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INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
ENSINO DE HISTÓRIA (HUM03180)
Professora: Dra. Leticia Bauer

PAULO HENRIQUE DA SILVA BRISKEVITSKI


VINÍCIUS SCHWEITZER

DITADURA CIVIL-MILITAR, POVOS INDÍGENAS E A FLORESTA AMAZÔNICA

Porto Alegre
2022
BNCC - ENSINO FUNDAMENTAL

ANO: 9o ano.

COMPETÊNCIA(S) ESPECÍFICA(S): 1. Compreender acontecimentos históricos, relações


de poder e processos e mecanismos de transformação e manutenção das estruturas sociais,
políticas, econômicas e culturais ao longo do tempo e em diferentes espaços para analisar,
posicionar-se e intervir no mundo contemporâneo;
2. Compreender a historicidade no tempo e no espaço, relacionando acontecimentos e
processos de transformação e manutenção das estruturas sociais, políticas, econômicas e
culturais, bem como problematizar os significados das lógicas de organização cronológica;
3. Elaborar questionamentos, hipóteses, argumentos e proposições em relação a documentos,
interpretações e contextos históricos específicos, recorrendo a diferentes linguagens e mídias,
exercitando a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos, a cooperação e o respeito;
4. Identificar interpretações que expressem visões de diferentes sujeitos, culturas e povos com
relação a um mesmo contexto histórico, e posicionar-se criticamente com base em princípios
éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários;
7. Produzir, avaliar e utilizar tecnologias digitais de informação e comunicação de modo
crítico, ético e responsável, compreendendo seus significados para os diferentes grupos ou
estratos sociais.

UNIDADE TEMÁTICA: Modernização, ditadura civil-militar e redemocratização: o Brasil


após 1946.

OBJETOS DE CONHECIMENTO: A ditadura civil-militar e os processos de resistência;


As questões indígena e negra e a ditadura.

HABILIDADE(S): (EF09HI20) Discutir os processos de resistência e as propostas de


reorganização da sociedade brasileira durante a ditadura civil-militar;
(EF09HI21) Identificar e relacionar as demandas indígenas e quilombolas como forma de
contestação ao modelo desenvolvimentista da ditadura.
DETALHAMENTO

TEMA ESPECÍFICO DA AULA: Resistência indígena, meio-ambiente e expansão


capitalista no período da ditadura civil-militar no Brasil.

JUSTIFICATIVA: A ditadura militar brasileira (1964-1985) foi um dos períodos mais


sombrios da história do país, que deixou grandes cicatrizes e feridas abertas na sociedade que
perduram até hoje. Nesse sentido, destaca-se a perseguição sofrida pelos povos indígenas
durante o período, que viram tudo à sua volta ser destruído pelos militares: a floresta, seu
povo e suas tradições. Todas essas coisas foram vítimas de uma política de Estado que
buscava acima de qualquer coisa o lucro e extinção de qualquer grupo que defendesse uma
forma de organização social diferente da capitalista. Assim, estudar os motivos dos ataques
aos povos indígenas durante a ditadura militar, nos permitirá compreender melhor os conflitos
sociais na conjuntura nacional e internacional, identificando os atores que compõem o palco
dos conflitos de classe contemporâneos.

OBJETIVOS: Apresentar, debater e sensibilizar os alunos acerca das questões de violência e


violação dos direitos humanos cometidos pelo governo no contexto da ditadura civil-militar;
Conscientizar sobre organizações sociais diferentes da padronizada no sistema capitalista;
Conscientizar sobre o atual desmatamento, perseguição aos povos originários e ataques ao
meio ambiente promovidos e facilitados por órgãos governamentais.

CONCEITOS/ DEFINIÇÕES: Ditadura civil-militar; Desenvolvimentismo; Povos


indígenas; Violação de direitos humanos; Resistência; Lutadores sociais; Justiça social.

RECURSOS: Revistas, cartazes e propagandas (ver anexos) do acervo pessoal de Ricardo


Cardim. Como opcional, o documentário Reformatório Krenak (2016) (contido nas
referências).

