globo ocular, como a hipermetropia, miopia e astigmatismo. Ela é uma redução fisiológica da amplitude de acomodação, que faz o ponto próximo se afastar do olho, de forma lenta e gradativa. A presbiopia ocorre devido a uma redução do poder de ação do músculo ciliar e a alterações do cristalino, em decorrência de desidratação, esclerose do núcleo, e mudanças do índice de refração entre o córtex e o núcleo. É admitido que a acomodação começa a diminuir lentamente a partir do nascimento. Segundo a tabela de Donders, para recém- nascidos, a potência de acomodação chegue a 18 D, e, para indivíduos de 20 anos, chegue a 10 D. A esclerose tem início a partir do nascimento, mas torna-se manifesta somente aos 40-50 anos, quando o enrijecimento do núcleo do cristalino é tão acentuado que prejudica a visão. O processo de enrijecimento quase sempre continua, até que todas as fibras tenham perdido sua elasticidade. Mesmo assim, o olho conserva certa capacidade de acomodação. A presbiopia pode se combinar com todos os outros tipos de ametropia. No miope corrigido, a presbiopia aparece relativamente mais tarde que no emétrope de mesma idade. Já no hipermétrope, os primeiros sinais de presbiopia aparecem mais cedo. As queixas referentes à falta de visão de perto são as mais diversas: Dificuldade de leitura à noite; Ao fim de um dia de trabalho ou sob iluminação fraca; Fadiga ocular; Astenopia e cefaléia. Pessoas normais cujo trabalho exige acomodação constante a distância de 30 cm podem ter seu processo de presbiopia acelerado. Os sintomas listados podem ser aliviados ao posicionar os objetos fixados no domínio da acomodação, ou seja, sob um ângulo visual mais reduzido. A chamada Presbiopia Noturna nada tem a ver com a idade, e sim com a deficiência da luminosidade ambiente. A correção da presbiopia é feita suplementando-se a acomodação por meio de lentes positivas (que serão vistas no próximo módulo), pressupondo-se que a ametropia existente no olho esteja corrigida. Para compensar a amplitude de acomodação, torna-se necessário conhecer a posição do ponto próximo do indivíduo corrigido e assim escolher adequadamente a adição. A adição é a diferença do valor esférico entre a correção dos valores de longe e perto. Existem tabelas de adição referente à idade. O mais importante é conhecer as necessidades profissionais ou ocupacionais de cada indivíduo. A correção pode ser feita com o auxílio de lentes simples só para perto, bifocais, trifocais, progressivas... A afacia é a incapacidade de acomodação do olho a diferentes distâncias, devido a extração do cristalino. Essa condição corresponde a uma hipermetropia refrativa. Um caso especial da afacia é a afacia monocular, principalmente no jovem. Nela, a imagem retiniana do olho que sofreu cirurgia (em consequência de uma catarata) é aproximadamente 28% maior que o olho normal, considerando que a correção seja feita apenas com óculos. Essa diferença resulta em uma aniseiconia, ou seja, uma anomalia em que há uma diferença entre o tamanho das imagens. Ao chegarem no cérebro, essas imagens se fundem e causam uma sensação de imagem dupla (diplopia). Dessa forma, a visão binocular fica comprometida, pois o olho afácico corre o risco de não participar da visão. Ao longo dos anos, o olho afácico apresentará ambliopia, causada por anisometropia e exotropia, sendo irreversível o processo, mesmo que se use o método adequado de correção. A aniseiconia pode ser diminuída quando se substituem os óculos por lentes de contato, reduzindo para cerca de 6% a diferença entre as imagens. Com a implantação de Lentes intraoculares ou o uso de telessistemas, como o de Galileu, elimina a aniseiconia. O problema do telessistema é causar problemas psicológicos, por questões estéticas. Naafacia binocular, o problema da aniseiconia não existe, pois as imagens estão ampliadas na mesma proporção e a fusão das imagens no cérebro permite uma visão binocular sem imagem dupla. Ascaracterísticas