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A MAÇONARIA CONTRA O IMPÉRIO


II A REVOLUÇÃO FARROUPILHA

Roberto Aguilar Machado Santos Silva


M.: M.: Grau 18
Membro Honorário da Loja Pharol do Norte, Ladário, MS
Academia Maçônica de Letras de Mato Grosso do Sul
Brasil

Segundo o site Historianet (2011), apesar da maçonaria estar presente no


Brasil desde a Inconfidência Mineira no final do século XVIII, a primeira loja
maçônica brasileira surgiu filiada ao Grande Oriente da França, sendo instalada
em 1801 no contexto da Conjuração Baiana. A partir de 1809 foram fundadas
várias lojas no Rio de Janeiro e Pernambuco e em 1813 foi criado o primeiro
Grande Oriente Brasileiro sob a direção de Antônio Carlos Ribeiro de Andrada
e Silva.

A lusofobia tão presente nos movimentos de emancipação, também


caracterizava a maçonaria brasileira, que desde seus primórdios não aceitava
se submeter ao Grande Oriente de Lisboa. Como em toda América Latina, no
Brasil a maçonaria também se constituiu num importante veículo de divulgação
dos ideais de independência, sendo que em maio de 1822 se instalou no Rio
de Janeiro o Grande Oriente Brasiliano ou Grande Oriente do Brasil, que
nomeou José Bonifácio de Andrada e Silva o primeiro grão-mestre da
maçonaria do país. Com D. Pedro I no poder, o Grande Oriente do Brasil foi
fechado, ressurgindo apenas com a abdicação do imperador em 1831, tendo
novamente José Bonifácio como grão-mestre. Nesse mesmo ano ocorre a
primeira cisão na maçonaria brasileira, quando o senador Vergueiro funda o
Grande Oriente Brasileiro do Passeio, nome referente à rua do Passeio, no Rio
de Janeiro. A divisão enfraqueceu a maçonaria, que começou a perder
influência no quadro político do Império brasileiro. Essa situação agravou-se
em 1864, quando o papa Pio XI, através da bula Syllabus, proibiu qualquer
ligação da Igreja com essa sociedade. No contexto de crise do Império
brasileiro, esse quadro tornou-se mais crítico em 1872, quando durante uma
festa em comemoração à lei do Ventre-Livre, o padre Almeida Martins negou-
se a abandonar a maçonaria, sendo suspenso de sua atividade religiosa pelo
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bispo do Rio de Janeiro. Essa punição tinha sido antecedida por um discurso
feito pelo padre Almeida Martins na loja maçônica Grande Oriente, no qual o
religioso exaltou a figura do visconde do Rio Branco, que, além de primeiro-
ministro, era grão-mestre da maçonaria. Neste processo, o bispo de Olinda, D.
Vital e o de Belém, D. Macedo determinam o fechamento de todas irmandades
que não quiseram excluir seus associados maçons. A reação do governo foi
rápida e enérgica, quando em 1874, o primeiro-ministro, visconde do Rio
Branco, determinou a prisão dos bispos seguida de condenação a quatro anos
de reclusão com trabalhos forçados. Apesar da anistia concedida no ano
seguinte pelo novo primeiro-ministro duque de Caxias, a ferida não foi
cicatrizada e o Império decadente junto com a maçonaria que o sustentava,
perdiam o apoio do clero e da população, constituindo-se num importante fator
para queda do obsoleto regime monárquico e para separação do mesmo com a
Igreja.

José Bonifácio de Andrada e Silva.


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Conforme Scheidt (2011) a República foi a forma de governo assumida pelos


novos Estados latino-americanos, à exceção do Brasil, que surgiram durante o
processo de Independência. O republicanismo, desta forma, constituía-se em
uma importante ideologia utilizada na construção destes novos Estados. Os
vocábulos “República” e “republicano”, entretanto, tinham significados distintos
dos atuais, ultrapassando a caracterização de uma forma de governo diferente
da monarquia. O republicanismo esteve diretamente relacionado aos
movimentos emancipatórios, adquirindo características de uma identidade
política latino-americana. Ser republicano significava ser “americano”, defensor
de um sistema antagônico ao colonialismo europeu. Naquela conjuntura, a
principal manifestação do republicanismo na Região Platina foi o surgimento da
“República Rio-Grandense”. As distintas concepções republicanas, no Rio da
Prata, estiveram relacionadas com o processo de Independência e a complexa
formação dos novos Estados. A República, embora tenha sido a forma de
governo que prevaleceu na região, não foi a única proposta de regime político
e, mesmo entre os republicanos, houve maneiras diversas de se pensar o que
seria uma República. Oriundas da Europa e dos EUA, as concepções de
República chegavam, à Região Platina, como “ideias universais”. Entretanto, ao
invés de serem aplicadas diretamente, estas ideias passavam por um processo
de seleção e adaptação para as realidades locais. Desta forma, também na
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Região Platina houve distintas concepções de República nos diferentes


contextos temporais e espaciais, ao longo da primeira metade do século XIX.
Para o mesmo autor a contraposição entre República e monarquia deu-se a
partir da Proclamação de Independência das “Províncias Unidas do Rio da
Prata”, no Congresso de Tucumán1, em 1816. Desde então, os rio-platenses
declararam-se livres e republicanos, diferenciando-se dos espanhóis
colonialistas e monárquicos. Entretanto, não houve, entre os rio-platenses,
unanimidade em torno das concepções de República. Enquanto os “unitários”
defendiam uma República centralizada, a partir de Buenos Aires, os “federais”
eram partidários das autonomias locais em uma República federal. Entre estes
últimos, destacou-se o projeto de Artigas2, não somente por sua proposta de
uma tênue federação, com amplas autonomias para as províncias, mas,
também, devido ao conteúdo social de seu republicanismo, que previa
transformações nas estruturas, como a divisão de terras entre a população.

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Congresso realizado a 9 de julho de 1816 que criou a República Argentina. O congresso tinha oobjetivo
de oficializar a proclamação de independência da Argentina, que agora (1813) tinha se tornado república
federativa e organizar uma constituição. Congresso de Tucumán começou suas sessões no dia 24 de
março de 1816, onde foram realizadas diversas discussões entre os diferentes representantes, que
manifestaram não só os interesses políticos de cada uma das províncias e suas posturas sobre o
caminho a ser tomado para o benefício de todas. Os debates se estenderam até 9 de julho de 1816,
quando a pedido do deputado jujenho Teodoro Sánchez de Bustamante se discutiu o projeto de
Declaração da Independência da Argentina. Nesse dia, o secretário Juan José Paso, representante de
Buenos Aires, tomou a palavra e perguntou aos congressistas se queriam “que as Províncias da União
fossem uma nação livre e independente dos reis da Espanha e sua metrópole”. Todos os deputados
aprovaram por aclamação a proposta e depois cada um ratificou seu voto. Por último, assinaram a Ata da
Independência neste mesmo dia. No dia 9 de julho de 1816, as Províncias Unidas na América do Sul
declararam formalmente sua independência da coroa espanhola, concluindo um complexo processo
revolucionário de seis anos e iniciando outro, também complexo, que levaria a conformação da Nação
Argentina. No ano de 1825, estas províncias trocaram sua denominação pela de Províncias Unidas do Rio
da Prata. Finalmente, a Constituição de 1826 instaurou o nome de Nação Argentina.
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José Gervasio Artigas (Montevidéu, 19 de Junho de 1764 — Ibiray, 23 de Setembro de 1850) foi um
político e militar uruguaio, sendo o herói nacional de seu país. Estudou no Convento de São Francisco,
sendo depois mandado pelo pai para o interior, onde passou a juventude entre gaúchos, índios e
tropeiros. Dedicou-se ao comércio de couro e gado, percorrendo todo o Uruguai e adquirindo influência
junto à população rural. Em 1797 ingressou no Regimento de Lanceiros como tenente. Durante a guerra
hispano-portuguesa, combateu os ingleses no Prata, aliados dos portugueses. Nessa época iniciou-se o
movimento de libertação das colônias espanholas e Artigas juntou-se aos insurretos, sendo nomeado
tenente-coronel pela junta de Buenos Aires. Derrotou os espanhóis na batalha de San José, em 1811,
obrigando o chefe da guarnição espanhola a retirar-se com suas tropas para Montevidéu. Derrotou
novamente os espanhóis na batalha de Las Piedras e sitiou a cidade. Divergindo do governo de Buenos
Aires, retirou-se para o interior. Após as resoluções do Congresso de Tucumán, Artigas uma vez mais
entrou em guerra contra o exército luso-brasileiro que invadira a Banda Oriental. Derrotado na batalha de
Catalán, em 1817, Artigas iniciou movimentos de guerrilha que duraram três anos. Não podendo mais
resistir, após a derrota na Batalha de Tacuarembó em 1820, asilou-se no Paraguai, onde morreu trinta
anos depois, sem haver retornado a seu país.
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José Gervasio Artigas.

