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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

FACULDADE DE HISTÓRIA
HISTÓRIA DO BRASIL IV

ADAILTON JUNIOR COSTA MAGALHÃES

PLANO DE AULA
O Tropicalismo como resistência à ditadura civil-militar no Brasil

GOIÂNIA,
2024
ADAILTON JUNIOR COSTA MAGALHÃES

PLANO DE AULA
O Tropicalismo como resistência à ditadura civil-militar no Brasil

Sequência didática apresentada à disciplina de


História do Brasil IV, que irá compor a nota final
da disciplina.
Docente: Profa. Dra. Alcilene Cavalcante de
Oliveira.

Goiânia,
2024
PLANO DE AULA

Plano de aula: Goiânia, 19 de janeiro de 2024, 100 min.


Tema: O Tropicalismo como resistência à ditadura civil-militar no Brasil.
Série: 9º ano do Ensino Fundamental.
Disciplina: História.
Habilidade prevista pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC): (EF09HI20)
Discutir os processos de resistência e as propostas de reorganização da sociedade brasileira
durante a ditadura civil-militar.

Conteúdos
O movimento tropicalista, atingindo seu ápice no final da década de 1960,
desempenhou um papel crucial na resistência cultural durante a ditadura civil-militar
brasileira (1964-1985). Embora o tropicalismo não tenha sido formalmente categorizado
como um movimento explicitamente político, suas expressões artísticas desafiadoras e
inovadoras foram consideradas subversivas pelo governo ditatorial, uma vez que buscavam
romper com as normas estabelecidas na música, na arte e na cultura em geral. Além disso, o
tropicalismo incorporava elementos da rica cultura popular brasileira, assim como influências
da cena cultural internacional, desafiando as convenções estéticas tradicionais. No entanto, tal
como diversos grupos e entidades contrários ao governo autoritário, o movimento enfrentou
intensa perseguição e exílio. Dessa forma, a estratégia de oposição ao regime militar colocou
na ordem do dia a necessidade de conexão entre cultura e política, à medida que a primeira
funcionava como espaço de rearticulação de identidades, valores e estratégias de ação que
alimentavam a segunda. Naquele contexto, entre os anos 1960 e 1970, a resistência cultural ao
regime militar foi protagonizada por quatro variáveis ideológicas, agrupando os seguintes
atores: liberais, comunistas, movimentos contraculturais e Nova Esquerda. (NAPOLITANO,
2011).
Diante do exposto, o foco central do conteúdo será a análise da influência do
tropicalismo nas inquietações civis durante a ditadura no Brasil, abordando tanto suas
influências ideológicas quanto as manifestações estéticas e sonoras características do
movimento. Para tal, a análise das letras das canções tropicalistas será empregada como meio
ilustrativo das diversas formas pelas quais os artistas expressaram seu repúdio às violências
do Estado. Nesse contexto, a expectativa é que os estudantes do 9º ano do Ensino
Fundamental compreendam que, dentre as várias formas de resistência, incluindo as lutas
armadas, o tropicalismo desempenhou um papel cultural significativo no campo de
possibilidades do período.

Fonte utilizada e sua justificativa


Após alguns anos de ditadura, nos quais a violência e as tensões entre civis e militares
faziam parte do cotidiano, a Música Popular Brasileira assumiu o papel de meio e mensagem
do Brasil (WISNIK 2004). Assim, Caetano Veloso e Gilberto Gil, destacados compositores
tropicalistas, entoaram em suas vozes, juntamente com outros cantores como Gal Costa, letras
ambíguas que, de modo subversivo, criticavam temas relativos à tortura, exílio, violência nas
ruas, angústia, autoritarismo, entre outros. A partir da década de 70, diversos setores da
sociedade se destacaram ao promover uma articulação com o objetivo de participar e liderar
um processo de luta democrática, sendo um deles o Movimento Estudantil, composto por
jovens (ARAÚJO 2004). Dessa forma, a música Divino Maravilhoso, composta por Gilberto
Gil e Caetano Veloso e interpretada por Gal Costa, evoca de forma constante a participação da
juventude, assim como tantas outras originárias do tropicalismo, buscando alertá-la sobre os
perigos da ditadura."A escuta atenciosa da canção, aliada à leitura da letra, ajudará os
estudantes a compreenderem quais críticas e reivindicações estão sendo feitas nas entrelinhas
de cada verso.

Objetivos
Os objetivos almejados perpassam: entender o papel político do movimento tropicalista
durante a ditadura civil-militar; compreender os conceitos de repressão, resistências e
anuências diante do poder autoritário; explorar as diversas maneiras de resistir e lutar, cada
uma com suas próprias potencialidades e abordagens; por fim, analisar minuciosamente as
palavras e expressões na canção "Divino Maravilhoso" para debater as características de
denúncia e resistência presentes na letra.

