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Sendo assim, partindo das reflexões de vários autores ao longo da história humana acerca
da política, considerando que cada autor estava situado em um contexo espaço-temporal, e
sublinhando a importantíssima contribuição de Michel Foucault, a minha formulação sobre
política seria: política é a expressão do jogo de forças (físicas, discursivas, simbólicas)
existentes entre dois ou mais seres humanos. Esse feixe de relações é
instituinte/constituintes de modos de exisência e pode ser de sujeição, de objetificação, de
cooperação, de domínio ou resistência. Os jogos de forças, quando “cristalizados”, “aceitos”
ou acordados entre as partes, deixam de ser instituintes e passam a serem
instituições/constituições, que criam formas, regras, mores, tradições, cultura, até chegar ao
Estado e as formas complexas de instituições e dimensões ditas “políticas”.
Bibliografia
a) Por que o termo República oligárquica é um dos mais adequados para caracterizar
as estruturas políticas da primeira república?
Essa influência política se dava por práticas que garantiam a fidelidade política das
populações locais em troca de favores e benefícios, tais como o controle do poder local por
meio do "voto de cabresto" e do coronelismo. O voto de cabresto refere-se a uma prática
em que os políticos controlavam o voto dos eleitores, principalmente nas áreas rurais,
através de meios coercitivos ou manipulativos. O termo "cabresto" remete ao instrumento
utilizado para guiar o gado, e nesse contexto, sugere que os eleitores eram controlados
como animais, direcionados a votar nos candidatos apoiados pelos grandes proprietários
de terras, sem liberdade de escolha real. Já o coronelismo é um sistema político, uma
complexa rede de relações que vai desde o coronel até o presidente da República,
envolvendo compromissos recíprocos. Tem um período específico de duração (1898-1930)
e tem seu fim em de 1937, quando as estruturas políticas centralizam-se na esfera federal.
Para Leal (1980) “o coronel entrou na análise por ser parte do sistema, mas o que mais me
preocupava era o sistema, a estrutura e a maneira pelas quais as relações de poder se
desenvolviam na Primeira República, a partir do município” (LEAL, 1980, p. 13). Esse
período também foi marcado pela política do café com leite, um arranjo político em que as
oligarquias de São Paulo (representando a produção de café) e de Minas Gerais
(representando a produção de leite) se revezavam no controle da presidência da
República. Esse acordo fortalecia o domínio das oligarquias sobre o governo central e
perpetuava o poder entre esses grupos regionais. Tal estrutura política contribuiu para a
manutenção de desigualdades sociais e econômicas, além de limitar a participação política
das classes menos privilegiadas. Esse período da história do Brasil é crucial para entender
as raízes de muitos problemas sociais e políticos que o país enfrentou e ainda enfrenta.
b) Explique o que foi e como funcionava a chamada política dos governadores durante
a primeira república
Esse sistema, embora eficiente para a estabilidade política, foi sustentado por práticas
questionáveis. Estratégias como o voto de cabresto (explicado acima, na questão 1a),
fraudes eleitorais e coerção foram instrumentos recorrentes para manter o status quo,
minando a representatividade democrática e perpetuando o poder nas mãos de uma
minoria. Os maiores beneficiários desse acordo foram as oligarquias agrárias, cujo domínio
sobre a economia do país, principalmente na produção de café, conferia-lhes uma
influência desproporcional. A riqueza gerada por essa atividade econômica crucial garantia
às elites regionais uma posição política privilegiada, enquanto marginalizava vozes
populares.
Esse arranjo político teve impactos profundos na democracia brasileira. A ausência de uma
cultura política participativa e a exclusão das classes menos favorecidas restringiram a
representatividade e perpetuaram desigualdades sociais. A corrupção e a violência
também foram frutos desse sistema concentrador de poder. Entretanto, o advento da
década de 1920 testemunhou um crescente movimento operário e popular, questionando
essa estrutura oligárquica. A crise de 1929 e suas repercussões também desempenharam
um papel crucial, desestabilizando o sistema e pavimentando o caminho para a sua queda.
Finalmente, a Revolução de 1930 marcou o fim desse período, encerrando uma era
marcada pelo controle político das oligarquias regionais.
O governo federal, por sua vez, dependia do respaldo dessas oligarquias para garantir a
governabilidade nacional. Em troca do apoio político e eleitoral, concedia aos
governadores autonomia administrativa, recursos financeiros e vantagens econômicas.
Esse arranjo, conhecido como política dos governadores, foi crucial para a estabilidade
política na Primeira República. Contudo, a concentração de poder nas mãos de uma
elite e a marginalização das classes populares foram consequências inevitáveis desse
sistema.
Bibliografia
LEAL, Victor Nunes. (1948), Coronelismo, Enxada e Voto Rio de Janeiro, Forense.