anatômicas do olho afácico são: Câmara anterior mais profunda; Maior volume de humor aquoso; Iridonesia, ou seja, maior diâmetro pupilar, permitindo uma maior entrada de luz. Outra característica da afacia é, principalmente após a cirurgia, uma hipersensibilidade à luz. Como já estudado, o cristalino absorve certa quantidade de energia luminosa. Com o avançar da idade, ele perde transmitância para radiações de ondas curtas, passando a absorvê-las em maior quantidade. Entretanto, ao se extrair o cristalino, a radiação de ondas curtas passa a incidir diretamente sobre a retina, causando uma “visão azul” dos objetos, o que, para o indivíduo é bem desagradável. O sintoma relatado mais frequente da afacia é, sem dúvidas alguma, a forte redução de acuidade visual, que chega à décima parte em olhos sem correção por lentes intraoculares. O indivíduo com essa pequena percentagem visual orienta-se de forma bem grosseira no espaço. A afacia pode ser corrigida através da facectomia, ou seja, a extração do cristalino. Porém, sem o cristalino, o poder refrativo do olho fica a cargo, principalmente, da córnea. As aberrações corneanas passam a ser mais notadas. O indivíduo se torna altamente hipermétrope. As pessoas operadas podem exergar bem, ou pelo menos satisfatoriamente, com o uso de lentes corretoras. Quando a correção é feita com lentes ópticas fortemente positivas, a imagem retiniana é extremamente ampliada. O aumento da imagem melhora a acuidade visual, mas é evidente que isso criará certos inconvenientes, pois seu campo visual será menor em relação aos emétropes, havendo transformações espaciais e mudanças na perspectiva dos objetos visualizados. Na montagem dos óculos para afacia, os centros ópticos devem estar rigorosamente alinhados com a linha focal dos olhos. Se esses centros estiverem fora alguns milímetros, fortes desvios prismáticos ocorrerão. Esses desvios podem provocar perturbações visuais e até acidentes em usuários recentes, pois os deslocamentos dos objetos são bem mais percebidos quando se anda. As lentes corretoras para o afácico são fortemente positivas. O uso de lentes katrais (ômega) provoca modificações nos fatores espaciais. Por vezes, elas provocam aberrações cromáticas, como o escotoma anular, quando se olha para os lados. Esses inconveniente é reduzido com lentes hiperesféricas, de campo total. Para muitos afacicos, o uso de lentes corretoras traz também problemas psicológicos, devido as questões estéticas. Essas lentes têm espessuras avantajadas e causam a impressão, na pessoa que olha através delas, que o usuário tem olhos muito grandes. Pode-se afirmar seguramente que a afacia é a ametropia mais complexa e que a pessoa afácica tem uma visão deficiente e muito delicada. O problema se agrava se o indivíduo não for tratado com a devida atenção pelo avaliador e pelo técnico óptico. Para o desenvolvimento da visão binocular normal, é necessário que ambos os olhos tenham acuidade visual aproximadamente igual e que as imagens sejam semelhantes, o que torna possível o desenvolvimento harmônico da visão simultânea, a fusão das imagens, a amplitude fusional e a esteropsia. a visão binocular normal pode ser comprometida por anisometropia, aniseiconia e ambliopia. É uma alteração em que a refração do olho esquerdo é diferente da do olho direito. A anisometropia provoca deficiência na visão binocular, pois interfere no mecanismo de fusão das imagens no cérebro. Não há um limite estipulado na diferença dos valores dióptricos de cada olho, pois cada literatura estabelece um valor específico. Pode ser considerada a existência de anisometropia quando o indivíduo apresenta diferenças nos valores esféricos ou combinados a partir de 2 D ou, quando corrigido com óculos, mostra dificuldades na adaptação. Há indivíduos que chega a tolerar diferenças de 7D a 8D, especialmente quando se trata de correções com lentes negativas. A anisometropia não corrigida provoca