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Os processos de

independência da América
portuguesa e da América
espanhola tiveram aspectos
parecidos: ambos foram
influenciados por
descontentamentos

As razões da
coloniais, pelas guerras
napoleônicas, pelos
princípios iluministas e
liberais e pela ascensão da

Independência Inglaterra como potência


industrial.
Contexto europeu metropolitano
• Império inglês em pleno desenvolvimento industrial e com pleno domínio naval das
rotas comerciais.

• Restauração portuguesa e conflitos entre França, Espanha e Inglaterra.

• Bloqueio continental napoleônico.

• Fraqueza do reino português mediante ao domínio inglês.


A fuga de Portugal e o nascimento das
condições para a independência
• Na América portuguesa, contudo, a transferência da família real para a colônia agregou ao
processo algumas características particulares.

• A coroa portuguesa poderia ter buscado abrigo em qualquer uma das suas colônias
africanas. No entanto, incentivada pela Inglaterra, decidiu se estabelecer na América
portuguesa, em função do crescimento econômico da colônia e de sua posição
estratégica, que também possibilitava aos comerciantes britânicos o acesso às
colônias espanholas.

• Exploraremos os desdobramentos da vinda da família real lusa para a América


portuguesa, transformada no eixo do Império de Portugal.
Rio de Janeiro, capital do Império
• Depois de mais de 50 dias de viagem, parte das embarcações portuguesas aportou em
Salvador em 22 de janeiro de 1808, seguindo para o Rio de Janeiro algum tempo depois.

• No ano de 1808, atracaram no porto 855 navios.

• Desse total, 90 navios eram estrangeiros e cerca de 50 provenientes da Inglaterra. Eles


traziam todo tipo de mercadoria: tecidos, louças, ferragens, pentes, livros, perfumes, entre
outros. Desembarcaram também vendedores, marinheiros, artistas, diplomatas, entre
outras pessoas que traziam novos costumes, interesses e necessidades.
A família real na América portuguesa
• Ainda em Salvador, o príncipe regente de Portugal, dom João, decretou a abertura dos
portos às nações amigas, permitindo o comércio entre a América portuguesa e outros
países, até então proibido pelo domínio metropolitano sobre a colônia.

• Tal medida atendia aos interesses da burguesia industrial inglesa (principal “nação
amiga” de Portugal) e das elites agrária e mercantil da colônia.
O Tratado de Comércio e Navegação (Os
trados de 1810)
• Em 1810, já no Rio de Janeiro, dom João assinou uma série de acordos com a Inglaterra,
entre eles o Tratado de Comércio e Navegação e o Tratado de Aliança e Amizade.

• O Tratado de Comércio e Navegação concedia privilégios alfandegários à Inglaterra, que


pagaria 15% de tarifa sobre os produtos vendidos na América portuguesa e em outras
regiões do império português, enquanto os próprios artigos portugueses pagariam 16%, e os
demais países, 24%.

• Já o Tratado de Aliança e Amizade concedia privilégios aos cidadãos ingleses dentro dos
domínios portugueses. Todos poderiam praticar a religião protestante no território colonial, o
que até então era proibido, e os que cometessem algum crime, por exemplo, seriam julgados
por leis e juízes ingleses.
As guerras de dom João(ou da
Inglaterra?)
• Após instalar o governo no Rio de Janeiro, dom João decretou guerra à França e determinou a invasão
da Guiana Francesa, que foi ocupada e só seria devolvida em 1817, em meio aos desdobramentos do
Congresso de Viena.

• Outra área de conflito militar foi a Banda Oriental do Rio da Prata, onde atualmente se encontra o
Uruguai. Dom João planejava incorporar essa região ao Brasil seguindo os interesses de dona Carlota
Joaquina, sua esposa e irmã de Fernando VII (rei espanhol deposto pelas tropas napoleônicas). Em
1821, a região foi incorporada ao Brasil como Província Cisplatina.

• Em 1808, por meio de uma carta régia, dom João decretou a “guerra justa” contra os botocudos.
Essa declaração de guerra foi estendida posteriormente a outros grupos indígenas.

