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Eça de Queirós

José Maria Eça de Queirós, nasceu a vinte e cinco de novembro de mil


oitocentos e quarenta e cinco, numa casa na Praça do Almada na Póvoa de
Varzim e faleceu a dezasseis de agosto de mil e novecentos, em Neuilly-Sur-
Seine (França), foi casado com D. Emília de Castro e tiveram quatro filhos.
A sua “Magnus Opus” (do latim “Grande Obra) foi “OS MAIAS”.

“OS MAIAS” - Episódios da Vida Romântica

“Os Maias” é uma das mais famosas obras de Eça de Queirós, publicada em
mil oitocentos e oitenta e oito, é também uma das mais importantes da
literatura portuguesa, devido à linguagem em que foi escrita e pela ironia que
Eça apresenta a sociedade portuguesa do século dezanove , tipo em tom de
caricatura, com fortes características de romance de carácter muito
sentimental.
É um romance realista, pois nele é criticado o homem e o carácter das
pessoas, mas com alguns pontos naturalistas. O titulo do livro “Os Maias” diz
respeito à história da família Maia nas suas várias gerações e à intriga desta
família.

Família Maia
Afonso da Maia Pedro da Maia Carlos da Maia
A ação divide-se em duas partes, a “Ação Principal”, centrada em Carlos da
Maia e a “Ação Secundária”, centrada em Pedro da Maia, ambas apresentam
características de estrutura comuns, apresentado algumas características da
tragédia clássica, tais como:
 Destino – que nesta obra é representado pelo Sr. Guimarães, um
homem vestido de negro, simbolizando/anunciando o luto da família
Maia, pois é ele que revela a verdade sobre o parentesco entre Carlos
e Maria Eduarda a Ega, pensado que este segredo já seria do
conhecimento de todos;
 Peripécia – que consiste na mudança repentina de situação, pois
Carlos mesmo sabendo que a mulher que ama é sua irmã, continua a
relação com ela, Relação Incestuosa;
 Sofrimento – é o sentimento das personagens, após a descoberta da
identidade de Maria Eduarda;
 Catástrofe – acontece com a morte de Afonso da Maia, que não resiste
ao facto de saber que o seu adorado neto após saber que Maria
Eduarda é sua irmã, mantém conscientemente a relação amorosa com
ela e na posterior separação dos dois amantes (Carlos parte para uma
viagem pelo mundo e Maria Eduarda refugia-se em Paris).

Embora Pedro e Carlos da Maia simbolizem duas gerações distintas e o tipo


de educação que tiveram foi completamente oposta uma da outra, ambos
são vítimas do meio em que vivem, o que os leva à frustração dos seus
ideais e das suas capacidades, cometendo ambos o suicídio, Pedro (suicídio
físico) e Carlos (Suicídio moral, devido à execução voluntária do incesto e da
adoção de uma filosofia fatalista da existência – “Fatalismo Muçulmano”.
Ação ou Intriga Principal

As personagens intervenientes nesta intriga são as mais importantes, pois é


através delas que se dá a conhecer toda a história do romance incestuoso.

AFONSO DA MAIA – É a personagem que vai funcionar como “estaca”


da família Maia, nos momentos de crise é para junto dele que
regressam, constitui o ponto de equilíbrio dos Maias, é a ele que Pedro
entrega o seu filho após a fuga da sua amada, Maria Monforte, é
também a ele que Carlos lhe pergunta, esperançoso de que o avô lhe
desminta as revelações feitas sobre Maria Eduarda ser sua irmã.
É uma figura cheia de nobreza, símbolo do velho Portugal, que
contrasta com o novo Portugal – o da Regeneração – cheio de defeitos.
É o sonho de um Portugal impossível por falta de homens capazes.
Como dizia Carlos: "lembrava um varão esforçado das idas heroicas, um
D. Duarte Meneses ou um Afonso de Albuquerque"
É muito humano e embora tenha sobrevivido à tragédia do filho,
deixando nele uma profunda dor, não consegue superar a tragédia do
neto, morrendo assim com ele (Afonso) o futuro da família, acaba por
morrer no seu jardim entre o Cipreste e o Cedro, sentado num banco
de cortiça, com a cabeça apoiada nos braços;

