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Apesar da repressão exercida pelo estado, os ideais liberais foram chegando a portugal,
através de:
Estrangeirados (inglaterra, frança);
Exilados franceses (período da convenção);
Portugueses que viviam exilados no estrangeiro (defensores do liberalismo, eram
perseguidos e refugiaram-se, principalmente em londres e paris). Foram responsáveis por
jornais e outras publicações que entravam clandestinamente em portugal (ou trazidos por
eles quando regressaram do exílio durante e depois das invasões napoleónicas).
Maçonaria (instituição secreta instalada em portugal desde finais do século xviii). Nas lojas
maçónicas (nome dado ao local das reuniões) estavam filiados nobres, burgueses e até
clérigos esclarecidos.
Assim, os ideais liberais – jacobinismo – estavam, já, bem difundidos entre a elite
intelectual portuguesa de finais do século xviii.
iii. Antecedentes da revolução liberal portuguesa
Entre 1807-1811 – invasões francesas a portugal, pois o nosso país não acatou as exigências
do bloqueio continental.
Consequências: a) perdas humanas e materiais, roubos, abalo na economia (agricultura,
comércio e indústria) – caos político e social.
b) fuga da família real para o brasil, deixando o reino entregue a uma regência presidida
pelo marquês de abrantes.
1) portugal ficou na condição de “colónia da sua própria colónia”, uma vez que a família
real, deslocando o centro de decisões, arrastou consigo a melhor nobreza, embaixadas,
diplomatas estrangeiros.
B2) em 1808 o rei decretou a abertura dos portos brasileiros ao comércio internacional. B3)
em 1815 o rei eleva o brasil à categoria de reino e insiste em lá permanecer.
C) domínio inglês em portugal. Os ingleses vieram ajudar portugal no combate aos
franceses. Ao general beresford foram dados amplos poderes militares e de defesa.
Abusando do poder, colocou oficiais britânicos nas mais altas patentes do exército
português, controlou o funcionalismo e a polícia, reativou a inquisição e dirigiu a economia.
No início do século xix a situação económico-financeira de portugal agravava-se cada vez
mais (aumento das despesas de guerra, diminuição das receitas = má política económica;
baixa produtividade da agricultura; fraca competitividade da indústria; abertura dos
portos brasileiros – o brasil era a parte mais importante e lucrativa, quer como fornecedor
da europa, quer como mercado de escoamento dos produtos da metrópole ; tratados de
comércio com a inglaterra (tratado anglo-português de 19 de fevereiro de 1810 – levando à
falência ou estagnação das manufaturas portuguesas).
A burguesia era o setor mais descontente e revoltado!
iv. A revolução de 1820
Organizada pelo sinédrio (organização secreta fundada no porto, em 1817, por manuel
fernandes tomás);
Aproveitando o eclodir de uma revolução liberal em espanha e a ida de beresford ao rio de
janeiro (à corte) oficiais do exército (antónio da silveira, bernardo sepúlveda e sebastião
drago cabreira) e profissionais liberais (fernandes tomás, josé ferreira borges, josé da silva
carvalho) fazem um levantamento militar, no porto, a 24 de agosto de 1820.
O manifesto à nação, redigido por fernandes tomás, foi aclamado, igualmente, nos restantes
municípios do país.
No manifesto explicavam-se os motivos que levaram à revolução e os objetivos da mesma:
- libertar a pátria dos culpados da sua decadência (o absolutismo e o domínio inglês);
- restaurar a glória e o prestígio do passado, mantendo o respeito pelas instituições
tradicionais (a monarquia e as cortes) e pela igreja;
- reunir as cortes para se redigir uma nova constituição para o país. Manual –liberais do
porto e de lisboa formam, a 28 de setembro, a junta provisional do supremo governo do
reino (governo provisório), presidida pelo brigadeiro antónio da silveira.
Esta junta provisória tomou as seguintes medidas:
- expulsou os generais ingleses e, principalmente, beresford;
- notificou o rei do ocorrido e exigiu o seu regresso imediato ao reino, respeitando a
nova ordem revolucionária;
-consolidou externamente o novo governo através da diplomacia;
- organizou eleições para as cortes constituintes que haveriam de redigir a constituição
formadas nas eleições de dezembro de 1820, as cortes constituintes, iniciaram-se a 24 de
janeiro de 1821 e decretaram:
A extinção da inquisição;
A abolição de certos direitos senhoriais como os tributos pessoais das banalidades e outras
taxas feudais ainda aplicadas;
A transformação dos bens da coroa em bens nacionais;
A liberalização do ensino;
A liberdade da imprensa;
A fundação do primeiro banco português: o banco de lisboa.
