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Português

Capítulo 1: Pontuação
Capítulo 2: Leitura e interação
Capítulo 3: Argumentação

Lei nº 9.610/98.
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autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados.
Violação de direito autoral cabe detenção de três meses a um ano, ou multa. Caracterização da
violação: reprodução por qualquer meio, de obra intelectual, no todo ou em parte.
Português: ensino médio, 1ª série. Alagoas: Dinamus
Sistema de Ensino, 2022.

Obra em 1 v.

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO.


CNPJ: 11.582.953/0001-21
Rua Dr. Eurico Ayres, 53 - Tabuleiro do Martins
Maceió – AL.

Obra editada segundo a Base Nacional Comum Curricular para o Ensino Médio, homo-
logado pela Portaria nº 1.570, publicada no D.O.U. de 2017.
1 Pontuação

Til é acento?
Aliás: se escreve “acento” ou “assento”?
Se você também se confunde, atenção: ASSENTO é lugar que utilizamos para
sentar; ACENTO é sinal gráfico utilizado nas sílabas tônicas das palavras.
Agora que você não vai mais se confundir, vamos à questão inicial (til é um acen-
to?) que é outra dúvida preliminar que precisamos resolver ao falar de acentu-
ação gráfica.
Desde já fique sabendo que os acentos só podem recair na sílaba tônica da pala-
vra. Sílaba tônica é a famosa sílaba “mais forte” da palavra, aquela que tem um
som mais marcante.
Existem palavras com sílabas onde o til está presente e ela não é a tônica, como
nas palavras “órgão” e “sótão”. Isso ocorre por que o til é considerado como “in-
dicativo de nasalização” da palavra, e não acento.
Sendo assim, embora modifique foneticamente a palavra, a presença do til não
indica, necessariamente, sílaba tônica. Ou seja: o til não é um acento!
Estudar acentuação gráfica pode parecer bobagem, mas quem sabe utilizar cor-
retamente os sinais gráficos com certeza se destaca: saber a tonicidade da sílaba
das palavras garante que tenhamos uma pronúncia adequada de cada vocábulo.
Com isso, evitamos gerar confusão na comunicação. Por exemplo: a palavra
“maiô” (roupa de banho), se for utilizada sem o acento, passa a ser entendida
como “maio” (o mês).
Com o acento circunflexo, a pronúncia fica completamente distinta, tornando a
última sílaba da palavra tônica. Da mesma forma ocorre com o emprego do til.
FONTE: Dinamus Sistema de Ensino.

Lei nº 9.610/98.
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Sumário
Notações léxicas_03
Acentuação gráfica_05
Emprego dos porquês_06
Sinais de pontuação_08
Referências_14

Port. _Contexto

01. De acordo com a leitura inicial, o til é acento? Explique.


02. Ainda de acordo com o texto, qual é a importância de estudar acentuação gráfica?
03. O que é a sílaba tônica?
04. Assinale, dentre as alternativas a seguir, aquela em que a sílaba tônica está corretamente desta-
cada em todas as palavras:

(A) Nobel, abacaxi, ímã.


(B) tulipa, chuchu, funil.
(C) ínterim, bênção, item.
(D) rubrica, pudico, tórax.
(E) anel, ácaro, bússola.

05. Assinale a alternativa em que há um erro de acentuação, corrigindo-o:


(A) chapéu, hífen, idéia.
(B) lápis, rainha, egoísta.
(C) tatuí, régua, taxista.
(D) maracujá, rapé, cipó.
(E) ruim, órgão, túnel.
Formando o leitor e produtor de texto
Capítulo 1: Pontuação

Pontuação
Notações léxicas
Introdução

A língua portuguesa utiliza alguns sinais gráficos para indicar a pronúncia correta das palavras e au-
xiliar na escrita. Esses sinais recebem o nome de notações léxicas. São utilizadas as seguintes notações
léxicas na escrita da língua portuguesa.

Acento agudo (´)

Emprega-se sobre as vogais tônicas a, e e o, para indicar o som aberto; sobre as vogais fechadas i e u,
se forem tônicas; e sobre o e fechado de alguns ditongos nasais em e ens:

As palavras aí estão, uma por uma:


porém minha alma sabe mais.
MEIRELES, Cecília. Obra poética. Rio de Janeiro: Aguilar, 1972

Acento grave (`)

O acento grave indica unicamente a crase, ou seja, a fusão do artigo a com a preposição a:

Certo não, quando ao catar palavras:


a pedra dá à frase seu grão mais vivo.
NETO, João Cabral de Melo. Antologia poética. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979

Acento circunflexo (ˆ)

É empregado sobre as vogais tônicas a, e e o para indicar o timbre fechado:

PORTUGUÊS
Eu sem você
Não tenho porquê
Porque sem você
Não sei nem chorar [...]
MORAES e POWELL; Vinicius de e Baden. Samba em prelúdio. São Paulo: BMG/RCA, s/d.

Til (˜)

O til indica a nasalidade das vogais a e o:

Pelo sertão não se tem como


não se viver sempre enlutado
NETO, João Cabral de Melo. Agreste: poesia (1981-1985). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

Apóstrofo (')

É empregado para indicar a supressão de um fonema em uma palavra, com a finalidade de evitar ca-
cofonia (sonoridade desagradável, sentido ridículo à expressão ou confusão com a palavra seguinte) ou
repetição:

Mas na minh'alma tudo se derrama...


Entanto nada foi só ilusão

Emprego do hífen

Algumas regras do uso do hífen foram alteradas pelo Acordo Ortográfico de 1990 (o mais atual, vigente
desde 2009).

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 3


Formando o leitor e produtor de texto
Capítulo 1: Pontuação

Mas, como se trata ainda de matéria controvertida em muitos aspectos, para facilitar a compreensão,
apresentamos um resumo das regras que orientam o uso do hífen com os prefixos mais comuns, assim
como as novas orientações estabelecidas pelo Acordo.
As observações a seguir referem-se ao uso do hífen em palavras formadas por prefixos ou por elemen-
tos que podem funcionar como prefixos, como: aero, agro, além, ante, anti, aquém, arqui, auto, circum, co,
contra, eletro, entre, ex, extra, geo, hidro, hiper, infra, inter, intra, macro, micro, mini, multi, neo, pan, pluri,
proto, pós, pré, pró, pseudo, retro, semi, sobre, sub, super, supra, tele, ultra, vice etc.

A) Com prefixos, usa-se sempre o hífen diante de palavra iniciada por h. Exemplos: anti-hi-
A palavra sub-humano, no giênico, anti-histórico, co-herdeiro, macro-história, mini-hotel, proto-história, sobre-humano,
acordo ortográfico atual, super-homem, ultra-humano;
se escreve subumano
(nesse caso, a palavra
humano perde o h). B) Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal diferente da vogal com que se inicia
o segundo elemento. Exemplos: aeroespacial, agroindustrial, anteontem, antiaéreo, antieduca-
tivo, autoaprendizagem, autoescola, autoestrada, autoinstrução, coautor, coedição, extraesco-
lar, infraestrutura, plurianual, semiaberto, semianalfabeto, semiesférico, semiopaco;

C) Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por consoante
diferente de r ou s. Exemplos: anteprojeto, antipedagógico, autopeça, autoproteção, coprodução, geopo-
lítica, microcomputador, pseudoprofessor, semicírculo, semideus, seminovo, ultramoderno;

Atenção: com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen. Exemplos: vice-rei, vice-almirante, vice-presidente,
vice-campeão etc;

D) Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa
Exceção ao emprego do por r ou s. Nesse caso, duplicam-se essas letras. Exemplos: antirrábico, antirracismo, antir-
hífen, o prefixo co agluti- religioso, antirrugas, antissocial, biorritmo, contrarregra, contrassenso, cosseno, infrassom,
na-se em geral com o se-
gundo elemento, mesmo microssistema, minissaia, multissecular, neorrealismo, neossimbolista, semirreta, ultrarre-
quando este se inicia por sistente, ultrassom;
o: coobrigar, coobriga-
ção, coordenar, cooperar, E) Quando o prefixo termina por vogal, usa-se o hífen se o segundo elemento começar
cooperação, cooptar,
coocupante etc.
pela mesma vogal. Exemplos: anti-ibérico, anti-imperialista, anti-inflacionário, anti-infla-
matório, auto-observação, contra-almirante, contra-ataque, micro-ondas, micro-ônibus,
semi-internato, semi-interno;
PORTUGUÊS

F) Quando o prefixo termina por consoante, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mes-
ma consoante. Exemplos: hiper-requintado, inter-racial, inter-regional, sub-bibliotecário, super-racista,
super-reacionário, super-resistente, super-romântico.

Atenção: nos demais casos não se usa o hífen. Exemplos: hipermercado, intermunicipal, superinteressan-
te, superproteção.

Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r: sub-região, sub-raça etc.
Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal: circum-navega-
ção, pan-americano etc.

G) Quando o prefixo termina por consoante, não se usa o hífen se o segundo elemento começar por
vogal. Exemplos: hiperacidez, hiperativo, interescolar, interestadual, interestelar, interestudantil, supera-
migo, superaquecimento, supereconômico, superexigente, superinteressante, superotimismo;

H) Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré e pró, usa-se sempre o hífen. Exemplos: além-
-mar, além-túmulo, aquém-mar, ex-aluno, ex-diretor, ex-hospedeiro, ex-prefeito, ex-presidente, pós-
-graduação, pré-história, pré-vestibular, pró-europeu, recém-casado, recém-nascido, sem-terra;

I) Deve-se usar o hífen com os sufixos de origem tupi-guarani (açu, guaçu e mirim). Exemplos: amoré-
-guaçu, anajá-mirim, capim-açu;

J) Deve-se usar o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando
não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares. Exemplos: ponte Rio-Niterói, eixo Rio-
-São Paulo;

K) Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição. Exemplos: giras-
sol, madressilva, mandachuva, paraquedas, paraquedista, pontapé;

L) Para clareza gráfica, se no final da linha a partição de uma palavra ou combinação de palavras coin-
cidir com o hífen, ele deve ser repetido na linha seguinte.

4 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Formando o leitor e produtor de texto
Capítulo 1: Pontuação

Fixando conceitos

01. Comente a função dos sinais gráficos na língua portuguesa.


02. Quais são as exceções ao uso do hífen?
03. O sinal gráfico til (˜) é considerado acento?

Pratique

01. Assinale a opção em que o uso do hífen está empregado corretamente.


(A) ultra-som. (B) auto-escola. (C) co-fundador. (D) peixe-espada. (E) super-interessante.

02. Considere duas orientações estabelecidas pelo Novo Acordo Ortográfico quanto ao emprego do hífen.
• Se o primeiro elemento terminar por vogal diferente daquela que inicia o segundo elemento, escreve-se junto,
sem hífen. Portanto, se as vogais forem iguais, emprega-se hífen.

• Emprega-se o hífen quando o primeiro elemento terminar por consoante igual à que inicia o segundo elemento.

As frases que exemplificam, correta e respectivamente, as orientações são:

(A) O Brasil tem regiões de clima semi-árido. / O serviço de entregas desta empresa é super-rápido.
(B) Este remédio não tem contraindicação. / O Congresso discutirá questões inter-raciais.
(C) A mensagem do presidente foi extra-oficial. / As equipes participaram de um torneio inter-regional.
(D) É necessário repensar a infra-estrutura dos portos. / Ele exerce a função de sub-bibliotecário.
(E) A Europa enfrenta problemas socioeconômicos. / A loja inaugurada recentemente é hiperrequintada.

PORTUGUÊS
Acentuação gráfica
Introdução

O uso dos acentos gráficos nas palavras da língua portuguesa obedece às regras apresentadas a seguir.

Oxítonas

Acentuam-se as palavras oxítonas terminadas em -a(s), -e(s), -o(s). Exemplos: vatapá(s), jacaré(s), rês,
maiô(s), cós.
Também são acentuadas as palavras oxítonas com mais de uma sílaba terminadas em -em, -ens.
Exemplos: vintém, parabéns.

Acentuam-se, ainda, as palavras oxítonas com os ditongos abertos grafados -éu(s), -éi(s) e -ói(s).
Exemplos: troféu(s), anéis e herói(s).

Paroxítonas

Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em -l, -n, -r, -x, -ei(s), -i(s), -us, -ão(s), -ã(s), -on(s),
-um, -uns e -ps.
Exemplos: difícil, sêmen, caráter, fênix, pônei(s), táxi(s), vírus, órgão(s), órfã(s), próton(s), álbum, fóruns,
bíceps, aéreo(s).

Nas palavras paroxítonas, não se acentuam mais os ditongos abertos -ei e -oi. Exemplos: geleia, cento-
peia, androide, joia.
As palavras paroxítonas terminadas em -n não são acentuadas no plural (-ns). Exemplos: hifens, polens,
semens.
As palavras paroxítonas terminadas em -em, -ens, não são acentuadas. Exemplos: item, mentem, jovens,
imagens.

Proparoxítonas

Acentuam-se todas as palavras proparoxítonas. Exemplos: álgebra, pólvora, lúcido, relâmpago, trânsito.
Também são acentuadas as palavras terminadas em ditongo crescente (seguido ou não de -s) que pode
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Formando o leitor e produtor de texto
Capítulo 1: Pontuação

ser pronunciado como hiato. Exemplos: área, idôneo, glórias, espécies, mágoa, trégua, vácuo.

Hiatos

Acentuam-se as vogais -i e -u tônicas dos hiatos quando ficam sozinhas na sílaba ou são seguidas de s.
Exemplos: paraíso, uísque, ciúme, balaústre.
As vogais -i e -u não são acentuadas quando:

• Embora fiquem sozinhas na sílaba, são seguidas de -nh. Exemplos: rainha, ventoinha;

• Embora fiquem sozinhas na sílaba, em palavras paroxítonas, são antecedidas por ditongos.
Exemplos: taoismo, baiuca, feiura;

• Não se acentua a primeira vogal tônica dos hiatos oo e ee. Exemplos: coo, enjoo, veem, leem.

Acento diferencial

É empregado para diferenciar apenas as seguintes palavras paroxítonas: pôde (verbo por na 3ª pessoa
do singular do pretérito perfeito do indicativo) para distingui-la de pode (3ª pessoa do singular do presente
do indicativo).
Não são diferenciadas por acento as palavras: para (preposição) e para (verbo parar); pelo (substanti-
vo), pelo (verbo pelar) e pelo (antiga preposição per + o).

Verbos

Os verbos ter e vir são acentuados, no presente do indicativo, na forma da terceira pessoa do plural,
para diferenciá-la da forma da terceira pessoa do singular. Exemplos: ele tem – eles têm; ele vem – eles
vêm.
Os verbos derivados de ter e vir seguem a regra de acentuação das oxítonas terminadas em -em; a ter-
ceira pessoa do plural tem acento circunflexo para diferenciar-se da terceira pessoa do singular (acento
agudo). Exemplos: ele mantém – eles mantêm; ele provém – eles provêm.

Emprego dos porquês


Introdução
PORTUGUÊS

Na tira, Helga chama o marido para


uma conversa, em tom nada amistoso,
segundo Hagar. Enquanto ela faz uma
severa crítica ao marido, ele mantém-
-se quieto e assustado. É somente após
a crise final da mulher que ele se indaga
a razão de ela aturá-lo. Apesar de seus
defeitos, Hagar parece reagir de forma
diferente.
Observe, na pergunta feita a Helga,
agora em meditação, que ele “sugere”
uma possível resposta para o impasse
dela. O humor reside na atitude ausente
de Hagar, que não compreende as queixas
da mulher e lhe faz uma pergunta evasi-
Figura 1. Hagar.
va, o que deixa Helga confusa. No texto, a
Fonte: SARMENTO 92006, p.71). palavra porque é empregada com senti-
dos e grafias diferentes.
No segundo quadrinho da tira, Hagar empregou a palavra porque, ao explicar que o tom de voz de Helga
sugeria-lhe problemas. Já no penúltimo quadro, Helga usa por que, no início de uma pergunta, e por quê
no final. Observe ainda, no último quadrinho, que Hagar também emprega por que na pergunta dirigida a
Helga.

Por que (separado e sem acento)

(A) por (preposição) + que (advérbio interrogativo): usa-se em perguntas diretas e indiretas e equivale
a por qual motivo ou por qual razão;

Por que (por qual motivo) a água do mar é salgada?


Não sei por que (por qual razão) o setor da saúde no país é tão precário.

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Formando o leitor e produtor de texto
Capítulo 1: Pontuação

(B) por (preposição) + que (pronome relativo): substitui pelo qual e suas flexões;

O bancário obteve a promoção por que (pela qual) tanto lutou.

(C) por (preposição) + que (conjunção subordinativa integrante): inicia oração subordinada substantiva
e equivale a para que;

O escritor mostrou-se interessado por que (para que) lêssemos seu livro.

Por quê (separado e com acento)

É utilizado somente no final das frases, conforme exemplo a seguir:

A matéria jornalística não ficou pronta por quê? (por qual razão).

Porque (junto e sem acento)

Funciona como conjunção coordenativa explicativa, subordinativa adverbial causal ou final, e equivale a
pois, uma vez que, já que, como, para que, a fim de que.

Leve-lhe um agasalho, porque (conjunção coordenativa explicativa = pois) a noite está fria.
A economia está em crise porque (conjunção subordinada adverbial causal = já que) o preço do
petróleo aumentou.

PORTUGUÊS
Não fales alto porque (conjunção subordinativa adverbial final = para que) eles não te escutem.

Porquê (junto e com acento)

Emprega-se como substantivo, precedido de artigo ou pronome. Equivale a motivo, causa, razão.

Ignoro o porquê (motivo) de sua partida.


A ministra mencionou outro porquê (motivo) da mudança de horário.

Pratique
01. Considere a tirinha a seguir: (A) O setor agrícola brasileiro se desenvolve
__________ investe em novas tecnologias.
(B) Sua ausência revelou-se o __________ de tanta
saudade.
(C) __________ o homem interfere cada vez mais no
meio ambiente?
(D) As passagens para Maceió não foram compradas
__________ ?
(E) Indaguei-lhe __________ aquela viagem lhe faria
(A) A pergunta de Hagar, no primeiro quadrinho, não foi bem.
bem compreendida por seu receptor. Explique por quê. (F) A apresentação do Show __________ aguardáva-
(B) Observe a palavra porque na tira e explique seu em- mos há tempos será neste fim de semana.
prego nos dois casos. (G) A última eleição para prefeito foi anulada
__________ houve fraude.
02. Reescreva as frases, completando-as adequada-
mente com porque, por que, porquê ou por quê.

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Formando o leitor e produtor de texto
Capítulo 1: Pontuação

Sinais de pontuação
Introdução

Os sinais de pontuação são recursos próprios da língua escrita: representam as pausas e entoações da
linguagem oral.
Com acentuada característica subjetiva, a pontuação não possui critérios rígidos a serem seguidos, mas
requer atenção, porque qualquer deslize pode prejudicar a clareza do texto.
Vamos aos principais sinais de pontuação e respectivos empregos.

Vírgula
A pontuação indica na
escrita as várias possi-
A vírgula tem regras de aplicação distintas de acordo com o período em questão (simples ou
bilidades de entonação
da fala, além de ajudar a composto), conforme se verá a seguir:
expressão de pensamen-
tos, sentidos e emoções, (A) Período simples: emprega-se a vírgula no período simples para:
tornando mais clara e
precisa a compreensão do
texto. 1. separar, em uma enumeração, os termos com a mesma função sintática:

Sua observação foi inconveniente, agressiva, irônica, antipática.

Observação: não se usa vírgula se, antes do último termo da enumeração, houver conjunção aditiva e:

Ofereceu-lhe casa, comida e emprego.

2. separar o aposto:
PORTUGUÊS

Fernanda Montenegro, atriz talentosa, recebeu homenagens da imprensa mundial.

3. separar o vocativo:

Bom dia, sr. Hagar.

4. separar adjuntos adverbiais antepostos:

Durante o carnaval, na Bahia, não choveu.

5. separar nomes de lugar, em datas e endereços:

Maceió, 04 de maio de 2022.


Rua do Ouro, número 280.

6. separar palavras ou expressões explicativas:

O diretor titubeou, isto é, não concordou de pronto com a decisão.

8 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Formando o leitor e produtor de texto
Capítulo 1: Pontuação

7. indicar a supressão do verbo (zeugma):

Nós preferimos café, e eles [preferem], chá.

Não se usa vírgula, no período simples, entre:

1. o sujeito e o predicado:

A subida até o mirante | deixou a criança fatigada


(sujeito) (predicado)

2. o verbo e seus complementos:

Os cientistas preocupam-se | com o efeito estufa


(verbo) (complemento)

3. o nome e seus adjuntos adnominais e complementos nominais:

A visão | do mar deixava-o absorto


(nome) (adjunto adnominal)

4. dois termos ligados por nem, ou e e:

Não esperou a mim nem a você


Escolha cerveja ou vinho

PORTUGUÊS
(B) Período composto: emprega-se a vírgula no período composto para:

1. separar orações coordenadas não ligadas pela conjunção aditiva e:

Viajou no fim de semana, foi visitar os pais (oração coordenada assindética)

2. separar orações coordenadas pela conjunção aditiva e, que apresentem sujeitos diferentes:

Desfiz as malas, e saímos juntos.

3. separar orações subordinadas adjetivas explicativas:

Suas opiniões, que eram brilhantes, interessavam a todos.

4. separar orações subordinadas adverbiais, sobretudo quanto antepostas à principal (e, de modo geral,
separar as orações subordinadas quando estão deslocadas ou interlocadas):

Embora vivesse no interior, conhecia a agitação dos centros urbanos.


(subordinada adverbial concessiva)

5. separar orações intercaladas ou interferentes:

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 9


Formando o leitor e produtor de texto
Capítulo 1: Pontuação

As ofensas, disse ela, foram graves!

Não se usa vírgula, no período composto:

1. entre a oração principal e a oração subordinada substantiva:

A família decidiu que mudaria para o sul.

2. para separar a oração subordinada adjetiva restritiva intercalada na oração principal:

O estágio que fiz nessa empresa foi proveitoso.

Ponto e vírgula

Emprega-se o ponto e vírgula, que indica uma pausa mais longa que a da vírgula:

1. para separar, em um período de certa extensão, as partes que tenham orações já separadas por vír-
gulas:

Já tive muitas capas e infinitos guarda-chuvas, mas acabei me cansando de tê-los e perdê-los;
há anos vivo sem nenhum desses abrigos, e também, como toda gente, sem chapéu.

2. separar os itens em uma enumeração:


PORTUGUÊS

A prova constará de: a) um estudo de texto; b) cinco questões gramaticais contextualizadas;


c) uma redação sobre o tema abordado no texto.

Dois pontos

Emprega-se o sinal gráfico dois pontos para:

1. introduzir uma fala:

A comissária de voo aproximou-se:


— Os passageiros devem permanecer sentados até o pouso da aeronave.

2. introduzir uma citação:

Pois estava escrito em cima do jornal: em São Paulo a polícia proibira comícios na rua e passeatas;
embora se falasse vagamente em motins de tarde no Largo da Sé.

3. introduzir uma enumeração:

Procurei o motivo do apelido curioso, nada achei semelhante ao objeto da comparação:


um homem atento, grave, de rosto expressivo.

10 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Formando o leitor e produtor de texto
Capítulo 1: Pontuação

4. introduzir uma explicação, resumo ou consequência do que se disse antes:

Dez anos depois não passávamos disto: um bando de garotos zombadeiros.

Reticências

Empregam-se reticências:

1. para indicar suspensão do pensamento:

Essa incapacidade de atingir, de entender, é que faz com que eu, por instinto de...

2. para indicar dúvida, surpresa ou hesitação:

E as obras de Tormes? A igreja... já haverá igreja nova?

3. para indicar ironia:

O Torres virá mesmo desta vez? Até parece...

Interrogação

PORTUGUÊS
Emprega-se este sinal gráfico nas frases interrogativas diretas:

— Os homens de barco estão armados? Têm armas de fogo? — Perguntei.

Ponto de exclamação

É utilizado após uma interjeição ou frase exclamativa para expressar chamamento, emoções, ordem
ou pedido:

— Estéfano! — Trinculo gritou, reconhecendo o companheiro.


(chamamento)

— A outra boca me chamou! Valha-me Deus! Não é um monstro, é um demônio!


(frase exclamativa) (locução interjetiva) (emoção)

— Saia do meu quarto!


(ordem)

Ponto final

O ponto final indica a pausa máxima. É empregado no final de um período simples (oração absoluta) ou
de um período composto.

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 11


Formando o leitor e produtor de texto
Capítulo 1: Pontuação

Corria o mês de março de 1603. Era portanto um ano antes do dia em que se abriu esta história.

Aspas

Empregam-se as aspas para:

1. indicar o início e o fim de uma citação:

Segundo Fernando Pessoa, "viver não é necessário, o necessário é criar".

2. destacar uma palavra ou expressão:

O verbo "ficar" vem adquirindo novos significados.

3. conferir outra conotação a determinada palavra:

Os "anjinhos" já estão prontos? o ônibus escolar chegou.

4. marcar o diálogo, em substituição ao travessão:


PORTUGUÊS

"Aquela moça da rua larga", perguntou Marialva.


"Aquela".

Parênteses

Empregam-se os parênteses para:

1. intercalar uma ideia ou uma oração acessória num texto:

Macabéa começou (explosão) a tremelicar toda por causa do lado penoso que há
na excessiva felicidade.

2. nas referências bibliográficas:

Mas quando olhar a mancha viva na minha camisa, talvez faça uma careta e me deixe passar.
(Chico Buarque de Holanda)

3. nas indicações cênicas (rubricas) das peças de teatro. Nas rubricas, marcam-se os movimentos, ges-
tos e expressões que o ator deve fazer:

TOMÁS — É meu, tenho dito.


SAMPAIO — Pois não é, não senhor... (Agarram ambos no leitão e puxam cada um para seu lado)

12 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Formando o leitor e produtor de texto
Capítulo 1: Pontuação

Travessão

Emprega-se o travessão para:

1. indicar a fala (começo ou fim) e a mudança de interlocutor, nos diálogos:

— Você não precisa de pílulas?


— Que pílulas?
— Essas para acalmar.
— Eu sou calma, disse Luciana com um meio sorriso.

2. enfatizar expressões ou frases:

Impossível escrever o poema — uma linha que seja — de verdadeira poesia.

Pratique

01. Leia a tirinha a seguir: (C) Explique os dois-pontos no terceiro verso.

(D) Na segunda estrofe do primeiro verso, como se justi-


fica o uso dos parênteses.

03. Assinale as frases corretamente pontuadas:


(A) Os alunos angustiados esperam o resultado dos exa-
mes.
(B) Os alunos angustiados, esperam o resultado dos exa-
(A) De que forma o quadrinista produziu humor nesse mes.

PORTUGUÊS
trabalho? (C) Os alunos, esperam, angustiados, o resultado dos
exames.
(B) No primeiro quadrinho, por que se empregou vírgula (D) Os alunos esperam, angustiados, o resultado dos exa-
na frase dita por Helga? mes.
(E) Angustiados, os alunos esperam o resultado dos exa-
(C) Explique o sentido do ponto de exclamação no se- mes.
gundo quadrinho. (F) Os alunos esperam angustiados, o resultado dos exa-
mes.
(D) No último quadrinho, como se explica o emprego das
aspas? 04. Assinale a alternativa em que o período está corre-
tamente pontuado:
02. Leia o poema:
(A) Neste ponto viúva amiga, é natural que lhe pergun-
Carta tes, a propósito da Inglaterra como é que se explica, a
Há muito tempo, sim, que não te escrevo. vitória eleitoral de Gladstone.
Ficaram velhas todas as notícias. (B) Neste ponto, viúva amiga, é natural que lhe pergun-
Eu mesmo envelheci: Olha, em relevo, tes, a propósito da Inglaterra, como é que se explica a
estes sinais em mim, não das carícias vitória eleitoral de Gladstone.
(tão leves) que fazias no meu rosto: (C) Neste ponto, viúva amiga é natural que, lhe pergun-
são golpes, são espinhos, são lembranças tes a propósito da Inglaterra, como é que se explica a
da vida a teu menino, que ao sol-posto vitória eleitoral, de Gladstone.
perde a sabedoria das crianças. [...] (D) Neste ponto, viúva amiga, é natural, que lhe pergun-
DRUMMOND DE ANDRADE, Carlos. Poesia completa e prosa. Rio de tes a propósito da Inglaterra, como é que, se explica a
Janeiro: Aguilar, 1978.
vitória eleitoral de Gladstone.
(E) Neste ponto viúva amiga, é natural que lhe perguntes
(A) A quem você supõe que é endereçada essa carta em
a propósito da Inglaterra como é, que se explica a vitória
versos? Justifique-se.
eleitoral de Gladstone.
(B) No primeiro verso, por que há vírgulas separando a
palavra sim?

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 13


Formando o leitor e produtor de texto
Capítulo 1: Pontuação

Referências
CEREJA e MAGALHÃES, William Roberto e Thereza Cochar. Português: linguagens, volume 1 - ensino mé-
dio. 5.ed. São Paulo: Atual, 2005.
PASCHOALIN e SPADOTO, Maria Aparecida e Neusa Terezinha. Gramática: teoria e exercícios. Ed. renovada.
São Paulo: FTD, 2008.
DE NICOLA, José. Língua, literatura e produção de textos: volume 1 - ensino médio. São Paulo: Scipione,
2009.

Sessão ENEM

01. Escolha a alternativa em que o texto é apresentado com a imaginária de sucesso ou fracasso a partir de como lemos nos-
pontuação mais adequada: sas estatísticas do coraçãozinho vermelho.
No entanto, a empresa afirma que a estratégia, ainda em fase
(A) Depois que há algumas gerações, o arsênico deixou de ser de testes, tem o propósito de permitir que os seguidores se
vendido, em farmácias, não diminuíram os casos de suicídio, concentrem mais nos conteúdos do que em sua repercussão.
ou envenenamento criminoso, mas aumentou e — quanto… o Ora, como? Seria revolucionário mesmo se as curtidas sumis-
número de ratos. sem de vez. O que seria de nós ao postar uma foto e não ter
(B) Depois que há algumas gerações o arsênico, deixou de ser pistas sobre sua aprovação ou reprovação? Seríamos mais li-
vendido em farmácias, não diminuíram os casos de suicídio ou vres de autocensura? Talvez o eterno enigma sobre o que pen-
envenenamento criminoso, mas aumentou: e quanto! o número sam os outros nos tornasse mais criativos.
de ratos. A história fica ainda mais confusa quando acessamos os Stories
(C) Depois que, há algumas gerações, o arsênico deixou de ser e continua lá o desenho de um olhinho seguido pelo número
vendido em farmácias, não diminuíram os casos de suicídio ou de visualizadores de cada capítulo da nossa trama cotidiana.
envenenamento criminoso, mas aumentou — e quanto! — o nú- Acho tão perturbador quanto, por exemplo, o coração de um ex
mero de ratos. numa foto (ou a falta dele), saber quem se interessa minima-
(D) Depois que há algumas gerações o arsênico deixou de ser mente pela nossa vida (e por qual motivo) e, principalmente,
vendido em farmácias — não diminuíram os casos de suicídio, quem não dá a menor bola para o que comemos no almoço, o
ou envenenamento criminoso, mas aumentou; e quanto — o nú- novo corte de cabelo ou as fotos de férias.
mero de ratos. Seja qual for o cenário, seguimos enganchados pelo olhar
(E) Depois que, há algumas gerações o arsênico deixou de ser alheio, ao qual respondemos desde o nascer. As redes sociais
vendido em farmácias, não diminuíram os casos de suicídio ou só escancaram essa operação psíquica, e o Instagram, convém
envenenamento criminoso, mas aumentou; e quanto, o número lembrar, foi a plataforma que nasceu unicamente suportada
de ratos! pela imagem (mas quem passou dos 30, como eu, deve se lem-
brar do saudoso Fotolog).
Em psicanálise, especialmente a proposta por Jacques Lacan,
02. Assinale a alternativa que contém a pontuação cor- um dos fiéis leitores de Freud, o sujeito se constitui a partir de
reta do texto. um olhar externo. Uma linguagem alheia. Uma família anteci-
PORTUGUÊS

pa a chegada do bebê nas palavras que diz e no que imagina


(A) cinco sentidos do homem, ajudam-no a tomar conheci- sobre ele. Funda-se algo aí. Uma mãe ou um pai olham o re-
mento de tudo que, acontece à sua volta, seja um ruído, seja cém-nascido para compreender o que deseja o ser que ainda
uma lâmpada acesa, um odor; qualquer coisa pode atuar so- não fala. Ou seja, somos algo porque primeiro somos olhados e
bre ele como um estímulo capaz de provocar uma associação adivinhados por alguém. Não há escapatória. Estaremos neuro-
significativa. ticamente fadados a repetir essa dança durante toda a vida, de
(B) Os cinco sentidos do homem ajudam-no a tomar conhe- maneiras mais ou menos sintomáticas. Mais ou menos sofridas.
cimento de tudo que acontece à sua volta, seja um ruído, seja O Instagram é só mais um jeito de sermos olhados e, sobre-
uma lâmpada acesa, um odor. Qualquer coisa pode atuar so- tudo, de buscar esse olhar. Não é a rede que nos torna mais
bre ele como um estímulo capaz de provocar uma associação ansiosos, com autoestima em baixa, achando a vida pouco
significativa. colorida em comparação com as demais vidas da timeline. A
(C) Os cinco sentidos do homem ajudam-no a tomar conheci- imagem é nosso problema essencial, dentro ou fora da tela do
mento, de tudo que acontece à sua volta, seja um ruído, seja celular. É com ela que temos de lidar, mesmo que as curtidas
uma lâmpada acesa, um odor: qualquer coisa pode atuar so- estejam escondidas. A gente continua sempre sabendo onde o
bre ele, como um estímulo capaz de provocar uma associação calo aperta.
significativa. Fonte: Anna Carolina Lementy, O Globo, em 19.07.2019. Coluna “Celina”.
(D) Os cinco sentidos do homem, ajudam-no a tomar conhe-
cimento de tudo que acontece à sua volta seja um ruído seja No sexto parágrafo, há a utilização de parênteses. Assinale a
uma lâmpada acesa, um odor. Qualquer coisa pode atuar so- alternativa que descreve CORRETAMENTE tal utilização.
bre ele como um estímulo, capaz de provocar, uma associação
significativa. (A) Trazer uma informação complementar, mas que não altera
(E) Os cinco sentidos do homem ajudam-no a tomar conhe- o sentido contido no enunciado.
cimento de tudo que acontece à sua volta; seja um ruído; seja (B) Trazer uma informação complementar, contrária a que está
uma lâmpada acesa; um odor. Qualquer coisa pode atuar so- expressa fora dos parênteses.
bre ele como um estímulo capaz de provocar uma associação (C) Trazer uma informação complementar em forma de co-
significativa... mentário em que se pode observar a memória da autora.
(D) Trazer uma informação complementar para convencer os
leitores sobre a desumanidade contida nas redes sociais.
03. LIKES ESCONDIDOS NO INSTAGRAM NÃO VÃO AUMENTAR A (E) Trazer uma informação complementar que não melhora a
AUTOESTIMA DE NINGUÉM
argumentação contida no texto.
Descartando-se o sempre pulsante noticiário político, a prin-
cipal novidade da semana talvez tenha sido uma nova política
do Instagram, batizada manchetes afora de “fim dos likes” — ou
das curtidas. Não é bem verdade que os likes acabaram, eles
apenas estão escondidos dos nossos seguidores. Mas podemos,
a qualquer momento, descobrir o alcance de uma foto ou vídeo
postados por nós mesmos.
Primeiro problema, portanto: continuamos sabendo se bom-
bamos ou “flopamos”. E podemos continuar cultivando a ideia

14 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Formando o leitor e produtor de texto
Capítulo 1: Pontuação

Praticando

01. Leia o texto a seguir. (E) Para garantir a correção gramatical, a oração “Pensa-
mentos terríveis têm essa utilidade:” (ref. 19) deveria ser
Dizer o que se pensa não é sempre uma qualidade escrita com a forma pronominal “esta”, assim: “Pensamen-
Suzana Herculano-Houzel tos terríveis têm esta utilidade:”, uma vez que se tem, aqui,
1
Donald Trump fala o que muitos pensam e não têm coragem uma relação catafórica.
de dizer, 2segundo seus eleitores.
Cheguei aos EUA em 2016 com Obama na Casa Branca e 3assisti 02. Assinale nas alternativas a seguir aquela em que os
4
boquiaberta, poucos meses depois, a uma parcela significati- vocábulos são acentuados graficamente por serem pa-
va da nação eleger uma figura no mínimo controversa. Trump
roxítonos.
parecia imune aos próprios atentados contra os valores ameri-
canos. A razão, louvada por tantos de seus eleitores? “Ele fala o
que muitos pensam e não têm coragem de dizer.” (A) casa, sapo, carro, mesa, relógio.
E ainda faz escola. Já ouvi o mesmo argumento de vários que
5 6
(B) júri, fóssil, hífen, abdômen, oásis.
apoiam presidenciáveis brasileiros. 7Como se dizer o que se (C) livro, fotografia, cachimbo, lápis, régua.
pensa fosse, de fato, sempre algo louvável. Mas não é.
Pensar besteira todo mundo faz, de chegar na mureta do mi- (D) amável, perpétuo, teodiceia, antologia, bênção.
rante e ponderar que “é 8só passar a perna por cima e me jo- (E) história, comentário, ímã, antigo, indústria.
gar” ou olhar para o vizinho e pensar que “se eu o empurrasse,
ele teria morte certa”. 9Evocar associações comuns, como mu- 03. A indústria tecnológica se desenvolveu muito nos úl-
reta e suicídio, é apenas natural para o cérebro, consequência
timos anos. Com isso, a quantidade e a qualidade dos
inevitável do seu aprendizado por repetição.
10
Da mesma forma, 11num 12ambiente em que racismo, homo- produtos eletrônicos surpreendem cada dia mais os
fobia e liberdades tomadas com a vida dos outros ainda impe- consumidores.
ram, 13onde se cresce ouvindo que negros e índios são isso, gays
são aquilo, e 14onde todo útero grávido é propriedade coletiva, Sabendo-se que as palavras em destaque receberam acen-
15
insultar é o impulso mental fácil, mesmo que por repetição, e
não por crença. tos gráficos por serem proparoxítonas, em qual alternativa
16
Pensamentos também são testes de ações mentais e suas há somente palavras cujos acentos foram empregados com
consequências possíveis. Mentalmente, todo mundo um dia base na mesma regra de acentuação?
xinga a mãe, esbofeteia o vizinho, esfaqueia o marido ou pro-
fere insultos racistas e homofóbicos.
(A) bêbado, pública, cáqui, trânsito.
17
Mas a grande maioria para no pensamento, 18horrorizada pela
consequência que suas ações mentais teriam na vida real se (B) mínimo, chapéu, cândida, biquíni.
executadas ou ditas. 19Pensamentos terríveis têm essa utilidade: (C) abadá, tricô, flácido, avô.
20
primatas que somos, com um córtex pré-frontal expressivo, (D) máxima, música, alfândega, obstáculo.
capaz de reconhecer 21más ideias e 22impedi-las de vir à tona, (E) tráfego, ímpeto, sábado, fênix.
não precisamos chegar às vias de fato para aprender a não fa-
zer besteira.

PORTUGUÊS
23
Dizer o que “todo mundo pensa mas não ousa dizer”, portan- 04. Assinale a alternativa cujo vocábulo só pode ser em-
to, não é sinal de coragem, nem de honestidade, mas apenas pregado com acento gráfico:
de falta de controle pré-frontal – ou de mau caráter mesmo.
(Herculano-Houzel, Suzana [bióloga e neurocientista da Universidade Vanderbilt
(EUA)]. Dizer o que se pensa não é sempre uma qualidade. Folha de São Paulo, (A) Diálogo. (B) Até. (C) Análogo.
14/08/2010. Adaptado. Disponível em: http://www.brasilagro.com.br/conteudo/di-
zer-o-que-se-pensa-nao-e-sempre-uma-qualidade.html. Acesso em 11 ago. 2018)
(D) É. (E) Música.

No que concerne a aspectos gramaticais do texto “Dizer o 05. Assinale a opção na qual a palavra em destaque está
que se pensa não é sempre uma qualidade”, é incorreto o acentuada conforme a regra ortográfica vigente:
que se afirma em:
(A) O marido estava com os pêlos do braço emaranhados
(A) A construção “assisti boquiaberta, poucos meses de- por esfregá-los na toalha.
pois, a uma parcela significativa da nação eleger uma figu- (B) Alegando estar com cefaléia, a mulher continuou em
ra no mínimo controversa” (ref. 3) seria, por muitas pesso- silêncio até o final do jantar.
as, escrita da seguinte forma: “assisti boquiaberta, poucos (C) O marido pediu ao garçom uma pêra flambada com
meses depois, uma parcela significativa da nação eleger calda de chocolate para dois.
uma figura no mínimo controversa”. Isso, no entanto, re- (D) A mulher não prestou atenção ao escarcéu que o mari-
presentaria um erro, uma vez que, nesse contexto, o verbo do fez por causa da Internet.
assistir é transitivo indireto. (E) De um pólo a outro, muitos abdicam de uma conversa
(B) No fragmento “Da mesma forma, num ambiente em que ao vivo para usar o WhatsApp.
racismo, homofobia e liberdades tomadas com a vida dos
outros ainda imperam” (ref. 10), a expressão “em que” po- 06. Marque, dentre as alternativas abaixo, aquela em que
deria ser substituída por “no qual” sem que o sentido do os vocábulos são acentuados graficamente por serem
texto e sua correção gramatical fossem prejudicados. oxítonos.
(C) Para garantir a correção gramatical, o fragmento “Mas
a grande maioria para no pensamento” (ref. 17) deveria ser (A) caí, aí, ímã, ipê, abricó.
escrito da seguinte forma: “Mas a grande maioria pára no (B) parabéns, vêm, hífen, saí, oásis.
pensamento”, uma vez que o acento agudo diferencial é (C) vovô, capilé, Paraná, lápis, régua.
necessário em razão de se tratar de uma palavra homó- (D) amém, amável, filó, porém, além.
grafa. (E) paletó, avô, pajé, café, jiló.
(D) No trecho “horrorizada pela consequência que suas
ações mentais teriam na vida real se executadas ou ditas” 07. Assinale a alternativa em que todos os vocábulos são
(ref. 18), há uma elipse de um verbo conjugado na terceira acentuados por se enquadrarem na mesma regra de
pessoa do plural do pretérito imperfeito do subjuntivo. tonicidade:

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 15


Formando o leitor e produtor de texto
Capítulo 1: Pontuação

Praticando

(A) Parâmetro, líquido, álbuns, ênfase, tórax. LISPECTOR, C. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999. 479 p.

(B) Biquíni, lágrima, fórum, ágil, íon.


(C) Ética, círculo, bíceps, órfão, picolés. Analise as afirmações a seguir conforme o Novo Acordo Or-
(D) Prótese, epígrafe, lápis, néctar, hábito. tográfico.
(E) Parabéns, camelôs, pavê, guaraná, ninguém.
I. A palavra “símbolo” já não possui o acento agudo pre-
08. O uso dos acentos é um recurso gráfico de que se dis- sente no texto.
põe para marcar a sílaba tônica de certas palavras. II. A expressão “pai da Criança” atualmente deve ser grafada
Sabe-se, no entanto, que nem todas as palavras rece- com hífen.
bem acento e que seu emprego depende de algumas III. O termo “histórico” manteve sua grafia anterior ao refe-
regras específicas, dentre elas, a posição da sílaba rido acordo.
tônica. IV. A palavra “auto-apagamento” já não possui o hífen pre-
sente no texto.
Com base nessas informações e nos seus conhecimentos V. O vocábulo “que” do último enunciado atualmente recebe
sobre as regras de acentuação gráfica na língua portugue- acento circunflexo.
sa, assinale a alternativa CORRETA:
Está(ão) CORRETA(S) apenas a(s) afirmação(ões)
(A) As palavras “húmus”, “processos” e “adubo” são paro-
xítonas. (A) II e V. (B) III e V. (C) IV. (D) I e II. (E) III e IV.
(B) Os vocábulos “há”, “você” e “já” são oxítonos.
(C) As palavras “química”, “compostável” e “orgânicos” re- 11. As palavras a seguir, encontradas no texto, foram
cebem acento gráfico porque são proparoxítonas. acentuadas pela mesma razão, exceto
(D) As palavras “além”, “papéis” e “disponível” são acentu-
adas porque são oxítonas. (A) pés. (B) é. (C) dê. (D) após. (E) já.
(E) As palavras “países”, “saúde”, “dióxido” e “água” são
acentuadas com base na mesma regra de acentuação grá- 12. De acordo com a norma padrão da Língua Portuguesa,
fica. assinale a alternativa em que todas as palavras de-
vam ser acentuadas de acordo com a mesma regra de
09. Analise o cartaz a seguir: acentuação do vocábulo sublinhado na placa a seguir:
PORTUGUÊS

Quanto à acentuação gráfica das palavras em português (A) Facil/animo (substantivo)/apendice.


padrão, marque a alternativa que traz uma informação er- (B) Ingenuo/varzea/magoa (substantivo).
rada: (C) Virus/alcoolatra/unico.
(D) Alibi/antibiotico/monossilabica.
(A) Se assumir a forma substantiva, o adjetivo “compatível” (E) Album/maniaco/amidala.
deixa de ser uma paroxítona e perde o acento gráfico.
(B) Os vocábulos “dá” e “é” acentuam-se por serem monos- 13. Assinale a alternativa em que as palavras, que com-
sílabos tônicos em a e e, respectivamente. pletam a frase abaixo, estão acentuadas corretamen-
(C) As palavras “crespo”, “zero” e “cabelos” não são acen- te:
tuadas graficamente pela mesma razão.
(D) Caso a palavra “poderosa” estivesse no grau superlativo Os tabloides que eles __________, __________ man-
absoluto do adjetivo, perderia o acento tônico de paroxí- chetes curtas que todos __________.
tona e ganharia o acento gráfico que a identificaria como
proparoxítona. (A) leem – tem – veem.
(E) O til, em “atenção” e “volumão”, não é, a rigor, um (B) lêm – teem – vêm.
acento gráfico, mas um sinal indicador de que a letra sobre (C) leem – têm – veem.
a qual se põe tem som nasal. (D) leem – têm – vêm.
(E) lêm – tem – veem.
10. A HUMILDADE DE SÃO JOSÉ
14. Em que opção a acentuação do termo destacado está
São José é o símbolo da humildade. Ele sabia que não era correta?
o pai da Criança e cuidava da virgem grávida como se ele
a tivesse germinado. (A) A prática da leitura constrói cidadãos capazes de en-
São José é a bondade humana. É o auto-apagamento no tender criticamente a realidade.
grande momento histórico. Ele é o que vela pela humani- (B) De acordo com o texto, pessoas que lêem, desenvolvem
dade. o raciocínio e falam melhor.