Os conflitos que se seguiram à declaração de Independência deram início a


várias décadas de confrontos, em um conturbado processo de construção dos
novos Estados. As distintas concepções de República inseriram-se, naquele
contexto, como parte das discussões políticas mais amplas, em torno de como
se efetivariam as soberanias naqueles Estados. As províncias do ex-Vice
Reinado do Prata3 constituíam-se, na prática, em Estados independentes e
soberanos e lutavam para manter suas autonomias, contrapondo-se às
tentativas de centralização de Buenos Aires. No Rio Grande do Sul, o
republicanismo teve menor expressão que no Rio da Prata, naquele período. A
então província de São Pedro do Rio Grande fazia parte do Império português
e, a partir de 1822, do brasileiro. Entretanto, semelhante ao caso das
províncias rio-platenses, o Rio Grande do Sul caracterizava-se por uma forte
autonomia local. As elites resistiam às tentativas de centralização por parte do

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O Vice-Reino do Rio da Prata (em espanhol Virreinato del Río de la Plata), estabelecido em 1776, foi o
último e mais curto vice-reino criado pela Espanha durante o período de colonização das Américas. Os
seus limites continham territórios da actual Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai (este último dentro do
território conhecido à época como Banda Oriental do Uruguai). Foi criado sobretudo por razões de
segurança, no sentido de tentar conter as outras potências mundiais com interesses na área, como a Grã-
Bretanha e, sobretudo, Portugal. O primeiro vice-rei foi Pedro de Ceballos.
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poder central. Mesmo sendo parte integrante de um Império, concepções


republicanas fizeram-se presentes no Rio Grande do Sul, especialmente por
influências platinas. Nas campanhas contra Artigas, os contatos entre as tropas
proporcionaram a adesão de muitos rio-grandenses ao republicanismo
federalista daquele. As relações entre lideres rio-grandenses e rioplatenses,
como as de Bento Gonçalves (a)4 e Lavalleja (b)5 e Bento Manuel (c)6 com
Rivera (d)7, também proporcionaram intercâmbios de idéias políticas. Na
primeira metade da década de 1830, partidários de Lavalleja atuavam em
sociedades secretas (como a Maçonaria), enquanto periódicos de Porto Alegre,
como O Recopilador Liberal e O Republicano, divulgando o ideário republicano
entre os rio-grandenses.

Segundo Alves (2011), frente às seculares desavenças entre os reis de


Portugal e Espanha, aonde não chegam à conclusão dos limites da Colônia de
Sacramento. O imperador Napoleão força a Espanha declarar guerra a
Portugal, complicando mais a situação na banda oriental. Em 1817, os capitães
do Rio Grande do Sul se apossam dos territórios: das sete missões, Cerrito e

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Bento Gonçalves da Silva (Triunfo, 23 de setembro de 1788 — Pedras Brancas, 18 de julho de 1847) foi
um militar, maçom e revolucionário brasileiro, e um dos líderes da Revolução Farroupilha, que buscava a
independência da província do Rio Grande do Sul do Império do Brasil.
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Juan Antonio Lavalleja y de la Torre (Santa Lucía, Minas, 24 de junho de 1784 – Montevidéu, 22 de
outubro de 1853) era filho de Manuel Pérez de La Valleja, estancieiro espanhol de Huesca, e de Ramona
Justina de la Torre, também espanhola. Militar e político uruguaio, liderou os Trinta e Três Orientais e
presidiu o Uruguai no Triunvirato de Gobierno de 1853, com Venancio Flores e Fructuoso Rivera (que
morreu antes da posse).
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Bento Manuel Ribeiro (Sorocaba, 1783 — Porto Alegre, 1855) foi um militar brasileiro, importante
personalidade de diversas campanhas militares da História do Brasil, como a Guerra da Cisplatina
(Guerra del Brasil) e Guerra dos Farrapos.
7
José Fructuoso Rivera (Montevidéu, 17 de outubro de 1784 — Melo, 13 de janeiro de 1854). Conhecido
informalmente como Don Frutos, foi um militar e político uruguaio.
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terras hispano-platense. Em 1825, general João Antônio Lavalleja, consegue


anexar a Província Cisplatina sob domínio da Argentina, tirando-a do Brasil. Em
1828, general Frutuoso Rivera liberta-a e denomina República Oriental do
Uruguai. A “Guerra da Cisplatina8” levou ao completo caos econômico nas
estâncias e charqueadas no Rio Grandes do Sul, encontrava-se com os seus
rebanhos esgotados e o império, sequer pensava em indenizá-los, devido a
guerra. Complicando mais a situação, as altas taxas de impostos na
exportação de gado vivo, na arroba de charque, erva mate, couros, sebo e
gordura. Aumentando também, a taxa da importação de sal, produto vital na
produção. O comércio, influenciado pelos liberais no centro do país como
represália, passa a comprar o charque Cisplatino, por ser mais barato e porque
o rio-grandense usava trabalho escravo. Mas o que criou pavor na província foi
a falsificação de moedas do império, complicando intensamente a economia
rio-grandense. Na época, o Rio Grande do Sul era composto por 14
municípios: Porto Alegre, Rio Grande, Rio Pardo, Santo Antônio da Patrulha,
Cachoeira do Sul, Pelotas, Piratini, Alegrete, Caçapava do Sul, São José do
Norte, Triunfo, Jaguarão, São Borja e Cruz Alta. Entre esses municípios
destacam-se: Porto Alegre como a capital, Rio Grande por ser o porto de todo
comércio, e Pelotas por ser o maior produtor de charque. A sua população,
eram aproximadamente quatrocentas mil pessoas, entre brancos, índios e
escravos. Apesar de ser uma região massacrada pelo império, as guerras
passadas, ainda mantinha esperança de se erguer como tantas outras vezes
anteriores. A situação política era uma caldeira preste a explodir, devido à
inabilidade dos presidentes da província, nomeados pelo império. Frente das
altas taxas de impostos, o Rio Grande do Sul fechava o ano sempre com
superávit. Invés de todos os recursos serem aplicados em obras e benefícios

