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8º ANO - O processo de Independência do Brasil

               As transformações políticas, econômicas e sociais provocadas pela chegada da Família Real no Brasil,
abriu espaço para o processo de Independência do Brasil.

               Ao chegar ao Brasil, Dom João VI cumpriu acordos firmados com a Inglaterra, dentre eles: o de
defender Portugal das tropas Napoleônicas e escoltar a Corte Portuguesa até o litoral brasileiro e o de abrir os
portos brasileiros às nações amigas.  Esse último pode ser considerado o primeiro “grito de independência”. 
Para a economia significou que a colônia brasileira não mais estaria atrelada ao monopólio comercial imposto
pelo Pacto Colonial.  Com isso, os grandes produtores agrícolas e comerciantes puderam prosperar em seus
negócios.

               Grandes transformações ocorreram na cidade do Rio de Janeiro que se transformou em sede do
Império Português, dentre elas:  1808 – Criação da Imprensa Régia, 1810 – Fundação da Real Biblioteca, 1813 –
Inauguração do Real Teatro São João, 1816 – Abertura da Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios com os
pintores da Missão Artística Francesa:  Antonie Taunay e Jean Baptiste Debret, 1817 – Chegada da Missão
Científica Austríaca e 1819 – Criação do Real Horto (Jardim Botânico).

               Dom João promoveu o embelezamento da Capital da Colônia a partir de 1815, para que a cidade se
torna-se atrativa ao comércio e agradável aos novos habitantes.  Isso fez com que o Brasil deixasse de ser uma
simples zona de exploração (Colônia) para ser elevada a categoria de Reino Unido de Portugal e Algarves, ou
seja, passou a gozar da condição de sede do governo português (Metrópole).  Essa medida alimentou um
movimento de mudanças das elites lusitanas que se sentiram abandonadas por sua antiga autoridade política,
o rei.

               Em 1820, os revolucionário lusitanos fizeram a Revolução Liberal do Porto, tomando o poder em
Portugal.  As lideranças políticas lusitanas formaram a Assembléia Nacional Constituinte, que ganhou o nome
de Cortes de Lisboa.  Essa tinha como objetivo: reestruturar a soberania política portuguesa por meio de uma
reforma liberal para modernizar o regime político de Portugal, que entre outras medidas, exigia a limitação
dos poderes do Rei (influência das idéias Iluministas); reconduzir o Brasil a condição de colônia
(Recolonização); dar fim aos privilégios assegurados pela administração joanino aos portugueses que aqui se
encontravam e exigiam o retorno de Dom João VI e toda a corte portuguesa para Portugal, para legitimar as
transformações políticas aprovadas pelas Cortes de Lisboa.

               Dom João VI temendo perder sua autoridade Real, retornou para Portugal em 1821 e nomeou seu
filho D. Pedro I a Príncipe Regente do Brasil.  Seu retorno provocou um rombo nos cofres públicos brasileiros
com o saque de 50 milhões de cruzados do Banco do Brasil, o que contribuiu para a sua falência em 1929.

               Dom Pedro I no poder tomou medidas em favor do povo brasileiro, baixando impostos e equiparou as
autoridades militares nacionais às lusitanas, apaziguando os ânimos dos militares.  Essas medidas
desagradaram às Cortes de Lisboa que passaram a exigir que o príncipe retornasse para Portugal e entregasse
o Brasil ao controle de uma junta administrativa que seria escolhida pelas Cortes.

               A ameaça das Cortes de recolonizar o Brasil, despertou a elite econômica brasileira (grandes
fazendeiros e comerciantes) para o risco de se perder os benefícios econômicos conquistados ao longo do
período joanino, dando origem à diversos grupos políticos e sociais distintos no movimento de independência
do Brasil:
1.       Partido Brasileiro: Composição Social: Fazendeiros, altos funcionários e ricos comerciantes (elite
econômica local). O principal líder era José Bonifácio de Andrada e Silva.  Proposta: Defendia a Independência
e uma Monarquia chefiada por D. Pedro.  Era contra a participação popular e o fim do regime escravocrata, 
tinha um perfil mais conservador.

        2.       Partido Português: Composição Social: Ricos comerciantes portugueses.  Proposta:  Era contra a
Independência do Brasil. Aprovava a política das Cortes de recolonizar o Brasil.

3.    Liberais Radicais: Composição social: Membros das camadas médias urbanas, como advogados, padres,
funcionários do governo etc. Proposta: Defendiam a ruptura com Portugal e a instalação de uma República.  
Propunham o fim da escravidão.

               A elite brasileira mais influente e preparada, pois com recursos suficientes para investir num processo
de independência, estava organizada no Partido Brasileiro.  Internamente, no partido existiam várias opções
de projetos que pretendiam viabilizar a organização da nossa independência, que se uniam no seguinte ponto:
organizar uma transição política sem maiores levantes populares (a exemplo dos que já haviam ocorrido –
Insurreição Pernambucana e Guerra dos Mascates), no qual, o Brasil seria controlado por um Regime
Monárquico.  Esse grupo político se aproximou de Dom Pedro I futuro Imperador e passou a defender a
ascensão de Dom Pedro I, à líder da Independência.

               No final de 1821, as Cortes aumentaram a pressão, e os principais integrantes do Partido Brasileiro,
Gonçalves Ledo, Januário da Cunha Barbosa e José Bonifácio de Andrada e Silva (maçons), reuniram os
membros do partido em lojas maçônicas, entre eles o próprio D. Pedro I, e elaboraram um documento com
8.000 mil assinaturas que pedia as Cortes de Lisboa a permanência de D. Pedro I no Brasil.   Dom Pedro I
incorporou figuras políticas pró independência nos quadros administrativos do seu governo, José Bonifácio de
Andrade e Silva foi empossado Ministro do Reino e dos Estrangeiros, José Bonifácio era o principal defensor de
um processo de independência conservador guiado pelas mãos de um Regime Monárquico.

               Em 9 de janeiro de 1822, D. Pedro I afirmou sua permanência no Brasil no “Dia do Fico” e reafirmou
seu apoio à Independência.  Em seguida, baixou o “cumpra-se”, firmando a resolução que dizia que nenhuma
ordem vinda de Portugal poderia ser adotada no Brasil sem sua autorização prévia.  O cumpra-se, tornou a
relação de Dom Pedro I com as Cortes de Lisboa, insustentável.

               Em setembro de 1822, as Cortes lusitanas enviaram um documento para o Brasil exigindo o retorno
imediato do Príncipe Regente para Portugal, sob a ameaça de invasão militar caso não fosse cumprida.  O
Príncipe, em 7 de setembro de 1822, em viagem vinha de Santos para a Província de São Paulo, encontrava-se
as margens do Riacho do Ipiranga, quando recebeu o documento das ameaças das Cortes de Lisboa, uma carta
de sua esposa Imperatriz Leopoldina e outra de José Bonifácio que aconselhavam D. Pedro I à proclamar a
Independência do Brasil imediatamente, antes que os conflitos com as tropas portuguesas, transformassem a
Independência em um movimento popular.  D. Pedro I dá o Grito de Independência do Brasil.

               Com a Independência o Brasil conquistou a condição de Nação Soberana, mas a maior parte da
população se viu atrelada às mesmas práticas e instituições que garantiam e garantem os privilégios dos mais
poderosos.  Por isso, o significado do 7 de setembro, é uma ruptura cercada por uma série de problemáticas
contínuas: o coronelismo, do clientelismo político e a profunda desigualdade social existente no Brasil
marcada principalmente pela grande concentração de renda nas mãos dos mais ricos.

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