CARLOS DA MAIA – É a personagem principal desta trama, tem uma


educação rígida e tipicamente inglesa, destaca-se na sua
personalidade o cosmopolitismo, a sensualidade, o gosto pelo luxo e
diletantismo (incapacidade de se fixar num projeto sério). Mas apesar
desta educação rígida, Carlos fracassou, devido ao meio onde se
instalou – uma sociedade parasita, ociosa, fútil e sem estímulos e
também devido a aspetos hereditários – a fraqueza e a cobardia do pai,
o egoísmo, o futilidade e o espírito boémio da mãe. Carlos representa o
Portugal da Regeneração, mas sem qualquer sucesso;

MARIA EDUARDA – É uma personagem delineada em poucos


traços, o seu passado é quase desconhecido o que contribui para o
aumento e encanto que a envolve. A sua caracterização é feita através
do contraste entre si e as outras personagens femininas. No ponto de
vista de Carlos da Maia, tudo em Maria Eduarda era perfeito, "Maria
Eduarda! Era a primeira vez que Carlos ouvia o nome dela; e pareceu-lhe
perfeito, condizendo bem com a sua beleza serena."

CARACTERÍSTICAS TRÁGICAS
Morte Física de Afonso da Maia;
Quebra dos laços de paixão;
Carlos e Maria Eduarda separam-se para sempre.
Ação ou Intriga Secundária

As personagens intervenientes nesta intriga acabam por ter uma grande


importância também, pois sem elas a “casal incestuoso” não existiria.

PEDRO DA MAIA – É uma personagem com um temperamento


nervoso, fraco e com uma grande instabilidade emocional, tinha
assiduamente crises de "melancolia negra que o traziam dias e dias,
murcho, amarelo, com as olheiras fundas e já velho", típica da família
materna. É vítima do meio baixo lisboeta e de uma educação
retrograda, tipicamente portuguesa e ligada à religião como a mãe o
educara. O seu único sentimento vivo e intenso foi a paixão pela mãe.
Apesar da robustez física é de uma enorme cobardia moral (como
demonstra a reação do suicídio face à fuga da mulher). Falhou no
casamento e falhou como homem;

MARIA MONFORTE – É uma personagem que vive da literatura


romântica, daí o seu carácter pobre, excêntrico e excessivo.
Costumavam chamar-lhe negreira porque o seu pai era “vendedor” de
negros para o Brasil, Havana e Nova Orleães. Apaixonou-se por Pedro
e casou com ele. Mais tarde foge com o napolitano Tancredo, levando
consigo a filha Maria Eduarda, e abandonando o marido e o filho Carlos
Eduardo. Leviana e imoral, é em parte a culpada de todas as
desgraças da família Maia. Após a morte do seu amante, leva uma vida
dissipada e morre quase na miséria. Deixa um cofre a um conhecido
português com documentos que poderiam identificar a filha a quem
nunca revelou as origens.

CARACTERÍSTICAS TRÁGICAS
Fuga de Maria Monforte com Tancredo;
Suicídio de Pedro da Maia.

Enquanto o subtítulo “Episódios da Vida Romântica”, diz respeito à crónica


de costumes, que são capítulos que vão fazer a caracterização de Portugal,
na forma de crítica e sátira social, descrevendo quais os defeitos sociais que
não deixavam o país progredir nem as mentalidades melhorarem.
Eça de Queirós com estes capítulos pretende através das personagens tipo
por ele criadas, mostrar-nos os grupos, as classes sociais e as mentalidades
dessa altura para que ficássemos a conhecer a corrupção, os vícios e os
costumes vividos em Portugal.
CRÓNICA DE COSTUMES
Personagens Tipo Crítica à Sociedade Portuguesa
Alencar
e Literatura
Ega
Craft Aristocracia Inglesa
Euzébiozinho Educação Típica Portuguesa
Cohen Alta Finança
Palma “Cavalão” Imprensa / Jornalismo
Steinbroken (filho de Sousa Neto) Diplomacia
Condessa de Gouvarinho Mulher Adultera e Fútil
Dâmaso Corrupção e Decadência Moral
Conde de Gouvarinho Política
Sousa Neto Administração Pública
Rufino Oratória Balofa
Cruges Talento não reconhecido

Os episódios utilizados pelo autor para mostrar a vida da alta sociedade


lisboeta são:

O jantar no Hotel Central (Cap. VI)


A corrida de Cavalos (Cap. X)
O Jantar na Casa dos Gouvarinho (Cap. XIII)
O sarau do Teatro da Trindade (Cap. XVII)
Regresso a Lisboa (Cap. XVIII)
“Jantar no Hotel Central” (Cap. VI)
Personagens Intervenientes

João da Ega;
Jacob Cohen;
Tomás de Alencar;
Dâmaso Salcede;
Craft;
Carlos da Maia.