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A guerra da Cisplatina ou campanha da Cisplatina (espanhol: Guerra del Brasil) foi um conflito ocorrido
entre o Império do Brasil e a Províncias Unidas do Rio da Prata, no período de 1825 a 1828, pela posse
da Província Cisplatina, a região da atual República Oriental do Uruguai. Na historiografia argentina é
denominada como Guerra do Brasil ou Guerra Contra o Império do Brasil. Foi o primeiro de quatro
conflitos armados internacionais em que o Brasil lutou pela supremacia sul-americana, tendo o segundo
sido a Guerra do Prata, o terceiro a Questão Uruguaia e o último a Guerra do Paraguai. Juntos, integram
o conjunto das Questões Platinas, na História das Relações Internacionais do Brasil. O termo Cisplatina
(cis, aquém, da parte de cá de + platina, relativa ao rio da Prata), indica a localização geográfica do
território da antiga província, a Leste daquele rio; em castelhano era conhecida como Província Oriental
del Río de la Plata, constituindo-se no atual Uruguai. Localizada na entrada do estuário do Rio da Prata, a
Província Oriental era uma área estratégica, já que quem a controlava tinha grande domínio sobre a
navegação em todo o rio, acesso aos rios Paraná e Paraguai, e via de transporte da prata andina.
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na própria província, uma porcentagem transferiam a outras que fechavam em


déficit, e o restante enviavam ao império para pagar dívidas com os ingleses e
franceses. A instabilidade diplomática entre os governos da Prata e do império
brasileiro faz criticar mais o clima no Rio Grande do Sul, pois foi proibido o fluxo
de gado para o Uruguai. Os estancieiros gaúchos compraram terras e gados na
banda oriental, e com independência daquele país, não tinham mais acesso às
pastagens platinas, somente restando o constante contrabando de gado. As
rixas militares eram outro ponto agravante, o marechal do exército imperial,
Sebastião Barreto Pinto9, era um ferrenho inimigo do coronel da guarda
nacional, Bento Gonçalves da Silva, devido às suas constantes promoções por
atos de coragem e bravura, proveniente das inúmeras vezes que foi convocado
em períodos de guerra.

Sebastião Barreto Pereira Pinto.

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Sebastião Barreto Pereira Pinto (Porto Alegre, 1775 — 1841) foi um militar brasileiro. Sentou praça no
regimento dos dragões de Rio Pardo em 18 de outubro de 1791, servindo nas campanhas de 1801, 1811-
1812, 1816, na Guerra Cisplatina , na Guerra da Independência e na Guerra dos Farrapos. Em 1823, em
Montevidéu, combateu o general Álvaro da Costa que se batia contra a Independência do Brasil. Foi
deputado provincial eleito à 1ª Legislatura da Assembleia Provincial. Ao iniciar a Guerra dos Farrapos, era
comandante de armas da província e se achava em Livramento. Quando o novo presidente, Marciano
Pereira Ribeiro, apoiado pelos farrapos, assumiu, foi destituído do comando e refugiou-se no Uruguai. Ao
retornar de Montevidéu, reassumiu o comando das tropas, em 15 de abril de 1837, sendo derrotado
sucessivamente pelos Farroupilhas nos campos de Atanagildo e na batalha do Barro Vermelho, em 30 de
abril de 1838, em que Rio Pardo (até então a Tranqueira Invicta) foi conquistada pelos farrapos. Por
causa da derrota foi submetido a um conselho de guerra, mas inocentado. Foi presidente da províncias de
Minas Gerais, de 22 de agosto de 1840 a abril de 1841. Recepiente de Imperial Ordem de Avis e da
Imperial Ordem do Cruzeiro
10

Conforme Dorneles (2011), da eclosão, em setembro de 1835, até o fim da


Guerra Farroupilha, em fevereiro de 1845, o contexto político rio-grandense
sofreu grandes transformações. O primeiro momento se caracteriza pela
formação do conflito, encabeçado por homens de destaque no cenário rio-
grandense, como grandes estancieiros, charqueadores, comerciantes e
representantes da cúpula militar. Primeiramente, buscou-se uma negociação
com o governo brasileiro. Com a perpetuação da política centralista da
regência imperial, a revolta culminou com a proclamação da República Rio-
Grandense. De início, muitos dos líderes farroupilhas não eram nem
republicanos nem separatistas, mas a impossibilidade de negociação com a
governança regencial acabou por conduzir ao desfecho de uma República. O
mês de setembro de 1836 se tornaria um marco para o movimento sulista.
No dia 9 de setembro, os homens do General farroupilha Antônio de Sousa
Neto conseguiram uma importante vitória sobre as tropas do Coronel João da
Silva Tavares, em uma localidade próxima a Bagé, o Arroio do Seival. Quase
um ano transcorreu desde a tomada de Porto Alegre e, em 11 de setembro de
1836, após a empolgante vitória que ficou conhecida como o Combate do
Seival, Neto proclamou a República Rio-Grandense. A partir desse momento, o
movimento sulista passava a ter um caráter separatista e a situação política rio-
grandense começava a mudar de uma província brasileira para um novo
Estado.

Segunda a mesma autora, nos nove anos seguintes, esses tempos iniciais de
empolgação sofreriam modificações. Até o ano de 1840, é perceptível um
período de ascensão farroupilha, dadas as vitórias no campo militar. Nesta
segunda fase da luta, da Proclamação da República até 1840, os insurgentes

Combate do Seival.
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visaram a organização do novo Estado, bem como a manutenção e sua


sedimentação.

Sede do governo em Piratini.

Conheceram muitas vitórias militares contra os imperiais, embora ocorressem


momentos de fracasso como a derrota na Batalha da Ilha do Fanfa, em outubro
de 1836, exatamente no momento em que Bento Gonçalves encontrava-se
fazendo o cerco à Capital e recebera a notícia de que seu nome havia sido
indicado como candidato único à presidência da nova República. A partir de
1840, começou um período de claro declínio das forças revoltosas. A situação
se agravou após as reuniões da Assembleia Constituinte, em 1842, em que
ficaram mais nítidas as divergências entre os líderes farroupilhas. Para
Dornelles (2011), pode-se identificar o conjunto da “maioria” como progressista,
formada por Bento Gonçalves, Domingos José de Almeida, José Mariano de
Mattos, Antônio de Souza Neto, Ulhoa Cintra, José Gomes Portinho e outros.
Por sua vez, a “minoria” teria um caráter mais conservador, estando a ela
atrelados homens como Vicente da Fontoura, David Canabarro e Onofre Pires,
dentre outros. A autora citando Padoin10 (2001), o grupo “majoritário” defendia
um federalismo enquanto confederação de viés republicano, ou seja, “[...] a
relação que permitisse a manutenção da soberania e independência (interna e
externa) do Rio Grande do Sul”. Já a “[...] minoria pregava a Federação, mas
que o Rio Grande do Sul continuasse na condição de Província (Estado-
membro) do Império”

10
PADOIN, Maria Medianeira. Federalismo Gaúcho. Fronteira Platina, Direito e
Revolução. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2001.
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Os principais combates da Revolução Farroupilha foram:

