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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE SANTO ANDRÉ

Ficha Informativa

Álvaro de Campos

12º C ANO LETIVO: 2020/2021 Professora : Anabela Jorge

“Ode triunfal”

canto exaltatório de uma pessoa ou ideia de força, exagero


de um acontecimento

Ode triunfal  ideia reiterativa


que transmite um tom hiperbólico
(característico da ode): celebra o triunfo
da civilização moderna

 canta o triunfo do século XX


industrializado

 cenário futurista onde se integra o sujeito poético: uma fábrica, espaço por excelência dos
tempos modernos, enaltecido pelos futuristas
- “grandes lâmpadas elétricas” (v.1); “rodas” e “engrenagens” (v.5); “mecanismos” (v.6) que

produzem “grandes ruídos modernos” (v.10); máquinas” (v.14); “motores” (v.15); “correias de

transmissão”, “êmbolos” e “volantes” (v.21)

 ambiente moderno, mecânico, industrial (futurismo: influência de Marinetti), com o qual o

“eu” estabelece uma relação eufórica

 estado emocional do “eu”

 estado febril (“Tenho os lábios secos”, v.10; “E arde-me a cabeça”, v. 12) decorrente do

delírio provocado pelos excessos do ambiente fabril em que está mergulhado (os

movimentos e o barulho das máquinas)


 ainda que febril, revela energia, fúria, em sintonia com o dinamismo das máquinas

(”Escrevo rangendo os dentes”, v. 3; “Em fúria dentro e fora de mim”,v.7)

 desejo de fusão entre o sujeito e o meio industrializado (“Ah, poder exprimir-me todo

como um motor se exprime! / Ser completo como uma máquina!”, vv.26-27)

 novo conceito de beleza (“A beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.”, v.4), que se

opõe à estética aristotélica/tradicional que defendia o equilíbrio como beleza: aqui, é

preconizada a beleza da força, da máquina (futurismo), a qual se exprime em versos

eufóricos, triunfalistas, sensacionistas

 apóstrofes (“Ó rodas, ó engrenagens, rrrrrrr eterno!”, v.5; “ó grandes ruídos modernos,”, v.10;
“ó máquinas!”, v.14), interjeições e exclamações (“Ah, poder exprimir-me todo como um
motor se exprime! / Ser completo como uma máquina!”, vv.26-27)  sendo elementos de uma
ode (texto poético de adoração/louvor), constituem gritos de adoração e chamamento à
Máquina e ao século XX industrial e poderoso

interpelações ao mundo fabril, numa tentativa de com ele dialogar, numa fusão entre o
sujeito e o meio industrializado

 primeira estrofe: o sujeito lírico sente dor e tem febre, causadas por sensações contraditórias:
a beleza do que o rodeia é dolorosa e deixa-o num estado febril.

 sensacionismo
 exaltação do paroxismo (intensidade do sentimento) provocado pela velocidade e pela
força
 o sujeito poético encontra-se cativo dos sentidos, numa busca desesperada do excesso
violento das sensações
 a única realidade é a sensação
 o verdadeiro alcance não é a beleza da máquina, mas as sensações que elas provocam:
sensações marcadamente violentas (“Em fúria dentro e fora de mim”,v.7)
 os sentidos concorrem para o estado de alucinação do eu (“E arde-me a cabeça de vos
querer cantar com um excesso / De expressão de todas as minhas sensações,”, vv.12-13)
 sensações visuais: forma e movimento (v.5; v.16; v.23)
 sensações auditivas (vv.10-11; v.24)
 sensações olfativas (vv.30-31)
 sensações táteis (v.25)
 preocupação em sentir fisicamente para aliviar a dor interior (“Fazendo-me um excesso de
carícias ao corpo numa só carícia à alma.”, v.25)

 vive intensamente o presente, porque este se funde com o passado e anuncia o futuro, isto
é, o presente está alicerçado no passado e é no presente que o futuro se apoia (“E há Platão e
Virgílio dentro das máquinas e das luzes elétricas / Só porque houve outrora e foram humanos
Virgílio e Platão, / E pedaços do Alexandre Magno do século talvez cinquenta, / Átomos que
hão de ir ter febre para o cérebro do Ésquilo do século cem,” vv.19-21)
 fusão do passado e do futuro num tempo único  o presente, o qual é englobante e
dinâmico (concentra todos os tempos num só): “Porque o presente é todo o passado e todo
o futuro”, v.18

 canta o presente/o instante como momento de plenitude (“Canto, e canto o presente,”, v.17)

 ritmo torrencial e avassalador: transmite dinamismo e profundidade, numa atitude


transbordante por parte do sujeito poético que procura a intensidade e a totalização das
sensações.
 onomatopeias (“rrrrrrr eterno!, v.5)
 aliterações (“ferro e fogo e força”, v.16; “Rugindo, rangendo, ciciando, estrugindo,
ferreando”, v.24; v.25)
 repetições (“o presente, e também o passado e o futuro. / Porque o presente é todo o
passado e todo o futuro”, vv.17-18)
 polissíndeto (“ferro e fogo e força”, v.16; v.23)
 interjeições
 exclamações
 apóstrofes
 metáforas (“Natureza tropical”, v.15; “arde-me a cabeça”, v.12)
 comparações (“como um motor se exprime!”, v.26; v.15)
 gerúndio (“Rugindo, rangendo, ciciando, estrugindo, ferreando”, v.24)
 versos longos

 última estrofe: simbiose entre o mundo exterior (civilização moderna e industrial) e o mundo
interior do “eu”  total identificação com as máquinas (sensacionismo exacerbado)
 análise formal: irregularidade estrófica, métrica e rimática  resulta num ritmo irregular e
torrencial que traduz a energia interior do sujeito poético

 “Ah não ser eu toda a gente e toda a parte!” (último verso do poema)
 desejo de viver triunfalmente a vida no seu todo
 confissão do seu fracasso: evidencia a impossibilidade de realização da total identificação
com a realidade que o circunda.

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