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Vitória da Conquista – Ba
07 de Abril de 2022
IDENTIFICAÇÃO
° Capítulo 23:
Nietzsche relaciona o “moderno” a um homem abstrato, sem mitos,
educação, costumes e leis abstratas. Uma errância descontrolada,
uma cultura sem lugares primitivos, fixos e sagrados, destinada ao
esgotamento. Fazendo o possível para se alimentar, seguindo a
ideia de Sócrates de destruir o mito que absorve todo e qualquer
tipo de cultura. Tornando-se então um homem sem a garantia de
pertencimento com a religião ou seu crescer a cerca de
representações místicas.
° Capítulo 24:
° Capítulo 25:
Música e mito trágico são de igual maneira expressão da aptidão
dionisíaca de um povo e inseparáveis uma do outro. Ambos
procedem de um domínio artístico situado para além do apolíneo;
ambos transfiguram uma região em cujos prazenteiros acordes se
perdem encantadoramente tanto a dissonância como a imagem
terrível do mundo; ambos jogam com o espinho do desprazer,
confiando em suas artes mágicas sobremaneira poderosas; ambos
justificam com tal jogo a própria existência do “pior dos mundos”.
Aqui o dionisíaco, medido com o apolíneo, se mostra como a
potência artística eterna e originária que chama a existência em
geral o mundo todo da aparência: no centro do qual se faz
necessária uma nova ilusão transfiguradora para manter firme em
vida o ânimo da individualização. Se pudéssemos imaginar uma
encarnação da dissonância – e que outra coisa é o homem? – tal
dissonância precisaria, a fim de poder viver, de uma ilusão
magnifica que cobrisse com véu de beleza a sua própria essência.
Eis o verdadeiro desígnio artístico de Apolo: sob o seu nome
reunimos todas aquelas inumeráveis ilusões da bela aparência que,
a cada instante, tornam de algum modo a existência digna de ser
vivida e impelem a viver o momento seguinte.
No entanto, daquele fundamento de toda existência, do substrato
dionisíaco do mundo, só é dado penetrar na consciência do
indivíduo humano exatamente aquele tanto que pode ser de novo
subjugado pela força transfiguradora apolínea, de tal modo que
esses dois impulsos artísticos são obrigados a desdobrar suas
forças em rigorosa proporção reciproca, segundo a lei da eterna
justiça. Lá onde os poderes dionisíacos se erguem tão
impetuosamente, como nós o estamos vivenciando, lá também
Apolo, envolto em uma nuvem, já deve ter descido até nós e uma
próxima geração, sem dúvida, contemplará seus soberbos efeitos
de beleza.
Mas que esse efeito é necessário, aí está algo que, por intuição,
cada um o perceberia, contanto que alguma vez, fosse mesmo um
sonho, se sentisse transportado a uma existência vetero-helênica;
passeando sob altas colunas jônicas, alçando o olhar para um
horizonte recortado por linhas puras e nobres, tendo junto a si, em
mármore luminoso, reflexos de sua figura transfigurada e, em redor
de si, homens marchando solenemente ou movendo-se
delicadamente, como vozes soando harmonicamente e com ritmada
linguagem gestual – não teria ele, diante essa ininterrupta afluição
de beleza, de levantar as mãos para Apolo, exclamando; “Bem
aventurado o povo dos helenos! Quão grande deve ter sido entre
vós Dionísio, se o deus Delos considera necessárias tais mágicas
para curar vossa folia ditirâmbica!”. – Mas a alguém nesse estado
de ânimo, um velho ateniense, erguendo o olhar para ele com o
sublime olhar de Ésquilo, replicaria: “Mas dize também isto, ó
singular forasteiro, quanto precisou sofrer este povo para poder
tornar-se tão belo! Agora, porém, acompanha-me a tragédia e
sacrifica comigo no templo de ambas as divindades!”.