 CM

LENTES + NÃO MELHORA MELHORA (+0.25 A


+0.75)

T.V. NÃO MELHORA MELHORA

CAUSA PSICOLÓGICA DESCONHECIDA

CAMPOS ALTERADOS ALTERADOS

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DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ENTRE A A. HISTÉRICA REAL E DE FICÇÃO.

A. HISTERICA REAL A. DE FICÇÃO


IDADE CRIANÇAS/ADOLESCENTES -------------------------------

SEXO FEMININO + --------------------------------

ETIOLOGIA SITUAÇÕES ECONÔMICAS

PROBLEMÁTICAS

SINTOMAS ANESTESIA CORNEAL ----------

PARALISIA ACOMODATIVA NÃO AFETA A ACOM.

DIMINUIÇÃO DA AV DIMINUI A AV

DIMINUIÇÃO CAMPO DIMINUI CAMPO

INSUFICIÊNCIA DE CONV. NÃO AFETA CONVER.

MOBILIDADE DEFICIENTE

FOTOFOBIA

BINOCULAR MONOCULAR

MOTRICIDADE SEM DIFICULDADE COM GRANDE

DIFICULDADE

ATITUDE DESAPEGADA HOSTIL

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DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ENTRE A. ESTRÁBICA E A REFRATIVA.

A. ESTRÁBICA A. REFRATIVA

-NÃO AUME. A AV COM AE. -AUMENTA A A.V COM AE

-INCLINAÇÃO DA CABEÇA, -MOVEM A CABEÇA P/


COMPORTAMENTO
NÃO OLHAM DE FRENTE FRENTE

-COMEÇAM PELO FINAL - FRANZEM PARA LER

IGUAL LINHAS INTEIRAS


A.V. - FENÓMENO MULTITUDE
QUE LETRAS ISOLADAS

-PERCA DE FREQUÊNCIAS -PERCA DE FREQUÊNCIAS


ALTAS, ALTAS E BAIXAS.
SENSIBI. CONTRASTE
(pela perda de localização Todo o sistema visual está
espacial) reduzido.

FILTRO NEUTRO MELHORA OU = -PIORA, “diminui a luz”.

ESPASMOS AO SEGUIR UM DEPENDE DO TAMANHO DO


SEGUIMENTOS
OBJETO (localização espacial) OBJETO E DA AV QUE TENHA

-POUCO ESTÁVEIS
SACÁDICOS -DEPENDE DO TAMANHO
-PISCAR CONSTANTE

LUMINOSIDADE -COM BAIXA MELHOR -COM BAIXA PIOR

ACOMODAÇÃO AA BAIXA, FLEX BAIXA -MUITO MAIS BAIXA

PUPILAS PEQUENO DEFEITO AFER. = PORÉM PODE TER: MG

Especialização em Optometria Comportamental e Terapia Visual.


Tradução: Enro Gustavo Venturella.
Copyright © 2017/2018 - Dr. Robert B. Sanet.
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