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Carlos da Maia 

 É o protagonista;

 Filho de Pedro e Maria Monforte;

 Após o suicídio do pai vai viver com o avô para Santa Olávia, sendo educado à inglesa pelo preceptor, o inglês Brown;

 Sairá de Santa Olávia para tirar Medicina em Coimbra;

 Admirado pelas mulheres;

 Depois do curso acabado, viaja pela Europa;

 Quando volta a Lisboa traz planos grandiosos de pesquisa e curas médicas, que abandona ao cair na inactividade, porque, em
Portugal, um aristocrata não é suposto ser médico;

 Apesar do entusiasmo e das boas intenções fica sem qualquer ocupação e acaba por ser absorvido por uma vida social e
amorosa que levará ao fracasso das suas capacidades e à perda das suas motivações.

 Transforma-se numa vítima da hereditariedade (visível na sua beleza e no seu gosto exagerado pelo luxo, herdados da mãe e
pela tendência para o sentimentalismo, herdada do pai) e do meio em que se insere, mesmo apesar da sua educação à inglesa e
da sua cultura, que o tornam superior ao contexto sociocultural português.

 A sua verdadeira paixão nascerá em relação a Maria Eduarda, que compara a uma deusa e jamais esquecerá. Por ela dispõe-se
a renunciar a preconceitos e a colocar o amor no primeiro plano.

 Ao saber da verdadeira identidade de Maria Eduarda consumará o incesto voluntariamente por não ser capaz de resistir à
intensa atracção que Maria Eduarda exerce sobre ele.

 Acaba por assumir que falhou na vida, tal como Ega, pois a ociosidade dos portugueses acabaria por contagiá-lo, levando-o a
viver para a satisfação do prazer dos sentidos e a renunciar ao trabalho e às ideias pragmáticas que o dominavam quando
chegou a Lisboa, vindo do estrangeiro.

 Simboliza a incapacidade de regeneração do país a que se propusera a própria Geração de 70. Não teme o esforço físico, é
corajoso e frontal, amigo do seu amigo, parece incapaz de fazer uma canalhice. É uma personagem modelada.

Mª Eduarda

 Apresentada como uma deusa;

 Dizendo-se viúva de Mac Green, sabia apenas que a sua mãe abandonara Lisboa, levando-a consigo para Viena.

 Tivera uma filha de Mac Gren, Rosa;

 A sua dignidade, a sensatez, o equilíbrio e a santidade são características fundamentais da sua personagem, às quais se juntam
uma forte consciência moral e social;

 Salienta-se ainda a sua faceta humanitária e a compaixão pelos socialmente desfavorecidos;

 A súbita revelação da verdadeira identidade de Maria Eduarda, vai provocar em Carlos estupefacção e compaixão,
posteriormente o incesto consciente, e depois deste, a repugnância;

 A separação é a única solução para esta situação caótica a que se junta a morte de Afonso;

 A sua apresentação cumpre os modelos realista e naturalista, pelo que coincidem no seu carácter e no espaço físico que ela
ocupa duas vertentes distintas da sua educação: a dimensão culta e moral, construída aquando da sua estadia e educação num
convento, e a sua faceta demasiado vulgar, absorvida durante o convívio com sua mãe;
 Ela é o último elemento feminino da família Maia e simboliza, tal como as outras mulheres da família, a desgraça e a
fatalidade;

 É de uma enorme dignidade, principalmente quando não quer gastar o dinheiro de Castro Gomes por estar ligada a Carlos;

 No final da obra, parte para Paris onde mais tarde casa com Mr. de Trelain, casamento considerado por Carlos o de dois seres
desiludidos;

 É uma “personagem-tipo”.
Afonso da Maia

 Psicológico: Duro, clássico, ultrapassado, paciente, caridoso (ajuda os mais pobres e mais fracos), nobre, espírito são, rígido,
austero, risonho e individualista. 

 Símbolo do liberalismo (na juventude), associado a 1 passado heróico, incapacidade de regeneração do país, modelo de
autodomínio.

 Morre de apoplexia, no jardim do Ramalhete, na sequência do incesto dos netos, Carlos e Maria Eduarda. É o mais simpático
e o mais valorizado para Eça. 
João da Ega 

 Autêntica projecção de Eça de Queirós pela ideologia literária, usando também um monólogo e era considerado um ateu e
demagogo.

 Excêntrico, cínico, o denunciador de vícios, o demolidor energético da política e da sociedade.

 É um romântico e um sentimental.

 Tornou-se amigo inseparável e confidente de Carlos.

 Instalou-se no Ramalhete, e a sua grande paixão será Raquel Cohen.

 Como Carlos, tem grandes projectos (a revista, o livro, a peça) que nunca chega a realizar. É também um falhado,
influenciado pela sociedade lisboeta decadente e corrupta.

 Nos últimos 4 Cap. ganha uma certa densidade psicológica e passa a desempenhar um papel muito importante na intriga,
sendo ele o primeiro a conhecer a verdadeira identidade de Maria Eduarda.

 É Ega que faz a revelação trágica a Vilaça, Carlos (que contará ao avô Afonso) e, por fim, a Maria Eduarda. A sua vida
psicológica manifesta-se também ao nível da reflexão interiorizada através de monólogos interiores, sobretudo depois do
encontro com o Sr. Guimarães, no capítulo XVI.
Pedro da Maia

 Protótipo: do herói romântico e é personagem-tipo.

  Psicológica: nervoso, crises de melancolia, sentimentos exagerados, instável emocionalmente (como a mãe). 

 Educação: tradicional – portuguesa – romântica – criado pelas criadas e mãe. Sente um amor quase doentio pela mãe, pelo
que quando esta morre entra em loucura


Deixou-se encadear por um amor à primeira vista que o conduziu a um casamento, de estilo romântico, com Maria Monforte.
Este enlace precipitado levá-lo-ia mais tarde ao suicídio – após a fuga da mulher – por carecer de sólidos princípios morais e
de força de vontade que o deveriam levar à aceitação da realidade e à superação daquele contratempo.
Mª Monforte: 

 Psicológica: personalidade fútil mas fria, caprichosa, cruel e interesseira. 

 Protótipo: da cortesã: leviana e amora, sem preocupações culturais ou sociais.


 É filha do Monforte, e é conhecida em Lisboa por “a negreira”, porque seu pai enriqueceu transportando negros e arrancando
a riqueza da “pele do africano”.

 Contra a vontade de Afonso, Pedro da Maia apaixona-se e casa com ela. Nasceram Carlos e Maria Eduarda. Maria Monforte
virá a fugir com o italiano Tancredo, levando Maria Eduarda consigo e abandonando Carlos e provocando o suicídio de
Pedro. Entretanto, o italiano é morto num duelo e Maria levará uma vida muito má. Entregará a Guimarães um cofre com
documentos para a identificação da filha.
Alencar

 “Personagem-tipo”, é o símbolo do romantismo.

 Representa a incapacidade de adaptação à “ideia nova” (realismo).


Dâmaso Salcede

 Representa a podridão das sociedades, é o “rafeiro” de Carlos, anda sempre atrás dele e imita-o em tudo.
Palma cavalão

 Director do jornal A corneta do diabo, representa o jornalismo corrupto, sensacionalista e escandaloso que vive da calúnia e
do suborno.
Craft

 Inglês, representa a formação e mentalidade britânicas, sendo Craft o jovem mais parecido com Carlos
Guimarães

 Personificação do destino.
Cruges:

 É dos poucos que é moralmente correcto, representa a excepção na mediocridade da sociedade portuguesa, é idealista. 

Vilaça:

 Procurador dos Maias, acredita no progresso.


Espaço
Espaço físico:

 Sta Olávia (infância e educação de Carlos), 

 Coimbra (seus estudos, e primeiras aventuras amorosas) e

  Lisboa, onde irá desenrolar-se toda a acção após a sua formatura e regresso da sua “longa viagem pela Europa”.

 Sintra e Olivais são espaços muito referidos, mas onde não se passa qualquer acção de relevo no romance. Os espaços
interiores são descritos exactamente de acordo com as personagens. Os espaços interiores mais destacados são O
Ramalhete, o quarto da Toca, a Vila Balzac e o consultório de Carlos.
Espaço Social:

 Cumpre um papel eminentemente crítico.

 O Jantar no Hotel Central é onde o herói, Carlos, contacta pela primeira vez com o meio social lisboeta, e em que é dada
uma visão fortemente critica das limitações da mentalidade da sociedade portuguesa. 

 As corridas de cavalos onde há a denuncia da mentalidade provinciana.

  O jantar em casa dos Gouvarinho em que se critica a mediocridade mental e a superficialidade das classes dirigentes. 

 O episódio do jornal A Tarde em que se desmascara o parcialismo, o clientelismo partidário, a venalidade e a


incompetência dos jornalistas da época. 

 Sarau literário do teatro da Trindade, em que se criticam a superficialidade e a ignorância da classe dirigente.
 O Passeio final de Carlos e Ega em Lisboa, traduz o sentido de degradação progressiva e irremediável da sociedade
portuguesa, para a qual não é visualizada qualquer saída airosa.
Simbolismo:

 Toca é o nome dado à habitação de certos animais, apontando desde logo para o carácter animalesco do relacionamento
amoroso entre Carlos e Maria  Eduarda, em que o prazer se sobrepõe à racionalidade e aos valores morais. Os aposentos
de Maria  Eduarda simbolizam a tragédia da relação.

  Ramalhete está simbolicamente ligado à decadência moral do Portugal da Regeneração. O percurso da família Os Maias,
está relacionado com as modificações existentes no Ramalhete. Quando Afonso vive em Sta Olávia, após a morte de
Pedro, está desabitado. Quando Afonso e Carlos se mudam para O ramalhete, este ganha vida, sendo agora símbolo de
esperança e de vida.

 Mª Monforte e Mª  Eduarda espalham a morte provocando o suicídio de Pedro, a morte física de Afonso e a morte
psicológica de Carlos.

 Afonso simboliza os valores morais e o liberalismo. Sendo assim, com a morte de Afonso da Maia, todos os princípios
morais, que ainda existiam em Portugal, acabam. A morte instala-se no país.
A feição trágica de os Maias: 

 A peripécia, súbita mutação dos sucessos, verifica-se quando Guimarães vê Maria Eduarda e revela, a identidade desta, a
Ega, e quando Maria Eduarda descobre o terrível segredo.

 O reconhecimento, é progressivo, desenrola-se em 2 capítulos e entre as revelações passam-se dias. Ega ao saber do
parentesco dos netos de Afonso fica desorientado e vai falar com Vilaça, que acaba por revelar a Carlos, e este a Afonso.

 A catástrofe dá-se com a morte de Afonso, vítima inocente, e com a separação definitiva dos amantes.

 Destino: É personificado por Guimarães que irá desencadear a anagnórise (reconhecimento) e consequente tragédia.
Praticamente desde o inicio da obra, se vêm fazendo referências ao destino.
Intriga 

 Subtítulo “Episódios da vida romântica” foca a descrição de eventos recreativos da sociedade portuguesa da
Regeneração, constituindo a crónica da costumes.

  O título dá-nos a conhecer a história da família Maia ao longo das gerações de Afonso, Pedro e Carlos da Maia. A
intriga principal é constituída pelo romance entre Carlos e Maria Eduarda; a intriga secundária de Pedro e Maria
Monforte é necessária para construir a intriga central. A acção das intrigas é fechada porque não há possibilidade de
continuação: Pedro suicida-se, Maria Monforte já morreu, Maria Eduarda e Carlos suicidam-se psicologicamente
perdendo a capacidade de amar, e Afonso morre.

 A temática do incesto desencadeia toda a intriga.

 A crónica de costumes engloba os ambiente sociais, os figurantes e seus comportamentos, bem como as relações do
protagonista Carlos, quer com o ambiente, quer com as personagens, pelo que os episódios são acções ainda que com
duração limitada, é uma acção aberta porque cada episódio pode continuar. É fundamentalmente ao nível da intriga
principal que surge a crónica de costumes, pelo que ambas se desenvolvem em paralelo. 

 O Jantar no Hotel Central proporcionou a Carlos a primeira visão de Mª Eduarda e o contacto com a sociedade de elite. A
mentalidade retrógrada de Alencar e o calculismo e cinismo com que Cohen comenta a deterioração financeira são
elementos marcantes da crise de uma geração e do próprio País. Através desta reunião da sociedade, Eça retrata uma
cidade num esforço para ser civilizada, mas que não resiste e acaba por mostrar a sua impressão, a sua falta de
civilização. As limitações ideológicas e culturais acabam por estalar o verniz das aparências quando Ega e Alencar
depois de usarem todos os argumentos possíveis partem para ataques pessoais que culminam numa cena de pancadaria,
mostrando o tipo de educação desta “alta” sociedade lisboeta que tanto se esforça por ser (ou parecer) digna e requintada,
mas que no fundo é grosseira.