16 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Formando o leitor e produtor de texto
Capítulo 1: Pontuação

Praticando

(C) Quando o conferencista enfatizou a importância da lei- cravidão a ocorrência de fugas em massa de escravos das
tura, foi ovacionado pela platéia. fazendas, a ocupação de terras e a realização de rebeliões
(D) A ignorância prepotente deforma por estagnação, pois foram muito importantes para que a Lei Áurea fosse assi-
o indivíduo pára de questionar. nada. A abolição não representou também o fim dos pro-
(E) Se os livros são fundamentais na formação das pesso- blemas sociais para os escravos libertados.3O racismo e a
as, é bom que se averigúem as causas da diminuição da resistência à inclusão dos negros na sociedade brasileira
leitura. após a abolição foram 4também um motivo para se esco-
lher o 20 de Novembro como data para se lembrar dessa
15. No caminho de Montevideo, dirigindo pela rota beira- situação. 5A resistência dos afrodescendentes não se fez
-mar obrigatóriamente voce vai passar pelo porto de apenas no confronto direto contra os senhores e forças mi-
Montevideo, lá existe um mercado muito sofisticado litares, ela também ocorreu no aspecto religioso e cultural,
com ótimos restaurantes. Vale [à pena] uma parada como no candomblé, na capoeira e na música. Relembrar
para almoçar no El Palenque, um dos melhores res- essas características culturais é uma forma de mostrar a
taurantes do Uruguai para comer carnes, é incrivel lá importância dos africanos e de seus descendentes na for-
dentro! Paramos para conhecer, mas não almoçamos mação social do Brasil.
no El Palenque dessa vez, pois estavamos com o al- PINTO, Tales. 20 de Novembro – dia da Consciência Negra. Disponível em: http://
escolakids.uol.com.br/20-de-novembro-dia-da-consciência-negra. Acesso em:
moço marcado na Bodega Bousa e depois a visita a
02/09/2016
vinicola. Seguimos viagem pela rota 5 em direção a
Bodega Bousa (fique atento as placas, pois voce pode
No fragmento a seguir: “O racismo e a resistência à inclu-
passar despercebido por elas).
(http://cozinhachic.com/diario-de-viagemmontevideo-vinicolas-e-restaurantes).
são dos negros na sociedade brasileira após a abolição fo-
ram também um motivo para se escolher o 20 de Novembro
No texto há algumas palavras com erro de acentuação grá- como data para se lembrar dessa situação”. (ref. 3), a regra
fica. Assinale a alternativa que registra todas elas com os de acentuação presente na palavra em destaque é a mesma
erros corrigidos: presente em todas as palavras da alternativa:

(A) Obrigatoriamente, você, incrível, estávamos, vinícola, (A) história, território, consciência.
você. (B) escravidão, áurea, porém.
(B) Montevidéo, obrigatóriamente, você, pôrto, estávamos, (C) próprios, abolição, período.
você. (D) responsável, destruído, vários.
(C) Você, incrível, estávamos, você, pôrto. (E) após, ocorrência, também.
(D) Você, incrível, estávamos, vinícola, você.
17. Leia o poema “Meninos Carvoeiros” abaixo, de Manuel

PORTUGUÊS
(E) Montevidéo, obrigatoriamente, você, incrível, vinícola,
você. Bandeira, escrito em 1921, para responder à(s) ques-
tão(ões).
16. 20 de Novembro – dia da Consciência Negra Os meninos carvoeiros
Passam a caminho da cidade.
Em 20 de Novembro comemora-se no Brasil o Dia da Cons-
– Eh, carvoero!
ciência Negra. Foi nesse dia, no ano de 1695, que morreu
E vão tocando os animais com um relho enorme.
Zumbi dos Palmares. Este foi a liderança mais conhecida
do chamado Quilombo dos Palmares, que se localizava
Os burros são magrinhos e velhos.
na Serra da Barriga, atual estado de Alagoas. A fama e o
Cada um leva seis sacos de carvão de lenha.
símbolo de resistência e força contra a escravidão mos-
A aniagem é toda remendada.
trados pelos palmarinos fizeram com que a data da morte
Os carvões caem.
de Zumbi fosse escolhida pelo movimento negro brasileiro
para representar o Dia da Consciência Negra. A data foi es-
(Pela boca da noite vem uma velhinha que os
tabelecida pela Lei 12.519/2011. Outro motivo para a escolha
recolhe, dobrando-se com um gemido.)
dessa data foi o fato de que no Brasil o fim da escravidão
– Eh, carvoero!
é comemorado em 13 de maio. Nesse dia, no ano de 1888, a
Só mesmo estas crianças raquíticas
princesa Isabel assinou a Lei Áurea que abolia a escravidão
Vão bem com estes burrinhos descadeirados.
no Brasil. 1Porém, comemorar o fim da escravidão em uma
A madrugada ingênua parece feita para eles...
data em que uma pessoa branca e pertencente à família
Pequenina, ingênua miséria!
real portuguesa, a principal responsável pela escravidão no
Adoráveis carvoeirinhos que trabalhais como se
Brasil, assinou uma lei pondo fim ao cativeiro faz parecer
brincásseis!
que a abolição foi feita pelos próprios escravistas. Fez com
que a abolição fosse apresentada como um favor dos bran-
– Eh, carvoero!
cos aos negros. A escolha do dia 20 de Novembro serviu,
dessa forma, para manter viva a lembrança de que o fim
Quando voltam, vêm mordendo num pão
da escravidão foi conseguido pelos próprios escravos, que
encarvoado,
em nenhum momento durante o período colonial e impe-
Encarapitados nas alimárias,
rial deixaram de lutar contra a escravidão. Os quilombos
Apostando corrida,
não deixaram de existir 2quando Palmares foi destruído sob
Dançando, bamboleando nas cangalhas como
o comando do bandeirante paulista Domingos Jorge Ve-
espantalhos desamparados.
lho. Vários outros quilombos foram formados nos duzentos
anos após o fim de Palmares. Mesmo nos anos finais da es-

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 17


Formando o leitor e produtor de texto
Capítulo 1: Pontuação

Praticando

De acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa e análise das principais fontes de açúcar na dieta dos brasileiros.
ECENGARGER, William. AIKINS, Mary S. Açúcar, o novo cigarro (adaptado). Revista
com a gramática normativa e tradicional, assinale a alter-
Seleções. Disponível em: <http://www.selecoes.com.br/acucar-o-novo-cigarro>.
nativa em que os vocábulos devam ser acentuados, respec- Acesso: 01 out. 2016.
tivamente, de acordo com a mesma regra de acentuação
dos vocábulos apresentados abaixo, transcritos do poema. No trecho “Os defensores da saúde pública defendem a ideia
de que duas abordagens bem-sucedidas na redução do hábito
Raquíticas – ingênua de fumar são necessárias no combate ao consumo excessivo
de açúcar: a educação do consumidor e a tributação”, as pala-
(A) Interim – inocuo. (B) Orexia – picole. vras destacadas foram escritas corretamente, de acordo com a
nova ortografia da Língua Portuguesa. Assinale a alternativa em
(C) Exangue – exegese. (D) Pandego – bifasico.
que todos os termos também estão grafados conforme prevê o
(E) Ritmista – vacuo.
Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa:

18. AÇÚCAR, O NOVO CIGARRO (A) Ceu e ciberespaço.


(B) Aneis e bem-vindo.
1. Há um setor que vende um produto que faz mal à saúde do (C) Paranóia e pseudociência.
homem. Uma geração atrás, esse era o setor fumageiro, e o (D) Assembleia e mal-criado.
produto era o cigarro. Hoje, é o setor alimentício e o produto é (E) Heroico e benfeitor.
o açúcar. O açúcar adicionado – não o açúcar natural que exis-
te em frutas e legumes – está em tudo. Uma das maiores fontes Nos atuais debates sobre a globalização, como nas discussões
são bebidas como refrigerantes, energéticos e sucos, mas um sobre a pós-modernidade, existe uma pressuposição-chave
passeio pelo supermercado mostra que há açúcar adicionado compartilhada pela maioria dos participantes: a do caráter
a pães, iogurtes, sopas, vinhos, salsichas – na verdade, a quase único da nossa época como a era par excellence da acelera-
todos os alimentos industrializados. ção da mudança cultural e social, da “compressão do tempo-
2. Esse “açúcar invisível” recebe muitos nomes. Nos Estados -espaço” seguindo uma revolução nas comunicações, de uma
Unidos e na Europa, por exemplo, o consumidor pode encontrar economia global dominada por corporações multinacionais, da
até 83 nomes diferentes para o açúcar adicionado. Sobre esse americanização ou até da “McDonaldização” do mundo e assim
assunto, Helen Bond, nutricionista da Associação Dietética Bri- por diante. Em alguns [5] aspectos, nossa época é realmente
tânica, diz: “É um marketing inteligente: palavras como ‘fruto- única, mas assim o foram outras gerações e outros séculos.
se’ fazem pensar que estamos reduzindo o açúcar adicionado, Estamos longe de ser as primeiras pessoas a ficarem preocu-
mas o fato é que estamos polvilhando açúcar branco sobre a padas ou excitadas pela ideia de que nossas experiências são
comida.” Outros especialistas afirmam, ainda, que esse açúcar muito diferentes daquelas das gerações passadas. De fato, se
a mais é completamente desnecessário, pois, ao contrário do definirmos globalização como um processo de contatos cada
que a indústria alimentícia quer que acreditemos, o organismo vez mais intensos – sejam econômicos, políticos ou culturais –
não precisa da energia de nenhum açúcar adicionado.
PORTUGUÊS

entre diferentes partes do mundo, então é necessário admitir


3. No Brasil, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saú- que esse processo vem se desenvolvendo há milhares de anos
de, o açúcar adicionado representa da ingestão total de açúcar – com interrupções relativamente menores em alguns lugares,
do brasileiro. Ainda segundo o Ministério, o excesso de açúcar como no Império Romano em declínio. Que esse processo [10]
na dieta é fator de risco para o desenvolvimento da obesidade, de interação entre diferentes partes do globo aumentou sensi-
embora o perigo para a saúde não seja só o desenvolvimento velmente em importância no século XIX, especialmente no fim
desse mal: há indícios que ligam o açúcar a doenças hepáticas, do período, é o tema de dois recentes estudos históricos, de um
diabetes tipo 2, cardiopatias e cáries. Ainda assim, o setor de escritor italiano e de outro, inglês. O primeiro apresenta dois
bebidas e alimentos continua a promover o açúcar, com mui- tipos de globalização: a econômica, relacionada ao surgimento
ta publicidade de seus produtos açucarados. Grandes quantias de um mercado mundial e suas consequências para a vida de
também são empregadas para se opor à rotulagem mais ex- milhões de pessoas; e a ascensão da cooperação internacional.
plícita dos produtos e combater o aumento da tributação de Já o escritor inglês se refere à importância do que chama de
alimentos e bebidas açucarados. “globalização arcaica”, ou seja, a crescente uniformidade nos
4. Os defensores da saúde pública levantam a ideia de que duas sistemas econômicos, sociais, políticos e culturais dominantes
abordagens bem-sucedidas na redução do hábito de fumar em diferentes partes [15] do globo num longo século XIX que
são necessárias no combate ao consumo excessivo de açúcar: vai de 1780 a 1914. Perto do fim do estudo, o inglês enfatiza a
a educação do consumidor e a tributação. Em janeiro de 2014, importância especial do fim do século XIX, ou mais exatamente
o México criou um imposto de sobre bebidas açucaradas, e do período 1890-1914, a época do que chama a “grande acele-
sua venda caiu no primeiro ano. Na França, um imposto sobre
ração” da mudança.
refrigerantes criado em 2012 resultou no declínio gradual do (Peter Burke. Quando foi a globalização? In: O historiador como colunista: ensaios
consumo. A Noruega tributa alimentos e bebidas açucarados e da Folha. RJ: Civilização Brasileira, 2009. Adaptado.)
divulga informações há muitos anos, com bons resultados. Em
março deste ano, o chanceler britânico George Osborne anun- Com relação ao emprego de aspas nas expressões “McDonal-
ciou a criação de um imposto sobre bebidas açucaradas a ser dização”, linha 4 do texto, e “grande aceleração”, linha 16, as-
cobrado de produtores e importadores de refrigerantes. sinale a alternativa que explicita o uso correto em cada uma.
5. Embora tenha havido algum sucesso com a tributação, o
setor de alimentos e bebidas continua a fazer pressão contra (A) As aspas foram usadas, respectivamente, para identificar
informar sobre o açúcar adicionado ao consumidor – mais nome próprio estrangeiro e designação de um conceito.
uma vez, exatamente como fizeram as empresas fumageiras ao (B) As aspas foram empregadas, em ambos os casos, para
combaterem as tentativas do governo de pôr nas embalagens marcar o ponto de vista do autor do texto.
de cigarros mensagens alertando para o perigo de fumar (me- (C) As aspas foram usadas, respectivamente, para indicar a ci-
dida adotada também no Brasil). Na esteira das preocupações tação de uma logomarca comercial e de um neologismo.
em relação ao açúcar, o Ministério da Saúde e a Associação (D) As aspas ressaltam, nos dois casos, o emprego de gírias e
Brasileira das Indústrias da Alimentação (ABIA) anunciaram de expressão coloquial em texto formal.
recentemente que estudam um acordo para reduzir a quanti- (E) As aspas marcam, respectivamente, um processo híbrido de
dade de açúcar nos alimentos processados, semelhante ao que formação de palavras e outro de concepção autoral.
é feito com o sal. A primeira etapa deve começar em 2017, com

18 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Argumentação
Capítulo
3

Argumentação no texto
dissertativo-argumentativo

Dissertando
FONTE: https://cdn1.unasp.br/blog/wp-content/uploads

Argumentar é persuadir. Persuadir é tentar oralidade será aceita se ela vier como um re- Sobre o texto e a
convencer. Convencer é vencer juntos. Ou curso estilístico. Além disso, a clareza é outra imagem de intro-
seja, para conseguir a adesão do leitor ao estratégia que deve ser perseguida pelo autor; dução
seu ponto de vista, sobre determinado tema, pois, se o texto proporcionar dificuldade de
o produtor textual produzirá um roteiro cogni- entendimento ao leitor, esteja certo que este • De acordo com o texto, o que é
tivo que talvez nem ele se dê conta, mas que não irá aderir à tese daquele. argumentar?
é imprescindível para alcançar o seu objetivo.
A argumentação em um texto deste gênero • Defina o texto dissertativo-ar-
O texto dissertativo-argumentativo é um gê- pode ser de diferentes tipos: autoridade (utili- gumentativo.
nero característico da área científica que tem za-se o pensamento de alguém com referên-
• Discuta em sala: além de
como objetivo modificar ou manter o pensa- cia no assunto); comparação (quando há um
conhecer o tema do qual se
mento do leitor em relação ao assunto, por confronto entre duas realidades diferentes); escreverá, quais são os outros
isso as estratégias argumentativas a serem evidência (pretendendo-se conquistar o leitor requisitos de um bom texto
utilizadas são fundamentais para que o autor por meio de provas) etc. dissertativo-argumentativo?
consiga o seu intento.
Para escrever um bom texto dissertativo-ar-
Essas estratégias argumentativas dizem res- gumentativo, antes de mais nada, você preci-
peito, também, à variante padrão e ao reper- sa conhecer muito bem o tema, o propósito e
tório linguísticos a serem utilizados pelo pro- o objetivo do seu texto.
dutor textual. Mas não se esqueça de que a
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.
Formando o leitor e o produtor de texto
Capítulo 3: Argumentação

Argumentar
PORTUGUÊS

Introdução
Por meio do raciocínio lógico e da articulação de conhecimentos de diversas áre-
as, o discurso argumentativo defende um ponto de vista, procurando levar o interlocutor
a concordar com a posição defendida. Ao longo da história, foram registrados discursos
argumentativos decisivos, como o proferido pelo filósofo grego Sócrates durante seu jul-
gamento, no século IV a.C., pouco antes de sua condenação à morte.
Argumentar é fundamental para o exercício da cidadania, por isso você vai entrar
Charge - Redução da maioridade penal. em contato com três gêneros centrados na argumentação: a dissertação escolar, que
FONTE: http://omega.segundoano.zip.net/
ajuda o estudante a se preparar para provas seletivas; a carta de reclamação, que é um
instrumento relevante de atuação social; e a mesa-redonda, que pode ampliar a capaci-
dade argumentativa na modalidade oral.

Dissertação escolar
Em linhas gerais a dissertação se constitui por uma composição escrita, criteriosamente organi-
zada à luz da norma culta, em que se fala sobre o tema apresentado e discute com argumentos, exemplos,
pesquisas, etc. Sua estrutura é comumente conhecida por três partes: a introdução – apresentação da ideia
principal de acordo com o tema; o desenvolvimento – a parte onde desenvolve-se o argumento (conjunto de

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declarações, proposições); e a conclusão – o resumo das ideias discutidas, o resultado final.
A dissertação escolar é um importante espaço para a expressão do pensamento crítico e a tomada
de posição sobre temas importantes para a sociedade.
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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998


A proposta de dissertação a seguir foi publicada em 2014 pelo Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), que teve como tema “Publicidade
infantil em questão no Brasil”. Leia os textos motivadores.

TEXTO I
A aprovação, em abril de 2014, de uma resolução que considera abusiva a publicidade infantil, emitida pelo Conselho Nacional de Direitos da
Criança e do Adolescente (Conanda), deu início a um verdadeiro cabo de guerra envolvendo ONGs de defesa dos direitos das crianças e setores
interessados na continuidade das propagandas dirigidas a esse público.
Elogiada por pais, ativistas e entidades, a resolução estabelece como abusiva toda propaganda dirigida à criança que tem “a intenção de
persuadi-la para o consumo de qualquer produto ou serviço” e que utilize aspectos como desenhos animados, bonecos, linguagem infantil,
trilhas sonoras com temas infantis, oferta de prêmios, brindes ou artigos colecionáveis que tenham apelo às crianças.
Ainda há dúvidas, porém, sobre como será a aplicação prática da resolução. E associações de anunciantes, emissoras, revistas e de empre-
sas de licenciamento e fabricantes de produtos infantis criticam a medida e dizem não reconhecer a legitimidade constitucional do Conanda para
legislar sobre publicidade e para impor a resolução tanto às famílias quanto ao mercado publicitário. Além disso, defendem que a autorregula-
mentação pelo Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) já seria uma forma de controlar e evitar abusos.
IDOETA, P. A.; BARBA, M. D. A publicidade infantil deve ser proibida? Disponível em: www.bbc.co.uk. Acesso em: 23 maio 2014 (adaptado).

TEXTO II

34 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Formando o leitor e o produtor de texto
Capítulo 3: Argumentação

PORTUGUÊS
TEXTO III
Precisamos preparar a criança, desde pequena, para receber as informações do mundo exterior, para compreender o que está por trás da
divulgação de produtos. Só assim ela se tornará o consumidor do futuro, aquele capaz de saber o que, como e por que comprar, ciente de suas
reais necessidades e consciente de suas responsabilidades consigo mesma e com o mundo.
SILVA, A. M. D.; VASCONCELOS, L. R. A criança e o marketing: informações essenciais para proteger as crianças dos apelos do marketing infantil. São Paulo: Summus, 2012 (adaptado).

01. Releia o primeiro texto motivador da proposta do ENEM 2014 e responda às questões a seguir.

a) Qual é o significado da sigla Conanda?


b) Qual é o significado da sigla Conar?
c) O que propõe a resolução do Conanda, aprovada em 2014?
d) Explique a polêmica em torno dessa resolução apresentada no trecho do TEXTO I?

02. Observe o infográfico presente na coleção de textos motivadores e responda aos itens a seguir.

a) O infográfico apresenta informações sobre que tipo de publicidade?


b) Quais são os critérios de comparação utilizados no infográfico?
c) Quais são os países mais rigorosos em relação ao tipo de publicidade tratado? E os menos rigorosos? Justifique.
d) De acordo com os TEXTOS I e II, há leis para esse tipo de publicidade no Brasil? Por quê?

03. Releia com atenção o terceiro trecho inserido na proposta do ENEM “Publicidade infantil em questão no Brasil” e responda às questões.
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a) Na sua opinião, por que uma criança desde pequena precisa “compreender o que está por trás da divulgação de produtos”?
b) Quem é o consumidor do futuro segundo o TEXTO III?
c) Na sua opinião, que medidas devem ser adotadas para que esse “consumidor do futuro” possa existir?

04. Antes dos textos motivadores, o ENEM apresenta um texto com a proposta de redação. Leia a proposta original de 2014.

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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998

A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-
-argumentativo em norma-padrão da língua portuguesa sobre o tema Publicidade infantil em questão no Brasil, apresentando proposta de intervenção,
que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

a) Que conhecimentos o candidato ao ENEM deve mobilizar para atender à proposta de redação?
b) Explique o que significa “proposta de intervenção” de acordo com a proposta de redação do ENEM.

O direito à literatura
Introdução: o autor do texto anuncia a
situação de produção, situa seu tema
O assunto que me foi confiado nesta série é aparentemente meio desligado dos problemas reais: em um contexto maior e justifica a
“Direitos humanos e literatura”. As maneiras de abordá-lo são muitas, mas não posso começar a falar abordagem escolhida.
sobre o tema específico sem fazer algumas reflexões prévias a respeito dos próprios direitos humanos. [...]
[...] pensar em direitos humanos tem um pressuposto: reconhecer que aquilo que consideramos
indispensável para nós é também indispensável para o próximo. Esta me parece a essência do problema, 1ª fase do argumento: “premissa
inclusive no plano estritamente individual, pois é necessário um grande esforço de educação e autoeduca- maior” – afirmação geral, que liga um
ção a fim de reconhecermos sinceramente este postulado. Na verdade, a tendência mais funda é achar que conjunto de elementos.
os nossos direitos são mais urgentes que os do próximo.
[...] a literatura aparece claramente como manifestação universal de todos os homens em todos os
tempos. Não há povo e não há homem que possa viver sem ela, isto é, sem a possibilidade de entrar em 2ª fase do argumento: “premissa me-
contato com alguma espécie de fabulação. Assim como todos sonham todas as noites, ninguém é capaz nor” – afirmação particular.
de passar vinte e quadro horas do dia sem alguns momentos de entrega ao universo fabulado. [...]
Ora, se ninguém pode passar vinte e quatro horas sem mergulhar no universo da ficção e da poesia,
3ª fase do argumento: resultado ne-
a literatura concebida no sentido amplo a que me referi parece corresponder a uma necessidade universal,
cessário das afirmações anteriores.
que precisa ser satisfeita e cuja satisfação constitui um direito. [...]
Portanto, a luta pelos direitos humanos abrange a luta por um estado de coisas em que todos possam
ter acesso aos diferentes níveis da cultura. A distinção entre cultura popular e cultura erudita não deve
servir para justificar e manter uma separação iníqua, como se do ponto de vista cultural a sociedade fosse Conclusão final: a luta pelos direitos
humanos inclui a democratização da
dividida em esferas incomunicáveis, dando lugar a dois tipos incomunicáveis de fruidores. Uma sociedade
arte e da literatura.
justa pressupõe o respeito aos direitos humanos, e a fruição da arte e da literatura em todas as modalida-
des e em todos os níveis é um direito inalienável.
(Texto do sociólogo Antonio Candido – CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. In: Vários escritos. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul; São
Paulo: Duas Cidades, 2004, p. 169, 172, 174-175, 191.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 35
Formando o leitor e o produtor de texto
Capítulo 3: Argumentação

Em “O direito à literatura”, Candido diz ter sido incumbido de tratar de um tema que ainda não se
PORTUGUÊS

encontrava problematizado: “Direitos humanos e literatura”. Podendo abordá-lo de muitas maneiras, o autor
preocupa-se em contextualizá-lo entre os “problemas reais” e mobiliza seus conhecimentos para definir uma
tese: a literatura é parte da luta pela defesa dos direitos humanos.
Definir uma tese significa posicionar-se em relação a uma questão controversa, que afeta a vida
das pessoas (no plano individual ou no plano coletivo) e cuja resposta pode ser formulada de mais de uma
maneira. Essa resposta não admite demonstração científica e, por isso, permanece no campo da opinião.
A postura crítica exige que argumentos sustentem um ponto de vista. Para defender sua tese,
Candido desenvolve seu texto em torno de uma único argumento lógico. Veja como ele pode ser expresso
por um silogismo.

01. Formule uma tese a respeito de cada um dos temas a seguir.

A. A escolha dos representantes políticos pelos brasileiros.


B. Cotas raciais e/ou sociais nas universidades.

02. Copie e complete as sequências argumentativas. Siga o exemplo.

Premissa maior Premissa menor Conclusão


O que impede uma relação direta com a realida- Imagens impedem uma relação direta com a

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Imagens podem legitimar regimes autoritários.
de pode legitimar regimes autoritários. realidade.
a) O que transmite juízo de valor pode influenciar
Imagens transmitem juízos de valor. ************************************
as pessoas
b) Aquilo que assegura a reprodução da ideolo- O cinema hollywoodiano sustentou a ideologia
************************************
gia dominante a sustenta. do “estilo de vida americano”.
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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998


O ser humano é capaz de se expressar por íco-
c) ********************************* O ser humano é capaz de imaginar.
nes.

Carta de reclamação
A carta de reclamação é um importante instrumento para o exercício da cidadania e do direito do
consumidor. É um gênero textual argumentativo, porque a reclamação deve ser justificada.

A carta de reclamação a seguir foi enviada por e-mail à empresa responsável pelo serviço em questão e depois reproduzida no blog do autor.
Rafael Donelli, morador de Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul, aparece na carta com seu nome real, assim como a Metroplan, órgão público
do governo estadual gaúcho que fiscaliza os serviços de transporte metropolitano. O nome da empresa foi trocado. Leia o texto e responda às
questões.

[E-mail enviado dia 29/9/2008, às 13:35]


Para: SAC Estelar Transportes <sac@estelartransportes.com.br>
Cc: SAC Metroplan <saac@metroplan.rs.gov.br>

Assunto: Linha: Canudos-Porto Alegre (Praia de Belas, seletivo metropolitano) – horário de saída 6:30

Venho reiterar a reclamação efetivada junto à Metroplan a respeito da Empresa Estelar Transportes, por não cumprir os horários e,
portanto, provocar meu atraso junto à empresa onde atuo (Conselho Regional de Contabilidade do RS).
Infelizmente é o quarto dia seguido que, por função da troca de motorista, estamos chegando atrasados. Como o horário de saída
é às 6:30 é inadmissível que, mesmo com o trânsito apresentado, cheguemos após as 8:30 no bairro Cidade Baixa, especificamente
junto ao Ipergs [Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul].
Esses reiterados atrasos estão me causando profundo constrangimento junto à coordenação e direção da organização onde traba-
lho, pois possuímos avaliação sistemática, na qual um dos indicadores de desempenho é a PONTUALIDADE!
Com o motorista anterior, o Sr. Luz, chegávamos a tempo de cumprir os horários. Infelizmente, segundo relatos de outros passagei-
ros, o motorista experiente na sua função parece ter sofrido alguma sanção disciplinar na qualidade de retirá-lo da linha.
Pois toda sanção disciplinar aplicada a um funcionário, se for esse o caso em questão, seja de que natureza for, NUNCA DEVERÁ
PREJUDICAR O CLIENTE.

36 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Formando o leitor e o produtor de texto
Capítulo 3: Argumentação

PORTUGUÊS
Posto que me sinto profundamente prejudicado e não tenho mais explicações plausíveis para minha coordenação, aguardo de sua
parte um memorando pelo qual eu possa explicar os motivos de meu atraso junto à minha Direção.
Infelizmente hoje, mesmo após a troca do motorista, não somente chegamos atrasados, como também fomos ultrapassados e
chegamos posteriormente ao ônibus que faz o horário das 6:50, pelo motorista Dilamar.
É inadmissível que, saindo antes, pegando menos ou o mesmo trânsito, isso venha a ocorrer.
Logo, somente posso afirmar que uma sucessão de erros deve estar sendo cometida pela Estelar Transportes e que não somente
eu, mas vários passageiros, estão bastante descontentes.
Dessa forma, na minha humilde opinião, vários critérios operacionais devem ser revistos e, como não é de minha índole somente
reclamar, deixo as seguintes sugestões:

a) Acompanhamento dos procedimentos operacionais: até hoje NUNCA vi um fiscal ou analista de processos, devidamente identificado,
que esteja no ônibus acompanhando como funciona o processo de cobrança, tampouco controlando o fluxo de passageiros ou o tempo
dos processos. A saber, o Sr. David Neeleman, da Jetblue, empresa de aviação americana líder no seu mercado, sempre acompanha
pessoalmente alguns voos para saber o nível de satisfação dos CLIENTES, bem como avaliar seu próprio serviço. Fica a sugestão de
algum diretor da Estelar Transportes acompanhar pessoalmente uma de nossas viagens! Ficaria feliz em recebê-lo junto à parada em
frente à Fenac/NH [Novo Hamburgo], para acompanhá-lo e trocar algumas ideias!

b) Horários: como parece não haver controle sobre fluxo de passageiros, fica a sugestão de que seja feita uma análise sobre o número
de passageiros médios por parada, pois, quanto mais passageiros entram e descem, mais atrasado chegará o ônibus, levando-se em
consideração os tempos de resposta de aceleração e frenagem. Claro que a dupla função do motorista em dirigir e cobrar também é um
empecilho, atrasando ainda mais. Contudo esse segundo item deverá ser minimizado com a bilhetagem eletrônica, caso realmente seja
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adotada (em breve). Caso necessário, que seja efetivada a antecipação do horário de saída, pois a mim, como usuário, parece claro que
o número de passageiros vem aumentando, tanto em função da menor disponibilidade de bancos já na minha parada, como pela falta
de oportunidades de trabalho em NH e Vale, o que provoca uma migração para concursos e vagas supridas pela capital.

c) Restauração de motorista com experiência na linha: infelizmente tenho que dizer que gostaria muito de ver o Sr. Luz de volta à sua fun-
ção, não pela pessoa simpática e sorridente que sempre nos recebia (e isso é bom para a empresa), mas pela competência na função.

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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998

d) Processo de Tomada de Decisão: esse é um item controverso, pois como passageiros não temos conhecimento de como é o proces-
so de tomada de decisão do motorista em alterar o itinerário original. Por várias vezes nosso ônibus sofreu alterações no itinerário, não
somente na última semana, assim como também nos horários de final de tarde. Contudo, a decisão do motorista é baseada em que fato
analítico? Sorte? Pois várias vezes ficamos trancados no trânsito de uma via alternativa, quando a via principal parecia fluir com relativa
naturalidade. Assim, sugiro que a Estelar Transportes, junto aos demais órgãos metropolitanos, institua um sistema de monitoramento
de tráfego que possa, via rádio talvez, instruir os motoristas a tomar a melhor decisão baseada em fatos e não na “sorte”. Chamamos
isso de sistema de apoio à decisão.

Sem mais para o momento, aguardo por sua apreciação.

Rafael Donelli – Analista de sistemas


Rafael Donelli é bacharel em Informática, colabora com projetos de software livre e mantém o site <www.temperoverde.com.br>.
Disponível em: <http://www.temperoverde.com.br/old/transporte/index.html>. Acesso em: 8 jan. 2016

01. Que informações o cabeçalho do e-mail apresenta? Que outras informações poderiam ser encontradas no cabeçalho de uma carta?

02. Releia os quatro primeiros parágrafos do e-mail. Observe que o início do texto apresenta os motivos da reclamação.

a) Qual é a reclamação de Rafael Donelli?


b) Que detalhes relatados por Donelli reforçam o prejuízo pessoal sofrido por ele?
c) Segundo o autor do e-mail, o que deu origem à situação da qual ele reclama?

03. O autor da carta solicita da empresa uma atitude concreta para minimizar seu prejuízo individual.

a) Em qual parágrafo essa solicitação está localizada?


b) Explique com suas palavras em que consiste essa solicitação.

04. Esta não é a primeira vez que Rafael Donelli reclama da empresa de transportes.

a) Localize no primeiro parágrafo a palavra que comprova tal afirmação. Anote-a no caderno.
b) No terceiro parágrafo, Donelli utiliza um adjetivo, para se referir aos repetidos atrasos na chegada do ônibus, que pertence à mesma família da
palavra que você localizou no item anterior. Localize-o e registre-o no caderno.

05. Na expressão “tempos de resposta de aceleração e frenagem”, as palavras aceleração e frenagem estabelecem uma relação de antonímia,
Qual é, portanto, o significado desta última?

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 37
Formando o leitor e o produtor de texto
Capítulo 3: Argumentação

Ao construir seu discurso argumentativo, o autor da carta de reclamação selecionou dados que
PORTUGUÊS

comprovassem a legitimidade de sua queixa. Além disso, fez uma interpretação desses dados (nem sem-
pre de forma explícita). Finalmente, organizou-os de maneira a aumentar as chances de ter sua solicitação
atendida.
Com relação às causas do problema identificado, apresentou-as de duas formas distintas:

• Em forma de queixa, sustentada por argumentos (a substituição do motorista experiente foi o


motivo do atraso – antes, os atrasos não aconteciam);
• Em forma de sugestões (acompanhar procedimentos operacionais, controlar fluxo de passageiros,
instituir processo de tomada de decisão).

Quanto aos fatos apresentados pelo autor da carta, eles indicam uma interpretação que reforça a
gravidade da situação:

• O atraso ocorre há quatro dias seguidos – portanto, não se pode afirmar que o problema tenha
acontecido de forma isolada;
• A viagem de Novo Hamburgo a Porto Alegre tem levado duas horas – logo, não se pode dizer que
seja um atraso pequeno;
• O ônibus das 6h30 chegou ao seu destino depois do ônibus das 6h50 – portanto, não se pode
atribuir o atraso ao trânsito.

Finalmente, o autor apresenta duas consequências do problema relatado:

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• Prejuízo pessoal (na empresa em que trabalha, a pontualidade é indicador de desempenho);
• Descontentamento dos demais passageiros.
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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998


01. Observe no quadro a seguir as características do texto que você vai produzir.

Gênero textual Público Finalidade Meio Linguagem Evitar Incluir

Relatar os proble-
Formal e objetiva; Fatos e dados
mas ocorridos e
Carta de recla- empresa ou insti- primeira pessoa do Informações técnicos do pro-
argumentar em Carta ou e-mail
mação tuição reclamada discurso; fórmulas vagas; tom hostil blema; prazo para
favor de seus
textuais da carta solução
direitos

02. Defina os dados específicos: marca e modelo do produto, nome da empresa ou instituição, valores pagos, serviços que seriam realizados,
datas e locais dos acontecimentos.

03. O que aconteceu exatamente? Faça uma lista dos fatos que serão apresentados na carta.

04. Defina os argumentos que justificam a reclamação contra a empresa ou instituição.

05. Escolha as fórmulas textuais mais apropriadas para sua carta de reclamação.

Textos de jornal
Introdução
De modo geral, uma notícia de jornal é uma mini narrativa com pas-
sagens descritivas. E o poeta, ao criar um poema a partir de uma notícia de
jornal, conserva composições linguísticas que caracterizam as sequências
descritivas e as sequências narrativas.

Observe a manchete a seguir:

38 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Formando o leitor e o produtor de texto
Capítulo 3: Argumentação

PORTUGUÊS
Poema tirado de uma notícia de jornal

João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da


[Babilônia num barracão sem número.
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.
Manuel Bandeira.

• No primeiro verso, observamos uma sequência descritiva, pois temos um período em que a
conjunção aditiva e une duas orações que não expõem uma sucessão temporal, mas, sim, a apre-
sentação do estado de um ser num determinado momento do tempo;

• Nos versos seguintes, observamos uma sequência narrativa, pois temos o quando (uma noite), o
onde (o bar Vinte de Novembro) e “um encadeamento de sequências constituídas de eventos tempo-
ralmente relacionados (evento temporal 1, evento temporal 2 etc.), unidos pela conjunção aditiva, de
modo que e = depois”. Como comenta o jornalista Nilson Lage: primeiro ele chegou no bar, depois
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bebeu, depois cantou, depois se atirou na Lagoa e depois morreu afogado. A sequência do poema
não apresenta a conjunção aditiva (subentendida, claro), lançando mão de orações assindéticas,
o que resulta num texto mais conciso; apenas o último evento aparece introduzido pela conjunção
aditiva. Destaque para a expressividade do advérbio depois introduzindo o último verso.

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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998

Mais uma detalhe: outra característica da narrativa é o clímax e o anticlímax; o primeiro é o instante
decisivo da ação e da intensidade emocional de uma narrativa; o segundo acontece quando o final contraria
a expectativa criada, como no poema.

Os textos jornalísticos
O jornal, como se sabe, é um meio de comunicação (um produto de consumo, um órgão informa-
tivo), com influência na formação da opinião pública e também passível de manipulação das notícias nele
veiculadas.
Dentre os tipos de texto jornalístico, os mais comuns são a notícia, o editorial e a crônica.

A notícia (ou texto informativo) é a base do jornal, tendo como função a transmissão de informa-
C
ções de fatos acontecidos, que estão acontecendo e/ou que irão acontecer. Ao observar seu estilo e estrutura Uma sequência textual é
textual, podemos destacar que: um conjunto de elementos
(palavras) que possibi-
lita que um texto tenha
• há uma velha fórmula para a notícia: Q – Q – Q – O – C – PQ. Ou seja: o quê, quem, quando, onde, características narrativas,
como, por quê. Não existe uma ordem predeterminada; ela é estabelecida pelas circunstâncias que descritivas, argumentati-
vas e/ou injuntivas. Desse
envolvem cada notícia. Para um determinado fato, o mais importante é quem; para outro, quando, modo, as sequências
e assim por diante. podem determinar se o
texto será predominante-
mente do tipo narrativo,
• a notícia trabalha fundamentalmente com informações e apresenta quase exclusivamente a função descritivo, argumentativo
referencial (ou informativa) da linguagem. A intenção é transmitir ao leitor dados da realidade de ou injuntivo.
uma forma direta e objetiva. Por isso, as notícias são escritas em terceira pessoa e o produtor do
texto não se revela, procurando não emitir – embora isso seja quase impossível de acontecer – juí-
zos de valor. Predominam os verbos no modo indicativo.

• geralmente predomina um de três tipos de sequências textuais (composições com determinadas


características linguísticas) mais comuns: sequência narrativa – quando a informação está centra-
da numa mini narrativa (narra-se um fato, em que há sucessão de ações, localizando-o no tempo e
no espaço), na qual o narrador (o jornalista produtor do texto noticiário) tenta passar despercebido
(não há posicionamento, nem comentários por parte dele, só a narração); sequência descritiva
– quando a informação está centrada na apresentação do estado do fato, seja um ser, uma coisa,
um lugar etc.; ou sequência explicativa – quando a informação está centrada na passagem de um
conhecimento específico.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 39
Formando o leitor e o produtor de texto
Capítulo 3: Argumentação
PORTUGUÊS

Novo terremoto atinge a Indonésia

Mais um forte terremoto subaquático atingiu ontem a Indonésia, fazendo com que centenas de pessoas abandonassem suas casas
em pânico. O abalo, que mediu 6,8 graus na escala Richter, foi sentido com maior intensidade na cidade de Padang, no oeste da ilha de
Sumatra. Não houve registro de vítimas ou grandes estragos. Ondas de choque posteriores ao terremoto principal se seguiram. A mais
forte delas mediu 6,3 graus Richter.
Folha de S. Paulo, 11 abr. 2005. Mundo.

Qual é o nome científico? Terremoto, maremoto ou tsunami?

O evento geológico que ocorreu na Ásia, segundo os especialistas, foi um terremoto de 9 graus na escala Richter, cujo epicentro
estava localizado no leito do mar, a 10 quilômetros de profundidade na costa de Sumatra.
O maremoto ou tsunami – as palavras significam a mesma coisa – é o efeito causado por esse tremor na água do mar, que leva à
formação de ondas gigantes na superfície.
A crosta terrestre está dividida em placas tectônicas, que se movem em direções diferentes e travam um interminável jogo de em-
purra-empurra. Os terremotos ocorrem quando há um movimento mais brusco dessas placas, que podem escorregar para os lados, para
cima ou para baixo umas das outras.
Os maremotos ou tsunamis (palavra japonesa) ocorrem quando há um terremoto no leito marinho envolvendo movimento vertical de

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uma das placas. A terra empurra a água para cima, causando a formação de ondas na superfície.
O que matou a grande maioria das pessoas no domingo, portanto, foi um maremoto, ocasionado por um terremoto.
O Estado de S. Paulo, 29 dez. 2004. ou http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=24375.
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01. Identifique quais são os elementos da fórmula Q-Q-Q-O-C-PQ destacados no corpo de cada uma das notícias.
02. Considerando o caráter da informação trazida em cada uma das notícias e a composição textual:

a) identifique a sequência textual predominante em cada uma delas.


b) exemplifique a sua resposta anterior com características linguísticas encontradas nos textos analisados.

03. Manuel Bandeira criou um poema (página 43) a partir de uma notícia de jornal. Faça o trabalho contrário: a partir do poema, reconstrua a
notícia.

O editorial (ou texto argumentativo) é o texto que reflete a opinião do jornal. Por isso, não vem
assinado por um jornalista (todo texto não assinado é de responsabilidade da Redação do jornal). Caracteri-
za-se por ser um texto argumentativo (tem, portanto, sua força nos argumentos) no qual predomina a função
referencial da linguagem.
No Novo Manual de Redação, publicado pelo jornal Folha de S. Paulo, encontram-se as seguintes
orientações:

Editorial – texto que expressa a opinião de um jornal. Na Folha, seu estilo deve ser ao mesmo tempo enfático e equilibrado. Deve evitar
a ironia exagerada, a interrogação e a exclamação. Deve apresentar com concisão a questão de que vai tratar, desenvolver os argumentos
que o jornal defende, refutar as opiniões opostas e concluir condensando a posição adotada pela Folha. Nada impede que o jornal mude de
opinião sobre determinado assunto. Neste caso, deve dizê-lo com clareza. Os editoriais são publicados na segunda página do jornal e, em
casos excepcionais, na primeira. Não são assinados. Os editoriais não dirigem o noticiário, mas temas que neles aparecem com frequência
devem ser explorados pela reportagem. A Folha procura publicar artigos assinados que discordem das posições dos seus editoriais.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual–texto–e.htm.

No Manual de Redação e Estilo, publicado pelo jornal O Globo, observamos as seguintes conside-
rações sobre os textos de opinião:

40 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Formando o leitor e o produtor de texto
Capítulo 3: Argumentação

PORTUGUÊS
Deve-se evitar, com exceção de momentos muito especiais, o comentário que apenas registra pasmo, admiração ou indignação. Esses
sentimentos, principalmente a indignação ante o interesse público defendido, são importantes, mas não bastam: precisam estar apoiados em
fatos e acompanhados de argumentos lógicos que conduzam a uma conclusão concreta. (...) O editorial realmente útil suplementa a notícia
com pesquisa e informação adicional. Sim isso, será difícil escapar de observações superficiais e conclusões padronizadas. A opinião pode
ser manifestada de forma leve, irônica ou séria, seca, mas lhe é proibido ser pomposa ou solene. Alguns textos do jornal parecem usar roupa
esporte, outros, vestem terno e gravata. O editorial está quase sempre no segundo caso, mas não usa fraque, beca ou toga.
GARCIA, Luiz. O Globo – Manual de Redação e Estilo. São Paulo: Globo, 2001.

Como você observa, as orientações para a redação de um editorial são as mesmas para a redação
de um texto argumentativo. Ao apresentar sucintamente uma questão, você está redigindo a introdução; ao
desenvolver seus argumentos e refutar possíveis argumentos contrários, estará estruturando a argumen-
tação; ao finalizar, expondo de modo condensado a sua posição, você montará a conclusão. A linguagem
deve ser sóbria e objetiva; a conotação, a linguagem figurada, a ironia, os eufemismos devem ser usados
com parcimônia.
Considerando as sequências textuais, podemos dizer que o editorial tem a predominância de se-
quências argumentativas, já que temos a apresentação de um posicionamento, na tentativa de conseguir
adesão por parte do leitor: não se trata apenas de passar uma informação, mas de manifestar uma opinião a
respeito de um assunto de maneira persuasiva e convincente.

Reproduzimos, para uma breve análise, o editorial do jornal O Liberal, edição de 12 de abril de 2005:
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Privilégios intoleráveis Eis um grande equívoco que precisa ser urgentemente re-

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movido. Práticas correntes, hábitos arraigados, costumes dis-


A posse de um filho seu como superintendente federal da seminados em vários espectros do corpo social, absolutamente
Agricultura, Pecuária e Abastecimento em Pernambuco ofereceu- nada disso é suficiente para incorporar a legitimidade necessária
-se ao presidente da Câmara dos Deputados como uma nova a procedimentos intoleráveis seja do ponto de vista legal, seja do
oportunidade para que ele externasse, sem meias-palavras, sua ponto de vista ético.
convicção de que o nepotismo, ao contrário do que indica o sen- Não é porque o nepotismo assumiu há séculos, em vários
so geral, não é de todo repulsivo. âmbitos da Administração Pública brasileira, um contorno de
No seu caso, pelo menos, repetiu ordem moral ou ética em assustadora banalidade que todos deveremos admiti-lo como
brindar um deles com um cargo de confiança, que só deve ser prática saudável e legítima. Longe disso. Admitir tal possibilidade
entendimento pessoal de que criou bem os filhos e não vê qual- seria a mesma coisa que adotar o homicídio como algo abso-
quer embaraço de o destinado, conforme acentuou, justamente lutamente admissível só porque todos os dias, em todo o País,
a quem merece confiança. E mais: ressaltou que, se há algum centenas de pessoas têm a vida ceifada por bandidos.
Poder que deve dar bom exemplo sobre nepotismo, este é o Po- É duro reconhecer que o nepotismo não se combaterá ape-
der Judiciário. nas com mais leis. Só será banido da cena brasileira quando a
A discussão, travada por esse viés, guarda uma armadilha: a Administração Pública profissionalizar-se num nível que a faria
de que o privilegiamento de parentelas, em qualquer nível e esfera sempre pairar acima de poderes, de governos, humores e estilos,
de poder onde isso ocorra, seria eticamente aceitável porque é sejam quais forem. Se essa profissionalização não passa de uma
prática corrente tanto no Executivo, como no Legislativo e no utopia é porque a classe política prefere que tudo fique como está
Judiciário. para alegar, frequentemente, que o nepotismo é admissível só
porque todos o praticam.

O Liberal, Belém, Pará, 12 abr. 2005.

01. Releia as indicações dos manuais para a redação de um editorial não poluir o meio ambiente. Por outro lado, pelo menos US$ 16 bi-
e comente o texto acima, considerando suas características princi- lhões em novos investimentos estrangeiros no País estão parados
pais como gênero textual. por causa da burocracia e da lentidão da máquina governamental.
As licenças ambientais aparecem como maior freio à entrada desse
02. Leia o texto a seguir para responder ao que se pede: capital.
O Estado de S. Paulo, 18 out. 2004.

A tendência é inexorável. Em todo o mundo, principalmente nos Elabore uma dissertação argumentativa que apresente considera-
países desenvolvidos, a legislação contra a emissão de poluentes é ções acerca da dificuldade de expansão de novos investimentos em
cada vez mais rigorosa. As leis ambientais não darão trégua e vão função de leis ambientais.
apertar as montadoras, forçando-as a criar produtos adequados para

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 41
Formando o leitor e o produtor de texto
Capítulo 3: Argumentação

Já a crônica (ou texto narrativo) é um texto que traz relatos do tempo de hoje, ou seja, relatos de
PORTUGUÊS

fatos do cotidiano. A palavra crônica deriva do radical grego crono, que significa “tempo” – daí seu caráter
contemporâneo.
Nos primórdios da Literatura portuguesa e no Brasil Colônia, crônica designava a narração de fatos
históricos segundo a ordem cronológica ou relatos de viagens.

Desde o Romantismo (início do século XIX), com a consolidação da imprensa, a crônica se carac-
terizou por ser uma seção de jornal ou revista, escrita sempre numa linguagem leve, em que se comentam
acontecimentos do dia a dia. Na definição do jornalista Nilson Lage:

Crônica é um texto desenvolvido de forma livre e pessoal, a partir de acontecimentos de atualidade ou situações de permanente interesse
humano. É gênero literário que busca ultrapassar, pelo tratamento artístico, o que é racionalmente deduzido dos fatos.
LAGE, Nilson. Estrutura da notícia. São Paulo: Ática, 1993.

Na estrutura da crônica, destacamos a predominância de sequências narrativas, como no caso


das notícias. Porém a montagem do texto é muito diferente: a narrativa da crônica não tenta ser objetiva nem
forjar um distanciamento entre o fato narrado e o produtor do texto; ao contrário, na crônica, o fato narrado
traz marcas subjetivas do produtor do texto: no trabalho com a linguagem, na introdução de comentários, na
evidência do leitor em perguntas retóricas, no acréscimo de pitadas de ficção.

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No Brasil, desde meados do século XIX, tivemos cronistas importantes, como José de Alencar,
Machado de Assis e Olavo Bilac. Na segunda metade do século XX, a crônica conheceu o seu boom com
a adesão de escritores de primeira linha, como Carlos Drummond de Andrade, Fernando Sabino, Rubem
Braga, Paulo Mendes Campos, Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto), Rachel de Queiroz, Luis Fernando
Verissimo, Lourenço Diaféria, entre outros.
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Para entender melhor o que vem a ser a crônica, vamos ler a seguir o que Drummond, Fernando
Sabino, Paulo Mendes Campos e Rubem Braga escreveram na abertura do primeiro volume da coleção Para
gostar de ler (uma coletânea de crônicas). Na sequência, reproduzimos uma crônica de Rubem Braga:

Experimente abrir este livro em qualquer página onde começa uma crônica. Crônica é um escrito de jornal que procura contar ou co-
mentar histórias da vida de hoje. Histórias que podem ter acontecido com todo mundo: até com você mesmo, com pessoas de sua família
ou com seus amigos. Mas uma coisa é acontecer, outra coisa é escrever aquilo que aconteceu. Então você notará, ao ler a narração do fato,
como ele ganha um interesse especial, produzido pela escolha e arrumação das palavras. E aí começa a alegria da leitura, que vai longe. Ela
nos faz conferir, pensar, entender melhor o que se passa dentro e fora da gente. Daí por diante a leitura ficará sendo um hábito, e esse hábito
leva a novas descobertas. Uma curtição.
As crônicas serão apenas um começo. Há um infinito de coisas deliciosas que só a leitura oferece, e que você irá encontrar sozinho,
pela vida afora, na leitura de bons livros.
BRAGA, Rubem. Para gostar de ler. São Paulo: Ática, 1977. v.1.

Recado ao senhor 903

Vizinho –
Quem fala aqui é o homem do 1003. Recebi outro dia, a visita do zelador, que me mostrou a carta em que o senhor reclamava contra
o barulho em meu apartamento. Recebi depois a sua própria visita pessoal – deveria ser meia noite – e a sua veemente reclamação verbal.
Devo dizer que estou desolado com tudo isso, e lhe dou inteira razão. O regulamento do prédio é explícito e, se não o fosse, o senhor ainda
teria ao seu lado a Leia e a Polícia. Quem trabalha o dia inteiro tem direito ao repouso noturno e é impossível repousar no 903 quando
há vozes, passos e músicas no 1003. Ou melhor: é impossível ao 903 dormir quando o 1003 se agita; pois como não sei o seu nome
nem o senhor sabe o meu, ficamos reduzidos a ser dois números, dois número empilhados entre dezenas de outros. Eu, 1003, me limito
a Leste pelo 1005, a Oeste pelo 1001, ao Sul pelo Oceano Atlântico, ao Norte pelo 1004, ao alto pelo 1103 e embaixo pelo 903 – que é
o senhor. Todos esses números são comportados e silenciosos; apenas eu e o Oceano Atlântico fazemos algum ruído e funcionamos
fora dos horários civis; nós dois apenas nos agitamos e bramimos ao sabor da maré, dos ventos e da lua. Prometo sinceramente adotar,
depois das 22 horas, de hoje em diante, um comportamento de manso lago azul. Prometo. Quem vier à minha casa (perdão; ao meu
número) será convidado a se retirar às 21:45, e explicarei: o 903 precisa repousar das 22 às 7 pois às 8:15 deve deixar o 783 para tomar

42 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Formando o leitor e o produtor de texto
Capítulo 3: Argumentação

PORTUGUÊS
o 109 que o levará até o 527 de outra rua, onde ele trabalha na sala 305. Nossa vida, vizinho, está toda numerada; e reconheço que ela
só pode ser tolerável quando um número não incomoda outro número, mas o respeita, ficando dentro dos limites de seus algarismos.
Peço-lhe desculpas – e prometo silêncio.
Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse à porta do outro e dissesse: “Vizinho,
são três horas da manhã e ouvi música em tua casa. Aqui estou”. E o outro respondesse: “Entra, vizinho, e come de meu pão e bebe de
meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a lua é bela”.
E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os amigos e amigas do vizinho entoando canções para agradecer a Deus
o brilho das estrelas e o murmúrio da brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz.

BRAGA, Rubem. Para gostar de ler. São Paulo: Ática, 1977. v.1.

01. Como os cronistas definem a crônica? 06. Na verdade, o 1003 não está sozinho. Quem lhe é solidário?

02. “Uma coisa é acontecer, outra coisa é escrever aquilo que acon- 07. O 903 defende, no fundo, valores que não são apenas dele, e
teceu”. Segundo os cronistas, o que dá à narrativa um colorido es- sim da sociedade como um todo. Que passagem comprova essa
pecial? afirmação?
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03. Poderíamos dividir o primeiro texto em três partes: 1ª - definição 08. Poderíamos dividir a carta do 1003 em dois planos: o da rea-
de crônica; 2ª - características da narrativa; 3ª - leitura de suas con- lidade e o do sonho. Que palavra marca a passagem de um plano
sequências. Aceitando-se essa divisão, indique o início e o fim de para o outro?
cada uma das partes.
09. No plano da realidade, qual a atitude do 1003 diante das recla-
04. Uma das características da moderna sociedade industrial é a per- mações do 903?

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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998

da do elemento humano nas relações sociais. O homem é transfor-


mado em um simples número. Em que trecho de sua crônica Rubem 10. E no plano do sonho, quais são as atitudes do 1003?
Braga ironiza ao máximo essa característica do moderno sistema
industrial? Comente-o. 11. Um comportamento de “manso lago azul” se opõe ao compor-
tamento de quem?
05. Como se estabeleceu o primeiro contato entre o 903 e o 1003?
E o segundo? E o terceiro?

Referências bibliográficas
CEREJA e MAGALHÃES, William Roberto e Thereza Cochar. Português: linguagens, volume 1 - ensino
médio. 5.ed. São Paulo: Atual, 2005.
PASCHOALIN e SPADOTO, Maria Aparecida e Neusa Terezinha. Gramática: teoria e exercícios. Ed. renova-
da. São Paulo: FTD, 2008.
DE NICOLA, José. Língua, literatura e produção de textos: volume 1 - ensino médio. São Paulo: Scipione,
2009.
DE NICOLA, José. Língua, literatura e produção de textos: volume 2 - ensino médio. São Paulo: Scipione,
2009.
SACCONI, Luiz Antônio, et. al. Nossa gramática completa Sacconi. 29.ed. São Paulo: Nova Geração, 2008.
CEREJA, William Roberto. Português contemporâneo: diálogo, reflexão e uso, vol.1. 1.ed. São Paulo: Sarai-
va, 2016.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 43
Formando o leitor e o produtor de texto
Capítulo 3: Argumentação
PORTUGUÊS

ARGUMENTAÇÃO

Argumentar

Argumentar é fundamental para o exercício da cidadania, por isso você vai entrar em contato com três gêneros
centrados na argumentação: a dissertação escolar, que ajuda o estudante a se preparar para provas seletivas;
a carta de reclamação, que é um instrumento relevante de atuação social; e a mesa-redonda, que pode ampliar
a capacidade argumentativa na modalidade oral.

Textos do jornal

Argumentar é fundamental para o exercício da cidadania, por isso você vai entrar em contato com três gêneros
centrados na argumentação: a dissertação escolar, que ajuda o estudante a se preparar para provas seletivas;

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
a carta de reclamação, que é um instrumento relevante de atuação social; e a mesa-redonda, que pode ampliar
a capacidade argumentativa na modalidade oral.
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44 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Formando o leitor e o produtor de texto
Capítulo 3: Argumentação

PORTUGUÊS
01. REDAÇÃO Leia o texto para responder à(s) questão(ões) a seguir.