supressão, ambliopia, anisoforia e aniseiconia. Hiperópica: Simples: Um olho é emétrope e o outro é hipermétrope. Composta: ambos os olhos são hipermétropes. Miópica: Simples: um olho é emétrope e o outro é miope. Composta: ambos os olhos são miopes. Mista ou Antimetrópica: Um olho é miope e o outro é hipermétrope. A correção da anisometropia é feita com lente de contato quando as diferenças dióptricas são fracas e o indivíduo não apresenta sintomas de supressão visual em um dos olhos. Já nos casos em que as diferenças são de valores médios a altos, a correção se faz com o emprego de lentes de contato juntamente com óculos ou telessistemas. É importante que tanto o diagnóstico quanto a correção das anisometropias sejam feitos precocemente para que os estímulos visuais e cerebrais sejam preservados. Quando corrigida a anisometropia, deve-se estar atento para o efeito das lentes corretoras sobre a visão binocular no meridiano vertical e o aumento ou redução das imagens. A aniseiconia, que significa “imagens desiguais”, é caracterizada pela diferença de forma e tamanho das imagens retinianas. A aniseiconia não pode ser confundida com a anisometropia, pois esta última compreende uma desigualdade de refração que causa diferença significativa de tamanhos entre as imagens retinianas. O olho com anisometropia terá sempre aniseiconia, que poderá ou não aumentar com a correção da primeira. Em muitos casos, porém, a aniseiconia não é causada por problemas de refração. Daí ser facilmente confundida com distúrbios de ordem neurológica, dificultando durante muito tempo o seu verdadeiro diagnóstico. Na afacia monocular corrigida, a diferença entre as imagens retinianas é de cerca de 30%, enquanto nos casos de estrabismo essa diferença alcança até 15%. Quando a diferença aniseicônica ultrapassa 0,25%, a visão binocular não é considerada normal e ocorrem algumas perturbações. Não somente problemas refracionários determinam a anomalia. Ela pode ser explicada também por meio de diferenças de distribuição dos elementos sensoriais entre as duas retinas. Em um olho míope, a imagem retiniana se apresenta maior, enquanto no hipermétrope é menor. Imagem normal Imagem vista por um míope Imagem normal Imagem hipermétrope Para a correção da aniseiconia, existe um tipo especial de lente destinada a modificar o tamanho da imagem sem alterar a situação. São as lentes iseicônicas ou afocais, cuja discriminação é feita pelo valor percentual do problema a corrigir. As lentes afocais não possuem graduação. As lentes iseicônicas magnificam a imagem (alteram o tamanho), mas não refratam a luz. Tem o objetivo de mudar o tamanho da imagem retiniana. Quando as condições visuais são de tal ordem que um dos olhos não consiga ver o suficiente para longe ou para perto, dele é excluída definitivamente a função visual. Na ambliopia, o olho se apresenta sem nenhum defeito orgânico (patologia), mas não há função visual. Esse olho dificilmente terá a visão corrigida, tornando nula a acuidade visual. A ambliopia é mais frequente nos casos de hipermetropia do que de miopia. Ela pode ser bilateral ou unilateral. O aparecimento da ambliopia está relacionada à fragilidade do sistema visual na infância. Quando na idade pré-escolar há a experiência da visão normal com correção óptica e acompanhamento adequado, torna- se mais raro e improvável o aparecimento da ambliopia na fase adulta. Os portadores de catarata senis, por exemplo, mesmo permanecendo privados da visão por longos períodos, obtêm visão normal após a cirurgia. Já os indívíduos portadores de catarata congênita que não fizeram correção cirúrgica na infância apresentam baixa acuidade visual, mesmo depois da cirurgia e corrigidos opticamente na idade adulta. O indivíduo que se torna ambliope em um dos olhos, passando a ter visão monocular, terá de ser reeducado para que possa utilizar ao máximo o potencial visual do olho bom. Vale ressaltar que esse indivíduo não tem mais visão binocular.