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GÊNEROS

LITERÁRIOS
ÉPICO, LÍRICO, DRAMÁTICO E NARRATIVO
01.
CONCEITO DE GÊNERO

02.
GÊNERO ÉPICO

03.

SUMÁRIO
GÊNERO DRAMÁTICO

04.
GÊNERO LÍRICO

05.
GÊNERO NARRATIVO
A ideia de gênero está ligada
a conjuntos de
características em comum,
presentes nos diversos tipos

ORIGEM
textuais. Aristóteles (384 -
322 a.C.) foi o primeiro a
organizar os tipos textuais
de seu tempo. Obteve três:

Gênero épico; Gênero lírico e


Gênero dramático.
Segundo Aristóteles os
gêneros são: modelos
absolutos, entidades

HIERARQUIA DOS GÊNEROS


normativas, não submetidas
aos avanços temporais:
imutáveis, fixos. São
unidades de emoção (têm
diferentes impactos sobre
o público) e são
hierárquicos, isto é,
existem gêneros para
pobres e gêneros para
ricos. Na Grécia antiga,
por exemplo, no gênero
dramático, a comédia era
considerada um gênero
inferior, portanto,
assistida, preferivelmente
pelos pobres, enquanto a
tragédia era vista como um
grande gênero, feito para
os ricos.
A concepção aristotélica perdura
até o século XVIII. Com as
inovações e o anseio de se

INTERFERÊNCIA ROMÂNTICA
desvencilhar do passado literário,
os românticos postularam uma
mudança na ideia de gênero.
Passando a, diferentemente dos
helênicos, considerá-los mutáveis,
pois dependem de autor e local; são
móveis, pois uns podem cair em
desuso, enquanto outros surgirem;
além disso, podem se misturar,
como, por exemplo, a tragicomédia.
Assim, obtiveram quatro gêneros:

Gênero narrativo (épico); Gênero


lírico; Gênero dramático e Gênero
ensaístico.
PARA COMEÇAR A ENTENDER
O gênero épico: O gênero dramático: O gênero lírico:
narrações de fatos textos destinados para a textos de caráter
grandiosos, centrados representação cênica, na emocional, centrados na
na figura de um herói. forma de tragédia ou na subjetividade dos
Segundo Aristóteles, a forma de comédia. Segundo sentimentos da alma.
palavra narrada. Aristóteles, a palavra Segundo Aristóteles, a
representada. palavra cantada.
As armas e os barões assinalados...

GÊNERO ÉPICO

02.
CARACTERÍSTICAS GERAIS
Do grego, Epos= Canto; Poeieo=fazer;

Características principais:
⎯ Universalidade (não se fala de si);
⎯ Assunto: história e lenda, o maravilhoso e as realidades
cotidianas, a magia e o culto.
⎯ Narrativa de estrutura episódica (continuidade);
⎯ Cortesã: louvor à nobreza;
⎯ Presença de um herói (semideus);
Estrutura:
⎯ Proposição: o narrador apresenta o assunto que será
tratado ao longo da epopeia. Em Os lusíadas, por
exemplo, “As armas e os Barões assinalados”.
⎯ Invocação: o poeta pede o auxílio divino para poder
cantar os grandes feitos que serão narrados.
Tradicionalmente, invoca-se Calíope, a musa da
epopeia.
⎯ Dedicatória: aqui, oferece-se o poema a alguém.
Normalmente o poema é dedicado à nobreza.
⎯ Narração: trata-se das ações, em sim. Aquilo que
foi apresentado na proposição, é desenvolvido no
corpo do poema.
⎯ Epílogo: avalia-se os fatos descritos, tirando,
deles, uma conclusão.
CANTO I – OS LUSÍADAS INVOCAÇÃO
PROPOSIÇÃO Luis de Camões

AS armas e os Barões assinalados E vós, Tágides minhas, pois criado


Que da Ocidental praia Lusitana Tendes em mi um novo engenho ardente,
Por mares nunca de antes navegados Se sempre em verso humilde celebrado
Passaram ainda além da Taprobana, Foi de mi vosso rio alegremente,
Em perigos e guerras esforçados Dai-me agora um som alto e sublimado,
Mais do que prometia a força humana, Um estilo grandíloco e corrente,
E entre gente remota edificaram Por que de vossas águas Febo ordene
Novo Reino, que tanto sublimaram; Que não tenham enveja às de Hipocrene.

