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Aula 4

A presbiopia não é um defeito anatômico do


globo ocular, como a hipermetropia, miopia e
astigmatismo.
 Ela é uma redução fisiológica da amplitude
de acomodação, que faz o ponto próximo se
afastar do olho, de forma lenta e gradativa.
A presbiopia ocorre
devido a uma
redução do poder
de ação do músculo
ciliar e a alterações
do cristalino, em
decorrência de
desidratação,
esclerose do núcleo,
e mudanças do
índice de refração
entre o córtex e o
núcleo.
É admitido que a acomodação começa a
diminuir lentamente a partir do nascimento.
 Segundo a tabela de Donders, para recém-
nascidos, a potência de acomodação chegue
a 18 D, e, para indivíduos de 20 anos, chegue
a 10 D.
A esclerose tem início a partir do
nascimento, mas torna-se manifesta somente
aos 40-50 anos, quando o enrijecimento do
núcleo do cristalino é tão acentuado que
prejudica a visão.
O processo de enrijecimento quase sempre
continua, até que todas as fibras tenham
perdido sua elasticidade.
 Mesmo assim, o olho conserva certa
capacidade de acomodação.
A presbiopia pode se combinar com todos os
outros tipos de ametropia.
 No miope corrigido, a presbiopia aparece
relativamente mais tarde que no emétrope
de mesma idade.
 Já no hipermétrope, os primeiros sinais de
presbiopia aparecem mais cedo.
 As
queixas referentes à falta de visão de
perto são as mais diversas:
 Dificuldade de leitura à noite;
 Ao fim de um dia de trabalho ou sob iluminação
fraca;
 Fadiga ocular;
 Astenopia e cefaléia.
 Pessoas normais cujo trabalho exige
acomodação constante a distância de 30 cm
podem ter seu processo de presbiopia
acelerado.
 Os sintomas listados podem ser aliviados ao
posicionar os objetos fixados no domínio da
acomodação, ou seja, sob um ângulo visual
mais reduzido.
A chamada
Presbiopia
Noturna nada tem
a ver com a idade,
e sim com a
deficiência da
luminosidade
ambiente.
A correção da presbiopia é feita
suplementando-se a acomodação por meio de
lentes positivas (que serão vistas no próximo
módulo), pressupondo-se que a ametropia
existente no olho esteja corrigida.
 Para compensar a amplitude de acomodação,
torna-se necessário conhecer a posição do
ponto próximo do indivíduo corrigido e assim
escolher adequadamente a adição.
A adição é a diferença do valor esférico entre
a correção dos valores de longe e perto.
 Existem tabelas de adição referente à idade.
 O mais importante é conhecer as
necessidades profissionais ou ocupacionais de
cada indivíduo.
 A correção pode ser feita com o auxílio de
lentes simples só para perto, bifocais,
trifocais, progressivas...
A afacia é a incapacidade de acomodação do
olho a diferentes distâncias, devido a
extração do cristalino.
 Essa condição corresponde a uma
hipermetropia refrativa.
 Um caso especial da
afacia é a afacia
monocular,
principalmente no
jovem.
 Nela, a imagem
retiniana do olho que
sofreu cirurgia (em
consequência de uma
catarata) é
aproximadamente 28%
maior que o olho
normal, considerando
que a correção seja
feita apenas com
óculos.
 Essa diferença resulta em uma aniseiconia,
ou seja, uma anomalia em que há uma
diferença entre o tamanho das imagens.
 Ao chegarem no cérebro, essas imagens se
fundem e causam uma sensação de imagem
dupla (diplopia).
 Dessa forma, a visão binocular fica
comprometida, pois o olho afácico corre o
risco de não participar da visão.
 Ao longo dos anos, o olho afácico
apresentará ambliopia, causada por
anisometropia e exotropia, sendo irreversível
o processo, mesmo que se use o método
adequado de correção.
A aniseiconia pode ser diminuída quando se
substituem os óculos por lentes de contato,
reduzindo para cerca de 6% a diferença entre
as imagens.
 Com a implantação de Lentes intraoculares
ou o uso de telessistemas, como o de
Galileu, elimina a aniseiconia.
 O problema do telessistema é causar
problemas psicológicos, por questões
estéticas.
 Naafacia binocular, o problema da
aniseiconia não existe, pois as imagens estão
ampliadas na mesma proporção e a fusão das
imagens no cérebro permite uma visão
binocular sem imagem dupla.