TEXTO 1 O mundo como pode ser: uma outra globalização

Apenas reproduzimos nas redes sociais o que somos na vida off- Podemos pensar na construção de um outro mundo a partir de
-line. Mas hoje se convencionou que tudo é culpa da tecnologia. A uma globalização mais humana. As bases materiais do período
previsão é sempre de um futuro sombrio, em que as pessoas não atual são, entre outras, a unicidade da técnica, a convergência dos
se relacionam, não se falam, não se encontram. momentos e o conhecimento do planeta. É nessas bases técnicas
Falava-se a mesma coisa da TV. Para os pessimistas há sempre que o grande capital se apoia para construir uma globalização per-
uma praga tecnológica mais atual. Os saudosistas olham para o versa. Mas essas mesmas bases técnicas poderão servir a outros
passado e acham que a vida era mais vida lá atrás. objetivos, se forem postas a serviço de outros fundamentos so-
Não é melhor nem pior. É apenas diferente. Só temos que nos ciais e políticos. Parece que as condições históricas do fim do
adaptar. As redes sociais podem, sim, nos dar uma falsa impres- século XX apontavam para esta última possibilidade. Tais novas
são de convivência cumprida. Corremos o risco de viver as re- condições tanto se dão no plano empírico quanto no plano teórico.
lações de forma superficial. Sabemos da vida alheia, rimos das Considerando o que atualmente se verifica no plano empírico, po-
mesmas piadas, mandamos coraçõezinhos, distribuímos likes. E, demos, em primeiro lugar, reconhecer um certo número de fatos
então, voltamos para nossa vida ocupada. novos indicativos da emergência de uma nova história. O primeiro
Não dou conta de responder a todos os e-mails, inbox do Face- desses fenômenos é a enorme mistura de povos, raças, culturas,
book, mensagens de WhatsApp. Fico na intenção. Não é egoísmo. gostos, em todos os continentes. A isso se acrescente, graças ao
É falta de habilidade em ser onipresente em todas as plataformas. progresso da informação, a “mistura” de filosofia, em detrimento
Nunca estivemos tão em contato mesmo à distância. As redes do racionalismo europeu. Um outro dado de nossa era, indicativo
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sociais têm o poder de estreitar laços e desvendar afinidades até da possibilidade de mudanças, é a produção de uma população
com desconhecidos. aglomerada em áreas cada vez menores, o que permite um ain-
(Mariliz Pereira Jorge. “As redes sociais têm o poder de estreitar laços”. Folha de S.Paulo, da maior dinamismo àquela mistura entre pessoas e filosofias.
19.02.2015. Adaptado.) As massas, de que falava Ortega y Gasset na primeira metade
do século (A rebelião das massas, 1937), ganham uma nova
TEXTO 2 qualidade em virtude de sua aglomeração exponencial e de sua

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diversificação. Trata-se da existência de uma verdadeira sociodi-


Não podemos supor que as redes sociais tragam somente meras versidade, historicamente muito mais significativa que a própria
mudanças de costumes, porque seu peso, associado ao desen- biodiversidade. Junte-se a esses fatos a emergência de uma cul-
volvimento da informática, é semelhante à introdução da impren- tura popular que se serve dos meios técnicos antes exclusivos da
sa, da máquina a vapor ou da industrialização na dinâmica do cultura de massas, permitindo-lhe exercer sobre esta última uma
nosso mundo. As redes sociais provocam mudanças de fundo verdadeira revanche ou vingança. É sobre tais alicerces que se
no modo como as nossas relações ocorrem, intervindo significa- edifica o discurso da escassez, afinal descoberta pelas massas. A
tivamente no nosso comportamento social e político. Isso merece população, aglomerada em poucos pontos da superfície da Terra,
a nossa atenção, pois acredito que uma característica das redes constitui uma das bases de reconstrução e de sobrevivência das
sociais é, por mais contraditório que pareça, a implantação do relações locais, abrindo a possibilidade de utilização, ao serviço
isolamento como padrão para as relações humanas. dos homens, do sistema técnico atual. No plano teórico, o que
Ao participar das redes sociais acreditamos ter muitos amigos à verificamos é a possibilidade de produção de um novo discurso,
nossa volta, ser populares, estar ligados a todos os acontecimen- de uma nova metanarrativa, um grande relato. Esse novo discurso
tos e participando efetivamente de tudo. Isso é uma verdade, mas ganha relevância pelo fato de que, pela primeira vez na história
também uma ilusão, porque essas conexões são superficiais e do homem, se pode constatar a existência de uma universalidade
instáveis. Os contatos se formam e se desfazem com imensa ra- empírica. A universalidade deixa de ser apenas uma elaboração
pidez; os vínculos estabelecidos são voláteis e atrelados a interes- abstrata na mente dos filósofos para resultar da experiência or-
ses momentâneos. Além disso, as relações cultivadas nas redes dinária de cada pessoa. De tal modo, em mundo datado como o
sociais se baseiam na virtualidade, portanto, no distanciamento nosso, a explicação do acontecer pode ser feita a partir de cate-
físico entre as pessoas. gorias de uma história concreta. É isso, também, que permite co-
A opinião do outro é apenas a oportunidade para se expressar a nhecer as possibilidades existentes e escrever uma nova história.
sua própria. O outro parece importar, mas de fato não importa. Im- SANTOS, Milton. Por uma outra globalização. 13. ed. São Paulo: Record, 2006. p. 20-21.
portam apenas a própria posição e a autoexposição. Daí a cons- (Adaptado).

tante informação sobre as viagens, os pensamentos, as emoções,


as atividades de alguém. É preciso estar em cena e sempre. Há 02. O processo argumentativo do texto é construído a partir do
nisso um evidente desenvolvimento do narcisismo e, consequen- seguinte procedimento:
temente, do reforço do distanciamento entre as pessoas.
(Dulce Critelli. “A ilusão das redes sociais”. www.cartaeducacao.com.br, 07.11.2013. (A) são expostas, de forma detalhada, duas consequências eco-
Adaptado.) nômicas de um determinado modelo de organização de produção.
(B) relata-se o conjunto de ações desenvolvidas por uma institui-
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conheci- ção pública como fundamento e justificativa de um projeto de lei.
mentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão (C) elabora-se um quadro comparativo, no qual se apresentam
da língua portuguesa, sobre o tema: a aproximação e os contrastes de dois tipos de pesquisa social.
(D) faz-se a explanação dos dados de um relatório técnico-cien-
AS REDES SOCIAIS ESTREITAM OS LAÇOS ENTRE AS PESSO- tífico de uma pesquisa desenvolvida por dois cientistas sociais.
AS OU AS TORNAM EGOÍSTAS? (E) são apresentadas, de forma paralela, duas dimensões teórico-
-conceituais como argumentos em defesa de uma tese.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 45
Formando o leitor e o produtor de texto
Capítulo 3: Argumentação
PORTUGUÊS

03. Atente para a seguinte situação: resultados das potências esportivas que sediaram a Olimpíada
nos últimos 50 anos.
Mal o ônibus em que você viaja alcançou a estrada e uma velha Os números nacionais destoam dos indicadores econômicos e
senhora, sentada ao lado de um adolescente que usava o celular, sociais do país. O Brasil alcançou o 13º lugar na classificação
pediu a ele: − Gostaria muito de aprender a usar isso. Você não dos Jogos do Rio. Em renda per capita ou em desenvolvimento
quer me ensinar? social, a posição brasileira no ranking mundial anda perto do sep-
O rapaz ia tentar escapar da tarefa, mas um senhor de terno e uma tuagésimo lugar.
mocinha sentados perto, ouvindo o pedido da senhora, entraram Tais estatísticas, porém, nem de longe dizem tudo sobre as pers-
na conversa. pectivas em Olimpíadas. Além da qualidade de vida, o desem-
penho nos esportes de elite está ainda relacionado a tradições
Desenvolva uma narrativa a partir da situação acima. O narrador esportivas e a desejos de projetar a imagem do país.
é você, mas você pode ser também uma personagem que entra Isto posto, o que fazer da ansiedade nacional por se destacar no
na conversa. esporte de alto nível? Quais são o interesse, o custo e o benefício?
Apesar do resultado recorde no Rio, o governo investiu soma
04. REDAÇÃO consideravelmente maior nestes Jogos. Em cálculo rudimentar,
o custo por medalha aumentou. Em linhas gerais, no entanto, o
Pela 1ª vez, abelhas se tornam espécies ameaçadas de extinção desempenho não ficou muito longe da média recente em termos
de pódios.
Sete espécies das abelhas amarelas do Havaí são consideradas Desde a Olimpíada de Atlanta, em 1996, as equipes brasileiras
perigosamente ameaçadas pelo Serviço Americano de Pesca e vinham conquistando algo em torno de 1,5% das medalhas. Antes
Vida Selvagem de Atlanta, o esporte nacional ficava com um terço disso.

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Tornam-se cada vez mais altos os custos de alcançar resultados
Pela primeira vez, as abelhas entraram na lista de espécies ame- melhores apenas por meio do investimento em poucos atletas de
açadas de extinção dos Estados Unidos. Sete espécies da subfa- nível internacional. Parece não haver progresso substantivo de
mília Hylaeus, encontradas no Havaí, foram listadas pelo Serviço benefícios, em termos de medalhas, imagem e, mais importante,
Americano de Pesca e Vida Selvagem (U. S. Fish and Wildlife melhorias sociais gerais.
Service), após um detalhado estudo feito em conjunto com a So- Desde que o Brasil se dedicou mais a satisfazer seu desejo de
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ciedade Xerces, organização americana de conservação de inver- projeção esportiva, quando decidiu sediar a Olimpíada, não houve
tebrados. A informação foi anunciada na última sexta-feira pelo programa consistente de disseminação da cultura esportiva no
órgão americano. país: de práticas saudáveis, de educação esportiva e de competi-
Segundo as pesquisas, no começo do século passado, as abelhas ções de base, a começar pelas escolas.
listadas eram as mais abundantes da região. Em 2015, Matthew Tal programa teria o efeito de, a médio prazo, multiplicar o número
Shepherd, diretor de comunicações da Sociedade Xerces, havia de praticantes, facilitar a revelação de talentos e lançar mais luz
publicado no site da organização alguns motivos para a diminui- sobre a saúde de jovens e sobre a situação material das escolas.
ção dessas abelhas havaianas e apresentou petições pedindo a Um programa assim poderia satisfazer anseios nacionais de
proteção dos órgãos federais às espécies ameaçadas. “As abe- projetar a imagem do país de modo socialmente mais relevante:
lhas estão sumindo devido à perda de habitat, invasão de preda- criando uma massa de atletas, talvez futuros campeões, em vez
dores e mudanças climáticas da ilha”, afirmou. de se fiar apenas em gastos nas poucas figuras excepcionais que
Incêndios florestais, causados pela ação humana, e o apareci- ainda dominam o esporte olímpico brasileiro.
mento de espécies não nativas, como as “formigas aliens”, que (Folha de S. Paulo. 22/08/2016)

se alimentam das larvas das abelhas, também foram apontados


como responsáveis pela escassez dos insetos. 06. Leia os textos a seguir:
Segundo cientistas, as abelhas amarelas são essenciais para a
polinização do ecossistema no Havaí. “Elas são decisivas para a TEXTO 1
preservação de plantas e outros animais da ilha”, disse Gregory “No Brasil, a história de seus conflitos e problemas envolveu bem
Koob, do Serviço Americano de Pesca e Vida Selvagem (U. S. Fish mais do que a formação de classes sociais distintas por sua con-
and Wildlife Service). (...) dição material. Nas origens da sociedade colonial, o nosso país
http://veja.abril.com.br/ciencia/pela-1a-vez-abelhas-se-tornam-especies-ameacadas-de-ex- ficou marcado pela questão do racismo e, especificamente, pela
tincao/. Acesso em 06.10.2016 exclusão dos negros. Mais que uma simples herança de nosso
passado, essa problemática racial toca o nosso dia a dia de di-
O texto acima trata dos riscos de extinção das abelhas havaianas, ferentes formas.”
o que viria a comprometer o ecossistema da ilha. A partir da lei- SOUSA, Rainer Gonçalves. “Democracia Racial”; Brasil Escola. Disponível em <http://brasi-
tura, produza um texto argumentativo abordando o papel do ser lescola.uol.com.br/historia/democracia-racial.htm>. Acesso em 02 de setembro de 2016.

humano em relação ao meio ambiente.


TEXTO 2
05. Leia o editorial a seguir procurando apreender o tema nele “A carne mais barata do mercado é a carne negra
desenvolvido. Em seguida, elabore uma dissertação, na qual você
exporá, de modo claro e coerente, suas ideias acerca desse tema. Que vai de graça pro presídio
E para debaixo de plástico
A equipe brasileira teve o melhor desempenho da história dos Jo- Que vai de graça pro subemprego
gos Olímpicos. Superou sua melhor classificação na tabela em E pros hospitais psiquiátricos (...)”
(A carne - Seu Jorge, Marcelo Yuka e Ulisse Cappelletti)
número de medalhas de ouro e também de pódios e esteve perto
da meta do Comitê Olímpico do Brasil (ficar entre os dez primei-
ros) em termos de total de láureas. Não chegou perto, porém, dos

46 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Formando o leitor e o produtor de texto
Capítulo 3: Argumentação

PORTUGUÊS
Considerando-se os Textos 1 e 2, bem como seus conhecimen- Educadores e psicólogos avaliam que o monitoramento eletrônico
tos sobre o assunto, produza um texto dissertativo-argumentativo dos filhos reflete uma falta de confiança no outro e pode compro-
sobre o tema: meter a educação dos filhos na busca de autonomia. “Há aquela
ideia de que o outro é sempre uma ameaça”, diz a psicóloga Ro-
“O problema do racismo no Brasil” sely Sayão.
COLLUCCI, Claúdia. Disponível em: <http://www.itaboraiweblist.com.br/index.php/homek2/
item/1287-gera%C3%A7%C3%A3o-big-brother-%C3%A9-vigiada-do-ultrassom-ao-gps >.
07. Uma porta bateu na cozinha. Ela não se assustou. Passados
Acesso em: 2 de março de 2016 (fragmento).
alguns minutos, pensou que quem tivesse chegado demorava a
aparecer. É você, Filó?, gritou. Não houve resposta. Pediu que o
Com base no texto, faça o que se pede.
recém-chegado se aproximasse. Nada. Esperou mais um pouco.
Queria manter-se tranquila, mas o medo vinha chegando. A essa
(A) Transcreva uma sequência narrativa e uma sequência argu-
hora só podia ser mesmo a Filó. Mas por que não respondia?
mentativa. Justifique sua resposta.
Talvez não tivesse ouvido quando perguntou se era ela. Não ia
perguntar de novo. De que adiantaria? Sentou-se na cama para re-
(B) Redija um parágrafo, explicitando a temática do texto.
cuperar o fôlego, a respiração agora alterada. Parecia ouvir alguns
passos, mas podia ser só imaginação. Que angústia era aquela?
09. NARRAÇÃO
Não havia motivo pra tanto.
(Maria Tecoara, inédito)
Leia atentamente o texto seguinte:
É correto o seguinte comentário: no trecho narrativo,
Considere a situação narrada abaixo:
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(A) em que predomina a descrição de sentimentos, tem-se o nar-


rador, personagem não citada, mas subentendida, contando o que A festa em casa está animada, mas tem alguém tocando a cam-
ocorre no espaço da casa, metonimicamente mencionada por co- painha com tanta insistência que só pode ser reclamação. Quando
zinha e cama; ele narra o que vê, mas sobre o que pensa e sente vou ver o que é, meus pais já estão à porta, tentando dialogar com
a personagem ele só pode lançar hipóteses. o morador do apartamento ao lado, que veio acompanhado de
(B) em que se utilizam os tempos verbais pretéritos, próprios do Dona Carlota, a síndica do nosso prédio.

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relato, as frases interrogativas expressam indagações que a per-


sonagem se faz a si mesma, como se vê, por exemplo, em É você, Desenvolva essa narrativa, valendo-se das personagens indicadas
Filó?, Mas por que não respondia? e De que adiantaria?. e, se quiser, de outras que você julgar necessárias para contar sua
(C) segmentado pela oposição entre dois estados emocionais, o pequena história.
narrador, que não se faz presente por meio do “eu”, mostra co-
nhecer fatos e impressões que eles causam, tendo como fonte de 10. Agora me digam: como é que, com tio-avô modinheiro paren-
informação os próprios pensamentos, percepções e sentimentos te de Castro Alves, com quem notivagava na Bahia; pai curtidor
da personagem. de um sarau musical, tocando violão ele próprio e depositário de
(D) em que os fatos são apresentados em seu desenrolar pela voz canções que nunca mais ouvi cantadas, como “O leve batel”, lin-
do narrador-personagem, tem-se o detalhamento do espaço e do da, lancinante, lúdica e que mais palavras haja em “l’s” líquidos e
tempo à medida que a ação se desenvolve, ainda que, quanto ao palatais, com versos atribuídos a Bilac; avó materna e mãe pianis-
espaço, uma descrição minuciosa se apresente de modo isolado. tas, dedilhando aquelas valsas antigas que doem como uma crise
(E) relatado pelo autor, é claro seu posicionamento em relação às de angina no peito; dois tios seresteiros, como Henriquinho e tio
atitudes da personagem, avaliação expressa tanto pela análise dos Carlinhos, irmão de minha mãe, de dois metros de altura e um
pensamentos, quanto pelas críticas aos sentimentos dela, pois digitalismo espantosos, uma espécie de Canhoto (que também o
uns e outros são considerados devaneios de uma alma assustada. era) da Gávea; como é que, com toda essa progênie, poderia eu
deixar de ser também um compositor popular…
Vinicius de Moraes, Samba falado: (crônicas musicais).
08. A tecnologia tem permitido que filhos vivam sob permanente Rio de Janeiro: Beco do Azougue, 2008. Adaptado.
monitoramento dos pais. Do ultrassom 3D do bebê no útero às
câmeras on-line nas maternidades e escolas infantis até a insta- Das características abaixo, frequentemente encontradas em crôni-
lação de GPS no celular e no carro de adolescentes, a vigilância cas, a única que NÃO se aplica ao texto é:
pode ser constante.
Em São Paulo, pais de crianças pequenas integraram mais um (A) emprego de neologismos.
item à cadeia de monitoramento eletrônico: estão instalando câ- (B) interação com o leitor.
meras em casa para vigiar seus filhos enquanto trabalham fora. (C) sintaxe com marcas de oralidade.
São verdadeiros “big brothers” domésticos. (D) frases sem verbo.
O monitoramento é condenado por psicólogos e pedagogos, que (E) uso de termos da linguagem informal.
veem prejuízo na relação de pais e filhos. “É uma loucura”, define
a psicóloga Ana Bahia Bock, professora da PUC. 11. “É comum, no Brasil, a prática de tortura contra presos. A
Já as empresas de segurança eletrônica comemoram. Algumas tortura é imoral e constitui crime.
registram aumento de 250% de instalações de câmeras no interior
de casas. Uma delas instalou 500 aparelhos em 2007, 300 a mais Embora não exista ainda na leis penais a definição do ‘crime de
do que em 2006. “Na maioria dos casos, os pais têm crianças pe- tortura’, torturar um preso ou detido é abuso de autoridade so-
quenas, instalam câmeras nos ambientes e avisam a babá sobre mado à agressão e lesões corporais, podendo qualificar-se como
o monitoramento”, diz Thiago Títero, dono da empresa. homicídio, quando a vítima da tortura vem a morrer. Como tem
sido denunciado com grande frequência, policiais incompeten-

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 47
Formando o leitor e o produtor de texto
Capítulo 3: Argumentação
PORTUGUÊS

tes, incapazes de realizar uma investigação séria, usam a tortura comunicação avance no Congresso. “Se dependermos apenas do
para obrigar o preso a confessar um crime. Além de ser um pro- conservadorismo da Câmara e do Senado, será muito difícil avan-
cedimento covarde, que ofende a dignidade humana, essa prática çar”, discursou o deputado Ivan Valente. Ele destacou o fato de
é legalmente condenada. A confissão obtida mediante tortura não que existem parlamentares no Congresso que tem fortes vínculos
tem valor legal e o torturador comete crime, ficando sujeito a ou até mesmo são proprietários de meios de comunicação. “Até
severas punições.” os Estados Unidos, o país mais liberal do mundo, estabelece limi-
(Dalmo de Abreu Dallan) tes para evitar monopólios e define que quem tem rádio não pode
ter televisão, e vice-versa. Precisamos pautar-nos em propostas
Pode-se afirmar que esse trecho é uma dissertação: como essas”.

(Ricardo Carvalho. Regulação da mídia é pela liberdade de expressão. Carta capital. In:
(A) que apresenta, em todos os períodos, personagens individua-
http://www.cartacapital.com.br/politica/regulacao-da-midia-e-pela-liberdade-de-expressao)
lizadas, movimentando-se num espaço e num tempo terríveis, de-
nunciados pelo narrador, bem como a predominância de orações
(D) Para a presidente do Conselho Federal de Nutricionistas, Ro-
subordinadas, que expressam sequência dos acontecimentos;
sane Nascimento, não é necessário que o Brasil lance mão de
(B) que apresenta, em todos os períodos, substantivos abstratos,
práticas baseadas no uso de agrotóxicos e mudanças genéticas
que representam as ideias discutidas, bem como a predominância
para alimentar a população. “Estamos cansados de saber que o
de orações subordinadas, que expressam o encadeamento lógico
Brasil produz alimento mais do que suficiente para alimentar a sua
da denúncia;
população e este tipo de artifício não é necessário. A lógica dessa
(C) que apresenta uma organização temporal em função do pre-
utilização é a do capital em detrimento do respeito ao cidadão e
térito, jogando os acontecimentos denunciados para longe do
do direito que ele tem de se alimentar com qualidade”, protesta.
momento em que fala, bem como a predominância de orações

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subordinadas, que expressam o prolongamento da ideias repu- (Raquel Júnia. Agronegócio não garante segurança alimentar. Caros Amigos. In: http://
diadas; carosamigos.terra.com.br/)

(D) que consegue fazer uma denúncia contundente, usando, entre


outros recursos, a ênfase, por meio da repetição de um substanti- (E) A leitura de jornais e revistas facilita a atualização sobre a dinâ-
vo abstrato em todos os períodos, bem como a predominância de mica dos acontecimentos e promove o enriquecimento do debate
orações coordenadas sindéticas, que expressam o prolongamen- sobre temas atuais. A rapidez com que a notícia é veiculada por
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to das ideias repudiadas; esses meios é clara, garantindo a complementaridade da constru-
(E) que consegue construir um protesto persuasivo com uma ção do conhecimento promovida pelas aulas e pelos livros didáti-
linguagem conotativa, construída sobre metáforas e metonímias cos. O apoio didático representado pelo uso de jornais e revistas
esparsas, bem como com a predominância de orações subor- aproxima os alunos do mundo que os cerca.
dinadas, próprias de uma linguagem formal, natural para esse
(Ana Regina Bastos - Revista Eletrônica UERG. Mundo vestibular. In: http://www.mundoves-
contexto. tibular.com.br/articles/4879/1/Como-se-preparar-para-o-vestibular-utilizando-jornais-e-re-
vistas/Paacutegina1.html)
12. Nos parágrafos a seguir, sublinhe a tese e coloque os argu-
mentos entre parênteses. 13. Leia o texto de Paul Horowitz, físico da Universidade de Har-
vard.
(A) As leis já existentes que limitam o direito de porte de arma
e punem sua posse ilegal são os instrumentos que efetivamen- Existe vida inteligente fora da terra? “No Universo? Garantido. Na
te concorrem para o desarmamento, e foram as responsáveis nossa galáxia? Extremamente provável. Por que não encontramos
pelo grande número de armas devolvidas por todos os cidadãos aliens ainda? Talvez nossos equipamentos não tenham sensibilidade
responsáveis e cumpridores da lei, independentemente de sua suficiente. Ou não sintonizamos o sinal de rádio correto”.
SUPERINTERESSANTE. São Paulo: Editora Abril, n. 224, mar. 2006, p. 42.
opinião a favor ou contra o ambíguo e obscuro movimento de-
nominado desarmamento. Os cidadãos de bem obedecem às
leis independentemente de resultados de plebiscito, enquanto os Tendo em vista os argumentos utilizados por Paul Horowitz, po-
desonestos e irresponsáveis só agem de acordo com seus inte- de-se inferir que ele:
resses desobedecendo a todos os princípios legais e sociais, e
somente podem ser contidos através da repressão. (A) garante a existência de aliens apoiando-se em comprovações
(Opinião, site o Globo. In: http://oglobo.globo.com/opiniao/mat/2011/04/12/a-quem-interes- científicas.
sa-um-plebiscito-sobre-desarmamento-924221689.asp) (B) prova que nosso encontro com extraterrestre é apenas uma
questão de tempo.
(B) As ditaduras militares foram uma infeliz realidade na América (C) revela suas idéias em uma escala que varia em diferentes
do Sul dos anos 1960 e 1970. Em todas elas houve drástica re- graus de certeza.
pressão às oposições e dissidências, com a adoção da tortura e (D) sustenta seu ponto de vista com base em resultados verifica-
da perseguição como política de governo. Ao fim desses regimes dos por equipamentos adequados.
autoritários adotaram-se formas semelhantes de transição com a (E) reconhece a existência de vida alienígena em nossa galáxia.
aprovação das chamadas leis de impunidade, as quais incluem as
anistias a agentes públicos. 14. Leia o texto a seguir.

(Eugênia Augusta Gonzaga e Marlon Alberto Weichert, Carta capital. In: http://www.cartaca- Os tiranos e os autocratas sempre compreenderam que a capacida-
pital.com.br/sociedade/o-brasil-promovera-justica)
de de ler, o conhecimento, os livros e os jornais são potencialmente
perigosos. Podem insuflar idéias independentes e até rebeldes nas
(C) Todos os palestrantes concordaram que a participação da cabeças de seus súditos. O governador real britânico da colônia de
sociedade civil é fundamental para que qualquer debate sobre a Virgínia escreveu em 1671:

48 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Formando o leitor e o produtor de texto
Capítulo 3: Argumentação

PORTUGUÊS
Graças a Deus não há escolas, nem imprensa livre; e espero que não Essas mulheres são vítimas do machismo, da necessidade econômi-
[as] tenhamos nestes [próximos] cem anos; pois o conhecimento in- ca e do desejo de consumir. São flagradas nas portas dos presídios
troduziu no mundo a desobediência, a heresia e as seitas, e a impren- com drogas para os companheiros; são seduzidas por traficantes que
sa divulgou-as e publicou os libelos contra os melhores governos. se especializaram em abordar mulheres chefes de família com difi-
Que Deus nos guarde de ambos! culdades econômicas; também são vaidosas e, apesar de pobres,
Mas os colonizadores norte-americanos, compreendendo em que querem consumir o que a televisão ordena que é bom.
consiste a liberdade, não pensavam assim. Um tratamento ofensivo as afeta emocionalmente. A tristeza facil-
Em seus primeiros anos, os Estados Unidos se vangloriavam de ter mente se transforma em fúria. Muitas escondem de suas crianças
um dos índices mais elevados – talvez o mais elevado – de cidadãos que estão presas. Sentem vergonha da condição de presas. Na maio-
alfabetizados no mundo. ria dos casos, estão convencidas de que são culpadas e que mere-
Atualmente, os Estados Unidos não são o líder mundial em alfabe- cem o castigo recebido. Choram, gritam e se comovem. O cárcere
tização. Muitos dos que são alfabetizados não conseguem ler, nem é despreparado e pequeno demais para comportar a complexidade
compreender material muito simples – muito menos um livro da sexta das mulheres.
série, um manual de instruções, um horário de ônibus, o documento Apesar do aumento do número de mulheres presas no Brasil, espe-
de uma hipoteca ou um programa eleitoral. cialmente nas rotas do tráfico, o sistema penitenciário não se prepara
As rodas dentadas da pobreza, ignorância, falta de esperança e baixa nem para as receber, nem para as ressocializar. Faltam presídios Fe-
autoestima se engrenam para criar um tipo de máquina do fracasso mininos, assim como capacitação específica para servidores peniten-
perpétuo que esmigalha os sonhos de geração a geração. Nós todos ciários que trabalham com mulheres no cárcere.
pagamos o preço de mantê-la funcionando. O analfabetismo é a sua Falta estrutura que considere a maternidade e que garanta os direitos
cavilha. fundamentais das crianças.
Ainda que endureçamos os nossos corações diante da vergonha e Assim como na sociedade, no cárcere o espaço da mulher ainda é
da desgraça experimentadas pelas vítimas, o ônus do analfabetismo precário. O sistema é masculino na sua concepção e essência. Em
é muito alto para todos os demais – o custo de despesas médicas e cidades como Caicó, Rio Grande do Norte, não existe penitenciária
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hospitalização, o custo de crimes e prisões, o custo de programas de feminina. As mulheres presas são alojadas numa área improvisada
educação especial, o custo da produtividade perdida e de inteligên- dentro da unidade masculina. Em Mossoró, no mesmo Estado, mu-
cias potencialmente brilhantes que poderiam ajudar a solucionar os lheres presas, ainda sem sentença, aguardam julgamento numa área
dilemas que nos perseguem. minúscula dentro da cadeia pública masculina. A presença improvi-
Frederick Douglass ensinou que a alfabetização é o caminho da es- sada das mulheres cria problemas legais e acarreta insegurança para
cravidão para a liberdade. Há muitos tipos de escravidão e muitos servidores penitenciários quanto à garantia da segurança geral e da

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tipos de liberdade. Mas saber ler ainda é o caminho. integridade física das mulheres.
(Carl Sagan, O caminho para a liberdade. Em “O mundo assombrado pelos demônios: a
ciência vista como uma vela no escuro”. Adaptado) (Bárbara Santos é coordenadora nacional do projeto Teatro do Oprimido nas Prisões, desen-
volvido pelo Centro de Teatro do Oprimido, em parceria com o Departamento Penitenciário
Nacional, do Ministério da Justiça. http://www.ctorio.org.br). (Disponível em: http:// http://
É correto afirmar que Carl Sagan faz citação das idéias de um
www.carosamigos.terra.com.br. Acesso em: 07 ago. 2006.)
governador real britânico para:
15. Tendo em vista o sentido global do texto, o seu PRINCIPAL
(A) corroborar as idéias que defende no desenvolvimento do texto.
objetivo comunicativo é:
(B) ilustrar a tese com a qual inicia o texto e à qual se contrapõe
na sequência.
(A) discutir a precariedade do sistema penitenciário para receber
(C) comprovar a importância da colonização inglesa para o de-
mulheres presas.
senvolvimento americano.
(B) apontar as especificidades e complexidades da mulher no
(D) desmistificar a ideia de que liberdade de imprensa pode trazer
cárcere.
liberdade de ideias, como defende na conclusão.
(C) defender o direito das mães presas viverem com suas crian-
(E) ironizar idéias ultrapassadas, mostrando, no desenvolvimento
ças.
do texto, o descrédito de que gozaram em todos os tempos.
(D) apresentar exemplos positivos de presídios para mulheres.
(E) identificar os problemas das mulheres no cárcere.
O fragmento a seguir foi selecionado do texto “Mulheres no cár-
cere e a terapia do aplauso”, de Bárbara Santos. Leia-o para res-
16. Dentre os fatores a seguir, assinale o que NÃO foi mencionado
ponder às questões 15, 16 e 17.
por Bárbara Santos como problema que afeta a mulher no cárcere:

Mulheres no cárcere e a terapia do aplauso


(A) A falta de absorventes.
(por Bárbara Santos)
(B) A inexistência de creches.
(C) A estrutura precária.
Elas estão no cárcere. O cárcere não está preparado para elas. Ide-
alizado para o macho, o cárcere não leva em consideração as espe- (D) O excesso de proteção.
cificidades da fêmea. Faltam absorventes. Não existem creches. Ex- (E) A convivência com os filhos
cluem-se afetividades. Celas apertadas para mulheres que convivem
com a superposição de TPMs, ansiedades, alegrias e depressões. 17. “[…] querem consumir o que a televisão ordena que é bom.”
A distância da família e a falta de recursos fazem com que mulheres (§ 4). Das alternativas a seguir, assinale aquela que NÃO compro-
fiquem sem ver suas crianças. Crianças privadas do direito funda- va a assertiva feita pelo autor do texto:
mental de estar com suas mães. Crianças que perdem o contato com
as mães para não crescerem no cárcere. (A) A mídia televisiva é considerada hoje uma espécie de quarto
Uma presa, em Garanhuns, Pernambuco, luta para recuperar a guarda poder.
de sua criança, que foi encaminhada para adoção por ela não ter fa-
(B) A pressão do índice de audiência leva a televisão a impor cer-
miliares próximos. Uma criança com cerca de 2 anos de idade, em Te-
resina, Piauí, nasceu e vive no cárcere, não fala e pouco sorri, a mãe tos comportamentos à população.
tem pavor de perdê-la para a adoção, sua família é de Minas Gerais. (C) O peso da economia exerce influência sobre padrões especí-
ficos de conduta social.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 49
Formando o leitor e o produtor de texto
Capítulo 3: Argumentação
PORTUGUÊS

(D) As publicidades televisivas, por exemplo, instigam as pessoas Desculpem-me, mas não dá pra fazer uma cronicazinha divertida
a consumirem produtos e sonhos. hoje. Simplesmente não dá. Não tem como disfarçar: esta é uma tí-
(E) A função da mídia televisiva é apenas informar a sociedade pica manhã de segunda-feira. A começar pela luz acesa da sala que
dos acontecimentos em geral. esqueci ontem à noite. Seis recados para serem respondidos na se-
cretária eletrônica. Recados chatos. Contas para pagar que venceram
ontem. Estou nervoso. Estou zangado.
18. Crise e Ciência
CARNEIRO, J. E. Veja, 11 set. 2002 (fragmento).

Crise é fundamental em ciência; sem crise não há progresso, ape-


nas estagnação. Quando investigamos como a ciência progride na Nos textos em geral, é comum a manifestação simultânea de vá-
prática, vemos que é aos trancos e barrancos: os cientistas não têm rias funções da linguagem, com o predomínio, entretanto, de uma
sempre todas as respostas na ponta da língua. O processo criativo sobre outras. No fragmento da crônica Desabafo, a função da lin-
de um cientista pode ser bem dramático, muitas vezes envolvendo a guagem predominante é a emotiva ou expressiva, pois
agonia da dúvida e, em alguns casos, o êxtase da descoberta. Vista
sob esse prisma, a ciência não está assim tão distante da arte. (A) o discurso do enunciador tem como foco o próprio código.
Na maioria das vezes, as crises nas ciências naturais são criadas por (B) a atitude do enunciador se sobrepõe àquilo que está sendo
experiências realizadas em laboratórios ou por observações astronô-
dito.
micas que simplesmente não se encaixam nas descrições e teorias
(C) o interlocutor é o foco do enunciador na construção da men-
da época: novas idéias são necessárias, idéias essas que, às vezes,
podem ser revolucionárias. Em geral, revolução em ciência implica sagem.
novas e inesperadas concepções da realidade, chocantes a ponto de (D) o referente é o elemento que se sobressai em detrimento dos
intimidar os próprios cientistas. demais.
(GLEISER, Marcelo. Folha de São Paulo, 26/05/2002.) (E) o enunciador tem como objetivo principal a manutenção da

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comunicação.
Crise é fundamental em ciência; (linha 1). A tese do físico Marcelo
Gleiser é enunciada logo no início do primeiro parágrafo. Ele sus- 21. “Longarinas” rememora um belo cartão-postal de Fortaleza -
tenta essa tese, com fatos, no segundo parágrafo. a Praia de Iracema e a Ponte dos Ingleses, ou “Ponte Velha” - com
uma linda letra realçada por um maracatu romântico, acompanha-
Demonstre, elaborando uma frase completa, como esses fatos do por um solo de viola e uma orquestração densa, valorizando
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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998


sustentam a tese defendida pelo autor. a sonoridade dos violinos e lembrando os timbres populares das
canções árabes. Pesquisadores da música cearense como Gilmar
19. Leia o texto a seguir para responder à questão. de Carvalho, Mary Pimentel e Nelson Augusto compartilham da
opinião de que Ednardo e o artista desta geração que mais cantou
ENTREVISTA COM MICHAEL SERMER os nossos lugares de memória em suas canções.
(Diretor da ONG contra superstições) – Veja, n. 1733 CASTRO, Wagner. Ednardo. Fortaleza: Demócrito Rocha, 2017. P.76-77. (Coleção Terra
Bárbara).

Repórter: Como o senhor justifica a vantagem do pensamento cien-


tífico sobre o obscurantismo? MS: A ciência é o único campo do co- É possível reconhecer no texto em questão que sua argumentação
nhecimento humano com característica progressista. Não digo isso e orientada no sentido de convencer o público-leitor que o objetivo
tomando o termo progresso como uma coisa boa, mas sim como um principal do texto e/são
fato. O mesmo não ocorre na arte, por exemplo. Os artistas não me-
lhoram o estilo de seus antecessores, eles simplesmente o mudam. (A) a beleza inusitada de pontos turísticos da capital cearense.
Na religião, padres, rabinos e pastores não pretendem melhorar as (B) os argumentos de autoridades sobre a cidade em questão.
pregações de seus mestres. Eles as imitam, interpretam e repetem (C) a influência árabe na atual música popular brasileira.
aos discípulos. Astrólogos, médiuns e místicos não corrigem os er-
(D) as características musicais que destacam um cantor.
ros de seus predecessores, eles os perpetuam. A ciência, não. Tem
(E) a importância da música cearense para o contexto nacional.
características de autocorreção que operam como a seleção natural.
Para avançar, a ciência se livra dos erros e teorias obsoletas com
enorme facilidade. Como a natureza, é capaz de preservar os ganhos
e erradicar os erros para continuar a existir.

Em termos argumentativos, pode-se dizer que:

(A) a argumentação apresentada por MS se apoia em testemu-


nhos de autoridade;
(B) a tese apresentada está explícita em “a ciência se livra dos
erros e teorias obsoletas com enorme facilidade”;
(C) o público-alvo a ser convencido é o conjunto de pessoas liga-
das, de uma maneira ou outra, ao obscurantismo;
(D) os argumentos apresentados na defesa da tese se fundamen-
tam ora na intimidação, ora na persuasão;
(E) por ser de caráter científico, a subjetividade do argumentador
é completamente desprezada na argumentação.

20. Desabafo

50 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Leitura e interação
Capítulo
2

Relação entre déficit de atenção


e os videogames

Game
FONTE: https://www.windowsteam.com.br

Muitos pais, professores e profissionais tera- mam ter dificuldades na transição entre as ta- Sobre o texto e a
pêuticos se questionam sobre o sistema de refas e, por causa disso, podem fazer pirraça imagem de intro-
jogos eletrônicos como Nintendo Switch ou quando o jogo deve acabar. É recomendável dução
Xbox One: é bom ter esses jogos eletrônicos nesses casos informar a criança sobre o li-
em casa? É bom para a família jogar? É bom mite do tempo e advertir que o jogo acabará • De acordo com o texto, por
para as crianças que possuem dificuldades num horário determinado. que crianças com TDAH podem
de aprendizagem? É bom para as crianças oferecer certa resistência na hora
que têm problemas de atenção? É importante dizer que o Nintendo Switch, por de parar de jogar?
exemplo, possui controle parental, fácil de
• A partir da leitura inicial,
Em primeiro lugar, é importante destacar que usar. Dessa maneira, os pais poderão super-
estabeleça a relação entre déficit
tanto Nintendo Switch como Xbox One são visionar o uso da internet. E o Xbox One pos- de atenção e videogames.
muito versáteis não só para as crianças, mas sui recursos de segurança para que os pais
também para que a família brinque junto. Con- possam também controlar o tipo de conteúdo
soles conectadas à televisão, é possível jogar que os filhos podem acessar.
de uma forma tradicional e divertida, organi- FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.
zando torneios, por exemplo.

Porém, há motivos para ficarmos atentos:


crianças que possuem TDAH (Transtorno do
Déficit de Atenção com Hiperatividade) costu-
Formando o leitor e o produtor de texto
Capítulo 2: Leitura e interação

Leitura e interação
PORTUGUÊS

Introdução
Ler é um ato que consiste em interagir com o texto, ativando nosso conhecimento linguístico, nos-
so conhecimento de mundo, nossas leituras prévias, nossa reflexão. Pelo ato de ler, atribuímos sentido à
mensagem de um texto.
A hermenêutica, a área da filosofia que estuda o processo de interpretação, diz que é preciso seguir
três etapas para se obter uma leitura ou uma abordagem eficaz de um texto:

a) Pré-compreensão: toda leitura supõe que o leitor entre no texto já com conhecimen-
tos prévios sobre o assunto ou área específica.
No primeiro contato com o texto devemos analisar
os seguintes aspectos: b) Compreensão: já com a pré-compreensão ao entrar no texto, o leitor vai se deparar
com informações novas ou reconhecer as que já sabia. Por meio da pré-compreensão
• O objetivo da leitura (ler por prazer, leitura
científica, informacional, manual de procedimentos o leitor “prende” a informação nova com a dele e “agarra” (compreende) a intencio-
etc.); nalidade do texto. É costume dizer: “Eu entendi, mas não compreendi”. Isso significa
dizer que quem leu entendeu o significado das palavras, a explicação, mas não as
• Dialogar com o texto, entender o que o autor do
texto quer expressar. Criar expectativas e hipóte- justificativas ou o alcance social do texto.
ses a partir da observação do tipo de texto (receita,
bula, artigo de jornal, carta, charge ...); c) Interpretação: a interpretação é a resposta que você dará ao texto, depois de com-
• Identificar as características externas do texto preendê-lo (sim, é preciso “conversar” com o texto para haver a interpretação de fato).

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
(formato, veiculação, autor, época ...) e seu título. É formada então o que se chama “fusão de horizontes”: o do texto e o do leitor. A
interpretação supõe um novo texto. Significa abertura, o crescimento e a ampliação
para novos sentidos.
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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998


Estratégias de compreensão
Compreensão
• Conhecimentos prévios: levantamento de caracte-
rísticas do contexto de produção dos textos (deta-
Decodificação lhamento dos atores e papeis sociais que ocupam,
instituições etc.);

Semântica • Checagem de hipóteses: checagem de todas


as hipóteses levantadas, percepção de inferências
inadequadas;
Conhecimentos prévios Vocabulário
• Generalização: rever a lista de informações rele-
vantes e o resumo do texto, levantar as generalizações
que foram feitas;
Comparação de informações Características do texto
• Vocabulário: identificar as palavras que trazem con-
Checagem de hipóteses Generalizações ceitos no próprio texto e/ou palavras desconhecidas
para a composição do glossário;

• Comparação de informações: localizar e sublinhar informações relevantes;

• Características do texto: apontar o formato, o veículo, o autor, a época do referido texto.

É sabido que o ato de ler é um verdadeiro exercício/trabalho em decifrar sentimentos, intenções e/


ou pensamentos ocultos, guiando-se por indícios subjetivos e, também, objetivos para, a partir disso, con-
jecturar algo, formular hipóteses mediante dados objetivos que normalmente estão no texto analisado. Tal
atividade, exercício e/ou trabalho, como já observamos, necessita de processos, estratégias, mecanismos
que nos auxiliem na compreensão dos textos produzidos. Assim como na matemática precisamos de arti-
culações entre fórmulas para objetivar os melhores resultados, não é diferente na interpretação e interação
com quaisquer textos (sendo aqui a articulação entre elementos do próprio texto).
Portanto, seja uma receita, bula, artigo científico, carta, charge e/ou tirinhas, se faz necessário,
para o leitor, um método de estudos e de compreensão a fim de desenvolver a capacidade leitora e crítica.
Diante disso, apresentamos estratégias de compreensão, tais como: conhecimentos prévios, vocabulá-

20 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Formando o leitor e o produtor de texto
Capítulo 2: Leitura e interação

rio, comparação de informações, checagem de hipóteses, características do texto e generalizações,

PORTUGUÊS
que ajudarão a tornar-nos leitores e produtores aptos em discernir, produzir e criticar as produções textuais
que nos cercam.

01. Observe a imagem a seguir. (A) fazer refletir, nas penas do pavão, as cores do arco-íris.
(B) conseguir o maior número de tonalidades.
(C) fazer com que o pavão ostente suas cores.
PASSAGEM DE ÔNIBUS 65789
(D) fragmentar a luz nas bolhas d’água.
MCZ/REC (E) não há nenhuma conexão com o texto.
TERMINAL RODOVIÁRIO Nº 6 5 7 8 9
Maceió – AL
de: Maceió para: Recife 04. Leia a tira de Chico Bento e lembre-se de que a língua modifica-
pago -se por influência de vários fatores.
DATA AGENTE seguro
28/03/2017 José Alberto VIAÇÃO LUXOR
Prefixo 008954
POLTRONA HORÁRIO
KM 258,7
22 23h30 min
ÔNIBUS PREÇO Via do passageiro
LEITO R$ 96,70

ATENÇÃO, USUÁRIO
Mantenha sempre em seu poder esta passagem.
É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

a) Explique os recursos utilizados pelo autor na produção do humor


O passageiro vai iniciar a viagem nessa tira.
b) Em relação à norma culta, como você caracterizaria o modo de
(A) à noite. (B) à tarde. (C) de madrugada. Chico Bento expressar-se?
(D) pela manhã. (E) ao amanhecer. c) Quais são as palavras que Chico Bento usa que não seguem a
norma padrão? Localize-as.

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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998

02. Observe a tira a seguir. d) Passe a frase de Chico Bento para a norma culta.

05. Leia o trecho a seguir.

Todo abacate é verde. O incrível Hulk é verde. O incrível Hulk é


um abacate. (l. 22)

Todo argumento pode se tornar um sofisma: um raciocínio errado


ou inadequado que nos leva a conclusões falsas ou improcedentes.
O último parágrafo do texto é um exemplo de sofisma, consideran-
No 1º quadrinho, a fala do personagem pode ser substituída por: do que, da constatação de que todo abacate é verde, não se pode
deduzir que só os abacates têm cor verde.
(A) “Quer namorar comigo?”.
(B) “Você é muito bonita para mim!”. Esse é o tipo de sofisma que adota o seguinte procedimento:
(C) “Você é muito simpática!”.
(D) “Você é muito humilde!”. (A) enumeração incorreta. (B) generalização indevida.
(E) “Quero ficar com você!”. (C) representação imprecisa. (D) exemplificação inconsistente.
(E) negação de tudo.
03. Leia o texto a seguir.
06. Leia o fragmento de texto a seguir.
O Pavão
E considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de Segunda maior produtora mundial de embalagem longa vida,
suas cores; é um luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri a SIG Combibloc, principal divisão do grupo suíço SIG, prepara a
que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há abertura de uma fábrica no Brasil. A empresa, responsável por 1
pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d’água em que a luz se bilhão do 1,5 bilhão de dólares de faturamento do grupo, chegou
fragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas. ao país há dois anos disposta 5 a brigar com a líder global, Tetra-
Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o má- pak, que detém cerca de 80% dos negócios nesse mercado. Os
ximo de matizes com o mínimo de elementos. De água e luz ele faz estudos para a implantação da fábrica foram recentemente con-
seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade. Considerei, cluídos e apontam para o Sul do país, pela facilidade logística junto
por fim, que assim é o amor, oh! Minha amada; de tudo que ele ao Mercosul. Entre os oito atuais clientes da Combibloc na região
suscita e esplende e estremece e delira em mim existem apenas estão a Unilever, com a marca de atomatado Malloa, no Chile, e a
meus olhos recebendo a luz de teu olhar. Ele me cobre de glórias 10 italiana Cirio, no Brasil.
e me faz magnífico. (Denise Brito, na Exame, dez./99)
(BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana. Rio de Janeiro: Record, 1996, p. 120)

Segundo o texto, a SIG Combibloc:


No 2º parágrafo do texto, a expressão: atingir o máximo de mati-
zes, significa o artista: (A) produz menos embalagem que a Tetrapak.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 21
Formando o leitor e o produtor de texto
Capítulo 2: Leitura e interação
PORTUGUÊS

(B) vai transferir suas fábricas brasileiras para o Sul. (C) uma empresa do ramo de programas para supermercados pro-
(C) possui oito clientes no Brasil. pôs um acordo vantajoso, em que a rede só entraria com as com-
(D) vai abrir mais uma fábrica no Brasil. pras e as entregas.
(E) possui cliente no Brasil há dois anos, embora não esteja insta- (D) mais da metade dos cariocas não esqueceram as Casas da
lada no país. Banha.
(E) a rede funcionará apenas virtualmente.
07. Leia o trecho a seguir.
09. Leia o texto a seguir.
Pode dizer-se que a presença do negro representou sempre
fator obrigatório no desenvolvimento dos latifúndios coloniais. Os A civilização “pós-moderna” culminou em um progresso ine-
antigos moradores da terra foram, eventualmente, prestimosos gável, que não foi percebido antecipadamente, em sua inteireza.
colaboradores da indústria extrativa, na caça, na pesca, em deter- Ao mesmo tempo, sob o “mau uso” da ciência, da tecnologia e da
minados ofícios 5 mecânicos e na criação do gado. Dificilmente se capacidade de invenção nos precipitou na miséria moral inexorável.
acomodavam, porém, ao trabalho acurado e metódico que exige Os que condenam a ciência, a tecnologia e a invenção criativa por
a exploração dos canaviais. Sua tendência espontânea era para essa miséria ignoram os desafios que explodiram com o capitalis-
as atividades menos sedentárias e que pudessem exercer-se sem mo monopolista de sua terceira fase.
regularidade forçada e sem vigilância e fiscalização de estranhos.
(Sérgio Buarque de Holanda, in Raízes) Em páginas secas premonitórias, E. Mandel1 apontara tais
riscos. O “livre jogo do mercado” (que não é e nunca foi “livre”)
Segundo o autor, os antigos moradores da terra: rasgou o ventre das vítimas: milhões de seres humanos nos países
ricos e uma carrada maior de milhões nos países pobres. O centro

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
(A) foram o fator decisivo no desenvolvimento dos latifúndios co- acabou fabricando a sua periferia intrínseca e apossou-se, como
loniais. não sucedeu nem sob o regime colonial direto, das outras perife-
(B) colaboravam com má vontade na caça e na pesca. rias externas, que abrangem quase todo o “resto do mundo”.
(C) não gostavam de atividades rotineiras.
(D) não colaboraram com a indústria extrativa. 1: Ernest Ezra Mandel (1923-1995): economista e militante político belga.
(E) levavam uma vida sedentária.
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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998


O emprego de aspas em uma dada expressão pode servir, inclusive,
08. Leia o fragmento de texto a seguir. para indicar que ela

Você se lembra da Casas da Banha? Pois é, uma pesquisa I. foi utilizada pelo autor com algum tipo de restrição;
mostra que mais de 60% dos cariocas ainda se recordam daquela II. pertence ao jargão de uma determinada área do conhecimento;
que foi uma das maiores redes de supermercados do país, com III. contém sentido pejorativo, não assumido pelo autor.
224 lojas e 20.000 funcionários, desaparecida no início dos anos
90. Por isso, seus antigos 5 donos, a família Velloso, decidiram Considere as seguintes ocorrências de emprego de aspas presentes
ressuscitá-la. Desta vez, porém, apenas virtualmente. Os Velloso no texto:
fizeram um acordo com a GW.Commerce, de Belo Horizonte, em-
presa que desenvolve programas para supermercados virtuais. Em A. “pós-moderna” (l. 1);
troca de uma remuneração sobre o faturamento, A GW gerenciará B. “mau uso” (l. 3);
as vendas para a família Velloso. A família cuidará apenas das com- C. “livre jogo do mercado” (l.10);
pras e das entregas. D. “livre” (l. 11);
(José Maria Furtado, na Exame, dez./99) E. “resto do mundo” (l. 16).

Segundo o texto, a família Velloso resolveu ressuscitar as Casas da As modalidades I, II e III de uso de aspas, elencadas acima, verifi-
Banha porque: cam-se, respectivamente, em

(A) a rede teve 224 lojas e 20.000 funcionários. (A) A, C e E. (B) B, C e D. (C) A, B e E.
(B) a rede foi desativada no início dos anos 90. (D) A, B e E. (E) B, D e A.

A (re)estruturação do texto
Após as leituras necessárias, é importante montar “virtualmente” ou por escrito o esqueleto do
texto, para testar a compreensão efetiva dele. Algumas formas que podem ser utilizadas em separado ou na
sequência:

• Destacar o tema/assunto geral e identificar com subtítulos os temas de cada fragmento ou


parágrafo do texto;

• Hierarquizar as ideias contidas no texto, destacando as “palavras-chave”, as ideias principais e


as secundárias;

22 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Formando o leitor e o produtor de texto
Capítulo 2: Leitura e interação

• Parafrasear o texto, ou seja, dizê-lo com outras palavras e/ou de outra maneira: resumir; fazer

PORTUGUÊS
perguntas e responder; recontar; montar um esquema de conteúdos.

Vejamos isso na prática.

1. Tema/assunto geral:
O ESTADO DE S. PAULO
Caderno 2 A estreia polêmica do filme A paixão de Cristo

ANO XVIII NÚMERO 6.065 SEXTA-FEIRA, 19 DE MARÇO DE 2004 2. Hierarquia das ideias:

2.1. O filme retrata as últimas horas de vida de Cristo até sua ressurrei-
ção.

2.2. Estreia com críticas fortes:


2.2.1. Os críticos reclamam do excesso de violência;
2.2.2. A comunidade judaica, do antissemitismo do diretor;
2.2.3. Os homossexuais, da homofobia do diretor.