E também as memórias gloriosas Dai-me ũa fúria grande e sonorosa,


Daqueles Reis que foram dilatando E não de agreste avena ou frauta ruda,
A Fé, o Império, e as terras viciosas Mas de tuba canora e belicosa,
De África e de Ásia andaram devastando, Que o peito acende e a cor ao gesto muda;
E aqueles que por obras valerosas Dai-me igual canto aos feitos da famosa
Se vão da lei da Morte libertando, Gente vossa, que a Marte tanto ajuda;
Cantando espalharei por toda parte, Que se espalhe e se cante no universo,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte. Se tão sublime preço cabe em verso. DEDICATÓRIA
Cessem do sábio Grego e do Troiano E vós, ó bem nascida segurança
As navegações grandes que fizeram; Da Lusitana antiga liberdade,
Cale-se de Alexandro e de Trajano E não menos certíssima esperança
A fama das vitórias que tiveram; De aumento da pequena Cristandade;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano, Vós, ó novo temor da Maura lança,
A quem Neptuno e Marte obedeceram. Maravilha fatal da nossa idade,
Cesse tudo o que a Musa antiga canta, Dada ao mundo por Deus, que todo o mande,
Que outro valor mais alto se alevanta. Pera do mundo a Deus dar parte grande;
PARA PESQUISAR PARA A PRÓXIMA AULA:
EPISÓDIO DO GIGANTE ADAMASTOR, OS LUSÍADAS.
Que há num nome?

GÊNERO DRAMÁTICO

03.
CARACTERÍSTICAS GERAIS
“Reúne a objetividade épica e a subjetividade lírica” (Hegel)

Na Grécia antiga o teatro era uma forma de catarse, isto é,


libertação, expulsão ou purgação do que é estranho à essência ou
à natureza de um ser e que, por isso, o corrompe. Essa catarse
ocorre na arte. Vendo as encenações, o espectador controlava suas
emoções.
Características:
⎯ Gênero que imita a realidade por meio de
personagens em ação, e não da narração.
⎯ Texto destinado à representação, através de atores
que dialogam (diálogo) e agem (ação.
⎯ Extensão: menor que a épica, maior que a lírica;
⎯ Divisão: cenas e atos;
⎯ Premissa (situação inicial) – tese (solução final);