 As corridas de cavalos são um desejo de imitar o que se faz no estrangeiro e era considerado sinal de progresso. Uma
sociedade burguesa que vive de aparências, com destaque para a assistência feminina. Critica-se ainda a falta de à-
vontade das senhoras que não falavam umas com as outras e que para não desobedecerem às regras de etiqueta
permaneciam no seu posto, mas constrangidas.
 O jantar em casa do Conde Gouvarinho permite através da falas das personagens, observar a degradação dos valores
sociais, o atraso intelectual do país, a mediocridade mental de algumas figuras da alta burguesia e da aristocracia. As
personagens emitem duas diferentes concepções sobre a educação da mulher.

 Os episódios dos jornais critica a decadência do jornalismo português que se deixa corromper, motivado por interesses
económicos (A Corneta do Diabo) ou evidenciam uma parcialidade comprometedora de feições políticas. No jornal A
Corneta do Diabo havia sido publicada uma carta escrita por Dâmaso que insultava Carlos e expunha, a sua relação com
Maria Eduarda; Palma Cavalão revela o nome do autor da carta e mostra aos dois amigos o original, escrito pela letra de
Dâmaso, a troco de “cem mil réis”. A parcialidade do jornalismo da época surge quando Neves, director do jornal A
Tarde, aceita publicar a carta na qual Dâmaso se retracta, depois da sua recusa inicial por confundir Dâmaso Salcede com
o seu amigo político Dâmaso Guedes.

 Nota-se que o público alto-burguês e aristocrata que assistia ao sarau é pouco culto.
Capitulo I e II 
 Venda das propriedades
 Remodelação do Ramalhete por Carlos Eduardo, que contracta um artista Inglês
 Carlos acaba o seu curso de medicina em Coimbra e faz uma viagem pela Europa (1875)
 Em 1875, no Outono, Afonso deixa Sta. Olávia e instala-se no Ramalhete 
 
História de Afonso da Maia: 
    Filho de Caetano da Maia ( um absolutista profundo, apoiante de D. Miguel), foi desterrado em jovem para Sta Olávia, por se
ter envolvido numa revolução liberal.
    Depois de uns tempos na Quinta, volta completamente modificado e decide ir viver para Inglaterra, mas com a morte do pai,
regressa. É por esta altura que conhece Maria Eduarda Runa, uma mulher muito débil, por quem se apaixona e casa, e depois, têm
Pedro.
     Com o absolutismo em Portugal, Afonso vê a sua casa de Benfica ser invadida pela polícia, e parte para o exílio em Inglaterra,
com a mulher e o filho. Pedro é criado de uma forma muito romântica por vontade da mulher de Afonso, e devido à sua saúde
muito fraca, Afonso decide não se impor às vontades da sua senhora, e assim contratam um padre português (porque Maria odiava
Inglaterra), o padre Vasques, para educar o menino. O estado de saúde de Maria agrava-se e eles mudam-se para Itália, depois
novamente para Portugal, para a Casa de Benfica, mas Maria Runa acaba por falecer.
 
História de Pedro da Maia: 
   Típico menino da mamã, tornando-se um homem pequeno e nervoso, como a mãe. Nunca fora para a universidade, porque a
mãe não o deixara e tivera uma educação completamente romântica. Passava os dias na farra, sem fazer nada e aos 19 anos, teve
um bastardo.
   Com a  morte da mãe, Pedro ficou de rastos, infelicíssimo, mas depois, conhece Maria Monforte por quem se apaixona. 
   Apaixonado, Pedro decide casar com Maria, ainda quem Afonso o tenha proibido. Sai de casa, casa com Maria, e corta relações
com o pai. Depois, Pedro e Maria viajam, por Itália, depois Paris e acabam por voltar para Lisboa, quando descobrem que Maria
estava grávida.
   Nasce a primeira filha do casal, Maria Eduarda, que Maria Monforte adora. Maria começa a ter hábitos estranhos, como fumar
com os homens á noite e conviver, hábitos estes que Pedro odiava e condenava, sentindo ciúmes. Afonso refugia-se em Sta Olávia
para evitar a família, convivendo alegremente com os amigos. Mais tarde, depois de Maria Eduarda fazer um ano, Maria Monforte
tem outro filho, desta vez um menino, a quem dá o nome de Carlos Eduardo, devido a um romance que andava a ler.
   Um dia, quando Pedro regressa a casa, descobre que Maria fugiu com Tancredo, levando consigo a sua filha, Maria Eduarda, e
deixando para trás Carlos. De rastos, Pedro vai ter com o pai e conta-lhe tudo, e os dois acabam por fazer as pazes. Afonso fica
felicíssimo por conhece o neto, mas infeliz com o estado do filho. Sem aguentar, Pedro acaba por se suicidar, deixando Carlos
Eduardo a cargo do avô. 
   Afonso da Maia muda-se para Sta. Olávia para criar Carlos, e vende a Tojeira, casa de Pedro. Afonso cria Carlos, mas desta vez
como sempre quis criar Pedro e a sua mulher nunca o deixara:  uma educação à Inglesa, muito rígida, principalmente fisicamente.