2.3. Estreia com muitas salas lotadas.


2.4. A polêmica está só começando.
2.5. O filme deve ser conferido.

3. Palavras-chave:
É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

CRISTO CHEGA PARA DIVIDIR


Filme, estreia, polêmica, A paixão de Cristo, violência, antissemitismo,
Precedido de intensa polêmica, estreia hoje em mais de 500
homofobia, lotação esgotada.
cinemas de todo o país o filme A paixão de Cristo, de Mel
Gibson. Concentrando a ação nas últimas 12 horas da vida 4. Paráfrases:
de Jesus, o astro da série Máquina mortífera inicia seu filme

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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998

com o Cristo fragilizado (Jim Caviezel, na foto), que duvida Resumo do artigo – A paixão de Cristo, último filme de Mel Gibson, que
de si mesmo, no Jardim das Oliveiras, e prossegue com seu retrata as últimas horas de Cristo até a ressurreição, estreia no meio de
suplício físico, culminando nas brutais cenas da crucificação, muita polêmica, mas, apesar das críticas, deve ser assistido.
até chegar à ressurreição. Os críticos reclamam do excesso
de violência, a comunidade judaica acusa o diretor de antisse- 5. Perguntas a serem respondidas sobre o texto:
mitismo e os homossexuais lembram que Gibson não deixou
de ser o homófobo de sempre. A polêmica está apenas come- Qual é o sentido do título “Cristo chega para dividir”?
çando e A paixão de Cristo estreia com lotação esgotada em Qual é a polêmica em volta do filme?
muitas salas. Com A paixão de Cristo, não se trata de gostar De que trata o filme?
ou não gostar, mas ver esse filme é uma experiência intensa Há expectativas em relação a sua estreia?
que deve ser usufruída por quem leva o cinema a sério.
O autor do texto manifesta opinião sobre o filme?

A inferência
A ativação da inferência, isto é, a leitura do que não está explícito (as entrelinhas, o tom e a inten-
cionalidade do texto), acontece ao longo de todo o processo de leitura.
Vejamos isso na prática, com base na matéria sobre o filme A paixão de Cristo.

Podemos tentar ler algumas das entrelinhas do texto com a ajuda de perguntas como:

• Qual é a posição do autor em relação à polêmica e ao filme? Por quê?


• Qual é a intenção do artigo? Por quê?
• Quais os argumentos utilizados para persuadir o leitor?

E, no caso, concluir que:

A posição do autor em relação à polêmica é neutra, ele só cita os comentários de grupos específicos sem emitir sua opinião a respeito. Quanto
ao filme, é positiva, pois não faz nenhuma crítica negativa direta e ainda incentiva que seja visto. A intenção do artigo é chamar a atenção
para a estreia do filme, valendo-se da polêmica como chamariz, e incentivar que seja assistido. Um argumento forte é que o filme está além
da polêmica e que é “uma experiência intensa que deve ser usufruída por quem leva o cinema a sério”.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 23
Formando o leitor e o produtor de texto
Capítulo 2: Leitura e interação

Após todo esse processo, é interessante que você leia o texto inteiro mais uma vez, e então per-
PORTUGUÊS

ceber que a leitura será um processo mais perceptível e, ao mesmo tempo, terá um olhar crítico, ou seja,
aprofundado.

01. Responda as perguntas a seguir com base na tirinha da Mafalda.

Inferências são adições


de informação que o leitor
faz ao texto. Sem elas, não
é possível compreender o
que se lê.

A geração de inferências é
um processo fundamental
para a leitura. Quem não
faz inferências não lê. Para
compreender um texto, é Disponível em: http://clubedamafalda.blogspot.com. Acesso em: 10 jun 2013.
preciso fazer inferências.
a) Que implícito pode-se retirar da fala de Mafalda, no último quadro?
b) Trata-se de um pressuposto ou subentendido?
c) Como esse implícito não vem marcado por um elemento linguístico, trata-se de algo que está subentendido.

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
c) De que maneira esse conteúdo implícito é necessário para a compreensão do texto?

02. Leia o texto a seguir.

Quixotes de Portinari voltam à luta


CASSIANO ELEK MACHADO DA REPORTAGEM LOCAL
| SISTEMA DINAMUS • ENSINO MÉDIO |

LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998


De todas as mais de 5.000 obras que o prolífico Candido Portinari espalhou em telas, papeis e até em
murais no prédio das Nações Unidas, em Nova York, um conjunto de 21 desenhinhos elaborados com lápis de
cor desses que se compra na esquina ficam em seu pedestal particular.
As ilustrações que o artista de Brodósqui fez em 1956 inspirado no “Dom Quixote”, de Miguel de Cer-
vantes, eram suas obras mais queridas. A “confidência” foi feita à Folha pela viúva do artista, Maria Portinari,
em 1997.
A partir de hoje, qualquer um pode ter o conjunto completo dos “prediletos” do pintor modernista. Uma
dobradinha da Fundação Memorial da América Latina, que comemora 15 anos, e do Museu de Arte Contem-
porânea da USP, em parceria com a Imprensa Oficial de São Paulo, resultou no álbum “D. Quixote – Portinari”,
que será lançado hoje.
Evento que fecha as comemorações do centenário de Portinari (1903-1962), coordenadas pela fundação
que leva o nome do artista, o lançamento será feito em um cenário especial: o Salão de Atos Tiradentes do
Memorial, espaço projetado por Oscar Niemeyer, amigo de Portinari, onde fica o grandioso painel portinariano
“Tiradentes”, de 18 metros.
Feita em 1948, essa obra é oito anos mais jovem do que a série de desenhos apresentada no catálogo.
Feitos a pedido do editor José Olympio para ilustrar a segunda edição da primeira tradução brasileira de “Dom
Quixote”, os desenhos começaram a ser feitos em 1956 (motivo pelo qual Antonio Callado dizia: “No ano de
1956 Candido Portinari sagrou cavaleiro o lápis de cor”).
Os rabiscos ágeis e coloridos de Portinari só ganharam as livrarias no final de 1972, após a morte do ar-
tista. Foram lançados no álbum de luxo D. Quixote: Cervantes, Portinari, Drummond, acompanhados de textos
deste último, no dia em que o poeta mineiro completou 70 anos.
Como escreveu Drummond, sobre o “Quixote portinariano”, que “enche de felicidade os olhos que o
contemplam”, os desenhos foram feitos em um momento difícil do artista, quando ele não podia pintar. “Os
sais de chumbo das tintas envenenavam-no lentamente, e o médico lhe recomendou que parasse”, escreveu
Drummond em 73. “Portinari, que não fazia outra coisa senão pintar, refugiou-se no desenho”.
O Cavaleiro da Triste Figura, que o “pintor de lápis em riste” riscou, volta a sair do refúgio.
D. QUIXOTE DE PORTINARI. Lançamento do livro: hoje, às 19h30. Onde: Memorial da América Latina (av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, São Paulo,
tel. 0/xx/11/3823-4600). Grátis. Folha de S. Paulo, 28 abr. 2004. Ilustrada, p. E4.

Aponte a(s) alternativa(s) que apresenta(m) conhecimento de mundo que poderia ser útil para o leitor montar
hipóteses antecipadas sobre o conteúdo do texto a partir da leitura do título. Justifique.

a) Quixote é sinônimo de indivíduo ingênuo e sonhador.


b) Portinari é o nome de um pintor.
c) Existiu apenas um Quixote.
d) Portinari retratou passagens da maior obra de Cervantes.

24 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Formando o leitor e o produtor de texto
Capítulo 2: Leitura e interação

PORTUGUÊS
e) Quixote é personagem que vive aventuras de novelas de cavalaria.

03. Destaque as palavras que não são palavras-chave do texto.

ARTES CÊNICAS LUTA CANDIDO PORTINARI LITERATURA DOM QUIXOTE


EXPOSIÇÃO DESENHO CAVALARIA LANÇAMENTO NOVA YORK

04. Prolífico é sinônimo de prolífero. De acordo com o contexto em que a palavra está inserida no artigo, qual das acepções é a que melhor
esclarece seu significado? Justifique.

PROLÍFERO
[De proli- + -fero]
Adj.
1. Que faz prole.
2. Que tem a faculdade de gerar; fecundante.
3. Produtivo, fecundo (com relação a pessoas).

05. Qual é o intuito maior do artigo?


É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

(A) Comentar os problemas de saúde que levaram o pintor brasileiro a trocar a pintura pelo desenho.
(B) Ressaltar que as ilustrações inspiradas em Dom Quixote eram as mais queridas do autor.
(C) Evidenciar a multiface do artista que se destacou na pintura, nos murais e nos desenhos.
(D) Salientar a comemoração do centenário de Portinari.
(E) Divulgar o lançamento do álbum D. Quixote – Cervantes, Portinari, Drummond.

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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998

06. Reescreva o artigo “Quixote de Portinari voltam à luta” à maneira de uma notícia breve. Observe as seguintes orientações:

a) acrescente um subtítulo ao artigo (lembre-se de que geralmente os subtítulos têm uma função explicativa e/ou especificativa);
b) limite seu artigo a dois parágrafos;
c) ele será publicado no boletim de uma livraria.

Referências bibliográficas
CEREJA e MAGALHÃES, William Roberto e Thereza Cochar. Português: linguagens, volume 1 - ensino
médio. 5.ed. São Paulo: Atual, 2005.
PASCHOALIN e SPADOTO, Maria Aparecida e Neusa Terezinha. Gramática: teoria e exercícios. Ed. renova-
da. São Paulo: FTD, 2008.
DE NICOLA, José. Língua, literatura e produção de textos: volume 1 - ensino médio. São Paulo: Scipione,
2009.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 29.ed. São Paulo: Nova Geração, 2008.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 25
Formando o leitor e o produtor de texto
Capítulo 2: Leitura e interação
PORTUGUÊS

LEITURA E INTERAÇÃO

Introdução

O ato de ler é um processo no qual não basta uma mera decodificação apática de um texto. Ler consiste em
interagir com o texto, ativando nosso conhecimento linguístico, nosso conhecimento de mundo, nossas leituras
prévias, nossa reflexão. Pelo ato de ler, atribuímos sentido à mensagem de um texto.

A (re)estruturação do texto

Após as leituras necessárias, é importante montar “virtualmente” ou por escrito o esqueleto do texto, para testar
a compreensão efetiva dele. Algumas formas que podem ser utilizadas em separado ou na sequência:

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
• Destacar o tema/assunto geral e identificar com subtítulos os temas de cada fragmento ou parágrafo do
texto;

• Hierarquizar as ideias contidas no texto, destacando as “palavras-chave”, as ideias principais e as secun-


dárias;
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• Parafrasear o texto, ou seja, dizê-lo com outras palavras e/ou de outra maneira: resumir; fazer perguntas e

LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998


responder; recontar; montar um esquema de conteúdos.

A inferência

A ativação da inferência, isto é, a leitura do que não está explícito (as entrelinhas, o tom e a intencionalidade do
texto), acontece ao longo de todo o processo de leitura.

26 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
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Capítulo 2: Leitura e interação

PORTUGUÊS
01. Leia a charge a seguir. (E) A tira denuncia a exclusão digital das mulheres modernas.

03. Na tira do Armandinho, a palavra “não” é usada em dois mo-


mentos distintos.

Marque a alternativa que melhor analisa a relação entre as duas


ocorrências:
Assinale a alternativa que exprime o teor crítico da charge:
(A) O segundo “não” contradiz o primeiro “não”, e eles indicam
(A) A pichação somente contribui para o aumento da poluição intenções distintas.
visual da cidade. (B) O segundo “não” confirma o primeiro “não”, e eles indicam
(B) É necessário investir efetivamente em educação para a cons- intenções semelhantes.
É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

cientização ambiental. (C) O primeiro “não” reafirma o segundo “não”, pois ambos apre-
(C) Há incoerência entre a proibição governamental e sua efetiva sentam sentidos idênticos.
fiscalização. (D) O segundo “não” desfaz o primeiro “não”, pois este foi usado
(D) A pichação é uma forma ilegítima de protesto social e edu- com o intuito da manipulação.
cacional. (E) O primeiro “não” desfaz o segundo “não”, pois este foi usado
(E) Os pichadores demonstram total indiferença com o meio am- com o intuito da manipulação.

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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998

biente e a lei.
04. Examine a tira Hagar, o Horrível, do cartunista americano Dik
02. Leia a charge a seguir. Browne (1917-1989).

O ensinamento ministrado por Hagar a seu filho poderia ser ex-


presso do seguinte modo:

(A) “A fome é a companheira do homem ocioso.”


(B) “O estômago que raramente está vazio despreza alimentos
vulgares.”
(C) “Nada é mais útil ao homem do que uma sábia desconfiança.”
(D) “Muitos homens querem uma coisa, mas não suas conse-
quências.”
(E) “É impossível para um homem ser enganado por outra pessoa
que não seja ele mesmo.”

05. Leia a charge a seguir.


Da leitura do texto, é possível concluir:

(A) A evolução tecnológica permitiu uma mudança no papel da


mulher na sociedade.
(B) O texto mostra que as mulheres agora, além de terem que
aprender corte e costura, deverão também aprender a programar
computadores.
(C) Em relação às tarefas femininas, houve apenas uma mudança
tecnológica.
(D) Segundo o texto, falta às mulheres habilidade para manipular
os avanços tecnológicos.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 27
Formando o leitor e o produtor de texto
Capítulo 2: Leitura e interação
PORTUGUÊS

A presença desse aviso em um hotel, além de informar sobre um


fato e evitar possíveis atos indesejados no local, tem como obje-
tivo implícito

(A) isentar o hotel de responsabilidade por danos causados aos


hóspedes.
(B) impedir a destruição das câmeras como meio de apagar evi-
dências.
(C) assegurar que o hotel resguardará a privacidade dos hóspe-
des.
(D) inibir as pessoas de circular em uma área específica do hotel.
(E) desestimular os hóspedes que requisitem as imagens grava-
Em sua conversa com o pai, Calvin busca persuadi-lo, recorrendo das.
à estratégia argumentativa de
08. Apesar de
(A) mostrar que um bom trabalho como pai implica a valorização
por parte do filho. Não lembro quem disse que a gente gosta de uma pessoa
(B) apelar para a necessidade que o pai demonstra de ser bem- não por causa de, mas apesar de. Gostar daquilo que é gostável
-visto pela família. é fácil: gentileza, bom humor, inteligência, simpatia, tudo isso a
(C) explorar a preocupação do pai com a própria imagem e po- gente tem em estoque na hora em que conhece uma pessoa e re-
pularidade. solve conquistá-la. Os defeitos ficam guardadinhos nos primeiros

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(D) atribuir seu ponto de vista a terceiros para respaldar suas in- dias e só então, com a convivência, vão saindo do esconderijo
tenções. e revelando-se no dia a dia. Você então descobre que ele não é
(E) gerar um conflito entre a solicitação da mãe e os interesses apenas gentil e doce, mas também um tremendo casca-grossa
do pai. quando trata os próprios funcionários. E ela não é apenas segura
e determinada, mas uma chorona que passa 20 dias por mês com
06. Leia o texto a seguir. TPM. E que ele ronca, e que ela diz palavrão demais, e que ele é
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supersticioso por bobagens, e que ela enjoa na estrada, e que ele
O bonde abre a viagem, não gosta de criança, e que ela não gosta de cachorro, e agora?
No banco ninguém, Agora, convoquem o amor para resolver essa encrenca.
Estou só, stou sem. MEDEIROS, M. Revista O Globo, n. 790, 12 jun. 2011 (adaptado).
Depois sobe um homem,
No banco sentou, Há elementos de coesão textual que retomam informações no tex-
Companheiro vou. to e outros que as antecipam. Nos trechos, o elemento de coesão
O bonde está cheio, sublinhado que antecipa uma informação do texto é
De novo porém
Não sou mais ninguém. (A) “Gostar daquilo que é gostável é fácil [...]”.
ANDRADE, M. Poesias completas. Belo Horizonte: Vila Rica, 1993. (B) “[...] tudo isso a gente tem em estoque [...]”.
(C) “[...] na hora em que conhece uma pessoa [...]”.
O desenvolvimento das grandes cidades e a consequente con- (D) “[...] resolve conquistá-la.”
centração populacional nos centros urbanos geraram mudanças (E) “[...] para resolver essa encrenca.”
importantes no comportamento dos indivíduos em sociedade. No
poema de Mário de Andrade, publicado na década de 1940, a vida 09. Leia os textos a seguir.
na metrópole aparece representada pela contraposição entre
TEXTO I
(A) a solidão e a multidão. Mama África
(B) a carência e a satisfação. Mama África (a minha mãe)
(C) a mobilidade e a lentidão. é mãe solteira
(D) a amizade e a indiferença. e tem que fazer
(E) a mudança e a estagnação. mamadeira todo dia
além de trabalhar
07. Observe a imagem a seguir. como empacotadeira
nas Casas Bahia
Mama África tem tanto o que fazer
além de cuidar neném
além de fazer denguim
filhinho tem que entender
Mama África vai e vem
mas não se afasta de você
quando Mama sai de casa
seus filhos se olodunzam
rola o maior jazz
Mama tem calos nos pés

28 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Formando o leitor e o produtor de texto
Capítulo 2: Leitura e interação

PORTUGUÊS
Mama precisa de paz (D) as escolhas verbais associadas à imagem parecem contradi-
Mama não quer brincar mais tórias, pois constroem uma aparência incompatível com a de uma
filhinho dá um tempo jovem doente.
é tanto contratempo (E) a campanha explora a expressão da jovem a fim de gerar
no ritmo de vida de Mama comoção no leitor, levando-o a doar sangue para as pessoas com
CHICO CÉSAR. Mama África. São Paulo: MZA Music, 1995. leucemia.

TEXTO II Leia o texto a seguir e responda às questões 11 a 14.

A ARTE DE ENGANAR
Em seu livro Pernas pro ar, Eduardo Galeano recorda que,
na era vitoriana, era proibido mencionar “calças” na presença
de uma jovem. Hoje em dia, diz ele, não cai bem utilizar cer-
tas expressões perante a opinião pública: “O capitalismo exibe o
nome artístico de economia de mercado; imperialismo se chama
globalização; suas vítimas se chamam países em via de desen-
volvimento; oportunismo se chama pragmatismo; despedir sem
indenização nem explicação se chama flexibilização laboral” etc.
A lista é longa. Acrescento os inúmeros preconceitos que
carregamos: ladrão é sonegador; lobista é consultor; fracasso
é crise; especulação é derivativo; latifúndio é agronegócio; des-
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matamento é investimento rural; lavanderia de dinheiro escuso


A pesquisa, realizada pelo IBGE, evidencia características das fa- é paraíso fiscal; acumulação privada de riqueza é democracia;
mílias brasileiras, também tematizadas pela canção Mama África. socialização de bens é ditadura; governar a favor da maioria é po-
Ambos os textos destacam o(a) pulismo; tortura é constrangimento ilegal; invasão é intervenção;
peste é pandemia; magricela é anoréxica.
(A) preocupação das mulheres com o mercado de trabalho. Eufemismo é a arte de dizer uma coisa e acreditar que o

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(B) responsabilidade das mulheres no sustento das famílias. público escuta ou lê outra. É um jeitinho de escamotear significa-
(C) comprometimento das mulheres na reconstituição do casa- dos. De tentar encobrir verdades e realidades.
mento. Posso admitir que pertenço à terceira idade, embora esteja
(D) dedicação das mulheres no cuidado com os filhos. na cara: sou velho. Ora, poderia dizer que sou seminovo! Como
(E) importância das mulheres nas tarefas diárias. carros em revendedoras de veículos. Todos velhos! Mas o adjeti-
vo seminovo os torna mais vendáveis.
10. Observe a imagem a seguir. Coitadas das palavras! Elas são distorcidas para que a re-
alidade, escamoteada, permaneça como está. Não conseguem,
contudo, escapar da luta de classes: pobre é ladrão, rico é cor-
rupto. Pobre é viciado, rico é dependente químico.
Em suma, eufemismo é um truque semântico para tentar
amenizar os fatos.
Frei Betto. Adaptado de O Dia, 21/03/2015.

11. Em sua origem grega, o termo “eufemismo” significa “palavra


de bom agouro” ou “palavra que deseja o bem”. Como figura de
linguagem, indica um recurso que suaviza alguma ideia ou ex-
pressão mais chocante. Na crônica, o autor enfatiza o aspecto ne-
gativo dos eufemismos, que serviriam para distorcer a realidade.
De acordo com o autor, o eufemismo camufla a desigualdade so-
cial no seguinte exemplo:

(A) fracasso é crise (l. 8).


Na campanha publicitária, há uma tentativa de sensibilizar o públi- (B) peste é pandemia (l. 11).
co-alvo, visando levá-lo à doação de sangue. Analisando a estra- (C) magricela é anoréxica (l. 11).
tégia argumentativa utilizada, percebe-se que (D) rico é corrupto (l. 18).
(E) político é político (l. 20).
(A) a exposição de alguns dados sobre a jovem procura provocar
compaixão, visto que, em razão da doença, ela vive de maneira 12. Frei Betto inicia seu texto com uma citação do escritor uru-
diferente dos demais jovens de sua idade. guaio Eduardo Galeano, recorrendo a recurso comum de argu-
(B) a campanha defende a ideia de que, para doar, é preciso mentação. Esse recurso constitui um argumento de:
conhecer o doente, considerando que foi preciso apresentar a jo-
vem para gerar identificação. (A) comparação. (B) causalidade. (C) contestação.
(C) o questionamento seguido da resposta propõe reflexão por (D) autoridade. (E) submissão.
parte do público-alvo, visto que o texto critica a prática de esco-
lher para quem doar. 13. Na produção do humor, traço típico da crônica, o autor com-

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 29
Formando o leitor e o produtor de texto
Capítulo 2: Leitura e interação
PORTUGUÊS

bina eufemismos com outros recursos ou figuras de linguagem. O (C) identifica ideias conhecidas.
exemplo em que o humor é produzido por meio da superposição (D) procura textos recomendados.
entre um eufemismo e uma comparação entre elementos distintos (E) narra sua vida.
é:
Leia o texto a seguir e responda às questões 18 e 19
(A) despedir sem indenização nem explicação se chama flexibili-
zação laboral (l. 5-6) Porque a realidade é inverossímil
(B) acumulação privada de riqueza é democracia; (l. 9-10). Escusando-me1 por repetir truísmo2 tão martelado, mas mo-
(C) Ora, poderia dizer que sou seminovo! (l. 14-15). vido pelo conhecimento de que os truísmos são parte inseparável
(D) são distorcidas para que a realidade, escamoteada, permane- da boa retórica narrativa, até porque a maior parte das pessoas
ça como está. (l. 17-18). não sabe ler e é no fundo muito ignorante, rol no qual incluo
(E) Em seu livro Pernas pro ar, Eduardo Galeano recorda (...) (l. arbitrariamente você, repito o que tantos já dizem e vivem repe-
1-2). tindo, como quem usa chupetas: a realidade é, sim, muitíssimo
mais inacreditável do que qualquer ficção, pois esta requer uma
14. No segundo parágrafo, o emprego de certa estrutura encami- certa arrumação falaciosa3, a que a maioria dá o nome de ve-
nha a reflexão do leitor para os disfarces que a linguagem permite. rossimilhança. Mas ocorre precisamente o oposto. Lê-se ficção
Essa estrutura é caracterizada principalmente por: para fortalecer a noção estúpida de que há sentido, lógica, causa
e efeito lineares e outros adereços que integrariam a vida. Lê-se
(A) modalização. (B) pressuposição. (C) exemplificação. ficção, ou mesmo livros de historiadores ou jornalistas, por inse-
(D) particularização. (E) modificação. gurança, porque o absurdo da vida é insuportável para a vastidão
dos desvalidos que povoa a Terra.

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15. Por meio de aspectos gráficos, o cartum sugere o caráter ge- João Ubaldo Ribeiro. Diário do Farol. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002.
neralizante que pode ter um preconceito. Um aspecto que aponta
para essa generalização é: 1
escusando-me − desculpando-me
2
truísmo − verdade trivial, lugar comum
3
falaciosa − enganosa, ilusória
(A) o traçado plano do cenário principal.
(B) a forma difusa das pessoas ao fundo.
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18. O título do texto soa contraditório, se a verossimilhança for
(C) o destaque dado ao letreiro do shopping.
tomada como uma semelhança com o mundo real, com aquilo
(D) a nitidez da representação dos dois guardas.
que se conhece e se compreende. Essa contradição se desfaz
(E) a valorização dos jovens.
porque, na interpretação do autor, a ficção organiza elementos da
vida, enquanto a realidade é considerada como:
16. Observe o cartum a seguir.
(A) linear. (B) absurda. (C) estúpida.
(D) falaciosa. (E) engraçada.

19. Para justificar a repetição de algo já conhecido, o autor se ba-


seia na relação que mantém com os leitores. Com base no texto, é
possível perceber que essa relação se caracteriza genericamente
pela:

(A) insegurança do autor. (B) imparcialidade do autor.


(C) intolerância dos leitores. (D) inferioridade dos leitores.
(E) valorização do autor.
No cartum, há uma alusão aos “rolezinhos”, manifestações em
20. Leia o diálogo a seguir.
que jovens, em geral oriundos de periferias, formam grandes gru-
pos para circular dentro de shoppings. Com base no diálogo entre Gerente – Boa tarde. Em que eu posso ajudá-lo?
os guardas e nos elementos visuais que compõem o cartum, é Cliente – Estou interessado em financiamento para compra de
possível inferir uma crítica do cartunista baseada no seguinte fato: veículo.
Gerente – Nós dispomos de várias modalidades de crédito. O se-
(A) os jovens se descontrolam em grupos muito numerosos.
nhor é nosso cliente?
(B) os guardas pertencem à mesma classe social dos jovens.
Cliente – Sou Júlio César Fontoura, também sou funcionário do
(C) os guardas hesitam no cumprimento de medida repressiva.
banco.
(D) os jovens ameaçam as atividades comerciais dos shoppings.
Gerente – Julinho, é você, cara? Aqui é a Helena! Cê tá em Brasí-
(E) os jovens estão passeando no centro de compras.
lia? Pensei que você inda tivesse na agência de Uberlândia! Passa
aqui pra gente conversar com calma.
17. “(..) os truísmos são parte inseparável da boa retórica nar- BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua materna. São Paulo: Parábola, 2004
rativa, até porque a maior parte das pessoas não sabe ler” (l. (adaptado).
1-3). O narrador justifica a necessidade de truísmos pela dificul-
dade de leitura da maior parte das pessoas. Encontra-se implícita Na representação escrita da conversa telefônica entre a gerente do
no argumento a noção de que o leitor iniciante lê melhor se: banco e o cliente, observa-se que a maneira de falar da gerente foi
alterada de repente devido
(A) estuda autores clássicos.
(B) conhece técnicas literárias. (A) à adequação de sua fala à conversa com um amigo, caracte-

30 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Formando o leitor e o produtor de texto
Capítulo 2: Leitura e interação

PORTUGUÊS
rizada pela informalidade. (A) o entrevistado deseja convencer o jornalista a não publicar
(B) à iniciativa do cliente em se apresentar como funcionário do um livro.
banco. (B) o principal objetivo do entrevistado é explicar o significado da
(C) ao fato de ambos terem nascido em Uberlândia (Minas Ge- palavra motivação.
rais). (C) são utilizados diversos recursos da linguagem literária, tais
(D) à intimidade forçada pelo cliente ao fornecer seu nome com- como a metáfora e a metonímia.
pleto. (D) o entrevistado deseja informar de modo objetivo o jornalista
(E) ao seu interesse profissional em financiar o veículo de Júlio. sobre as etapas de produção de um livro.
(E) o principal objetivo do entrevistado é evidenciar seu sentimen-
21. Analise as seguintes avaliações de possíveis resultados de um to com relação ao processo de produção de um livro.
teste na Internet.
23. Leia o texto a seguir.

Para o Mano Caetano


1 O que fazer do ouro de tolo
Quando um doce bardo brada a toda brida,
Em velas pandas, suas esquisitas rimas?
4 Geografia de verdades, Guanabaras postiças
Saudades banguelas, tropicais preguiças?

A boca cheia de dentes


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7 De um implacável sorriso
Morre a cada instante
Que devora a voz do morto, e com isso,
10 Ressuscita vampira, sem o menor aviso
Depreende-se, a partir desse conjunto de informações, que o teste
que deu origem a esses resultados, além de estabelecer um perfil [...]

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para o usuário de sites de relacionamento, apresenta preocupação E eu soy lobo-bolo? lobo-bolo


com hábitos e propõe mudanças de comportamento direcionadas Tipo pra rimar com ouro de tolo?
13 Oh, Narciso Peixe Ornamental!
(A) ao adolescente que acessa sites de entretenimento. Tease me, tease me outra vez1
(B) ao profissional interessado em aperfeiçoamento tecnológico. Ou em banto baiano
(C) à pessoa que usa os sites de relacionamento para comple- 16 Ou em português de Portugal
mentar seu círculo de amizades. Se quiser, até mesmo em americano
(D) ao usuário que reserva mais tempo aos sites de relacionamen- De Natal
to do que ao convívio pessoal com os amigos. [...]
(E) ao leitor que se interessa em aprender sobre o funcionamento
1
Tease me (caçoe de mim, importune-me).
LOBÃO. Disponível em: http://vagalume.uol.com.br. Acesso em: 14 ago. 2009 (adaptado).
de diversos tipos de sites de relacionamento.

Na letra da canção apresentada, o compositor Lobão explora vá-


22. Observe a tirinha a seguir.
rios recursos da língua portuguesa, a fim de conseguir efeitos es-
téticos ou de sentido. Nessa letra, o autor explora o extrato sonoro
do idioma e o uso de termos coloquiais na seguinte passagem:

(A) “Quando um doce bardo brada a toda brida” (v. 2).


(B) “Em velas pandas, suas esquisitas rimas?” (v. 3).
(C) “Que devora a voz do morto” (v. 9).
(D) “lobo-bolo//Tipo pra rimar com ouro de tolo? (v. 11-12).
(E) “Tease me, tease me outra vez” (v. 14).

24. Gênero dramático é aquele em que o artista usa como inter-


mediária entre si e o público a representação. A palavra vem do
grego drao (fazer) e quer dizer ação. A peça teatral é, pois, uma
composição literária destinada à apresentação por atores em um
palco, atuando e dialogando entre si. O texto dramático é comple-
mentado pela atuação dos atores no espetáculo teatral e possui
uma estrutura específica, caracterizada: 1) pela presença de per-
sonagens que devem estar ligados com lógica uns aos outros e
à ação; 2) pela ação dramática (trama, enredo), que é o conjunto
de atos dramáticos, maneiras de ser e de agir das personagens
encadeadas à unidade do efeito e segundo uma ordem composta
Tendo em vista a segunda fala do personagem entrevistado, cons-
de exposição, conflito, complicação, clímax e desfecho; 3) pela
tata-se que
situação ou ambiente, que é o conjunto de circunstâncias físicas,
sociais, espirituais em que se situa a ação; 4) pelo tema, ou seja,

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 31
Formando o leitor e o produtor de texto
Capítulo 2: Leitura e interação
PORTUGUÊS

a ideia que o autor (dramaturgo) deseja expor, ou sua interpreta- tância, em que não podemo confiar integralmente no que lemos.
ção real por meio da representação. Por ter como lema principal a escritura coletiva, seus textos
COUTINHO, A. Notas de teoria literária. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1973 trazem informações que podem ser editadas e reeditadas por pes-
(adaptado).
soas do mundo inteiro. Ou seja, a relevância da informação não
é determinada pela tradição cultural, como nas antigas enciclopé-
Considerando o texto e analisando os elementos que constituem
dias, mas pela dinâmica da mídia.
um espetáculo teatral, conclui-se que
Assim, questiona-se a possibilidade de serem encontradas
(A) a criação do espetáculo teatral apresenta-se como um fenô-
informações corretas entre sabotagens deliberadas e contribui-
meno de ordem individual, pois não é possível sua concepção de
ções erradas.
forma coletiva. NÉO, A. et al. A Internet que você faz. In: Revista PENSE! Secretaria de Educação do Estado
(B) o cenário onde se desenrola a ação cênica é concebido e do Ceará. Ano 2, n°. 3, mar.-abr. 2010 (adaptado).
construído pelo cenógrafo de modo autônomo e independente do
tema da peça e do trabalho interpretativo dos atores. As novas Tecnologias de Informação e Comunicação, como a Wi-
(C) o texto cênico pode originar-se dos mais variados gêneros kipédia, têm trazido inovações que impactaram significativamente
textuais, como contos, lendas, romances, poesias, crônicas, notí- a sociedade. A respeito desse assunto, o texto apresentado mos-
cias, imagens e fragmentos textuais, entre outros. tra que a falta de confiança na veracidade dos conteúdos regis-
(D) o corpo do ator na cena tem pouca importância na comuni- trados na Wikipédia
cação teatral, visto que o mais importante é a expressão verbal,
base da comunicação cênica em toda a trajetória do teatro até os (A) acontece pelo fato de sua construção coletiva possibilitar a
dias atuais. edição e reedição das informações por qualquer pessoa no mun-

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
(E) a iluminação e o som de um espetáculo cênico independem do inteiro.
do processo de produção/recepção do espetáculo teatral, já que (B) limita a disseminação do saber, apesar do crescente número
se trata de linguagens artísticas diferentes, agregadas posterior- de acessos ao site que a abriga, por falta de legitimidade
mente à cena teatral. (C) ocorre pela facilidade de acesso à página, o que torna a infor-
mação vulnerável, ou seja, pela dinâmica da mídia.
25. Diferentemente do texto escrito, que em geral compele os lei- (D) ressalta a crescente busca das enciclopédias impressas para
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tores a lerem numa onda linear – da esquerda para a direita e de as pesquisas escolares.
cima para baixo, na página impressa – hipertextos encorajam os (E) revela o desconhecimento do usuário, impedindo-o de formar
leitores a moverem-se de um bloco de texto a outro, rapidamente um juízo de valor sobre as informações.
e não sequencialmente. Considerando que o hipertexto oferece
uma multiplicidade de caminhos a seguir, podendo ainda o leitor 27. Choque a 36 000 km/h
incorporar seus caminhos e suas decisões como novos cami- A faixa que vai de 160 quilômetros de altitude em volta da terra
nhos, inserindo informações novas, o leitor navegador passa a ter assemelha-se a uma avenida congestionada onde orbitam 3.000
um papel mais ativo e uma oportunidade diferente da de um leitor satélites ativos. Eles disputam espaço com 17.000 fragmentos de
de texto impresso. Dificilmente dois leitores de hipertextos farão artefatos lançados pela Terra e que se desmancharam – foguetes,
os mesmos caminhos e tomarão as mesmas decisões. satélites desativados e até ferramentas perdidas por astronautas.
MARCUSCHI, L. A. Cognição, linguagem e práticas interacionais. Rio: Lucerna, 2007. Com um tráfego celeste tão intenso, era questão de tempo para
que acontecesse um acidente de grandes proporções, como o da
No que diz respeito à relação entre o hipertexto e o conhecimento semana passada. Na terça-feira, dois satélites em órbita desde os
por ele produzido, o texto apresentado deixa claro que o hipertexto anos 90 colidiram em um ponto 790 quilômetros acima da Sibé-
muda a noção tradicional de autoria, porque ria. A trombada dos satélites chama a atenção para os riscos que
oferece a montanha de lixo espacial em órbita. Como os objetos
(A) é o leitor que constrói a versão final do texto. viajam a grande velocidade, mesmo um pequeno fragmento de 10
(B) o autor detém o controle absoluto do que escreve. centímetros poderia causar estragos consideráveis no telescópio
(C) aclara os limites entre o leitor e o autor. Hubble ou na estação espacial Internacional — nesse caso pondo
(D) propicia um evento textual interativo em que apenas o autor em risco a vida dos astronautas que lá trabalham.
é ativo. Revista Veja. 18 set. 2009 (adaptado).
(E) só o autor conhece o que eletronicamente se dispõe para o
leitor. Levando-se em consideração os elementos constitutivos de um
texto jornalístico, infere-se que o autor teve como objetivo
26. Leia o texto a seguir.
(A) exaltar o emprego da linguagem figurada.
A Internet que você faz (B) criar suspense e despertar temor no leitor.
Uma pequena invenção, a Wikipédia, mudou o jeito de li- (C) influenciar a opinião dos leitores sobre o tema, com as mar-
darmos com informações na rede. Trata-se de uma enciclopédia cas argumentativas de seu posicionamento.
virtual colaborativa, que é feita e atualizada por qualquer inter- (D) induzir o leitor a pensar que os satélites artificiais representam
nauta que tenha algo a contribuir. Em resumo: é como se você um grande perigo para toda a humanidade.
imprimisse uma nova página para a publicação desatualizada que (E) exercitar a ironia ao empregar “avenida congestionada”; “trá-
encontrou na biblioteca. fego celeste tão intenso”; “montanha de lixo”.
Antigamente, quando precisávamos de alguma informação
confiável, tínhamos a enciclopédia, como fonte segura de pes-
quisa para trabalhos, estudos e pesquisa em geral. Contudo, a
novidade trazida pela Wikipédia nos coloca em uma nova circuns-

32 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Literatura
Capítulo 1: Primeiras manifestações literárias nacionais

Lei nº 9.610/98.
Este conteúdo pertence ao Dinamus Sistema de Ensino. Está vedada a cópia ou a reprodução não
autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados.
Violação de direito autoral cabe detenção de três meses a um ano, ou multa. Caracterização da
violação: reprodução por qualquer meio, de obra intelectual, no todo ou em parte.
Literatura: ensino médio, 1ª série. Alagoas: Dinamus
Sistema de Ensino, 2022.

Obra em 1 v.

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO.


CNPJ: 11.582.953/0001-21
Rua Dr. Eurico Ayres, 53 - Tabuleiro do Martins
Maceió – AL.

Obra editada segundo a Base Nacional Comum Curricular para o Ensino Médio, homo-
logado pela Portaria nº 1.570, publicada no D.O.U. de 2017.
1 Primeiras
manifestações
literárias nacionais

Capitania de Minas Gerais e a


produção literária nacional
A história do Brasil é marcada por entrelaçamentos da
construção histórica com o desenvolvimento econômico e
social, que influenciou a produção literária desde o estímu-
lo à consciência até reprodução do pensamento hegemôni-
co manifestado pela relação colônia e metrópole, ao mesmo
tempo que determinou a compreensão sobre nossa sociedade
pós século XVII.
Nesse sentido, nos chama atenção a Capitania de Minas
Gerais, caracterizada pela riqueza de suas minas de ouro e
diamante desde o século XVII, como a capitania mais rica do
Brasil que não se limitava aos aspectos econômico e geográ-
fico, sendo destaque também por sua riqueza cultural – em
certa medida, elitista.
Conhecida pelos centros de escolas avulsas, seminários
episcopais, colégios de jesuítas que contribuíram para o de-
senvolvimento do pensamento esclarecido aos olhos da so-
ciedade hegemônica, a capitania começa a despertar certo
espírito de autonomia e municipalismo de vida larga e luxu-
osa. Além disso, famílias abastadas enviavam seus filhos ao
mundo "iluminado" - aos países europeus, e os sustentavam
até concluírem seus estudos superiores. Essa visão deu para
a capitania de Minas Gerais no século XVIII, com número ex-
pressivo de doutores, leigos e eclesiásticos, clérigos etc., o
título de mais esclarecida dentre as capitanias.
Esse contexto esclarecido, localista e bairrista, oriundo
das condições físicas e morais do desenvolvimento da capi-
tania, começou a fortificar o chamado nacionalismo regional
aliado ao sentimento de liberdade e independência. Foi neste Figura 1. Vista panorâmica de Ouro
meio que produziu a floração de poetas que é a plêiade mi- Preto (MG).
neira, ou seja, literatos famosos, responsáveis pelos primeiros A cidade histórica de Ouro Preto,
fundada em 1711 com o nome de Vila
movimentos literários de cunho nacionalista. Rica, era uma das principais áreas de
Marcada por nativismo e patriotismo, estruturávamos a povoamento e exploração no chama-
produção literária brasileira que, somente a partir do sécu- do Ciclo do Ouro. Foi palco da Revolta
de Filipe dos Santos (1720).
lo XIX, com a Independência do Brasil, oficialmente em 1822,
podemos datar a existência de uma literatura brasileira. Fonte: https://upload.wikimedia.org/

Lei nº 9.610/98.
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Sumário
A literatura colonial_03
Primeiras manifestações literárias_04
Bento Teixeira e a Prosopopeia_05
o Barroco no Brasil_07
Gregório de Matos Guerra_08
Minas de ouro e a Inconfidência Mineira_11
Referências_19

Lit. _Contexto

01. As palavras-chave mais adequadas ao texto são:


(A) História do Brasil, mineração e lucro.
(B) Capitania de Minas Gerais, produção literária e nacionalismo regional.
(C) Capitania de Minas Gerais, autonomia e Independência do Brasil.
(D) História do Brasil, literatura brasileira, patriotismo.
(E) Pensamento hegemônico, metrópole e sociedade do século XVII.

02. O principal objetivo do texto é:


(A) informar sobre a construção da história do Brasil desde o período colonial.
(B) comunicar como aconteceu o processo de Independência do Brasil.
(C) relatar a construção histórica e literária do Brasil desde a capitania de Minas Gerais.
(D) compartilhar o sentimento nacionalista, indianista e nativista de Minas Gerais.
(E) refletir a construção dos literatos famosos e responsáveis pelos movimentos literários.

03. No trecho destacado do texto "Essa visão deu para a capitania de Minas Gerais no século XVIII, com
número expressivo de doutores, leigos e eclesiásticos, clérigos etc., o título de mais esclarecida
dentre as capitanias", se refere:

(A) ao potencial intelectual da sociedade mineira da época em relação as demais.


(B) ao contexto de influência europeia e instituições portuguesas no território mineiro.
(C) à construção da liberdade e independência da colônia em relação a metrópole portuguesa.
(D) ao contexto localista e bairrista, oriundo das condições físicas e morais da capitania.
(E) aos nativismo e patriotismo da capitania, sobretudo em suas produções literárias.

04. Segundo o texto, comente porque a capitania de Minas Gerais marcou a produção literária brasi-
leira.
Literatura colonial
Capítulo 1: Primeiras manifestações literárias nacionais

Primeiras manifestações literárias nacionais


A literatura colonial
A nossa literatura colonial manteve aqui tão viva quanto lhe era possível a tradição literária portuguesa.
Submissa a esta e repetindo-lhe as manifestações, embora sem nenhuma excelência e antes inferiormente,
animou-a todavia desde o princípio o nativo sentimento de apego à terra e afeto às suas coisas.
Ainda sem propósito acabaria este sentimento (nacionalista) por determinar manifestações literárias
que em estilo diverso do da metrópole viessem a exprimir um gênio nacional que paulatinamente se dife-
renciava.
As duas únicas divisões que legitimamente se podem fazer no desenvolvimento da literatura
brasileira, são, pois, as mesmas da nossa história como povo: o período colonial e o período Nacionalismo
nacional. Entre os dois pode marcar-se um momento, um estágio de transição, ocupado pelos O nacionalismo é uma
tese ideológica, surgida
poetas da Plêiade Mineira (Santa Rita Durão, Cláudio Manuel da Costa, Basílio da Gama, Alva- após a Revolução Fran-
renga Peixoto, Tomás Antônio Gonzaga e Manuel Inácio da Silva Alvarenga). cesa. Em sentido estrito,
Considerada, porém, em conjunto a obra desses mesmos não se diversifica por tal modo da seria um sentimento de
poética portuguesa contemporânea, que force a invenção de uma categoria distinta para os pôr valorização marcado pela
nela. No primeiro período, o colonial, toda a divisão que não seja apenas didática ou meramente aproximação e identifica-
ção com uma nação. No
cronológica, isto é, toda a divisão sistemática, parece arbitrária. Nenhum fato literário autoriza, Brasil, o nacionalismo lite-
por exemplo, a descobrir nela mais que algum levíssimo indício de “desenvolvimento autonômi- rário começou na década
co”, insuficiente em todo caso para assentar uma divisão metódica. Ao contrário, ela é em todo de 1840 com as obras
esse período inteira e estritamente conjunta à portuguesa. Nas condições de evolução da socie- de José de Alencar, que
utilizou modelos literários
dade que aqui se formava, seria milagre que assim não fosse. franceses para descrever
De desenvolvimento e portanto de formação, pois que desenvolvimento implica formação e as regiões e os meios
vice-versa, é todo o período colonial da nossa literatura, porém, apenas de desenvolvimento em sociais do Brasil
quantidade e extensão, e não de atributos que a diferençassem.
Isso porque, conforme vimos na unidade 2, a literatura no Brasil conquistado (à época chama-
do Ilha – ou Terra – de Vera Cruz) necessariamente nasceu e se desenvolveu como um "filho" da
literatura portuguesa e seu reflexo. O período (colonial) de florescimento desta literatura nacional
não recebeu nenhuma outra influência que não a da Corte, e foi assim até quase acabar o século
XVIII.
Na segunda metade do século XVII e princípios do século XVIII, poetas brasileiros (não foram aliás mais
de três), ocasionalmente, sem intenção nem insistência, mostraram-se impressionados pela sua terra, can-
taram-lhe as excelências naturais com exagero de apreço e entusiasmo em que é lícito perceber o abrolhar
do sentimento nacional, começado a gerar-se com os sucessos da Guerra Luso-Holandesa (1595-1663).

LITERATURA

Figura 1. Armada Portuguesa vs. Companhias Holandesas.


Ilustra a conquista de Cochim (cidade portuária cobiçada na Índia) pela V.O.C. (sigla para Companhia Holandesa das Índias Orientais) aos portugueses em
1663. Atlas van der Hagen, 1682. Caracterizou-se principalmente pelas invasões das companhias holandesas aos territórios do império português nas Amé-
ricas, África, Índia e extremo oriente. Portugal foi envolvido no conflito por estar sob a coroa Espanhola dos Habsburgos, durante a chamada União Ibérica,
mas os confrontos ainda perduraram, mesmo vinte anos após o 1º de dezembro de 1640 da Restauração da Independência portuguesa.

Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/52/Overwinningh_van_de_Stadt_Cotchin_op_de_Kust_van_Mallabaer_-_Victory_over_Ko-
chi_on_the_coast_of_Malabar.jpg

Mas em vez de seguir e cavar esse veio que se lhes deparava, perseveraram na poética portuguesa sua
contemporânea, de modo que significaria forçar os fatos a acomodarem-se às nossas prevenções, enxergar
mostras de sentimento literário autonômico nessas singularíssimas exceções.
Nem por isso são elas desinteressantes. Testemunham a influência dos aludidos sucessos no espírito
dos brasileiros, onde criaram ou ativaram o sentimento nativista. Importam-nos ainda como as primeiras
manifestações do impulso de louvar a terra, impulso que se tornaria logo um vício literário nosso. A quase

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 3


Literatura colonial
Capítulo 1: Primeiras manifestações literárias nacionais

dois séculos de distância o verificaria Casimiro de Abreu (1839-1860), nos seus sentidos e conhecidos versos
de Minha Terra:

Texto 1

Todos cantam sua terra


Também vou cantar a minha
Nas débeis cordas da lira
Hei de fazê-la rainha.

Toma outra feição que a puramente portuguesa a nossa literatura no segundo período, o nacional. In-
dependente e constituído, desenvolvendo-se menos adstrito à exclusiva influência da Metrópole e ao seu
absorvente predomínio, entra o país a experimentar o influxo de outras e melhores culturas, sofre novos
contatos e reações, que são outros tantos estímulos da sua inteligência e capacidade literária.
O maior de todos, porém, não será externo, mas o mesmo sentimento nacional afinal consciente: o des-
vanecimento da sua independência, da sua maioridade de povo, das suas possibilidades de crescimento
com as suas promissoras esperanças de futuro. Por isso a literatura imediatamente posterior à Independên-
cia é ostensivamente, intencionalmente nacionalista e patriótica.
O germe nativista, do qual a Prosopopeia, de Bento Teixeira, é já o primeiro indício, e a Ilha de Maré, de
Botelho de Oliveira, um mais visível sinal, germe desenvolvido, podemos dizer nutrido e relevado nos poe-
tas do fim do século XVIII, completa-se com a primeira geração romântica a sua evolução. E resulta da índo-
le claramente nacionalista, mais ainda, patriótica, da literatura de após a Independência brasileira (1822).

Fixando conceitos

01. Como é possível afirmar que a literatura colonial manteve "tão viva quanto possível" a tradição literária portu-
guesa?
02. Quando surgiram os primeiros ares de uma literatura verdadeiramente brasileira, um determinado sentimento
permeou esta arte. Qual era ele? Explique-o.
03. Explique porque a literatura do segundo período literário (o nacional) tem outra feição com relação à do perío-
do anterior (o colonial).
LITERATURA

Primeiras manifestações literárias


Os versejadores

As literaturas começam sempre por um livro, que frequentemente não tem outro mérito que o da priori-
dade. Não importa que esse livro seja uma obra-prima ou sequer estimável; basta que tenha a intenção, o
feitio e o caráter do texto literário, e que se lhe possa descobrir, ou mesmo emprestar, uma representação
da sociedade ou da vida que o produziu. E mesmo o simples fato de ser o ponto de partida de uma literatura
lhe marca na história dela um lugar irrecusável.

Há várias e incertas notícias de uma crônica escrita em Pernambuco, talvez antes do século
Lembremos que o texto VII. Seria porventura o primeiro escrito feito no Brasil. Sobre se não saber nada a seu respeito,
literário é aquele que nem do seu autor, sequer se era brasileiro, é duvidoso tivesse essa obra alguma importância
tem uma função artística, para a história da nossa literatura. Mas independentemente da sua existência e qualificação
prezando pela estética e
pela subjetividade para literária, foi Pernambuco o lugar em que desabrochou a flor literária em nossa pátria.
construir narrativas ficcio- Para este resultado concorreu mais de um fator. Pernambuco desenvolveu-se regularmen-
nais com base em acon- te; Duarte Coelho (primeiro capitão-donatário da Capitania de Pernambuco e fundador de
tecimentos do cotidiano, Olinda), desde o desembarque e empossamento da terra, domou os índios, que nunca mais
memórias, reflexões,
abstrações e outras fontes
fizeram-lhe frente com bom êxito; os colonos viram logo remunerados os seus trabalhos; o
diversas de inspiração. solo era fértil; a vida fácil; a sociabilidade e o luxo consideráveis; a população branca em geral
de origem comum (Viana, em Portugal) apresentando menos elementos divergentes, mais de-
pressa tendia à unificação; o sentimento característico do século XVI (de desprezo e desgosto
pela terra brasileira, o transoceanismo), foi perdendo força em Pernambuco antes das demais
capitanias.
Acrescente-se a facilidade e frequência de viagens à Europa, por ser uma capitania litorânea, a conse-
quente abundância de comodidades, cuja ausência em algumas regiões tornava o país detestado e detes-
tável; o natural versar de livros históricos, como o de João de Barros (tido por primeiro grande historiador
português), em que resplandeciam os nomes de Jerônimo de Albuquerque e Duarte Coelho, bem como a
tendência literária dos capitães-mores de terra, que escreveram livros.
Esse escritos são considerados por muitos estudiosos da literatura brasileira como produções de baixo
valor literário, servindo apenas como provas de que aqui, já a partir do século VII, existiram produções es-
critas, e não somente tradições orais.