Tragédia: ações elevadas que suscitam o temor e a


piedade. HAMARTIA – HYBRIS E NEMESIS.
Comédia: imitação de ações ridículas e mesquinha.
Tragicomédia: Mistura de tragédia e comédia.
Farsa: pequena peça teatral de caráter ridículo e
caricatural, criticando a sociedade e seus costumes.
Auto: Apresentações com temáticas religiosas (Jesus,
Santos e a Virgem Maria), com proposta moralizante.
PERSONAGEM
GOTA D’ÁGUA
Chico Buarque de Holanda
RUBRICA / DIDASCÁLIA
Filho 1: Queria comer... Não tem susto, é tudo bem devagar
Filho 2: Tou com fome... E a gente fica lá tomando sol
Joana: Tem comida, vem... Isso é o que o Tem sempre um cheirinho de éter no ar,
senhor quer? a infância perpetuada em formol
(Abraça os filhos profundamente um tempo) (Dá um bolinho e põe guaraná na boca dos
Meus filhos, mamãe queria dizer... filhos)
A Creonte, à filha, a Jasão e companhia
uma coisa a vocês. Chegou a hora
Vou deixar esse presente de casamento
de descansar. Fiquem perto de mim Eu transfiro pra vocês a nossa agonia
que nós três, juntinhos, vamos embora porque, meu pai, eu compreendi que o
prum lugar que parece que é assim: sofrimento
é um campo muito macio e suave, de conviver com a tragédia todo dia
tem jogo de bola e confeitaria, é pior que a morte por envenenamento
Tem circo, música, tem muita ave,
e tem aniversário todo dia Joana come um bolo; agarra-se aos filhos;
Lá ninguém briga, lá ninguém espera, cai com eles no chão; a luz desce em seu
Ninguém empurra ninguém, meus amores set; sobem, brilhantes, luz e orquestra da
festa onde todos, com a maior alegria,
Não chove nunca, é sempre primavera,
cantam Gota d’água; vai subindo de
A gente deita em beliche de flores intensidade até o clímax, quando se ouve um
mas não dorme, fica olhando as estrelas grito lancinante... É Corina que grita; ao
Ninguém fica sozinho. Lá não dói, lá mesmo tempo Creonte bate palmas e a música
ninguém vai nunca embora. As janelas para.
vivem cheias de gente dizendo oi
PARA PESQUISAR PARA A PRÓXIMA AULA:
ASSISTIR AO FILME “O AUTO DA COMPADECIDA”, DE
GUEL ARRAES, A PARTIR DA OBRA DE ARIANO SUASSUNA
Dai-nos a poesia nossa de cada dia...

GÊNERO LÍRICO

04.
CARACTERÍSTICAS GERAIS
⎯ O gênero lírico recebe esse nome, aludindo ao instrumento
musical lira.
⎯ Em seus primórdios, a lírica pressupunha uma relação de
acordo entre letra e música, texto e som. Essa relação
perdura até o fim da idade média (Trovadorismo), período em
que o texto recebia o nome de cantiga.
⎯ Subjetividade;
A poesia lírica não nasce do
anseio ou da necessidade de
descrever o real que se estende
perante o eu, nem do desejo de
criar sujeitos independentes
perante o eu do poeta lírico,
ou de contar uma ação em que se
oponham o mundo e o homem, ou
os homens entre si. A lírica
enraíza-se na revelação e no
aprofundamento do próprio eu,
na imposição do ritmo, da
tonalidade, enfim, desse mesmo
eu, a toda a realidade.

Vitor Manuel Aguiar e Silva.


In. Teoria da literatura
PRINCIPIA
Emicida (part. Fabiana Cozza, Pastor Henrique Vieira e Pastoras do Rosário)

https://www.youtube.com/watch?v=kjggvv0xM8Q
Elementos constituintes do poema:
⎯ Verso: linha do poema.
⎯ Estrofe: conjunto de versos.

Dístico (ou parelha): dois versos; Terceto: três versos;


Quadra (quarteto): quatro versos; Quintilha (quinteto):
cinco versos; Sextilha (sexteto): seis versos; Sétima:
sete versos; Oitava: oito versos; Nona: nove versos;
Décima: dez versos.

⎯ Rima: concordância de sons finais ou interiores entre


os versos;
Rica: classes gramaticais distintas;
Pobre: mesmas classes gramaticais;

⎯ Versos brancos: sem rima; ⎯ Alternada: ABAB;


⎯ Emparelhada: AABB; ⎯ Encadeada: ABA, BCB, CDC...
⎯ Interpolada: ABBA; ⎯ Interior: no interior dos versos.
SONETO DE FIDELIDADE
Vinicius de Moraes

De tudo, ao meu amor serei atento A


Antes e com tal zelo, e sempre, e tanto B
Que mesmo em face do maior encanto B
Dele se encante mais meu pensamento A

Quero vivê-lo em cada vão momento A


E em seu louvor hei de espalhar meu canto B
E rir meu riso e derramar meu pranto B
Ao seu pesar ou seu contentamento A

E assim quando mais tarde me procure C


Quem sabe a morte, angústia de quem vive D
Quem sabe a solidão, fim de quem ama E

