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Material Teórico
Objetivo da Unidade
Testes de Supressão
Um estudo de Mansouri, Thompson e Hess (2008) mostrou de que maneira a supressão afeta
a função binocular de amblíopes. O propósito de seu estudo era determinar quão diferentes os
estímulos para cada olho precisavam ser para permitir a fusão binocular na ambliopia e, por
consequência, a in uência da supressão. Os pesquisadores recrutaram onze amblíopes, todos
esotrópicos, e oito pacientes com visão binocular normal. Todos os pacientes usaram a
correção do erro refrativo eventualmente necessário.
Dois diferentes experimentos foram conduzidos com cada indivíduo: um com alvos em
movimento (dinâmicos) e o outro com imagens estáticas, para avaliar as potenciais diferenças
das vias visuais que correspondem a cada um desses tipos de estímulo. À via ventral
corresponde o reconhecimento de objetos, formas e cores (estímulos estáticos), e à via dorsal
corresponde a percepção de localização, direção e coordenação dos movimentos (estímulos
dinâmicos).
Para produzir estímulos de pontos cinéticos aleatórios foi utilizada uma tela de computador.
Os alvos foram apresentados binocularmente com um estereoscópio Wheatstone a uma
distância de visualização efetiva de cerca de 1 metro.
ACESSE
O primeiro experimento com movimento foi tanto monocular quanto binocular. A avaliação
monocular foi a primeira, com o sinal e o ruído sendo introduzidos em um olho e a
luminância média direcionada para o outro, de modo que o paciente não estava ciente do olho
que observava os alvos.
Figura 1 – Sinal e ruído produzem um padrão de pontos
aleatórios dinâmicos, como em um aparelho de televisão
não sintonizado
Fonte: Wikimedia Commons
A condição binocular apresentou o ruído para um olho e o sinal para o outro olho. No
experimento binocular o contraste dos estímulos foi variado para tentar equalizar a entrada
visual entre o olho amblíope e o outro olho, já que uma das características do olho amblíope é
a baixa sensibilidade ao contraste.
Saiba Mais
Os ltros de Gabor são especialmente úteis na computação grá ca e
nas artes visuais.
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Filtros de Gabor
Extração de Textura
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O estudo chegou aos seguintes resultados: quando o sinal entre os dois olhos foi equalizado,
diminuindo o contraste no olho contralateral, os pacientes amblíopes foram capazes de usar
ambos os olhos binocularmente como os observadores com visão binocular normal; os
resultados foram os mesmos para os alvos de movimento e estáticos.
Testes de supressão
Luzes de Worth
O Worth Four Light Test, ou teste de luzes de Worth (em inglês, costuma-se usar a sigla W4LT),
é um teste da rotina clínica bastante simples, usado para avaliar o grau de visão binocular de
um paciente. Pode-se a rmar que as luzes de Worth são um dos métodos mais simples (e o
método de escolha na maioria dos protocolos clínicos) para investigar supressão, fusão
binocular e correspondência retiniana.
A criação do teste é atribuída a Claud Alley Worth, oftalmologista e autor britânico, também
conhecido por criar o amblioscópio. Claud Worth é tido, por muitos, como um dos pais da
Ortóptica.
Realiza-se o teste a pelo menos duas distâncias, uma vez que, por razões diversas, um mesmo
indivíduo pode ter boa visão binocular a uma certa distância, e suprimir em outra, por
exemplo.
O W4LT para longe costuma ser feito a 6 metros, enquanto para perto a 33 centímetros. Pode-
se usar um alvo xo a distância, geralmente em uma caixa iluminada ou em uma tela. Para
perto, o mais comum é utilizar uma lanterna, com as luzes de diferentes cores, como veremos
a seguir.
Em ambos os casos o paciente sempre deve usar óculos com ltros verde e vermelho (uma
lente vermelha sobre um olho, geralmente o direito, e uma lente verde sobre o esquerdo). É
preciso ter atenção para que os ltros verde e vermelho correspondam às tonalidades de
vermelho e verde projetadas.
O ltro de cor vermelha neutraliza a cor verde, por isso é chamado ltro livre do verde. O
ltro de cor verde neutraliza a cor vermelha, por isso é chamado ltro livre do vermelho.
Método
Paciente corrigido, usando ainda os óculos com ltros verde e vermelho;
Pode ser interessante ocluir um olho de cada vez, apenas para que o paciente
perceba a diferença do que enxerga cada olho, individualmente, sob o ltro;
Pode ser interessante ocluir um olho de cada vez, apenas para que o paciente
perceba a diferença do que enxerga cada olho, individualmente, sob o ltro.
Supressão do olho esquerdo. O paciente enxerga apenas a luz vermelha, em cima, e a luz
originalmente branca, embaixo, é vista vermelha por causa do ltro livre do verde no olho
direito.