- Combate de Arroio Grande, 14 de outubro de 1835 – entre as forças do


legalistão João Nunes da Silva Tavares e o farroupilha Antunes da Porciúncula.
Vitória legalista;
- 16 de outubro de 1835 – combate entre as forças farroupilhas comandadas
por
Antônio de Souza Neto e as legalistas de Silva Tavares. Vitória farroupilha,
tendo o comandante legalista fugido para o Uruguai;
- 21/03/1836 – o farrapo Lima e Silva, jovem, brilhante e impetuoso, apesar de
não ser rio-grandense, derrota seu antigo companheiro Bento Manoel Ribeiro;
- 07/04/1836 – Lima e Silva obtém outra vitória, em Pelotas, obrigando à
rendição o legalista Major Marques de Souza. No Passo dos Negros, ainda em
abril, foi derrotado e aprisionado o Coronel legalista Albano de Oliveira Bueno;
09/04/1836 – Pinto Bandeira surpreende os farroupilhas em Torres, derrotando-
os; em Viamão;
- 22/04/1836 – Onofre Pires derrota em Mostardas os legalistas comandados
pelo Capitão Francisco Pinto Bandeira;
- 12/06/1836 – Bento Gonçalves derrota no Arroio dos Ratos os imperialoistas
comandados pessoalmente por Bento Manoel Ribeiro, o qual conseguiu fugir.
- 13/06/1836 – Domingos Crescêncio derrota o legalista Silva Tavares na
Lagoa Cajubá.
- 15/06/1836 – Data negra para a Revolução Farroupilha.
O Major Marques de Souza, que se rendera aos farroupilhas e que estava
preso no navio Presiganga, subornou seu carcereiro pernambucano e fugiu
para Porto Alegre. Na capital, com a cumplicidade do Mar. João de Deus Mena
Barreto, surpreendeu os farrouopilhas apossando-se do Palácio do Governo e
expulsando-os de Porto Alegre.

João de Deus Mena Barreto.


13

Nunca mais os farroupilhas conquistariam a Capital Gaúcha, a qual, por este


feito, ganhou do Império o título de “Leal e Valorosa” que hoje ostenta em seu
brasão. Marque de Souza, terminou sendo designado por seu feito “Conde de
Porto Alegre”.
Bento Gonçalves, no fim de junho, pessoalmente, comanda o ataque e
cerco à Capital, sem resultado. O heroísmo de seus defensores é incrível,
repelindo todas as investidas farroupilhas.
A 12 de julho, Antônio de Souza Neto, guerrilheiro notável, estancieiro que
gostava de bailes e carreiras, elegante a ponto de só entrar em combate com
uniforme de gala e ostentando todas as suas condecorações, derrota João da
Silva Tavares, o qual se vê novamente obrigado a fugir para o Uruguai.
A 10 de setembro, na grande batalha do Seival, Antônio de Souza Neto se
encontra novamente com Silva Tavares, infligindo-lhe uma derrota aplastante.
Foi tão grande o entusiasmo dos farroupilhas com esta vitória que Antônio de
Souza Neto, ao que se diz, estimulado por Joaquim Pedro Soares e Manuel
Lucas de Oliveira, comandantes de seus batalhões, na manhã do dia 11 de
setembro proclamou a República Rio-Grandense, declarando separado o Rio
Grande do Sul do Brasil. Em todos os campos, do militar ao político, do
jornalístico ao filosófico, houve gente não nascida no Rio Grande que se somou
a essa jovem e empolgada República. Domingos José de Almeida, Ministro de
Estado, gênio financista e fazedor de cidades, eram mineiro. João Manoel de
Lima e Silva, o primeiro general do exército republicano e o mais jovem, era
fluminense. Bento Manoel Ribeiro, que lutou duas vezes ao lado dos farrapos e
duas vezes ao lado do Império, nos dois exércitos com patente de general e
com brilhante ação militar, era paulista de Sorocaba. Mas foram os cariocas e
baianos que ajudaram Bento Gonçalves da Silva quando de sua prisão no Rio
e em Salvador. O filosóo Livio Zambeccari, era italiano, nobre de Bolonha. O
vibrante jornalista, Luigi Rossetti, que foi secretário de Bento Gonçalves e
diretor do Jornal Oficial da República, O Povo, era italiano e aqui morreu em
combate. Italiano também, claro era o jovem Giuseppe Garibaldi, que
organizou e comandou durante poucos anos a Marinha Rio-Grandense, assim
como sua mulher Anita era catarinense.
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A Paz de Ponche Verde


Caxias11 e Porto Alegre (Manoel Marques de Souza), na redação final do
Tratado da Paz, praticamente obrigaram a Corte do Rio de Janeiro a concordar
com todas as exigências dos farrapos, desde que o Rio Grande do Sul se
reintegrasse ao Império do Brasil, na condição de Província, sem quaisquer
represálias. O Tratado de Poncho Verde, Convenção de Poncho Verde ou Paz
de Poncho Verde é o nome dado a um acordo que pôs fim à Revolução
Farroupilha e à República Rio-Grandense, voltando o território litigante a fazer
parte do Império do Brasil, de D. Pedro II. É aceita como data de sua
assinatura o 1° de março de 1845, quando foi anunci ada a paz. Ponche Verde
ou Poncho Verde é uma região assim denominada pelas suas verdes
campinas, ótimas para o pastoreio de gado; hoje o lugar tem como sede o
município de Dom Pedrito, no estado do Rio Grande do Sul.
Em Poncho Verde, no final de fevereiro de 1845, foram examinados pelos
republicanos os termos do documento, já assinado pelo barão de Caxias,
intitulado Convenção de paz entre o Brasil e os republicanos. O General David
Canabarro, comandante-em-chefe do exército republicano, investido de
poderes para representar a presidência da República, aceitou as condições.
Farrapos e imperiais se reuniram no Acampamento Imperial de Carolina, em
Ponche Verde, região do atual município de Dom Pedrito, para decretar a
pacificação da província. Eram 12 as cláusulas da pacificação. Foram lidas em
Ponche Verde no dia 25 de fevereiro, por Antônio Vicente da Fontoura:
Art. 1° - Fica nomeado Presidente da Província o in divíduo que for indicado pelos
republicanos.
Art. 2° - Pleno e inteiro esquecimento de todos os atos praticados pelos republicanos
durante a luta, sem ser, em nenhum caso, permitida a instauração de processos
contra eles, nem mesmo para reivindicação de interesses privados.