o      Capítulo III
   A infância de Carlos é passada em  Santa Olávia, e é descrito um episódio onde se dá uma visita de Vilaça à quinta. Descreve-se
a educação liberal de Carlos, com um professor Inglês que dá primazia ao exercício físico e as regras duras que Afonso impõe ao
neto. É sobretudo um capítulo de contraste entre as educações tradicional (Eusebiozinho) e à inglesa (Carlos). Vilaça dá notícias
de Maria Monforte e de sua filha a Afonso, e segundo ele a sua neta morrera em Londres. Alguns anos depois Carlos faz exame
triunfal de candidatura à universidade.
o      Capítulo IV
  Carlos descobre a sua vocação para Medicina e matriculou-se na Universidade de Coimbra. É sobretudo chegado a João da Ega,
que estudava direito e era sobrinho de André da Ega, amigo de infância de Afonso. Ao fim desse tempo, Afonso esperava-o no
Ramalhete, onde se iriam instalar (fim da grande analepse). Carlos tencionava montar um consultório e um laboratório em Lisboa,
vontades que depressa satisfez com a ajuda do avô: o laboratório foi montado num velho armazém, e o consultório num primeiro
andar em pleno Rossio. Carlos recebeu com alegria a visita do seu amigo Ega, que lhe anunciou que ia publicar o livro que andava
a escrever havia já alguns anos – “Memórias de um Átomo” – que todos os que tinham ouvido falar esperavam com impaciência.
o      Capítulo V
   Ega estava apaixonado por Raquel Cohen, que era, infelizmente, casada. Durante uma conversa entre Carlos e Ega, Ega propõe
a Carlos conhecer a família Gouvarinho. Carlos aceita. Após a um encontro com estes amigos de Ega, Carlos não parava de pensar
na Condessa Gouvarinho. Estava apaixonado. Este capítulo acaba com uma ida de Carlos com a família Gouvarinho à ópera, e
durante esta ocasião, a condessa mostra-se interessada em Carlos.
o      Capítulo VI
    Ega convida-se para jantar com Carlos e quando se prepara para sair, falam sobre a Gouvarinho e sobre o súbito desinteresse de
Carlos pela senhora, após uma grande atracção. Esta atitude de Carlos para com as mulheres, era frequente e os dois conversam
sobre o assunto. Na ida para o jantar, cruzam-se com Craft, amigo de Ega. Ega apresenta Carlos ao amigo. Ega faz questão que os
dois amigos se conheçam melhor. Após alguns contratempos, Ega consegue marcar o jantar no Hotel Central com Carlos, Craft,
Alencar, Dâmaso e Cohen. O jantar acaba e Alencar acompanha Carlos a casa, lamentando-se da vida, do abandono por parte dos
amigos e falando-lhe de seu pai, de sua mãe e do passado. Carlos recorda como soubera a história dos seus pais : a mãe fugira com
um estrangeiro levando a irmã, que morrera depois, o pai suicidara-se. Carlos, já em casa, antes de adormecer e enquanto aguarda
um chá, sonha com a mulher deslumbrante, uma deusa, com quem se cruzou à porta do Hotel Central, enquanto aguardava com
Craft os restantes amigos para o jantar.
o      Capítulo  VII
    A condessa Gouvarinho, com a desculpa que a filha se encontrava doente, procura Carlos no consultório. Carlos convida
Cruges a ir a Sintra no dia seguinte, pois tomara conhecimento, por intermédio de Taveira, que Maria Eduarda aí se encontrava na
companhia de seu marido e de Dâmaso.
o      Capítulo VIII
    Carlos da Maia e Cruges, vão  visitar Sintra.  A ideia é de Carlos que  obriga Cruges a ir com ele. Esta viagem tem o propósito
escondido por Carlos, de procurar um encontro fortuito coma Sra. Castro Gomes, que ele julgava em Sintra. Carlos já informado
sobre o destino dos Castro Gomes, que haviam deixado Sintra na véspera, e Carlos decide voltar para Lisboa.
o      Capítulo IX
 Já no Ramalhete, no final da semana, Carlos recebe uma carta a convidá-lo a jantar no Sábado seguinte nos Gouvarinhos. Dâmaso
aparece de repente, pedindo a Carlos para ver um doente "daquela gente brasileira", os Castro Gomes - a Rosa. Os pais tinham
partido essa manhã para Queluz. Ao chegar ao Hotel, Carlos verifica que a pequena já estava óptima. Carlos dá uma receita a Miss
Sara, a governanta..
 Carlos vai progressivamente ficando íntimo dos condes de Gouvarinho. Visita a Gouvarinho e dá-lhe um tremendo beijo, mesmo
antes da chegada do conde Gouvarinho.
Capítulo X
  Passam-se 3 semanas. Carlos já estava farto da Gouvarinho e dos seus encontros às escondidas, e quer ver-se livre dela. Combina
com o Dâmaso, no Ramalhete, levar os Castro Gomes aos Olivais, mas isto não se concretiza a ideia pois o sr. Castro Gomes
partira para o Brasil em negócios. Chega o dia das corridas de cavalos. Anda tudo á briga, num rebuliço total! Lá nas corridas,
encontra a Gouvarinho, que lhe propõe irem de comboio ate Santarém, uma vez que ela ia para o Porto (pois o seu pai estava mal),
e dormiam no hotel em Santarém, e daí cada um seguia para o seu lado. Depois, fazem-se apostas; todos apostam em Minhoto,
mas Carlos aposta em Vladimiro, que vence e Carlos ganha 12 libras, facto muito comentado. Encontra Dâmaso, que lhe informa
que o Castro Gomes afinal tinha ido para o Brasil e deixara a mulher só por uns 3 meses. Discute com a Gouvarinho, mas acaba
por aceder ao desejo do encontro em Santarém, mas agora apenas consegue pensar na mulher de Castro Gomes. Ao descobrir que
ela vivia no prédio de Cruges, pois alugara a casa á mãe do Cruges, proprietária do prédio, Carlos vai à R. de S. Francisco com o
pretexto de visitar o Cruges, mas ele não estava. Volta para o Ramalhete e lá descobre que tinha uma carta da Castro Gomes
pedindo-lhe que a visite no dia seguinte, por ter "uma pessoa de família, que se achava incomodada".
o      Capítulo XI
   Carlos vai visitar a Sra. Castro Gomes, e descobre o seu nome, Maria Eduarda. É a governanta, Miss Sara, que estava doente -
tinha uma bronquite. Carlos conversa com Maria Eduarda, passa-lhe a receita e diz-lhe os cuidados que deve ter com Sara,
dizendo que terá de observá-la diariamente.
   Nessa noite Carlos iria ter com a Sra. Gouvarinho para a fantástica noite em Santarém, mas Carlos começava a repudiá-la, a
odiá-la. Por sorte, o Gouvarinho decidiu à última da hora ir com a mulher para o Porto, o que convém muito a Carlos, assim como
a morte de um tio de Dâmaso em Penafiel, deixando-lhes os "entraves" fora de Lisboa.
Nas semanas seguintes, Carlos vai-se familiarizando com Maria Eduarda, graças à doença de Miss Sara. Falam ambos das suas
vidas e dos seus conhecidos. Dâmaso volta de Penafiel e vai visitar Maria Eduarda. Ao chegar lá vê Carlos com "Niniche" (a
cadela de Maria) ao colo, que lhe rosna e ladra - Dâmaso fica zangado e cheio de ciúmes.
o      Capítulo XII
O conde Gouvarinho convidou-os para jantar na próxima 2ª feira. Depois, nesse jantar, a Gouvarinho zangada com Carlos e com
ciúmes da sua proximidade com Maria Eduarda, passa o tempo a mandar-lhe indirectas.
Na 3ª feira, depois de um encontro escaldante com a Gouvarinho na casa da sua titi, Carlos chega atrasado à casa de Maria
Eduarda". No meio da conversa, Domingos anuncia Dâmaso e Maria Eduarda recusa-se a recebê-lo - Dâmaso fica furioso. Maria
fala a Carlos sobre uma possível mudança de casa (e ele pensa logo na casa do Craft, decidindo comprá-la para ela). Carlos deixa
escapar que a "adora" depois de uma troca de olhares, beijam-se. Na 4ª feira, Carlos conclui o negócio da casa com o Craft.   
Ega, mostra-se insultado pelo segredo que Carlos faz de tudo, mas este acaba por lhe contar que se apaixonou e envolveu com
Maria Eduarda.
o      Capítulo XIII
   Ega informa a Carlos de que Dâmaso anda a difamá-lo a ele e a Maria Eduarda. Carlos fica furioso, querendo matá-lo e ao
encontrá-lo na rua, ameaça-o.
  No sábado, Maria Eduarda visita a sua nova casa nos Olivais. Depois da visita e do almoço, Carlos e Maria Eduarda envolvem-
se.
  Descobre-se que Dâmaso estava a namorar a Cohen. Depois a Gouvarinho aparece querendo falar com Carlos - acabam por
discutir sobre a ausência de Carlos e depois terminam tudo.
o      Capítulo XIV
   Afonso parte para Sta. Olávia e Carlos fica sozinho no Ramalhete, pois Ega parte para Sintra (e curiosamente os Cohen
também). Maria Eduarda instala-se nos Olivais, e Carlos passa a frequentar a casa todos os dias, e eles pretendem fugir até
Outubro para Itália e casar lá, mas Carlos pensa no desgosto que dará ao avô (porém a sua felicidade supera). 
Chega Setembro. Craft, regressado de Sta. Olávia para o Hotel Central, diz a Carlos que pareceu-lhe estar o avô desgostoso por
Carlos não ter aparecido por lá. Então, Carlos decide ir visitar Afonso, mas antes leva Maria a visitar o Ramalhete (e Maria
Eduarda refere que às vezes Carlos faz-lhe lembrar a sua mãe e conta-lhe a sua história - a mãe era da ilha da Madeira que casara
com um austríaco e que tinha tido uma irmãzinha, que morrera em pequena).
 Uma semana depois Carlos regressa de Sta Olávia e fala com Ega que voltara de Sintra. Nessa noite, Castro Gomes aparece no
Ramalhete, com uma carta anónima que lhe tinham mandado para o Brasil, dizendo que a sua mulher tinha um amante, Carlos da
Maia. Carlos fica estupefacto, e acaba por perceber que era a letra de Dâmaso. Depois, Castro Gomes conta-lhe que não é marido
de Maria Eduarda, nem pai de Rosa, e que apenas vivia amigado com ela. Diz-lhe também que se vai embora, e que Maria
Eduarda se chama Madame Mac Gren. Furioso pela mentira de Maria, Carlos decide ir confrontá-la. Ao entrar, sabe por Melanie,
a criada, que o Castro Gomes já lá tinha estado. Maria Eduarda, a chorar, pede perdão a Carlos de não lho ter contado, pois tinha
medo que ele a abandonasse, e conta então a verdadeira história da sua vida. Depois de uma grande cena de choro, Carlos pede-a
em casamento.
o      Capítulo XV
 Dias depois, Carlos conta tudo o que se passara a Ega que lhe diz que seria melhor esperar que o avô morresse para então se
casar, pois Afonso estava velho e débil e não aguentaria o desgosto.
Afonso regressa de Sta. Olávia, Carlos abandona a casa que alugara perto dos Olivais e Maria Eduarda volta para o apartamento
da mãe de Cruges na Rua de S. Francisco, deixando a Toca.
o      Capítulo XVI
   Carlos e Ega vão ao sarau da Trindade ouvir o Cruges e o Alencar, que nessa noite vão lá estar. Ega conhece Mr. Guimarães, o
tio de Dâmaso que vivia em Paris e trabalhava no jornal, que lhe viera pedir explicações sobre a carta que Dâmaso escrevera, que
lhe disse ter sido Ega a obrigá-lo a fazer. Ega e Guimarães acabam por resolver tudo e ficam amigos. Mais tarde, quando Ega se ia
embora, Guimarães aparece dizendo lhe que tem um cofre da mãe de Carlos para entregar à família, que esta lhe tinha pedido
antes de morrer. No meio da conversa, Ega descobre que Carlos tem uma irmã, e Guimarães diz tê-los visto aos três numa
carruagem: Carlos, Ega e a irmã, Maria Eduarda. Depois, Guimarães conta a Ega o passado de M.ª Monforte inclusive a mentira
que ela dissera a Maria Eduarda sobre o seu pai, e diz que Maria é filha de Pedro da Maia, pois ele era amigo da família e nessa
atura já os visitava. Fala também da fuga da Monforte com Tancredo, da filha que eles tiveram e morreu em Londres, e depois, da
vida de Maria Eduarda no convento, que ele próprio a visitara. Guimarães entrega o cofre a Ega, que chocado com a verdade,
decide pedir ajuda a Vilaça para contar tudo a Carlos.
o      Capítulo XVII
   Ega procura Vilaça e conta-lhe tudo. Juntos, abrem o cofre da Monforte e acham lá uma carta dela para Maria Eduarda onde diz
toda a verdade: ela é filha de Pedro da Maia. No dia seguinte, Vilaça e Ega contam a verdade a Carlos, que não acredita no que lhe
contam, e aflito, procura o avô e conta-lhe tudo, com esperança que este lhe desminta a história. Mas Afonso acaba por confirmar,
e em segredo diz a Ega que sabe que Carlos tem um caso com Maria Eduarda. Apesar de já saber a verdade, nessa noite Carlos vai
ter com Maria Eduarda; primeiro pensara em dizer-lhe tudo e depois fugir para Sta. Olávia, mas depois, incapaz, acaba por deixar-
se levar por ela e ali ficar. Continuava a ama-la, e o facto de serem irmão não mudava o que ele sentia.
   Afonso da Maia sabe que Carlos continua a encontrar-se com Maria Eduarda, e fica desolado. Ega furioso com o
comportamento de Carlos, confronta-o e ele decide partir no dia seguinte para os Olivais. No dia seguinte, Baptista (o seu criado)
chama-o, dizendo a Carlos que o avô estava desmaiado no jardim. Carlos corre lá vê o avô estava morto Carlos culpa-se a si
mesmo da morte do avô, pois achava que era pelo avô saber tudo que tinha morrido. Ega escreve um bilhete a informar Maria
Eduarda do facto. Carlos parte para Sta. Olávia, pedindo a Ega para ir falar com Maria Eduarda e lhe contar tudo e dizer-lhe que
parta para Paris, levando 500 libras. Ega fala com Maria Eduarda, que parte no dia seguinte para Paris, para sempre. 
o      Capítulo XVIII
   Passam-se semanas. Sai na "Gazeta Ilustrada" a notícia da partida de Carlos e Ega numa longa viagem pelo mundo. Um ano e
meio depois Ega regressa trazendo consigo a ideia de escrever um livro e contando que Carlos ficara em Paris, onde alugara um
apartamento, pois não queria mais lembrar a Portugal
No Ramalhete, a maior parte das decorações (tapetes, faianças, estátuas) já tinham ou estavam a ser despachadas para Paris, onde
Carlos vivia agora, e que lá se guardavam os móveis e outros objectos trazidos da Toca. Carlos relembra Maria Eduarda e conta a
Ega que recebera uma carta dela. Ia casar com um tal de Mr. de Trelain, decisão tomada ao fim de muitos anos, e que tinha
comprado uma quinta em Orleães. Carlos encara este casamento de Maria Eduarda como um final, uma conclusão da sua história,
era como se ela morresse, como se a Maria Eduarda deixasse de existir e passasse apenas a haver a Madame de Trelain. Ega e
Carlos dizem que não vale a pena viver, pois a vida é uma treta. Por mais que tentemos lutar para mudá-la, não vale a pena o
esforço, porque tudo são desilusões e poeira.

A Educação de Pedro da Maia


Já que estavam em Inglaterra, Afonso propõe que o filho seja educado no Colégio de Richmond. Católica, Maria Eduarda Runa
opõe-se à decisão do marido, apesar de Afonso lhe provar que se tratava de um Colégio Católico e que lá teria todas as condições
para ter uma boa educação.
    M.ª Eduarda manda então vir de Lisboa o Padre Vasques, que lhe dava uma educação demasiado tradicional e centrada na
Religião.
    Visto que a mulher estava a adoecer, Afonso não se atrevia a contrariá-la. 
    A partir destes elementos, podemos verificar que a educação de Pedro é uma das causas para as suas atitudes de ingenuidade e
medo que toma enquanto adulto, e que culminam no suicídio (demonstração de fraqueza).
Jantar no Hotel Central – discussão literária
Sobre o Realismo/Naturalismo:
Sobre o Romantismo
Personificado em “Alencar, o patriota antigo”.

Os Maias
Primeiro Capítulo
Os Maias mudaram-se para uma casa em Lisboa no Outono de 1875. Esta casa era conhecida por todos
como o Ramalhete.
Passaram-se alguns anos, e o Ramalhete encontrava-se desabitado. Em 1858 o senhor Buccarini decidiu ir
visitar a casa com o objetivo de instalar lá a Nunciatura, contudo, a renda que foi pedida pelo procurador dos
Maias, o senhor Vilaça, era demasiado alta e por isso Buccarini desistiu.
Por estas alturas, foi comprada outra casa dos Maias: a Tojeira. Poucas pessoas ainda se lembravam desta
família, mas quem se lembrava sabia que esta família vivia na sua Quinta de Santa Olávia, nas margens do Douro.
Os Maias eram uma antiga família da Beira, nunca foram muito numerosos, sem colaterais, sem
parentelas. No entanto, a família agora estava reduzida a somente duas pessoas: o senhor da casa, um senhor
idoso, chamado Afonso da Maia e o seu neto Carlos que estava a estudar medicina em Coimbra.
O resultado era que os Maias, tendo o Ramalhete inabitável, não possuíam casa em Lisboa; e Afonso
nesta idade adorava o sossego de Santa Olávia, mas o seu neto, Carlos, depois de formado não iria querer viver
na quinta. Com esta situação, Afonso pediu um conselho a Vilaça e este mesmo disse-lhe que deveria habitar o
Ramalhete, apesar de necessitar de imensas obras, era isso que o senhor Afonso tinha de fazer.
Depois das obras necessárias, Afonso decidiu mudar-se em 1875 para o Ramalhete enquanto o seu neto,
Carlos, se encontrava numa viagem pela europa. Afonso não queria viver mais afastado do seu neto, e Carlos
com uma carreira ativa deveria habitar o Ramalhete.
Afonso era baixo, maciço, de ombros quadrados e fortes, com uma cara larga, pele corada quase
vermelha, o cabelo branco, e a barba de neve aguda e longa.