Figura 6 – Visão de paciente com supressão do olho
esquerdo
Fonte: Acervo do Conteudista
Supressão do olho direito. Paciente enxerga apenas as luzes verdes, à direita e à esquerda, e a
luz originalmente branca, embaixo, é vista verde por causa do ltro livre do vermelho no olho
esquerdo.
Figura 7 – Visão de paciente com supressão do olho direito
Fonte: Acervo do Conteudista
Diplopia cruzada. O paciente enxerga cinco luzes. Três luzes verdes à direita, vistas pelo olho
esquerdo, e duas luzes vermelhas à esquerda, vistas pelo olho esquerdo. Essa condição
resulta, em geral, de desvios (manifestos ou latentes) do tipo exo (para fora).
Diplopia homônima (ou não cruzada). O paciente enxerga cinco luzes. Três luzes verdes à
esquerda, vistas pelo olho esquerdo, e duas luzes vermelhas à direita, vistas pelo olho direito.
Essa condição resulta, em geral, de desvios (manifestos ou latentes) do tipo eso (para dentro).
Figura 9 – Visão de paciente com diplopia não cruzada.
Neste exemplo, o desvio tipo eso é do olho esquerdo, mas o
resultado seria o mesmo se o desvio fosse do olho direito
Fonte: Acervo do Conteudista
Diplopia vertical. O paciente enxerga cinco luzes. Três luzes verdes, e duas luzes vermelhas,
um grupo mais acima e o outro mais abaixo. Se as luzes verdes estiverem acima das
vermelhas, trata-se de um desvio do tipo hiper (para cima) do olho direito. Se as luzes
vermelhas estiverem acima das verdes, trata-se de um desvio do tipo hiper (para cima) do
olho esquerdo. Nos desvios verticais, a referência é sempre o olho que se apresenta mais
acima, de modo que um desvio do tipo hipo (para baixo) do olho direito, por exemplo, é
igualmente um desvio do tipo hiper (para cima) do olho esquerdo, e é assim descrito.
Figura 10 – Visão de paciente com diplopia vertical. Neste
exemplo, o desvio tipo hiper é do olho direito
Fonte: Acervo do Conteudista
Não se aplica o teste de 4ΔBT em pacientes com baixa acuidade visual. Obviamente, quando a
acuidade visual reduzida se der por ametropia conhecida, pode-se corrigir a visão com as
lentes apropriadas. Também não se aplica o teste se o paciente já manifesta desvios, ou
nistagmo.
Antes de executar o 4ΔBT é preciso, portanto, avaliar acuidade visual e estado refrativo do
paciente.
Execução
Um prisma de quatro dioptrias é colocado com a base voltada para fora (temporal) em frente a
um dos olhos, enquanto se observam possíveis movimentos oculares.
Quando o paciente tem correspondência retiniana anômala harmônica, o teste ainda pode
revelar uma pequena área de supressão na fóvea que pode coexistir com a CRAH.
A importância do alvo de xação foi destacada por Irvine por volta de 1948, logo após a
descrição inicial do teste (de 1944), mas desde então tem sido omitida das descrições do teste.
Esse fator provavelmente explica alguns resultados confusos em artigos e publicações, que
não especi cam se um alvo pontual foi utilizado. Como a intensidade/profundidade da
supressão pode variar com as condições do alvo, é melhor evitar um alvo de contraste
excepcionalmente alto (por exemplo, uma lanterna).
Equipamento
Alvo de xação para ser usado à distância (para longe).
Prisma solto de quatro dioptrias ou barra de prismas.
Procedimento
Peça ao paciente que xe a visão em um alvo enquanto o examinador coloca o prisma com
base temporal de quatro dioptrias sobre o olho do paciente, observando a resposta do outro
olho.
O alvo deve estar isolado e ter tamanho adequado para a acuidade visual do paciente. O
tamanho equivalente a uma ou duas linhas melhores do que a melhor acuidade corrigida à
distância costuma ser o indicado.
Resultados
Normal: Se não houver qualquer desalinhamento dos eixos visuais e se a visão for
binocular e bifoveal, o deslocamento da imagem provocado pelo prisma fará com que o
paciente faça um movimento conjugado de ambos os olhos em uma direção. O olho sob o
prisma se moverá para dentro, na direção do ápice do prisma, enquanto o olho
contralateral fará um movimento para fora, de mesma magnitude. Em seguida, o olho
contralateral faz um movimento de convergência (convergência fusional), a m de evitar
a diplopia;
Fixação excêntrica: Uma série de fatores pode interferir, ainda na primeira infância, no
amadurecimento da fóvea, mais especi camente na de nição da xação foveal em cada
um dos olhos e na correspondência retiniana normal, que permite a xação bifoveal.