11
Luís Alves de Lima e Silva, o duque de Caxias, (Porto da Estrela, 25 de agosto de 1803 — Desengano,
7 de maio de 1880), foi um dos mais importantes militares e estadistas da história do Brasil. Filho do
brigadeiro e regente do Império, Francisco de Lima e Silva, e de Mariana Cândida de Oliveira Belo, Luís
Alves de Lima - como assinou seu nome por muitos anos - foi descrito por alguns dos seus biógrafos
como um predestinado à carreira das armas que aos cinco anos de idade assentou praça no Exército
(1808). O que os biógrafos não explicitam é que essa trajetória "apoteótica" é devida às especificidades
da carreira militar nessa época. Ter sido cadete aos cinco anos não era um sinal de seu caráter especial:
a honraria era concedida aos filhos de nobres ou militares e muitos alcançaram o mesmo privilégio, até
mesmo com menor idade. Caxias foi um militar do século XIX. Pertencia a uma tradicional família de
militares. De um lado, a família paterna, constituída de oficiais do exército. Do lado materno, a família era
de oficiais de milícia. Foi com o pai e com os tios que Luís Alves de Lima e Silva aprendeu a ser militar.
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Art. 3° - Dar-se-á pronta liberdade a todos os pris ioneiros e serão estes, às custas do
Governo Imperial, transportados ao seio de suas famílias, inclusive os que estejam
como praça no Exército ou na Armada.
Art. 4° - Fica garantida a Dívida Pública, segundo o quadro que dela se apresente, em
um prazo preventório.
Art. 5° - Serão revalidados os atos civis das autor idades republicanas, sempre que
nestes se observem as leis vigentes.
Art. 6° - Serão revalidados os atos do Vigário Apos tólico.
Art. 7° - Está garantida pelo Governo Imperial a li berdade dos escravos que tenham
servido nas fileiras republicanas, ou nelas existam.
Art. 8° - Os oficiais republicanos não serão constr angidos a serviço militar algum; e
quando, espontaneamente, queiram servir, serão admitidos em seus postos.
Art. 9° - Os soldados republicanos ficam dispensado s do recrutamento.
Art. 10° - Só os Generais deixam de ser admitidos e m seus postos, porém, em tudo
mais, gozarão da imunidade concedida aos oficiais.
Art. 11° - O direito de propriedade é garantido em toda plenitude.
Art. 12° - Ficam perdoados os desertores do Exércit o Imperial.
(ass.) O Barão de Caxias. ( citaação da Revista Militar Brasileira, abril-junho,
1978, vol. CXIII, ano LXIV, pp. 116-117. Apud Henrique Wiederspahn, ob. cit.,
pp. 11-12). Assinada a paz em Ponche Verde, David Canabarro redigiu uma
proclamação em que anunciava o fim da Guerra dos Farrapos. O texto tem a
data de 28 de fevereiro de 1845:
"Concidadãos! Competentemente autorizado pelo magistrado civil a quem
obedecíamos e na qualidade de comandante-em-chefe, concordando com a unânime
vontade de todos os oficiais da força de meu comando, vos declaro que a guerra civil
que há mais de nove anos devasta esse belo país está acabada.
Concidadãos! Ao desprender-me do grau que me havia confiado o poder que dirigia a
revolução, cumpre-me assegurar-vos que podeis volver tranqüilos ao seio de vossas
famílias. Vossa segurança individual e vossa propriedade estão garantidas pela
palavra sagrada do monarca e o apreço de vossas virtudes confiado ao seu
magnânimo coração. União, fraternidade, respeito às leis e eterna gratidão ao ínclito
presidente da Província, o ilustríssimo e excelentíssimo barão de Caxias, pelos
afanosos esforços na pacificação da Província".

O Maçom Luís Alves de Lima e Silva,


Duque de Caxias.
16

Participação da Maçonaria na Revolução Farroupilha


Os Liberais, não apenas no Rio Grande do Sul, eram chamados “Farroupilhas”,
palavra do português castiço para designar “esfarrapados”. No Rio Grande do
Sul, os gaúchos abrasileiraram o termo, usando mais frequentemente a
expressão “Farrapo”. De uma maneira geral, os maçons dominaram, o Partido
Liberal no Rio Grande do Sul, adeptos da Maçonaria Francesa, de inspiração
republicana, que pregava a independência dos 03 poderes: o Legislativo, o
Executivo e o Judiciário. Dizia-se que todas as decisões tomadas de público
pelos Liberais já tinham sido em segredo tomadas no recesso das “Lojas
Maçônicas”, a mais prestigiosa, das quais tinha por nome “Fidelidade e
Firmeza”. Próceres liberais mantinham um estreito contato com maçons de
idêntica orientação no Uruguai e na Argentina, sendo famosa a amizade entre
Bento Gonçalves da Silva e Juan Antônio Lavalleja, prestigioso caudilho
uruguaio. Conforme Colussi (2011), na década de 1830, a elite intelectual
gaúcha aderiu mais intensamente e quantitativamente ao pensamento
iluminista e liberal, especialmente de origem francesa. Mesmo que alguns
autores acreditem haver indícios da existência de atividades maçônicas na
província antes da década de 1830, não há, até o momento, comprovação
documental dessas atividades. Com base nessa constatação, é possível
relacionar Revolução Farroupilha e movimento maçônico pois eles são, no
mínimo, concomitantes e conectados no campo das ideias. As dificuldades
econômicas enfrentadas pelo Rio Grande do Sul em razão de sua condição
periférica, e de economia voltada para o mercado interno, teriam estimulado a
resistência às políticas do poder central. Tal situação coincidia com um
ambiente cultural propício à difusão de associações de “lojas misteriosas”.
Entre as sociedades secretas, a de maior destaque, na perspectiva da
organização maçônica, foi o gabinete de leitura “O Continentino”, instalado na
cidade de Porto Alegre.
17

A Maçonaria e a fuga de Bento Gonçalves do presídio na Bahia


Um episódio extremamente valorizado por historiadores, e que confirmaria a
relação entre maçonaria e farrapos é o da fuga de Bento Gonçalves do presídio
na Bahia. Bento Gonçalves foi aprisionado em 1836 e enviado, inicialmente,
para o presídio Fortaleza da Lage, no Rio de Janeiro. Pouco tempo depois, foi
transferido para o Forte de São Marcelo, na Bahia. Interessante em relação ao
episódio da fuga do líder farroupilha é a menção que se fez da existência de
uma trama maçônica com a finalidade de libertar Bento Gonçalves. Segundo
alguns autores, a intervenção maçônica se efetivou a partir do momento em
que Bento foi identificado como “irmão”. Colussi citando Morivalde Calvet
Fagundes12 afirma que, com efeito, não se pode deixar de considerar o fato de
que, efetivamente e de forma surpreendente, Bento Gonçalves retornou ao Rio
Grande do Sul em setembro de 1837. Documentos do período farroupilha que
confirmam a ocorrência de rituais de iniciação maçônica de Thomas Ferreira
Valle, em 1839, na cidade de São Gabriel, e de David Canabarro, em 1841, na
cidade de Alegrete. O fato de vários líderes farrapos terem sido maçons
confirmaria a influência da instituição naquele contexto. A mesma autora ao
citar Carlos Dienstbach13 informa que entre os documentos que reforçam suas
convicções, ele aponta, em especial, um documento que conferia a Bento
Gonçalves a missão de regularizar e filiar lojas e maçons nos locais percorridos
pelos revolucionários. Muitas lojas maçônicas teriam suas raízes nessa
modalidade de instalação.

Maçons revolucionários
Era forte a Maçonaria, encontrando muitos representantes de renome na
Província, dentre eles:
Bento Gonçalves da Silva14

12
Morivalde Calvet Fagundes é autor de inúmeros trabalhos sobre a maçonaria gaúcha. Um de seus
méritos refere-se ao cuidado de comprovar suas afirmações com evidências documentais.
13
Carlos Dienstbach, historiador maçom, autor que publicou uma importante obra sobre a maçonaria
gaúcha. DIENSTBACH, Carlos. A maçonaria gaúcha - história da maçonaria e das lojas do Rio Grande do
Sul. Londrina: A Trolha, 1993. (4. v.).
14
O principal chefe da revolução Farroupilha nasceu na confluência dos rios Jacuí e Taquari, na Vila de
Bom Jesus de Triunfo, hoje cidade de Triunfo, no dia 23 de setembro de 1758. Bento era o décimo filho
de Joaquim Gonçalves da Silva e de Dona.Perpétua Meireles, sendo seu pai proprietário de fazendas de
criação de gado nos campos de Camaquã, à margem direita da Lagoa dos Patos. Foi o principal
dirigente da Revolta dos Farrapos, movimento liberal e federativo que proclama a República no Rio
18

José Mariano de Mattos15 (e)


José Gomes de Vasconcellos Jardim16 (f)
Pedro Boticário
Antônio Vicente da Fontoura17 (g)
Paulino da Fontoura
Antônio de Souza Netto (h)
Domingos José de Almeida (i)
Onofre Pires da Silveira Canto18

