• agitado, permeável aos ruídos, incomodado, • arrebatado, excesso de sensações estado febril • bela, em fúria ambiente fabril • presente engloba o passado e o futuro • celebração da modernidade, do triunfo da civilização • técnica e industrial Celebração da modernidade (est. 3-4)
• evoca as “correias de transmissão”, os “êmbolos”, os
“volantes” (v. 23), acompanhando o ritmo alucinante da contemporaneidade.
• perfeita sintonia com uma realidade, onde a energia, a
mecânica e a força têm expressão máxima: “Fazendo-me um excesso de carícias ao corpo numa só carícia à alma” (v. 25)
• desejo de “poder exprimir-me como um motor” (v. 26),
“penetrar-me fisicamente de tudo isto” (v. 29), “abrir-me completamente, tornar-me passento/ a todos os perfumes de óleos e calores e carvões” (vv. 30,31) de uma “flora estupenda, negra, artificial e insaciável” (v. 32) Erotismo/Sexualidade Denúncia dos efeitos perversos do progresso civilizacional (est.5-6)
• imoralidade “vadios, escrocs exageradamente bem vestidos”
• visão • audição • olfato • tato (privilégio): “(o que palpar-vos representa para mim!)” (v. 61)
Ama com absoluta necessidade/apetite de tudo o que
representa a modernidade “Ah, como todos os meus sentidos têm cio de vós” (v. 63) Excesso de expressão
A forma como o eu observa e tenta abarcar o mundo não parece
dar-lhe tempo para organizar o seu discurso (recursos expressivos):
• uso recorrente de exclamações (est. 10)
• interjeições “Ah!” (vv. 26,48,67,78) • onomatopeias: “r-r-r-r-r- r-r- r eterno!” (v. 5), “Eh-lá-hô la foule” (v. 34) • apóstrofes (total de 126) “Ó fazendas nas montras! ó manequins! ó últimos figurinos!” (v. 73) • enumerações “Couraças, canhões, metralhadoras, submarinos, aeroplanos!” (v. 85) • anáforas “Olá grandes armazéns, ... Olá anúncios eléctricos... Olá tudo!” (vv. 75,77) Excesso de expressão
• aliterações onomatopaicas “de ferro e fogo e força” (v. 16),
“rugindo, rangendo, ciciando, estrugindo, ferreando” (v. 24) • frases nominais (verbos conjugados referem-se ao sujeito poético “tenho febre”, “escrevo”, “sinto”, “canto”) • verbos no infinitivo • comparações inesperadas: “olhando os motores como a uma Natureza tropical” (v. 15), “Amo-vos a todos, a tudo, como uma fera” (81), “Possuo-vos como a uma mulher bela” (v. 93) • advérbios: “Amo-vos carnivoramente, Pervertidamente” (vv. 82,83), “Completamente vos possuo” (v. 93) • adjetivação/múltipla adjetivação: “grandes, banais, úteis, inúteis” (v. 84) • orações coordenadas marcam parataticamente o ritmo rápido do poema (vv. 15-18) Sensacionismo (est.8)
• expressão do masoquismo e do sadomasoquismo “Eu podia
morrer triturado por um motor […] Sadismo de não sei quê moderno e eu barulho!» (vv. 95-101) • cariz masoquista e sensualista apela a um gozo extremo, mas desviante “Ah, olhar é em mim uma perversão sexual!” (v. 105) Exaltação do seu amor pela civilização (est. 17…)
Recuperação do ritmo alucinante:
• Anáfora “Eia…” (vv. 82-85)
• Interjeição “Eh-lá” (anafórica) (vv. 72-75) • Apóstrofe “Ó ferro, ó aço, ó alumínio, ó chapas de ferro ondulado”… • Enumeração “Hé-lá as ruas, hé-lá as praças, hé-lá-hô la foule” (v. 32) … • Repetição “Hup lá, hup lá, hup-lá” (v. 87) • Semelhança com um motor “Giro, rodeio, engenho-me/Engatam-me em todos os comboios” (vv. 143,144) … • Identifica-se com um motor “Galgar com tudo por cima de tudo” (v. 86) • Onomatopeia “Hup-lá! […]” (vv. 86–87 barulho / ritmo da máquina / máquina a parar “Z-z-z-z-z-z-z-z-z-z-z!” (v. 89) “Ah não ser eu toda a gente e toda a parte”
• Confissão do fracasso
• Termina o furor do eu; o eu exalta o seu amor pela civilização
• A força da máquina surge como uma compensação para o seu
falhanço pessoal
• O “eu” exalta a máquina, a vida mecânica e industrial, a
civilização industrial, o quotidiano das gentes, ou melhor, as sensações que defluem do amor à vida moderna em toda a sua variedade Triunfal
Sentir prevalece sobre pensar Cultura do excesso Fusão do passado e do futuro no presente Evocação febril da civilização mecânica Lado negativo da civilização moderna (desumanidade, corrupção, mentira, escândalo, imoralidade…) Sadomasoquismo Evocação nostálgica da infância Ode triunfal
Os Cavaleiros da Triste Figura: uma experiência decolonial do Dom Quixote do Bugio: um processo artístico de criação cênica com o Grupo Teatral Boca de Cena de Aracaju - SE