• A medida favoreceu as investidas contra diversos desses povos, ampliando a violência da


colonização e estimulando a tomada de terras dos nativos e a escravização dos derrotados.
A volta de dom João VI a Portugal
• Com a derrota final de Napoleão, em 1815, não havia mais justificativa para a
permanência da corte portuguesa no Brasil. Entretanto, dom João e seus súditos
portugueses não demonstravam interesse em deixar a cidade do Rio de Janeiro.
• Assim, em 1815, dom João elevou a colônia à categoria de Reino Unido a Portugal e
Algarves (o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves). Essa medida garantiu a
legalidade da permanência do rei no território americano, segundo o Congresso de Viena.
• Contudo, provocou enorme insatisfação dos súditos portugueses, que se sentiam
ameaçados por serem igualados aos ex-colonos.
A revolução liberal do Porto 1820
• Na ausência do monarca, Portugal era governado pelo comandante militar inglês Lord
Beresford, que não conseguiu contornar as dificuldades do reino. Em 1820, a insatisfação
dos portugueses provocou uma Revolução Liberal na cidade do Porto.
• Após derrubarem o governo, os revoltosos instalaram uma junta governativa e
convocaram as Cortes Gerais Extraordinárias, cuja tarefa era elaborar uma
Constituição para Portugal.
• O movimento defendia a supremacia das cortes sobre a realeza, exigia o retorno de dom
João VI a Portugal e o restabelecimento do controle administrativo sobre o território
brasileiro.
• Para garantir sua coroa, o rei voltou a Portugal em 1821, deixando seu filho dom Pedro
como príncipe regente do Brasil.
A regência de dom Pedro (1821-1822)
• Sentindo-se ameaçadas, as elites do Brasil formaram o Partido Brasileiro e
procuraram o apoio do regente para lutar contra as medidas das cortes em Portugal.
Apesar do nome, a organização não possuía as características de um partido político
moderno – era um agrupamento de pessoas que lutavam em defesa de interesses comuns.
• Temendo que dom Pedro regressasse para Portugal – fato que enfraqueceria a autonomia
administrativa do Brasil –, os brasileiros recolheram aproximadamente 8 mil assinaturas,
pedindo-lhe que permanecesse no país.
• Ao receber o abaixo-assinado, no dia 9 de janeiro de 1822, dom Pedro teria afirmado:
“Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto: diga ao povo que
fico”. O Dia do Fico, como ficou conhecido, foi decisivo para a emancipação brasileira
que viria a seguir.
A organização do novo Estado
• As tropas portuguesas, contrárias à decisão de dom Pedro, foram forçadas a abandonar o
Rio de Janeiro. Pouco depois, os ministros, todos portugueses, demitiram-se.
• Dom Pedro organizou um novo gabinete, formado só por brasileiros e chefiado por
José Bonifácio, um dos mais ativos defensores da independência.
• Em junho do mesmo ano, dom Pedro convocou uma Assembleia Constituinte,
acentuando os conflitos de interesses entre a Corte portuguesa e o governo regencial.
A proclamação da independência
• Em agosto de 1822, ordens de Lisboa exigiam que o regente retornasse a Portugal e que
suas decisões fossem anuladas.
• Diante da gravidade de tais notícias, José Bonifácio enviou um oficial ao encontro de dom
Pedro, que estava viajando. O príncipe regente foi encontrado na tarde do dia 7 de
setembro, voltando de Santos, às margens do riacho Ipiranga, no planalto de São Paulo.
Ao ler as notícias, dom Pedro proclamou a independência política do Brasil em relação a
Portugal.
• Em 12 de outubro de 1822, dom Pedro foi coroado imperador do Brasil, com o título
de dom Pedro I. Teve, contudo, de enfrentar focos de resistência portuguesa,
particularmente no Nordeste.
A primeira constituinte brasileira
• Dom Pedro I se tornou imperador com o apoio das elites locais e de grupos portugueses que
consideravam mais vantajoso para seus negócios romper politicamente com Portugal.
• Dessa forma, os integrantes desses grupos esperavam que o modelo de governo do país recém-
formado lhes garantisse ampla participação política.
• O regime que melhor correspondia a esses anseios era a monarquia constitucional, pois, ao
mesmo tempo que limitava o poder do imperador, evitava a temida república, caracterizada pelas
elites brasileiras como um regime excessivamente aberto e, por isso, perigoso.
• Com a oficialização da independência, entre setembro e outubro de 1822, foi organizada uma
assembleia de representantes encarregada de elaborar uma Constituição brasileira que
preservasse a monarquia e a escravidão, tal como já se havia começado a esboçar nas
assembleias de junho de 1822.
• Em 3 de maio de 1823, deputados escolhidos por várias províncias brasileiras reuniram-se no
Rio de Janeiro e deram início aos seus trabalhos.