4 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Literatura colonial
Capítulo 1: Primeiras manifestações literárias nacionais

Os autores dessas produções "pouco valiosas" ficaram conhecidos como versejadores (termo
que, numa tradução pejorativa, significa "poeta sem inspiração"). Em Literatura, uma oitava
O trabalho dos versejadores consistia, basicamente, em angariar a confiança e favores dos corresponde a uma estro-
fe (conjunto de versos que
soberanos e magnatas da época, através de seus trabalhos literários, que invariavelmente cele- compartilham relações de
bravam a família em cada um dos seus sucessos domésticos, nascimentos, casamentos, mortes, sentido e métrica entre si)
façanhas guerreiras, vantagens sociais obtidas, aniversários etc. de oito versos, cada um
Assim como havia destes poetas efetivos (privados, caseiros), havia também ocasionais, mas com onze sílabas (hende-
cassílabos).
não menos prontos ao louvor hiperbólico, à lisonja enfática, à bajulação, em troca da proteção
solicitada ou em pagamento de alguma graça obtida.
Na sociedade de então, o homem de letras, ainda sem público que o pudesse manter, e até for-
çado (e apenas muito limitadamente) a exercer a sua atividade, quase que só conseguiam sobre-
viver às custas desses nobres, que sem qualquer apreço à pessoa do escritor, muito valorizavam
as odes a eles dedicadas. Frequentemente eram estes que lhe mandavam imprimir as obras, que sem tais
patronos dificilmente achariam editores.
Tais costumes, explicáveis e porventura desculpáveis pelas condições do tempo, passaram naturalmente
do Reino à sua colônia da América, onde os vice-reis, governadores e capitães-generais e mores faziam-se
de reis pequenos, e os fazendeiros, senhores de engenho e outros magnatas locais arremedavam (imitavam)
os grãos-senhores da Metrópole.
Em 1601, saía em Lisboa, da imprensa de Antônio Alvarez (administrador colonial de Portugal no conti-
nente africano), um diminuto livro, de dezoito páginas, trazendo no alto da primeira linha do texto o título
Prosopopeia Dirigida a Jorge Dalbuquerque Coelho, Capitão, e Governador de Pernambuco, Nova Lusitana etc.
O nome do autor, Bento Teyxeyra, (assim escrito), vinha abaixo do Prólogo, no qual fazia ao seu herói o
oferecimento da obra.
É um poema de noventa e quatro oitavas, em verso hendecassílabo, sem divisão de cantos, nem nume-
ração de estrofes, cheio de reminiscências (retornos ao passado), imitações, arremedos (imitação precária)
e paródias dos Lusíadas, de Camões.
Não tem propriamente ação, e a prosopopeia de onde tira o nome está numa fala de Proteu (um persona-
gem da mitologia grega), profetizando tardiamente os feitos e a fortuna, exageradamente idealizados, dos
Albuquerques, particularmente de Jorge, o terceiro donatário de Pernambuco, ao qual é consagrado o livro.

Fixando conceitos

01. Porque se diz que "as literaturas começam sempre por um livro"?
02. Como é possível identificar um texto literário?

LITERATURA
03. Por que motivo(s) a capitania de Pernambuco despontou primeiro na produção literária?
04. O que são versejadores?

Bento Teixeira e a Prosopopeia


Biografia do autor

Primeira produção literária publicada de um brasileiro, a Prosopopeia foi


escrita por Bento Teixeira Pinto (1561-1618), nascido em Portugal (Porto).
De origem judaica, era filho de Manuel Álvares de Barros e Leonor Rodri-
gues, cristãos novos. Com os pais mudou-se para o Brasil colônia, em 1567,
instalando-se na Capitania do Espírito Santo. Recebeu de sua mãe a doutrina
judaica, mas estudou e se formou no Colégio da Bahia, uma instituição de
ensino com caráter jesuítico.
Trabalhou como professor e advogado. Uma questão criminal levou-o de
volta a Portugal (acusado pela mulher de ser judeu e de rejeitar as práticas
cristãs, Bento Teixeira passou a ser perseguido pela Inquisição), onde foi ab-
solvido pelo ouvidor da Vara Eclesiástica.
Em novembro de 1594, Bento Teixeira mata a esposa e se refugia no Mostei-
ro de São Bento, em Olinda. Durante uma tentativa de fuga, foi preso e enviado
para Lisboa em 1595. Na capital portuguesa, Bento Teixeira inicialmente negou, Figura 2. Bento Teixeira Pinto.
mas resolveu depois confessar sua crença e práticas judaicas. Fonte: https://s.ebiografia.com/assets/img/authors/be/nt/
bento-teixeira-l.jpg
Em 31 de janeiro de 1599, em auto-de-fé (ritual de penitência pública de
hereges e apóstatas), foi obrigado a renunciar solenemente a religião judaica.
Foi enquanto esteve na prisão em Lisboa que Bento Teixeira redigiu o longo poema Prosopopeia, publica-
do em 1601, que abriu as portas do barroco brasileiro. Bento Teixeira faleceu em julho de 1618.

Breve análise da Prosopopeia

Seguindo a estrutura camoniana, o autor apresenta o poema em oitavas-heroicas, com 94 estrofes, que
exaltam as glórias da família Albuquerque, sobretudo do seu protetor Jorge de Albuquerque Coelho, ter-

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 5


Literatura colonial
Capítulo 1: Primeiras manifestações literárias nacionais

ceiro Donatário da Capitania de Pernambuco, onde prosperava a cultura da cana-de-açúcar.


Bento Teixeira conta a viagem de Jorge, o futuro donatário de Pernambuco, quando retornou a Lisboa,
em 1565, e os problemas enfrentados pelo navio em que viajava, quando foi atacado pelos corsários fran-
ceses e pelas fortes tempestades que enfrentou, levando a navegação à deriva, da falta de alimentos e de
água a bordo e por fim do socorro recebido e da chegada a Cascais.

No poema, Bento Teixeira procurou ressaltar o destemor e a solidariedade de


Jorge de Albuquerque Coelho para com os companheiros de viagem. Jorge voltou
a Pernambuco em 1573, a fim de governar a capitania.
Com maior valor histórico do que literário, Prosopopeia é um poema épico. O
poema épico é um gênero narrativo desenvolvido pelos poetas da Antiguidade e
do Classicismo para cantar a história de todo um povo, por meio dos atos do herói
que o representa.
Em Prosopopeia, em vez de um povo, louva-se o heroísmo de Albuquerque
Coelho, a partir do que se divulga no documento Naufrágio que passou Jorge
d’Albuquerque Coelho, feito pelo próprio Teixeira, no ano de 1565, e publicado ofi-
cialmente em 1584.
Jorge de Albuquerque Coelho, o motivo (senão o herói) deste poema, era filho
de Duarte Coelho, primeiro donatário de Pernambuco. Ele viveu uma série de idas
e vindas entre a Corte e a colônia.
Criou-se em Portugal, onde aos 14 anos se achava. Com 20 anos voltou a Per-
nambuco, mas retornou ao Reino, em 1555, aos 26 anos, após a sua brilhante
campanha contra os índios da capitania.
Nesta viagem para Portugal sofreu o naufrágio célebre da nau Santo Antônio
que o levava, cuja relação, escrita pelo piloto Afonso Luís e reformada por Antônio
de Castro, foi atribuída a Bento Teixeira. Em Portugal "foi de todos aplaudido de
cortesão, generoso, discreto, liberal, afável e modesto".
Prosopopeia inicia-se com a Proposição – apresentação, na voz do poeta, da
Figura 3. Busto de Jorge de Albuquerque Coelho.
Autor desconhecido. matéria a ser exaltada –, à qual segue a Invocação, em que o poeta afirma que
Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/6c/ não chamará as musas gregas, mas sim Deus; em seguida vem o Oferecimento,
Jorge_de_Albuquerque_Coelho.jpg
a Narração (dividida entre a descrição de um cenário mitológico pagão e a che-
gada de Proteu – divindade que reina sobre o mar e tem o dom da premonição);
a Descrição do Recife de Pernambuco e o Canto de Proteu, parte mais longa
do poema, na qual Proteu narra histórias da origem e dos feitos de Albuquerque
Coelho; e encerra com o Epílogo.
LITERATURA

Uma inovação vislumbrada no poema épico de Bento Teixeira é a menção feita ao Deus dos cristãos na
parte inicial (Invocação). Até este momento, os poemas épicos invocavam as divindades mitológicas e a
pessoa de seu herói (no caso da Prosopopeia, Jorge de Albuquerque Coelho).
Veja nos versos a seguir:

Texto 2

As Délficas irmãs chamar não quero,


Que tal invocação é vão estudo;
Aquêle chamo só, de quem espero
A vida que se espera em fim de tudo.
Êle fará meu Verso tão sincero,
Quanto fôra sem ele tosco e rudo,
Que per rezão negar não deve o menos
Quem deu o mais a míseros terrenos.

O autor dispensa os serviços das musas, assumindo que essa invocação resulta em “vão estudo”. Sua
proposta é oferecer a “verdade”, e não narrativas fabulosas e inverossímeis.
A energia poética da verdade, nesse sentido, superaria o fingimento ficcional dos antigos versos. Bento
Teixeira, por isso, requisita a ajuda de Deus, entidade suprema do cristianismo, que daria acesso às verda-
des históricas.
A interação entre dois elementos potencialmente contraditórios
não oferece aos versos, necessariamente, um teor conflituoso. Re-
Texto 3 cusar a autoridade das musas amplia a importância de Deus en-
quanto único ser detentor de todas as verdades.
Para a parte do sul onde a pequena A ação do poema é falada ou narrada. Proteu a diz de sobre o
Ursa, se vê de guardas rodeada, recife de Pernambuco. Seis estrofes o descrevem, de um modo raso,
Onde o Céu luminoso mais serena, pura e secamente topográfico:
Tem sua influição, e temperada. E assim por diante sem nada que lhe eleve o tom até à poesia.
Junto da nova Lusitânia ordena, Dali, por ordem de Netuno, profetiza Proteu, num largo canto em
A natureza, mãe, bem atentada, louvor dos Albuquerques e nomeadamente de Jorge, a quem se en-
Um porto tam quieto e tam seguro, dereça esta prosopopeia. Vê Proteu
Que pera as curvas naus serve de muro.

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Literatura colonial
Capítulo 1: Primeiras manifestações literárias nacionais

Texto 4

A opulenta Olinda florescente


Chegar ao cume do supremo estado
Será de fera e belicosa gente
O seu largo distrito povoado
Por nome terá, Nova Lusitânia,
Das leis isenta da fatal insônia.

Esta Lusitânia será governada por Duarte Pacheco, “o grão Duarte”, que o poeta, pela voz de Proteu,
compara a importantes figuras da História Antiga. E tudo o que até então tinha passado com os Pachecos e
Albuquerques, já celebrados por Camões, ocorre a Proteu que o profetiza posteriormente desmedindo-se
no louvor e encarecimento.
O poema se encerra de modo pouco original, com as despedidas do poeta, repetindo a promessa de
voltar com um novo canto ("Por tal modo que cause ao mundo espanto.").
Poemas como a Prosopopeia de Bento Teixeira, que este herói motivou, endereçados a soberanos de Es-
tado e magnatas, armando-lhes à benevolência e proteção, eram muito frequentes e superabundavam na
bibliografia da época.

Fixando conceitos

01. Comente qual é a importância do trabalho de Bento Teixeira no contexto estudado.


02. Em Prosopopeia, Bento Teixeira age como qualquer versejador de sua época. Que atitude é esta?
03. Comente o pano de fundo da Prosopopeia de Bento Teixeira.
04. O que significa a dispensa das musas délficas por parte do autor em Prosopopeia?

O Barroco no Brasil
Introdução

LITERATURA
No século XVII, o Brasil era o grande celeiro da cana-de-açúcar para os portugueses. Os colonos que
vinham para cá estavam interessados na exploração deste gênero agrícola e no enriquecimento rápido.
Poucos entre eles sabiam ler e escrever.
Entretanto, aos poucos foi surgindo na colônia um gru-
po de pessoas cuja formação intelectual acontecia em
Portugal – geralmente advogados, religiosos ou homens
de letras –, na maioria filhos de comerciantes ricos ou de
fidalgos instalados no Brasil.
Essa elite foi responsável pelo nascimento de uma lite-
ratura enfim brasileira, inicialmente frágil, presa a modelos
lusitanos e sem um público consumidor ativo e influente.
A realidade brasileira era então muito diferente da por-
tuguesa. Tratava-se de um centro de comércio, de explo-
ração da cana-de-açúcar; de uma realidade de violência,
em que se escravizava o negro e se perseguia o índio, ao
mesmo tempo que os donatários das capitanias hereditá-
rias buscavam para si o luxo e a pompa da aristocracia
europeia, que, como público consumidor, apreciava e esti- Figura 4. Detalhe de escultura em estilo barroco.
mulava o refinamento da arte. Nas artes plásticas, o Barroco brasileiro teve em Aleijadinho (Antônio Francisco Lisboa)
o seu maior expoente. Obra icônica do período, Os doze Profetas de Aleijadinho orna-
Assim, os modelos literários portugueses chegaram ao mentam a faxada da Basílica de Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo
Brasil, e o Barroco, cujas origens se confundem com as da (MG), e revelam o forte teor religioso da arte barroca no Brasil..
nossa própria literatura, deu seus primeiros passos.
Fonte: http://3.bp.blogspot.com.
O Barroco tem origem europeia, como a maioria das
escoas literárias.
No século XVI, o homem europeu ampliou os limites geográficos do mundo conhecido, acreditou em sua
capacidade de dominar e transformar a natureza por meio da razão, empenhou-se na descoberta de novos
conhecimentos científicos e resgatou a cultura clássica, modelo de inspiração.
Essa euforia antropocêntrica, contudo, sofre fortes abalos no século XVII, o século barroco, em virtude
das alterações do quadro político, econômico, social e religioso.
Do ponto de vista político, verifica-se a solidificação do Absolutismo, sistema político baseado na cen-
tralização absoluta do poder nas mãos do rei, o qual se considerava representante de Deus na Terra. Esse
sistema só foi possível graças à necessidade de superar a crise da Idade Média e graças às necessidades
da burguesia (classe de comerciantes em ascensão) de ter um governo centralizador, que unificasse e am-
pliasse as condições do mercado nacional.

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 7


Literatura colonial
Capítulo 1: Primeiras manifestações literárias nacionais

Do ponto de vista econômico, vive-se a Revolução Comercial (ou Renascimento Comercial), cuja políti-
ca econômica, o mercantilismo, se baseava no metalismo, na balança de comércio favorável e no acúmulo
de capitais.
Quanto à estrutura da sociedade, esta é organizada em três camadas sociais impermeáveis: o clero, a
nobreza e o terceiro Estado – este formado pela burguesia, pelos artesãos e pelos camponeses. A burgue-
sia, classe social que detinha forte poder econômico, pressiona, por isso mesmo, politicamente a nobreza
e o rei, a fim de participar das decisões políticas do Estado absolutista.

Do ponto de vista espiritual, o século XVII é marcado pelos refle-


xos das crises religiosas verificadas no século anterior: a Reforma
(1517) e a Contrarreforma (1563).
Em linhas gerais, a Reforma representa a cisão da Igreja Cristã,
que dá origem ao protestantismo e a uma verdadeira revolução reli-
giosa na Europa. A Contrarreforma é uma reação da Igreja Católica,
que visa combater a expansão do protestantismo e recuperar as áre-
as de domínio protestante. Trata-se, portanto, de uma época em que
fermentam novas teorias religiosas e reveem-se dogmas e valores
antes inquestionáveis.
É nesse contexto de autoritarismo político, de expansão comercial
e econômica, de tensões sociais e crises religiosas que nasce a arte
barroca.
Um dos traços mais importantes que caracterizam o Barroco é o
gosto pelo conflito e pelas contradições violentas. Tal princípio pode
ser relacionado à realidade do homem barroco, uma realidade igual-
mente contraditória e em transformação.
Politicamente, o homem da época sentia-se oprimido; economi-
camente, contudo, sentia-se livre para enriquecer. Apesar da possi-
bilidade de ascensão econômica, a estrutura social do Antigo Regime
não lhe permitia a ascensão social.
No plano espiritual, igualmente se verificam novas contradições:
ao mesmo tempo que estão presentes as conquistas e os valores do
Renascimento e o mercantilismo possibilita a aquisição de bens e
prazeres materiais, a Contrarreforma procura restaurar a fé cristã
medieval e estimular a vida e os valores espirituais. Por esse con-
Figura 5. Impressão das 95 teses em uma igreja de Nuremberg.
Atualmente está disponível na Biblioteca Estadual de Berlim. Encabeçada junto de razões é que na linguagem barroca, tanto na forma quanto
LITERATURA

pelo monge Martinho lutero, a Reforma Religiosa tem como marco inicia no conteúdo, se verifica uma rejeição constante da visão racional e
la publicação das 95 teses contra a venda de indulgências.
ordenada das coisas.
Fonte: https://upload.wikimedia.org Os temas barrocos são aqueles que refletem os estados de tensão
da alma humana, tais como vida e morte, matéria e espírito, amor
platônico e amor carnal, pecado e perdão.
A forma barroca é aquela capaz de veicular esses conteúdos, acentuando-lhe ou ampliando-lhes o
sentido trágico. Daí o apoio nas sugestões de luz, cor e som e o emprego ostensivo de certas figuras de
linguagem que traduzem a inclinação fantasiosa e contraditória do homem barroco.
Fruto da síntese entre duas mentalidades, a medieval e a renascentista, o homem do século XVII é um
ser contraditório, tal qual a arte pela qual se expressa.
No Brasil colônia, o barroco não experimentou, a princípio, um sentimento de grupo ou de coletividade:
a literatura produzida em meio ao espírito de aventura e de ganância da mentalidade colonialista foi fruto
de esforços individuais.
Uma parte daqueles que escreviam encontraram na literatura um instrumento para criticar e combater
essa mentalidade, para moralizar a população por meio dos princípios da religião ou, ainda, para dar vazão
a sentimentos pessoais profundos.
O Barroco no Brasil ganhou impulso entre 1720 e 1750, quando foram fundadas várias academias literá-
rias por todo o país. Nas artes plásticas, esse desenvolvimento só aconteceu no século XVIII, quando, em
decorrência da descoberta do ouro em Minas Gerais, construíram-se igrejas de estilo barroco no país.
A obra considerada tradicionalmente o marco inicial do Barroco brasileiro é Prosopopeia (1601), de Bento
Teixeira. Os escritores barrocos brasileiros que mais se destacaram, porém, foram:

• na poesia: Gregório de Matos Guerra, Botelho de Oliveira e Frei Caneca;


• na prosa: Pe. Antônio Vieira, Sebastião da Rocha Pita e Nuno Marques Pereira.

Gregório de Matos Guerra


Poesia satírica, religiosa e secular

Gregório de Matos Guerra (1633-1696) é o maior poeta barroco brasileiro e um dos fundadores da poesia
lírica e satírica em nosso país. Nasceu em Salvador, estudou no Colégio dos Jesuítas e depois em Coimbra,
Portugal, onde cursou Direito, tornou-se juiz e ensaiou seus primeiros poemas satíricos.
Retornando ao Brasil, em 1681, exerceu os cargos de tesoureiro mor e de vigário-geral, porém sempre se
recusou a vestir-se como clérigo.

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Literatura colonial
Capítulo 1: Primeiras manifestações literárias nacionais

Devido às suas sátiras, foi perseguido pelo governador baiano Antônio de Souza
Menezes, o Braço de Prata. Depois de se casar com Maria dos Povos e exercer a
função de advogado, saiu pelo Recôncavo baiano como cantador itinerante, dedi-
cando-se às sátiras e aos poemas eróticos-irônicos, o que lhe causou alguns anos
de exílio em Angola. Voltou doente ao Brasil e, impedido de entrar na Bahia, morreu
em Recife.

Irreverência e esquecimento

Gregório de Matos primou pela irreverência. Foi irreverente como pessoa, ao


afrontar os valores e a falsa moral da sociedade baiana de seu tempo com com-
portamentos considerados indecorosos; como poeta lírico, ao seguir e ao mesmo
tempo quebrar os modelos barrocos europeus; como poeta satírico, ao denunciar
as contradições da sociedade baiana do século XVIII, criticando os mais diferentes
grupos sociais – governantes, fidalgos, escravos, mulatos etc. –, numa linguagem
que agrega ao código da língua portuguesa vocábulos indígenas e africanos, além
de palavras de baixo calão.
Pelo fato de não ter publicado nenhuma obra em vida, seus poemas foram trans-
mitidos oralmente, na Bahia, até meados do século XIX, quando então foram reuni- Figura 6. Caricatura de Gregório de Matos.
dos em livro por Francisco Adolfo de Varnhagen (1816 – 1878), um militar, diplomata Alcunhado "Boca do Inferno" ou "Boca de Brasa" em função de
seu linguajar característico (recorrendo a palavras de baixo
e historiador brasileiro do século XIX. calão e por sua ousadia em criticar a Igreja Católica, muitas
Antes disso, houve algumas compilações de valor discutível, pois os copistas nem vezes atacando padres e freiras), Gregório é considerado um
dos maiores poetas do barroco, tanto em Portugal quanto
sempre seguiam critérios científicos para realizar esse tipo de trabalho. Por isso, há
no Brasil, e o mais importante poeta satírico da literatura em
controvérsias sobre a autoria de alguns dos poemas atribuídos ao poeta baiano e língua portuguesa, no período colonial.
é comum os textos apresentarem algumas variações de vocabulário ou de sintaxe,
Fonte: http://1.bp.blogspot.com.
dependendo da edição consultada.
Apesar desses problemas, a obra de Gregório de Matos vem sendo reconhecida como aquela que, além
de ter iniciado uma tradição entre nós, superou os limites do próprio Barroco. Em pleno século XVII, o poeta
chegou a ser um dos precursores da poesia moderna do século XX. Veja, como exemplo desse pioneirismo,
a semelhança de procedimentos existente entre o seguinte poema de sua autoria e um poema de Manuel
Bandeira (poeta do século XX):

Dou Pruden nobre, huma afá ROSA TUMULTUADA

LITERATURA
to, te, no, vel, a
Re cien benig e aplausí t
Úni singular ra inflexí doro
te a
co, ro, vel
n
Magnífi precla incompará da
Do mun grave Ju inimitá
do is vel tu m ultu
Admira goza o aplauso crí ro sa
Po a trabalho tan et terrí n
is to ão vel i
Da pron execuç sempre incansá
Voss fa Senhor sej notór
a ma a ia (Manuel Bandeira. Estrela da vida inteira. 2. ed.
Rio de Janeiro: José Olympio, 1970. p. 279.
L no cli onde nunc chega o d
Ond de Ere só se tem memór
e bo ia
Para qu gar tal, tanta er
Po de tod est terr é gent
O “Boca do Inferno” (como ficou conhecido Gregório
is a a a
de Matos) é o primeiro poeta de verdade que se pode,
Da ma remot sej um sem hesitação, chamar brasileiro. Gregório de Matos é o
(Gregório de Matos. Poesias selecionadas. São primeiro poeta “popular” brasileiro, com audiência certa
Paulo: FTD, 1993. p. 56.)
não só entre os intelectuais como em todas as camadas
sociais, e consciente aproveitador de temas e de ritmos
da poesia e da música populares; o nosso primeiro poeta
“participante”, no sentido contemporâneo.

A lírica

Gregório de Matos cultivou três vertentes da poesia lírica: a amorosa, a filosófica e a religiosa. Como po-
eta lírico, adequou-se aos temas e aos procedimentos de linguagem frequentes no Barroco europeu.
A lírica amorosa é fortemente marcada pelo dualismo amoroso carne/espírito, que leva normalmente a
um sentimento de culpa no plano espiritual. A mulher, muitas vezes, é a personificação do próprio pecado,
da perdição espiritual. Observe estes sonetos:

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 9


Literatura colonial
Capítulo 1: Primeiras manifestações literárias nacionais

Texto 5

À mesma D. Ângela Se pois como Anjo sois dos meus altares


Fordes o meu Custódio, e a minha guarda,
Anjo no nome, Angélica na cara! Livrara eu de diabólicos azares
Isso é ser flor, e Anjo juntamente!
Ser Angélica flor, e Anjo florente, Mas vejo, que por bela, e por galharda,
Em quem, senão em vós se uniformara? Posto que os Anjos nunca dão pesares,
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.
Quem veria uma flor, que a não cortara
De verde pé, de rama florescente;
FONTE: CEREJA e COCHAR. William e Thereza. Literatura
E quem um Anjo vira tão luzente brasileira em diálogo com outras literaturas e outras lingua-
Que por seu Deus, o não idolatrara? gens. 4ª ed. Atual, São Paulo, 2009. p. 128.

Texto 6

Solnetos a D. Ângeal de Sousa Paredes Matem-me, disse eu, vendo abrasar-me,


Se esta a cousa não é, que encarecer-me
Não vira em minha vida a formosura, Sabia o mundo, e tanto exagerar-me:
Ouvia falar nela cada dia, Olhos meus, disse então por defender-me,
E ouvida me incitava, e me movia Se a beleza heis de ver para matar-me,
A querer ver tão bela arquitetura: Antes olhos cegueis, do que eu perder-me.

Ontem a vi por minha desventura1 Desventura: má sorte.


1

Na cara, no bom ar, na galhardia2 Galhardia: elegância.


2

De uma mulher, que em Anjo se mentia;


De um Sol, que se trajava em criatura: FONTE: CEREJA e COCHAR. William e Thereza. Literatura brasileira
em diálogo com outras literaturas e outras linguagens. 4ª ed.
Atual, São Paulo, 2009. p. 128.

Em ambos os textos, a mulher é associada à figura de um “anjo”, que remete ao mundo espiritual e à
pureza angelical contida no próprio nome Ângela. Além disso, ela é associada, nos dois textos, a elementos
LITERATURA

materiais e naturais. No primeiro texto, à flor de nome angélica; no segundo texto, ao Sol, um ser superior,
dotado de grandezas absolutas e inacessíveis.

Mas, se o papel do anjo é proteger, o da mulher é bem outro. Nos dois sonetos, o
Escrito em latim, a expres- eu lírico, seduzido pela beleza da mulher, é levado ao desejo e, consequentemente, ao
são carpe diem significa, pecado. Por isso, no segundo texto, o eu lírico, num apelo dramático aos próprios olhos
literamlente aproveite o dia, (centro de percepção visual e origem do desejo), pede a eles que se ceguem, pois do
tendo sido utiilzada pela
primeira vez pelo poeta
contrário ele será conduzido à morte, isto é, à perdição espiritual.
romano Horácio, ainda no Eis o drama amoroso do Barroco: o apelo sensorial do corpo se contrapõe ao ideal
século I a.C. No Barroco, o religioso, gerando um sentimento de culpa.
conceito foi desenvolvido de Na lírica filosófica, destacam-se textos que se referem ao desconcerto do mundo
forma angustiada, pois era (lembrando diretamente Camões) e às funções humanas. E também poemas em que
uma tentativa de fundir os
opostos, de conciliar o que, predomina a consciência da transitoriedade da vida e do campo, marcados pelo carpe
no fundo, era inconciliável: diem.
a razão e a fé, a matéria e A lírica religiosa obedece aos princípios fundamentais do Barroco europeu, fazendo
o espírito, a vida carnal e a uso de temas como o amor a Deus, a culpa, o arrependimento, o pecado e o perdão,
vida espiritual.
além de constantes referências bíblicas. A língua empregada é culta e apresenta inver-
sões e figuras de linguagem abundantes.

A sátira

Conhecido também como “o Boca do Inferno”, em razão de suas sátiras, Gregório de Matos é um dos
principais e mais ferinos representantes da literatura satírica em língua portuguesa.
A exemplo de certos trovadores da Idade Média, o poeta não poupou na sua linguagem nem palavrões
nem críticas a todas as classes da sociedade baiana de seu tempo. Criticava o governador, o clero, os co-
merciantes, os negros, os mulatos etc.
Gregório de Matos é amplamente conhecido por suas críticas à situação econômica da Bahia, espe-
cialmente de Salvador, graças à expansão econômica, chegando a fazer, inclusive, uma crítica ao então
governador da Bahia, Antonio Luis da Camara Coutinho.
Observe, a seguir, na primeira e nas duas últimas partes do poema, a crítica do autor à situação política
e econômica da Bahia:

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Literatura colonial
Capítulo 1: Primeiras manifestações literárias nacionais

Texto 7

Que falta nesta cidade? .................... Verdade cai na cama, o mal lhe cresce,
Que mais por sua desonra ............... Honra Baixou, subiu e morreu.
Falta mais que se lhe ponha ............. Vergonha.
A Câmara não acode? ................................. Não pode
O demo a viver se exponha, Pois não tem todo o poder? ......................... Não quer
por mais que a fama a exalta, É que o governo a convence? ...................... Não vence.
Verdade, Honra, Vergonha.
[...] Quem haverá que tal pense,
que uma Câmara tão nobre
O açúcar já se acabou? ................... Baixou por ver-se mísera, e pobre
E o dinheiro se extinguiu? ................ Subiu Não pode, não quer, não vence.
Logo já convalesceu? ...................... Morreu.
FONTE: CEREJA e COCHAR. William e Thereza. Literatura
brasileira em diálogo com outras literaturas e outras lingua-
À Bahia aconteceu
gens. 4ª ed. Atual, São Paulo, 2009. p. 130.
o que a um doente acontece,

A sátira constitui uma das partes mais originais da poesia de Gregório de Matos, pois foge aos padrões
preestabelecidos pelo Barroco português ou ibérico e se volta para a realidade baiana do século XVII.
Por isso, pode ser considerada poesia brasileira, não somente pelos temas escolhidos, mas também
pela percepção crítica da exploração colonialista empreendida pelos portugueses na colônia.
Além disso, Gregório emprega na sátira uma língua portuguesa diversificada, brasileira, repleta de ter-
mos indígenas e africanos (que refletem o bilinguismo ou o trilinguismo da época), de palavrões, gírias e
expressões locais.
Por essas razões é que a poesia de Gregório de Matos – ao abrir espaço para a paisagem e a língua do
povo – talvez seja a primeira manifestação nativista de nossa literatura e represente o início do longo pro-
cesso de despertar da consciência crítica nacional, que levaria ainda todo um século para abrir os olhos
com os primeiros gritos de revolta dos inconfidentes mineiros.

Fixando conceitos

01. Discorra sobre o contexto do Brasil colônia quando da chegada do Barroco.

LITERATURA
02. Como pode ser definido o Barroco enquanto escoa litlerária?
03. Quais elementos particulares de Gregório de Matos Guerra fazem dele um legítimo escritor brasileiro?

Minas de ouro e a Inconfidência Mineira


A capitania das Minas Gerais no século XVIII

Anteriormente à descoberta do ouro nas Minas Gerais, os maiores núcleos de povoação no Brasil colônia
estavam no litoral, já que era necessário integrar a colônia portuguesa à Divisão Internacional do Trabalho
(DIT) vigente na época, o que se fazia pela exploração da cana-de-açúcar nos solos férteis da costa bra-
sileira.
A partir das bandeiradas, porém, as terras do interior da colônia foram pouco a pouco descobertas e
povoadas, e para a surpresa da iniciativa privada (que encabeçou o movimento bandeirante) e da metró-
pole, a descoberta do ouro (metal precioso que, dentre outros elementos, motivava o expansão marítima
europeia) na região do atual estado de Minas Gerais trouxe grandes impactos às relações entre a colônia e
a metrópole, no período que se convencionou chamar Ciclo do Ouro.
Antes praticamente inexplorada, a região das Minas Gerais viu sua popuação (assim como a do restante
da colônia) triplicar em relativamente pouco tempo.
A descoberta do ouro coincidia com a crise da economia açucareira, provocada pela concorrência ho-
landesa nas Antilhas, pois os holandeses já haviam sido expulsos do Brasil por imposição de Felipe II, rei da
Espanha. A mineração passou rapidamente a ser a principal atividade econômica da colônia, iniciando-se
o “ciclo” da mineração.
A sociedade colonial brasileira da época da mineração tornou-se acentuadamente diferente da socieda-
de canavieira. Surgiu um patriarcalismo urbano, assentado nas cidades que nasceram – Vila Rica, Mariana,
Sabará, Congonhas do Campo, entre outras.
Foram também descobertos diamantes no Arraial do Tijuco, atual Diamantina, Minas Gerais, em 1729.
A camada alta dessa sociedade, formada por proprietários de terras e de escravos, tinha como modelo a
Europa (França, principalmente) e não a terra brasileira. Geralmente as famílias se reuniam nos requintados
salões das mansões para os saraus, onde bebiam vinho do Porto, ouvindo cantos líricos ou recitais poéticos.
Durante este período, alguns nomes importantes, do ponto de vista literário, devem ser considerados:
Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga e Alvarenga Peixoto.

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Literatura colonial
Capítulo 1: Primeiras manifestações literárias nacionais

Cláudio ManueI da Costa: a consciência árcade

Cláudio Manuel da Costa (1729-1789), também conhecido pelo pseudônimo pastoral de


Glauceste Satúrnio, nasceu em Mariana, Minas Gerais.
Depois de estudar no Brasil com os jesuítas, completou seus estudos em Coimbra, onde
se formou advogado. Em Portugal, tomou contato com as renovações da cultura portu-
guesa empreendidas por Antônio Verney e pelo Marquês de Pombal, e também com os
novos procedimentos literários adotados pela Arcádia Lusitana.
De volta ao Brasil, Cláudio Manuel da Costa trabalhou em Vila Rica como advogado e
administrador. Sua carreira de escritor teve início com a publicação de Obras poéticas. Em
1789, foi acusado de envolvimento na Inconfidência Mineira. Encontrado morto na prisão,
a alegação oficial para sua morte foi a de suicídio.
Com ampla formação cultural, Cláudio liderou o grupo de escritores árcades mineiros
e soube dar continuidade, apesar das limitações da colônia, à tradição de poetas clássi-
cos. Seus sonetos apresentam notável afinidade com a lírica de Camões.
Em virtude dessas ligações com a tradição clássica, sua obra é a que melhor se ajus-
tou aos padrões do Arcadismo europeu. Porém, ainda é possível observar influências do
Figura 7. Cláudio Manuel da Costa.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cl%C3%A1u- Barroco (ainda vigente no resto do Brasil) em alguns de seus textos. Observe:
dio_Manuel_da_Costa#/media/Ficheiro:Claudio_ma-
nuel_da_costa.png
Texto 8

Já rompe, Nise, a matutina aurora


O negro manto, com que a noite escura,
Sufocando do Sol a face pura,
Tinha escondido a chama brilhadora.

FONTE: CEREJA e COCHAR, William e Thereza. Literatura brasileira em diálogo com outras literaturas e
outras linguagens. 4ª. ed. São Paulo Atual, 2009. p. 155.

Observe que o poema apresenta inversões (na ordem direta teríamos: Nise, a matutina aurora já rompe
o negro manto com que a noite escura tinha escondido a chama brilhosa, sufocando a face pura do Sol) e
figuração (“negro manto” para noite e “chama brilhadora” para Sol) tipicamente barrocas.
Esses traços demonstraram haver em alguns poemas de Cláudio Manuel da Costa resquícios do Barroco,
apesar de ele ser o introdutor do Arcadismo no Brasil.
LITERATURA

O Arcadismo no Brasil reflete a condição do intelectual brasileiro no século XVIII: de um lado, recebia as
influências da literatura e das ideias iluministas vindas da Europa; de outro, interessava-se pelas coisas da
terra e alimentava sonhos de liberdade política, dando forma e expressão a um sentimento nativista.
Cláudio Manuel da Costa cultivou a poesia lírica e a épica. Na lírica, tem destaque o tema da desilusão
amorosa. A situação mais comum observada em seus sonetos é Glauceste, o eu lírico pastor, lamentar-se
em razão de não ser correspondido por sua musa inspiradora, Nise, ou então por se encontrar num lugar de
grande beleza natural sem a companhia da mulher amada.
Nise é uma personagem fictícia incorpórea, presente apenas pela citação nominal. Não se manifesta na
relação amorosa, não é descrita fisicamente, nem dá nenhuma demonstração de correspondência às invo-
cações do eu lírico. Apenas representa o ideal da mulher amada inalcançável – nítido traço de reaproveita-
mento do neoplatonismo renascentista.
Na épica, Clúdio Manuel da Costa escreveu o poema Vila Rica, inspirado nas epopeias clássicas, que trata
da penetração bandeirante, da descoberta das minas, da fundação de Vila Rica e de revoltas locais.
Hoje, no conjunto da obra do autor, esse poema possui um valor menor do que a lírica, apesar de sua
importância histórica. Eis alguns de seus versos:

Texto 9

Enfim serás cantada, Vila Rica,


Teu nome alegre notícia, e já clamava;
Viva o senado! viva! repetia
Itamonte, que ao longo o eco ouvia.

FONTE: CEREJA e COCHAR, William e Thereza. Literatura brasileira em diálogo com outras literaturas e outras linguagens.
4ª. ed. São Paulo Atual, 2009. p. 156.

Texto 10 Têm espaço na poesia de Cláudio Manuel da Costa também ele-


mentos da paisagem local: o ribeirão do Carmo, rio que corta a re-
Destes penhascos fez a natureza gião; os vaqueiros, em lugar de pastores gregos; as montanhas e os
O berço, em que nasci: oh quem cuidara, vales; e as constantes referências às penhas, pedras que sugerem o
Que entre penhas tão duras se criara ambiente agreste e rústico de Minas Gerais.
Uma alma terna, um peito sem dureza. Observe ao lado.
FONTE: CEREJA e COCHAR, William e Thereza. Literatura bra-
sileira em diálogo com outras literaturas e outras linguagens.
A seguir, leia o poema de Cláudio Manuel da Costa para responder
4ª. ed. São Paulo Atual, 2009. p. 156. as questões propostas:

12 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Literatura colonial
Capítulo 1: Primeiras manifestações literárias nacionais

Texto 11

Quando cheios de gosto, e de alegria Esmalta o campo na melhor fragrância,


Estes campos diviso florescentes, Para dar uma ideia de ventura;
Então me vêm as lágrimas ardentes Como, ó céus, para os ver terei constância,
Com mais ânsia, mais dor, mais agonia. Se cada flor me lembra a formosura
Aquele mesmo objeto, que desvia Da bela causadora de minha ânsia.
Do humano peito as mágoas inclementes,
Esse mesmo em imagens diferentes FONTE: CEREJA e COCHAR, William e Thereza. Literatura brasi-
leira em diálogo com outras literaturas e outras linguagens. 4ª.
Toda a minha tristeza desafia.
ed. São Paulo Atual, 2009. p. 157.
Se das flores a bela contextura

Pratique

01. O soneto é construído a partir de relações de opo- (B) Implicitamente, são sugeridas semelhanças entre
sição entre as condições da paisagens bucólica e as flores e a mulher amada, identificada como “bela
as condições do eu lírico. Observando as duas pri- causadora de minha ânsia”. Quais poderiam ser essas
meiras estrofes, responda: semelhanças?

(A) Como é caracterizada a natureza? 03. Se a paisagem natural em que se encontra o eu


(B) Como se sente o eu lírico diante desse quadro? Jus- lírico é de alegria, harmonia e beleza, levante hi-
tifique sua resposta com um verso da 2ª estrofe. póteses: Por que o eu lírico não é feliz?
(C) Como, supostamente, o eu lírico deveria sentir-se?
04. O poema é inteiramente construído a partir de re-
02. Na 3ª estrofe, o eu lírico afirma que as flores, per- lações antitéticas. Essa característica torna-o bar-
fumando o campo, dão uma ideia do que seja a roco ou trata-se de um poema árcade? Justifique
felicidade. De acordo com a 4ª estrofe, responda: sua resposta apontando no poema características
da estética literária a que ele pertence.
(A) Por que as flores acentuam o sofrimento do eu lí-
rico?

LITERATURA
Tomás Antônio Gonzaga: a renovação árcade

Um pastor maduro e com algumas posses chamado Dirceu apaixona-se per-


didamente por uma jovem e rica pastora de nome Marília, mas ambos são im-
pedidos de viver esse amor com plenitude na perfeita Arcádia porque ele, por
razões políticas, é exilado em um país longínquo onde permanece triste e só.
Essa história – parte real, parte ficção –, digna de um romance romântico
ou quase um intertexto de Romeu e Julieta, de Shakespeare, constitui um dos
desencontros amorosos mais conhecidos da literatura brasileira e está ligado à
vida real do poeta inconfidente Tomás Antônio Gonzaga.
Nasceu na cidade do Porto (Portugal) e faleceu em Moçambique (África).
Passou a infância no Recife e na Bahia e se formou em Direito em Portugal.
Voltou ao Brasil para ocupar o cargo de ouvidor-geral na comarca de Vila Rica
(atual Ouro Preto). Nessa época, aos 40 anos, dedicava a Maria Doroteia Joa-
quim de Seixas, de 17 anos, poemas que viriam a fazer parte do livro Marília de
Dirceu.
Em 1789, foi acusado de participação na Inconfidência Mineira. Detido, foi en-
viado para a Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro. Condenado ao exílio em Mo-
çambique, casou-se com Juliana Souza Mascarenhas e teve dois filhos. Sob o
pseudônimo de Dirceu, escreveu poesias líricas típicas do Arcadismo, com temas
pastoris e de galanteio, as quais refletem sua trajetória: antes da prisão, apre- Figura 8. Retrato de Tomás Antônio Gonzaga.
Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.
sentam a ventura do amor e a satisfação com o momento presente; depois, o
infortúnio, a injustiça e o destino.
Diferentemente de Cláudio Manuel da Costa, cuja poesia teve, inicialmente, influência cultista, Gonzaga
cultivou, desde o início, o “estilo árcade” da simplicidade. Não há no poeta uma só marca barroca.
Em sua poesia lírica, os versos de tom coloquial entram no lugar das metáforas complexas, do excesso
de referências mitológicas, das comparações.
Como era comum na poesia neoclássica, Tomás Antônio Gonzaga faz uso da delegação poética quando
se apresenta como o pastor Dirceu apaixonado pela bela Marília; contudo, muito do que o leitor testemu-
nha ao ler os poemas de amor dos pastores representa expressões de conflitos reais vividos por Gonzaga. A
contrariedade da família de Doroteia em aceitar a relação, a diferença de idade entre os amantes, os planos
incertos de futuro e a prisão do autor estão presentes nos versos que compõem Marília de Dirceu.

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 13


Literatura colonial
Capítulo 1: Primeiras manifestações literárias nacionais

Em suas confissões poéticas, Gonzaga foge do artificialismo típico do Arcadismo propondo ao leitor uma
espécie de jogo de fingimento e realidade, máscara e rosto. É como se o poeta "fizesse uso dos versos para
organizar o seu caos", na expressão do crítico literário Antonio Candido.
Estabelecendo um paralelo entre a vida de Tomás Antônio Gonzaga e sua obra lírica, podemos diferen-
ciar três frases no processo amoroso apresentado em Marília de Dirceu: liras que abordam a intensa paixão
pela musa Marília logo que o poeta a conhece; liras compostas de versos que cantam o amor correspondi-
do por Marília e a possibilidade real do casamento, apesar da diferença social existente entre os amantes
(dado real); e liras sobre a dolorosa separação de Marília e Dirceu, motivada por um “ideal” de libertação da
“pátria adotiva” (Gonzaga era português), que levou o poeta à prisão na Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro,
e depois ao desterro na África (dados reais).
Leia o texto que se segue, de Tomás Antônio Gonzaga, e responda às questões propostas:

Texto 12

Lira 77 romper a nuvem que os meus olhos cerra,


amar no céu a Jove e a ti na terra!
Eu, Marília, não fui nenhum vaqueiro Se não tivermos lãs e peles finas,
fui honrado pastor da tua aldeia; podem mui bem cobrir as carnes nossas
vestia finas lãs e tinha sempre as peles dos cordeiros mal curtidas,
a minha choça do preciso cheia. e os panos feitos com as lãs mais grossas.
Tiraram-me o casal e o manso gado, Mas ao menos será o teu vestido
nem tenho a que me encoste um só cajado. Por mão de amor, por minhas mãos cosido.
Para ter que te dar, é que eu queria Nas noites de serão nos sentaremos
de mor rebanho ainda ser o dono; cos filhos, se os tivermos, à fogueira;
prezava o teu semblante, os teus cabelos entre as falsas histórias, que contares,
ainda muito mais que um grande trono. lhes contarás a minha, verdadeira.
Agora que te oferte já não vejo, Pasmados te ouvirão; eu, entretanto,
além de um puro amor, de um são desejo. ainda o rosto banharei de pranto.
Se o rio levantado me causava, Quando passarmos juntos pela rua,
levando a sementeira, prejuízo, nos mostrarão co dedo os mais pastores,
eu alegre ficava, apenas via dizendo uns para os outros: –– Olha os nossos
na tua breve boca um ar de riso. exemplos de desgraça e são amores.
Tudo agora perdi; nem tenho o gosto Contentes viveremos desta sorte,
de ver-te ao menos compassivo o rosto. até que chegue a um dos dois a morte.
Ah! minha bela, se a fortuna volta,
LITERATURA

Se o bem, que já perdi, alcanço e provo FONTE: CEREJA e COCHAR, William e Thereza. Literatura brasi-
leira em diálogo com outras literaturas e outras linguagens. 4ª.
por essas brancas mãos, por essas faces
ed. São Paulo Atual, 2009. p. 160.
te juro renascer um homem novo,

Pratique

01. O poema pode ser dividido em duas partes: a pri- lismo, pastoralismo, aurea mediocritas e elemen-
meira trata de uma experiência real, vivida no pas- tos da cultura greco-latina.
sado ou no presente; a segunda envolve os planos
para o futuro. 03. O movimento do Arcadismo veicula valores e ideias
da classe que o produz e o consome: a burguesia.
(A) Identifique as estrofes que compõem cada uma das
partes. (A) Destaque do poema os versos relativos a duas si-
(B) Que tipo de vida levava o eu lírico, na primeira par- tuações em que fica clara a preocupação econômica e
te? Como se sentia? material do pastor Dirceu, indício da ideologia burgue-
(C) Que tipo de vida idealiza, na segunda parte? sa.

02. O poema, apesar de apresentar traços diferentes (B) Destaque das duas últimas estrofes valores próprios
dos prescritos pela orientação árcade, está ligado da moral burguesa da época.
a essa tradição. Retire do texto exemplos de buco-

Além das liras dedicadas a Marília, é atribuída a Gonzaga uma série de versos satíricos denominados
Cartas chilenas. Esse longo poema, incompleto e anônimo, composto provavelmente em 1788-1789, é uma
crítica aos desmandos e às imoralidades administrativas de Luís da Cunha Meneses, governador da Capita-
nia das Minas de 1783 a 1788.
Nessas cartas, o autor faz uma caricatura impiedosa do governador e da aristocracia de Vila Rica. Saben-
do do risco que corria, numa época em que não havia liberdade de expressão, o autor das Cartas adota o
pseudônimo de Critilo; ao destinatário, chama de Doroteu, e ao governador Meneses, de Fanfarrão Minésio.
Chilenas é um disfarce literário para “mineiras”. Estudiosos atribuem às Cartas um valor mais histórico e
social do que propriamente literário.
14 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO
Literatura colonial
Capítulo 1: Primeiras manifestações literárias nacionais

_Contexto histórico do Brasil árcade

No século XVIII, o eixo político, econômico e cultural no Brasil deslocou-se do Nordeste para o Sudeste, isto
é, do plantio da cana de açúcar e do fábrico do açúcar para a mineração.
Em Minas Gerais, o enriquecimento proporcionado pela descoberta de ouro e pedras preciosas teve como
efeito a fundação de vilas e cidades. A sedo do governo foi transferida de Salvador para o Rio e Janeiro. Pelos
portos do Rio escoavam-se as riquezas brasileiras, mediante o pagamento dos altos impostos que o governo
português cobrava.
No período conhecido como ciclo do ouro, multiplicaram-se as vilas e as cidades, que passaram a abrigar
burgueses proprietários de terras ou funcionários da administração. Consolidou-se uma classe dominante re-
lativamente esclarecida, que tinha entre seus membros indivíduos diplomados em Lisboa e Coimbra.
Formou-se em Vila Rica (atual Ouro Preto) um grupo que passou para a História por sua atuação em dois
campos: a política e a literatura. A atuação política, questionando os tributos cobrados pelo governo português
e pregando a independência do Brasil, levou este grupo a participar da Inconfidência Mineira.
Sua atuação literária possibilitou uma produção poética nos moldes do Arcadismo que se desenvolvia na
Europa – com a publicação de Obras poéticas, em 1768, Cláudio Manuel da Costa tornou-se o primeiro árcade
brasileiro.
FONTE: PEREIRA, Helena Bonito. Toda literatura portuguesa e brasileira. Volume único. São Paulo, FTD, 2000. p. 131-132.

Os árcades e a Inconfidência Mineira

Os escritores árcades mineiros tiveram participação direta no movimento da Inconfidência Mineira. Che-
gados de Coimbra com ideias enciclopedistas e influenciados pela independência dos EUA, eles não apenas
se somaram aos revoltosos contra a exploração praticada pelo erário régio, que confiscava a maior parte do
ouro extraído na colônia, mas também ajudaram a divulgar os sonhos de um Brasil independente e contri-
buíram para a organização do grupo inconfidente.
Alvarenga Peixoto era um desses escritores. Do grupo dos inconfidentes, apenas um homem não tinha a
mesma formação intelectual dos demais nem era escritor: o alferes (designação de posto militar hoje cor-
respondente à de segundo-tenente) Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes (alcunha que recebeu por
ser dentista prático), maçom e simpatizante dos ideais iluministas.
Com a traição de Joaquim Silvério dos Reis, que devia vultosas somas ao governo português, o grupo foi
preso. Todos, com exceção de Tiradentes, negaram ter participação no movimento. Cláudio Manuel da Costa,

LITERATURA
segundo versão oficial, teria se suicidado na prisão antes do julgamento.
No julgamento, vários inconfidentes, entre eles Tiradentes e Alvarenga Peixoto, foram condenados à mor-
te por enforcamento. Tomás Antônio Gonzaga e outros foram condenados ao exílio temporário ou perpétuo.
Tiradentes assumiu para si a responsabilidade da liderança do grupo.
No dia 20 de abril de 1792, foi comutada (substituída) a pena de todos os participantes do movimento,
menos a de Tiradentes, enforcado no dia seguinte. Seu corpo foi esquartejado, e as partes, expostas por
Vila Rica; seus bens, confiscados; sua família, amaldiçoada por quatro gerações; e o chão de sua casa foi
salgado para que nele nenhuma planta voltasse a nascer.

_Arcadismo na colônia: entre o local e o universal

Os escritores brasileiros do século XVIII comportavam-se em relação ao Arcadismo importado de Portugal


de forma peculiar. Por um lado, procuravam obedecer aos princípios estabelecidos pelas academias literárias
portuguesas ou se inspiravam em certos escritores clássicos consagrados, como Camões, Petrarca e Horácio,
ao mesmo tempo que, visando elevar a literatura da colônia ao nível das literaturas europeias e conferir a ela
maior universalidade, tentavam eliminar vestígios pessoais ou locais.
Por outro lado, porém, acabaram por apresentar em suas obras aspectos diferentes dos prescritos pelo
modelo importado. A natureza, por exemplo, aparece na poesia de Cláudio Manuel da Costa como mais bruta
e selvagem do que na poesia europeia; o mito do “homem natural” culminou, entre nós, na figura do índio,
presente nas obras de Basílio da Gama e Santa Rita Durão; a expressão dos sentimentos, em Tomás Antônio
Gonzaga e Silva Alvarenga, é mais espontânea e menos convencional. Esses aspectos característicos da poesia
árcade nacional foram mais tarde recuperados e aprofundados pelo Romantismo, movimento que buscou defi-
nir uma identidade nacional em nossa literatura.
Além dessa espécie de adaptação do modelo europeu a peculiaridades locais, não se pode esquecer a forte
influência barroca exercida no Brasil ainda durante o século XVIII. Muitas igrejas em Ouro Preto, por exemplo,
só tiveram sua construção concluída quando o Arcadismo já vigorava na literatura.

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Literatura colonial
Capítulo 1: Primeiras manifestações literárias nacionais

Basílio da Gama: o nativismo indianista

Basílio da Gama (1741-1795) nasceu em Minas Gerais, na cidade hoje chamada Tiradentes. Estudou no
colégio jesuíta, no Rio de Janeiro, e tinha intenção de ingressar na carreira eclesiástica.
Completou seus estudos em Portugal e na Itália, no período em que os jesuítas foram expulsos dos do-
mínios portugueses. Na Itália, Basílio construiu uma carreira literária, tendo conseguido uma façanha única
entre os brasileiros da época: ingressar na Arcádia Romana, na qual assumiu o pseudônimo de Termindo
Sipílio.
Em 1767 voltou ao Rio de Janeiro, onde foi preso no ano seguinte, acusado de ter ligação com os jesuítas.
De acordo com um decreto então em vigor, qualquer pessoa que mantivesse comunicação com os jesuítas,
oral ou escrita, deveria ficar exilada por oito anos, em Angola.
Preso, Basílio da Gama foi levado a Lisboa. Lá, livrou-se da prisão por fazer um poema em homenagem à
filha do Conde de Oeiras, futuro Marquês de Pombal. Essa amizade lhe possibilitou ter novos contatos com
os árcades portugueses e lhe permitiu escrever sua obra máxima, O Uraguai.
Publicado em 1769, O Uraguai é considerado a melhor realização no gênero épico no Arcadismo brasileiro.
Seu tema é a luta de portugueses e espanhóis contra índios e jesuítas que, instalados nas missões jesuíticas
do atual Rio Grande do Sul, não queriam aceitar as decisões do Tratado de Madri.
A luta travada por portugueses e espanhóis contra índios e jesuítas é narrada por Basílio da Gama desde
os preparativos até sua conclusão. Os cantos apresentam esta sequência de fatos:

• Canto I: as tropas aliadas se reúnem para combater os índios e os jesuítas;

• Canto II: o exército avança e há uma tentativa de negociação com os chefes indígenas Sepé e Cacambo.
Sem acordo, trava-se a luta, que termina com a derrota e a retirada dos índios;

• Canto III: Cacambo ateia fogo à vegetação em volta do acampamento aliado e foge para sua aldeia. O
padre Balda, vilão da história, faz prender e matar Cacambo para que seu filho sacrílego Baldeta possa
casar-se com Lindoia, esposa de Cacambo, e tomar a posição do chefe indígena morto. Lindoia, em uma
visão, prevê o terremoto de Lisboa e a expulsão dos jesuítas por Pombal;

• Canto IV: o mais bonito dos cinco cantos, nele são retratados os preparativos do casamento de Baldeta
com Lindoia. Esta, chorando a morte do marido e não desejando casar-se, entra num bosque e deixa-se
picar por uma cobre venenosa. Chegam os brancos, que cercam a aldeia. Todos fogem; antes, porém, os
padres mandam queimar as casas e a igreja;
LITERATURA

• Canto V: o líder português Gomes Freire de Andrade prende os inimigos na aldeia próxima, e há referên-
cias ao domínio universal da Companhia de Jesus e a seus crimes.