Desenvolvimento e Tempo didático


> 10 min. Organização da sala e anotação da frequência dos estudantes.
>10 min. Introdução ao tema: breve apresentação das bases do trabalho científico do
historiador e discussão dos conceitos de Repressão, Resistências e Anuências.
> 15 min. Introdução ao tema: diferenciação dos conceitos políticos de Ditadura e
Democracia.
> 10 min. Desenvolvimento – 1ª parte: apresentação de um panorama geral sobre a ditadura
civil-militar no Brasil.
> 15 min. Desenvolvimento – 2ª parte: apresentação de slides contendo mídias que ilustram
aos estudantes as características estéticas e sonoras do tropicalismo. (Capas de álbuns,
fotografias da época dos estilos de roupas e cabelos, influências do Movimento Hippie,
músicas e vídeos de apresentações dos artistas nos Festivais de MPB). No ambiente de debate,
os estudantes serão incentivados a participar ativamente, expressando opiniões e
compartilhando impressões. Este será um momento propício para explorar conexões com a
contemporaneidade e refletir sobre se seus comportamentos desafiam as normas
tradicionalmente estabelecidas pela sociedade, como, por exemplo, o uso de cabelos coloridos
e estilos de roupas diversos, promovendo a valorização das diversidades estéticas.
> 15 min. Desenvolvimento – 3ª parte: problematizar a composição de Divino Maravilhoso,
haja visto que os estudantes adquiriram conhecimento sobre a repressão na ditadura, as
características do tropicalismo e como foi possível resistir através de letras ambíguas que
criticavam e denunciavam o período. É importante, no momento, diferenciar com a ajuda dos
estudantes quais palavras ou expressões na música se referem à barbárie, e quais fazem
analogia à resistência. Para o primeiro, temos: atenção; esquina; escuridão; perigoso; temer a
morte; o samba exaltação; as janelas no alto; o asfalto, o mangue; o sangue sobre o chão. Para
a segunda: atenção / precisa ter olhos firmes / tudo é divino maravilhoso / palavra de ordem /
refrão / é preciso estar atento e forte / não temos tempo de temer a morte.
> 25 min. Tempo destinado à realização da atividade avaliativa.

Materiais didáticos
Televisão para reproduzir músicas, imagens, vídeos e apresentação de slides; folhas de
papel com impressão da letra de Divino Maravilhoso; pincéis de quadro para eventuais
anotações durante a exposição; aparelhos eletrônicos com acesso à internet para pesquisas.

Avaliação
Ao longo da apresentação e discussão do conteúdo, os estudantes serão avaliados com
base em seu engajamento e contribuição ao tema. No encerramento, deverão escolher uma
música que, para ele, simbolize a resistência a alguma forma de violência ou questão social
vivida ou ainda presente no seu cotidiano.. Não há critérios específicos para a seleção; o
fundamental é que, ao final, os estudantes possam identificar uma desigualdade e destacar, na
letra da canção escolhida, elementos de empoderamento, denúncia, ativismo e outros.
Referências bibliográficas

ARAÚJO, Maria Paula. A luta democrática contra o regime militar (1974 – 1985): estratégias
de luta e resistência contra a ditadura. In: Seminário 40 anos do Golpe de 1964: ditadura
militar e resistência no Brasil. Rio de Janeiro: UFRJ; UFF; FGV, 2004, pp.243-25.

CAETANO VELOSO; GILBERTO GIL. Divino, maravilhoso. In: Gal Costa. Brasil: Philips,
1969. 1 disco vinil, lado B, faixa 2 (4 min).

NAPOLITANO, Marcos. Coração civil: arte, resistência e lutas culturais durante o regime
militar brasileiro (1964-1980). 2011. Tese (Livre Docência) – Universidade de São Paulo, São
Paulo, 2011. Acesso em: 08 jan. 2024.

OLIVEIRA, O. J. R. de. TROPICALISMO E BARBÁRIE: RESISTÊNCIA CULTURAL E


DITADURA MILITAR NO BRASIL DOS ANOS 1960. Revista Binacional
Brasil-Argentina: Diálogo entre as ciências, [S. l.], v. 8, n. 2, p. 24-40, 2020. DOI:
10.22481/rbba.v8i2.6255. Disponível em:
https://periodicos2.uesb.br/index.php/rbba/article/view/6255. Acesso em: 05 jan. 2024.

WISNIK, J.M. Sem Receita: ensaios e canções. São Paulo: Publifolha, 2004.

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