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• Revolução francesa

A revolução francesa ocorreu nas finais do século XVIII, em 1789. O Movimento revolucionário
começou em Paris e espalhou-se rapidamente por toda a França. O objetivo era acabar com o poder
absoluto do rei. Os revolucionários tinham “novas ideias”. Defendiam que todas pessoas eram iguais
perante a lei, e defendiam também que a liberdade era um direito de todos.

• Napoleão Bonaparte e o Bloqueio Continental

A guerra durou vários anos, até que ficou à frente do governo francês um militar ambicioso chamado
Napoleão Bonaparte. Em pouco tempo, Napoleão Bonaparte conseguiu dominar uma grande parte
da Europa. Porém, a Inglaterra continuava a opor-se e a resistir aos exércitos franceses. Então, para
enfraquecer a Inglaterra, Napoleão, a 21 de novembro de 1806, ordenou que todos os países
europeus fechassem os seus portos aos navios ingleses. Com isso deu-se o nome de Bloqueio
Continental.

Portugal não aderiu ao bloqueio continental porque era um velho aliado da Inglaterra e mantinha
com ela relações comerciais. Por isso, em Novembro de 1807, tropas napoleónicas, comandadas
pelo general Junot, entraram em Portugal. Começou assim a primeira invasão napoleónica.

• A fuga da família real e da corte para o Brasil.

Quando se iniciaram as invasões Napoleónicas, governava Portugal o príncipe regente D. João, filho
de D. Maria I. A Rainha era já viúva e tinha enlouquecido. Por isso, a partir de 1799, o Príncipe D João
passou a ser o regente do reino. Para não serem presos pelas tropas francesas, a rainha e o príncipe
regente partiram, a 27 de novembro de 1807, para o Brasil, que era na época uma colónia
portuguesa. A capital do Reino passou de Lisboa para o Rio de Janeiro. Também embarcaram para o
Brasil D. Carlota Joaquina, mulher do príncipe D. João, bem como os seus 9 filhos, ainda muito
pequenos. O mais velho, o príncipe herdeiro D. Pedro, tinha apenas nove anos. Além disso, muitas
pessoas também se mudaram para o Brasil, num total de cerca de 15 000 pessoas.

Chegado a Lisboa, Junot instalou o seu quartel-general na cidade e escolheu para sua residência o
Palácio de Quintela. Desde logo, começou a Tomar medidas que desagradaram aos portugueses:

- Mandou substituir, no Castelo de S. Jorge, a bandeira portuguesa pela francesa.


- Acabou com a junta de Regência, nomeada pelo Príncipe D João, e passou ele próprio a
governar Portugal em nome de Napoleão.

Ao mesmo tempo, Junot distribuiu as tropas francesas, num total de cerca de 50 000 soldados, por
todo o território português. De norte a sul e do litoral ao interior, as tropas francesas destruíram
culturas, incendiaram povoações, mataram pessoas e roubaram das igrejas. A população portuguesa
reagiu contra o invasor. E movimentos de resistência popular apareceram espontaneamente em
vários pontos do país. Por exemplo em: Porto, Leiria, Beja, Chaves, Bragança, Lamego e Évora.
Entretanto, a Inglaterra mandou 9000 militares ingleses para Portugal. Em Agosto de 1808, um
exército anglo-português, comandado por Arthur Wellesley, atacou os franceses e venceu-os nas
batalhas de Roliça e do Vimeiro. Estas derrotas obrigaram Junot a pedir a paz e a assinar um tratado
chamado Convenção de Sintra, pelo qual se comprometeu a sair de Portugal com todas as suas
tropas.

No entanto, Napoleão Bonaparte não desistiu de conquistar Portugal e, em março de 1809, deu-se a
2º invasão napoleónica, comandada pelo marechal Soult, que ocupou a cidade do Porto. Soult
encontrou grande resistência e acabou por ter de abandonar Portugal. Porém, em julho de 1810,
iniciou-se a 3º invasão napoleónica, chefiada pelo general Massena, que tinha fama de nunca ter
sido derrotado, mas Portugal resistiu, então Massena foi obrigado a desistir e a retirar-se
definitivamente de Portugal a 4 de março de 1811.

• A revolução liberal de 1820

Apesar de os franceses terem sido expulsos de Portugal em 1811, a população portuguesa vivia
descontente:

- A família real e a corte portuguesa continuavam a viver no Brasil e parecia não desejarem
regressar.
- O reino tinha ficado mais pobre e desorganizado com as invasões Napoleónicas.
- Os ingleses não saíram de Portugal e controlavam quase todo o comércio com o brasil, o
que prejudicava em muito os comerciantes portugueses.

Era, portanto, necessário expulsar os ingleses de Portugal e obrigar o Rei a voltar do Brasil.
Entretanto, era cada vez maior o número de adeptos das “novas ideias liberais” vindas de França.
Essas pessoas queriam um governo liberal que garantisse a igualdade e liberdade de todos perante a
lei.

Um grupo de homens do Porto formou, em 1818, uma sociedade secreta, chamada sinédrio, que
tinha como objetivo preparar uma revolução. O sinédrio reunia em segredo e trabalhava com a
maior prudência. No dia 24 de agosto de 1820, os conspiradores deram início à revolução liberal.

A população do Porto aderiu à revolução liberal e organizou nas ruas grandes manifestações de
apoio. O mesmo aconteceu noutras zonas do Norte do país. A adesão de Lisboa a um movimento
revolucionário deu-se cerca de 1 mês mais tarde, altura em que os militares nortenhos já
marchavam em direção à capital. A revolução alastrou-se então em todo o país.