Escrito em apenas cinco cantos, com a utilização de versos brancos (sem rima) e sem estrofação, O
Uraguai não segue a estrutura camoniana de Os lusíadas. Além disso, embora apresente as cinco partes
tradicionais das epopeias – proposição, invocação, dedicatória, narração e epílogo –, o poema já se inicia
com a ação em pleno desenvolvimento.
Leia a seguir:

Texto 13

Fumam ainda nas desertas praias


Lagos de sangue tépidos e impuros
Em que ondeiam cadáveres despidos,
Pasto de corvos. Dura inda nos vales
O rouco som da irada artilheira.

FONTE: CEREJA e COCHAR, William e Thereza. Literatura brasileira em diálogo com outras literaturas e outras linguagens.
4ª. ed. São Paulo Atual, 2009. p. 164.

O fato de o autor tratar de um episódio histórico recente (na época, ocorrido havia pouco mais de dez
anos) é outro aspecto que diferencia O Uraguai dos poemas épicos tradicionais.

Pelo fato de O Uraguai ser uma obra de intenções épicas, seria de esperar
Texto 14 que nela tivessem destaque os movimentos de guerra e os atos de heroísmo.
Contudo, não é o que se verifica. Ao contrário, a própria guerra chega a ser
Vinha logo de guardas rodeado, questionada como meio de atuação política, o que revela uma postura tipi-
Fonte de crimes, militar tesouro, camente iluminista da parte do autor, cujas ideias coincidem com as de seu
Por quem deixa no rego o curto arado amigo Marquês de Pombal.
O lavrador, que não conhece a glória; Observe ao lado.
E vendendo a vil preço o sangue e a vida O herói português Gomes Freire de Andrade, líder das tropas luso-es-
Move, e nem sabe por que move a guerra. panholas, também não mostra o entusiasmo dos heróis épicos tradicionais:

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Capítulo 1: Primeiras manifestações literárias nacionais

Texto 15

... Descontente e triste


Marchava o General: não sofre o peito
Compadecido e generosa a vista
Daqueles frios e sangrentos corpos,
Vítimas da ambição de injusto império.

Apesar da postura de crítica à guerra manifestada pelo autor, o fato histórico narrado não é alterado, e
espanhóis e portugueses saem vencedores da batalha. Do lado inimigo, apenas os jesuítas são verdadei-
ramente tratados no poema como vilões – outro traço da obra que satisfaz os interesses do Marquês de
Pombal.
Os índios derrotados são vistos com simpatia. Talvez até se possa dizer que o autor enfoca os índios como
vítimas da ação jesuítica na região e dos conflitos que dela resultaram. Destacadas a força e a coragem
indígenas, fica claro que a derrota se dá apenas em virtude da desigualdade de armas. O índio seria uma
espécie de herói moral da luta, dadas suas qualidades de caráter, conforme mostram os versos a seguir:

Texto 16

Fez proezas Sepé naquele dia.


Conhecido de todos, no perigo
Mostrava descoberto o rosto e o peito
Forçando os seus co exemplos e coas palavras.

O poema não enfatiza a guerra em si, nem as ações dos vencedores, nem os vilões jesuítas – tratados
caricaturalmente. Ganham destaque, de fato, a descrição física e moral do índio, o choque de culturas e a
paisagem nacional. Além disso, o autor cria passagens de forte lirismo, como a do episódio da morte de
Lindoia. Observe a valorização da paisagem brasileira nestes versos:

Texto 17

Que alegre cena para os olhos! Podem


Daquela altura, por espaço imenso,

LITERATURA
Ver as longas campinas retalhadas
De trêmulos ribeiros, claras fontes,
E lagos cristalinos, onde molha
As leves asas o lascivo vento.
Engraçados outeiros, fundos vales,
Verde teatro, onde se admira o quanto
Produziu a supérflua Natureza.

A valorização do índio e da natureza selvagem do Brasil corresponde ao ideal de vida primitiva e natural
cultivado pelos iluministas e pelos árcades. Por outro lado, porém, esses aspectos, que podemos chamar de
nativistas, prenunciam as tendências da literatura do século XIX: o Romantismo.

Santa Rita Durão: apego ao modeo clássico

O frei Santa Rita Durão (1722-1784) nasceu na cidade de Mariana, em Minas Gerais. Como Basílio da
Gama, estudou no colégio dos jesuítas e completou seus estudos em Portugal. Lá ingressou na vida religiosa
e tornou-se professor de Teologia.
Afirmando que a razão do poema Caramuru era “o amor à pátria”, Santa Rita, embora tenha passado a
maior parte de sua vida em Portugal, confirma a tendência nativista de seu poema.
Caramuru foi publicado em 1781, portanto doze anos depois de O Uraguai. É provável que Santa Rita te-
nha sido estimulado pela publicação de Basílio da Gama, porém há diferenças fundamentais entre os dois
poemas.
Santa Rita, sendo religioso, não apresenta o antijesuitismo de seu colega. Ao contrário, valoriza a ação
catequética dos jesuítas sobre os índios, dando a ela um enfoque inteiramente cristão.
Do ponto de vista literário, as liberdades formais e líricas de que Basílio da Gama fez uso são ignoradas
por Santa Rita. O poema Caramuru segue rigidamente o modelo camoniano: apresenta dez cantos, estrofes
em oitava-rima, versos decassílabos e estrutura convencional. E, como em Camões, há nele a presença das
mitologias cristã e pagã, esta representada por deuses indígenas, em vez de deuses greco-latinos.
Santa Rita, apesar de distante do Brasil desde os 9 anos, procura retratar a natureza brasileira, descre-
vendo o clima, a fertilidade da terra, as riquezas naturais. Assim, alia-se à tradição dos cronistas e viajantes
que descreveram a colônia do século XVI.
Interessa-se particularmente pelo indígena, descreve seus costumes e instituições e ressalta sua cate-
quese. Contudo, percebe-se em seu poema certo artificialismo, próprio de quem leu sobre o país, mas não

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Literatura colonial
Capítulo 1: Primeiras manifestações literárias nacionais

vivenciou o que descreve. Por isso, Caramuru é considerado um poema inferior a O Uraguai e, de certa forma,
um retrocesso do ponto de vista temático e estilístico.

O poema Caramuru narra as aventuras – em parte, históricas;


em parte, lendárias –, do náufrago português Diogo Álvares Cor-
reia, o Caramuru. Ao naufragar na costa brasileira em 1510, foi
aprisionado pelos tupinambás.
Certa vez pegou num mosquete e atirou num pássaro, ma-
tando-o. Os índios, que não conheciam armas de fogo, ficaram
impressionados com a detonação e gritaram Caramuru! Caramu-
ru!, vocábulo que significa “homem de fogo” ou “dragão saído do
mar”.
Diogo viveu entre os índios tupinambás, na Bahia, no século
XVI, e desposou Paraguaçu, ambos personagens do poema Ca-
ramuru. De acordo com a lenda, confirmada pela versão de Santa
Rita, Diogo foi resgatado por uma nau francesa e, em companhia
Figura 9. Moema (1832), de Vítor Meireles. de Paraguaçu, levado à Corte francesa, de onde posteriormente
Pintura inspirada na personagem de Santa Rita Durão. partiu para Portugal.
Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.
Em meio às aventuras do protagonista, o autor aproveita para
fazer uma longa descrição das qualidades da terra, como nestes
versos:

Texto 18

Não são menos que as outras saborosas


As várias frutas do Brasil campestres;
Com gala de ouro e púrpura vistosas
Brilha a mangaba e os mocujés silvestres.
ou dos costumes religiosos, enfocados pela ótica cristã:
Que horror da humanidade! ver tragada
Da própria espécie a carne já corruta!
Quando não deve a Europa abençoada
A fé do Redentor, que humilde escuta!
LITERATURA

Caramuru, como O Uraguai, apresenta, em meio à narrativa épica, momentos líricos e significativa beleza,
nos quais, ao lado de aspectos próprios da cultura indígena, aparece o tema universal da morte por amor.
Os textos que seguem são, respectivamente, de O Uraguai, de Basílio da Gama, e de Caramuru, de Santa
Rita Durão. Leia-os com atenção e responda às questões propostas.

Texto 19

Os índios já haviam perdido a guerra e, Melancólica sobra. Mais de perto Pelo dente sutil o brando peito.
reunidos na tribo, preparavam-se para Descobrem que se enrola no seu corpo
a cerimônia de casamento de Lindoia Verde serpente, e lhe passeia, e cinge Os olhos, em que Amor reinava, um dia,
com Baldeta (filho sacrílego do jesu- Pescoço e braços, e lhe lambe o seio. Cheios de morte; e muda aquela língua
íta Balda), que tem garantido o papel Porém o destro Caitutu, que treme Que ao surdo vento e aos ecos tantas
de chefe da tribo. Lindoia, contudo, não Do perigo da irmã, sem mais demora vezes
está interessada no casamento. Incon- Dobrou as pontas do arco, e quis três Contou a larga história de seus males.
formada com a morte de seu marido vezes Nos olhos Caitutu não sofre o pranto,
Cacambo, ela se retira da tribo, des- Soltar o tiro, e vacilou três vezes E rompe em profundíssimos suspiros,
gostosa, e entra na floresta. Seu irmão Entre a ira e o temor. Enfim sacode Lendo na testa da fronteira gruta
Caitutu e outros índios vão procurá-la. O arco e faz voar a aguda seta, De sua mão já trêmula gravado
Que toca o peito de Lindoia, e fere O alheio crime e a voluntária morte.
Entram enfim na mais remota e interna A serpente na testa, e a boca e os den- E por todas as partes repetido
Parte de antigo bosque, escuro e negro, tes O suspirado nome de Cacambo.
Onde ao pé de uma lapa cavernosa Deixou cravados no vizinho tronco. Indo conserva o pálido semblante
Cobre uma rouca fonte, que murmura, Açouta o campo coa ligeira cauda Um não sei quê de magoado e triste,
Curva latada de jasmins e rosas. O irado monstro, e em tortuosos giros Que os corações mais duros enternece.
Este lugar delicioso e triste, Se enrosca no cipreste, e verte envolto Tanto era bela no seu rosto a morte!
Cansada de viver, tinha escolhido Em negro sangue o lívido veneno
Para morrer a mísera Lindoia. Leva nos braços a infeliz Lindoia FONTE: CEREJA e COCHAR, William e Thereza.
Literatura brasileira em diálogo com outras
Lá reclinada, como que dormia, O desgraçado irmão, que ao desper-
literaturas e outras linguagens. 4ª. ed. São Paulo
Na branda relva e nas mimosas flores, tá-la Atual, 2009. p. 166-167.
Tinha a face na mão e a mão no tronco Conhece, com que dor! no frio rosto
De um fúnebre cipreste, que espalhava Os sinais do veneno, e vê ferido

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Literatura colonial
Capítulo 1: Primeiras manifestações literárias nacionais

Texto 20

Os chefes indígenas oferecem as filhas Como não consumis aquele infame? (Disse, vendo-o fugir) ah! Não te escon-
a Diogo Álvares para se honrarem com Mas pagar tanto amor com tédio e das
seu parentesco. O lusitano aceita o pa- asco... Dispara sobre mim teu cruel raio...”
rentesco, mas não as donzelas, por fi- Ah! que corisco és tu... raio... penhasco! E indo a dizer o mais, cai num desmaio.
delidade a Paraguaçu. Tomado por ................................................................. Perde o lume dos olhos, pasma e treme,
saudades da Europa, embarca numa Tão jura ingratidão menos sentira Pálida a cor, o aspecto moribundo;
nau francesa. Moema, uma índia apai- E esse fado cruel doce me fora. Com mão já sem vigor, soltando o leme,
xonada pelo português, desesperada Se o meu despeito triunfar não vira Entre as salsas escumas desce ao fun-
de o ver partir com Paraguaçu, tenta Essa indigna, essa infame, essa traidora. do.
acompanhá-lo, nadando. Por serva, por escrava, te seguira. Mas na onda do mar, que, irado, freme,
Se não temera de chamar senhora Tornando a aparecer desde o profundo,
–– “Bárbaro (a bela diz:) tigre e não ho- A vil Paraguaçu, que, sem que o creia, –– Ah! Diogo Cruel! –– disse com mágoa,
mem... Sobre ser-me inferior, é néscia e feia. –– e sem mais vista ser, sorveu-se na
Porém o tigre, por cruel que brame, Enfim, tens coração de ver-me aflita, água.
Acha forças amor, que enfim o domem; Flutuar, moribunda, entre estas ondas;
Só a ti não domou, por mais que eu te Nem o passado amor teu peito incita FONTE: CEREJA e COCHAR, William e Thereza.
Literatura brasileira em diálogo com outras
ame. A um ai somente, com que aos meus
literaturas e outras linguagens. 4ª. ed. São Paulo
Fúrias, raios, coriscos, que o ar conso- respondas. Atual, 2009. p. 1676-168.
mem, Bárbaro, se esta fé teu peito irrita,

Pratique

01. Que semelhança os textos apresentam quanto ao (B) Entre a fala do narrador e a fala de Moema não há
assunto? diferenças linguísticas. A que conclusão se pode chegar
a partir dessa constatação?
02. Em relação ao texto I:
04. Comparando os episódios relatados nos dois tex-
(A) Descreva o lugar que Lindoia escolheu para morrer. tos, indique, justificando:

(B) A paisagem descrita é árcade? Justifique. (A) o mais dramático;

LITERATURA
03. Em relação ao texto II: (B) aquele que mais enaltece o indígena e o mostra
mais integrado à natureza.
(B) Como Moema descreve Diogo Álvares e Paraguaçu?

Referências
CEREJA, William; COCHAR, Thereza. Literatura portuguesa em diálogo com outras literaturas de língua
portuguesa. Vol. único, 3ª ed., São Paulo: Saraiva, 2009.
CEREJA, William; COCHAR, Thereza. Literatura portuguesa em diálogo com outras literaturas e outras
linguagens. Vol. único, 4ª ed., São Paulo: Saraiva, 2009.
COTRIM, Gilberto. História global: Brasil e geral. Vol. único, 9ª ed., São Paulo: Saraiva, 2008.
COTRIM, Gilberto. História global: Brasil e geral. Vol. único, 8ª ed., São Paulo: Saraiva, 2005.

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Literatura colonial
Capítulo 1: Primeiras manifestações literárias nacionais

Sessão ENEM

01. Ao lado de Cláudio Manoel da Costa, Silva Alvarenga (C) o Realismo é favorável à produção de romances
e Alvarenga Peixoto, Tomás Antônio Gonzaga é um cheios de idealizações da mulher e do homem nativo,
dos nomes mais representativos do arcadismo bra- representado pelos povos indígenas.
sileiro. No entanto, além de poeta, Gonzaga escre- (D) a poesia do Parnasianismo, produzida no início do
veu um conjunto de sátiras ao Governador de Minas século XIX, tem como inspiração a literatura clássica,
Gerais, Luís da Cunha Menezes. Como se chamam mas cultua o sentimentalismo e a liberdade da forma
essas sátiras? peculiares ao Romantismo.
(E) o Modernismo convive com uma tendência de liber-
(A) As Minas de Prata. tação dos ideais estéticos europeus, embora ainda abor-
(B) Cartas Chilenas. de o amor platônico, a religiosidade, o individualismo, e
(C) Cartas sem arte. a supremacia do português de Portugal.
(D) O Alienígena.
(E) Carta aos Brasileiros. 04. O trecho “(...) filósofos gregos consideravam que
todo dia poderia ser o último de suas vidas, e isso
02. É com base no mito da Arcádia que erguem suas aumentava sua (...) apreciação pelos temas da vida”
doutrinas: destruindo a “hidra do mau gosto”, os faz intertextualidade com o sentido evocado pela
árcades procuram realizar obra semelhante à dos expressão latina Carpe diem, experienciada pelos
clássicos antigos. Daí a imitação dos modelos gre- poetas e escritores de que escola literária brasilei-
co-latinos ser a primeira característica a considerar ra?
na configuração da estética arcádica.
(Massaud Moisés. A literatura portuguesa, 1992. Adaptado.) (A) Romantismo.
(B) Barroco.
A “hidra do mau gosto” mencionada no texto refere-se (C) Arcadismo.
ao estilo (D) Simbolismo.
(E) Parnasianismo.
(A) renascentista.
(B) pré-romântico.
(C) neoclássico.
(D) barroco.
(E) medieval.

03. As criações literárias, como todo produto da lingua-


LITERATURA

gem, são contextualizadas. Assim, essas criações


transparecem marcas de seu tempo e da cultura dos
grupos que representam. Podem ser, desse modo,
indícios do que viveram os povos, em diferentes
momentos de sua história.

Não é por acaso, portanto, que:

(A) o Barroco é representativo dos conflitos da época, os


quais revelavam as tensões entre os valores mundanos e
aqueles espirituais. Sua expressão linguística é, em ge-
ral, marcada por antíteses e oposições.
(B) o Romantismo é testemunha de um movimento na-
cionalista, com a pretensão de exaltar a natureza e a au-
tonomia do homem brasileiro. Gonçalves Dias é um dos
romancistas de maior destaque na exaltação do india-
nismo.

20 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


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Capítulo 1: Primeiras manifestações literárias nacionais

Praticando

01. Gregório de Matos, poeta baiano, que viveu no sé- IV. Os dois poemas são sonetos, forma fixa herdada do
culo XVI, produziu uma poesia em que satiriza a Classicismo, muito pouco utilizada pelo poeta baiano,
sociedade de seu tempo. Execrado no passado por que desprezou a métrica rígida e criou poesia em versos
seus conterrâneos, hoje é reconhecido como grande brancos e livres.
poeta, sendo, inclusive, sua poesia satírica fonte de V. Como poeta barroco, fez uso consciente dos recursos
pesquisa histórica. estéticos reveladores do conflito do homem da época,
como se faz presente na antítese que encerra o II poe-
Leia os poemas e analise as proposições a seguir: ma: “Horas de inferno, instantes de alegria”.

Poema I Estão CORRETAS apenas


Triste Bahia! Oh quão dessemelhante
Estás, e estou do nosso antigo estado! (A) I, II, III e V.
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado, (B) I, II e IV.
Rica te vejo eu já, tu a mi abundante. (C) IV e V.
(D) I, III e IV.
A ti tocou-te a máquina mercante, (E) I, IV e V.
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando, e tem trocado Para responder às questões a seguir, considere o texto
Tanto negócio, e tanto negociante. a seguir:

Deste em dar tanto açúcar excelente Personagem frequente dos carros alegóricos, d. Pedro
Pelas drogas inúteis, que abelhuda surgia, nos anos 1880, ora como Pedro Banana ou como
Simples aceitas do sagaz Brichote. Pedro Caju, numa alusão à sua falta de participação nos
últimos anos do Império. Mas é só com a queda da mo-
Oh se quisera Deus, que de repente narquia que se passa a eleger um rei do Carnaval. Com
Um dia amanheceras tão sisuda efeito, o rei Momo é uma invenção recente, datada de
Que fora de algodão o teu capote 1933. No século XIX ele não era rei, mas um deus gre-
(Gregório de Matos) go: zombeteiro, pândego e amante da galhofa. Nos anos
30 vira Rei Momo e logo depois cidadão. Novos tempos,
Poema II novos termos.
Horas contando, numerando instantes, (SCHWARCZ, Lilian Mortiz. As barbas do Imperador: Dom Pedro II, um
Os sentidos à dor, e à glória atentos, monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998, p. 281)
Cuidados cobro, acuso pensamentos,

LITERATURA
Ligeiros à esperança, ao mal constantes. 02. A crítica galhofeira a autoridades e a pessoas de
prestígio foi uma arma contundente de que se va-
Quem partes concordou tão dissonantes? leu:
Quem sustentou tão vários sentimentos?
Pois para a glória excedem de tormentos, (A) o poeta barroco Gregório de Matos, em sua poesia
Para martírio ao bem são semelhantes. satírica.
(B) Claúdio Manuel da Costa, nas cartas que escreveu ao
O prazer com a pena se embaraça; mandatário de Minas Gerais.
Porém quando um com outro mais porfia, (C) o poeta Carlos Drummond de Andrade, nos ácidos
O gosto corre, a dor apenas passa. versos de Claro enigma.
(D) Clarice Lispector, na prosa provocadora de A hora
Vai ao tempo alterando a fantasia, da estrela.
Mas sempre com vantagem na desgraça, (E) a geração de 45, reagindo contra os chamados “pa-
Horas de inferno, instantes de alegria. pas” do modernismo.
(Gregório de Matos)
Leia o poema e observe a pintura a seguir para respon-
I. Além de poeta satírico, o Boca do Inferno também cul- der à(s) questão(ões).
tivou a poesia lírica, composta por temas diversificados,
pois nos legou uma lírica amorosa, erótica e religiosa e Destes penhascos fez a natureza
até de reflexão sobre o sofrimento, a exemplo do poe- O berço, em que nasci: oh quem cuidara,
ma II. Que entre pedras tão duras se criara
II. Considerado tanto poeta cultista quanto conceptista, Uma alma terna, um peito sem dureza!
o autor baiano revela criatividade e capacidade de im-
provisar, segundo comprovam os versos do poema I, em Amor, que vence os tigres, por empresa
que realiza a crítica à situação econômica da Bahia, di- Tomou logo render-me ele declara
rigida, na época, por Antônio Luís da Câmara Coutinho. Centra o meu coração guerra tão rara,
III. Em Triste Bahia, poema I, musicado por Caetano Que não me foi bastante a fortaleza
Veloso, Gregório de Matos identifica-se com a cidade,
ao relacionar a situação de decadência em que se en- Por mais que eu mesmo conhecesse o dano,
contram tanto ele quanto a cidade onde vive. O poema A que dava ocasião minha brandura,
abandona o tom de zombaria, atenuando a sátira con- Nunca pude fugir ao cego engano:
tundente para tornar-se um quase lamento.
Vós, que ostentais a condição mais dura,

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 21


Literatura colonial
Capítulo 1: Primeiras manifestações literárias nacionais

Praticando

Temei, penhas, temei; que Amor tirano, Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Onde há mais resistência mais se apura Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
COSTA, Claudio Manuel da. Soneto XCVIII. Disponível em: <http://www. E mais as finas lãs, de que me visto.
bibvirt.futuro.usp.br>. Acesso em: 26 ago. 2015
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!

(A) Vulgarização da figura da mulher; medievalismo;


egocentrismo.
(B) Denúncia social; exaltação da vida no campo; temas
urbanos.
(C) Exaltação da vida no campo; linguagem simples;
pastoralismo.
(D) Temas urbanos; linguagem simples; medievalismo.
(E) Egocentrismo; pastoralismo; denúncia social.

06. Leia as afirmativas abaixo, feitas a respeito do poe-


ma épico Prosopopeia, de Bento Teixeira:

I. O poema transgride a rígida estrutura camoniana, já


que, por exemplo, não começa com a proposição, mas
no meio da narrativa.
II. Um dos propósitos do poema é fazer a louvação de
Jorge de Albuquerque Coelho, donatário da capitania de
Pernambuco.
III. Publicado em 1601, é por muitos historiadores consi-
derado o início do estilo barroco no Brasil.
03. Verifica-se que os versos e a pintura, em razão das IV. A parte em que fala das frutas da terra, intitulada
características que lhes são peculiares, pertencem
“Ilha de Maré”, é considerada como o primeiro docu-
respectivamente aos períodos:
mento nativista de nossa literatura.
(A) Árcade e Barroco.
Estão corretas:
(B) Romântico e Realista.
(C) Quinhentista e Naturalista.
LITERATURA

(A) apenas II e III


(D) Modernista e Vanguardista.
(B) I, II e IV
(E) Quinhentista e Modernista.
(C) I, III e IV
(D) apenas I e III
04. Tendo por base a comparação entre o poema e a (E) apenas II e IV
pintura apresentados, verifica-se que:

(A) o poema alude a questões de ordem social e políti-


07. No Brasil, o Barroco foi introduzido com o trabalho
de
ca, ao passo que a pintura faz referência a aspectos de
teor material.
(A) Padre Antônio Vieira.
(B) a pintura representa uma cena de teor espiritual, ao
(B) Gregório de Matos Guerra.
passo que o poema retrata elementos concretos de uma
(C) Bento Teixeira.
paisagem pedregosa.
(D) Santa Rita Durão.
(C) a pintura cristaliza um momento de louvor à força
(E) Camões.
humana, ao passo que o poema discute questões ati-
nentes à covardia do homem.
(D) o poema sugere uma correspondência entre dureza
08. Do século XVI até meados do século XVIII, duas
manifestações estéticas são de extrema relevância
da paisagem e dureza da alma, ao passo que a pintura
para a formação da literatura brasileira: o Barroco e
metaforiza questões mitológicas.
o Arcadismo. Para refletir sobre esses dois momen-
(E) ambos não guardam qualquer relação entre si, pois
tos e responder à questão, leia os textos a seguir.
são produções realizadas em tempos distintos.
Texto 1
05. Leia o poema de Tomás Antônio Gonzaga, transcri- Discreta, e formosíssima Maria,
to a seguir, e marque a alternativa que aponta três
Enquanto estamos vendo claramente
características do Arcadismo brasileiro que nele po-
Na vossa ardente vista o sol ardente,
dem ser observadas.
E na rosada face a Aurora fria.
Lira I
Enquanto pois produz, enquanto cria
Essa esfera gentil, mina excelente
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
No cabelo o metal mais reluzente,
Que viva de guardar alheio gado;
E na boca a mais fina pedraria.
De tosco trato, d’expressões grosseiro,
Dos frios gelos, e dos sóis queimado.
Gozai, gozai da flor da formosura,
Tenho próprio casal, e nele assisto;

22 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Literatura colonial
Capítulo 1: Primeiras manifestações literárias nacionais

Praticando

Antes que o frio da madura idade Mas como dorme Sílvia, não vestia
Tronco deixe despido, o que é verdura. O céu seus horizontes de mil cores;
Dominava o silêncio entre as flores,
Que passado o zenith da mocidade, Calava o mar, e rio não se ouvia.
Sem a noite encontrar da sepultura,
É cada dia ocaso da beldade. Não dão o parabém à nova Aurora
(Gregório de Matos) Flores canoras, pássaros fragrantes,
Nem seu âmbar respira a rica Flora.
Texto 2
Brandas ribeiras, quanto estou contente Porém abrindo Sílvia os dois diamantes,
De ver-nos outra vez, se isto é verdade! Tudo a Sílvia festeja, tudo adora
Quanto me alegra ouvir a suavidade, Aves cheirosas, flores ressonantes.
Com que Fílis entoa a voz cadente! Poemas escolhidos, 2010.

Os rebanhos, o gado, o campo, a gente, 09. No soneto, a seguinte expressão é empregada pelo
Tudo me está causando novidade: eu lírico em lugar de sua musa Sílvia:
Oh como é certo, que a cruel saudade
Faz tudo, do que foi, mui diferente! (A) “Flores canoras, pássaros fragrantes”.
(B) “À margem de uma fonte, que corria”.
Recebei (eu vos peço) um desgraçado, (C) “O céu seus horizontes de mil cores”.
Que andou té agora por incerto giro (D) “A bela ocasião das minhas dores”.
Correndo sempre atrás do seu cuidado: (E) “Aves cheirosas, flores ressonantes”.

Este pranto, estes ais, com que respiro, 10. A sinestesia consiste em transferir percepções de
Podendo comover o vosso agrado, um sentido para as de outro, resultando um cruza-
Façam digno de vós o meu suspiro. mento de sensações.
(Cláudio Manoel da Costa) Celso Cunha. Gramática essencial, 2013.

Sobre os textos 1 e 2 e seus respectivos autores, analise Verifica-se a ocorrência desse recurso no seguinte ver-
as seguintes proposições. so:

I. Pode-se afirmar que uma das características do Bar- (A) “Flores canoras, pássaros fragrantes,” (3ª estrofe).
roco, presente no texto 1, é o tema da efemeridade da (B) “À margem de uma fonte, que corria,” (1ª estrofe).

LITERATURA
vida, como pode ser percebido no primeiro terceto. (C) “Porém abrindo Sílvia os dois diamantes,” (4ª estro-
II. Gregório de Matos foi um repentista, que sabia im- fe).
provisar; um menestrel baiano que buscava inspiração (D) “Dominava o silêncio entre as flores,” (2ª estrofe).
no cotidiano, nas circunstâncias da vida, quer seja pelo (E) “O céu seus horizontes de mil cores;” (2ª estrofe).
êxtase religioso quer pelo afetivo.
III. O texto 1 é marcado pela temática do Carpe Diem, TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
característica notável também do Barroco.
IV. O texto 2 tem sua temática ligada ao pastoralismo, Ao 1valimento que tem o mentir
ao bucolismo e remete à mitologia grega.
V. Cláudio Manoel da Costa, cujo nome pastoral é Glau- Mau ofício é mentir, mas proveitoso...
ceste Satúrnio, tem forte influência dos padrões cul- Tanta mentira, tanta utilidade
tistas, elevada inventividade lírica e deseja exprimir a Traz consigo o mentir nesta cidade
realidade de seu país. Como o diz o mais triste mentiroso.

Estão CORRETAS, apenas: Eu, como um ignorante e um baboso,


(A) I, II, III e IV. Me pus a verdadeiro, por vaidade;
(B) II, III, IV e V. Todo o meu 2cabedal meti em verdade
(C) I, II e V. E saí do negócio 3perdidoso.
(D) III e IV.
(E) II e V. Perdi o principal, que eram verdades,
Perdi os interesses de estimar-me,
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES: Perdi-me a mim em tanta 4soledade;

Leia o soneto “A uma dama dormindo junto a uma fon- Deram os meus amigos em deixar-me,
te”, do poeta barroco Gregório de Matos (1636-1696), 5
Cobrei ódios e inimizades...
para responder à(s) questão(ões) a seguir: Eu me meto a mentir e a aproveitar-me.

À margem de uma fonte, que corria,


Lira doce dos pássaros cantores
A bela ocasião das minhas dores
Dormindo estava ao despertar do dia.

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 23


Literatura colonial
Capítulo 1: Primeiras manifestações literárias nacionais

Praticando

GREGÓRIO DE MATOS. PIRES, M. L. G. (org.). Poetas do período barroco. 14. Que falta nesta cidade?... Verdade.
Lisboa: Comunicação, 1985.
Que mais por sua desonra?... Honra.
Falta mais que se lhe ponha?... Vergonha.
1
valimento − validade
2
cabedal − conhecimento O demo a viver se exponha,
3
perdidoso − prejudicado Por mais que a fama a exalta,
4
soledade − solidão Numa cidade onde falta
5
cobrar − receber Verdade, honra, vergonha.
11. A primeira estrofe do poema apresenta inversões Os versos transcritos expõem a faceta __________
da ordem direta das orações. Esse recurso expres- da obra de Gregório de Matos, que é considerado o
sivo, chamado hipérbato, é frequente na estética maior poeta barroco brasileiro. Outras facetas impor-
barroca. Reescreva os versos 2 e 3 da primeira es- tantes, na produção do mesmo autor, são as da poesia
trofe na ordem direta, desfazendo o hipérbato. Em __________ e da poesia __________.
seguida, explique o efeito do hipérbato para a ca-
mada sonora dessa estrofe. (1418-1527). Assinale a alternativa cujas informações preenchem
corretamente as lacunas do enunciado.
12. O barroco apresenta duas vertentes: o cultismo,
caracterizado pela linguagem rebuscada e extra- (A) satírica – nacionalista – indianista.
vagante, pelos jogos de palavras; e o conceptismo, (B) moralista – bucólica – pastoril.
marcado pelo jogo de ideias, de conceitos, seguin- (C) social – abolicionista – anticlerical.
do um raciocínio lógico. O poema de Gregório de (D) satírica – religiosa – amorosa.
Matos, exemplo da estética barroca, insere-se em (E) moralista – egotista – sentimental.
uma dessas vertentes. Identifique-a e justifique sua
resposta. 15. Leia o soneto a seguir, de Gregório de Matos Guerra,
para responder à questão.
13. O soneto “No fluxo e refluxo da maré encontra o po-
eta incentivo pra recordar seus males”, de Gregório Fábio: que pouco entendes de finezas:
de Matos, apresenta características marcantes do Quem faz só o que pode, a pouco se obriga
poeta e do período em que ele o escreveu: Quem contra os impossíveis se fatiga,
a esse cede o Amor em mil 1ternezas.
Seis horas enche e outras tantas vaza
A maré pelas margens do Oceano,
LITERATURA

Amor comete sempre altas empresas:


E não larga a tarefa um ponto no ano, Pouco amor, muita sede não mitiga:
Depois que o mar rodeia, o sol abrasa. Quem impossíveis vence, esse é que instiga
vencer por ele muitas estranhezas.
Desde a esfera primeira opaca, ou rasa
A Lua com impulso soberano As durezas da cera, o Sol abranda,
Engole o mar por um secreto cano, a da terra as branduras endurece:
E quando o mar vomita, o mundo arrasa. Atrás do que resiste, o raio é que anda.
Muda-se o tempo, e suas temperanças. Quem vence a resistência, se enobrece:
Até o céu se muda, a terra, os mares, Quem faz o que não pode, impera e manda:
E tudo está sujeito a mil mudanças. Quem faz mais do que pode, esse merece.
Só eu, que todo o fim de meus pesares ternezas: ternuras
1
Eram de algum minguante as esperanças, GUERRA, Gregório de Matos. A um namorado, que se presumia de obrar
Nunca o minguante vi de meus azares. finezas. In: HOLANDA, Sérgio Buarque de. Antologia dos Poetas Brasilei-
ros da Fase Colonial. São Paulo: Perspectiva, 1979. p.65-66.

De acordo com o poema, é correto afirmar:


A leitura atenta do texto permite afirmar que:
(A) A temática barroca do desconcerto do mundo está
representada no poema, uma vez que as coisas do mun- (A) se trata de soneto em versos decassílabos e que,
do estão em desarmonia entre si. portanto, escapa, em alguma medida, à forma e à te-
(B) A transitoriedade das coisas terrenas está em opo- mática do Barroco.
sição ao caráter imutável do sujeito, submetido a uma (B) a temática da mitologia clássica – Amor, ou Eros,
concepção fatalista do destino humano. presente nos dois primeiros quartetos – é o que carac-
(C) A concepção de um mundo às avessas está figurada teriza o soneto acima como Barroco.
no soneto através da clara oposição entre o mar que (C) a recorrência do pronome “quem”, ao longo dos dois
tudo move e a lua imutável. primeiros quartetos, que culmina na última estrofe, re-
(D) A clareza empregada para exposição do tema refor- vela as contradições típicas do Barroco.
ça o ideal de simplicidade e bucolismo da poesia bar- (D) o fato de o eu lírico dirigir-se a “Fábio” e de fazer-
roca, cujo lema fundamental era a aurea mediocritas. -lhe recomendações, na forma de soneto, assevera sua
(E) A sintonia entre a natureza e o eu poético embasa matriz contraditória e, portanto, barroca.
as personificações de objetos inanimados aliadas às hi- (E) a oposição entre fazer apenas o possível, de um
pérboles que descrevem o sujeito lado, e fazer o impossível, de outro, confere feição bar-
roca ao poema, pontilhando-o de antíteses.

24 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Capítulo 1: Medicina preventiva
Medicina preventiva e saúde 4
Introdução 4

Prevenção de doenças e promoção da saúde 5


Medicina preventiva do ponto de vista econômico 6
Medicina preventiva e saúde pública 6

Principais fatores de risco à saúde 7

Medicina preventiva e atividade física 10


A melhor prevenção 10

Referências bibliográficas 11

Grupo colaborativo formado pelos autores:

Prof. Weider Alberto Costa Santos, Administrador, especialista em Balanced Scorecard -


FGV, Marketing - FEJAL/CESMAC, Serviço Social - UFAL.

SANTOS, Weider Alberto Costa. Educação Física - Unidade 3. 6. ed. - Maceió-AL: Siste-
ma Dinamus de Ensino, 2022.

Editoração e ilustração:
w2advanced

Impressão e distribuição:
Editora Dinamus

© 2022 - SDE | SISTEMA DINAMUS DE ENSINO Ltda. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do detentor dos
direitos autorais. Esta obra é de caráter educativo e didático, prezando pelo teor científico. Dispondo de todas as referências bibliográficas e/ou webgráficas. Também
das fontes de pesquisas, cortes de reportagens e imagens. Creditadas e reservadas em nome do SISTEMA DINAMUS DE ENSINO Ltda.

A Verdade vos liber tará.


Medicina preventiva
Capítulo
1

Medicina preventiva
e saúde preventiva

Atividade física
FONTE: https://www.kurotel.com.br/

Além de atuar contra o sedentarismo e a obesida- Esse cuidado com a atividade física, porém, não se
de, a prática regular de exercícios físicos, de for- esgota com a chegada da fase adulta. Ao contrá- Sobre o texto e a
imagem de intro-
ma orientada, pode ajudar também com questões rio, o ideal é que o estilo de vida fisicamente ativo dução
como ansiedade e depressão. seja mantido até a chamada terceira idade (sob a
Uma população doente, além de não ter qualidade supervisão de profissional legalmente habilitado).
de vida, sobrecarrega o sistema de saúde, tanto A própria OMS (Organização Mundial de Saúde) • De acordo com o texto,
o público quanto o privado. Ou seja, é ruim tan- garante que quem pratica atividade física regu- qual importância tem a saúde
to para a saúde do indivíduo, como para a saúde larmente melhora sua saúde física e mental. No preventiva?
coletiva. longo prazo, isso significa dizer que o indivíduo
É preciso ter um olhar mais atento à medicina poderá viver menos propenso ao desenvolvimento • Comente de que forma a ocor-
rência de doenças crônicas pode
preventiva, intensificando ações de combate ao de doenças incapacitantes e, consequentemente,
comprometer todo o sistema de
sedentarismo e, consequentemente, ao sobrepeso aumentará a sua longevidade.
saúde de um país.
e à obesidade. E não é apenas tornar mais longevo o indivíduo:
Uma dessas ações necessárias é o fortalecimento com uma menor necessidade de intervenções te- • Cite exemplos de medidas que
do profissional de Educação Física. rapêuticas (remédios, exames, cirurgias etc.), esta podem ser tomadas de forma a
Estamos falando de uma classe que cuida da saú- longevidade vem acompanhada de uma melhor prevenir doenças.
de das pessoas de forma preventiva. qualidade de vida.
A saúde preventiva inicia já nos primeiros anos de
vida do indivíduo, quando na escola ele aprende, FONTE: Dinamus Sistema de Ensino.

por exemplo, que precisa participar das aulas de


Educação Física ou praticar algum esporte no ho-
rário oposto ao das suas aulas regulares.
Saúde e atividade física
Capítulo 1: Medicina preventiva

Medicina preventiva e saúde


EDU. FÍSICA

Introdução
As condições de saúde e qualidade de vida têm melhorado de forma contínua e sustentada nas
últimas décadas. Estudos de diferentes autores e os relatórios sobre a saúde mundial e da região das Amé-
ricas são conclusivos a esse respeito. No Brasil, por exemplo, a expectativa de vida em 2018 era de 76,3
anos. De 1940 a 2018, o acréscimo foi de 30,8 anos. O aumento da expectativa de vida é um dos indícios
de melhora da qualidade de vida e da saúde geral da população.
Um cenário totalmente novo e inesperado foi introduzido com a pandemia de Covid-19: a queda da
expectativa de vida do brasileiro, em função do grande número de mortes que a doença causou. Entre março
O Conceito de Saúde,
segundo a OMS, diz que a de 2020 e dezembro de 2021, a expectativa de vida no Brasil diminuiu para 72,2 anos.
mesma é “um estado de Na atualidade, o conceito de saúde engloba ações no que diz respeito à promoção da saúde, à
completo bem-estar físico, prevenção das doenças e ao seu eventual tratamento, baseados nas condições de saúde. Estas condições
mental e social e não so-
mente ausência de afecções estão intimamente relacionadas com a qualidade de vida, alimentação, nutrição, educação, habitação, sa-
e enfermidades”. A saúde neamento, recreação e condições agradáveis no lar e no trabalho, estilo de vida responsável e um espectro
passou, então, a ser mais adequado de cuidados de saúde.
um valor da comunidade do
que do indivíduo. Quando se fala, então, em medicina preventiva, fala-se em uma medicina direcionada à prevenção
das doenças, visando estabelecer uma condição de vida saudável, ao invés de tratar as doenças que eventu-
almente acometeriam o indivíduo não saudável, evitando assim maiores prejuízos. Fazem parte da medicina
preventiva os programas de vacinação, projetos de atividade física ou emagrecimento, promoção de hábitos
de vida saudáveis, monitoramento periódico de colesterol, câncer ou diabetes, aconselhamento médico para

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
prevenir que doenças se instalem etc.
Em resumo, tudo o que se possa fazer em favor da saúde antes da ocorrência de qualquer enfer-
midade pode ser considerado como medicina preventiva e, por isso, o indivíduo tem um papel fundamental
nesse cenário, pois fazer check-ups regulares é uma das melhores ferramentas para manutenção da saúde
e prevenção de doenças.
| SISTEMA DINAMUS • ENSINO MÉDIO |

LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998


Fazendo Check-up

A maioria das pessoas acredita que fazer um check-up é apenas se submeter a uma bateria de exames laboratoriais e de imagem. Por mais
sofisticados, caros e precisos que sejam, os exames fazem parte do check-up, mas não são o check-up em si. O check-up é uma avaliação
médica de rotina associada a exames específicos de acordo com idade, sexo e históricos pessoal e familiar. Tem como principais objetivos:​

• Ajudar a prevenir doenças por meio da informação e da realização de ações de prevenção. Essas ações incluem a vacinação, o esta-
belecimento de uma dieta equilibrada, orientações para parar de fumar, dar ferramentas para a criação de uma rotina de atividade física e
conscientizar sobre a necessidade de realizar determinados exames que realmente podem propiciar o diagnóstico precoce de doenças com
curso assintomático (como câncer), podendo levar a maiores índices de cura;

• Diagnosticar doenças já instaladas, porém ainda não manifestadas (colesterol alto, diabetes, hipertensão) cujo tratamento terá impacto
positivo na saúde e na qualidade de vida do indivíduo.

A partir dos 30 anos de idade, a maior parte das pessoas encontra-se num ciclo de vida diferente dos anteriores. Novas relações sociais,
novos interesses, novas ambições, trabalho, busca pela estabilidade. É também nessa fase que surgem, embora nem sempre perceptíveis,
sinais de desgaste e degeneração no organismo, que costumam ser agravados pelo estresse resultante das complexidades deste ciclo de vida.
Na ausência de problemas de saúde que exijam atenção médica periódica e específica, os 30 anos são a idade apontada como a mais razoável
para a realização do primeiro check-up. Para a mulher, caso haja o plano de engravidar, deve ser acrescentado o check-up prévio à gestação.

FONTE: Hospital Sírio Libanês. Acompanhamento da Saúde e Check-up.


Disponível em: <https://hospitalsiriolibanes.org.br>. Acesso em: 27 jan. 2017.

Uma das formas de colocarmos em prática a medicina preventiva (sim, ela pode ser empregada
individualmente, sem necessariamente exigir a presença de um profissional da saúde) além dos check-ups
regulares, é buscar evitar o estresse, por meio de técnicas como a meditação, a ginástica ou outra atividade
que implique em satisfação por parte de quem a pratica, obtendo resultados positivos contra depressão,
ansiedade e outras patologias que estão cada vez mais presentes na sociedade globalizada.
Existem quatro tipos de prática em medicina preventiva:

• prevenção primária: que evita o aparecimento da doença iniciando a prevenção logo numa fase
gestacional;

• prevenção secundária: que abarca métodos de diagnóstico e trata de doenças em estágios ini-
ciais antes de evoluir;

4 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Saúde e atividade física
Capítulo 1: Medicina preventiva

• prevenção terciária: que faz uso de métodos com vistas à dimi-

EDU. FÍSICA
nuição do impacto negativo da doença existente, diminuindo possí-
veis complicações;

• prevenção quaternária: que recorre a métodos que evitam ou mi-


nimizam resultados de intervenções desnecessárias ou excessivas
no sistema de saúde.

O profissional da saúde ligado ao serviço público atua a partir de


dados epidemiológicos na perspectiva de intervir nas doenças ou agravamen-
tos de maior frequência. Por meio da genética médica é possível intervir na
minimização das consequências da doença.
Depressão.
Considerada por muitos “o mal do século”, a depressão pode ser evitada com a medicina
As abordagens do profissional em medicina preventiva variam de preventiva.

acordo com o paciente, com a sua história médica e com o estilo de vida de FONTE: http://boaformaesaude.com.br.

cada um. Sem dúvida, os hábitos alimentares e a prática de exercício físico


ou exercícios de relaxamento são cada vez mais incontornáveis para evitar,
por um lado, o desenvolvimento de doenças de ordem cardiovascular e, por
outro lado, doenças de ordem psiquiátrica, como a depressão.
A medicina preventiva vem ganhando maior espaço nas ciências da saúde desde a década de 80 do
século passado, sendo hoje presente na maioria dos planos de saúde. Os profissionais da saúde do setor
privado que trabalham com a medicina preventiva realizam a identificação precoce de doenças por meio de
exames genéticos ou preventivos, possibilitando minimizar os danos, bem como a prática médica conhecida
É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

como “medicina da família”, independentes dos programas de intervenção política e social.

| SISTEMA DINAMUS • ENSINO MÉDIO |


LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998

01. Explique, com base na leitura feita até aqui, o que é medicina preventiva.
02. Como a medicina preventiva é empregada pelos profissionais da saúde?
03. Explique a relação entre o crescimento da medicina preventiva e a evolução das condições de saúde e qualidade de vida.

Prevenção de doenças e promoção


da saúde
Poucas doenças são inevitáveis para a humanidade – e sua incidência é irregular
(um problema que é comum em determinado lugar pode ser raro em outro). O câncer de
colo de útero, por exemplo, é vinte vezes mais comum na Colômbia do que em Israel. Não
há nenhuma razão biológica conhecida que justifique por que cada população não deva
ser tão saudável quanto a mais saudável de todas. Rudolf Virchow, o grande patologista
alemão dos séculos XIX-XX, escreveu:

“As epidemias aparecem e frequentemente desaparecem sem deixar traços quan-


do um novo período cultural se inicia; assim foi com a lepra e outras doenças
infecciosas. Dessa forma, a história das epidemias é a história do distúrbio da
cultura humana.” (Virchow, 1970).

Logo após Virchow escrever isso, a doença arterial coronariana surgiu da obs-
curidade para se tornar a causa mais comum de morte nos países ocidentais (apesar de Rudolf Virchow.
Virchow é considerado o pai da patologia moderna e da medicina so-
estar reduzindo, ainda é um problema grave no Brasil). Em cidades de expansão econômica cial, além de antropólogo e político liberal.
recente, como Hong Kong, o velho padrão histórico de enfermidade (a alta taxa de morta- FONTE: https://upload.wikimedia.org.
lidade infantil e dos adultos, que se devia principalmente às infecções) está agora dando
lugar a problemas de ataques cardíacos e úlcera duodenal.

A escala e o padrão de incidência de uma doença refletem o modo como as pessoas vivem e as suas
circunstâncias sociais, econômicas e ambientais, e tudo isso pode mudar rapidamente – o que implica, em
tese, que a maioria das doenças é passível de prevenção.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 5
Saúde e atividade física
Capítulo 1: Medicina preventiva

Medicina preventiva do ponto de vista econômico


EDU. FÍSICA

Estudos realizados nos 34 países-membros da Organização para a Coope-


ração e Desenvolvimento Econômico (OCDE) indicam que para cada dólar investi-
do em prevenção de saúde economizam-se três.

Quando a economia do país não está no seu melhor cenário, as empresas


e a indústria buscam alternativas para gerar economia. Mas, dependendo do setor,
não é possível realizar cortes, como é o caso da saúde pública. Nesse caso, as
instituições públicas podem optar por programas de medicina preventiva. Além de
melhorarem a qualidade de vida da população, eles também ajudam na redução dos
Cartão Nacional de Saúde. custos assistenciais.
O Sistema Único de Saúde – SUS –, criado em 1990, tem o objetivo de oferecer
a todos os brasileiros acesso integral, universal e igualitário a ações e serviços de
promoção, proteção e recuperação da saúde.
De imediato, a prevenção de doenças e a realização de programas de medi-
FONTE: http://www.cartaodosus.org. cina preventiva exige um investimento de tempo e dinheiro. Contudo, para que seja
possível gerar de fato redução de custos, é preciso analisar a situação a longo prazo.

Vejamos um exemplo prático de comparação entre prevenção e tratamento: um indivíduo possui


casos de problemas cardíacos na família. Com isso, o ideal é que sejam feitos exames rotineiros (a fre-
quência depende de indicação médica) que previnam algumas complicações e façam o diagnóstico precoce.
Um eletrocardiograma convencional, por exemplo, que é feito em repouso e leva menos de um minuto, custa
entre R$50 e R$ 80. Em contrapartida, caso essa pessoa sofra um infarto e precise ser hospitalizada, uma
diária de UTI pode ultrapassar o valor R$ 1.000,00.

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
Quando o Brasil assumiu, com a Constituição de 1988, a responsabilidade de prover o acesso uni-
versal aos serviços de saúde, tornou-se o país mais populoso a fazê-lo. Certamente, o desfio não seria fácil.
Para tanto, as melhores alternativas devem sempre ser buscadas e a otimização dos serviços de saúde deve
ser um objetivo constantemente perseguido. Nesse contexto, a medicina preventiva desponta como uma
possibilidade real de promoção da saúde da população e concomitante desoneração da saúde pública. O
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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998


Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil, criado em 1990, conseguiu avanços importantes na saúde pública
brasileira por contemplar, dentre duas competências, programas de medicina preventiva.

Medicina preventiva e saúde pública


O Sistema Único de Saúde brasileiro lida com um problema crô-
nico de falta de verbas. Sobre o tema, a revista The Lancet publicou, em
2016, um artigo expondo muitas das mazelas que afligem o sistema de
saúde pública. Baseando-se na situação encontrada no estado do Rio de
Janeiro – falta de médicos, enfermeiros, leitos e condições mínimas de
trabalho em algumas localidades – o estudo traça um panorama pouco
otimista dos possíveis efeitos que a atual crise econômica traria à saúde
pública no país.

O Brasil gasta em saúde, anualmente, uma proporção do PIB


similar à de países desenvolvidos como Suécia ou Reino Unido. No en-
tanto, o investimento público corresponderia a apenas 46% desse total
Medicina preventiva e saúde pública. – destinado a atender aos três quartos da população que não possuem
FONTE: http://www.fsp.usp.br.
planos particulares de saúde e dependem do SUS – enquanto a maior
parte viriam através da iniciativa privada, sendo voltada ao restante da
população, coberta pelos convênios ou planos.

