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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS


DISCIPLINA DE HISTÓRIA DAS RELAÇÕES ETNICO-RACIAIS
DOCENTE: Fábio Kühn
DISCENTES: Paulo Briskevitski (00333200)

A PARTICIPAÇÃO DO CLERO NA REVOLTA FARROUPILHA


E SEUS DESDOBRAMENTOS

INTRODUÇÃO:
A Revolta Farroupilha foi a mais longínqua insurreição do período regencial (1835 -
1845) e contou com uma ampla mobilização de diversos setores da elite econômica e
intelectual da província do Rio Grande de São Pedro do Sul. Assim, ainda que a revolta tenha
sua origem nas insatisfação dos estancieiros sul-rio-grandenses, mediante às desvantagens
econômicas advindas da nova conjuntura política do Império e da região platina, contou
também com o apoio do clero local ligado à igreja católica. Esse apoio, porém, tem sido
pouco investigado pela historiografia especializada no período, o que acaba limitando a
compreensão dos acontecimentos e desdobramentos da Revolta Farroupilha.
Por isso, busca-se aqui apresentar de maneira sucinta qual foi a participação dos
sacerdotes católicos na insurreição farrapa, como desenvolveram a igreja nos territórios sob
domínio dos revoltosos e ainda quais foram as consequências dos posicionamentos adotados.
Para tal, torna-se necessário estabelecer uma divisão temporal para qualificar a análise, tal
divisão dar-se-á da seguinte forma: período pré-revolucionário; anos iniciais até o cisma de
1838; restabelecimento do Bispo do Rio de Janeiro (1840) até o fim do conflito. Dessa forma,
pretende-se contribuir para o estudo historiográfico do período, utilizando para isso, a análise
da bibliografia produzida por historiadores e religiosos acerca dos temas aqui levantados,
para, por fim, formular algumas hipóteses que possam contribuir para esses debates.

O CLERO E O PERÍODO PRÉ-REVOLUCIONÁRIO


Para compreender a participação dos sacerdotes na insurreição farrapa devemos
primeiro entender o cenário político e eclesiástico do período. Nos anos que antecederam
1835, havia muita instabilidade, com inúmeros movimentos revoltosos organizando-se e
ameaçando a unidade política e territorial do Império. Nesse contexto, grande parte da elite
econômica da província do Rio Grande do Sul estava desgostosa com a centralização das
decisões do país no Rio de Janeiro e aspirava por mudanças e ascensão política. Como
explica Maria Medianeira Padoin:
Tais idéias e ambições foram motivadas pela decepção com a
Constituição Imperial de 1824, pela perda da Cisplatina, pelos
resultados da abdicação de D. Pedro I e pelos poucos resultados
obtidos com o Ato Adicional de 1834, além das altas taxas
alfandegárias e impostos como a concorrência “autorizada”, no
mercado brasileiro, da venda do charque dos produtores “argentinos”
e uruguaios. (PADOIN, 2019)

Assim, a medida que essa elite perdia poder e espaço no mercado nacional, passaria a
mobilizar-se contra a centralização da gestão imperial que prejudicava seus interesses
econômicos, e nos anos seguintes, diante da falta de perspectiva de mudança através das vias
diplomáticas, buscariam uma ruptura na província.
Concomitantemente, a situação da igreja em solo brasileiro acompanhava a
conjuntura nacional conturbada, e desde 1833 passava por graves problemas. Neste ano, o Pe.
Dom José Caetano de Azevedo Coutinho faleceu, deixando vago o cargo de Bispo do Rio de
Janeiro. Assim, a coroa apressou-se em indicar o nome do Pe. Antônio Maria de Moura para
substituí-lo, o qual foi negado por Roma devido à sua posição pública contrária ao celibato
clerical. Por conta dessa divergência um cisma quase ocorreu, e o bispado do Rio de Janeiro,
o qual era responsável pelo ministério da província de São Pedro, ficaria vago até 1840. Isso
enfraqueceu ainda mais o débil controle que a estrutura central da igreja mantinha sobre os
párocos da província sulina, o que favoreceu a adesão destes à insurreição farrapa.
Além disso, existia uma insatisfação geral do clero sul-rio-grandense com a falta de
oportunidades de ascensão dentro da estrutura eclesiástica. Pois até aquele momento não
havia sequer uma diocese estabelecida na região, o que dificultava a escalada de cargos. Tal
situação não se deu por acaso, pois, como afirma Bidinoto (2005, p. 71), esse fato se deu
porque não era interessante para a administração centralizadora do Império conceder maiores
poderes aos sacerdotes que estivessem vivendo entre os rio-grandenses. Assim, de certo
modo, ocorria no clero o mesmo descontentamento presente no restante da elite provincial
diante da centralização das decisões no Rio de Janeiro.
Juntamente com isso, criou-se, no período que antecedeu a revolta, toda uma geração
de filhos de estancieiros, militares e sacerdotes influenciados por uma conjuntura de avanço
das ideias liberais e republicanas. Nesse contexto, “já existiam, em diversas partes, os clubes
republicanos, animados pela maçonaria” (RUBERT, 1998, p. 146) e muitos dos homens que
saíam da província rio-grandense para estudar nas universidades e seminários do Rio de
Janeiro, São Paulo ou do exterior, acabavam entendo em contato com os ideias republicanos,
o que garantia a sua disseminação na elite do Rio Grande de São Pedro, ao retornarem para o
sul do Brasil. Esses fatores culminaram no processo revolucionário iniciado no dia 20 de
setembro de 1835 na província de São Pedro.