Caetano da Maia, pai de Afonso, era um português que tinha um ódio imenso ao Jacobino, a quem
atribuía todos os males, os do país e os seus, desde a perda das colónias até às crises da gota.
Afonso partiu para Inglaterra mas pouco depois teve de voltar a lisboa uma vez que seu pai, Caetano da
Maia, morreu de súbito. Foi então que conheceu D. Maria Eduarda Runa, filha do conde de Runa. Era morena,
linda, mimosa, e um pouco adoentada. No fim do luto casou com ela e teve um filho, Pedro.
Alguns tempos depois a sua mãe morre de apoplexia em Benfica.
Mas, Afonso sentia que a sua mulher, Maria Eduarda, não era feliz. Andava triste com saudades do seu
país, da família, das igrejas. Era uma verdadeira lisboeta, pequena e morena.
Afonso odiava tudo o que era inglês e por isso jamais consentiria que seu filho, Pedro fosse estudar para
o colégio de Richmond.
Com o passar do tempo, a tristeza de Maria Eduarda ia aumento, sentia demasiada falta da sua casa em
Benfica. E para aumentar a tristeza de Maria Eduarda e da sua família, a tia Fanny morreu de pneumonia, em
Março. Maria Eduarda adorava a tia Fanny por ela ser irlandesa e católica. Para a distrair deste triste
acontecimento, Afonso, seu marido, levou-a a Itália, mas nem assim a senhora animou, continua a querer ir para
Lisboa.
Afonso queria mandar o seu filho para Coimbra, mas quando a sua mulher soube da notícia implorou para
que não o fizesse pois não queria estar afastada da pessoa que mais amava, e naturalmente o seu esposo cedeu.
O filho de Afonso e Maria, Pedro, era muito esperto e valente. Quando a mãe morreu, o rapaz entrou
quase em loucura. Passaram muitos meses depois da morte de Maria e Afonso começava a desesperar por ver o
filho em tamanha tristeza e a visitar todos os dias o corpo da falecida mãe.
É então que Afonso descobre, através de um avô da sua falecida esposa que Pedro anda a encontrar-se
com uma mulher e que a amava perdidamente, uma Monforte. O pai da rapariga era dos Açores. Esta rapariga
chamava-se Maria Monforte. Pedro estava tão apaixonado que escrevia a Maria todos os dias duas cartas em seis
folhas cheios de poemas. Vilaça, administrador dos Vilaça, decidiu contar a notícia da paixão da paixão de Pedro
a Afonso, e o seu pai, odiava a família Monforte e chegou a dizer que Maria até para amante era má.
No verão, Pedro partiu para Sintra; Afonso soube que a família de Maria Monforte tinha comprado uma
casa lá. Alguns dias depois, Vilaça apareceu no Ramalhete muito preocupado pouco no dia anterior Pedro tinha
passado no cartório e pediu-lhe informações sobre propriedades e sobre o meio de levantar dinheiro.
Passou o outono e chegou o inverno. Pedro foi ter com o pai e pediu a este para casar com Maria
Monforte, e o pai, insatisfeito disse ao filho que nunca lhe tinha falado sobre ela e que ela era filha de um
assassino, de um negreiro. Para Afonso o facto de Pedro casar com Maria era uma vergonha, mas não foi isso
que ia impedir de Pedro casar com a sua amada. Dois dias depois desta situação, Vilaça foi a correr contar o que
se tinha passado nessa madrugada: Pedro tinha casado e ia partir para Itália com a noiva. E a partir desta
situação, nunca mais se falou no Pedro da Maia.
Os Maias
Segundo Capitulo

Pedro e Maria iam viajando por Itália de cidade em cidade. Tencionavam passar o inverno neste país, e assim
foi. Contudo, passados alguns dias de estarem em Roma, Maria sentiu um enorme desejo de ir para Paris, e lá foram
para França.
Ao chegar a Paris, ainda se sentia o cheiro a pólvora pelas ruas onde ainda estava presente uma guerra e isto
não agradou Maria, mas apesar de Maria não gostar, ela e o seu marido ainda aguentaram Paris até à Primavera.
Mas, apesar de a guerra ter acabado, começaram a ouvir-se remores de uma revolução, e isso fez com que o casal
tivesse que deixar Paris. Contudo, antes de partir, Maria insistiu para que o seu marido escrevesse uma carta a seu
pai, Afonso. O facto de, ao início, Afonso da Maia não aceitar a relação que Pedro e Maria tinham, e de não aprovar
o casamento, desesperava-a. Maria odiava o velho Afonso, e por isso, apressou o casamento e planeou a tal partida
para Itália. Porém, agora que o casal ia voltar à capital, era necessário a reconciliação. Esta carta era tal como Maria
tinha pedido, tinha de ser bonita; foi referido que se Maria desse à luz um menino que lhe iria por o nome do velho
Afonso e que Maria já o adorava. Pedro escreveu esta carta comovido com o facto de vir a ter um filho.
O casal desembarcou rumo a Benfica. Mas, o que não sabiam era que Afonso tinha partido para Santa Olávia
dois dias antes, e isto magoou Pedro. E foi com esta situação que a relação entre pai e filho acabou.
Quando Maria deu à luz, (nasceu uma menina) Pedro não escreveu ao seu pai a contar ao seu pai, e até
chegou a dizer a Vilaça que já não tinha pai.
Com o passar do tempo, Afonso da Maia ia caindo cada vez mais no esquecimento em Santa Olávia. Apenas
Pedro por vezes perguntava a Vilaça como é que o seu pai ia.
Mas, Maria teve outro filho, um menino desta vez. Pedro pensou em dirigir-se para santa Olávia, mas Maria
tinha um plano melhor: segundo as informações de Vilaça, Afonso iria voltar a Benfica dentro de pouco tempo, e
quando ele voltasse, Maria pegava no bebé e iria ter com Afonso, todo vestida de preto, e sem mais nem menos, iria
atirar-se para seus pés a pedir bênção para o seu neto, e Maria, tinha a certeza de que este plano era quase infalível.
Para acalmar Afonso da Maia, Pedro quis dar o nome do seu pai a este bebé, mas Maria não permitiu.
Andava a ler uma novela onde existia um Carlos Eduardo, e é este nome que queria dar ao pequeno: Carlos Eduardo
da Maia.
Vilaça informa Pedro que seu pai era esperado em Benfica no dia seguinte, e Pedro, penso de imediato em
avisar para Maria para fazerem o tão esperado espetáculo que tinham planeado, contudo, esta recusou. Conforme o
tempo ia passando mais Pedro ia insistindo na ideia de ir ter com o seu pai, mas, Maria, recusava sempre e dizia para
esperar mais algum tempo.
Numa tarde de Dezembro, Afonso da Maia estava a ler calmamente, quando, de repente, a porta do
escritório abre violentamente e o velho vê o seu filho. Pedro não estava normal, estava todo desarranjado e o seu
olhar refletia uma certa loucura. Mal Afonso se levantou, o seu filho caiu-lhe nos braços a chorar como se o mundo
fosse acabar. É então, passado uns minutos, que pedro diz o sucedido. Ele esteve dois dias fora de Lisboa, e voltei
nessa manhã, mas, Maria tinha fugido de casa com um italiano e tinha levado consigo a bebé, deixando o seu filho,
Carlos Eduardo, com a governanta. Quando Pedro chegou a casa encontrou uma carta a dar todas as informações
que Pedro necessitava de saber.
Com tantas desgraças, Pedro necessitava de espairecer. Como sempre sonhou em ir a América, acho que o
momento era o indicado.
Certa noite, Afonso acorda assustado com o som de um tiro que se ouviu em toda a casa. Levantou-se de
imediato e ele, com a ajuda de um criado com uma lanterna, tentaram descobrir de onde vinha tal tiro, quando,
viram a porta do quarto de Pedro, ainda entreaberto, vinha um cheiro a pólvora, e perto da cama podia ver-se uma
poça de sangue que ensopava o tapete, foi então que Afonso, encontrou o seu querido filho, no chão, morto, com
uma pistola na mão. Em cima da secretária encontrava-se uma carta que dizia com letras bem visíveis: “Para papá”.
Passados alguns dias a casa de Benfica foi fechada e Afonso e o seu neto Carlos partiram para Santa Olávia
com todos os criados.
Vilaça espalhou por Lisboa que o pobre Afonso não iria durar muito mais de um ano.
Os Maias
Capítulo 3

Ao contrário do que Vilaça tinha previsto, (que Afonso da Maia não ia durar mais que um ano) o velho
Afonso durou mais um ano e muitos mais.
Nas vésperas da Páscoa, em Abril, Vilaça chega de novo a Santa Olávia pela manhã. E por espanto de Vilaça,
Afonso estava completamente diferente, ao contrário de há uns anos passados, Afonso era feliz.
A verdade é que já tinham passado alguns anos desde a última vez que Vilaça tinha ido a Santa Olávia e o
velho Afonso e o seu neto, Carlos, não estavam sozinhos em casa. A senhora viscondessa que era prima da falecida
mulher de Afonso (era um Runa), quando ficou viúva e pobre, Afonso deu-lhe teto; um novo mordomo: o Teixeira;
um abade: o Custódio.
Vilaça nunca tinha visto Afonso da Maia assim, tão alegre, e toda esta alegria devia-se ao menino, ao seu
neto, Carlos, foi esta criança que fez reviver Afonso da Maia e fez reviver a casa.
Certo dia, o administrador insinuou que Carlos era apenas uma criança mimada e que era ele que governava
a casa, contudo, Teixeira, teve de intervir para emendar o que o administrador tinha dito. Segundo Teixeira, a
criança tem sofrido bastante, a educação que está a ter é muito rígida e severa, em casa, até já se chegou a pensar
que Afonso queria a criança morta, mas, todos sabem o amor que o velho sente pelo neto. Mas toda esta rigidez
provém de um sistema inglês ensinado pelo metre inglês: Brown. Este inglês, apesar de ser boa pessoa, ser calado,
asseado, excelente músico e aparentemente bom inglês, não era, de forma alguma, a melhor pessoa para educar um
fidalgo português. Brown, em vez de ensinar coisas uteis ao rapaz, apenas ensinava acrobacias, a remar e
habilidades de palhaço.
Um dia, Afonso da Maia, o abade Custódio e Vilaça, chegam a casa das Silveiras que eram bastante ricas. D.
Ana Silveira era a mais velha e solteira; D. Eugénia tinha dois filhos: Teresa (que era conhecida por ser a “noiva” de
Carlos) e Eusébio. As Silveiras andam sempre acompanhadas pelo seu amigo fiel, um doutor delegado que há 5 anos
andava a pensar em casa com D. Eugénia, contudo, o casamento foi adiado.
D. Ana nunca gostou de ver a sua sobrinha, Teresa, perto de Carlos, sempre que achou que ele fazia coisas
indecentes, como tocar-lhe no vestido e coisas desse género. Mas a pobre rapariga apenas gostava de abraçá-lo no
quinta.
Um facto é que, para a idade que tinha, Carlos começava a ficar atrasado, (apesar de ser inteligente) ele
apenas sabia falar um pouco de inglês e fazer umas habilidades que não lhe dariam qualquer futuro.
Uns meses antes, houve uma procissão em que o Eusébio se vestiu de anjo, e a sua mãe mais a sua tia, como
boas pessoas que são, decidiram vir mostra-lo à viscondessa, contudo, esqueceram-se dos rapazes (Carlos e Eusébio)
por uns segundos e passados uns minutos, Eusébio apareceu na sala, todo mal-arranjado, rasgado e magoado… tinha
sido Carlos que lhe tinha dado uma valente sova por que odiava anjos, e a partir desse dia, sempre que o Eusébio
aparece em casa dos Maias Afonso treme de medo.
Vilaça conta que Maria Monforte (mulher de Pedro), foi vista por Alencar em Paris, e ele chegou a estar em
casa dela. Já tinham passado imensos anos desde que o nome de Maria fora mencionado, e no início desta situação,
o único desejo de Afonso era recuperar a sua neta, mas aos poucos, foi esquecendo o nome dessa mulher e a sua
nota. Segundo Alencar Maria agora era prostituta. O seu amante morreu num duelo e o seu pai também morreu,
deixando uma herança muito reduzida. Depois de tudo, voltou para paris (após ter viajado um pouco por todo o
mundo) com Mr. De l’Estorade. Mas apesar de saber onde Maria estava, a única coisa que interessava realmente era
a sua neta, porém, quando perguntou se havia notícias da sua neta, Vilaça respondeu que desconfiava que ela estava
morta, caso contrário, Maria já tinha vindo bater à porta de Afonso a pedir ajuda.
No dia a seguir, Vilaça parte para Lisboa. E duas semanas depois desta partida, Afonso recebe uma carta do
administrador a dizer que no boudoir de Maria existia um retracto de uma criança, de uma menina, mas que em
volta desse retracto estava uma coroa de flores, conseguia-se entender que aquela menina já tinha falecido. Alencar
perguntou a Maria quem era a menina do quadro e ela responde que era a sua falecida filha, que havia morrido em
Londres.
Após alguma troca de cartas entre Vilaça e Afonso, o administrador manda uma última carta a dizer que dali
a uns tempos, era possível que Vilaça necessitasse de hospitalidade por parte de Afonso da Maia. Esta ultima carta
fora recebida a um domingo em Santa Olávia. Todavia, dois dias depois, foi recebido um telegrama a anunciar a
morte do pai de Vilaça. Nos dias que se seguiram, Vilaça esteve num sofrimento constante até que começou a sentir-
se muito mal, falta de ar, tonturas, etc. até que cai no chão desamparado e ali fica, morto. Esta morte abala por
completo Santa Olávia.

Numa manhã de julho, em Coimbra, Carlos tinha feito o seu primeiro exame que lhe daria acesso à
universidade, foi uma explosão de alegria naquele momento.

Os Maias
Capítulo IV

Finalmente Carlos ia-se formar em medicina.