Em setembro de 1822 foi concluída a constituição, jurada e promulgada a 1 de outubro do
mesmo ano pelo rei d. João vi.
Foi a primeira constituição da monarquia portuguesa e marca oficialmente o início da
ordem liberal em portugal.
Composta por 240 artigos que procuraram institucionalizar na vida portuguesa os
princípios do liberalismo progressista dos revolucionários de 1820 – o vintismo.
v. Constituição de 1822
Reconhecia como primordiais os direitos à liberdade, à segurança e à propriedade;
Estabelecia a igualdade perante a lei (não reconhecendo privilégios à nobreza ou ao clero,
apesar de não referir explicitamente a igualdade social);
Defendia a liberdade de pensamento como um dos mais preciosos direitos do homem,
acabando, assim, com a censura;
Estabelecia que a soberania residia na nação (cabendo aos varões maiores de 25 anos, que
soubessem ler e escrever, a eleição direta dos deputados) e que o governo da nação era o da
monarquia constitucional hereditária, funcionando com respeito pela separação tripartida
do poder político.
vi. A resistência à implantação do liberalismo…
D. Isabel pede ajuda ao irmão, d. Pedro, que decide redigir uma carta constitucional, em
1826, que deveria substituir a constituição de 1822, tendo um caráter muito mais moderado
e menos democrático que esta, esperando conciliar as fações adversas e garantir
estabilidade.
D. Pedro abdica do seu direito à coroa portuguesa, em nome da sua filha, d. Maria da
glória, de 7 anos, e deixa escrito que d. Maria devia casar com seu tio, d. Miguel, que
deveria regressar do exílio, jurar a carta constitucional e assumir a regência a menoridade
da sobrinha/esposa!
Inicialmente, d. Miguel concordou mas em 1828, ao regressar a portugal, deixou de
cumprir o acordado. Abusando do seu poder de regente, convocou as cortes à maneira
antiga: por ordens! Fez-se aclamar rei absoluto e perseguiu e prendeu os liberais, gerando
um clima de medo e ódio, que fez com que muitas pessoas fugissem para o estrangeiro.
(reinou como monarca absoluto, de 1828 a 1834). Em 1831 d. Pedro abdica do trono
brasileiro e junta-se ao movimento de resistência para defender o direito ao trono
português de sua filha.organiza, na ilha terceira, um exército apoiado pelos muitos exilados
e revoltosos liberais.
Forma, aí, um pequeno governo ao qual chamou regência liberal e, em 1832, rumou ao
continente, desembarcando no mindelo e dirigindo-se, depois, para o porto.
Inicia-se a guerra civil entre absolutistas, liderados por d. Miguel, e liberais, liderados por
d. Pedro.
Os liberais ocuparam a cidade do porto; os absolutistas cercaram-na durante mais de um
ano (entre julho de 1832 e agosto de 1833).
Cansado das prepotências absolutistas, o povo começa a retirar o seu apoio a d. Miguel e há
deserções, no exército absolutista, a favor dos liberais.
Em 1834 as vitórias liberais nas batalhas de almoster e asseiceira foram o remate final. D.
Miguel depôs armas e assinou a convenção de évora monte, a qual o obrigava a abandonar
o país. D. Pedro revela clemência para com os vencidos; amnistiou todos os crimes,
conservou os postos a todos os militares e restituiu as casas e bens apreendidos aos vencidos
que depuseram as armas.
A vitória liberal, em 1834, repôs a carta constitucional (cuja vigência tinha sido
interrompida em 1828).
A carta constitucional, moderada e tradicionalista/conservadora, marcou um retrocesso em
relação aos princípios democráticos da constituição de 1822.
A vitória liberal assinala o assentamento definitivo do liberalismo em portugal.
No entanto, não pôs fim às rivalidades internas entre os liberais vintistas – adeptos da
constituição de 1822 – e os liberais cartistas – adeptos da carta constitucional.