INÍCIO DO CONFLITO, PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA E O CISMA


ECLESIÁSTICO (1835 - 1838)
Antes mesmo da eclosão da insurreição farrapa, os sacerdotes sul-rio-grandenses já
mantinham uma tradição política bastante ativa. Como explicam M. Padoin e A. Pereira
(2014), desde os tempos coloniais e durante todo o período em que a igreja católica foi a
religião oficial do Estado, “os funcionários da Igreja representaram também o papel de
funcionários do Estado”, ou seja, através da sua participação ativa nas decisões
administrativas da região, viviam a política local de forma orgânica. Portanto, não é de se
surpreender que, quando de fato a revolta se iniciou, muitos padres com histórico na política
da província tomaram o lado dos farroupilhas no conflito, a exemplo do do Pe. Juliano de
Faria Lobato, eleito deputado provincial em 1835; do Pe. Hildebrando de Freitas Pedrosa, que
em 1834 ingressara na Assembléia Legislativa da Província; Pe. João de Santa Bárbara, eleito
deputado à Corte de Lisboa em 1822; dentre tantos outros.
Entretanto, vale a pergunta: quantos padres de fato apoiaram a causa dos farroupilhas?
Quanto a isso, não é possível indicar com precisão, mas Arlindo Rubert afirma que
Grande número de padres, em diversas graduações, abraçou a causa
farrapa. Alguns padres a aceitaram com decisão e ardor; outros
colaboraram com o que parecia tar de justo para a libertação do povo
gaúcho; outros mais se viram envolvidos pelos acontecimentos e se
acomodaram às novas circunstâncias. (RUBERT, 1998, p. 147)

Ainda, o mesmo autor alerta para a errônea afirmação de que teria sido a maioria dos padres
que apoiaram o movimento, indicando que não há documentação explícita que sustente essa
hipótese. Também, vale ressaltar que houveram aqueles que se mantiveram imparciais diante
do conflito, assim como os que posicionaram-se ao lado do Império, visto que o seu
ministério estava vinculado à coroa, já que a igreja no Brasil funcionava através do Padroado
Real1.
Assim, no dia 11 de setembro de 1836 os farroupilha proclamam a República Rio
Grandense, desincorporando o território da São Pedro do Império do Brasil. Nesse ato,

1
O Padroado Real consistia no direito concedido pela Santa Sé da Igreja Católica aos monarcas portugueses de
administrar a igreja nos seus territórios, esse direito garantia também diversos privilégios teocráticos aos
membros da monarquia.
também estiveram presentes os sacerdotes republicanos, na realidade, Padoin e Pereira
defende que:
Em todos os momentos, desde a elaboração dos projetos políticos até
a proclamação da República Rio-grandense e nas negociações de
pacificação com o Império brasileiro, tivemos a atuação dos
sacerdotes. (PADOIN e PEREIRA, 2014)