PERGUNTA(S) NORTEADORA(S):
De que maneira os povos indígenas e os governos militares do período ditatorial se
relacionavam com o meio ambiente? Como se caracteriza essa diferença? Por que motivos os
militares atacaram as sociedades indígenas e seus territórios? A relação do governo com o
meio ambiente mudou após a redemocratização? Vocês acham que isso acontece hoje em dia?
A sociedade capitalista tem uma lógica de valorizar o consumo e o “ser produtivo”; como
vocês sentem que são cobrados pelas pessoas nesse aspecto? Vocês acham que somos livres
de verdade pra escolher como queremos viver ou não? Vocês acham que o governo de
Bolsonaro enxerga a ditadura? e os militares? e os indígenas? Vocês acham que o que
acontece hoje é parecido com o que ocorreu durante a ditadura?

METODOLOGIA:
A aula inicia de forma expositiva, apresentando o contexto da época da ditadura: Guerra Fria;
defesa do capitalismo pelos EUA; repressão, violência e censura. Na sequência, destaca-se a
perseguição que a ditadura realizava contra grupos defensores de formas de sociedade
diferentes da capitalista (comunistas, lutadores sociais e povos indígenas). Ainda nesse
primeiro momento, os alunos seriam convidados a refletir sobre as pesadas demandas que a
sociedade faz sobre seus ombros. Nesse sentido, algumas perguntas podem nortear essa
reflexão: esses grupos eram perseguidos pela ditadura por defenderem uma forma de
sociedade diferente; vocês acham que isso acontece hoje em dia? A sociedade capitalista tem
uma lógica de valorizar o consumo e o “ser produtivo”; como vocês sentem que são cobrados
pelas pessoas nesse aspecto? Vocês acham que somos livres de verdade pra escolher como
queremos viver ou não? Essas perguntas podem ser adaptadas de acordo com o andamento da
aula e a realidade dos alunos, mas têm o objetivo de aproximar o cotidiano dos estudantes dos
conteúdos mobilizados.
Depois do momento de reflexão, será apresentada a história do Reformatório Krenak e
da construção da Rodovia Transamazônica, apresentando-as como duas maneiras com que a
ditadura militar atacou, de modo institucionalizado, os povos indígenas. Também, seriam
apresentados aos estudantes alguns cartazes e capas de revista da época, sobre a construção da
rodovia (anexos 3, 4, 5), com a finalidade de apresentar a forma com que os militares
tratavam a floresta, que é sagrada para os indígenas. Esse momento, em geral, tem o objetivo
de apresentar como a ditadura operava: por um lado, construía aparatos de repressão contra a
sua própria população, utilizava torturas, assasinatos e violência sexual para garantir seus
interesses políticos e econômicos; por outro, utilizava um grande aparato midiático para
divulgar a ideia de modernização e progresso do Brasil, fazendo obras monumentais como a
Transamazônica, mas que na verdade serviam para facilitar às potências estrangeiras a
exploração das riquezas contidas no território brasileiro.
Na sequência, inicia-se o momento de trazer toda essa carga histórica para a
atualidade, apresentando duas notícias acerca dos temas tratados. A primeira (anexo 6) expõe
o aumento do desmatamento e da destruição das terras indígenas durante o governo
Bolsonara. Aqui, pode-se perguntar aos estudantes: Vocês acham que o governo de Bolsonaro
enxerga a ditadura? e os militares? e os indígenas?; ou ainda: Vocês acham que o que acontece
hoje é parecido com o que ocorreu durante a ditadura? Já a segunda notícia (anexo 7) trata da
relação entre o desmatamento ilegal e as queimadas na Floresta Amazônica com empresas dos
Estados Unidos e da Europa. Nessa parte não é necessário fazer nem um questionamento à
classe, pois as perguntas finais já cumprirão esse papel.
Para finalizar o momento expositivo, será retomado o período da ditadura, mas agora
apresentando brevemente a resistência indígena. O objetivo nessa parte da aula é mostrar que
em nem um momento os povos indígenas aceitaram passivamente essas agressões, mas
sempre lutaram para simplesmente terem o direito de viver como queriam. Para tal, falar-se-á
rapidamente do processo de formação da União das Nações Indígenas (UNI) e da sua
importância na criação da constituinte de 1988, focando no fato de, apesar dessas serem
vitórias importantes, os ataques contra os povos indígenas acontecem até hoje.

