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Ode Triunfal
Ode Triunfal
Ficha Informativa
Álvaro de Campos
“Ode triunfal”
cenário futurista onde se integra o sujeito poético: uma fábrica, espaço por excelência dos
tempos modernos, enaltecido pelos futuristas
- “grandes lâmpadas elétricas” (v.1); “rodas” e “engrenagens” (v.5); “mecanismos” (v.6) que
produzem “grandes ruídos modernos” (v.10); máquinas” (v.14); “motores” (v.15); “correias de
estado febril (“Tenho os lábios secos”, v.10; “E arde-me a cabeça”, v. 12) decorrente do
delírio provocado pelos excessos do ambiente fabril em que está mergulhado (os
desejo de fusão entre o sujeito e o meio industrializado (“Ah, poder exprimir-me todo
novo conceito de beleza (“A beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.”, v.4), que se
apóstrofes (“Ó rodas, ó engrenagens, rrrrrrr eterno!”, v.5; “ó grandes ruídos modernos,”, v.10;
“ó máquinas!”, v.14), interjeições e exclamações (“Ah, poder exprimir-me todo como um
motor se exprime! / Ser completo como uma máquina!”, vv.26-27) sendo elementos de uma
ode (texto poético de adoração/louvor), constituem gritos de adoração e chamamento à
Máquina e ao século XX industrial e poderoso
interpelações ao mundo fabril, numa tentativa de com ele dialogar, numa fusão entre o
sujeito e o meio industrializado
primeira estrofe: o sujeito lírico sente dor e tem febre, causadas por sensações contraditórias:
a beleza do que o rodeia é dolorosa e deixa-o num estado febril.
sensacionismo
exaltação do paroxismo (intensidade do sentimento) provocado pela velocidade e pela
força
o sujeito poético encontra-se cativo dos sentidos, numa busca desesperada do excesso
violento das sensações
a única realidade é a sensação
o verdadeiro alcance não é a beleza da máquina, mas as sensações que elas provocam:
sensações marcadamente violentas (“Em fúria dentro e fora de mim”,v.7)
os sentidos concorrem para o estado de alucinação do eu (“E arde-me a cabeça de vos
querer cantar com um excesso / De expressão de todas as minhas sensações,”, vv.12-13)
sensações visuais: forma e movimento (v.5; v.16; v.23)
sensações auditivas (vv.10-11; v.24)
sensações olfativas (vv.30-31)
sensações táteis (v.25)
preocupação em sentir fisicamente para aliviar a dor interior (“Fazendo-me um excesso de
carícias ao corpo numa só carícia à alma.”, v.25)
vive intensamente o presente, porque este se funde com o passado e anuncia o futuro, isto
é, o presente está alicerçado no passado e é no presente que o futuro se apoia (“E há Platão e
Virgílio dentro das máquinas e das luzes elétricas / Só porque houve outrora e foram humanos
Virgílio e Platão, / E pedaços do Alexandre Magno do século talvez cinquenta, / Átomos que
hão de ir ter febre para o cérebro do Ésquilo do século cem,” vv.19-21)
fusão do passado e do futuro num tempo único o presente, o qual é englobante e
dinâmico (concentra todos os tempos num só): “Porque o presente é todo o passado e todo
o futuro”, v.18
canta o presente/o instante como momento de plenitude (“Canto, e canto o presente,”, v.17)
última estrofe: simbiose entre o mundo exterior (civilização moderna e industrial) e o mundo
interior do “eu” total identificação com as máquinas (sensacionismo exacerbado)
análise formal: irregularidade estrófica, métrica e rimática resulta num ritmo irregular e
torrencial que traduz a energia interior do sujeito poético
“Ah não ser eu toda a gente e toda a parte!” (último verso do poema)
desejo de viver triunfalmente a vida no seu todo
confissão do seu fracasso: evidencia a impossibilidade de realização da total identificação
com a realidade que o circunda.