 Ascaracterísticas anatômicas do olho afácico
são:
 Câmara anterior mais profunda;
 Maior volume de humor aquoso;
 Iridonesia, ou seja, maior diâmetro pupilar,
permitindo uma maior entrada de luz.
 Outra característica da afacia é,
principalmente após a cirurgia, uma
hipersensibilidade à luz.
 Como já estudado, o cristalino absorve certa
quantidade de energia luminosa.
 Com o avançar da idade, ele perde
transmitância para radiações de ondas
curtas, passando a absorvê-las em maior
quantidade.
 Entretanto, ao se extrair o cristalino, a
radiação de ondas curtas passa a incidir
diretamente sobre a retina, causando uma
“visão azul” dos objetos, o que, para o
indivíduo é bem desagradável.
O sintoma relatado mais frequente da afacia
é, sem dúvidas alguma, a forte redução de
acuidade visual, que chega à décima parte
em olhos sem correção por lentes
intraoculares.
 O indivíduo com essa pequena percentagem
visual orienta-se de forma bem grosseira no
espaço.
A afacia pode ser corrigida através da
facectomia, ou seja, a extração do cristalino.
 Porém, sem o cristalino, o poder refrativo do
olho fica a cargo, principalmente, da córnea.
 As aberrações corneanas passam a ser mais
notadas.
 O indivíduo se torna altamente
hipermétrope.
 As pessoas operadas
podem exergar
bem, ou pelo menos
satisfatoriamente,
com o uso de lentes
corretoras.
 Quando a correção
é feita com lentes
ópticas fortemente
positivas, a imagem
retiniana é
extremamente
ampliada.
 O aumento da
imagem melhora a
acuidade visual, mas
é evidente que isso
criará certos
inconvenientes, pois
seu campo visual será
menor em relação aos
emétropes, havendo
transformações
espaciais e mudanças
na perspectiva dos
objetos visualizados.
 Na montagem dos óculos para afacia, os
centros ópticos devem estar rigorosamente
alinhados com a linha focal dos olhos.
 Se esses centros estiverem fora alguns
milímetros, fortes desvios prismáticos
ocorrerão.
 Esses desvios podem provocar perturbações
visuais e até acidentes em usuários recentes,
pois os deslocamentos dos objetos são bem
mais percebidos quando se anda.
 As lentes corretoras para o afácico são
fortemente positivas.
 O uso de lentes katrais (ômega) provoca
modificações nos fatores espaciais.
 Por vezes, elas provocam aberrações
cromáticas, como o escotoma anular, quando
se olha para os lados.
 Esses inconveniente é reduzido com lentes
hiperesféricas, de campo total.
 Para muitos afacicos, o uso de lentes
corretoras traz também problemas
psicológicos, devido as questões estéticas.
 Essas lentes têm espessuras avantajadas e
causam a impressão, na pessoa que olha
através delas, que o usuário tem olhos muito
grandes.
 Pode-se afirmar seguramente que a afacia é
a ametropia mais complexa e que a pessoa
afácica tem uma visão deficiente e muito
delicada.
 O problema se agrava se o indivíduo não for
tratado com a devida atenção pelo avaliador
e pelo técnico óptico.
 Para o desenvolvimento da visão binocular
normal, é necessário que ambos os olhos
tenham acuidade visual aproximadamente
igual e que as imagens sejam semelhantes, o
que torna possível o desenvolvimento
harmônico da visão simultânea, a fusão das
imagens, a amplitude fusional e a esteropsia.
 a visão binocular normal pode ser
comprometida por anisometropia,
aniseiconia e ambliopia.
É uma alteração em que a refração do olho
esquerdo é diferente da do olho direito.
 A anisometropia provoca deficiência na visão
binocular, pois interfere no mecanismo de
fusão das imagens no cérebro.
 Não há um limite estipulado na diferença dos
valores dióptricos de cada olho, pois cada
literatura estabelece um valor específico.
 Pode ser considerada a existência de
anisometropia quando o indivíduo apresenta
diferenças nos valores esféricos ou
combinados a partir de 2 D ou, quando
corrigido com óculos, mostra dificuldades na
adaptação.
 Há indivíduos que chega a tolerar diferenças
de 7D a 8D, especialmente quando se trata
de correções com lentes negativas.