Para além disso, o Brasil convive com uma espécie de tripla carga da doença: doenças crônico-de-
generativas numa população que envelhece cada vez mais; doenças transmissíveis tidas como negligencia-
das, como tuberculose, hanseníase, doença de Chagas e as causadas pelo Aedes aegypti; e agravos prove-
nientes de causas externas, como violência urbana e acidentes de trânsito. Em outras palavras, a demanda
pelos serviços de saúde pública é elevada, e isso eleva, consequentemente, os custos do setor.
Equipamentos de alta tecnologia, a realização de exames sofisticados e o acesso a medicamentos
de alto custo são indispensáveis para a garantia do melhor atendimento médico, sem dúvida. Contudo, esses
recursos são altamente dispendiosos. Face aos problemas recorrentes de falta de verba no SUS, é impres-
cindível a busca também por outros caminhos, e os investimentos na medicina preventiva de viés público e
coletivo são relevantes nesse sentido.

6 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Saúde e atividade física
Capítulo 1: Medicina preventiva

EDU. FÍSICA
01. Explique de que forma a medicina preventiva proporciona redução de custos dos recursos públicos.
02. Quais problemas enfrentados pelo Brasil podem atrapalhar o desenvolvimento da medicina preventiva?
03. Levante hipóteses: por que a incidência de uma mesma doença pode variar (e varia) conforme o tempo e a localidade?

Principais fatores de risco


à saúde
São muitos os inimigos da saúde na atualidade. Aqui, utilizaremos,
para fins didáticos, os cinco principais fatores que comprometem a saúde
e, em consequência disso, inviabilizam as ações de medicina preventiva.
São eles: o sedentarismo, a alimentação inadequada, o uso e abuso de
drogas, os distúrbios do sono e o estresse.

• Sedentarismo: o sedentarismo é definido como “a falta ou a


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grande diminuição da atividade física”. Na realidade, o conceito


não é associado necessariamente à falta de uma atividade espor-
tiva. O indivíduo que tem atividades físicas regulares, como limpar Estilo de vida sedentário.
A inatividade física está em quinto lugar entre os principais fatores de risco de todas as mor-
a casa, caminhar para o trabalho ou realizar funções profissionais tes. À frente do sedentarismo estão pressão alta, tabagismo, poluição e glicose elevada no
sangue.
que requerem esforço físico, não é classificado como sedentário.

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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998

FONTE: http://www.revistamaismateria.com.br.

O sedentarismo é considerado por muitos estudiosos uma das doenças do milênio (junto à obe-
sidade, depressão etc.). Na verdade, o sedentarismo se caracteriza por um estilo de vida regado a hábitos
“preguiçosos”, decorrentes da contemporaneidade. Com a evolução da tecnologia e a tendência cada vez
maior de substituição das atividades ocupacionais que demandam gasto energético por facilidades automa-
tizadas, o ser humano adota cada vez mais a lei do menor esforço, reduzindo assim o consumo energético
de seu corpo.
A vida sedentária provoca literalmente o desuso dos sistemas funcionais. O aparelho locomotor
e os demais órgãos e sistemas solicitados durante as diferentes formas de atividade física entram em um
processo de regressão funcional, caracterizando, no caso dos músculos esqueléticos, um fenômeno asso-
ciado à atrofia das fibras musculares, à perda da flexibilidade articular, além do comprometimento funcional
de vários órgãos.

O sedentarismo é a principal causa do aumento da incidência de várias doenças, tais como a hiper-
tensão arterial, o diabetes, a obesidade, a ansiedade, o infarto do miocárdio etc., além de ser o principal fator
de risco para a morte súbita.

• Alimentação inadequada: a alimentação inadequada é um dos


maiores vilões da qualidade de vida, pois além de estar associada
à doenças orgânicas tradicionais (como o infarto, por exemplo), é
responsável por males como o estresse, por vários motivos. Um
deles é que ao comer de modo inadequado, podem faltar nutrientes
essenciais. Só para dar um exemplo, o aminoácido L-Triptofano,
que ingerimos na comida, entra na formação da serotonina (que
é um mediador químico cerebral muito importante nas emoções)
e da melatonina (que age de modo muito importante no sono re-
parador). Estudos já demonstraram que uma dieta pobre no L-Trip-
tofano pode desencadear depressão e outros transtornos emocio-
nais em pessoas predispostas. Portanto, fique atento: se você se
cansa facilmente, está sempre de mau humor e irrita-se por pouco, Alimentos que devem ser evitados.
pode ser falta de nutrientes essenciais. A falta de uma alimentação saudável juntamente com o sedentarismo pode ocasionar diversas
patologias, tais como gastrite, diabetes, hipertensão etc.

FONTE: http://www.maisequilibrio.com.br.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 7
Saúde e atividade física
Capítulo 1: Medicina preventiva

Além de “comer errado”, comer muito também é prejudicial. Estudos nutricionais apontam que o
EDU. FÍSICA

excesso de alimentação (que causa a obesidade) está matando mais do que a falta de alimentação (desnutri-
ção). Um trabalho gigantesco, produzido por 500 cientistas de 300 instituições – que analisaram 187 países
ao longo das últimas quatro décadas, o Global Burden of Disease (“Peso Global das Doenças”), publicado
em 2016, e é o maior estudo já realizado sobre a saúde da humanidade.
Ele traz duas grandes conclusões: a boa é que a expectativa de vida aumentou em praticamente
todo o mundo, e as mortes relacionadas à subnutrição caíram de 3,4 milhões, em 1990, para 1,4 milhão em
2010, último ano analisado pelo estudo.
Em 1990, a subnutrição era a doença com maior “peso”, ou seja, aquela que mais tirava anos de
vida saudável da humanidade. Agora, ela despencou para oitavo lugar. Mas a obesidade, eis a má notícia, su-
biu de décimo para sexto – e a má alimentação, com uma dieta pobre em nutrientes, aparece em quinto lugar.

• Uso e abuso de drogas: as drogas (em seu sentido amplo) de abuso são aquelas que possuem
atividade sobre os sistemas de recompensa cerebrais (psicoatividade), e produzem os mais di-
versos efeitos (estimulação, relaxamento, euforia, alucinações etc.), que levam o indivíduo que as
utiliza a uma sensação momentânea de bem-estar. O uso continuado de uma droga, além de levar à
dependência, pode também determinar o aparecimento de tolerância.

A tolerância é resultante de uma adaptação do organismo exposto


continuamente àquela substância. Desta forma, o desenvolvimento de tole-
rância tem como consequência a necessidade de que o indivíduo utilize do-
ses cada vez maiores ao longo do tempo para a obtenção do mesmo efeito.

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
Assim, quando o indivíduo começa a utilizar continuamente uma
droga, instala-se a dependência e a tolerância. Entretanto, em muitos casos,
a retirada abrupta da droga pode determinar o aparecimento de sinais e sin-
tomas que dependem do tipo de droga envolvida e do nível de dependência
em que se encontra o indivíduo. Estes sinais e sintomas caracterizam a
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Síndrome de Abstinência.

Entre as drogas de abuso, estão aquelas que diminuem a atividade


psíquica (diazepam, por exemplo), drogas que aumentam a atividade psí-
Drogas de abuso.
“Droga de abuso” é toda e qualquer substância que age no cérebro, modificando o seu quica (anfetaminas), e drogas que induzem a estados psíquicos anormais,
funcionamento, alterando o humor ou o comportamento. Habitualmente não são utilizadas
na prática clínica, mas para efeito de prazer, exótico ou estimulante. tais como euforia, delírios e alucinações (álcool, cocaína, maconha, cola,
heroína e morfina). Sabe-se que o álcool e os opioides (morfina, heroína),
FONTE: http://lab-lamartine.pt.
estão entre as drogas que determinam maior intensidade de dependência e
sintomas mais graves na síndrome de abstinência.

Porém, uma vez instalada a dependência, seja qual for o tipo de droga, sinais de alterações com-
portamentais e fisiológicas serão evidentes. Assim, é importante que a dependência a qualquer droga seja
reconhecida e tratada o quanto antes, trazendo o indivíduo às suas condições normais de vida social e
afetiva, bem como à independência completa.

• Distúrbios do sono: quando a qualidade de vida está prejudicada, um dos sinais mais comuns é a
perturbação do sono, e este é um problema grave: quem tem estresse não dorme bem, e quem não
dorme bem, acaba tendo estresse.

Durante o sono, o organismo se recupera dos desgastes ocorridos


durante o dia. Mas, o sono não é uma atividade em que o corpo fica sem
fazer nada, não é um processo passivo. É um mecanismo ativo do cérebro.
Existem duas fases do sono: a fase Delta, quando a musculatura relaxa e se
recupera, e a fase REM, quando sonhamos e é de muita importância para a
nossa vida emocional.

Interessante que vários remédios podem interferir no sono e com


isso gerar desgaste do organismo. Um bebê passa a maior parte de seu
tempo dormindo. Um idoso passa a maior parte de seu tempo acordado.
Entre essas duas extremidades, cada um tem uma necessidade específica
de tempo de sono, não sendo de exatamente oito horas, como se diz co-
Insônia. mumente. E o melhor meio de se saber o número de horas necessárias, é
A insônia é um distúrbio do sono caracterizado pela dificuldade para adormecer ou para
permanecer dormindo. verificar o estado geral ao acordar.
FONTE: http://i.huffpost.com.

8 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Saúde e atividade física
Capítulo 1: Medicina preventiva

A pessoa não deve se sentir irritada ou cansada logo pela manhã, e nem ficar com sonolência du-

EDU. FÍSICA
rante o dia. Se isso ocorre, a pessoa precisará desenvolver novos hábitos e, em alguns casos, poderá tentar
ingerir algumas substâncias naturais, como o triptofano, que é uma substância encontrada em diversos
alimentos, como o leite e a soja, que participa de diversos processos bioquímicos do organismo, entre os
quais na produção da serotonina, substância muito importante no desencadear do sono.

A conclusão imediata é que o velho copo de leite quente antes de se deitar tem fundamento. O mes-
mo se pode afirmar da camomila, da hortelã e da erva cidreira, que possuem propriedades sedativas e são
excelentes opções naturais. Além disso, é preciso ter em mente que o excesso de determinadas substâncias,
como a cafeína, por exemplo, “tira” o sono. O limite diário para consumo de cafeína tolerável é de 400mg (ou
3 xícaras de 150ml), que deve ser evitado após as 17h.

Uso de smartphones antes de dormir pode atrapalhar o sono


e prejudicar a saúde

Hoje em dia é praticamente impossível deixar de ter um smartphone. Afinal,


o aparelho traz uma série de facilidades indispensáveis à vida moderna. Porém,
nem tudo é assim tão vantajoso. Com inúmeras possibilidades de comunicação
disponíveis, os usuários destes cobiçados aparelhos também têm adquirido hábitos
prejudiciais à saúde.
Smartphones podem prejudicar o sono.
Com inúmeras possibilidades de comunicação disponíveis, os usuários
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Um dos mais comuns é o de dormir cada vez mais tarde por causa das horas destes cobiçados aparelhos também têm adquirido hábitos prejudiciais à
de conversa na internet durante a noite ou de madrugada. “Antes dos celulares se- saúde.
rem tão avançados, era preciso utilizar um computador para acessar chats e salas
FONTE: http://www.jb.com.br.
de bate papo. Hoje, com os smartphones, é possível ter na palma da mão todas as
funções de um notebook, por exemplo. Esse conforto tem feito com que as pes-
soas, literalmente, levem a internet para cama consigo e, como resultado, tenham
noites de sono ruins e reduzidas”, diz o pneumologista do Serviço de Medicina do

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Sono do HCor – Hospital do Coração, Dr. Pedro Genta.

O Dr. Genta explica que mais do que simplesmente distrair as pessoas e fazê-las perder a noção do tempo, o uso de celulares – e também
de tablets –, antes de dormir, deixa o indivíduo constantemente atento, em função das buscas que realiza ou das novas mensagens que recebe, o
que o impede de relaxar completamente e dormir. O médico acrescenta que outro efeito nocivo provocado por esses dispositivos está relacionado
com a luminosidade que eles emitem. “Estudos recentes revelaram que a luz da tela dos smartphones, entre outros eletroeletrônicos, pode inibir
a produção de melatonina, cuja função é induzir o cérebro ao sono”, explica o médico.

“Isso ocorre porque o hormônio é produzido como uma reação do organismo à escuridão. Com a presença de luzes próximas à retina,
durante a noite, a produção de melatonina é inibida e o indivíduo pode acabar desenvolvendo insônia, cujos efeitos também podem dificultar o
adormecimento e afetar a qualidade do sono”, acrescenta o pneumologista do HCor.

O Dr. Genta alerta que dormir menos do que o necessário pode não só gerar sonolência, dificuldade de concentração, irritabilidade e au-
mento do apetite, mas também afetar o sistema cardiovascular. Afinal, essa condição favorece o surgimento de problemas como hipertensão,
diabetes e obesidade, cuja ocorrência está entre os principais fatores de risco para infartos e AVCs. “Enquanto estamos dormindo todo o nosso
organismo passa por um período de descanso e restabelecimento. Com o coração não é diferente. Durante o sono, tanto a frequência cardíaca,
quanto a pressão arterial são reduzidas”, explica o médico. “Portanto, é necessário que todo indivíduo tenha no mínimo sete horas de sono de
boa qualidade, por dia, para manter o coração saudável e viver bem de maneira geral”, recomenda.

FONTE: Jornal do Brasil. Uso de smartphones antes de dormir pode atrapalhar


o sono e prejudicar a saúde. Disponível em: <http://www.jb.com.br>. Acesso em: 15 Ago. 2017.

• Estresse: o estresse faz parte da trajetória da humanidade. Desde que o homem está na face da
Terra, ele vem enfrentando uma série de desafios. E só sobrevivia a esses desafios quem tinha um
sistema de vigilância muito apurado. Resultado: herdamos este sistema de vigilância sofisticado,
que garantiu a sobrevivência de nossos ancestrais.

Imagine as dificuldades do ser humano primitivo: enfrentar diariamente animais ferozes, falta de
comida, ameaça de terremotos, de incêndios, alagamentos. As dificuldades daquela época eram comple-
tamente diferentes das de hoje em dia, mas como a nossa civilização avançou em velocidade maior que as
mudanças no nosso organismo, possuímos um sistema de defesa extremamente eficiente para situações de
risco físico, como a ameaça de um atropelamento ou outra situação hostil, mas muito pouco ou nada eficien-
te nas dificuldades do nosso tempo, como nas constantes cobranças por sucesso, problemas no trabalho,
dificuldades de relacionamento, enfim, todas as situações que envolvem os perigos modernos.
A situação começa a se complicar, porque nós experimentamos as mesmas sensações que só de-
veriam existir em situações de risco físico. Nosso cérebro antigo simplesmente não sabe diferenciar o perigo
de uma situação concreta de risco de vida com uma dificuldade (mais sutil) da vida atual. Ele age exatamente

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 9
Saúde e atividade física
Capítulo 1: Medicina preventiva

como nos nossos ancestrais. Cada vez que seu cérebro antigo “achar” que você está em perigo, imediata-
EDU. FÍSICA

mente, de maneira automática e instintiva, irá modificar seu corpo para “lutar ou fugir” do inimigo potencial.

Essa reação de luta ou fuga basicamente tentará fazer com que


seus músculos respondam prontamente, que sua atenção fique mais agu-
çada, que você tenha uma reserva extra de energia, enfim, que esteja pre-
parado para um combate. O resultado dessa alteração é o que chamamos
de estresse. Grande parte do que chamamos “inconsciente”, na realidade,
é a simples desarmonia entre uma parte do nosso cérebro bastante antiga,
mas muito presente e atuante, que foi preparada para um meio ambiente
que não mais existe, e a realidade que nos cerca, com desafios crescentes
que exigem estratégias muito mais sutis que lutar ou fugir.

Não é preciso ser um executivo, empresário, ou médico plantonista


para sentir (e sofrer com) o estresse, porque ele está aí para nos afetar
Estresse.
mesmo, positivamente ou negativamente. Sim, o estresse pode nos afetar
O estresse ocorre pelo modo como interpretamos o que acontece à nossa volta e as soluções de uma forma positiva na medida em que nosso organismo libera noradre-
que elaboramos (ou não) para os problemas; assim, tais acontecimentos nos afetarão em
maior ou menor intensidade. nalina, um neurotransmissor que nos dá força, energia e motivação para as
FONTE: https://cienciadocerebro.files.wordpress.com
coisas da vida cotidiana.

Mas pode e vai nos afetar negativamente, quando ao liberar noradrenalina, também produzir cortisol,
o hormônio do estresse, e desencadear uma série de reações invisíveis no nosso organismo, que a longo
prazo pode levar a doenças respiratórias, cardíacas, pressão alta, ansiedade, preocupações exageradas e

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evidentemente, levar até a morte por causas secundárias ao estresse.

Medicina preventiva e
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atividade física
A melhor prevenção
A atividade física é a medicina preventiva mais importante que exis-
te. A prática regular de exercícios garante o aumento de massa muscular,
além da preservação de elementos fundamentais, como a massa óssea e o
controle de glicemia e pressão. Fazer um check up de rotina é fundamental
para a detecção de enfermidades, mas a prevenção de fato só ocorre por
meio de exercícios e da boa alimentação (lembra que o sedentarismo está
entre os principais fatores de risco à saúde?).
Atividade física.
FONTE: https://arevolucaodoseubemestaar.files.wordpress.com.

Segundo estimativas da OMS, se a prática de atividade física aumentasse em 25%, mais de 1,3
milhão de mortes precoces poderiam ser evitadas a cada ano no mundo. Diante deste cenário, a instituição
recomenda fortemente a criação de políticas e programas destinados a promover a saúde incentivando a
prática regular de atividade física.
A medicina preventiva não trata somente de evitar que doenças novas surjam, mas também de evitar
que a saúde do paciente piore. Por exemplo, se uma pessoa é diagnosticada com hipertensão, ela precisa
controlar a sua pressão para impedir que um agravamento do quadro clínico, como um infarto. Nesses ca-
sos, indicar a prática de atividades físicas com supervisão e regularidade pode auxiliar nessa tarefa.

Para os mais preguiçosos, o melhor de tudo é que atividade física não é sinônimo de esporte ou
musculação: atividade física é qualquer movimento resultante de contração muscular esquelética capaz de
aumentar o gasto energético acima do repouso. Em outras palavras, é só botar o corpo para se mexer!
A atividade física é indicada para todas as faixas etárias, com diferentes objetivos. Para crianças e
adolescentes, um maior nível de atividade física contribui na melhora do perfil lipídico e metabólico e reduz
a incidência de obesidade. Criar esta consciência desde cedo entre os jovens significa estabelecer uma
base sólida para reduzir os índices de sedentarismo entre adultos. Para a terceira idade, a atividade física
traz benefícios como a prevenção da osteoporose e a manutenção da massa muscular, possibilitando mais
força, flexibilidade e equilíbrio para realizar tarefas do dia a dia, além de uma melhor autoestima e maior
consciência corporal.

10 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Saúde e atividade física
Capítulo 1: Medicina preventiva

EDU. FÍSICA
01. A partir da leitura realizada até aqui responda: como os principais fatores de risco à saúde podem inviabilizar a medicina preventiva?
02. Quais as consequências de um estilo de vida sedentário?
03. Levante hipóteses: qual medida seria considerada preventiva contra o estresse?
04. Explique por que a atividade física é considerada a melhor prevenção.

Áreas de atuação da Medicina

A Medicina é formalmente dividida em 3 áreas: a Medicina Curativa, esta que todos conhecemos e que é subdivida em 54 especialidades
atualmente reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina (Cardiologia, Neurologia, Endocrinologia, Psiquiatria, Geriatria entre outros.); a
Medicina Normativa, que procura estabelecer uma ordem legal através do que existe na interface da Ciência e da Ética, do Direito e da Medicina,
sendo formada por médicos especializados em Medicina Legal, Perícia Médica e por Médicos com funções variadas nos Conselhos Regionais
e Federal de Medicina; e a Medicina Preventiva, que por sua vez responde através de medidas institucionais (Vacinações, Saneamento básico,
informações para a população sobre doenças e como evitá–las etc.) e medidas individuais com orientação médica (como para o abandono do
tabagismo e do álcool, do de sedentarismo, orientações dietéticas, controle do peso, atividade física regular e orientações na alimentação) a fim
de evitar o surgimento de moléstias e epidemias. Prevenir doenças, evitar que as já existentes se agravem e, desta forma, diminuir a demanda
em hospitais, são alguns dos objetivos da medicina preventiva, área que já é especialidade médica no Brasil, e no entanto, o assunto ainda é
novo para a maioria das pessoas.
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FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

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Referências bibliográficas
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Unijuí, 2005.
ROSE, Geoffrey. Estratégias da Medicina Preventiva. Porto Alegre: ARTMED, 2010.
GONÇALVES, Maria Augusta Salim. Sentir, pensar, agir: corporeidade e educação. Campinas: Papirus, 1994.
LOVISOLO, H. Atividade Física, educação e saúde. Rio de Janeiro: Sprint, 2000.
MATSUDO, V. K.R. Programa Agita São Paulo. São Paulo: Celafics,1998.
NOBRE, Fernando. Medicina de Consultório: Prevenção, Diagnóstico, Tratamento e Gestão. São Paulo: Ma-
nole, 2009.
NOGUEIRA, L.; PALMA, A. Reflexões acerca das políticas de promoção de atividade física e saúde: uma
questão histórica. In: Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, maio/2003.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 11
Saúde e atividade física
Capítulo 1: Medicina preventiva
EDU. FÍSICA

MEDICINA PREVENTIVA

Medicina preventiva e saúde

As condições de saúde e qualidade de vida têm melhorado de forma contínua e sustentada nas últimas décadas.
Estudos de diferentes autores e os relatórios sobre a saúde mundial e da região das Américas são conclusivos a esse
respeito. No Brasil, por exemplo, a expectativa de vida em 2015 era de 75,5 anos. De 1940 a 2015, o acréscimo foi
de 30 anos. O aumento da expectativa de vida é um dos indícios de melhora da qualidade de vida e da saúde geral da
população. Na atualidade, o conceito de saúde engloba ações no que diz respeito à promoção da saúde, à prevenção
das doenças e ao seu eventual tratamento, baseados nas condições de saúde. Estas condições estão intimamen-
te relacionadas com a qualidade de vida, alimentação, nutrição, educação, habitação, saneamento, recreação e
condições agradáveis no lar e no trabalho, estilo de vida responsável e um espectro adequado de cuidados de saúde.
Quando se fala, então, em medicina preventiva, fala-se em uma medicina direcionada à prevenção das doenças,
visando estabelecer uma condição de vida saudável, ao invés de tratar as doenças que eventualmente acometeriam
o indivíduo não saudável, evitando assim maiores prejuízos. Fazem parte da medicina preventiva os programas de
vacinação, projetos de atividade física ou emagrecimento, promoção de hábitos de vida saudáveis, monitoramento
periódico de colesterol, câncer ou diabetes, aconselhamento médico para prevenir que doenças se instalem etc.

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
Em resumo, tudo o que se possa fazer em favor da saúde antes da ocorrência de qualquer enfermidade pode ser
considerado como medicina preventiva e, por isso, o individuo tem um papel fundamental nesse cenário, pois fazer
check-ups regulares é uma das melhores ferramentas para manutenção da saúde e prevenção de doenças.
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Prevenção de doenças e promoção da saúde

Não há nenhuma razão biológica conhecida que justifique por que cada população tem um índice próprio de
vulnerabilidade/resistência a determinadas patologias. Segundo Rudolf Virchow, as epidemias aparecem e frequen-
temente desaparecem sem deixar traços quando um novo período cultural se inicia; assim foi com a lepra e outras
doenças infecciosas. Dessa forma, a história das epidemias é a história do distúrbio da cultura humana. Logo após
Virchow escrever isso, a doença arterial coronariana surgiu para se tornar a causa mais comum de morte nos países
ocidentais. Em cidades de expansão econômica recente, como Hong Kong, o velho padrão histórico de enfermidade
(a alta taxa de mortalidade infantil e dos adultos, que se devia principalmente às infecções) está agora dando lugar
a problemas de ataques cardíacos e úlcera duodenal. A escala e o padrão de incidência de uma doença refletem o
modo como as pessoas vivem e as suas circunstâncias sociais, econômicas e ambientais, e tudo isso pode mudar
rapidamente – o que implica, em tese, que a maioria das doenças é passível de prevenção.

Principais fatores de risco à saúde

São muitos os inimigos da saúde na atualidade. Os cinco principais fatores que comprometem a saúde e, em conse-
quência disso, inviabilizam as ações de medicina preventiva são: o sedentarismo, a alimentação inadequada, o uso
e abuso de drogas, os distúrbios do sono e o estresse. O sedentarismo é considerado por muitos estudiosos uma
das doenças do milênio (junto à obesidade, depressão etc.). Na verdade, o sedentarismo se caracteriza por um estilo
de vida regado a hábitos “preguiçosos”, decorrentes da contemporaneidade. Com a evolução da tecnologia e a ten-
dência cada vez maior de substituição das atividades ocupacionais que demandam gasto energético por facilidades
automatizadas, o ser humano adota cada vez mais a lei do menor esforço, reduzindo assim o consumo energético
de seu corpo. A alimentação inadequada é um dos maiores vilões da qualidade de vida, pois além de estar associada
à doenças orgânicas tradicionais (como o infarto, por exemplo), é responsável por males como o estresse e a obe-
sidade. O uso continuado de uma droga, além de levar à dependência, pode também determinar o aparecimento de
tolerância. A tolerância é resultante de uma adaptação do organismo exposto continuamente àquela substância. Desta
forma, o desenvolvimento de tolerância tem como consequência a necessidade de que o indivíduo utilize doses cada
vez maiores ao longo do tempo para a obtenção do mesmo efeito, dificultando assim a reabilitação. Os distúrbios
do sono (sendo a insônia o mais comum deles) são reflexo da má qualidade de vida e ao mesmo tempo causa dela:
quem não dorme bem, sofre de estresse; quem sofre de estresse, não dorme bem.

12 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Saúde e atividade física
Capítulo 1: Medicina preventiva

EDU. FÍSICA
SUGESTÃO DE PESQUISA: O peso do brasileiro está longe do ideal e, em pouco tempo, po-
derá ganhar proporções ainda maiores se hábitos saudáveis não
Há muito tempo que a Medicina já reconhece os radicais livres entrarem, definitivamente, no cardápio das famílias. A Pesquisa
como verdadeiros vilões do nosso organismo. Eles são átomos do Orçamento Familiar (POF), divulgada ontem pelo Instituto Bra-
ou moléculas livres dotados de cargas elétricas, resultantes, mui- sileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que o excesso
tas vezes, das próprias reações intracelulares, ou provenientes do de peso pode alcançar dois terços da população adulta no país
meio externo, que se mostram prejudiciais à saúde. São conse- em cerca de 10 anos e chegar a patamares semelhantes aos
quências do estresse, dos desvios alimentares, do fumo, das ati- dos Estados Unidos. Hoje, 49% dos brasileiros com 20 anos ou
vidades físicas exageradas e da poluição ambiental. Atualmente, mais têm sobrepeso. A projeção considerou os últimos seis anos,
estão sendo muito comentados, tendo em vista os avanços da período no qual a frequência de pessoas com problemas com a
Medicina Ortomolecular. balança aumentou em mais de um ponto percentual ao ano - foi
feito um comparativo entre a última POF, de 2002-2003, e a de
A partir do exposto, pesquise: 2008-2009.
(Jornal Estado de Minas, sábado 28 de agosto de 2010.)

01. De que maneira os radicais livres agem no organismo huma-


no? É possível evitá-los? Assinale, a seguir, a alternativa em que não se justificou corre-
tamente o grande aumento de peso da população brasileira, nos
02. Relacione exemplos de locais e formas de ação dos radicais últimos anos.
livres no organismo do homem.
(A) Está havendo uma tendência crescente de substituição de ali-
03. As condições de saúde e qualidade de vida têm melhorado mentos básicos e tradicionais na dieta brasileira - arroz, feijão e
É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

de forma contínua e sustentada nas últimas décadas. Estudos hortaliças - por bebidas e alimentos industrializados, como refri-
de diferentes autores e os relatórios sobre a saúde mundial e da gerantes, biscoitos, carnes processadas e comida pronta.
região das Américas são conclusivos a esse respeito. No Brasil, (B) Houve melhora na distribuição de renda nos últimos anos, o
por exemplo, a expectativa de vida em 2015 era de 75,5 anos. De que possibilitou para as populações, antes menos favorecidas, o
1940 a 2015, o acréscimo foi de 30 anos. O aumento da expecta- acesso a alimentos mais calóricos, como refrigerantes, sorvetes
tiva de vida é um dos indícios de melhora da qualidade de vida e e guloseimas em geral.

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da saúde geral da população. (C) Com a maioria da população brasileira vivendo em cidades e
tendo que trabalhar fora, houve um aumento de refeições em lan-
Com base na leitura realizada até aqui e o trecho acima, discorra chonetes, à base de salgadinhos, refrigerantes e fast-food, aliado,
sobre medicina preventiva e saúde pública. também, à diminuição das atividades físicas.
(D) Houve um grande aumento nas campanhas de vacinação e
04. Muitas das atividades diárias realizadas pela humanidade grandes melhorias nas áreas da saúde e da educação, além das
como a caça e a pesca estão relacionadas às atividades físicas. obras de saneamento básico que diminuem a incidência de várias
Na sociedade contemporânea, ocorre a diminuição do esforço fí- doenças na população.
sico e o aumento do sedentarismo, fazendo com que a atividade (E) Com a modernidade, as pessoas passaram a permanecer
física tenha, cada vez mais, uma relação estreita com a saúde. muitas horas no ambiente de trabalho, quase sempre sentadas,
Essas atividades podem estar sendo estimuladas nas aulas de além de perderem muito tempo na deslocação para o trabalho, o
Educação Física, dando oportunidade para todos. Sendo assim, que as deixa com pouca disponibilidade até mesmo mental para
são efeitos benéficos da atividade física: fazer exercícios físicos.

(A) Diminuição da atividade física, diminuição da força muscular, 07. A obesidade já pode ser considerada uma epidemia no Brasil.
diminuição da frequência cardíaca em repouso, aumento no volu- Segundo dados do IBGE, em 2010, quase metade da população
me sistólico, melhora do autoconceito e da autoestima. brasileira acima dos 20 anos está com sobrepeso. Isso tem acar-
(B) Diminuição da gordura corporal, incremento da força muscu- retado uma série de problemas de saúde conhecida como síndro-
lar, aumento da frequência cardíaca em repouso, diminuição no me metabólica. Sobre esse tema, assinale a alternativa correta.
volume sistólico, melhora do autoconceito e da autoestima.
(C) Diminuição no estilo de vida, incremento da força muscular, (A) Uma boa maneira de perder peso consiste em eliminar da dieta
diminuição da frequência cardíaca em repouso, aumento no volu- os carboidratos e praticar muita atividade física aeróbica.
me sistólico, melhora do autoconceito e da autoestima. (B) As proteínas têm sua digestão iniciada na boca, por ação da
(D) Diminuição da gordura corporal, incremento da força muscu- ptialina (amilase), dai a importância da mastigação.
lar, diminuição da frequência cardíaca em repouso, aumento no (C) O sedentarismo resulta em ganho de peso, devido ao aumento
volume sistólico, melhora do autoconceito e da autoestima. de massa muscular.
(E) Diminuição da gordura corporal, incremento da força muscu- (D) O açúcar ingerido em excesso é transformado em gordura
lar, diminuição da frequência cardíaca em repouso, diminuição no pelo fígado e se deposita sob a pele ou ao redor dos órgãos.
volume sistólico, melhora do autoconceito e da autoestima. (E) Como a quantidade de energia tende a aumentar ao longo da
cadeia alimentar, uma laranja tem menos calorias do que um filé.
05. Explique como a prática de atividade física pode auxiliar na
prevenção de doenças. 08. Você já pensou o que acontecerá com o seu corpo sem a
realização de atividades físicas? Segundo as informações do
06. BRASIL OBESO - UM PAÍS FORA DE FORMA IBGE, 80% da população brasileira vive nas cidades e mais de
60% dos adultos que vivem nessas áreas não praticam exercícios
físicos com a frequência adequada. Por esse motivo, é necessário

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 13
Saúde e atividade física
Capítulo 1: Medicina preventiva
EDU. FÍSICA

combater um problema que vem assumindo grande importância (A) à saúde física e mental.
em áreas urbanas, o sedentarismo. Pesquisas comprovam que (B) ao desempenho físico de alto nível.
o sedentarismo afeta aproximadamente 70% da população bra- (C) à performance de competição.
sileira, o que corresponde a uma porcentagem maior do que a (D) ao trinômio afetivo-cognitivo-psicomotor.
da obesidade, da hipertensão, do tabagismo, do diabetes e do (E) à competição diária pela vida.
colesterol alto; sendo assim, praticar atividades físicas é hoje uma
questão de saúde pública. Pensando nisso, pode-se afirmar que 12. Algumas características marcantes da modernidade, tais
uma consequência do sedentarismo é a: como alimentação industrializada com grande potencial engor-
dativo, meios de locomoção e máquinas que substituem o fazer
(A) ocorrência de acidentes vasculares que provocam a mistura humano, contribuem para o crescimento de doenças de origem
de sangue arterial e venoso nos ventrículos, resultando em defici- hipocinética. Esse fenômeno contemporâneo, já manifesto em
ência de oxigenação nos tecidos do corpo. crianças em idade escolar, é responsável por um estilo de vida:
(B) ocorrência constante de processos inflamatórios que resultam
no aumento de tamanho dos gânglios linfáticos, o que se conhece (A) mais sedentário e menos mórbido.
popularmente como cãibras. (B) mais mórbido e menos doentio.
(C) redução do volume de ar que cabe nos pulmões e da capaci- (C) menos ativo e mais sedentário.
dade de o coração bombear sangue para todo o corpo, o que afeta (D) mais moderno e menos ativo.
a oxigenação celular. (E) menos dinâmico e mais saudável.
(D) alteração do material genético ocasionando diminuição da mi-
neralização óssea, o que aumenta a osteoporose e os problemas 13. As horas excessivas perdidas para a televisão, o computa-
nas articulações. dor, as redes sociais etc. induzem a uma perigosa diminuição

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
(E) incidência de infarto agudo do miocárdio, devido ao aumento de atividades psicomotoras de muitas crianças e adolescentes.
da irrigação do músculo cardíaco pelo sangue contido no interior Esse contexto contribui para a geração de um estilo de vida ca-
do coração. racterizado pelo sedentarismo, pelo estresse e pela alimentação
inadequada, resultando num crescente aumento de doenças. O
09. A manutenção da estabilidade do ambiente fisiológico interno movimento é real e não virtual. A motricidade humana é a sensa-
de um organismo é exercida por diversos órgãos. Por exemplo, os ção, a emoção, a reflexão e:
| SISTEMA DINAMUS • ENSINO MÉDIO |

LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998


rins são responsáveis, entre outras coisas, pela estabilidade dos
níveis de sais, água e açúcar do sangue. Assinale a opção que in- (A) a plenitude do prazer e o êxtase.
dica corretamente o nome do mecanismo referido anteriormente: (B) o sublime bem-estar e o hedonismo.
(C) a satisfação plena e acabada.
(A) Homeotermia. (D) a possibilidade de comunicação e satisfação.
(B) Homeostase. (E) a realização plena e conquista.
(C) Organogênese.
(D) Ontogenia. 14. Em que sentido você compreende a afirmação de que, para
(E) Etologia. muitos, a “preocupação para com a saúde futura é um item de
luxo”? Explique.
10. Suponha que uma pesquisa relacionada com a saúde ocupa-
cional esteja sendo desenvolvida em determinada empresa. Nessa 15. Comente a passagem: “Dizem que o mundo tem dois tipos de
situação hipotética, a sua equipe deve apresentar, em um relatório, doenças: enfermidades dos que comem de menos e as doenças
os resultados que justifiquem a implantação de um programa de dos que comem mais do que o necessário.”
prevenção do estresse. Neste caso, seria mais adequado e útil que
a pesquisa permitisse:

(A) analisar e alterar o conteúdo das tarefas consideradas críticas


pelo empregado em situação de estresse.
(B) avaliar o grau de satisfação dos trabalhadores e determinar
aumento nos índices salariais.
(C) analisar o perfil profissional dos empregados e homogeneizar
critérios de capacidade pessoal para o desempenho no cargo.
(D) avaliar o clima organizacional e intervir no fator de provocação
do estresse.
(E) investigar a cultura da organização e definir requisitos qualitati-
vos para novos padrões de comportamento organizacional.

11. A qualidade de vida, entendida como fenômeno que se in-


ter-relaciona com as diversas dimensões do ser humano, deverá
receber a devida atenção na Educação Física escolar. Sua com-
preensão inclui aspectos como condições materiais, infraestru-
tura das comunidades, condições sociais, meio ambiente e um
aspecto muito relevante ligado:

14 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Hist. da Arte
Capítulo 1: Arte e o mito da beleza ideal na Grécia

Lei nº 9.610/98.
Este conteúdo pertence ao Dinamus Sistema de Ensino. Está vedada a cópia ou a reprodução não
autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados.
Violação de direito autoral cabe detenção de três meses a um ano, ou multa. Caracterização da
violação: reprodução por qualquer meio, de obra intelectual, no todo ou em parte.
História da Arte: ensino médio, 1ª série. Alagoas: Dinamus
Sistema de Ensino, 2022.

Obra em 1 v.

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO.


CNPJ: 11.582.953/0001-21
Rua Dr. Eurico Ayres, 53 - Tabuleiro do Martins
Maceió – AL.

Obra editada segundo a Base Nacional Comum Curricular para o Ensino Médio, homo-
logado pela Portaria nº 1.570, publicada no D.O.U. de 2017.
1 Arte e o mito
da beleza ideal
na Grécia

A arte grega antiga


Apontada como o berço da civilização ocidental, a Grécia Antiga marcou
profundamente o modo como encaramos e reproduzimos a arte, a cultura e as
próprias relações humanas, sociais e políticas.
O seu legado é extremamente vasto e continua presente no nosso cotidiano,
tratando-se de uma influência riquíssima e atemporal que merece ser explo-
rada com atenção.
Entendemos a arte grega antiga como o conjunto de produções artísticas
que foram criadas pelo povo grego durante os períodos geométrico (900 a.C.
e 750 a.C.), arcaico (800 a.C. a 500 a.C.), clássico (500 a.C. e 338 a.C.) e hele-
nístico (323 a.C. e 146 a.C.). Importa reforçar que estes diferentes intervalos
temporais se traduziram em vários contextos e preceitos que se refletiram nas
próprias obras.
No centro da cultura grega estava o ser humano, as suas experiências e
também a sua busca pela verdade e pelo conhecimento. De fato, até os pró-
prios deuses exibiam condutas semelhantes às dos humanos, com suas qua-
lidades e defeitos.
A arte desta época é marcada pelo antropocentrismo e pelo racionalismo,
com o foco no presente e também naquilo que é natural, belo e harmonioso.
Estas manifestações foram múltiplas e se tornaram referências incontornáveis
na nossa cultura.
Em síntese, as produções artísticas da Grécia Antiga se caracterizavam por
valores como o equilíbrio, a simetria e a harmonia, buscando sempre aquilo
que era belo e perfeito.
Embora tivesse fortes ligações com a religião, as cerimônias e os rituais,
esta arte (como, de resto, a própria cultura grega) estava sempre ancorada no
ser humano, na sua figura e nas suas experiências.
Para um resumo detalhado sobre a arte na Grécia Antiga, acesse o link no
QR code estampado no topo desta página.

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ção da violação: reprodução por qualquer meio, de obra intelectual, no todo ou em parte.
Grécia Antiga
Capítulo 1: Arte e o mito da beleza ideal na Grécia

Sumário
Introdução_03
A arte na Grécia Antiga_03
O teatro clássico_06
O estádio grego_06
A literatura grega antiga_07
O mito da beleza ideal na Grécia_09
Referências_11

Arte _Contexto

01. De acordo com o texto inicial, em que estava centrada a arte grega antiga?
02. Quais eram as características principais da arte desenvolvida na Grécia do chamado Período Clás-
sico?
HIST. DA ARTE

03. Observe as imagens a seguir:

Com base nas gravuras, reflita a respeito da


Antiguidade Clássica e analise as afirmati-
vas a seguir.

I. A Civilização Grega não sofreu influência dos egípcios nem dos povos do Oriente Médio. Sua cultura
esgotou-se entre os gregos e sua originalidade foi reconhecida apenas com o Renascimento Cultural.
II. A arte do período clássico evidenciou o ideal grego de harmonia e equilíbrio, percebido tanto na re-
presentação da figura humana quanto no projeto de sociedade, a pólis.
III. A arte do período helenístico expressou uma dramaticidade que pode ser entendida como expressão
das tensões do mundo grego da época: a derrocada da pólis autônoma e independente e a formação
de grandes reinos.
IV. Ao conquistar e dominar as cidades gregas, o Império Romano manteve o seu projeto original (oriun-
do das culturas itálicas) e ignorou a cultura helênica.

Está(ão) correta(s)

(A) apenas I e II. (B) apenas II e III. (C) apenas I, II e III. (D) apenas III e IV. (E) apenas IV.

2 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Grécia Antiga
Capítulo 1: Arte e o mito da beleza ideal na Grécia

A arte na Antiguidade
Introdução

Na História da Arte, o termo Arte Antiga refere-se à arte desenvolvida pelas civilizações antigas após a
criação da escrita e que se estende até o paleocristão (cristianismo primitivo).
Quando adentramos o estudo da Antiguidade (ou Idade Antiga), é bastante comum ouvir dizer que esse
período histórico é marcado pelo surgimento das primeiras civilizações.
O surgimento das primeiras civilizações simplesmente demarca a existência de uma série de característi-
cas específicas. Em geral, uma civilização se forma quando apontamos a existência de instituições políticas
complexas, uma hierarquia social diversificada e de outros sistemas e convenções que se aplicam largamen-
te a uma comunidade.
Reportando-se ao Mundo Oriental, podemos assinalar o desenvolvimento das milenares civilizações chi-
nesa e indiana. Partindo mais a oeste, localizamos a formação da civilização egípcia e dos vários povos
que dominaram a região da Mesopotâmia, localizada nas proximidades dos rios Tigre e Eufrates. Também
conhecidas como civilizações hidráulicas, essas culturas agruparam largas populações que sobreviviam da
exploração das águas e terras férteis presentes na beira dos rios.
Na parte Ocidental do planeta, costuma-se dar amplo destaque ao surgimento da civilização greco-ro-
mana. O prestígio dado a gregos e romanos justifica-se pela forte e visível influência que estes povos tiveram
na formação dos vários conceitos, instituições e costumes que permeiam o Ocidente como um todo.
No continente americano, "descoberto" durante a Idade Moderna, damos destaque às chamadas civiliza-
ções pré-colombianas – maias, astecas, incas e olmecas –, que aqui habitavam muito antes da conquista
pelos europeus e, à sua maneira, também ofereceram imensa contribuição à humanidade.
Nesta unidade, nosso foco recai sobre a arte desenvolvida na chamada Antiguidade Clássica, isto é, a arte
grega antiga.

Antiguidade Clássica

A Antiguidade Clássica (Era Clássica, Período Clássico ou Idade Clássica) é


o período da história ocidental que vai do século VIII a.C. até o século V d.C., nele
compreendidas as civilizações entrelaçadas da Grécia Antiga e da Roma Antiga,
conhecidas como civilização antiga ocidental.

HIST. DA ARTE
É o período em que as sociedades greco-romanas floresceram e exerceram
grande influência em toda a Europa, norte da África e Ásia ocidental.
A cultura dos gregos antigos, juntamente com algumas influências do Oriente
Próximo, foi a base da arte, filosofia, sociedade e educação até o período imperial
romano. Os romanos preservaram, imitaram e espalharam sobre a Europa esses
ideais até que pudessem rivalizar competitivamente com a cultura grega, à medida
que a língua latina se difundia e o mundo clássico se tornava bilíngue – grego e
latim.
Esta fundação cultural greco-romana influenciou imensamente a língua, políti-
ca, o direito, os sistemas educacionais, a filosofia, ciência, guerra, poesia, historio- Figura 1. Homero (928-898 a.C.).
Representação idealizada feita no período helenístico.
grafia, ética, retórica, arte e arquitetura do mundo moderno. FONTE: https://pt.wikipedia.org/wiki/Homero#/me-
dia/Ficheiro:Homer_British_Museum.jpg
A Antiguidade Clássica tem seu marco inicial com a redação da Ilíada (c.800
a.C.), do poeta Homero, até o declínio do Império Romano Ocidental (c.500 d.C.).

A arte na Grécia Antiga


Antropocentrismo
Opondo-se à ideia do teo-
centrismo (que defendia que Os gregos foram o povo de produção cultural mais livre da antiguidade oci-
Deus seria o centro de todas dental, não se submetendo a sacerdotes ou reis, valorizando as ações humanas
as coisas), nasceu o antro-
pocentrismo, uma ideia que (pois consideravam o homem a criatura mais importante do universo - antropo-
advoga pela superioridade do cêntricos, portanto), e esse comportamento social fez com que o conhecimento
homem sobre todas as coisas, por meio da razão (faculdade humana) se colocasse acima da fé em divindades
colocando-o no centro do
universo (anthropos = homem; (ainda que os gregos antigos fossem politeístas).
kentron = centro). O antropo- A arte grega é antropocêntrica, ou seja, preocupada com o realismo/natu-
centrismo foi a principal ideia ralismo, que procura exaltar a beleza humana, destacando a perfeição de suas
do humanismo renascentista,
que retomava os ideais greco- formas. É ainda uma arte racionalista, refletindo em suas manifestações as ob-
-romanos de ciência, cultura, servações concretas dos elementos que envolvem o homem e sua vida.
beleza etc., afastando-se Na formação inicial do povo grego antigo, participaram os aqueus, jônios, dó-
radicalmente do teocentrismo
medieval. Os renascentistas rios e eólios, que depois foram reunindo-se em grupos mais ou menos organiza-
defensores do antropocen- dos, chamados polis (cidades-estado), das quais destacam-se Atenas e Esparta.
trismo “pregavam” a razão, o Do ponto de vista de sua produção artística, são relevantes os seguintes perí-
homem e a matéria.
odos históricos da Grécia Antiga:

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 3


Grécia Antiga
Capítulo 1: Arte e o mito da beleza ideal na Grécia

• Período homérico: esse período é estudado principalmente com base em duas fontes escritas, a
Arte grega clássica Ilíada e a Odisseia, poemas épicos atribuídos a Homero, que narram a Guerra de Troia e o regresso
Na Idade Antiga, a arte do herói Odisseu (Ulisses) à sua terra natal, Ítaca. (776 a.C.);
grega ficou marcada por • Período arcaico: compreendido entre a formação das cidades-Estados – em meados do século VII
seu caráter extremamente
intelectual e idealis- a.C. –, até a época das Guerras greco-pérsicas, no século V a.C.;
ta. Acima das questões • Período clássico: vai das Guerras greco-pérsicas até o fim da Guerra do Pe-
religiosas, que também loponeso (século V a.C. a IV a.C.).;
eram consideradas, os
gregos antigos procura- • Período helenístico: do século III a.C. até o século II a.C.
vam o equilíbrio, o ritmo,
a harmonia da perfeição. Escultura grega antiga
Tanto a cultura grega
quanto a romana fazem
parte do período Clássico Diferentemente dos egípcios, que eram realistas/naturalistas ao es-
da História Ocidental. culpir, os gregos eram idealistas: achavam que a estátua representando
o homem deveria ser mais que semelhante, deveria ser um objeto belo
por si mesmo. Os gregos deram lugar ao movimento na escultura.
A arte grega é marcada pela sua escultura, muito explorada no final do século
VII a.C. No período arcaico, eles começaram a esculpir e mostrar a influência que
a escultura egípcia tinha sobre eles. As estátuas eram perfeitamente esculpidas
em mármore (cujo modelo de peça mais comum era o Kouros, que significa ho-
mem jovem). O escultor fazia com que a rocha esculpida se transformasse numa
estátua quase que idêntica à pessoa nela representada (havia certa des-
proporção entre as partes do corpo, sendo as mais valorizadas, maiores; e
as menos valorizadas, menores).
O escultor grego clássico valorizava a simetria natural, e assim como
os egípcios, e ele esculpia a figura numa posição frontal. Mas, a escultu-
ra grega possuía a cabeça mais levantada, como em pose; o corpo
descansava sobre uma das pernas e um quadril era um pouco
mais alto que o outro. Um exemplo é o Éfebo de Crítios.
Como o mármore se quebrava facilmente, por ser pesado,
foi aos poucos substituído pelo bronze, mais leve e que permi-
tia dar mais movimento à escultura. Um exemplo é a escultura
do Zeus Artemísio, em que braços e pernas traduzem
Figura 2. Kouros Kroisos.
HIST. DA ARTE

movimento; porém, seu tronco era imóvel. 500 a.C. O kouros designa um tipo de
estátua da Grécia Antiga, representando
O problema da imobilidade do tronco, já superado um jovem do sexo masculino. Este kouros
é, supostamente, um tributo a um jovem
na estátua Discóbolo de Miron, foi resolvido de vez a guerreiro (Kroisos), morto em alguma
partir de Policleto, em sua escultura Doríforo, mos- batalha grega.

trando um homem pronto a dar um passo. FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

Arquitetura grega antiga

Os templos construídos para proteger as esculturas dos deuses são o


grande destaque arquitetônico dos gregos. Predomina nas constru-
Figura 3. Éfebo de Crítio.
ções uma forte noção de simetria.
Escultura de transição entre o período As colunas eram construídas segundo os modelos das or-
Arcaico e o período Clássico, considerada
uma peça fundamental no entendimento dens dórica (mais simples e maciça), jônica (mais ornamen-
da evolução do estilo de representação na-
turalista do corpo humano entre os gregos. tada, mais detalhada e com mais leveza), e no final do século
V a.C., foi criado o capitel coríntio.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.
Ao longo da evolução da arquitetura, os elementos que
compunham as colunas, junto com o entablamento, poderiam
variar, tanto é que foi criado um capitel coríntio para ser colocado no lugar de um
capitel da ordem jônica, para enriquecê-la.
Havia um espaço chamado frontal, um telhado grego ornamentado por escultu-
ras (tanto na parte da frente quanto atrás do templo). Outra decoração se encontra-
va nas métopas, que eram decoradas com relevos de esculturas, e também no friso.
A utilização de colunas de pedra é uma das características marcantes da arquite-
tura grega, sendo responsável pelo aspecto monumental das construções.

A princípio, as colunas obedeceram a dois estilos: o Dórico, mais simples e


“mais pesado”, e o Jônico, considerado “mais suave”. No século V surgiu o estilo
Coríntio, considerado mais ornamentado, refinado. Foi neste século V, também
conhecido como século de ouro ou ainda século de Péricles, que a arquite- Figura 4. Doríforo de Policleto.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.
tura conheceu seu maior desenvolvimento, tendo como grande exemplo o
Partenon de Atenas, do arquiteto Ictino.

4 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Grécia Antiga
Capítulo 1: Arte e o mito da beleza ideal na Grécia

_Capitel

O capitel é a extremidade superior de uma coluna, de um pilar ou de uma pilastra, cuja função mecânica
é transmitir os esforços para o encontro do capitel com a base do teto (fuste). Este capitel poderia ser ornado
conforme o estilo da época:

• Dórico: mais antigo, possuía linhas retas e simples. Esse tipo de ordem não possui base, tem o fuste canela-
do (estrias ou sulcos verticais nas colunas) e o capitel é suporte para um ábaco quadrado;
• Jônico: mais elegante, possui linhas curvas e delicadas. Seu capitel é ornado por duas volutas (espirais)
laterais, com acabamento frisado e base simples;
• Coríntio: uma variação mais rebuscada e floreada da ordem jônica, com precisão de detalhes voltados à
impressão de luxo e domínio.

Além disso, existia a possibilidade de se trabalhar com as chamadas cariátides (colunas que simulavam cor-
pos femininos).

Figura 5. Detalhes de capitéis gregos antigos.