ATIVIDADE:
Primeiro, os estudantes deverão se dividir em duplas ou trios e pegar o material a ser
respondido. Esse material consiste em uma folha A4 com duas questões e três perguntas no
total: A primeira questão traz dois cartazes de divulgação da Transamazônica (anexo 1 e 2) e
uma transcrição da fala de Ailton Krenak em uam entrevista realizada pelo jornal Le Monde
Diplomatique (anexo 8). Os alunos deverão observar os dois textos e responder: 1) De que
maneira os povos indígenas e os governos militares do período ditatorial se relacionavam com
a natureza?; 2) Com que interesses os militares atacaram as sociedades indígenas e seus
territórios? A segunda questão trará a transcrição da fala feita pelo ministro do meio-ambiente
Ricardo Salles durante uma reunião ministerial realizada em abril de 2020 (anexo 9). Os
alunos deverão ler a transcrição e responder à questão: na sua opinião, a relação do governo
com o meio ambiente mudou após a redemocratização? Ao término da aula as atividades
devem ser entregues para posterior avaliação.
REFERÊNCIAS:
A HISTÓRIA DE RESISTÊNCIA E MORTE DOS POVOS INDÍGENAS NA DITADURA
MILITAR. Instituto Humanitas Unisinos, 2017. Disponível em:
<https://www.ihu.unisinos.br/categorias/186-noticias-2017/566225-a-historia-de-resistencia-e
-morte-dos-povos-indigenas-na-ditadura-militar> Acesso em: out. 2022.

CARDIM, Ricardo. A ofensiva da ditadura militar contra a Amazônia. Acervo pessoal de


Ricardo Cardim. 2016. Disponível em:
<https://quatrocincoum.folha.uol.com.br/br/galerias/a-ofensiva-da-ditadura-militar-contra-a-a
mazonia>

CORRÊA, José Gabriel Silveira. A ordem a se preservar: a gestão dos índios e o


Reformatório Agrícola Indígena Krenak. Dissertação de mestrado em Antropologia Social.
Rio de Janeiro, PPGAS/MN/UFRJ, 2000.

INDÍGENAS. Memórias da Ditadura, s/d. Disponível em:


<https://memoriasdaditadura.org.br/indigenas/#:~:text=Durante%20a%20ditadura%2C%20as
%20comunidades,colonos%20e%20trabalhadores%20do%20garimpo> Acesso em: out. 2022.

LE MONDE DIPLOMATIQUE BRASIL. Vozes da Natureza | Ailton Krenak. Brasil:


14/04/2020. YouTube. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=KRTJIh1os4w&t=2579s&ab_channel=LeMondeDiplom
atiqueBrasil> Acesso em: out. 2022.

REFORMATÓRIO KRENAK. Diretor: Rogério Corrêa. Produzido pelo Itaú Cultural e pela
Procuradoria Regional de Direitos do Cidadão de Minas Gerais. Brasil: Itaú Cultural, 2016.
YouTube. Disponível em: <https://youtu.be/Qpx8nKVXOAo>

VALENTE, Rubens. Os fuzis e as flechas: história de sangue e resistência indígena na


ditadura. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.

WAIMIRI-ATROARI: VÍTIMAS DA DITADURA MILITAR. MAIS UM CASO PARA A


COMISSÃO DA VERDADE. ENTREVISTA ESPECIAL COM EGYDIO SCHWADE.
Instituto Humanitas Unisinos, 2012. Disponível em: <https://www.ihu.unisinos.br/508652>.
Acesso em: out. 2022.
ANEXOS:

Anexo 1 - Propaganda oficial da ditadura

Fonte: Reprodução/Acervo Ricardo Cardim


Anexo 2 - Revista “Isto É Amazônia”, da SUDAM

Fonte: Reprodução/Acervo Ricardo Cardim


Anexo 3 - Edição especial da revista Manchete, lançada em outubro de 1970

Fonte: Reprodução/Acervo Ricardo Cardim


Anexo 4 - Anúncio da Companhia de Navegação Marítima Netumar

Fonte: Reprodução/Acervo Ricardo Cardim


Anexo 5 - Propaganda da ditadura militar

Fonte: Reprodução/Acervo Ricardo Cardim


Anexo 6 - Reportagem G1

Anexo 7 - Reportagem Centro de Informações sobre Empresas e Direitos Humanos


Anexo 8 - Transcrição entrevista Ailton Krenak
Anexo 9 - Fala de Ricardo Salles, ex-ministro do Meio Ambiente

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