Além desses, Rubert também sustenta esse ponto de vista, afirmando que “na proclamação e
sustentação da República Farroupilha o clero foi peça importante e até essencial.” (RUBERT,
1998, p. 147). De fato, os padres republicanos se envolveram intimamente com a organização
administrativa da nova República. Como bem exemplifica o caso do Pe. João de Santa
Bárbara, que ofereceu seu acervo pessoal de livros para a abertura da Biblioteca na Capital da
República no ano de 18392.
Quando os farroupilhas rompem com o governo central, os agentes eclesiásticos da
antiga província perdem o contato com o bispado do Rio de Janeiro3, deixando acéfala as
ações da igreja católica rio-grandense4. Diante dessa situação, os sacerdotes republicanos
buscaram estabelecer uma autoridade eclesiástica extra-oficial para atuar como Vigário
Apostólico no território da República, até que se estabelecesse uma comunicação com Roma,
para que essa pudesse reconhecer e canonizar a ação. Tal fato foi consumado no dia 22 de
junho de 1838, quando o Pe. Francisco das Chagas Martins de Ávila e Sousa foi nomeado por
Bento Gonçalves como Vigário apostólico da República Rio Grandense. Essa ação
representava uma transgressão séria às normas da igreja Católica e, por conta disso,
estabeleceu-se com um cisma.
Perante esse acontecimento, a maior parte do clero que apoiava a República Farrapa
reconheceu a autoridade do novo Vigário apostólico, que durante os anos que permaneceu
como tal, realizou todas as obrigações do seu cargo como se o ocupasse de forma legítima.
Obteve, inclusive, suporte do Vigário apostólico da Banda Oriental, D. Dâmaso Larrañaga,
para ter acesso aos santos óleos. (RUBERT, 1998, p. 153). Porém, houveram ainda aqueles
que, mesmo apoiando os farroupilhas, não reconheceram a autoridade de Chagas, como foi o
caso do próprio Pe. João de Santa Bárbara. (PADOIN e PEREIRA, 2014). Assim, apesar de,
inicialmente, o Pe. Francisco das Chagas ter gozado de significativo prestígio como Vigário
apostólico, posteriormente, com o enfraquecimento das forças republicanas, e a reorganização de

2
BIDINOTO, 2005, p. 81
3
Nesse período, apesar do cargo de Bispo do Rio de Janeiro encontrar-se vago, quem correspondia às suas
responsabilidades era o Vigário Capitular do Rio de Janeiro. (RUBERT, 1998, p. 152)
4
RUBERT, 1998, p. 152
Roma para intervir no conflito, o apoio do clero rio-grandense aos farroupilhas e à nova organização
da igreja local cairia muito.

O FRONT RETROCEDE, A IGREJA DO RIO INTERVÉM E A REVOLTA


ENCONTRA O SEU FIM (1840 - 1845)
De 1838 a 1840, a guerra seguiu normalmente, com os ganhos territoriais dos
Farroupilhas chegando em seu ápice em agosto de 1839. Da mesma maneira, o Vigário
apostílico da República exercia suas funções e organizava o ministério no seu território
vulgarmente. Todavia, tomou posse em 1840 na diocese do Rio de Janeiro, D. Manuel de
Montes Rodrigues de Araujo, assumindo o cargo que estivera vago há cerca de 7 anos.
Assim, como mais novo Bispo responsável pelo trabalho da igreja do Brasil na província do
Rio Grande de São Pedro, foi-lhe atribuída a missão de acabar com a autoridade do pseudo
Vigário apostólico republicano e retomar o controle da Santa Sé sobre o ministério naquela
província.
Dessa forma, logo que assumiu, foi contatado por alguns padres que outrora apoiaram
e submeteram-se à autoridade de Chagas como Vigário apóstólico, que vinham se retratar
diante do novo Bispo. Aqui, Arlindo Rubert (1998, p. 154) afirma que esses padres “tinham
sido surpreendidos pelo novo estado de coisas” e que “cedo reconheceram seus erros”.
Porém, mesmo que alguns poucos padres de fato apenas tenham se adaptado à nova
conjuntura e dessa forma tenham sido “surpreendidos”, não pode-se negar que o esse recuo,
dá-se em um momento de estagnação da frente de batalha farrapa, juntamente com o
fortalecimento da estrutura central da igreja no Império do Brasil. Independentemente, seja
por honesto arrependimento, seja por temor a algum tipo de retaliação, o fato é que depois da
posse do D. Manuel de Montes como Bispo do Rio de Janeiro, parte do clero gaúcho passaria
a não mais apoiar o Pe. Francisco das Chagas e os farroupilhas.
Durante a guerra, os farroupilhas conclamaram uma Assembléia Constituinte, em
1842. Nessa Assembléia, o clero novamente se fez presente, e dentre os 36 cidadãos que
receberam a maioria dos votos no 1° Distrito de Piratini em setembro de 18425, constam:
Francisco das Chagas, o Vigário apostólico, em 2° lugar, com 223 votos; Pe. Hildebrando de