Objetivos deste Jantar

Homenagear o banqueiro Cohen;


Proporcionar a Carlos da Maia o primeiro contacto com a vida social
lisboeta;
Dar a conhecer alguns dos problemas da nossa sociedade em forma
de crítica.

Temas discutidos

Literatura e crítica literária;


Finanças;
História e Política.

Com este jantar Ega pretende homenagear Cohen, que era marido de
Raquel, senhora por quem estava apaixonado e mantinha uma relação, eram
amantes.
É também neste capítulo que Carlos tem a sua primeira reunião social de
“elite” lisboeta e quando vê pela primeira vez Maria Eduarda.
Durante o jantar discute-se a situação de Portugal, a nível político, financeiro
e literário, esta discussão acaba com um ataque de ofensas entre eles,
mostrando assim uma sociedade frágil que pretendia passar por ser
civilizada.
Alencar defende o ultra – romantismo e condena o realismo por ser imoral.
Enquanto Ega defende o realismo/naturalismo, defende convicto que a
ciência devia ser inserida na literatura, envolvendo-se os dois numa disputa
verbal e física, esta discussão releva que a sociedade é manipulada por
valores tradicionais, mas no final do jantar abraçam-se e elogiam-se como se
nada se tivesse passado, dá para entender a hipocrisia que existia.
Craft e principalmente Carlos, com o seu sentido crítico discordam ambos
das opiniões de Alencar e Ega, Carlos acha que o carácter se manifesta
pelas ações.
Nas finanças, o país está dependente dos empréstimos do estrangeiro, e
apesar de Cohen ser uma das figuras com um alto cargo (diretor do Banco
Nacional), não quer saber da situação financeira do país, afirmando que o
país vai direitinho para a bancarrota, mais uma vez querendo “agradar” ao
seu amigo, Ega concorda com ele, defendendo as invasões espanholas, já
Dâmaso Salcede admite a fuga no caso de invasão…
Este jantar veio revelar através da crítica a falta de integridade, de
patriotismo de alguns dos convidados, bem como as limitações culturais
mesmo nas classes mais altas da sociedade.

“A Corrida de Cavalos” (Cap. X)


Personagens Intervenientes

Carlos da Maia;
Maria da Cunha;
El Rei;
Dâmaso Salcede;
Conde de Gouvarinho;
Condessa de Gouvarinho;
Alencar;
Steinbroken;
Eusébiozinho;
Teles da Gama;
Baronesa Craben;
As irmãs de Taveira.

Objetivos desta corrida

Novo contacto de Carlos com a sociedade lisboeta, incluindo o Rei;


Visão da sociedade lisboeta (masculina e feminina) sob o olhar crítico
do Carlos;
Tentativa frustrada de igualar Lisboa às capitais europeias,
principalmente Paris;
Criticar cosmopolitismo postiço da sociedade;
possibilidade de Carlos reencontrar Maria Eduarda.
O capitulo da “corrida de cavalos” fala-nos da crítica da tendência dos
portugueses para imitarem tudo o que se fazia nos países estrangeiros que
era considerado como progresso. As corridas de cavalos são organizadas
com o objetivo de colocar Lisboa ao mesmo nível das capitais europeias,
mas Lisboa acaba por não conseguir suportar tamanho progresso, o que
acaba por se tornar um desastre e todos o “verniz” de requinte e civilização
estala, ou seja, a mentalidade provinciana lisboeta salta à vista, provocando
em Carlos uma visão muito crítica, entre o contraste do “ser e do parecer”. O
ambiente que deveria mostrar uma prática desportiva perfeita, acaba por
tornar-se numa grande falta de bom gosto, falta de educação, pois o
hipódromo parecia mais um arraial típico de aldeia, o bufete tinha um aspeto
sujo e as pessoas não sabiam ocupar os seus lugares. A alta burguesia
pretende imitar o “chic” do “lá fora” e acabam por ridicularizar-se. Na visão
crítica de Carlos, as pessoas não sabiam ocupar os seus lugares, as
senhoras vestidas com os seus vestidos pretos e sérios de missa, dando a
entender que que estão muito requintadas e com um vestuário adequado ao
evento em questão e no entanto nada tem a ver o que vestem com local. Os
senhores que procuram assumir uma atitude civilizada, e Dâmaso é o que
mais bem representa essa mentalidade que se pretende, a todo o custo, para
parecer civilizado, chic a valer até ao exagero, tentando imitar mais uma vez
Carlos.
A primeira corrida acaba em pancadaria, e as outras terminam de uma forma
ridícula, acontece a desordem, pois acusam-se uns aos outros de
beneficiarem os supostos amigos íntimos. No meio de tanta vulgaridade
destacam-se Carlos e Craft habituados a este tipo de acontecimentos
sociais, um rapaz fino e educado, que tem como objetivo encontrar a dama
que tinha visto passar por si no Hotel Central, mas isso não acontece. Acaba
pelo menos por ganhar todas as apostas, estas simbolizam o início de uma
futura desgraça, como diz o ditado “Sorte ao jogo, azar ao amor”.
Mesmo no que diz respeito a apostas, durante as corridas, acontece a
desordem, pois acusam-se uns aos outros de beneficiarem os supostos
amigos íntimos.
“O Jantar dos Gouvarinho” (Cap. XIII)
Personagens Intervenientes