A vocação de Carlos para a medicina surgiu quando ele era muito mais novo, num dia em que ele
descobriu no sótão, entre coisas velhas, umas estampas anatómicas. Passou o dia de volta das tais estampas e
foi nesse momento que a curiosidade pela medicina de Carlos surgiu. Apesar desta paixão pela medicina, todos
familiares mas próximos e amigos, sempre acharam que este rapaz ia seguir direito. No entanto, apesar de Carlos
adorar medicina, esta paixão não era muito aprovada pelas pessoas (amigos mais próximos) de Santa Olávia, as
mulheres, principalmente, achavam um desperdício este rapaz tão bonito, charmoso, seguir para um profissão
em que tivesse que mexer em cadáveres e sangue. Respondendo a esta indignação das pessoas, Afonso diz que
educou o seu neto para ser bem-sucedido e não educou um Zé-ninguém, disse até que educou o neto para ser
útil para o país. Sendo esta uma época em que ficar doente era já um hábito, segundo Afonso, o “maior serviço
patriótico” é saber curar.
Depois, Carlos Eduardo, parte para a sua viagem pela europa. No outono de 1875, quando Carlos
regressa, o seu avô perguntou o que pretendia fazer agora que já tinha o seu curso tirado e já podia finalmente
exercer, o rapaz responde que primeiro que descansar um pouco e depois, passar à ação!
Carlos não queria unicamente “fazer clinica”, é certo que queria dar consultas, e até podia dá-las de graça
por caridade. O rapaz queria também exercer a parte de laboratório, e por isso, decidiu abrir uma clinica e um
laboratório.

Os Maias
Capítulo V
Em falta

Os maias
Capítulo VI

Carlos e Ega estavam juntos quando um coupé chegou, dele saiu um homem que Ega conheceu de imediato, era o Sr.
Dâmaso Salcede que tinha acabado de chegar de Paris. Entraram no café para beber um copo e passados alguns minutos entra
“o poeta”: Tomás de Alencar. Apesar de Carlos não conhecer o tal poeta, apenas conhecia o nome dele, não era a primeira vez
que Alencar via Carlos, na verdade, Alencar fora a primeira pessoa a ver Carlos assim que este nasceu, e a partir daí desenrolou-
se uma história: Pedro da Maia (pai de Pedro) queria chamar Carlos, Afonso, mas a mãe teimou que tinha de ser Carlos
justamente por causa de um romance que o próprio Alencar lhe tinha emprestado que falava de um príncipe Carlos Eduardo e,
Alencar apoiou a mãe de Carlos, dizendo que Carlos Eduardo era o nome ideal.
Dâmaso Salcede era um grande admirador de Carlos e queria conhecê-lo há imenso tempo, e nessa tarde ia jantar com
Carlos, o que deixou o homem bastante nervoso.
Alencar tinha uma paixão platónica por Raquel Cohen.
Alencar afirmava que já passou por muito na sua vida. Disse que a todos os ricos/ministros ele emprestou dinheiro e
deu teto, porém, agora que eles são alguém não retribuem o favor ao poeta.
Sempre que Carlos e Tomás de Alencar falavam, o poeta evitava a todo o custo mencionar “Maria Monforte”, porém,
Carlos entendeu o quão difícil era para Alencar não mencionar o nome da mãe de Carlos, e por isso este disse que o poeta podia
falar à vontade da mãe que não fazia mal.
Carlos cresceu sem qualquer ligação com os pais uma vez que quando nasceu quase não conheceu a sua mãe e quanto
ao pai, suicidou-se quando era muito pequeno, portanto, o avô, Pedro da Maia representa para Carlos, os seus pais.

Os Maias
Capítulo VII

No Ramalhete, já era comum a presença de Craft, ele e Carlos tinham muitas coisas semelhantes. E gostavam
bastante dele porque se fosse por vontade de Afonso, Craft jantava sempre lá em casa.
Ultimamente Carlos saía pouco de casa, para além de andar ocupado a escrever um livro, a sua profissão enquanto
médico não deu grandes frutos, dizia-se que Carlos fazia experiências mortais nos seus pacientes.
Um dia, Carlos convida o Senhor Salcede para jantar no Ramalhete, este prometeu que não iria faltar mas, para
espanto de todos, faltou. Todos acharam estranho esta falta, Dâmaso dava tudo para jantar só mais uma vez com o seu
ídolo, Carlos. Andou desaparecido mais de uma semana até que um dia Carlos decide passar por casa dele, quando lá chegou
encontrou o seu criado afirmou que o seu senhor estava em ótimo estado que não era motivo para preocupações, mas
Carlos não se conformou com aquela resposta e decidiu ir perguntar ao seu tio Abraão mas ele também não o via há dias, e
por isso decidiu passar pelo Grémio mas aí também ninguém o tinha visto ultimamente e aí entendeu que devia parar de
procurar.
Afonso da Maia fez uma oferta comovente a Carlos: ofereceu Santa Olávia para passar umas pequenas férias mas,
infelizmente, Carlos não podia aceitar. A europa estava a atravessar uma fase bastante complicada e ele não podia tirar
simplesmente umas férias.
Certo dia, Carlos viu uma mulher lindíssima no fundo da rua, ele pensou para ele mesmo que achava que era um
anjo, uma deusa, porém, ele não conseguiu ver muito, principalmente a sua cara. Depois desse acontecimento, Carlos não
deixou de pensar naquele anjo que tinha visto e durante 3 dias seguidos ia sempre por volta da mesma hora ao mesmo sítio
ver se encontrava a tal mulher, mas sem resultados.
Nessa semana, quando Carlos estava a sair do consultório, chega uma mulher toda vestida de preto com um véu
preto a tapar a cara, acompanhada de um rapaz pequeno igualmente de preto. Veio ver o que se passava com o seu filho,
Charlie, sem nunca levantar o véu. No fim da consulta, depois de Carlos assegurar que o pequeno não tinha qualquer
problema, quase que pareciam uma família, o médico agarrava no pequeno de forma paternal e a mulher de preto e Carlos
trocavam palavras e sorrisos.
Depois de ter saído do consultório, ia a descer a Rua Nova do Almada, quando para seu espanto vê Dâmaso, que por
acaso reparou em Carlos e estava a chama-lo. Assim que se encontram, Dâmaso muito exaltado diz que a sua vida tem
andado numa confusão, que agora, anda num romance.
Quando Carlos falou com Taveira sobre o assunto, este diz que a família da mulher por quem Damaso anda doido, é
brasileira, são os Castro Gomes.

Os Maias
Capítulo VIII

Um dia, às 8 da manhã, Carlos parava em frente ao portão da casa de Cruges, porém, um trintanário veio
dizer-lhe que o senhor já não morava ali. A criada aconselhou Carlos a ir à Rua de S. Francisco pois era lá que o Sr.
agora morava. Quando chegou à atual morada de Cruges, Carlos teve de esperar algum tempo até que por fim, desceu
o senhor Cruges, bastante apressado. E assim, estavam prontos para seguir viagem a Sintra.
Apesar de não ter dito nada a Cruges, o verdadeiro motivo que trazia Carlos a Sintra era o facto de não ver a
sua “deusa” há mais de duas semanas, e por isso supunha que ela estava em Sintra.
Alencar, o poeta, conhecia Cruges desde pequeno, por isso para Alencar ele era como um filho.
Tinham uma grande paixão por Sintra, dizendo até: “tudo em Sintra é divino.”.
Carlos perguntou se alguém sabia se a família da “sua brasileira” tinha ido para a Pena, um dos homens que
estava presente afirmou imediatamente que tinha ido para lá há pouco tempo, porém, o outro, negou dizendo que a tal
família foi para um palácio não muito longe dali.
Afinal os Castro Gomes não tinham ido para o tal palácio, na verdade, eles mais o Sr. Salcede partiram para
mafra no dia anterior. E, neste momento, Sintra perdeu (para Carlos) todo o encanto.
Passavam duas semanas desde que recebeu essa notícia e andava perdido pelo Aterro a procurar perdidamente
a sua “deusa”. Chegou-lhe aos ouvidos que a “sua” senhora estava em Sintra e este correu até Sintra mais não a
encontrou. Foi então, que num dia, eles cruzaram-se no Aterro. Contudo, depois desse momento, nunca mais a viu
outra vez mas os outros sim.
Os Maias
Capítulo IX

Certo dia, Afonso da Maia aparece com uma carta na mão para Carlos. Esta tal carta cheirava a verbena, o
cheiro da condensa Gouvarinho, e era um convite do conde para um jantar no Sábado seguinte.
Dâmaso chega ao Ramalhete extremamente apressado a correr, e sem dar tempo a Carlos para o
cumprimentar, Dâmaso começa por dizer que há um doente, um doente da tal família brasileira. Porém não era a
madame, era a filha de 6 anos que esteve quase a morrer.
De vez em quando Dâmaso ia visitar a casa dos brasileiros para ver como é que as coisas estavam uma vez
que a família foi para Queluz e deixou a pequena com a governanta, Miss Sara. Depois de almoço a criança sentiu
uma dor, e a governanta queria um médico inglês porque era a única língua que esta falava, apesar de procurarem o
médico inglês, Smith, não o encontraram (enquanto a miúda quase que morria), felizmente Dâmaso chegou nessa
altura e lembrou-se de imediato de Carlos. Depois de chegar à pequena e fazer um pequeno exame, Carlos conseguiu
tranquilizar Miss Sara, a pequena rosa/rosicler estava bem de saúde, apenas necessitava de algum descanso e se a dor
voltasse era necessário um exame mais rigoroso. Rosa e Carlos entenderam-se muito bem, tanto que a pequena queria
que ele voltasse.
Para sorte de Carlos, o marido da sua “deusa” ia para o brasil durante dois ou três meses tratar de negócios e a
senhora ficava cá sozinha com a pequena rosa.
Alguns dias depois, Dâmaso informa Carlos de que o Castro Gomes está doente e de cama, e por Carlos ter
visto a pequena rosa, é chamado também para ir ver como está o velho Castro Gomes. No dia a seguir Carlos não saiu
de casa à espera de um recado, e não chegou nada. Dois dias depois a caminho do Aterro, viu o Castro Gomes e a
mulher (mais a cadelinha ao colo) na varanda e foi aí que Carlos decidiu pedir a Dâmaso para este o apresentar a
Castro Gomes.
Para azar de Carlos, o marido da sua amada já não ia para o brasil, ficava no hotel central até perto do verão.
Carlos ia aproveitar para falar com Dâmaso sobre a sua apresentação, mas algo fez com que este achasse que era mau
ser apresentado por ele aos Castro Gomes. Mais tarde surgiu uma oportunidade de Carlos conhecer os brasileiros,
quando Castro Gomes quis oferecer algo a Carlos pelo cuidado com rosa, era óbvio que se iam conhecer sem a ajuda
de Dâmaso.
O tal jantar (num sábado em casa dos Gouvarinho) chegou, e no fim do jantar Carlos começou a ficar bastante
intimo da condensa Gouvarinho, acabando por darem um beijo no final.