• Dois grupos se formaram: o Partido Brasileiro, que defendia uma Constituição que limitasse
o poder real, beneficiando a elite local, e o Partido Português, favorável à centralização e ao
fortalecimento do poder do imperador.

• Ambos não eram partidos institucionalizados, como os que existem hoje, mas agrupamentos
de deputados que se alinhavam em torno de algumas ideias.

• Os únicos pontos em concordância eram a manutenção da escravidão e a preservação da


unidade territorial.
• Contando com a aprovação e a participação da elite agrária e de burocratas, a
independência do Brasil não promoveu mudanças mais profundas na economia nem
na sociedade brasileira.
• A escravidão, base da produção agrícola voltada para a exportação, foi mantida.
Permaneceram também os privilégios dos ingleses e seu predomínio econômico sobre o
Brasil, que continuou a importar manufaturas e a obter empréstimos da Inglaterra.
• Assim, embora tenha obtido sua independência política, o Brasil manteve sua
dependência econômica – agora, da Inglaterra.
• No Brasil, ao contrário do que aconteceu na América espanhola, não ocorreu a
fragmentação do território da ex-colônia. O apoio da aristocracia à monarquia e
escravidão contribuiu para assegurar a unidade territorial do novo país.
A dissolução da constituinte
• Após muitos debates, alguns bastante violentos, os deputados fizeram um projeto de
Constituição que deveria ser apresentado a Dom Pedro I. O projeto previa várias
limitações ao poder do imperador, que não poderia, por exemplo, dissolver o
Parlamento, governar outro reino ou comandar o Exército, entre outras proibições.

• Além de não aceitar essas limitações, o imperador receava que algumas vozes
politicamente mais radicais, que haviam se manifestado durante os trabalhos
constituintes, se juntassem a outras, vindas das ruas e dos jornais.

• Assim, em 12 de novembro de 1823, Dom Pedro I fechou a Assembleia, perseguiu e


prendeu vários deputados e outorgou uma Constituição.
A Constituição de 1824
• A primeira Carta Magna brasileira, que entrou em vigor em 25 de março de 1824, foi redigida, sob a
supervisão do imperador, por colaboradores próximos a ele.

• O documento manteve a monarquia como regime de governo e organizou o Estado brasileiro em


quatro poderes: Executivo, Legislativo, Judiciário e Moderador. Este garantia autoridade ao imperador
para intervir, quando considerasse necessário, nos outros três poderes.

• A Carta Constitucional estabeleceu o voto indireto, reservado aos proprietários de terras e aos
homens livres que tivessem a renda mínima exigida, e manteve a escravidão. Aliás, em nenhum
momento, durante os debates constituintes de 1823 e durante a elaboração da Carta em 1824, o regime
escravocrata foi mencionado em plenário ou nos escritos dos deputados.

• A Constituição elaborada em 1824 vigorou sem grandes mudanças até o fim do Império em 1889.
O desenvolvimento do
subdesenvolvimento
• A situação colonial não é o mesmo que a situação de dependência. Ainda que se dê uma
continuidade entre ambas, não são homogéneas; como bem afirmou Canguilhem,
"o caráter progressivo de um acontecimento não exclui a originalidade do acontecimento“.

• Colonialismo ou neocolonialismo?

• Dependência econômica e tecnológica a partir de um inserção tardia no mercado


capitalista global.

• Uma produção material colonizada, irá produzir uma mentalidade colonizada.

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