Carlos da Maia;
Sousa Neto;
João da Ega;
Conde de Gouvarinho;
Condessa de Gouvarinho.

Objetivos deste jantar

Reunir a alta burguesia e aristocracia do país;


Reunir a camada dirigente do país;
Radiografar a ignorância das classes dirigentes.

O capitulo do “jantar na casa dos Gouvarinho” é especialmente evidenciado


pela limitação mental de duas personagens, o Conde de Gouvarinho e Sousa
Neto.

Conde de Gouvarinho Sousa Neto


Voltado para o passado Acompanha as conversas sem
intervir
Tem lapsos de memória Desconhece o sociólogo Proundhon
Faz comentários muito desfavoráveis Defende a imitação do estrangeiro
sobre as mulheres
Revela uma grande falta de cultura Não entra nas discussões
Nunca acaba nenhum assunto Acata todas as opiniões alheias
(mesmo as mais absurdas)
Não compreende a ironia sarcástica Defende a literatura de folhetins, de
de Ega cordel
É deputado
Neste jantar através das falas das personagens encontramos um atraso
intelectual do país e dos valores degradados que o definem, este jantar é
muito semelhante ao jantar no Hotel Central, onde o aparto social exterior
continua em grande evidência contrastando com a ignorância das classes
sociais de Portugal. O Racismo é evidente neste jantar através das criticas
feitas por João da Ega.
Durante o jantar fala-se sobre o dito romance de Carlos e este fica com a
sensação que toda a Lisboa já sabe. A Condessa demonstrando-se
enciumada provoca Carlos dedicando toda a sua atenção a Ega.
Outros assuntos são falados neste jantar, tais como , a educação das
mulheres que dizem que "uma senhora deve prendada, ainda que as suas
capacidades não devam permitir que ela saiba discutir, com um homem,
assuntos de carácter intelectual", Ega, provocador, defende que "a mulher
devia ter duas prendas: cozinhar bem e amar bem" , a falta de cultura,
ignorância, inteligência e incompetência dos políticos, tal como o Conde de
Gouvarinho demonstra ser uma pessoa com falta de memória, antiquado
(retrógrado), bem como Sousa Neto que “picado” por Ega vem a revelar-se
inculto e ignorante desconhecendo quem era “Proudhon” e ainda pergunta a
Carlos se existia literatura em Inglaterra, pois o seu deslumbramento pelo
estrangeiro manifesta a sua curiosidade revelando o seu aprisionamento
cultural confinado ás terras portuguesas.
“Sarau da Trindade” (Cap. XVII)
Personagens Intervenientes

Carlos da Maia;
João da Ega;
Alencar;
Cruges;
Rufino;
Euzébiozinho;
Marquesa do Soutal;
Guimarães.

Objetivos deste sarau

Destinava-se a ajudar as vítimas das cheias do Ribatejo;


Reunir as classes mais destacadas, incluindo a família real;
Apresentar um tema muito apreciado pela sociedade lisboeta;
Revelar aspetos caricatos da sociedade lisboeta;
Imitar mais uma vez as capitais europeias “Sarau- em francês –
Soirée”;
Criticar o Ultra Romantismo que inundava o público;
Contrastar o clima de festa com o de tragédia.

