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Independência: deixar de ser português e tornar-se brasileiro

Com a tentativa de vencer a Inglaterra e conquistar a hegemonia na Europa, Napoleão


Bonaparte impôs o bloqueio continental, que impedia todas as nações europeias de
comercializar com a Grã-Bretanha. França e Inglaterra estavam em guerra, Portugal tinha que
escolher em qual lado ficar. A escolha acarretaria ainda declarar guerra contra um dos lados.
Restava a Portugal escolher quem apoiar. A escolha foi por apoiar a Inglaterra e,
consequentemente, a França de Napoleão Bonaparte tornou-se inimiga de Portugal. Em
consequência, Napoleão ameaça invadir e tomar o reino de Bragança. com a iminente invasão
francesa a Lisboa, foi decidido que um plano de defesa: transferir a Corte para o Brasil, sua
colônia com maior potencial econômico. Para a colônia, vieram funcionários de primeiro
escalão, governantes, a rainha D. Maria I e seu filho, D. João, príncipe regente que estava no
cargo devido a doença mental de sua mãe. Após desembarcar em Salvador, a primeira medida
de D. João foi a aberturar dos portos brasileiros às nações amigas. Antes, apenas portugueses
podiam comercializar com a colônia e desembarcar em seus portos. O local escolhido como
nova capital do império foi o Rio de janeiro. A instalação da Corte trouxe profundas
mudanças estruturais mudanças na sociedade colonial. Foram instaladas instituições de
governo, imprensa Régia, abertura de cursos de nível superior, biblioteca nacional, banco do
Brasil etc. Para custear essas medidas, os impostos aumentaram na colônia, o que gerou
insatisfação da população. Com todas essas mudanças, o Brasil já não era tecnicamente uma
colônia e, em 1815, foi mudado formalmente o estatuto brasileiro sendo transformado em
Reino unido a Portugal e Algarves. Com o aumento de impostos e sem melhores significativas
na qualidade de vida na região norte e nordeste do Brasil, além da insatisfação com a
centralização política da monarquia, eclodiu em 1817 a revolução pernambucana, com
objetivo de tornar Pernambuco independente. Os revoltosos conseguem proclamar república e
criar o governo provisório. A revolução pernambucana abre caminho para o espírito de
independência. Em Portugal, havia um crescente descontentamento com a monarquia. Com
isso, m 1820 acontece a revolução do Porto, exigindo o retorno da Corte para Lisboa. Exigiam
ainda uma monarquia constitucionalista em detrimento do regime absolutista. Os rebeldes
saem vitoriosos e assumem o poder, aumentando a pressão para retorno de D. João a Portugal,
o que acaba acontecendo. D. João volta a Portugal mas deixa seu filho, D. Pedro, para
governar a América como regente. Em setembro de 1821, é promulgado um decreto para que
D. Pedro retornasse a Portugal. Os deputados portugueses queriam o fim dos privilégios da
América portuguesa, como o fechamento dos portos, para que a colônia voltasse a ser colônia.
No Brasil, uma articulação dos líderes da Câmara e membros da elite (fazendeiros) para
defender um governo autônomo no Rio de janeiro. A Câmara municipal coletou e entregou a
D. Pedro uma representação com 8 mil assinaturas que pediam que ele ficasse no Brasil. O
príncipe regente decidiu, no dia 9 de janeiro de 1822, que ficaria no Brasil, episódio
conhecido como Dia do Fico. A submissão do Brasil a Lisboa gerava cada vez mais
insatisfação, e o desejo de um Brasil republicano crescia. O manifesto de 6 de agosto de 1822
foi o primeiro registro formal da independência do Brasil. Em tese, esse documento possui
maior valor histórico que o famoso Grito do Ipiranga. Há de se questionar o motivo pelo qual
o documento assinado pelo príncipe regente é muitas vezes jogado ao esquecimento, talvez
pelo seu valor crítico às elites e ao destaque dado ao povo. A independência verbal acontece
no dia 7 de setembro de 1822 durante uma viagem de D. Pedro a São Paulo para conter uma
revolta. Ao receber cartas avisando-o das ações dos deputados em Lisboa, que tinham
acabado de submetê-lo aos aliados portugueses na América, D. Pedro não vê outra saída a não
ser proclamar Independência às margens do Rio Ipiranga. A partir de então, D. Pedro foi
coroado imperador do Brasil com a responsabilidade de construir uma nova nação.