Eu possa lhe dizer do amor (que tive): D


Que não seja imortal, posto que é chama E
Mas que seja infinito enquanto dure C
⎯ Metro: número de sílabas poéticas. (Conta-se até a
última silaba tônica de cada verso);

Elisão: vogal + vogal (Da au/ro/ra/)


Ectlipse: nasal + vogal (co’a e co’um ou c’um)
Sinérese: transformação de um hiato em um ditongo. (pie/da/de)
Diérese: transformação de um ditongo em hiato.(sa/u/da/de)

⎯ Encadeamento ou enjambement: quando a frase final de um


verso terminará no verso seguinte;
Co/mo/ são /be/los/ os/ di/as
Do /des/pon/tar/ da e/xis/tên/cia!

⎯ Ritmo: a grosso modo, podemos afirmar que o ritmo de um


poema se dá a partir da alternância de sílabas tônicas
(fortes) e átonas (fracas);

SOU BRAVO, SOU FORTE


SOU FILHO DO NORTE
MEU CANTO DE MORTE,
GUERREIROS, OUVI.
Meus oito anos
Casimiro de Abreu

Oh!/ que/ sal/da/des/ que/ te/nho


Da au/ro/ra/ da /mi/nha/ vi/da, Que au/ro/ra,/ que/ sol, /que/ vi/da,
Da /mi/nha in/fân/cia/ que/ri/da Que/ noi/tes/ de/ me/lo/di/a
Que os/ a/nos /não/ tra/zem/ mais! Na/que/la /do/ce a/le/gri/a,
Que a/mor/, que/ so/nhos/, que/ Na/que/le in/gê/nuo/ fol/gar!
flo/res, O/ céu/ bor/da/do/ d'es/tre/las,
Na/que/las/ tar/des/ fa/guei/ras A/ te/rra/ de a/ro/mas/ chei/a
À /som/bra/ das/ ba/na/nei/ras, As /on/das/ bei/jan/do a a/rei/a
De/bai/xo/ dos/ la/ran/jais! E a lua beijando o mar!

Co/mo/ são /be/los/ os/ di/as Oh! dias da minha infância!


Do /des/pon/tar/ da e/xis/tên/cia! Oh! meu céu de primavera!
— Res/pi/ra a /al/ma i/no/cên/cia Que doce a vida não era
Co/mo/ per/fu/mês/ a/ flor; Nessa risonha manhã!
O/ mar/ é/ — la/go/ se/re/no, Em vez das mágoas de agora,
O /céu /— um/ man/to a/zu/la/do, Eu tinha nessas delícias
O/ mun/do — um/ so/nho/ dou/ra/do, De minha mãe as carícias
A/ vi/da — um/ hi/no/ d'a/mor! E beijos de minhã irmã!
Modalidades do gênero lírico:
⎯ Elegia: canto fúnebre, exprime lamentos.
⎯ Ode: tom alegre e elevado; trata-se de um elogio
(inicialmente exaltava o amor e os vencedores, hoje, têm
qualquer temática);
⎯ Madrigal: tema amoroso, poema curto;
⎯ Epigrama: poema breve e satírico. Expressa um pensamento
ou conceito malicioso.
⎯ Acróstico: as letras iniciais do poema formam, juntas,
um nome, geralmente, o nome da mulher amada;
⎯ Epitalâmio: poema de núpcias;
⎯ Epicédio: poema que celebra as virtudes de um morto;
⎯ Écloga: poema de tema bucólico e pastoril, geralmente é
um diálogo.
Formas fixas:
⎯ Soneto: dois quartetos e dois tercetos (último verso:
chave de ouro);
⎯ Terceto: estrofes de três versos;
⎯ Quadras (quadrinhas): estrofes com quatro versos;
João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barraco sem número
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.
In: Libertinagem, de Manuel Bandeira.

LIBERDADE
PARA PESQUISAR PARA A PRÓXIMA AULA:
POEMA “E AGORA, JOSÉ?”, DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
Era uma vez, num reino distante..