A anisometropia não corrigida provoca
supressão, ambliopia, anisoforia e
aniseiconia.
 Hiperópica:
 Simples: Um olho é emétrope e o outro é
hipermétrope.
 Composta: ambos os olhos são hipermétropes.
 Miópica:
 Simples: um olho é emétrope e o outro é miope.
 Composta: ambos os olhos são miopes.
 Mista ou Antimetrópica:
 Um olho é miope e o outro é hipermétrope.
A correção da anisometropia é feita com
lente de contato quando as diferenças
dióptricas são fracas e o indivíduo não
apresenta sintomas de supressão visual em
um dos olhos.
 Já nos casos em que as diferenças são de
valores médios a altos, a correção se faz com
o emprego de lentes de contato juntamente
com óculos ou telessistemas.
 É importante que tanto o diagnóstico quanto
a correção das anisometropias sejam feitos
precocemente para que os estímulos visuais
e cerebrais sejam preservados.
 Quando corrigida a anisometropia, deve-se
estar atento para o efeito das lentes
corretoras sobre a visão binocular no
meridiano vertical e o aumento ou redução
das imagens.
A aniseiconia, que significa “imagens
desiguais”, é caracterizada pela diferença de
forma e tamanho das imagens retinianas.
 A aniseiconia não pode ser confundida com a
anisometropia, pois esta última compreende
uma desigualdade de refração que causa
diferença significativa de tamanhos entre as
imagens retinianas.
O olho com anisometropia terá sempre
aniseiconia, que poderá ou não aumentar
com a correção da primeira.
 Em muitos casos, porém, a aniseiconia não é
causada por problemas de refração.
 Daí ser facilmente confundida com distúrbios
de ordem neurológica, dificultando durante
muito tempo o seu verdadeiro diagnóstico.
 Na afacia monocular corrigida, a diferença
entre as imagens retinianas é de cerca de
30%, enquanto nos casos de estrabismo essa
diferença alcança até 15%.
 Quando a diferença aniseicônica ultrapassa
0,25%, a visão binocular não é considerada
normal e ocorrem algumas perturbações.
 Não somente problemas refracionários
determinam a anomalia.
 Ela pode ser explicada também por meio de
diferenças de distribuição dos elementos
sensoriais entre as duas retinas.
 Em um olho míope, a imagem retiniana se
apresenta maior, enquanto no hipermétrope
é menor.
Imagem normal Imagem vista por um míope
Imagem normal Imagem hipermétrope
 Para a correção da aniseiconia, existe um
tipo especial de lente destinada a modificar
o tamanho da imagem sem alterar a
situação.
 São as lentes iseicônicas ou afocais, cuja
discriminação é feita pelo valor percentual
do problema a corrigir.
 As lentes afocais não possuem graduação.
 As lentes iseicônicas magnificam a imagem
(alteram o tamanho), mas não refratam a
luz. Tem o objetivo de mudar o tamanho da
imagem retiniana.
 Quando as condições visuais são de tal ordem
que um dos olhos não consiga ver o
suficiente para longe ou para perto, dele é
excluída definitivamente a função visual.
 Na ambliopia, o olho se apresenta sem
nenhum defeito orgânico (patologia), mas
não há função visual.
 Esse olho dificilmente terá a visão corrigida,
tornando nula a acuidade visual.
A ambliopia é mais frequente nos casos de
hipermetropia do que de miopia.
 Ela pode ser bilateral ou unilateral.
 O aparecimento da ambliopia está
relacionada à fragilidade do sistema visual na
infância.
 Quando na idade pré-escolar há a
experiência da visão normal com correção
óptica e acompanhamento adequado, torna-
se mais raro e improvável o aparecimento da
ambliopia na fase adulta.
 Os portadores de catarata senis, por
exemplo, mesmo permanecendo privados da
visão por longos períodos, obtêm visão
normal após a cirurgia.
 Já os indívíduos portadores de catarata
congênita que não fizeram correção cirúrgica
na infância apresentam baixa acuidade
visual, mesmo depois da cirurgia e corrigidos
opticamente na idade adulta.
O indivíduo que se torna ambliope em um
dos olhos, passando a ter visão monocular,
terá de ser reeducado para que possa utilizar
ao máximo o potencial visual do olho bom.
 Vale ressaltar que esse indivíduo não tem
mais visão binocular.

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