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Ode triunfal

Ode Triunfal

Ode:
• poesia própria para o canto
• composição poética laudatória ou amorosa
• tom elevado e sublime

Triunfal (de triunfo): de quê?!


Ode Triunfal

Tenho febre e escrevo


rangendo os dentes
meus nervos dissecados fora
a
todas as papilas fora de tudo
Tenho os lábios secos
E arde-me a cabeça
Em fúria… dentro de mim

Em fúria fora… de mim


EU vs MÁQUINA (est.1-3)

• sofredor, febril, doente, dilacerado, perturbado,


• agitado, permeável aos ruídos, incomodado,
• arrebatado, excesso de sensações  estado febril
• bela, em fúria  ambiente fabril
• presente engloba o passado e o futuro
• celebração da modernidade, do triunfo da civilização
• técnica e industrial
Celebração da modernidade (est. 3-4)

• evoca as “correias de transmissão”, os “êmbolos”, os


“volantes” (v. 23), acompanhando o ritmo alucinante da
contemporaneidade.

• perfeita sintonia com uma realidade, onde a energia, a


mecânica e a força têm expressão máxima: “Fazendo-me um
excesso de carícias ao corpo numa só carícia à alma” (v. 25)

• desejo de “poder exprimir-me como um motor” (v. 26),


“penetrar-me fisicamente de tudo isto” (v. 29), “abrir-me
completamente, tornar-me passento/ a todos os perfumes de
óleos e calores e carvões” (vv. 30,31) de uma “flora
estupenda, negra, artificial e insaciável” (v. 32)
Erotismo/Sexualidade
Denúncia dos efeitos perversos do progresso
civilizacional (est.5-6)

• imoralidade “vadios, escrocs exageradamente bem vestidos”


(v. 36)
• sujidade “esquálidas figuras dúbias” (v. 38)
• depravação “cocotes” (v. 42);
• futilidade “Banalidade interessante” (v. 43)
• promiscuidade “graça feminil e falsa dos pederastas” (v. 46)
• decadência da sociedade “Artigos políticos insinceramente
sinceros” (v. 52)
Plenitude das sensações / fraternidade universal (est.9)

 Ama de todas as maneiras:


• visão
• audição
• olfato
• tato (privilégio): “(o que palpar-vos representa para mim!)”
(v. 61)

 Ama com absoluta necessidade/apetite de tudo o que


representa a modernidade “Ah, como todos os meus sentidos
têm cio de vós” (v. 63)
Excesso de expressão

A forma como o eu observa e tenta abarcar o mundo não parece


dar-lhe tempo para organizar o seu discurso (recursos
expressivos):

• uso recorrente de exclamações (est. 10)


• interjeições “Ah!” (vv. 26,48,67,78)
• onomatopeias: “r-r-r-r-r- r-r- r eterno!” (v. 5), “Eh-lá-hô la foule” (v. 34)
• apóstrofes (total de 126) “Ó fazendas nas montras! ó manequins! ó
últimos figurinos!” (v. 73)
• enumerações “Couraças, canhões, metralhadoras, submarinos,
aeroplanos!” (v. 85)
• anáforas “Olá grandes armazéns, ... Olá anúncios eléctricos... Olá
tudo!” (vv. 75,77)
Excesso de expressão

• aliterações onomatopaicas “de ferro e fogo e força” (v. 16),


“rugindo, rangendo, ciciando, estrugindo, ferreando” (v. 24)
• frases nominais (verbos conjugados referem-se ao sujeito poético
“tenho febre”, “escrevo”, “sinto”, “canto”)
• verbos no infinitivo
• comparações inesperadas: “olhando os motores como a uma
Natureza tropical” (v. 15), “Amo-vos a todos, a tudo, como uma
fera” (81), “Possuo-vos como a uma mulher bela” (v. 93)
• advérbios: “Amo-vos carnivoramente, Pervertidamente” (vv. 82,83),
“Completamente vos possuo” (v. 93)
• adjetivação/múltipla adjetivação: “grandes, banais, úteis, inúteis”
(v. 84)
• orações coordenadas marcam parataticamente o ritmo rápido do
poema (vv. 15-18)
Sensacionismo (est.8)

• expressão do masoquismo e do sadomasoquismo “Eu podia


morrer triturado por um motor […] Sadismo de não sei quê
moderno e eu barulho!» (vv. 95-101)
• cariz masoquista e sensualista apela a um gozo extremo, mas
desviante “Ah, olhar é em mim uma perversão sexual!” (v. 105)
Exaltação do seu amor pela civilização (est. 17…)

Recuperação do ritmo alucinante:

• Anáfora “Eia…” (vv. 82-85)


• Interjeição “Eh-lá” (anafórica) (vv. 72-75)
• Apóstrofe “Ó ferro, ó aço, ó alumínio, ó chapas de ferro ondulado”…
• Enumeração “Hé-lá as ruas, hé-lá as praças, hé-lá-hô la foule” (v. 32) …
• Repetição “Hup lá, hup lá, hup-lá” (v. 87)
• Semelhança com um motor “Giro, rodeio, engenho-me/Engatam-me
em todos os comboios” (vv. 143,144) …
• Identifica-se com um motor “Galgar com tudo por cima de tudo” (v. 86)
• Onomatopeia “Hup-lá! […]” (vv. 86–87 barulho / ritmo da máquina /
máquina a parar “Z-z-z-z-z-z-z-z-z-z-z!” (v. 89)
“Ah não ser eu toda a gente e toda a parte”

• Confissão do fracasso

• Termina o furor do eu; o eu exalta o seu amor pela civilização

• A força da máquina surge como uma compensação para o seu


falhanço pessoal

• O “eu” exalta a máquina, a vida mecânica e industrial, a


civilização industrial, o quotidiano das gentes, ou melhor, as
sensações que defluem do amor à vida moderna em toda a
sua variedade
Triunfal

Triunfal (de triunfo):


• Civilização
• Dinamismo
• Modernidade
• Progresso
• Técnica
SENSACIONISMO/FUTURISMO

Predomínio do sensacionismo de Walt Whitman:


 Sentir prevalece sobre pensar
 Cultura do excesso
 Fusão do passado e do futuro no presente
 Evocação febril da civilização mecânica
 Lado negativo da civilização moderna (desumanidade,
corrupção, mentira, escândalo, imoralidade…)
 Sadomasoquismo
 Evocação nostálgica da infância
Ode triunfal

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