5
Ainda que esses dados possam ser limitados, representando os votos feitos por parte dos candidatos
exclusivamente em um distrito, eles dão uma base sólida para compreender as posições aqui apresentadas. Além
disso, os dados referenciados em outros trabalhos estão presente em documentos primários de difícil acesso,
assim, por não ter conseguido acessar essa documentação, optei por utilizar os dados contidos na referência:
Guerra Civil no Brasil Meridional (1835/1845) Documentos da Coleção Varela Anais do Arquivo Histórico do
Rio Grande do Sul Volume 17. Disponível em:
<https://cultura.rs.gov.br/upload/arquivos/carga20210405/27100545-anais-ahrs-v-17-1.pdf>
Freitas Pedroso, em 7°, com 219 votos; e por fim, Pe. João de Santa Bárbara, em 21°, com
190 votos. Para critério de comparação, podemos observar quão expressiva foi a votação de
Bento Gonçalves, um dos grandes líderes do movimento Farroupilha, ele foi o 18° deputado
mais votado e fez 197 votos. Esses dados reiteram o quão relevante foi a atuação dos
sacerdotes durante a insurreição farroupilha.
Entretanto, apesar dos avanços na elaboração de uma constituição para o incipiente
país, os Farroupilhas pouco tinham para comemorar. Haja visto que, no mesmo ano da
realização da Assembleia Constituinte (1842) o Barão de Caxias assume o comando das
tropas Imperiais e impõem duras derrotas aos revolucionários no campo de batalha. Em
apenas 3 anos, seu exército suprimiria de uma vez por todas o movimento republicano e
separatista farroupilha6. Juntamente com esse avanço das forças lealistas, a igreja tomava
medidas para acabar com a cisão encabeçada por Francisco das Chagas. Inicialmente, o
bispado do Rio de Janeiro enviou alguns padres para a província de São Pedro,
posteriormente, em 1843, a corte restaurou a Vigararia Geral da Província. Assim, ia-se aos
poucos retomando o controle político e eclesiástico do território.
Ao final de 1844, mesmo com os revolucionários resistindo, a derrota era iminente.
Com os suprimentos se esgotando, o frio, a chuva e as derrotas abatendo a moral dos
combatentes, em 1843 o General Canabarro realizou um acordo secreto com o Barão de
Caxias para um ato final, que colocaria fim à guerra: O Massacre de Porongos7. Assim, em
1844 iniciavam-se oficialmente as conversas de paz, que seriam impulsionadas pelo massacre
arquitetado por Canabarro e Caxias, acerca desse acontecimento, Spencer Leitman (1979, p.
47) afirma que “depois de Porongos, as negociações para a paz entraram na fase final”.
Também, com o declínio da revolução, o pseudo Vigário apostólico foi perdendo seus
poderes e, aos poucos, após decretada a pacificação da região, em 1° de março de 1845, as
conversas entre ele e a corte do Rio de Janeiro se estabeleceram, culminando com Chagas
reconhecendo seus erros diante do bispado do Rio de Janeiro em 10 de dezembro de 18458.

CONCLUSÃO
Desde o período colonial o clero tem participado ativamente da política do país,
comumente desempenhando as tarefas de funcionário da igreja e funcionário do Estado
simultaneamente. Por conta dessa tradição, é natural que identifiquemos esse segmento da

6
LEITMAN, 1979, p. 44
7
LEITMAN, 1979, p. 47
8
RUBERT, 1998, p. 156
sociedade envolvendo-se nos processos revolucionários ocorridos na América durante todo o
séc. XIX. Assim, não seria diferente com a Revolta Farroupilha, na qual os sacerdotes
exerceram um papel essencial desde a difusão dos ideais republicanos no período
pré-revolucionário, até às negociações de paz nos últimos meses da guerra. Porém, fica
evidente que o apoio de boa parte do clero à causa farrapa, esvaziou-se à medida que as
vitórias militares diminuíam e a Igreja de Roma se rearticulava para suprimir o cisma iniciado
em 1838. De qualquer forma, a partir da análise das fontes aqui presentes, é inegável que os
padres católicos exerceram funções cruciais para a realização e manutenção da Revolução
Farroupilha.

BIBLIOGRAFIA:

BIDINOTO, L. M., Clero secular e poder político nos movimentos de Independência do


Prata. Universidade Federal de Santa Maria, 2005, p. 24. Dissertação de Mestrado.

LEITMAN, Spencer. Raízes Sócio-Econômicas da Guerra dos Farrapos. Rio de Janeiro, RJ.
Editora Graal LTDA. 1979.

HASTENTEUFEL, Pe. Zeno. A Legislação Eclesiástica em Vigor, no Brasil Império, ao


Tempo da Revolução Farroupilha. In: TEO - comunicação. Revista Trimestral de Teologia: A
participação da Igreja na Revolução Farroupilha. Porto Alegre: Instituto de Teologia e
Ciências Religiosa, PUCRS, 1985. p. 5-12.

PADOIN, Maria M. PEREIRA, Alessandro A. As Idéias de República e a Participação dos


Sacerdotes Durante a Revolução Farroupilha (1835-45). Andes Antropologia e História,
Salta, Argentina, vol. 25, 1, 2014.

PADOIN, Maria M. O Contexto Brasileiro na Consolidação da Independência e a


Emergência da Revolução Farroupilha (1835 - 1845). Estudios Históricos, Uruguai, vol. 22,
Dezembro, 2019.

RUBERT, Arlindo. História da Igreja no Rio Grande do Sul. Porto Alegre, RS: EDIPUCRS,
1998.

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