Grande do Sul.Participa da guerra contra as Províncias Unidas do Rio da Prata (1825-1828). Pelos
serviços prestados, D. Pedro I lhe concede o posto de coronel das milícias e o nomeia comandante da
fronteira sul do país. Sua destituição desse cargo, durante a regência do Padre Diogo Feijó, é o estopim
da Revolução Farroupilha, em 1835.Bento Gonçalves entra em Porto Alegre e derruba o presidente da
província, Antônio Fernandes Braga. Com o apoio da população, resiste às primeiras reações legalistas.
No mês seguinte enfrenta as tropas regenciais, é derrotado e preso. Mandado para a Bahia, é
encarcerado no Forte do Mar. Durante sua prisão, os farroupilhas proclamam a República Rio-Grandense,
em 11 de setembro de 1836. No ano seguinte, com a ajuda de liberais baianos, Bento Gonçalves foge do
cárcere e volta para o Rio Grande do Sul. É aclamado presidente da República Rio-Grandense, posto no
qual se mantém até a derrota final dos revoltosos, em fevereiro de 1845. Morre em 18 de julho de 1847.
Em 18 de julho de 1847, portanto, dois anos depois da Grande Epopeia Farroupilha, falecia em Pedras
Brancas (hoje Guaíba), em casa de José Gomes Jardim, o General Bento Gonçalves da Silva sendo,
sepultado no cemitério da povoação com assistência dos filhos, pessoas da família e amigos.
15
José Mariano de Matos (Rio de Janeiro, 1801 — 5 de janeiro de 1866) foi um engenheiro e militar
brasileiro. Carioca e republicano, formado pela Escola Militar, foi soldado voluntário no 1º corpo de
artilharia de posição, em 2 de agosto de 1822. Foi nomeado cavaleiro da Imperial Ordem do Cruzeiro, em
17 de outubro de 1830, pelos serviços prestados à independência do Brasil. Foi transferido para o Rio
Grande do Sul, em 1830. Em 1833, major comandante do corpo de artilharia a cavalo, liderou, junto com
João Manuel de Lima e Silva, os protestos populares, contra a Sociedade Militar, cuja filial tinha sido
recém criada em Porto Alegre. A sociedade era suspeita de simpatizar com a restauração de D. Pedro I e
não era vista com bons olhos pelos estancieiros. Abafada a rebelião, foi afastado do comando pelo
governador José Mariani. Seguiu então para a corte, onde expôs aos regentes, entre eles seu irmão mais
velho Francisco Mariani, a situação de conflito da província, o que levou, entre outras coisas, à renuncia
do presidente da província. Foi deputado provincial eleito à 1ª Legislatura da Assembleia Provincial.
Esteve presente na sessão de 18 de setembro de 1835 da Loja Maçônica Philantropia e Liberdade, que
decidiu iniciar a Revolução Farroupilha. Na República Rio-grandense, para cuja adoção influiu
decisivamente, depois da vitória da Batalha do Seival, em 10 de setembro de 1836, pela Brigada Liberal
de Antônio de Sousa Neto, foi ministro da Guerra e da Marinha, vice-presidente da República e presidente
da república interino, em substituição a Bento Gonçalves, de 23 de novembro de 1840 a 14 de março de
1841. Autor do brasão que foi adotado para o Rio Grande do Sul pelos constituintes de 1891. Próximo do
final da revolução foi preso em Piratini, junto com o coronel Joaquim Pedro, por Chico Pedro, o Moringue,
e encarcerado em Canguçu, na cadeia que Moringue mandara construir como “quarto de hóspedes para
os farrapos”, como ironicamente divulgava. Finda a revolução, foi ajudante-geral do Duque de Caxias
durante a guerra contra Oribe e Rosas entre 1851 e 1852 e, ao retornar ao Rio de Janeiro, retomou sua
carreira. Em 1855 participou de diversas experiências sobre o uso de foguete de Halle juntamente com o
Barão de Capanema. Foi Ministro da Guerra do Império em 1864. Foi o farrapo que chegou mais alto na
hierarquia militar do Império, como general, sendo ministro do Conselho Supremo Militar ao falecer.
16
José Gomes de Vasconcelos Jardim (Triunfo, 1773 — 1854) foi um fazendeiro, maçom, médico-prático
e militar brasileiro. Foi presidente da República Rio-Grandense durante a Guerra dos Farrapos. Era
casado com Isabel Leonor Ferreira Leitão. Participou da Revolução Farroupilha desde o início. Foi na
Estância das Pedras Brancas, à sombra do Cipreste Farroupilha em sua propriedade, que foi planejado o
ataque à Porto Alegre, dando início à guerra. Depois da prisão de Bento Gonçalves na ilha do Fanfa,
assumiu a presidência da República Rio-Grandense interinamente. Foi em sua casa em Guaíba que
faleceu o general Bento Gonçalves, em 1847.
17
Antônio Vicente da Fontoura (Rio Pardo, 8 de junho de 1807 — Cachoeira do Sul, 11 de setembro de
1860) foi o maior líder civil da Revolução Farroupilha. Era anti-separatista.
18
Onofre Pires da Silveira Canto (Porto Alegre, 25 de setembro de 1799 — Santana do Livramento, 3 de
março de 1844) foi um militar brasileiro, um dos líderes da Revolução Farroupilha. Combateu com o
19

Davi Canabarro19 (j)


Giuseppe Garibaldi (k) – Carbonário e maçom

Regimento de Cavalaria de Milícias de Porto Alegre pela integridade do Rio Grande do Sul, nas guerras
contra Artigas, em 1816 e 1821, e pela do Brasil, na Guerra Cisplatina (1825 - 1828). Na Revolução
Farroupilha foi dos mais ativos e atuantes coronéis. Coube a ele comandar as forças que deram inicio à
Revolução Farroupilha na noite de 19 de setembro de 1835, no vitorioso encontro da Ponte da Azenha,
que criou condições para a conquista de Porto Alegre em 20 de setembro de 1835, com a entrada nela do
líder politico-militar da revolução, e seu primo, o coronel Bento Gonçalves. Em 22 de abril de 1836, num
dos episódios mais negros de sua biografia, Onofre Pires derrota em Mostardas os legalistas
comandados pelo capitão Francisco Pinto Bandeira, porém ordena o fuzilamento de todos prisioneiros.
Em outubro de 1836, Onofre Pires foi preso na Batalha do Fanfa, junto com Bento Gonçalves. Foi levado
como prisioneiro ao Rio de Janeiro, preso no forte de Santa Cruz, fugiu um ano depois em companhia do
capitão José de Almeida Corte Real. Em 1844, desgastados por tanto tempo de guerra, Bento e Onofre
entraram em linha de colisão. A partir daí, Onofre Pires falava abertamente no seio da tropa tudo o que
sentia em relação ao primo. Bento, em carta, pediu que Onofre confirmasse ou não, por escrito, as
acusações ofensivas à sua honra feitas em presença de terceiros. Onofre logo respondeu confirmando,
abrindo mão de suas imunidades parlamentares e colocando-se à disposição de Bento para um duelo,
hipótese desejada por Onofre Pires, que levava grande vantagem por seu porte atlético e por ter dez anos
de idade a menos do que Bento (44 contra 54 anos). Bento Gonçalves procurou Onofre Pires e o desafiou
para o duelo, que aconteceu no dia 27 de fevereiro de 1844, nas margens do rio Sarandi, em Santana do
Livramento. Onofre foi atingido no antebraço direito, fato que interrompeu o duelo. Onofre Pires morreu
quatro dias depois, em conseqüência de gangrena, e um ano antes do término da Revolução.
19
David José Martins, conhecido como David Canabarro, (Taquari, 1796 — Santana do Livramento,
1867) foi um militar brasileiro. Descendente de açorianos, é neto de José Martins Faleiros e dona Jacinta
Rosa, naturais da Ilha Terceira. Instalados em Porto Alegre, aí lhes nascia o filho homem que seria José
Martins Coelho. Dona Mariana Inácia de Jesus, natural da Ilha de Santa Catarina, que, com seus pais
Manuel Teodósio Ferreira e dona Perpétua de Jesus, se instalaria em Bom Jesus do Triunfo pelo ano de
1778, aí conheceu o futuro marido, José Martins Coelho que com a família também para ali se havia
transferido. Casados, mudaram-se logo para Taquari onde lhes nasceu, a 22 de agosto de 1796, o
menino David José, no lugar denominado Pinheiros, uma légua além da freguesia-sede, em terrenos que
adquirira José Martins Coelho, fundando uma estância d ' e criar. O sobrenome Canabarro foi adicionado
mais tarde, vindo de seu avô, Manuel Teodósio Ferreira, que havia recebido o apelido do marquês do
Alegrete e o adicionado ao seu nome
20