Os maias
Capítulo X

Durante três semanas, Carlos e a Condessa Gouvarinho viviam um romance; tinham-se encontrado várias
vezes numa casa da tia, Miss Jones, da condessa na Rua de Santa Isabel uma vez que a tia fora para o Porto e a casa
estava livre e a condessa tinha a obrigação de cuidar do gato.
Apesar de todo este romance vivido entre estes os dois, Carlos começava a sentir-se “farto” da condessa
devido às atitudes desta. A condessa queria entrar na vida de Carlos a todo o custo. Ela até planeou fugir com o
médico para “viver num sonho eterno de amor lírico”, mas era óbvio que Carlos não queria nada disto.
Num domingo, começavam as corridas de cavalos (que toda a gente adorava) e Carlos tinha a certeza absoluta
de que “ela”, a Castro Gomes, estaria lá, finalmente Carlos ia conhece-la! Durante as três semanas de romance com a
Gouvarinho viu a sua “deusa” duas vezes, e isto levou a que, mais do que nunca, Carlos quisesse ser apresentado aos
Castro Gomes, Dâmaso não conseguia apoiar isto, relembrando a Carlos o que o Castro Gomes fez no outro dia
(Castro Gomes disse que passava pelo Ramalhete e no fim não passou sem avisar. Carlos insistiu que queria ser
apresentado a eles e no fim, ambos concordaram esperar pelo fim das corridas.
Perto do Grémio estava um carro e um trintanário à porta, Carlos olhou e reconheceu de imediato uma das
pessoas: era a pequena Rosa/Rosicler; olhou com mais atenção e reconheceu a sua “deusa”.
Não esquecendo quem tinha acabado de ver, Carlos teve a brilhante ideia para conhecer os brasileiros antes
das corridas. Dâmaso podia levar o Castro Gomes para este observar a coleção de Craft onde estaria Carlos para o
convidar para almoçar no Ramalhete e assim, antes das corridas, já se conheciam.
Reverendo Bonifácio era o gato de Afonso.
Assim que Carlos viu Dâmaso, contou-lhe logo o brilhante plano. Dâmaso concordou e apoiou Carlos.
Enquanto Craft e Dâmaso andam a mostrar as curiosidades e a falar das corridas, Carlos andava a passear com a
madame pela quinta. Convencido de que aceitavam logo, Dâmaso afirma que no dia seguinte ia falar com os Castro
Gomes.
No domingo a seguir, às duas horas, Carlos e Craft pararam no largo de Belém. Era um dia quente.
Passou uma semana deste que Carlos e Dâmaso combinaram o tal plano, porém, desde aí, a semana estava a
ser desastrosa. Dâmaso desapareceu sem ter revelado qual era a resposta dos brasileiros, naturalmente que o plano não
foi posto em prática; ainda não conhecia a madame nem nunca mais a viu nem a esperava ver nas corridas.
O maior desejo de Carlos neste momento, era encontrar Dâmaso e saber o que se passou.
Ao dobrar a esquina da tribuna, viu Craft, que o apresentou ao famoso atleta Clifford.
Fazia algum tempo que Carlos não se encontrava com a condessa, e um dia, encontraram, por acaso. A
Gouvarinho diz que tem de ir ao Porto ter com o pai uma vez que este não a vê há dois anos, e então ia aproveitar que
o aniversário dele estava a chegar para ir ter com ele. O conde não ia. E, após algum silêncio, ela pergunta a Carlos se
ele queria com ela, mas, nesse momento Teles da Gama aproxima-se deles e começa a falar sobre apostas das corridas
e etc. e a ele juntaram-se mais pessoas. Ao ver a condessa rodeada de pessoas, Carlos afastou-se. Passado algum
tempo esta já estava disponível novamente, e começou a falar sobre o plano que fez cuidadosamente sobre a viagem
dos dois ao Porto. Ia segunda à noite para o Porto apenas com a criada num compartimento privado, e Carlos
apanhava o mesmo comboio mas noutro compartimento. Ambos saíam em Santarém e iam passar a noite a um hotel,
no dia seguinte ela seguia para o Porto e ele voltava para Lisboa. Carlos não concordou plenamente com este plano
uma vez que tinha a certeza de que iriam ser reconhecidos.
Finalmente Carlos conseguia encontrar Dâmaso e quando começou a falar sobre o tal plano, Dâmaso disse-lhe
que havia uma grande novidade: o Castro Gomes partiu para o Brasil sozinho e a madame ficava cá sozinha durante
três meses. E o melhor de tudo era que morava no mesmo prédio do seu amigo Cruges.
Agora que tinha a certeza que a Castro Gomes estava mesmo em Lisboa, e no mesmo prédio que Cruges,
crescia na sua imaginação a possibilidade de um encontro, troca de palavras… e de repente veio-lhe uma vontade
imensa de ir ter com Cruges.
Quando desceu à realidade, foi falar com a Condessa sobre o plano ridículo que esta teve, dizendo-lhe tudo o
que achava sobre o plano e no fim a Gouvarinho propôs acabarem tudo, ela partia para o Porto e tudo acabava. Depois
de ouvir tudo o que a condessa lhe disse, Carlos ficou indeciso até que no fim aceitou.
Carlos recebeu uma carta, de um doente, porém, esta carta era particularmente especial uma vez que começava
com: “Madame Castro Gomes…” e ela estava a pedir para este ir lá a casa examinar “uma pessoa de família”. Tinha a
certeza de que não era ela ou Rosa a doente.

Os maias
Capitulo XI

Na manhã a seguir à carta, Carlos acordou cedo e foi a pé até à Rua de S. Francisco (a casa da Madame
Gomes). Quando chegou, ficou à espera do criado, Domingos, para lhe abrir o portão. Sr. Domingos já tinha
trabalhado para Carlos (como criado também) mas despediu-se devido a uns desentendimentos com o cozinheiro
francês do Ramalhete.
Maria Eduarda era o nome da sua “deusa”, era a primeira vez que ouvia o seu nome.
Disseram-lhe que era a governanta, Miss Sara que estava doente. E depois de uma pequena conversa com
Maria Eduarda, ele entendeu que ela estava a agradecer-lhe indiretamente pelos cuidados que ele tinha tido com Rosa.
Niniche era o nome da cadela de Maria.
Depois de examinar a governanta, Carlos chegou à conclusão que ela tem uma bronquite ligeira e teria de ficar
quinze dias de cama.
Conversaram mais um pouco e, ao contrário do que Carlos pensava e do que era dito, Maria Eduarda e a sua
família não eram brasileiros, eram portugueses!
Agora com a governanta doente, era necessário que Carlos fosse lá a casa todos os dias.
Quando chegou ao Ramalhete, tinha uma carta para si da Gouvarinho. Quase já nem se lembrava dela depois
da última conversa que tiveram. Era no comboio dessa noite que era suposto eles embarcarem para Santarém, e Carlos
prometeu que ia, mas com tudo o que se passou agora, com Maria Eduarda e tudo mais, Carlos não queria mesmo ir,
por isso, apesar de não lhe apetecer nada ir para a estação de Santa Apolónia, lá teve de ser, tinha de ir para dizer uma
desculpa qualquer à condessa para que ele não fosse.
Ao chegar a Santa Apolónia, encontrou Dâmaso vestido de preto, estava obviamente de luto, morreu o seu tio
Guimarães de Penafiel. Assim que Dâmaso avisou Carlos que os Gouvarinho estavam mais adiante, este teve uma
desculpa brilhante: ter que acompanhar Dâmaso a Penafiel devido à morte do seu tio.
Durante semanas Carlos e Maria tinham pelo menos uma hora para falarem, tanto que se tornaram mais
íntimos.
Os Maias
Capítulo XII

No sábado, quando Carlos regressava ao Ramalhete vindo da Rua de S. Francisco, encontra Ega no seu
quarto com um aspeto desleixado. Ega queria que ninguém soubesse da sua vinda ao Ramalhete, pois vinha a Lisboa
só por uns dias para se “tratar” (“(…) unicamente para comer bem e conversar bem.”) e esperava que Carlos o
ajudasse.
Ega disse que segunda-feira, ele e Carlos iriam jantar com os Gouvarinho. A condessa convidou, durante a
viagem de comboio, Ega para jantar e claro que não podia faltar Carlos (segundo o conde).
Quando chegou a segunda-feira, a do jantar, o tempo estava chuvoso quando eles (Ega e Carlos) iam a
caminho. Desde que a condessa chegou, Carlos só a tinha visto ainda uma vez e foi bastante desconfortável sob um
ambiente muito pesado, onde ela aproveitou para se queixar do quão secas eram as cartas de Carlos.
Ega pediu a Carlos para explicar a história da brasileira (que é portuguesa) pois ficou curioso quando Dâmaso
foi falar-lhe sobre isso. Ega contou que Dâmaso afirma que foi ele quem apresentou a mulher a Carlos e que este
aproveitou a ausência de Dâmaso para se fazer a ela. Carlos revoltou-se logo dizendo que tudo isso era mentira, a
verdade é que quando a governante adoeceu, era necessário Carlos ir examiná-la, e como precisa de cuidados, todos
os dias vai lá para ver como ela está e se precisa de alguma coisa. A Madame Gomes não suportava Dâmaso e por
isso fechava-lhe a porta.
A condessa estava um pouco desconfortável como toda a situação de Carlos com os Castro Gomes, mas
Carlos, apesar de tudo, assegurou-lhe que não se passava nada entre eles. E após uma longa conversa, a condessa e
Carlos fizeram (mais ou menos) as pazes.
Numa tarde, pelas 5 horas, Carlos atrasou-se em casa da tia da condessa devido aos beijos infinitos que esta
lhe dava, ele já devia estar a caminho da casa da Madame. Quando finalmente conseguiu escapar dos braços da
condessa, foi de imediato para a Rua de S. Francisco e quando chega à casa da Gomes, a madame “cai-lhe em cima”
dizendo que é inaceitável fazê-la esperar, ela já pensava que ele os tinha abandonado. Carlos ficou preocupado pois
pensava que miss Sara estava pior, mas, quando Maria Eduarda diz o porquê de estar tão chateada Carlos não
esconde o sorriso, toda aquela exaltação foi porque ela sentia falta de Carlos e das suas conversas “de rotina”.
Maria necessitava de sair daquela casa, ir para o campo talvez, e então, perguntou a Carlos se ele conhecia
alguma casa. Ele lembrou-se imediatamente da casa de Craft, nos olivais, o melhor de tudo é que Craft queria ver-se
livre da casa. Contudo, apesar da casa ser perfeita, ela não queria que as visitas diárias de Carlos acabassem.
Após a troca de algumas frases românticas inesperadas entre os dois, quando deram por si estavam a dar um
beijo. Depois do sucedido Carlos afirma que um amor como o deles não pode viver nas condições que vivem, só
havia uma solução: fugir.
No dia seguinte, após uma semana de Craft não aparecer no Ramalhete, estava a passear no seu jardim
quando aparece Carlos, onde aproveitou para perguntar a Craft se lhe vendia tudo aquilo (jardim, casa, etc.), e o
outro, sem hesitar, afirma que tudo aquilo está à sua disposição e ali ficou feita a negociação.
Assim que saiu dos olivais, foi a correr para a Rua de S. Francisco para contar as novidades à sua querida
Maria. Quando lhe contou, esta ficou surpresa, desconfiada, sem saber o que dizer.

Afonso aprovou a nova aquisição do seu neto, porém, Ega não ficara muito satisfeito. Antes Carlos contava-
lhe tudo, todas as suas aventuras e etc. mas agora, com Maria Eduarda, Carlos não contava nada o que chateava Ega.
Todavia havia uma diferença entre Maria e as outras mulheres (as “outras aventuras”), é que Maria não era uma
mera aventura, era uma verdadeira paixão. Mas Carlos ao ver que Ega estava realmente chateado, entendeu que
não estava a ser justo com o seu amigo de longa data e por isso decidiu contar toda a história desde a primeira vez
que a viu.

Os Maias
Capítulo XIII

Carlos tinha almoçado mais cedo do que o habitual, e quando já estava preparado para sair, chegou-lhe a
noticia de que Ega necessitava de falar com ele desesperadamente e por isso era pedido a Carlos que esperasse. Já
tocava para as dez horas e Ega não descia, Carlos estava já muito impaciente. Mas nesse momento, chegou uma
carta da Gouvarinho para ele. No preciso momento em que acabara de ler a tal carta, Ega descia um pouco mal-
arranjado ainda. Mas antes de Ega contar o que se passava, Carlos pediu-lhe para ler primeiro a carta da Gouvarinho.
A tal carta era basicamente uma queixa da condessa devido ao comportamento de Carlos. Carlos faltou a
dois compromissos com a condessa em casa da tia sem dizer uma única palavra. E por isso, para discutir esta
situação, a condessa pedia-lhe para ele ir à rua de S. Marçal ao meio dia no domingo para resolver os problemas e
para Carlos explicar toda esta situação. Ega afirmara que esta era a altura perfeita para meter fim à “relação” deles e
Carlos concordou.
Finalmente Ega pode contar aquilo que Carlos tinha de saber urgentemente. Dâmaso, andava a falar mal de
Carlos e Maria a toda a gente possível, corriam boatos sobre eles, fazendo o “casal” passar má figura, um dos boatos
era o facto de a Madame estar com Carlos apenas por dinheiro. Assim que ouviu isto, Carlos pensou ir
imediatamente a casa de Dâmaso “fazer justiça” mas depois pensou melhor e talvez fosse melhor continuar a passar
por Dâmaso e acenar como se nada fosse.
Eram quase 11 horas e ele tinha que ir aos olivais. No dia a seguir, no sábado, Maria Eduarda ia ver
finalmente a casa e até esse dia, ele deveria ter a casa em condições, pelo que pediu aos criados para a limparem e
darem uma arrumação.
Tudo o que tinham de saber sobre esta casa era que Carlos a comprou e arrendou a uma senhora, que ia
passar 3 meses lá (todo o verão) enquanto Carlos estava em Santa Olávia. Depois destes 3 meses, planeavam fugir
para Itália.
Quando Carlos chegou a casa da madame, ela não estava e apenas deixou um bilhete a dizer que tinha ido a
Belém com Rosa e pedia-lhe para vir à noite. Ao sair de casa, encontrou Alencar, o poeta, que não via desde as
corridas.
Mais uma vez, surgiu a tal conversa de Dâmaso e do romance de Carlos e Maria, tendo Dâmaso repetido
todas as mentiras a Alencar, o que o preocupo. Mas, para espanto de Carlos, vê Dâmaso mesmo do outro lado do
passeio, e aí não conseguiu controlar-se e teve mesmo que dizer a Dâmaso para parar com todas as mentiras ou
então Carlos teria de tomar medidas mais graves (recorrer à violência).
No dia a seguir, de manhã, era o dia em que Maria Eduarda finalmente vinha conhecer a casa de verão,
deveria chegar perto das 10 horas. Quando finalmente chegou, e depois de uma pequena visita pela casa, ela apenas
disse que era um verdadeiro paraíso. Era perfeita, mas faltava-lhe um nome, após uma pequena ponderação, Carlos
surge com uma possibilidade: Toca, e Maria Eduarda adorou.
Quando Carlos viu a Gouvarinho, não resistiu e foi bruto, e assim acabou tudo com ela.