Uma nova nação, um novo Estado

Posteriormente a definição da monarquia constitucionalista e de D. Pedro ser aclamado


imperador, o debate girou entorno da nova constituição brasileira. As questões foram
debatidas pelas elites de acordo com seus interesses. Membros da elite se envolveram na
política do país para defender seus interesses no novo país, como cafeicultores, grandes
comerciantes, advogados, jornalistas e magistrados, todos letrados. O Estado a ser construído
devia ter um aparato-politico administrativo para definir seu território, as normas da sociedade
e cobrança de tributos. Cada grupo político defendia seus interesses. Elites políticas e
econômicas debatiam acerca desses propósitos. As questões foram direcionadas para uma
Assembleia Constituinte, que se reuniu a partir de maio de 1823. A assembleia durou 6 meses
sem chegar a um consenso entre absolutistas, que defendiam poder total ao imperador, liberais
que defendiam uma república e o fim da escravidão e os bonifácios, do ministro José
Bonifácil. A constituição acabou sendo outorgada em março de 1824, por D. Pedro, motivado
pela falta de organização interna dos grupos que não chegaram a um consenso. A constituição
de 1824, então, ficou conhecida como outorgada. Foi elaborada em 15 dias por D. Pedro e
seus conselheiros. Nessa constituição, havia os poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e o
Poder Moderador, que anulava os outros três dando poderes totais ao imperador. Apesar
disso, era considerada liberal por garantir liberdade de religião e imprensa, porém não
garantia direitos sociais aos índios, escravos e às mulheres.

Confederação do Equador

A medida de outorgar a constituição representou uma medida autoritária e absolutista da parte


de D. Pedro, principalmente ao instituir o Poder Moderador. Somado a isso, o
descontentamento das elites com a influência portuguesa na vida política do Brasil mesmo
após a independência e o conflito político pelo governo da província de Pernambuco geraram,
em 1824, a Confederação do Equador. Uma revoltada de caráter emancipacionista liderada
por Frei Caneca que aconteceu no Nordeste nas províncias de Pernambuco, Ceará, Paraíba e
Rio Grande do Norte. A revolta tinha como objetivos diminuir a influência do governo federal
nos assuntos políticos regionais, acabar com o tráfico de escravos para o Brasil, Formação de
um governo independente na região e Convocação de uma nova Assembleia Constituinte para
elaboração de uma nova Constituição de caráter liberal. Em oposição à revolta, o governo do
Rio de Janeiro enviou suas tropas para combater os rebeldes e impedir a separação. Os
rebeldes acabaram derrotados e seu líder, Frei Caneca, foi preso e condenado à morte.
Podemos perceber que a força repressora do Estado reprimindo movimentos populares está
sempre presente na história brasileira. Após a Confederação do Equador, mantiveram-se
reclamações acerca do Imperador. A insatisfação com a centralização do regime gerou
pressão a D. Pedro que perdeu forte apoio dos deputados e da maioria das camadas sociais.
Isolado, em abril de 1831 abdicou seu trono e retornou a Portugal. Era o fim do primeiro
reinado. O trono seria ocupador pelo seu filho mais velho. Porém, ele tinha apenas 5 anos de
idade. A solução foi nomear regentes para governar enquanto seu sucessor não atingisse 18
anos de idade. Primeiramente, formou-se a Regência Trina Permanente. Nela, foi tomada uma
medida legislativa que comtemplava os interesses liberais: O Ato Adicional. Esta medida
alterava a constituição de 1824 e foi uma tentativa de mediar os conflitos entre conservadores
e liberais. Dentre as medidas, garantiu maior autonomia para as províncias do Império. Ainda
nessa medida foi alterado a regência Trina pela regência Una, nomeando Diogo Feijó como
primeiro administrador.

Em suma, o primeiro império foi um período marcado por turbulências. D. Pedro foi um
governador autoritário e que frequentemente arranjava problemas com as províncias, que não
aceitavam suas medidas e sua centralização política. Em meio à crise política e econômica e
diante de tanta pressão acabou abdicando ao trono e voltou para Portugal, deixando o Brasil
sob o poder de regentes. Portando, seu governo, o primeiro do Brasil, é malquisto na história
brasileira.

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