Neste capítulo a crítica social é dirigida essencialmente ao provincianismo do


país e ao atraso cultural visível em todas as classes sociais portuguesas,
pelo desconhecimento da arte, evidencia-se o gosto dos portugueses,
dominados por valores caducos, com raízes num sentimentalismo
educacional e social ultrapassado. Existe uma grande ausência de espírito
crítico e analítico da alta burguesia e da aristocracia nacional demonstrando
a sua falta de cultura, o desinteresse pela arte e cultura em geral, pois toda a
plateia ri, goza e fala alto no momento de atuação de alguém que deviriam
ter respeito e consideração, em vez disso acham que a sonata tocada nada
tem a ver com a sociedade portuguesa, deveria antes tocar uma “melodia”
alegre tipo uma cantiga popular. O objetivo da ida destas pessoas ao Sarau
acaba por revelar que é simplesmente social e não cultural, ou seja, só
desejam mostrar-se à sociedade. Pois quando ouvem o recital que Cruges
tocou ao piano a "Sonata Patética", de Beethoven , a marquesa do Soutal
demonstrando um enorme desconhecimento de cultura apelida a sonata
como “sonata de Pateta”, o que deveria ser algo sentimental e triste, acabou
por ser motivo de riso, fazendo com que Cruges saísse sem terminar;
presenciaram o triunfo do “lirismo humanitário e sonoro” de Alencar, que foi o
último a atuar, após um intervalo de dez minutos como no “circo”, recitou um
poema da sua autoria "A Democracia" sempre intercalando com idas ao
botequim, para “espairecer a impaciência”, termina com fortes aplausos, com
propostas sociais imaginárias de uma República em que o milionário abre os
braços ao operário e lhe sorri. É também neste sarau que o Sr. Guimarães
pede a Ega que entregue a Carlos ou à sua irmã Mª Eduarda o cofre da mãe
destes que continha documentos importantes, pois esta tinha-lhe confiado
antes de morrer. Ega descobre assim que Carlos e Mª Eduarda os dois
amantes são na verdade irmãos, correndo para o Ramalhete e atordoado
sem saber o que fazer devido a esta revelação, pede ajuda a Vilaça, para
que seja ele a dar a notícia a Carlos.

“Regresso a Lisboa” (Cap. XVIII)


Personagens Intervenientes

Carlos da Maia;
João da Ega.

Neste capítulo temos a conclusão das intrigas e da crónica de costumes,


fala-nos de novo em tom de critica da sociedade de Elite, do Romantismo, do
diletantismo, de como o país continua igual, imitando o estrangeiro, mas
agora sendo um Portugal “velho e degradado”.
Passam-se dez anos depois da morte de Afonso da Maia e do reencontro
dos dois amigos (Carlos e Ega), após terem feito uma longa viagem pelo
mundo, notaram que tudo muda. Ega regressa a Lisboa um ano e meio
depois , Carlos continua a viagem decidindo depois criar raízes em França
onde compra casa para residir.
Neste reencontro, Carlos relembra a semana “negra” que passou,
principalmente da descoberta de Maria Eduarda ser sua irmã e da morte de
seu adorado avô, relembrando toda a vida, ambos dão por si a deixar
transparecer todo o pessimismo amargo, que resultou no fracasso pessoal e
profissional de ambos e ao passearem pela “velha” capital, notam que esta
continua igual com os mesmos sítios e costumes de sempre, apenas mais
“envelhecida”, principalmente quando descem a “famosa” Avenida, recordam
os velhos “amigos”, notam a nova geração, ainda mais exibicionista, continua
a imitar mas sem qualquer estilo o que vem do estrangeiro, continuando a
criticar tudo e todos. A certo momento, avistam Charlie, e Ega pergunta a
Carlos se não reconhece o “seu antigo doente”, mais uma vez Ega faz a sua
crítica, dando indícios de ser homofóbico, diz a Carlos que este tem uma
“amizade” com um velho, que só é visto com ele, transmitindo que Charlie é
homossexual.

Quando chegam ao Ramalhete, aí notam a ruína de Lisboa, reflexo da


destruição e morte, veem a cascata com o mesmo fio de água parecendo um
“choro triste”, o cedro e o cipreste (onde o avô tinha morrido) estavam ambos
envelhecidos e a estátua de Vénus (símbolo do amor) coberta de ferrugem,
revivendo as memórias dos dias que passaram no Ramalhete e lembrando
tudo o que não conseguiram realizar.

“Falhámos a vida, menino!”

E de repente levantam-se e “voltam ao presente lembrando-se que têm uma


“vida boémia” à sua espera para ser vivida.
Começando a correr desesperadamente para apanhar um transporte
público, o “americano”, que os iria levar a um jantar que tinham marcado com
Vilaça e mais alguns “amigos”, para o qual já se encontravam atrasados.

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