GÊNERO NARRATIVO

05.
CARACTERÍSTICAS GERAIS
⎯ O gênero narrativo deriva do gênero épico. Com o passar do tempo,
aquele gênero ganha autonomia e passa a designar estórias voltadas para
a vida individual por meio da ficção, ora traduzida para a linguagem
verbal, agora sob a forma prosaica.

Características:
⎯ Personagem (plana e esférica);
⎯ Enredo (ação com início, meio e fim);
⎯ Tempo (cronológico e psicológico);
⎯ Espaço (concreto e abstrato);
⎯ Narrador (narrador-personagem (1ª pessoa);
narrador observador (3ª pessoa));
Características:

⎯ Conto: apresenta um foco narrativo apenas;


⎯ Novela: apresenta mais de um núcleo justapostos.
Em geral, uma personagem percorre os diversos
núcleos narrativos, sendo o elo que os une.
⎯ Romance: vários núcleos narrativos independentes,
que são atualizados simultaneamente.
⎯ Anedota: breve estória humorística;
⎯ Fábula: estória vivida por animais, ao final, uma
lição de moral;
⎯ Apólogo: estória vivida por objetos inanimados, ao
final, uma lição de moral;
VAMOS OUVIR HISTÓRIA?
SENTA, QUE LÁ VEM HISTÓRIA.
DOM CASMURRO – CAP.1
Machado de Assis

DO TÍTULO Nem por isso me zanguei. Contei a anedota aos


Uma noite destas, vindo da cidade amigos da cidade, e eles, por graça, chamam-me
para o Engenho Novo, encontrei no trem da assim, alguns em bilhetes: "Dom Casmurro,
Central um rapaz aqui do bairro, que eu domingo vou jantar com você”.— "Vou para
conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, Petrópolis, Dom Casmurro; a casa é a mesma da
sentou-se ao pé de mim, falou da Lua e dos Renânia; vê se deixas essa caverna do Engenho
ministros, e acabou recitando-me versos. A Novo, e vai lá passar uns quinze dias
viagem era curta, e os versos pode ser que não comigo”.— "Meu caro Dom Casmurro, não cuide
fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que, que o dispenso do teatro amanhã; venha e
como eu estava cansado, fechei os olhos três dormirá aqui na cidade; dou-lhe camarote, dou-
ou quatro vezes; tanto bastou para que ele lhe chá, dou-lhe cama; só não lhe dou moça”.
interrompesse a leitura e metesse os versos no Não consultes dicionários.
bolso. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe
— Continue, disse eu acordando. dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem
— Já acabei, murmurou ele. calado e metido consigo. Dom veio por ironia,
— São muito bonitos. para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por
Vi-lhe fazer um gesto para tirá- estar cochilando! Também não achei melhor
los outra vez do bolso, mas não passou do título para a minha narração; se não tiver
gesto; estava amuado. No dia seguinte entrou a outro daqui até ao fim do livro, vai este
dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando- mesmo. O meu poeta do trem ficará sabendo que
me Dom Casmurro. Os vizinhos, que não gostam não lhe guardo rancor. E com pequeno esforço,
dos meus hábitos reclusos e calados, deram sendo o título seu, poderá cuidar que a obra é
curso à alcunha, que afinal pegou. sua. Há livros que apenas terão isso dos seus
autores; alguns nem tanto.
Sempre me restará amar.
Escrever é alguma coisa
extremamente forte mas que
pode me trair e me
abandonar: posso um dia
sentir que já escrevi o que
é meu lote neste mundo e que
eu devo aprender também a
parar. Em escrever eu não
tenho nenhuma garantia.
Ao passo que amar eu posso
até a hora de morrer. Amar
não acaba. É como se o mundo
estivesse a minha espera. E
eu vou ao encontro do que me
espera.

Clarice Lispector
Como plano de fundo destes slides, obras Grupo Matizes Dumont: Um grupo
de artistas que há mais de 30 anos borda a brasilidade com uma linguagem
poética livre e entre águas e seres transforma a vida das pessoas.

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