As Lojas Maçônicas durante A Revolução Farroupilha


Colussi citando Spencer Lewis Leitman20 e o de Moacyr Flores21 :“Na fronteira,
Bento Gonçalves organizou lojas maçônicas aprendendo rapidamente todos os
meandros da organização, e usando o serviço postal maçônico como uma
alternativa para sua correspondência secreta. Alguns anos depois, um de seus
filhos afirmou que Sucre, o codinome maçônico de seu pai, era prova suficiente
de sua intenção de estabelecer uma república antes do dia 20 de setembro de
1835”. Conforme a autora as primeiras lojas maçônicas já estavam sendo
implantadas em território brasileiro desde pelo menos o ano de 1800. Por outro
lado, somente três décadas depois se tem notícia oficial da instalação de loja
no Rio Grande do Sul, a loja Filantropia e Liberdade, fundada em 25 de
dezembro de 1831, na cidade de Porto Alegre. A estreita vinculação entre a
primeira loja maçônica e o gabinete de leitura da “O Continentino”, caracteriza
uma das primeiras formas de atuação da maçonaria no Rio Grande do Sul. Os
integrantes de lojas maçônicas atuavam discretamente em razão do caráter
sigiloso da própria instituição. Também buscavam se proteger da perseguição
política ou religiosa que por ventura pudesse se desenvolver. Os liberais
gaúchos, que já haviam aderido à causa emancipacionista em 1822, ganharam

20
LEITMAN, Spencer Lewis. Razões socioeconômicas da Guerra dos Farrapos: um capítulo da história
do Brasil no século XIX. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.
21
FLORES, Moacyr. Modelo político dos farrapos: as idéias políticas da Revolução Farroupilha. Porto
Alegre: Mercado Aberto, 1982.
21

a adesão de setores descontentes com a política centralista da monarquia


recém instalada no Brasil.

A loja Maçônica União Constante foi fundada em 13 de junho de 1840. É


uma das mais importantes e tradicionais do Rio Grande do Sul, sendo a
mais antiga do estado. O magnífico prédio em estilo neogótico, um dos
poucos não eclesiásticos, existentes em Rio Grande, guarda
verdadeiras relíquias. Em seu interior podemos encontrar estátuas em
mármore, vindas de Portugal; espelhos venezianos; consoles em
mármore; diversos bustos de filósofos e pensadores maçônicos;
mobiliário antigo; bem como, outros pertencentes da maçonaria,
destacando-se o estandarte da União Constante, bordado de ouro.

Aliado a isso, havia o descaso para com as necessidades, sobretudo


econômicas e fiscais, das províncias periféricas. A abdicação do imperador, em
1831, assim como as primeiras medidas dos governos regenciais, suscitaram
um aumento da frustração por parte da elite gaúcha em relação ao governo
central, e foram os integrantes dessa vertente política, muitos deles
participantes de sociedades secretas, os responsáveis pela organização do
movimento revolucionário de 1835. Nesse ponto, podemos, de alguma forma,
ligar maçonaria e Revolução Farroupilha, pois as oficinas maçônicas eram, no
entanto, um espaço privilegiado de debate e de aglutinação dos liberais
radicalizados. As primeiras lojas foram, certamente, de iniciativa de um
pequeno número de maçons, familiarizados com os “segredos” da ordem no
centro do país, ou mesmo no exterior, e que criaram ou encontraram espaços
22

de atuação nos clubes ou sociedades de cunho liberal. O exemplo mais


expressivo e já mencionado anteriormente foi, sem dúvida, “O Continentino”,
cuja ênfase, dada neste trabalho, se deve ao fato de ser o mais bem
documentado; com isso, não descartamos que outras sociedades ou gabinetes
de leitura tenham sido embriões maçônicos. No decurso dos confrontos da
revolução não existiam condições regimentais mínimas para que as lojas
maçônicas ou prosseguissem com suas atividades ordinárias e extraordinárias.
O clima geral de instabilidade política e social tornava difícil a regularidade das
cerimônias e a observância sobre a correção que deveria existir para a
realização dos rituais e dos procedimentos administrativos previstos nas
constituições e regulamentos. Assim, em condições excepcionais, a ordem
maçônica buscou alternativas de funcionamento para que a sua incipiente
situação não retrocedesse. Nessa mesma perspectiva, a autora cita duas
situações de lojas maçônicas que se posicionaram como aliadas das tropas
imperiais: a loja União Geral, situada na cidade de Rio Grande, e que fora
fundada no ano de 1840, portanto, em meio à revolução. Foi numa cerimônia
no templo maçônico pertencente a essa loja que se deu a iniciação do Marquês
do Herval, Manuel Luís Osório. Para que se entenda o posicionamento de
Osório é importante lembrar que, na primeira fase revolucionária, ele
compunha as forças farroupilhas. Entretanto, suas divergências vieram à tona
quando da Proclamação da República Rio-grandense, em 1838, quando então
aderiu às tropas imperiais. Outra situação similar ocorreu em São Leopoldo, na
loja União e Fraternidade. Um dos maçons de destaque da loja, e que assumiu
a posição política favorável às forças centralistas imperiais, foi o líder da
comunidade alemã, João Daniel Hillebrand. Entre os aspectos biográficos que
credenciam sua figura na história regional estão o fato de ter sido considerado
um médico humanitário, presidente da Câmara dos Vereadores de São
Leopoldo, fundador da Companhia de Voluntários Alemães e chefe geral da
Colônia. Nos dois casos, fica evidenciado que a ordem maçônica não ficava
imune aos confrontos e disputas políticas e ideológicas inerentes a cada
realidade histórica.
23

Giuseppe Garibaldi Herói de Dois Mundos


Giuseppe Garibaldi (Nice, 4 de julho de 1807 — Caprera, 2 de junho de 1882)
foi um guerrilheiro italiano, alcunhado de "herói de dois mundos" devido a sua
participação em conflitos na Europa e na América do Sul. Uma das mais
notáveis figuras da unificação italiana, ao lado de Giuseppe Mazzini e do
Conde de Cavour, Garibaldi dedicou sua vida à luta contra a tirania. Nasceu em
Nizza (hoje Nice, na França) então parte do reino de Sardenha-Piemonte.