Para consolidar a revolução de 1820, o Governo provisório começou imediatamente a preparar


eleições. Nessas eleições, os portugueses, com direito de voto, escolheram os seus representantes,
os quais formaram as chamadas cortes constituintes. As cortes constituintes eram cortes que tinham
como principal função elaborar uma Constituição, documento que é a lei fundamental de um país.

As eleições para as cortes constituintes realizaram-se em Dezembro de 1820 e foram as primeiras


eleições feitas em Portugal. Foram eleitos, para as primeiras cortes constituintes, 181 deputados, na
maioria burgueses. Do seu trabalho saiu a primeira Constituição portuguesa, conhecida pelo nome
de Constituição de 1822, ano, em que foi aprovada.
• O regresso da família real

Portanto, o Rei D. João VI, tremendo que as cortes pudessem afastá-lo definitivamente do trono,
resolveu regressar a Portugal. O Rei D. João XII regressou acompanhado da Rainha D. Carlota
Joaquina, do Infante D. Miguel I de uma comitiva de mais de 3000 pessoas. O Rei desembarcou em
Lisboa em 4 de julho de 1821 e a um de Outubro de 1822 jurou com toda a sua solenidade a
Constituição portuguesa.

A forma de governo em Portugal continuou a ser uma monarquia hereditária. Porém, de acordo com
as ideias liberais, o rei foi obrigado a dividir os poderes com as cortes e tribunais. Passava se, assim,
de uma monarquia absoluta para uma monarquia liberal ou constitucional.

Na Monarquia absoluta, o Rei tinha todos os poderes, era o rei que:

- fazia as leis
- mandava as cumprir
- era o juiz supremo

Na monarquia liberal ou constitucional, os poderes eram divididos em poder Legislativo, poder


executivo e poder judicial.

O poder legislativo pertencia às cortes:

- Os deputados eleitos faziam as leis.

O poder executivo pertencia ao governo:

- O Rei e os seus ministros faziam cumprir as leis.

O poder judicial pertencia aos tribunais:

- Os juízes julgavam quem não cumpria a leis.

• A Independência do Brasil

A corte portuguesa permaneceu no Brasil perto de 14 anos. Durante esse tempo, o Brasil
transformou-se:

- A cidade do Rio de Janeiro tornou-se a sede do Governo


- Foram criadas repartições de finanças, da justiça e da polícia.
- Foram construídas escolas, hospitais, teatros e bibliotecas.
- Foram criadas indústrias e rasgaram se estradas.
- Os portos brasileiros foram abertos aos comerciantes estrangeiros, o que muito desenvolveu
o comércio externo.

Quando, em 1821, D. João VI regressou a Portugal, deixou a governar o Brasil o príncipe D. Pedro,
que na altura tinha 23 anos. D. Pedro decidiu declarar independência do Brasil no dia 7 de setembro
de 1822.

D. Pedro foi aclamado imperador do Brasil e foi eleita uma Assembleia Constituinte Brasileira com o
objetivo de elaborar uma Constituição para o povo brasileiro.

Com a revolução de 1820, a nobreza e o clero perderam muitos dos seus privilégios e, por isso,
nunca aceitaram as ideias liberais. Apoiados pelo Infante D. Miguel, filho segundo de D João VI, os
absolutistas começaram a organizar conspirações contra o regime liberal. Quando D. João morreu,
em 1826, sucedeu-lhe D. Pedro, seu filho mais velho, e que já era imperador do Brasil. Como D.
Pedro não desejava sair do Brasil, pensou numa solução que garantisse a sucessão ao trono e ao
mesmo tempo unisse liberais e absolutistas. Assim:

- Abdicou do trono português em favor de sua filha, D. Maria da glória, que tinha apenas 7
anos.
- D. Miguel ficaria a governar o reino como regente e casaria com D. Maria da Glória logo que
ela atingisse a maioridade.

D. Miguel começou por aceitar as condições de D. Pedro. Mas, em 1828, dissolveu as Cortes liberais
e fez-se aclamar rei absoluto. Por esta altura já existiam em Portugal 2 grupos rivais que se
confrontavam, os Liberais e os absolutistas.

• A guerra civil e o triunfo da monarquia liberal

Começa então um período de grandes perseguições aos Liberais. Os que não conseguiram fugir, para
o estrangeiro e para os Açores, foram mortos ou presos. Espalhou-se o terror pelo país. Ao saber o
que se passava em Portugal, D. Pedro resolveu deixar o Brasil e vir para a Europa. Juntou-se aos
Liberais, que se refugiaram na ilha terceira, nos Açores, e aí organizou um exército.

Em 8 de junho de 1832, o exército liberal, comandado por Pedro, desembarcou na praia de Mindelo
e seguiu para a cidade do Porto, que ocupou sem resistência.

Entretanto, D. Miguel reorganizou as suas tropas e cercou a cidade do Porto.

Então, os Liberais para criar outra frente de guerra e enfraquecer os absolutistas, organizaram uma
armada, comandada pelo duque de Terceira, que desembarcou no Algarve. D. Miguel, ao tomar
conhecimento do avanço das tropas liberais, levantou o cerco ao Porto e dirigiu-se, com o seu
exército, para o sul. Depois de ter sido derrotado nas batalhas de Almoster e Asseiceira, D. MIguel
foi obrigado a assinar um acordo de paz chamado Convenção de Évora Monte.

Pronto cerca de 2 anos, Portugal viveu uma verdadeira guerra civil, guerra que põe em confronto
cidadãos do mesmo país. De um lado, estavam os liberais, do outro os absolutistas. Com a Vitória
dos Liberais, D. Miguel acabou por ser expulso de Portugal, em 1834. Nesse mesmo ano morreu D.
Pedro e seu trono foi definitivamente entregue a sua filha, D. Maria II. A derrota de D. Miguel
contribuiu para o triunfo da monarquia constitucional, regime que irá manter-se em Portugal até
1910.

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