Os Maias
Capítulo XIV
Era sábado e Afonso da Maia partia para Santa Olávia. Nesse mesmo dia, Maria, instalara-se nos Olivais.
No domingo, quando Carlos regressava ao Ramalhete ao anoitecer, Batista anunciou que Ega tinha partido
para Sintra e tinha deixado uma carta. A carta era um pouco estranha. Ega voltaria dentro de três ou quatro dias.
O Ramalhete para Carlos agora era algo triste, e então decidiu dar uma volta, e quando dá por si está perto
da R. de São Francisco perto da casa de Maria Eduarda e de Cruges. Decidiu então, subir ao andar de Cruges mas
este não estava em casa. Entrou depois no Grémio e deu de caras com Taveira que ia ao Price e Taveira acabou por
convidar Carlos para ir também. Carlos aceitou. Pelo caminho, surgiu, mais uma vez, a conversa de Dâmaso. Andava
desaparecido. Mas algo preocupava Taveira, o facto de Dâmaso ameaçar Carlos. Carlos não aguentou muito no
Price, era um local bastante desconfortável, e por isso, decidiu sair, e à saída encontrou Alencar, o poeta que ficou
pasmado por ver Carlos ali, pensava que ele estava em santa Olávia. O poeta informou que os Cohens estavam em
Sintra, e aí Carlos entendeu o porquê da partida apressada de Ega para Sintra.
Estava decidido. Carlos e Maria partiam para Itália em Outubro, uma vez que o marido da madame chegava
perto de Novembro, e por isso convinha estarem já instalados antes da chegada do marido dela. Tudo isto de ir para
Itália era muito fácil, mas havia um único problema: Afonso. Ele não iria aceitar que o seu neto, a sua família mais
próxima, fugisse com uma mulher casada e com uma filha, Carlos iria destruir uma família, Carlos iria ser semelhante
à sua mãe que fugiu com um homem deixando o seu pai, Pedro, a sofrer, causando assim o seu suicídio. Afonso não
iria mesmo aceitar isto.
Todas as manhãs, Carlos ia para os Olivais. Já era rotina. Ele, Maria e Rosa, ficavam a falar até às duas, que
era quando a pequena rosa tinha aulas de piano.
Nos primeiros tempos, Carlos e Maria eram felizes, mas à medida que o tempo ia passando, começavam a
sentir necessidade de mais intimidade. Precisavam de uma noite a sós. E assim foi, tiveram a tal noite.
Maria queria fugir já para Itália, afinal de contas, se era para irem embora, porque não iam já? Podiam ir,
claro, mas primeiro Carlos tinha de falar com Afonso.
Quando estava a regressar ao Ramalhete estava a chover.
Certo dia, quando Maria e Carlos estavam a passear nos jardins da Toca, Carlos reparou numa casinha, muito
pequena, do outro lado da estrada, mesmo em frente da Toca. Esta casa era perfeita para Carlos e pensou em aluga-
la imediatamente. Ia-lhe dar muito jeito naqueles dias em que saía da Toca a meio da madrugada. Alugou-a logo. A
partir daí, os encontros noturnos entre eles os dois tornaram-se mais frequentes.
No início de Setembro, Afonso mandou uma carta a Carlos a avisar de que Craft chegava no próximo Sábado
ao Hotel Central, e por isso, de manhã, Carlos foi logo para o Hotel para ouvir as novidades que o seu amigo trazia de
Santa Olávia. Depois de Craft mostrar o seu encanto por Santa Olávia, teve que falar de uma maneira mais séria com
Carlos. Afonso estava com um enorme desgosto devido ao facto de Carlos não ter ido visitar Santa Olávia, o velhote
estava muito magoado com o neto. Carlos, sentindo remorsos por não ter ido, afirmou que talvez fosse com Ega dali
a uma semana. Logo nesse dia, à noite, Carlos falou com Maria sobre a tal visita que deveria fazer ao avô, era por
pouco tempo (quatro dias no máximo). Nesse momento, Maria afirmou que tinha um grande desejo: visitar o
Ramalhete. Tal só era possível enquanto o velho Afonso estivesse em Santa Olávia, por isso, chegaram a um acordo:
Maria iria jantar ao Ramalhete no dia em que Carlos estivesse de partida para Santa Olávia. E assim foi.
Maria adorou o Ramalhete especialmente o jardim e o escritório de Afonso. Mesmo sem conhecer Afonso,
Maria tinha medo dele, dizia que ele tinha um ar assustador. Ao jantar, Maria reparou no retracto do pai de Carlos
(Pedro da Maia),o que lhe interessou muito, depois de examinar melhor o retracto, afirmou que Carlos e Pedro não
tinham muitas parecenças, porém, e por muito estranho que fosse, Maria achava que Carlos era bastante parecido
com a mãe dela e, ao dizer isto, Carlos achou curioso Maria nunca ter falado da sua mãe e por isso, Maria começou a
falar da mãe. Era uma senhora da ilha da Madeira e não tinha muitas posses, por isso casou na Madeira com um
austríaco. Maria nunca conhecera o pai e teve uma irmã que morreu em pequena.
No sábado seguinte, às duas horas, Carlos e Ega ainda estavam à mesa. Carlos chegara de Santa Olávia de
madrugada sozinho. Afonso quis ficar por lá até ao fim do outono.
Carlos viu o seu avô alegre e forte. O facto de Afonso estar ótimo de saúde era um alívio para Carlos, pois
agora era mais fácil a sua partida para Itália com Maria em Outubro, para além disso, Carlos encontrou um plano
simples para viver a sua vida tal como imaginava e sem magoar o avô, o plano era: Carlos ia para Madrid para
começar uma suposta viagem de estudo e Maria fica na Toca durante um mês, depois encontravam-se ambos em
Bordéus e aí começavam a sua vida em conjunto. Na primavera, Carlos voltava para Lisboa deixando maria instalada
no seu lar, e então, aos poucos, ia revelando toda esta história.
Entretanto, chega Baptista com o correio, mas na verdade não era correio, era apenas um bilhete do próprio
Baptista para Carlos afirmando que estava um homem à espera de Carlos na sala, Carlos ficou pálido e pensou logo
que era Castro Gomes. Era realmente Castro Gomes, o marido de Maria!
O assunto que trazia Joaquim Álvares de Castro Gomes ali, era muito urgente, e naquele mesmo dia, à noite,
queria partir para Madrid. Castro Gomes tirou uma carta do bolso que tinha recebido no Rio de Janeiro antes de
partir, era anónima. A tal carta, dizia que Carlos e Maria eram amantes. Carlos esperava que Castro Gomes tivesse
ido ali para lhe dar uma sova, mas, na verdade, Castro Gomes afirmou que não queria violência, apenas queria
contar algo, pois estava farto de ser conhecido por “o marido infeliz” ou “o marido que tem sido traído”, por isso,
queria deixar de ser humilhado, havia uma coisa que só Castro Gomes e Maria sabiam: eles não eram casados. Isto
foi um choque para Carlos obviamente. Castro Gomes contou a história toda. Ele vive há três anos com Maria,
quando esteve no Brasil o inverno anterior trouxe Maria a Lisboa para lhe fazer companhia, foram para o Hotel
Central e toda a gente via Maria com Castro Gomes, e dormiam juntos, por isso, para todos os efeitos Maria era
mulher dele, ficou conhecida por ser a mulher do Castro Gomes. A pequena rosa não é filha dele, quando eles se
conheceram (à 3 três anos) ela já vinha com a pequena. Maria era apenas a mulher paga por Castro Gomes. E, para
chocar mais ainda Carlos, ela chamava-se Mac Gren. Castro Gomes foi embora. E Carlos teve que contar tudo isto a
Ega.
Ainda chocado e sem pensar corretamente, Carlos queria escrever uma carta a Maria a perguntar quanto é
que ela ia cobrar pelos dois meses que ele dormiu com ela. Ega afirmou que Castro Gomes ia para os Olivais para ir
ter com Maria, o que Carlos achou nojento.
Pouco a pouco, Carlos começava a desejar ir aos olivais e confrontar Maria com o sucedido, por muito
insensível que fosse, Carlos queria vê-la chorar. Mas para ir lá, Carlos tinha de ter a certeza de que Castro Gomes já
tinha saído de lá, e por isso mandou Baptista, o criado, investigar, quando este voltou, trazia certezas que era seguro
Carlos ir à Toca. Antes de sair fez um cheque de duzentas libras para pagar os dois meses, e ele mesmo o iria
entregar a Maria.
Ega tinha a certeza de quem é que tinha sido o autor da carta anónima: Dâmaso. E Carlos finalmente
entendeu que era necessário vingança.
Quando ia a caminho dos olivais, teve um momento em que pensava que o melhor seria voltar ao Ramalhete
e escrever uma carta, mas rapidamente essa ideia lhe passou.
Ao sair do carro, estava Melanie, a confidente (e criada) de Maria, que afirmou que Maria estava muito mal,
foi deitar-se sem jantar e que não parou ainda de chorar desde que Castro Gomes esteve aqui. Carlos perguntou a
Melanie se Maria sabia que Castro Gomes esteve no Ramalhete a contar toda a verdade, e a criada afirmou que sim
e por isso é que Maria chorava desesperadamente.
Quando Carlos entrou no quarto de Maria, apenas conseguiu dizer que não havia motivo para chorar. Maria
implorava para que Carlos a perdoasse. Maria contou tudo o que sabia a seu respeito lavada em lágrimas, e no fim,
disse que ela queria contar-lhe. Naquele dia em que ele chegou tarde e ela falou na casa do campo, onde Carlos se
declarou, ela queria contar, mas quando Carlos falou em fugir ela sentiu uma enorme tentação. E não contou nos
olivais pois tinha medo que ele ficasse muito magoado e que acabasse com tudo o que eles tinham. Carlos afirmou
que dificilmente iria acreditar em algo que Maria dissesse, pois “tudo” o que ele sabia sobre ela, era mentira. Maria
disse que continuava a mesma pessoa por quem Carlos se tinha apaixonado, não era o passado dela que iria alterar a
sua pessoa, ela continuava a ser “A” Maria.
Quando Carlos virou costas, e viu Maria, deitada no chão a chorar mais que tudo, só lhe ocorreu uma coisa:
“Maria, queres casar comigo?” e ela, surpreendida, claro que aceitou.