No Brasil, aproximou-se dos republicanos que haviam proclamado a República


Rio-grandense, no Rio Grande do Sul e tornou-se uma figura importante na
Guerra dos Farrapos, ou Revolução Farroupillha, na qual os republicanos do
sul combateram o Império do Brasil. Ao lado do general Davi Canabarro, tomou
o porto de Laguna, em Santa Catarina, onde foi proclamada a República
Catarinense (República Juliana). A marinha da jovem República Riograndense
estava bloqueada na lagoa dos Patos, pois as forças imperiais dominavam a
cidade de Rio Grande, na saída da lagoa para o mar. Para levar as forças
republicanas até a cidade de Laguna, Garibaldi levou seus dois barcos através
de um trecho de 86 quilômetros de terra, utilizando enormes carretas puxadas
por duzentos bois.
24

Garibaldi levou seus dois barcos através de um trecho de 86


quilômetros de terra, utilizando enormes carretas puxadas por
duzentos bois.

Em Laguna, Garibaldi conheceu Ana Maria de Jesus Ribeiro, conhecida depois


como Anita Garibaldi, com quem se casaria e que se tornaria sua companheira
de lutas na América do Sul e depois na Itália.

Anita Garibaldi.

Quando, após quase uma década de luta, ficou evidente que a República Rio-
grandense estava condenada a desaparecer, o presidente Bento Gonçalves da
Silva dispensou Garibaldi de suas funções, e ele então mudou-se para
Montevidéu, no Uruguai, com Anita e seu filho Menotti, nascido em Mostardas,
no litoral sul do estado do Rio Grande do Sul. No Uruguai, em 1842, na Guerra
Grande, foi nomeado capitão da frota uruguaia em sua luta contra o governador
de Buenos Aires, Juan Manuel de Rosas. No ano seguinte, durante a defesa de
25

Montevidéu, organizou a Legião Italiana, cujos membros foram os primeiros


“camisas vermelhas”. A Legião foi essencial para evitar a tomada de
Montevidéu pelas tropas do presidente uruguaio Manuel Oribe. No Uruguai
nasceram os outros filhos do casal: Rosa, Teresa e Ricciotti. Rosa faleceu aos
dois anos de idade por asfixia, por causa de uma infecção na garganta.
Garibaldi regressou à Itália em 1848 para lutar na Lombardia contra o exército
austríaco e iniciar a luta pela unificação italiana.

Garibaldi organizou a Legião Italiana, cujos membros


foram os primeiros “camisas vermelhas”.
26

Serafim Bravo
Entre os Veteranos da Revolução Farroupilha e a Guerra do Paraguai avulta a
figura Lendária de Serafim Corrêa de Barros (tataravô do autor).

Serafim Corrêa de Barros e sua


esposa Carolina Virgínea Padilha.

Combatente destacado já na Revolução Farroupilha, distinguiu-se


principalmente na Campanha da Guerra do Paraguai na vanguarda da
cavalaria do General Manoel Luiz Osório (Marquês do Herval), voltando da luta
no posto de coronel do Exercito Nacional. Sua indômita coragem e bravura lhe
valeram a alcunha de “Serafim Bravo”. No campo de batalha mesmo foi
condecorado com medalha de ouro, hoje em poder da família do falecido
Antero Corrêa de Barros de Santa Maria, RS. Filho do paulista Serafim Corrêa
de Barros (residente em Bagé, RS), nasceu a 2/8/1817 e passou a mocidade
em sua fazenda, que denominou da “Vista Alegre”, no atual município de
Tupanciretã, RS. Em dita fazenda, aproveitando a presença de um sacerdote
contraiu núpcias com Carolina Virginea Padilha por volta de 1845, do qual
27

consorcio houveram 10 filhos. Faleceu em sua estância, aos 69 anos de idade,


a 8 de julho de 1886 e acha-se tumulado no “cemitério dos Azevedos”, hoje
fazendo parte de Cemitério Municipal em Tupanciretã, RS. O Cemitério
Municipal de Tupanciretã abriga em seu campo santo desde o tumulo mais
popular como dos Maragatos22, aos anônimos esquecidos pelo tempo, aos
suntuosos das famílias ricas e aos famosos pelo fato que os consagrou. Na
administração Municipal de 1983/1989 o Prefeito Municipal Osney Dilari da
Silveira fez o traslado dos restos mortais dos fundadores para cinco lápides no
memorial, pertencente as Famílias Corrêa de Barros, Silveira, Azevedo, Pereira
e Portinho.

Maragatos.

22
Maragato foi o nome dado aos sulistas que iniciaram a Revolução Federalista no Rio Grande do Sul em
1893, em protesto a política exercida pelo governo federal representada na província por Julio de
Castilhos. Os maragatos eram identificados pelo uso de um lenço vermelho no pescoço.O termo tinha
uma conotação pejorativa atribuída pelos legalistas aos revoltosos liderados por Gaspar da Silveira
Martins, eminente tribuno, e o caudilho estrategista Gumercindo Saraiva, que deixaram o exílio, no
Uruguai, e entraram no Rio Grande do Sul à frente de um exército. Como o exílio havia ocorrido em
região do Uruguai colonizada por pessoas originárias da Maragateria (na Espanha), os republicanos,
então chamados Pica-paus, os apelidaram de Maragatos, buscando caracterizar uma identidade
"estrangeira" aos federalistas. Com o tempo, o termo perdeu a conotação pejorativa e assumiu significado
positivo, aceito e defendido pelos federalistas e seus sucessores políticos. Na Revolução de 1923
desencadeada contra a permanência de Borges de Medeiros no governo do estado, novamente a
corrente maragata rebelou-se, liderada pelo diplomata e pecuarista Assis Brasil. Seus antagonistas que
detinham o governo, eram chamados no Rio Grande do Sul, de Ximangos, comparando-os à ave de
rapina. O lenço vermelho identificava o Maragato. O lenço branco identificava o Pica-Pau e o Chimango.
O movimento originou, no Rio Grande do Sul, o Partido Libertador, de grande influência regional.
28

Segundo informações de da mãe do autor, seu pai o Desembargador Júlio de


Aguilar Machado (avô do autor) e já falecido, havia confidenciado que Serafim
Corrêa de Barros era maçom, assim como inúmeros outros participantes da
Revolução Farroupilha e Guerra do Paraguai.
29

Bandeira do Rio Grande do Sul


A bandeira do Rio Grande do Sul tem sua origem nos desenhos de rebeldes
durante a Guerra dos Farrapos, em 1835, mas sem o brasão de armas até
então. A partir de 11 de setembro de 1836, começou a ser usada pelos
rebeldes que participaram da Revolução Farroupilha (Guerra dos Farrapos).
A bandeira é composta de três faixas diagonais, sendo elas verde (superior),
vermelha (meio) e amarela (inferior). A faixa verde representa a mata dos
pampas gaúchos, a vermelha simboliza o ideal revolucionário e a coragem do
povo e a cor amarela representa as riquezas nacionais do território gaúcho. No
centro da bandeira há o brasão do Rio Grande do Sul, onde encontramos os
dizeres: República Rio-Grandense, 20 de setembro de 1835. Abaixo do escudo
há uma faixa com três palavras: Liberdade, Igualdade, Humanidade. Em 6 de
Novembro de 1836, historicamente, aparece em Piratini, pela primeira vez, a
Bandeira da República Rio-Grandense em um cortejo solene. Tal bandeira foi
adotada, de fato, seis dias antes que fosse de direito, pelo decreto de 12 de
novembro de 1836, que a denominou "Escudo D’Armas".
30

Bibliografia
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