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Capítulo XII – Jantar em Casa do Conde Gouvarinho
Beatriz Salgado, David Samões, Ema Coelho, Francisca Freitas e Mª Clara Vinagre – 11ºE
Introdução
Bom dia a todos, no domínio da disciplina de português hoje estamos aqui para apresentar
um capítulo da Crónica de Costumes de Os Maias, no episódio do Jantar em Casa do Conde
Gouvarinho iremos mencionar um resumo do capítulo e abordar a ligação do episódio com
a intriga amorosa da restante obra, as personagens, os aspetos da sociedade portuguesa
criticados, a linguagem e estilo da obra e, por fim, a nossa opinião sobre a relação da crítica
do episódio com a atualidade.
Resumo do episódio
O episódio do “Jantar em casa do conde Gouvarinho”, está presente no capítulo XII da obra
Os Maias e na crónica de costumes, que diz respeito ao subtítulo da obra (histórias da vida
romântica) e que consiste na demonstração da sociedade no seu dia a dia). O episodio
começa quando Ega, amigo de Carlos, regressa a Lisboa e instala-se no Ramalhete e
confidencia a Carlos que a Condessa de Gouvarinho, com quem este tinha um caso
amoroso, fala constantemente, dele e conta-lhe que o casal, a condessa e o conde
Gouvarinho, os convidou para jantar na segunda feira. Chegado o dia do jantar, enquanto
Carlos e Ega, se dirigiam a casa dos Gouvarinho, Ega aproveita para lhe perguntar sobre o
seu romance com Maria Eduarda, por quem estaria apaixonado, e diz a Carlos que soube do
romance através de Dâmaso, outro amigo de ambos. Carlos conta-lhe a verdade sobre o
romance, embora não se abrindo em relação aos seus sentimentos por ela. Entretanto,
durante o jantar são vários temas discutidos, mas o principal foi a instrução das mulheres,
criticada e julgada por Ega. Porém o destaque da conversa no jantar passou pela condessa
Gouvarinho que toca no assunto do romance de Carlos com Maria Eduarda, deixando
Carlos com a sensação de que já todos sabem do romance. A Condessa fica “amuada” com
Carlos, e este tentar despistar as suspeitas do seu romance passando uma manhã, forçada,
de amor com a própria. Na tarde seguinte, em visita a Maria Eduarda, Carlos declara-lhe o
seu amor, que é correspondido, e ambos se beijam pela primeira vez. Sendo este o
momento principal do episódio. Mediante o desejo de Maria Eduarda de viver num lugar
mais calmo, longe da coscuvilhice dos vizinhos, e com espaço livre para Rosa, filha de Maria
Eduarda com Mac Green, de quem diz ser viúva, brincar. Carlos compra a Quinta dos Olivais
a Craft, Afonso aprova o investimento, desconhecendo, contudo, o verdadeiro motivo do
mesmo. Carlos conta a Ega o seu romance com Maria Eduarda e a sua intenção de fugir
com ela, Ega pensa para ele próprio que esta mulher seria para sempre, o seu irreparável
destino. Sendo esta parte do episodio que se relaciona com a intriga principal.
Crónica de Costumes
Este episódio enquadra-se na crónica de costumes dado que no jantar são abordados
temas como a escravatura, paradoxos, qualidades que uma mulher deve ter e o conceito de
Proudhon relativamente ao amor, a ignorância e falta de competência de Sousa Neto e a
incompetência dos políticos.
Sabemos que este capítulo faz parte da Crónica de Costumes na medida em que consegue
ter então uma ligação muito visível à intriga principal, que é a relação incestuosa entre
Carlos da Maia e Maria Eduarda.
Durante o jantar, Maria Eduarda é mencionada algumas vezes pelo nome de “brasileira”,
mas Carlos nega sempre que têm uma relação mais pessoal. No dia seguinte, Carlos da
Maia encontra-se com Maria Eduarda e declara o seu amor, correspondido por ela e eles os
dois dão o seu primeiro beijo e há então a consumação do incesto de forma inconsciente.
Este episódio é muito importante porque leva ao primeiro beijo de Carlos e de Maria e à
declaração de amor de Carlos para Maria.
Personagens
Neste jantar há a intervenção das personagens Carlos da Maia, Sousa Neto e a sua
mulher, João da Ega, Conde e Condessa de Gouvarinho, D. Maria da Cunha e baronesa de
Alvim. No elenco principal encontramos João da Ega, o Conde, a Condessa e Sousa Neto.
- João da Ega – representando um retrato irónico do próprio Eça; João da Ega é magro,
pescoço esganiçado, bigode arrebitado, nariz adunco; apresenta-se como naturalista e
realista na obra, mas na verdade, é classificado como uma personagem contraditória. Por
um lado, este mostra-se romântico e sentimental; por outro lado, crítico e sarcástico. João
da Ega é excêntrico, exagerado, ateu, leal aos seus amigos, diletante, amigo inseparável de
Carlos e um falhado corrompido pela sociedade.
- Conde Gouvarinho – um deputado com lapsos de memória, revela uma visível falta de
cultura, não compreende a ironia sarcástica de Ega, o Conde Gouvarinho tinha um bigode
encerado e uma pera curta. Ele é fútil, vaidoso, maçador e incompetente. O conde
representa, então, a incompetência do poder político.
- Sousa Neto - um cavalheiro alto, grave de barba rala, representante da instrução pública,
Sousa Neto, é um ignorante, defende a imitação do estrangeiro e não tem opinião próprio.
É uma personagem-tipo da burocracia, mostra ineficácia na Administração.
I. Linguagem
Uma das preocupações de Eça ao escrever Os Maias foi evitar as frases demasiado
expositivas, fastidiosas e pouco esclarecedoras dos românticos. Para tal, faz uso da
ordem direta da frase, para que a realidade possa ser apresentada sem alterações,
comprovando-se quando a Condessa fala com Carlos “- Esperei meia hora; mas
compreendi logo que estaria entretido com a brasileira...”
Para evitar o uso constante dos verbos declarativos, Eça optou por utilizar o discurso
indireto livre, enriquecendo o texto a nível de vivacidade sem serem necessárias
repetições – “em silêncio, até a casa da Gouvarinho, Carlos foi ruminando a sua
cólera contra o Dâmaso. Aí estava pois rasgada por aquele imbecil a penumbra
suave e favorável em que se abrigara o seu amor!”