Quando isso ocorre, uma possível adaptação é a supressão da imagem foveal em um dos
olhos, em geral o com menor qualidade de entrada no córtex visual, e o estabelecimento
de uma correspondência retiniana anômala, como já visto. Isso signi ca que à fóvea de
um dos olhos corresponderá um ponto perifoveal, também conhecido como pseudofóvea.
A isso dá-se o nome de xação excêntrica. Neste paciente, ao se colocar o prisma sobre
o olho com xação central, o comportamento é o típico, com o movimento de versão
seguido do movimento de convergência. Ao se colocar o prisma em frente ao olho com
xação excêntrica, não haverá movimento, uma vez que a imagem deslocada pelo prisma
cairá, em geral, sobre o escotoma de supressão.
Saiba Mais
Quer ver como funciona o teste do prisma de quatro dioptrias de base
temporal na prática? Neste link você tem uma coletânea deles:
Test 4 Prism Base Out
Estereoacuidade
Como vimos, a visão binocular em seu grau mais elevado, a estereopsia, nos permite perceber
a tridimensionalidade das cenas visuais que observamos. Essa estereopsia depende de uma
disparidade perceptível entre as imagens produzidas pela cena visual em cada um dos olhos.
A disparidade entre esses estímulos fornece o estímulo para uma discriminação precisa da
diferença de distância entre os objetos. Quanto maior for a capacidade de perceber essas
disparidades, mais aguçada é a estereopsia de um indivíduo.
Anáglifos são pouco usados para ns de diagnóstico (para medir a acuidade visual), tendo
mais aplicação na terapia visual. Os anáglifos são gravuras, eventualmente caracteres,
construídos em cores diferentes, geralmente vermelho e ciano, em duas imagens em posições
levemente diferentes.
O paciente observa as guras com óculos verde-vermelho, de forma que o olho sob a lente
vermelha não recebe o estímulo da gura em ciano, enquanto o olho sob a lente verde não
recebe o estímulo da gura em vermelho. O córtex visual funde as imagens para produzir uma
imagem estereoscópica integrada.
ACESSE
Vectogramas, ou vectografos, são usados de forma similar, trabalhando com imagens
levemente distintas que são percebidas separadamente por cada um dos olhos, por meio de
ltros, para serem fusionadas no córtex visual. Filtros polarizados nas imagens fazem com
que diferentes imagens sejam apresentadas a cada olho, enquanto o observador usa óculos
com ltros polarizados também.
ACESSE
Conjuntos de imagens com pontos aleatórios usam o mesmo princípio dos vectogramas. As
lâminas com pontos aleatórios, semelhantes à imagem de sinal e ruído que vimo, são
construídas em camadas com polarização distinta, e o observador usa óculos com ltros
polarizados como os usados nos vectogramas. Na observação com os óculos, parte do padrão
de pontos aleatórios deve se destacar dos demais, caso haja estereoacuidade. De fato, alguns
conjuntos, como o que contém o teste da mosca de Titmus, trazem também imagens com
pontos aleatórios, a m de testar a estereoacuidade de forma mais objetiva.
Material Complementar
Leitura
Estudo da estereopsia em pré-escolares e escolares da cidade de Paulínia, São Paulo.
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Vera Lúcia Pereira *, Newton Kara José **, Marilisa Nano Costa ***,
Filho
Nelson... Macchiaverni
, Flávio França Rangel ***, Gerson Rueda **** & Djalma Carvalho
Moreira Filho *****
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Page
Visão1 of 59
Binocular
S.
Mogo
Introdução
MEO
Posições
Movimentos
do olhar Introdução ao estudo da visão binocular
oculares
Contr.
mov.oc.
Leis da Análise Optométrica
Controle
inervação
Convergência
Função
Unidades
Componentes S. Mogo
Caract. da
VB
Corresp.
Fusão
retiniana Departamento de Física
Estereópsia
Universidade da Beira Interior
Anomalias
Forias e /
Classificação
tropias
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Actuação
UBI
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UNIVERSIDADE DA BEIRA
INTERIOR
Ciências da
Saúde
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VEJA EM UBI
Vídeos
Luzes de Worth
Luzes de Worth
ACESSE
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Referências
________; PETRIG, B. FPL and VEP measures of fusion, stereopsis and stereoacuity in normal
infants. Vision Research, v. 36, n. 9, p. 1321-1327, 1996.
BURIAN, H. M.; NOORDEN, G. K. von. Binocular vision and ocular motility: theory and
management of strabismus. St. Louis: CV Mosby, 1974.
IRVINE, S. R. A simple test for binocular xation: clinical application useful in the appraisal of ocular
dominance, amblyopia ex anopsia, minimal strabismus, and malingering. The Australasian Journal
of Optometry, v. 27, n. 12, p. 536-547, 1944.
LANG, J. Anomalous retinal correspondence update. Graefe's archive for clinical and experimental
ophthalmology, v. 226, n. 2, p. 137-140, 1988.