Os Maias
Capitulo XV
Maria e Carlos estavam a acabar de almoçar quando Carlos pergunta se Maria já sabia quando queria
partir, ela não queria alterar os planos para Itália, mas agora, já não tinham de esconder uma “felicidade
culpada”. Carlos gostaria de partir no dia a seguir, mas maria não respondeu. Rosa apareceu, e Maria, muito
séria, perguntou à pequena se gostaria que Carlos passasse a viver com elas o tempo todo, e Rosa, saltou
radiante, e antes que ela acabasse de mostrar o seu entusiasmo, Maria perguntou se aceitava que Carlos fosse o
seu novo “papá”, e miúda, claro que aceitou. E desta maneira tiveram o consentimento de Rosa.
Quando maria foi ter com Carlos ao jardim, trazia um cofre e obrigou Carlos a sentar-se ao pé dela. Ele
entendeu que Maria iria contar-lhe tudo sobre a vida dela. Ela nasceu em Viena, mas não se recordava de nada
desses tempos e quase nada sabia sobre o pai. Tinha uma irmã, que morreu aos 2 anos e chamava-se Heloísa. A
mãe nunca tolerou que lhe perguntassem coisas sobre o passado. Foram para Inglaterra. Mas Maria só se
lembrava a partir de Paris, aí, a mãe já era viúva e andava de luto pelo avô. Passado algum tempo a mãe colocou-
a num convento perto de Tours. A princípio, a mãe ia visitá-la todos os meses, ficando em Tours 2/3 dias. Depois a
visitas foram ficando menos frequentes assim como as cartas e esteve quase um ano sem aparecer, viajou pela
Alemanha e voltou um dia, magra, gelada, de luto, e ficou agarrada a maria a manhã inteira a chorar. Mas na
visita a seguir já vinha bem melhor. Maria então tinha quase 16 anos. Um dia, contra a vontade de Maria,
aparecer uma mulher (Madame de Chavigny) que a ia levar para ao pé da sua mãe em paris. A casa da mãe, no
parque Monceaux, era uma casa de jogo. A mãe, mais tarde, caiu nas mãos de um homem muito perigoso, o Mr.
De Trevernnes. A casa descaiu rapidamente. Numa noite, acordou com gritos, foi ver as escadas e estava lá a mãe
desmaiada, mais tarde, quando acordou, disse à filha que tinha havido uma desgraça. Mudaram-se outra vez para
um terceiro andar da Chaussée-D’Antin. Aí começaram a aparecer homens estranhos, mas às vezes, entre eles
vinha um cavalheiro, um deles, era um irlandês chamado Mac Gren. Este irlandês prometeu casar com a mãe no
entanto, queria que a mãe dela fugisse com ele. Neste tempo, a mãe estava a dar em maluca. Por fim houve a
penhora. Dentro do tal cofre que maria trazia para ao pé de Carlos estavam as cartas do irlandês onde pedia para
ir com ele para Fontainebleau; chama-lhe esposa. Um dia, a mãe partiu para Baden, e maria ficou sozinha em
paris, e nesse desespero, apareceu Mac Gren e maria foi com ele. Passado algum tempo nasce Rosa. No começa
da primavera a mãe finalmente acabou tudo o que tinha com mr. De Tevernnes e, quase a seguir, começou a
adorar o Mac Gren. De repente, começa a guerra com a Prússia, e Mac Gren vai a correr alistar-sena batalha. Ela
foi a Paris tentar encontrar notícias dele pois ele não dizia nada, mas continuou sem saber nada. Não podiam
continuar em Fontainebleau e por isso partiram para Londres. Londres não foi muito melhor, aliás, foi bem pior:
não tinham dinheiro, comida, cheias de dívidas, etc. até que chegou o dia em que não tinham mesmo dinheiro
nenhum para pagar a casa de Londres. Uma noite, maria ia vender algumas coisas da mãe para tentar arranjar
algum dinheiro, mas perdeu-se e não sabia como voltar para casa, encontrou-se numa rua deserta com dois
bêbedos, e para fugir a eles entrou num carro que ia a passar mas não tinha dinheiro para pagar ao homem e
quando ele começou a mandar vir com ela, ela desata a chorar e o homem lá compreendeu. Ela queria encontrar
um emprego, qualquer coisa, mas estava difícil encontrar emprego em Londres, não havia nada. Entretanto fez-
se a paz e mais tarde a mãe veio a saber que Mac Gren morreu. Maria finalmente encontrou um trabalho, mal
pago que dava só para a renda e para não morrerem de fome. Porém maria adoeceu. E, quando rosa já estava a
morrer à fome e a mãe já estava doida, maria encontrou o Castro Gomes que lhe dava trabalho na costura, e o
resto já Carlos sabe.
Dias depois, Carlos e Ega iam a caminho da Toca, e Carlos ia contando a história de Maria.
Carlos estava decidido a casar em Roma, mas é então que aparece o “espinho”: Afonso. E Carlos não
sabia o que fazer quanto a isso. Mais tarde surgiu um plano (mais um), mas Ega teve de dar a sua opinião: Carlos
devia esperar que Afonso morresse e aí, começar a sua vida com Maria, o avô já tinha 80 e tal anos, mais tarde ou
mais cedo iria morrer. E Carlos concordou com este plano, era mesmo isto que iria ser feito.
Desde Outubro que Afonso fala na sua chegada de Santa Olávia, mas umas obras em casa retardavam a
tal chegada. Carlos e Maria, pensavam em abandonar os Olivais, e Carlos deveria estar instalado no Ramalhete
antes da chegada do avô.
Numa manhã, ao receber o correio, Carlos repara numa carta de Ega que dizia para Carlos não se
assustar, mas Ega tinha descoberto algo terrível, estava à sua espera às 2 horas. Inquieto com o bilhete de Ega,
Carlos decide abrir o jornal que vinha com a carta, chamava-se a “Corneta do Diabo”. Logo na primeira página,
Carlos reparou em duas cruzes que marcavam artigo sobre Carlos e, depois de ler o artigo ficou estupefacto:
estava a contar toda a história de amor de Carlos e Maria e, para além disso, gozava com eles! Carlos só
conseguiu pensar que queria apanhar o autor desta calamidade e mata-lo. Mas, por muito chateado que Carlos
estivesse com toda situação, tinha de admitir que nada disto era mentira ou inventado… tudo era verdade! Foi
então que Carlos começou a pensar se “a honra doméstica, honra social, a pureza dos seus descendentes, a
dignidade da sua família” permitiam o seu casamento com Maria.
Quando Ega e Carlos se encontraram, Ega contou a história da “corneta do Diabo” ao seu amigo. Foi no
dia anterior, à tarde, que Ega recebeu, no Ramalhete, a “corneta”. Ele já conhecia o redator: Palma “cavalão” (às
vezes chamavam-no de Palma “cavalinho” para distinguir de outra pessoa) e, afirmou que este tal Palma, nada
sabia sobre Carlos nem tinha qualquer ódio contra este mesmo. O artigo tinha sido encomendado e pago! E por
isso, Ega foi a correr para tentar falar com o redator. “No campo do dinheiro vence quem tem mais dinheiro”
disse Ega, e depois de ele dizer isto, Carlos perguntou quanto é que Palma queria para dizer o nome do autor do
artigo a Carlos, cem mil reis foi o que ficou acordado. Depois, pensando sobre o assunto, Ega começa a pensar
em quem poderá ser a tal pessoa e, chegaram a uma conclusão: só podia ser Dâmaso!
Finalmente Carlos tinha o dinheiro para entregar a Palma, e assim que o teve foram logo a correr para
falar com o redator, eram quatro horas. O redator ainda tinha a tal carta em que o tal “amigo” dizia o que queria,
quanto pagava, em fim, dizia tudo que comprovava realmente quem era o autor da carta… Carlos conhecera de
imediato a letra era de Dâmaso! Na carta vinha uma lista de pessoas a quem Dâmaso queria que o artigo fosse
entregue: a Gouvarinho, Castro Gomes, todas as pessoas do Ramalhete, o Cohen, entre outros, mas para sorte
de Carlos, a máquina que imprimia as edições, encravou, o que impediu que fossem impressas.
Agora Carlos só tinha em mente uma coisa: desafiar Dâmaso para um duelo de armas. Carlos precisava de
dois padrinhos para o duelo e escolheu Cruges e Ega, que foram a casa de Dâmaso desafia-lo em nome de Carlos.
Porém, nesse momento, Dâmaso sentiu-se humilhado por Carlos, o seu “amigo”, estar a fazer-lhe uma coisa
destas, e decidiu escrever uma carta a dizer que era um bêbado e que nesse momento estava bêbado, não
estava em si, inicialmente a carta foi escrita por Ega, mas depois quando foi para “passar a limpo” o próprio
Dâmaso fê-lo. Agora Carlos e Ega tinham um documento em mãos extremamente poderoso… Dâmaso, não
queria de modo algum que a carta para Carlos fosse publicada num jornal por isso, quando quisessem
chantagear Dâmaso, bastava ameaça-lo com a tal carta, deste modo, Dâmaso estava “sempre controlado”.
No dia a seguir, depois do almoço, Ega relia a carta e nesse momento pensava no impacto que teria se ele
publicasse a tal carta, assim vingava-se de Dâmaso quando ele esteve com Raquel Cohen, o “amor” de Ega, mas
Carlos não queria publicar a carta, por isso, Ega não o iria fazer.
Nessa noite, Carlos regressa para casa e abandona definitivamente os Olivais, assim como maria que se
iria instalar em Lisboa, na Rua de São Francisco por seis meses.
Os Maias
Capítulo XVI

Depois de algum tempo no sarau, Alencar queria falar com Ega. O tio de Dâmaso, o Guimarães, queria ser
apresentado a Ega e queria falar com ele sobre uma coisa muito séria e urgente. Alencar apresentou-os e
Guimarães pediu a Ega uma explicação sobre a tal carta em que Dâmaso afirmava que ele era um bêbado, e
Guimarães perguntou se Ega achava que ele era um bêbado. Dâmaso tinha escrito uma carta afirmar mentiras
sobre o sucedido e mostrou a Ega, este afirmou que era tudo mentira e, depois de alguma conversa, Guimarães
chegou a afirmar que o seu sobrinho Salcede não era uma pessoa de confiança, era um mentiroso.
Quando Ega saiu do sarau (depois de ter voltado lá para assistir Alencar a citar um poema), Guimarães
queria falar com Ega novamente. Ele tinha sido grande amigo da mãe de Carlos em Paris e nessa altura, ela
entregou a Guimarães um cofre que este deveria guardar, entretanto a mãe de Carlos morreu e Guimarães ainda
tinha o tal cofre e começou a refletir que deveria entrega-lo à família. O velho disse que enviava um criado para
entregar o cofre ao Ramalhete com um bilhete para Carlos ou para a sua irmã. Ega ficou surpreendido quando
ouviu “irmã”, que irmã? Ele não sabia de nada e conhecia Carlos aos anos! Alencar afirmou que ainda há dias a
tinha visto com o irmão, Ega ficou pálido. Guimarães começou a contar toda a história de Maria e da sua mãe e
Ega começou a pensar e tudo fazia sentido. Agora Ega, mais do que nunca, sentiu a necessidade de contar a
Carlos, não podia deixar que ele e Maria passassem mais uma noite juntos mas ao mesmo tempo não conseguia
deixar de pensar que iria estragar um romance. Mas acho melhor falar com Vilaça e tentar que este contasse a
Carlos toda a verdade. No dia a seguir, deveria acordar cedo para tentar falar com Vilaça.
Os Maias
Capítulo XVII

Ega acordou pontualmente às 7 horas. Quando chegou a casa de Vilaça, este já não estava lá. Um dos
criados afirmou que Vilaça dali a pouco tempo regressaria a casa, mas quando lá voltou, o homem ainda não
tinha voltado, mas à 3ª foi de vez, encontrou Vilaça, mas este estava com muita pressa mas, um pouco à pressa,
Ega conseguiu contar o desastre. Vilaça tentou escapar a essa responsabilidade de contar tudo a Carlos, e
começou a dizer que ninguém tinha certezas de que o que Guimarães estava a dizer era totalmente verdade, e
então decidiram abrir o cofre e tentar encontrar algo que o comprovasse, e encontraram uma carta onde
afirmava que maria era realmente irmã de Carlos. Vilaça contou tudo a Carlos. Carlos não quis acreditar em nada
e afirmou que nada o iria convencer de que maria e ele eram irmãos, mas quando viu a tal carta, ficou mais ou
menos convencido mas nunca iria deixar de gostar de Maria.
Quando Ega e Afonso estavam a falar, o velho afirmou que já sabia de toda esta história de Carlos e
Maria.
Carlos decidiu ir falar com Maria. Mas achou melhor contar tudo através de cartas e iria ter com Maria
nessa altura e inventava que estava com muita pressa. Na noite a seguir ia para Santa Olávia com Ega e aí
contava tudo a Maria.
Nessa noite, às 3 da manhã, Ega ouviu uma porta a bater e foi ver quem era, era Carlos! E nesse dia, com
o medo de encontrar Carlos ou Afonso, decidiu passar o dia fora do Ramalhete, quando regressou eram duas da
manhã e quando se estava a preparar para se deitar, ouviu passos e foi ver quem era. Era Afonso da Maia e foi
perguntar a Ega se Carlos estava em casa e Ega não sabia e Afonso ficou pálido, com medo de que Carlos
estivesse com a sua irmã! E foi nesse momento que Ega entendeu que Afonso estava a morrer por causa dessa
história toda.
Depois de mais uma noite com Maria, Carlos entrou em casa e Afonso apanhou-o e ficou pálido. No dia a
seguir, vieram-lhe dizer que Afonso estava no jardim a sentir-se muito mal, Carlos tentou fazer alguma coisa, mas
nada feito, o seu avô já estava morto.
Com a morte do avô, Carlos ficou a pensar que este morrera por causa de saber de tudo sobre maria e
ele, e por isso, a morte do seu avô era como um castigo para Carlos.
Carlos precisava de consolo, precisava de sair dali e por isso Ega foi com ele. Foram para Santa Olávia.
Mas antes disso, Ega contou tudo a Maria.

Os Maias
Capítulo XVIII

Semanas depois, nos primeiros dias do ano novo, Ega e Carlos foram para Londres e depois iam para a
América do norte até ao japão. Passado um ano e meio, Ega apareceu no Chiado. Carlos estava instalado em
Paris. Passado algum tempo Ega e Carlos foram visitar o Ramalhete.
Maria Eduarda ia casar com um homem perto de 50 anos.

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