Na sequência, estilo dórico, jônico, coríntio e cariátides.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

Pintura grega antiga

A pintura grega foi utilizada para decorar a arquitetura, nas


métopas, substituindo as esculturas, e principalmente na cerâmi-

HIST. DA ARTE
ca. Havia um equilíbrio entre os vasos e a pintura.
As métopas eram elementos deco-
rativos típicos das construções em esti-
lo dórico. Consistiam em placas simples
ou decoradas, podendo narrar uma cena
ou história da mitologia grega. No caso
do Partenon, um dos mais emblemáticos
templos gregos, existiam 92 métopas ori-
ginalmente.
Além dos rituais religiosos, os vasos eram
usados para armazenar água, vinho, azeite e
mantimentos. As pinturas dos vasos represen-
tavam cenas cotidianas e da mitologia.
Pessoas e cenas mitológicas eram repre-
sentadas na pintura, com uma técnica em que
Figura 7. Hídria de figuras vermelhas.
o pintor fazia as imagens em preto e com um 360–350 a.C.
FONTE: https://upload.wikimedia.org.
instrumento pontiagudo.
Figura 6. Aquiles e Ajax jogando.
Vaso de cerâmica decorado com pintura grega
antiga (540-530 a.C.).
Figura 8. Uma das métopas no Partenon.
FONTE: http://www.christusrex.org. Todos as noventa e duas métopas do Partenon
foram esculpidos em alto relevo com cenas da
mitologia grega. O tema das métopas sobrevi-
ventes no lado sul é uma luta entre centauros e
O maior pintor da arte grega foi Exé- pessoas de Lapith, que deveriam viver no norte
da Grécia.
quias, que teve como uma das principais
e famosas obras Aquiles e Ajax jogando, FONTE: https://www.historiadasartes.com.

dispondo os personagens de forma harmo-


niosa.
No ano 530 a.C., um discípulo dele re-
volucionou a forma de pintar em vasos:
deixou o fundo negro e as figuras ficaram
vermelhas, na cor do barro cozido, dando
mais vivacidade às imagens.

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 5


Grécia Antiga
Capítulo 1: Arte e o mito da beleza ideal na Grécia

O teatro clássico

O teatro como o conhecemos hoje nasceu na Grécia Clássica,


como homenagem ao deus do vinho, das festas e da loucura, Dio-
nísio. Um dos primeiros textos teatrais foi Antígona, de Sófocles, que
narra a disputa entre os dois filhos de Édipo a fim de assumirem o
trono de Tebas.
Peças do gênero tragédia serviam como meio de ensino e rea-
firmavam a cultura do povo grego. Depois surgiu o gênero comédia,
que servia basicamente como distração para as massas.
Todos os teatros gregos eram construções ao ar livre. Os primeiros
teatros eram bastante simples − possuíam uma orquestra, em terra
batida, que ficava no ponto mais baixo; bancadas em madeira dis-
postas em semicírculos nas vertentes naturais do terreno onde eram
construídas (a cávea eram as bancadas simples para o público no
geral; por baixo desta, em frente à orquestra, encontravam-se os
bancos suntuosos dos magistrados e altos membros da sociedade
Figura 9. Teatro de Segesta, Sicília.
Construção do período arcaico (século V a.C.). O teatro grego nasceu no século VII grega); e um palco ou cena, espécie de estrado com uma tenda que
a.C., revestindo-se de grande importância entre os gregos de então. servia de cenário e camarim aos atores.
FONTE: https://upload.wikimedia.org.

O teatro se consolidou entre 550 a.C. e 220 a.C., sendo cultivado em especial em Atenas, e espalhou-se por
toda a área de influência grega – desde a Ásia Menor até a Magna Grécia e o norte da África.
Nas celebrações Dionisíacas, que duravam cerca de uma semana, as pessoas bebiam, cantavam e dança-
vam. Com o passar do tempo, as festividades foram evoluindo em termos de organização e elaboração, até
chegar ao que hoje conhecemos como o teatro, com enredo, atores, plateia, encenações etc.
Inúmeros festivais de teatro fizeram parte da Grécia Antiga e eram apresentados durante o dia todo (mui-
tos duravam vários dias).

As máscaras

As máscaras eram um instrumento essencial no figurino dos ato-


res. Como as mulheres não participavam das atuações (pois não eram
HIST. DA ARTE

consideradas cidadãs da pólis), as máscaras, antes utilizadas como


artefatos ritualísticos, podiam representar personagens de ambos os
sexos.
A máscara teatral era confeccionada de materiais como orgânicos,
como folhas, madeira, argila e couro. Eram feitas de modo que toda
a face do ator ficasse coberta, exceto os olhos e a boca. Suas funções
em cena eram variadas, mas principalmente davam ao ator traços ex-
pressivos acentuados, para que todo o público pudesse assimilar as
intenções e o caráter do personagem.
Os teatros eram a céu aberto e aglomeravam muita gente. O pú-
Figura 10. Máscaras teatrais gregas.
As máscaras de teatro representavam sentimentos e emoções exageradas, blico ficava longe do palco e por isso era necessário evidenciar as ca-
mas de reconhecimento universal. Na tragédia encenavam temas de natu-
reza humana e realçavam o controle que os deuses tinham sobre o destino
racterísticas dos personagens usando as máscaras, como espécie de
de todos. A comédia criticava a política e a sociedade de Atenas. amplificador das suas expressões. Os artefatos também possuíam um
FONTE: https://filosofiapopcom.files.wordpress.com/2019/10/mascarasgre- cone que se encaixava na boca, para aumentar o alcance das vozes.
gasparede.jpg?w=1100

O estádio grego

Os estádios gregos eram construções dedicadas à prática de jogos. A formação escolar grega incluía, além
do teatro, aprender a ler, escrever, contar, tocar instrumentos, cantar, recitar, dançar e praticar exercícios físi-
cos em ginásios, a fim de se prepararem para a guerra e também para os jogos.
Nesses jogos só podiam participar os cidadãos gregos que fossem membros da "boa sociedade" e tivessem
boa consciência para com os homens e para com os deuses; deste modo os atletas não eram profissionais.
Os melhores recebiam coroas de oliveira ou de loureiro e a admiração e estima dos seus compatriotas,
por terem conseguido ultrapassar os seus próprios limites na procura da excelência, atingindo o supremo
valor do pensamento grego. Além disso, eram imortalizados pelos poetas nos seus cantos de vitória e pelos
escultores nas suas estátuas.
Os chamados Jogos Olímpicos (receberam esse nome pela cidade que os sediava, Olímpia) têm origem
nessa sociedade grega antiga (surgiram no século VIII a.C.), que valorizava o físico e as capacidades huma-
nas, consistindo numa série de competições realizadas entre representantes de várias pólis. Na programação
predominavam os eventos atléticos, mas também havia os combates e as corridas de bigas.

6 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Grécia Antiga
Capítulo 1: Arte e o mito da beleza ideal na Grécia

A origem destes Jogos Olímpicos é (como tudo na Grécia anterior à


Filosofia) mitológica. Um dos mitos mais populares identifica Hércules e
Zeus, seu pai, como os progenitores dos Jogos.
Segundo a lenda, foi Hércules quem primeiro chamou os Jogos "Olím-
picos" e estabeleceu o costume de explorá-los a cada quatro anos. Após
Hércules ter completado seus doze trabalhos, ele construiu o Estádio
Olímpico como uma honraria a seu pai.
No século IV a.C., por inúmeras razões (sobretudo a religiosas), as
competições desportivas decaíram e os atletas passaram a ter formação
profissional. Em 393 a.C., o imperador romano Teodósio proibiu esses jo-
gos, considerando-os pagãos.
O interesse grego em reviver os Jogos Olímpicos começou com a
guerra de independência da Grécia contra o Império Otomano, em 1821. Figura 11. Estádio de Delphi, na Grécia.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.
Foi proposto pela primeira vez pelo poeta e editor de jornal Panagio-
tis Soutsos, em seu poema Diálogo dos Mortos, publicado em 1833.
Evangelis Zappas, um rico filantropo grego, escreveu pela primeira vez ao Rei Oto da Grécia, em 1856,
ofertando fundos para financiar o renascimento permanente dos Jogos Olímpicos. Zappas patrocinou os pri-
meiros Jogos Olímpicos em 1859, que foram realizados na cidade de Atenas. Participaram atletas da Grécia e
do Império Otomano. Zappas financiou a restauração do antigo Estádio Panathinaiko (ou Panatenaico) para
que pudesse acolher todos os futuros Jogos Olímpicos.

HIST. DA ARTE
Figura 12. Estádio Panatenaico (foto de 2004).
Também chamado Calimármaro, é um estádio de atletismo situado em Atenas, construído inteiramente em mármore branco do Monte Pentélico. É um dos
estádios mais antigos do mundo (construído em 566 a.C.).

FONTE: https://pt.wikipedia.org/wiki/Est%C3%A1dio_Panatenaico#/media/Ficheiro:Kallimarmaron_stadium.JPG

O Estádio Panathinaiko sediou Jogos Olímpicos em 1870 e em 1875. Trinta mil espectadores lotaram o
estádio e seu entorno em 1870 (maior do que quase todo o público nos Jogos Olímpicos da era moderna de
1900 a 1920).
Em 1890, depois de assistir os Jogos Anuais da Sociedade Olímpica de Wenlock, o Barão Pierre de Cou-
bertin se inspirou em fundar o Comitê Olímpico Internacional (COI). Coubertin se baseou nas ideias e no
trabalho de Zappas com o objetivo de estabelecer rotação internacional aos Jogos Olímpicos, que ocorre-
riam a cada quatro anos.
Ele apresentou essas ideias durante o primeiro Congresso Olímpico do recém-criado Comitê Olímpico
Internacional. Esta reunião foi realizada de 16 a 23 junho de 1894, na Universidade Sorbonne, em Paris. No
último dia do congresso, foi decidido que os primeiros Jogos Olímpicos, a entrar sob os ditames do COI, teria
lugar dois anos mais tarde, em Atenas. O COI elegeu o escritor grego Dimítrios Vikélas como seu primeiro
presidente.

A literatura grega antiga

Precursora na Europa, a literatura grega lançou, no curso de sua evolução, os alicerces de quase todos os
gêneros literários.
Assimilados pelos romanos, os grandes escritores gregos da antiguidade, junto com os clássicos latinos,
passaram a ser considerados modelos universais, e deles provém certamente toda a tradição literária oci-
dental.
Distribuída em três grandes períodos – o da antiguidade, o bizantino e o moderno – a literatura grega
abordou, no teatro e na poesia, na filosofia e no texto religioso, todos os grandes mitos e temas cruciais da
humanidade.

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 7


Grécia Antiga
Capítulo 1: Arte e o mito da beleza ideal na Grécia

Antiguidade: Ilíada e Odisseia

A partir do emprego da escrita, por volta do século VIII a.C., começaram a germinar os primeiros textos
literários antigos. A chamada literatura antiga, período da maior importância para a história das letras oci-
dentais, divide-se nas épocas arcaica (até o fim do século VI a.C.), clássica (séculos V e IV a.C.), e helenística
e greco-romana (a partir do século III a.C.).
Antes mesmo de utilizarem a escrita para fins literários, os gregos já faziam poesia para ser cantada ou
recitada. Seus temas eram os mitos, em parte lendários, baseados na memória difusa de eventos históricos,
além de um pouco de folclore e de especulação religiosa primitiva. Os mitos, porém, não se vinculavam a
qualquer dogma religioso e, embora muitos fossem deuses ou grandes heróis mortais, não eram autoritários
e podiam ter seu perfil alterado por um poeta que desejasse expressar novos conceitos.
Assim, bem cedo o pensamento grego começou a progredir, na medida em que os poetas reelaboravam
suas fontes. A esse estágio inicial, denominado época arcaica, pertencem os épicos atribuídos a Homero, a
Ilíada e a Odisseia, que recontam histórias entremeadas de mitos da época micênica. A poesia didática de
Hesíodo (c. 700 a.C.), provavelmente posterior aos épicos de Homero, embora com diferentes temas e trata-
mentos, deu continuidade à tradição épica.
Livro fundador da literatura ocidental, a Ilíada narra a tragédia de Aquiles e a Guerra de Troia. A Ilíada
parece se tratar, pelo título, apenas de um breve incidente ocorrido no cerco dos gregos à cidade troiana de
Ílion, a crônica de aproximadamente cinquenta dias de uma guerra que durou dez anos.
No entanto, graças à maestria de seu autor, essa janela no tempo se abre para paisagens vastíssimas, re-
pletas de personagens e eventos que ficariam marcados para sempre no imaginário ocidental. É nesse épico
homérico que surgem figuras como Páris, Helena, Heitor, Ulisses, Aquiles e Agamêmnon, e em seus versos
somos transportados diretamente para a intimidade dos deuses, com suas relações familiares complexas e
às vezes cômicas.

Mas, acima de tudo, a Ilíada é a narrativa da tragédia de


Aquiles. Irritado com Agamêmnon, líder da coalizão grega,
por seus desmandos na guerra, o célebre semideus se retira
da batalha, e os troianos passam a impor grandes derrotas
aos gregos.
Inconformado com a reviravolta, seu escudeiro Pátro-
clo volta ao combate e acaba morto por Heitor. Cego pelo
HIST. DA ARTE

ódio, Aquiles retorna à carga sedento por vingança, apesar


de todas as previsões sinistras dos oráculos. Morre lutando
heroicamente, acertado em seu ponto fraco, o calcanhar.
O título Ilíada deriva de Ílion, palavra grega que nos re-
mete à cidade de Troia. O longo poema bélico, dividido em
24 cantos, narra os episódios do nono ano da guerra entre
gregos e troianos.
As batalhas iniciadas quando Helena, esposa do rei de
Esparta, é raptada por Páris, príncipe de Troia, desenca-
deiam também um duelo entre deuses e humanos.
A Ilíada influenciou fortemente a cultura clássica, sendo
Figura 13. A fúria de Aquiles, de Giovanni Battista Tiepolo. estudada e discutida na Grécia Antiga (onde era parte da
Aquiles é o único mortal a experimentar a ira devoradora; se sua raiva pode, por vezes,
hesitar, noutros momentos ela não pode ser resfriada. A humanização de Aquiles através educação básica) e, posteriormente, no Império Romano.
dos eventos da guerra é um importante tema da narrativa da obra.
Sua influência pode ser sentida nos autores clássicos, como
FONTE: https://pt.wikipedia.org/wiki/Aquiles#/media/Ficheiro:The_Rage_of_Achil- na Eneida, de Virgílio.
les_by_Giovanni_Battista_Tiepolo.jpeg

A Odisseia, por sua vez, é uma continuação à Ilíada, e narra a volta de Odisseu (ou Ulisses, como ficou co-
nhecido na tradução latina), herói da Guerra de Troia, a sua terra natal, Ítaca, depois de vinte anos.
A narrativa se divide em três tempos principais: a situação de Penélope e do filho Telêmaco em Ítaca e a
viagem de Telêmaco; a narração das suas aventuras passadas (cativo de Calipso, canto das sereias, ciclope e
passagem pelo reino dos mortos); regresso de Odisseu a Ítaca e morte dos pretendentes.
Odisseu é obrigado a ir à guerra de Troia e deixa para trás sua esposa, Penélope, e seu filho de um mês de
idade, Telêmaco. A guerra dura 10 anos, e seu regresso, mais 17. Após a guerra, inicia-se a volta de Odisseu e
seus companheiros para seu reino, em Ítaca.
A esposa Penélope, que acreditava na volta do seu rei e marido, estava sendo pressionada por um grupo
de pessoas que queria tomar o poder local. Esse grupo dizia que Odisseu estava morto e que ela deveria se
casar com um dos “pretendentes” ao cargo de rei.
Com tamanha pressão, Telêmaco sai à procura do pai com alguns companheiros e estes vão para Esparta
e outras cidades, em busca de notícias que pudessem ajudar a rastrear os passos de Odisseu. Este, por uma
série de peripécias que enfrenta pelo caminho, tem seu regresso muitas vezes retardado.
Enquanto isso, em Ítaca, a rainha Penélope continuava sofrendo forte pressão dos pretendentes, já que
Odisseu e seu filho Telêmaco não retornavam. Assim, ela prometeu cozer um tapete: se o rei não retornasse

8 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Grécia Antiga
Capítulo 1: Arte e o mito da beleza ideal na Grécia

antes do seu acabamento, ela escolheria um pretendente. Mas decerto em razão do convívio com seu ma-
rido, o astuto Odisseu, Penélope cosia o tapete durante o dia e à noite o descosia, para poder ganhar mais
tempo, na esperança de que o rei retornasse.

Figura 14. Odisseu e as sereias, por John William Waterhouse, 1891.


Uma das muitas aventuras enfrentadas por Odisseu em seu retorno a Ítaca foi a passagem pela ilha das sereias, cujo exuberante canto atraía e levava à morte
todos os marinheiros que passavam nas proximidades do tempestuoso mar local. Conhecendo o perigo da travessia, Odisseu ordenou que todos os marinhei-
ros tampassem os ouvidos com cera, ao passo que ele era amarrado ao mastro da nau, para que ouvisse o canto sem ser levado.

FONTE: https://pt.wikipedia.org/wiki/Odisseia#/media/Ficheiro:John_William_Waterhouse_-_Ulysses_and_the_Sirens_(1891).jpg

Depois de uma jornada com muitas aventuras e revezes, Odisseu encontra Telêmaco e seu grupo e juntos
retornam a Ítaca. Avisado pelo filho sobre os pretendentes, Odisseu encontra a deusa Atena, que lhe diz que
se ele retornasse, seria morto pelos pretendentes, que não o reconheceriam.
Assim, a deusa o transforma em mendigo, disfarçando-o para que pudesse adentrar ao palácio sem ser
visto. Quando deste episódio, a trama de Penélope é descoberta e exige-se que faça a escolha de um pre-
tendente. Ela, novamente astuta, diz que escolherá aquele que conseguir retesar o arco do seu marido – mas
ninguém obteve sucesso.

HIST. DA ARTE
Por fim, chega Odisseu disfarçado e consegue o feito. Ele é logo reconhecido por sua esposa, que o aceita
como pretendente, para a revolta dos outros, que promovem uma verdadeira rebelião. Mas, tendo seu arco
em mãos, Odisseu consegue reprimir a revolta e retomar o seu lugar de rei depois de longa jornada.
Assim, com o restabelecimento da ordem, desvendamos o significado principal da Odisseia: o ideal de
belo e bom guerreiro, antes atribuído a Aquiles, também tem como modelo Odisseu, por sua destreza, astú-
cia, esperteza, inteligência e habilidade, tanto na guerra quanto no governo, sendo capaz de ordenar.
As narrativas do gênero épico de Homero, apresentando protagonistas honoráveis, tinham como intenção
que esse modelo (de homem respeitável, digno, corajoso) fosse imitado pelo cidadão grego de seu tempo.

O mito da beleza ideal na Grécia

Introdução

Falar sobre beleza significa considerar padrões estéticos que são sempre cultu-
rais e mudam ao longo do tempo e conforme as sociedades.
Há, portanto, uma história da beleza que, ao contrário do senso comum, não
se refere, necessariamente, à mulher ideal e nem à aparência física perfeita. Ao
contrário, o belo foi, por séculos, um qualificativo associado ao homem e aos atri-
butos ditos masculinos, e não à mulher, de modo que uma história da beleza é,
em princípio e por muito tempo, uma história masculina.
As mulheres não representavam a si mesmas, mas eram representadas por
homens e, portanto, as imagens de mulher e da beleza feminina foram, desde a
Antiguidade, construções do imaginário masculino.
O termo grego mais próximo para beleza ou belo é Kalón: "aquilo que agrada",
"que suscita admiração", "que atrai o olhar".
Os gregos antigos, contudo, não tinham uma definição clara sobre o que era a Figura 15. Catedral de Santa Maria del Fiore.
beleza. Associavam a beleza a outros valores. Para Platão de Atenas, por exem- Desde o Renascimento, a harmonia, simetria e propor-
ções corretas são consideradas elementos essenciais da
plo, a beleza estava na sabedoria; para Aristóteles, ser belo era ser virtuoso; para beleza universal.

o Oráculo de Delfos, na justiça. Nem mesmo Homero, que cantou a irresistível FONTE: https://pt.wikipedia.org/wiki/Beleza#/media/
Ficheiro:Cupola_di_santa_maria_del_fiore_dal_cam-
beleza de Helena de Troia, definiu a beleza, mas usou-a como justificativa para a panile_di_giotto,_02.JPG
Guerra de Troia.

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 9


Grécia Antiga
Capítulo 1: Arte e o mito da beleza ideal na Grécia

Embora o estilo e a moda variem amplamente, pesquisas com diferentes culturas encontraram uma va-
riedade de pontos em comum na percepção das pessoas sobre a beleza.

A mais antiga teoria ocidental de beleza pode ser encontrada nas obras dos
Proporção Áurea primeiros filósofos gregos pré-socráticos, tais como Pitágoras de Samos. A escola
Proporção áurea, número de ouro, número
áureo, secção áurea ou proporção de ouro pitagórica viu uma forte conexão entre a matemática e a beleza. Em particular,
é uma constante real algébrica irracio- eles observaram que os objetos com medidas de acordo com a proporção áurea
nal denotada pela letra grega ø (PHI), pareciam mais atraentes.
em homenagem ao escultor Phideas (ou
Fídias), que a teria utilizado para conceber A filosofia clássica e esculturas de homens e mulheres produzidos de acordo com
o Parthenon, e com o valor arredondado os princípios desses filósofos de ideal da beleza humana foram redescobertos no
a três casas decimais de 1,618. Também é Renascimento europeu, levando a uma readoção do que ficou conhecido como um
chamada de secção áurea (do latim sectio
aurea), razão áurea, razão de ouro, média e "ideal clássico".
extrema razão (Euclides), divina propor- Em termos de beleza humana feminina, uma mulher cuja aparência está em
ção, divina seção (do latim sectio divina), conformidade com esses princípios ainda é chamada de "beleza clássica" ou diz-se
proporção em extrema razão, divisão de
extrema razão ou áurea excelência. O que possui uma "beleza clássica", enquanto que as bases estabelecidas por artistas
número de ouro é ainda frequentemen- gregos e romanos também forneceram o padrão para a beleza masculina na civi-
te chamado razão de Phidias. Desde a lização ocidental.
Antiguidade, a proporção áurea é usada
na arte. É frequente a sua utilização em Durante a era gótica, o cânone estético clássico da beleza foi rejeitado como
pinturas renascentistas, como as do mes- pecaminoso. Somente Deus é belo e perfeito, enquanto o homem é falho pelo pe-
tre Giotto di Bondone. Este número está cado original e não pode alcançar nenhuma beleza em sua vida se não for através
envolvido com a natureza do crescimento.
Phi (não confundir com o número Pi (π), de Deus.
como é chamado o número de ouro, pode Mais tarde, a Renascença e o Humanismo rejeitaram essa visão, e consideraram a
ser encontrado de forma aproximada no beleza como um produto da ordem racional e da harmonia das proporções. Artistas
homem (o tamanho das falanges, ossos dos
dedos, por exemplo), nas colmeias, entre e arquitetos da Renascença criticaram o período gótico por ser irracional e bárbaro.
inúmeros outros exemplos que envolvem a Este ponto de vista sobre a arte gótica durou até o Romantismo, no século XIX.
ordem de crescimento na natureza. Justa- A Idade da Razão (ou Iluminismo) viu um aumento do interesse no estudo da
mente por ser encontrado em estudos de
crescimento, o número de ouro ganhou um beleza como um assunto filosófico. Para os iluministas que se ocuparam do tema,
status de "ideal". beleza é "unidade na variedade e variedade na unidade". Os poetas românticos tam-
bém tornaram-se altamente preocupados com a natureza da beleza, com John Ke-
ats argumentando em Ode a uma urna grega, que "Beleza é verdade, verdadeira
beleza, - isso é tudo. Sabeis na terra, e vós todos precisam saber".
Edmund Burke apontou as diferenças entre a beleza em seu sentido clássico e o sublime. O conceito de
HIST. DA ARTE

sublime de Burke e Immanuel Kant nos permitiu compreender que, mesmo a arte gótica e a arquitetura não
sendo sempre "simétricas" ou aderentes ao padrão clássico de beleza como o outro estilo, não é possível
dizer que a arte gótica é "feia" ou irracional: é apenas uma outra categoria estética, a categoria sublime.
Viu-se, no século XX, uma rejeição cada vez maior da beleza por artistas e filósofos, que culminou na
antiestética do pós-modernismo. Embora a beleza fosse uma preocupação central da principal influência do
pós-modernismo, Friedrich Nietzsche, que defendeu que a vontade de poder era a vontade da beleza.

O mito da beleza ideal na Grécia Antiga

Foi no período de ascensão de Atenas, no século V a.C., que os gregos passaram a ter
uma percepção mais clara do belo estético. Ocorria, então, o desenvolvimento das artes,
especialmente da pintura e da escultura, cujas imagens representavam a Beleza ideal.
O corpo humano belo era aquele que mostrava harmonia e proporção entre as partes,
pelo que a beleza passou a ser identificada com a proporção. Nascia uma matemática
das proporções do corpo humano. Mais tarde, no século I a.C., Vitrúvio exprimiu as justas
proporções corporais em frações da figura inteira: a face devia ter 1/10 do comprimento
total, a cabeça, 1/8, o comprimento do tórax 1/4 etc.
E o que era belo? Segundo Richard Sennet, historiador norte-americano, para os gre-
gos antigos, a beleza não estava no corpo feminino. A beleza era qualidade do corpo
masculino, mais especialmente do homem rico, másculo e grego. Afinal, naquela socie-
dade, somente o homem tinha direito à cidadania, isto é, à vida política, e isso fazia parte
da atribuição do belo.
A beleza grega exaltava o corpo masculino que era exposto nu nos ginásios. Nestes
locais, os homens exercitavam-se para modelar o corpo, preparavam-se atletas para os
jogos olímpicos e treinavam-se soldados. O aprendizado de gramática, poesia, retórica e
Figura 16. Doríforo, de Policleto.
A tradição classicista grega, que adotava o
filosofia – necessárias para o exercício da vida política – completavam a educação mas-
homem como a medida do universo, trazia a culina e harmonizavam mente e corpo.
representação do corpo humano nas escul-
turas nuas a partir de uma estética que con- Já a mulher na Grécia Antiga não tinha direitos políticos e vivia confinada ao espaço
jugava valores idealistas e ditava um modelo
de vida harmonioso, do espírito de educação da casa. Não lhe era permitida a nudez (cobria o corpo com túnica até os joelhos quando
integral, baseado na cidadania e nos valores estava em casa, e até os tornozelos para sair à rua). Conta-se que foi encomendado a
cívicos, éticos, bem como estéticos.
Praxíteles, famoso escultor ático do séc. IV a.C., uma estátua de Afrodite e que ele criou
FONTE: Dinamus Sistema de Ensino.
duas versões: uma vestida e outra nua. A versão despida, uma novidade na época quando

10 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Grécia Antiga
Capítulo 1: Arte e o mito da beleza ideal na Grécia

só se esculpiam homens nus, chocou os cidadãos e foi rejeitada. Desprezada e considerada


de pouco valor, foi depois comprada por alguns cidadãos de Cnido e exposta em um templo
ao ar livre. A Afrodite vestida não sobreviveu, e a Afrodite de Cnido chegou até nós por uma
cópia romana.
Nas artes, o corpo feminino belo era representado próximo ao padrão masculino, com
poucas curvas, braços e pernas fortes, o rosto sereno ou mesmo inexpressivo. Pouco se sabe
como as mulheres gregas viam-se a si mesmas e se as esculturas femininas lhes serviam de
padrão de beleza a ser seguido.
Fechadas em casa, as mulheres gregas se ocupavam das rotinas domésticas e com rituais
diários de embelezamento. A parte da manhã era dedicada aos cuidados com o cabelo e o
corpo. Usavam loções, cosméticos e óleos perfumados.
Ter a pele branca e pálida era sinal de distinção social, da mulher recolhida em casa e
distante do trabalho sob o sol, como as escravas. Helena “de alvo braços” era como Homero
se referia à beleza da rainha espartana em seus poemas.
Esse conceito de estética se perdeu durante a Idade Média, quando o cânone estético
clássico da beleza foi rejeitado por ser considerado como pecaminoso. Mais tarde, esse prin-
cipio de beleza foi redescoberto no Renascimento, e com o pensamento humanista rejeitou-
-se a visão de belo da Idade Média, e a beleza foi considerada um produto da ordem racional
e da harmonia das proporções, levando o homem do ocidente a uma readoção do que ficou
conhecido como um “ideal clássico”.

Fixando conceitos

01. Defina a Arte Antiga, conforme você estudou até aqui.


02. Qual influência para o Ocidente a civilização greco-romana antiga trouxe?
03. Por que se diz que a arte grega é antropocêntrica?
Figura 17. Vênus de Milo, de Policleto.
Escultura provavelmente do século II a.C, atribuída a
Alexandre de Antioquia.

FONTE: Dinamus Sistema de Ensino.

Pratique

HIST. DA ARTE
01. Discorra sobre as características da arte grega antiga.
02. Explique como o mito da beleza ideal estava expresso nas produções literárias gregas.
03. Como era visto o conceito de beleza ideal pelos gregos antigos?

Referências

PROENÇA, Graça. História da Arte. 16ª edição, Ed. Ática. São Paulo, 1999.
GOMBRICH, E.H. A História da Arte. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1978.
BRONOWSKI, J. A Escalada do Homem. São Paulo: Martins Fontes, 1983.
UTUARI, Solange et al. Por Toda Parte. Vol. único; 1ª ed.; São Paulo: FTD. 2013

Sessão ENEM

01. Na antiga Grécia, o teatro tratou de questões como destino, castigo e justiça. Muitos gregos sabiam de cor inúme-
ros versos das peças dos seus grandes autores. Na Inglaterra dos séculos XVI E XVII, Shakespeare reproduziu peças
nas quais temas como o amor, o poder, o bem e o mal foram tratados. Nessas peças, os grandes personagens
falavam em verso e os demais em prosa. No Brasil colonial, os índios aprenderam com os jesuítas a representar
peças de caráter religioso.

Esses fatos são exemplos de que, em diferentes tempos e situações, o teatro é uma forma

(A) de manipulação do povo pelo poder, que controla o teatro.


(B) de diversão e de expressão dos valores e problemas da sociedade.
(C) de entretenimento popular, que se esgota na sua função de distrair.
(D) de manipulação do povo pelos intelectuais que compõem as peças.
(E) de entretenimento, que foi superada e hoje é substituída pela televisão.

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 11


Grécia Antiga
Capítulo 1: Arte e o mito da beleza ideal na Grécia

Praticando

01. Uma das manifestações culturais mais interessan- (D) Na sociedade espartana, a rigorosa disciplina e a
tes e influentes das cidades antigas foi o teatro. educação militarizada tinham claros objetivos políticos.
Surgiu na cidade de Atenas, no século V a.C.. (E) A exemplo do Coliseu, os anfiteatros romanos foram
Norberto Luiz Guarinello. A cidade na Antiguidade Clássica. cenários de festas e espetáculos, vulgarizados na práti-
São Paulo: Atual, 2006, p. 6.
ca do pão e circo.
É correto afirmar, a partir do texto e de seus conheci-
mentos, que o teatro na Grécia antiga,
05. “(...) Os homens comuns desaparecem com a mor-
te, no terrível esquecimento do Hades tornam-se
anônimos, sem-nome. Somente o indivíduo heroi-
(A) permitiu transpor as disputas políticos para o espa-
co, aceitando enfrentar a morte na flor de sua ju-
ço ficcional, uma vez que as peças tratavam apenas de
ventude, vê seu nome perpetuar-se gloriosamente
questões do presente.
de geração em geração. Sua figura singular fica
(B) surgiu como forma de homenagear deuses e incor-
para sempre inscrita na vida comum...”
porou temas e preocupações presentes na mitologia. (VERNANT, Jean Pierre. L’individu, la mort, l’amour: soi-mê-
(C) contribuía para integrar nobres e escravos, homens me et l’autre en Grèce ancienne. Paris: Gallimard, 1989. p. 217.)
e mulheres, uma vez que todos participavam das ence-
nações. Assinale a alternativa correta quanto à construção da
(D) demonstrava a valorização das atividades artísticas, imagem do guerreiro na Grécia Antiga:
uma vez que a dramatização era a principal disciplina
na formação das crianças. (A) As epopeias eram narrativas da vida de indivíduos
(E) era uma forma de trabalho exclusiva dos cidadãos, comuns durante o período homérico.
isto é, homens livres maiores de idade. (B) A Ilíada e a Odisseia foram as narrativas que conso-
lidaram o ideal de guerreiro.
02. “Uma das principais expressões da arte grega, o te- (C) A Ilíada é a narrativa que desconstruiu a idealiza-
atro, tem suas origens ligadas às Dionisíacas, festas ção do guerreiro.
em homenagem a Dioniso, deus do vinho.” (D) Para os gregos a imortalidade era conquistada
(Myriam Mota e Patrícia Braick, História das Cavernas ao através das ações cotidianas.’
Terceiro Milênio, 2002. p. 65.)
(E) A morte dos deuses do Olimpo era uma forma de
perpetuar a imagem dos guerreiros.
Dois gêneros clássicos do teatro grego originaram-se
destes festivais, são eles:
06. Observe e compare os monumentos.
(A) melodrama e tragédia.
HIST. DA ARTE

(B) drama e pantomima.


(C) tragédia e drama.
(D) vaudeville e comédia.
(E) tragédia e comédia.

03. Considerando a Grécia Antiga, podemos dizer que


os gregos constituíram uma cultura, mas não um
Estado. Isto se deve ao fato de:

(A) Possuírem a mesma língua e hábitos idênticos, cul-


tuarem os mesmos deuses e preservarem a monarquia
como forma de governo.
(B) Apesar de falarem a mesma língua e adorarem os
mesmos deuses, algumas cidades dedicavam-se ao mi-
litarismo enquanto outras se preocupavam com o inte-
lecto, caracterizando a autonomia das cidades-estado.
(C) Seu governo oscilar entre o militarismo ateniense e
a democracia espartana.
(D) O governo ter sido direto e não representativo.
O elemento comum às construções apresentadas
(E) Sua cultura ter se desenvolvido na Antiguidade.
constitui:
04. Na antiguidade clássica greco-romana, os cidadãos (A) um esforço de ostentação perdulária, de demons-
participavam ativamente da vida pública, social,
tração de hegemonia e de poder de grandes impérios
religiosa e militar, sempre exercendo as funções de
unificados.
comando e liderança. Em relação a esse fato, assi-
(B) uma expressão simbólica das concepções religio-
nale a alternativa incorreta:
sas da Antiguidade, que se estenderam até os dias atu-
ais.
(A) A era helenística marcou a transição da civilização
(C) um aspecto da arquitetura monumental que se
grega para a romana.
opõe à concepção do homem como medida de todas
(B) O cristianismo conseguiu se converter em religião
as coisas.
oficial do Estado somente no ano mil.
(D) um princípio arquitetônico estrutural modificado
(C) As olimpíadas foram criadas pelos gregos, como
ao longo da história por concepções religiosas, polí-
forma de homenagem à sua divindade suprema, Zeus.
ticas e artísticas.

12 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Grécia Antiga
Capítulo 1: Arte e o mito da beleza ideal na Grécia

Praticando

(E) uma comprovação do predomínio dos valores esté- na capacidade criadora do homem têm permanen-
ticos sobre os religiosos, políticos e sociais. te significado. Acerca do imenso e diversificado le-
gado cultural grego, é correto afirmar que:
07. Entre os legados dos gregos da Antiguidade Clás-
sica que se mantêm na vida contemporânea, po- (A) a importância dos jogos olímpicos limitava-se aos
demos citar: esportes.
(B) a democracia espartana era representativa.
(A) a concepção de democracia com a participação do (C) a escultura helênica, embora desligada da religião,
voto universal. valorizava o corpo humano.
(B) a promoção do espírito de confraternização por in- (D) os atenienses valorizavam o ócio e desprezavam os
termédio do esporte e de jogos. negócios.
(C) a idealização e a valorização do trabalho manual em (E) poemas, com narrações sobre aventuras épicas, são
todas suas dimensões. importantes para a compreensão do período homérico.
(D) os valores artísticos como expressão do mundo reli-
gioso e cristão. 11. Para a obra Doríforo, criada por Policleto em 450
(E) os planejamentos urbanísticos segundo padrões das a.C., foi adotada uma estética que, aliada à ciência,
cidades-acrópoles. obedecia a padrões de estrutura em que o corpo
humano era representado considerando-se a me-
08. O período helenístico foi marcado por grandes dida de sete vezes o tamanho da cabeça.
transformações na civilização grega. Entre suas
características, podemos destacar:

(A) O desenvolvimento de correntes filosóficas que,


diante do esvaziamento das atividades políticas das
cidades-Estado, faziam do problema ético o centro de
suas preocupações visando, principalmente, o aprimo-
ramento interior do ser humano.
(B) Um completo afastamento da cultura grega com re-
lação às tradições orientais, decorrente, sobretudo, das
rivalidades com os persas e da postura depreciativa que
considerava bárbaros todos os povos que não falavam
o seu idioma.

HIST. DA ARTE
(C) A manutenção da autonomia das cidades-Estado, a
essa altura articuladas primeiro na Liga de Delos, sob
o comando de Atenas e, posteriormente, sob a Liga do
Peloponeso, liderada por Esparta.
(D) A difusão da religião islâmica na região da Macedô-
nia, terra natal de Felipe II, conquistador das cidades-
-Estado gregas.
(E) O apogeu da cultura helênica representado, princi-
palmente, pelo florescimento da filosofia e do teatro e o
estabelecimento da democracia ateniense.

09. As artes foram um ponto de destaque na Grécia,


sobretudo a Arquitetura, em Atenas, em que se
destacaram estilos arquitetônicos gregos, repre-
sentados pelas figuras a seguir:

Com base na imagem e no texto fornecidos, verifica-se


que o método de construção explorado por Policleto
considerava a estrutura
Em qual das alternativas estão indicados os três estilos?
(A) cronológica.
(A) O dório, o jônio e o coríntio. (B) iconográfica.
(B) O sofista, o platônico e o socrático. (C) formal.
(C) O alexandrino, o maneirista e o barroco. (D) iconológica.
(D) O dório, o gótico e o alexandrino. (E) biográfica.
(E) O helênico, o romântico e o helenístico.
12. A foto a seguir integra a mais recente versão cine-
10. A civilização grega atingiu extraordinário desenvol- matográfica da lenda da Guerra de Tróia, que, se
vimento. Os ideais gregos de liberdade e a crença de fato aconteceu, deu-se no século XIII a.C. Essa

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 13


Grécia Antiga
Capítulo 1: Arte e o mito da beleza ideal na Grécia

Praticando

forma de representar a luta entre gregos e troianos (B) romano imperial, quando a mitologia se sobrepôs ao
mostra seus guerreiros cobertos por elmos, coura- conhecimento empírico, inibindo a pouca expressivida-
ças, escudos e armados com lanças e espadas. de da cultura latina.
(C) medieval, que, através da filosofia tomista, buscava
exaltar a fé a partir de provas materiais da existência
de Deus.
(D) renascentista, momento em que a tradição e a he-
rança do passado são sistematicamente negados, em
prol de uma renovação da arte e da cultura.
(E) nazista, regime defensor da utilização da força como
mecanismo de sustentação da superioridade da cultura
hebraico-cristã, em relação aos afroindígenas.

14. A arte, na Grécia Antiga, era de fundamental im-


portância na sociedade e, por ter poder de desen-
volver a criatividade, promover discussões, apri-
morar habilidades e ainda permitir a comunicação
verbal em que os sentimentos e os conhecimentos
são expressos, é atemporal.

A partir da análise da figura, é possível afirmar: Através da arte, é possível que a sociedade

(A) A guerra tinha um lugar secundário na sociedade (A) transforme conceitos abstratos de forma concreta.
grega, tendo em vista a ênfase nas artes, na literatura (B) promova mudanças radicais capazes de eliminar a
e na filosofia. estratificação da sociedade capitalista.
(B) Os relatos heróicos geralmente ocultam o trabalho (C) introduza mudanças na sociedade e na organização
dos artesãos, dos ferreiros e dos construtores de navios. do espaço.
(C) O desenvolvimento da política sempre desconside- (D) seja a construtora de percepções lineares, em que a
rou a guerra como instrumento de dominação. interpretação é a mesma em qualquer cultura.
(D) A pólis grega, na sua composição política, privilegia (E) crie normas de conduta capazes de eliminar a ex-
lavradores e artesãos em detrimento dos guerreiros. cludência.
(E) A aristocracia grega menospreza a guerra e investia
HIST. DA ARTE

em outras formas de exercício do poder. 15. “Dos povos da Antiguidade, os que apresentaram
uma produção cultural mais livre foram os gregos.”
13. As manifestações culturais se expressam em um (PROENÇA, Graça. História da Arte. São Paulo: Ática, 2007, p. 30).
contexto histórico que o refletem e que, dialetica-
mente, produzem esse próprio contexto. A análise Com base na afirmação acima, assinale a alternativa in-
da escultura representada a seguir e os conheci- correta em relação à arte da Grécia Antiga.
mentos sobre as manifestações da arte, nas várias
culturas, permitem inferir que essa escultura é re- (A) Na arquitetura grega do século V a. C., eram empre-
presentativa do período gadas duas ordens: a dórica e a jônica.
(B) A escultura grega, considerando os exemplares re-
manescentes, era autóctone, não tendo sofrido influên-
cia alguma de civilizações vizinhas.
(C) A influência da arte da Grécia Antiga no Mundo Oci-
dental perdurou por muitos séculos.
(D) Na construção dos templos, os arquitetos gregos não
utilizavam arcos, abóbadas e cúpulas.
(E) A escultura grega não produziu figuras humanas que
mostravam um ideal de beleza, optando por representar
seres humanos individualizados e específicos.

(A) grego clássico, em que a arte refletia a valorização


do homem e o racionalismo surgiu como instrumento
de análise epistemológica.

14 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Obra editada segundo os
Parâmetros Curriculares
Nacionais para o Ensino
Médio - PCNEM 2000.
Capítulo 1: Domínios morfoclimáticos Capítulo 2: Hidrografia geral e do Brasil
Atmosfera e climas 4 Hidrografia 40
Introdução 4 Introdução 40
Atmosfera 4 Água 40
Tempo e clima 4 Oceanos e mares 42
Fenômenos atmosféricos 5 Bacias hidrográficas 45
Massas de ar e frentes 7 Bacias hidrográficas brasileiras 48
Fatores climáticos 7
Escalas e variações térmicas 9 Ciclos biogeoquímicos 53
Principais tipos de clima no mundo 10 Introdução 53
Ciclo da água 53
Domínios morfoclimáticos do Brasil 12 Ciclo do carbono 54
Introdução 12 Ciclo do oxigênio 55
Domínio Amazônico 12 Ciclo do nitrogênio 55
Domínio das caatingas 14
Domínio dos cerrados 15 Referências bibliográficas 56
Domínio dos mares de morros 16
Domínio das araucárias 17
Domínio das pradarias 18

Fenômenos climáticos 20
Introdução 20
El Niño 20
La Niña 20
Inversão Térmica 21
Efeito estufa 21
Redução da camada de ozônio 24
Chuva ácida 24
Ilhas de calor 25
Desertificação 25
Os impactos ambientais da poluição 25

Conferências para o meio ambiente 26


Introdução 26
Estocolmo (1972) 27
Rio 92 (Eco 92) 28
Cúpula mundial sobre desenvolvimento sustentável (Rio + 10) 28
Rio + 20 28

Referências bibliográficas 29

Grupo colaborativo formado pelos autores:

Prof. Weider Alberto Costa Santos, Administrador, especialista em Balanced Scorecard -


FGV, Marketing - FEJAL/CESMAC, Serviço Social - UFAL e MBA em Marketing pela FGV.

SANTOS, Weider Alberto Costa. Geografia - Unidade 3. 6. ed. - Maceió-AL: Sistema


Dinamus de Ensino, 2022.

Editoração e ilustração:
w2advanced

Impressão e distribuição:
Editora Dinamus

© 2022 - SDE | SISTEMA DINAMUS DE ENSINO Ltda. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do detentor dos
direitos autorais. Esta obra é de caráter educativo e didático, prezando pelo teor científico. Dispondo de todas as referências bibliográficas e/ou webgráficas. Também
das fontes de pesquisas, cortes de reportagens e imagens. Creditadas e reservadas em nome do SISTEMA DINAMUS DE ENSINO Ltda.

A Verdade vos liber tará.


Domínios morfoclimáticos
Capítulo
1

Os domínios morfoclimáticos brasileiros


segundo Aziz Ab’Saber

Serra da Mantiqueira (exemplo do domínio morfoclimático mar de morros)


FONTE: https://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2020/08/serra-mantiqueira-1741749278.jpg

O conceito de domínio morfoclimático foi in- 1. Domínio Amazônico; Sobre o texto e a


troduzido pelo geógrafo e professor brasileiro 2. Domínio da Caatinga; imagem de intro-
Aziz Ab’Saber (1924-2012), na obra Os Do- 3. Domínio dos Mares de Morros; dução
mínios de Natureza no Brasil: Potencialidades 4. Domínio do Cerrado;
Paisagísticas. 5. Domínio das Araucárias; e •De acordo com a leitura
O autor define esse conceito como um con- 6. Domínio das Pradarias. introdutória, o que são domínios
junto espacial de certa ordem de grandeza morfoclimáticos?
territorial (de centenas de milhares a milhões Os domínios Amazônico, da Caatinga e do
• Comente de que forma o estu-
de quilômetros quadrados de área) onde haja Cerrado devem ser cuidadosamente diferen- do dos domínios morfoclimáticos
uma combinação característica de relevo, ti- ciados de suas vegetações típicas, que pos- pode ajudar a compreender a
pos de solos, formas de vegetação, hidrogra- suem os mesmos nomes. geografia do Brasil.

fia e condições climatológicas. Entre as áreas de domínios vizinhos há sem- • Pesquise e responda: quais
Foram reconhecidos seis grandes domínios pre um interespaço de transição, que apre- dos seis domínios morfoclimáti-
morfoclimáticos no Brasil. Quatro deles são senta uma combinação diferente de vegeta- cos se estendem para além das
terras brasileiras?
intertropicais e ocupam aproximadamente 7 ção, solos e formas de relevo, influenciada
milhões de quilômetros quadrados. Dois são pelos domínios ao redor. A somatória das fai-
subtropicais e constituem aproximadamente xas de transição equivale, de forma grosseira,
500 mil quilômetros quadrados em território a 1 milhão de quilômetros quadrados.
brasileiro, se estendendo a países vizinhos.
Os domínios são: FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.
Geografia física
Capítulo 1: Domínios morfoclimáticos

Atmosfera e climas
GEOGRAFIA

Introdução
Dentre os diversos tipos de clima e relevo existentes,
observamos que os mesmos mantêm grandes relações, sejam
elas de espaço, de vegetação, de solo, entre outras, caracteri-
zando vários ambientes ao longo do território. Para entendê-los,
é necessário distinguir uns dos outros isoladamente. Classifica-
remos aqui os ambientes chamados domínios morfoclimáticos.

Em cada um desses ambientes, são encontrados aspec-


tos, histórias, culturas e economias divergentes, desenvolvendo
singulares condições, como de conservação do ambiente natu-
ral e processos erosivos provocados pela ação antrópica. En-
tenderemos cada domínio morfoclimático, demonstrando sua
localização, área, povoamento, condições bio-hidro-climáticas,
Ilustração – pilha. preservação ambiental e economia local.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

Atmosfera

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
Na atmosfera está o ar que respiramos e sem o qual não viveríamos. Além de
partículas de poeira e vapor de água, essa camada contém os seguintes gases: nitrogê-
nio (78% do total), oxigênio (21%) e gás carbônico. Contém ainda gases raros, assim
chamados porque existem em quantidades muito pequenas no ar.
Com pouco mais de 800 km de altitude, a atmosfera é formada por várias ca-
| SISTEMA DINAMUS • ENSINO MÉDIO |

madas. Para o nosso estudo, as camadas mais importantes são a troposfera, a estra-

LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998


tosfera e a ionosfera.

A troposfera atinge cerca de 12 a 18 km de altitude acima da superfície terres-


tre. Tem espessura menor na linha do equador e maior nos polos. É a mais importante,
porque todos os fenômenos meteorológicos que interferem na Terra – chuvas, umidade,
ventos, nuvens – ocorrem nessa camada. É aí também que se encontram mais de 80%
dos gases da atmosfera.
A estratosfera fica acima da troposfera. Com altitudes que vão de 12 até 60 ou
80 km acima da superfície terrestre, ela contém a camada de ozônio, que filtra os raios
ultravioleta emitidos pelo Sol. Se todos esses raios atingissem a Terra, aqui não haveria
vida, porque eles são letais (daí a importância da camada de ozônio).
A ionosfera estende-se mais ou menos de 80 a 320 km de altitude. Essa ca-
mada é importante porque reflete as ondas radiofônicas e devolve-as para a superfície,
garantindo, assim, a transmissão de rádio entre áreas muito distantes do planeta.

Até cerca de 80 km de altitude, a composição química da atmosfera é a mesma.


A partir daí, diminui consideravelmente a quantidade de nitrogênio e oxigênio. A maioria
dos gases concentra-se nas áreas mais baixas e eles vão diminuindo conforme aumenta
a altitude. Nas baixas camadas da atmosfera, principalmente na troposfera, a tempera-
tura do ar também diminui à medida que aumenta a altitude. Isso ocorre até por volta de
40 km acima da superfície terrestre, na estratosfera, onde se encontra a camada de ozô-
nio. Nessa altitude, a temperatura do ar é de 100 ºC negativos. Acima dessa camada a
temperatura sobe novamente, até atingir 150 ºC positivos, nas altitudes acima de 50 km.

Tempo e clima
As precipitações (chuvas, neve, geada, granizo), os ventos, as temperaturas, a
umidade e a pressão do ar são responsáveis por dois elementos fundamentais para a
Ilustração – a atmosfera. vida humana: o tempo e o clima.
FONTE: VESENTINI, p. 192.

O tempo é o estado da atmosfera de um lugar num determinado momento. Ele muda constantemen-
te. Por exemplo: num mesmo dia pode fazer calor, chover e esfriar com o pôr do sol. Ou seja, num mesmo
dia pode ocorrer vários tipos de tempo.

4 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Geografia física
Capítulo 1: Domínios morfoclimáticos

O clima é o conjunto de variações do tempo de determinado lugar da superfície terrestre. Ele é

GEOGRAFIA
classificado de acordo com a média do que se observou sobre o comportamento da atmosfera durante um
longo período.
O conhecimento do clima de qualquer lugar da Terra depende do estudo, durante anos seguidos – no
mínimo trinta –, das variações apresentadas pelos vários elementos que constituem o tempo.
As estações meteorológicas registram diariamente, em horários estabelecidos, as variações at-
mosféricas. Para acompanhar as alterações atmosféricas nas imensas porções oceânicas da Terra, existem
navios meteorológicos oceânicos.

A meteorologia – ciência que estuda o tempo atmosférico, com o objetivo de


conhecer e prever o tempo – é uma ciência muito importante para o desenvolvimento
da vida humana. Daí o interesse do ser humano em aprofundar seus conhecimentos O comportamento do clima é diversificado. Por
e aperfeiçoar cada vez mais a previsão do tempo. exemplo: temos climas áridos, polares, tropicais
úmidos e outros, que se caracterizam por diferen-
tes combinações dos fatores que compõem sua
estrutura e dinâmica: latitude, massas de ar, altitude,
Fenômenos atmosféricos continentalidade ou maritimidade, relevo e ação
humana – esta última interfere em seus mecanismos
naturais.
São fenômenos atmosféricos a temperatura do ar, a pressão atmosférica, o
vento, a umidade do ar, as nuvens e as precipitações. • Clima: corresponde ao tempo atmosférico, obser-
Vamos, a seguir, analisar cada um desses fenômenos. São eles que consti- vado cientificamente durante um período de tempo.
• Tempo: é a condição da atmosfera, em um deter-
tuem o tempo atmosférico e, consequentemente, os tipos de clima da Terra. minado lugar, naquele instante.

a) Temperatura do ar: de maneira geral, um corpo é quente ou frio.


É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

A temperatura, portanto, diz respeito ao maior ou menor calor dos


elementos da superfície terrestre.

A radiação solar, isto é, os raios emitidos pelo Sol, é a responsável pelas temperaturas
na superfície da Terra. Mas o ar atmosférico não absorve toda a radiação solar. Uma parte

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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998

atinge a superfície terrestre, sendo absorvida pelos continentes e oceanos; a outra é refletida
e retorna para a atmosfera.

A conservação do calor do Sol pela atmosfera diminui as variações de temperatura do dia e da noite.
A atmosfera funciona como uma verdadeira capa de proteção térmica. Sem ela os dias seriam bem mais
quentes e as noites bem mais frias. Por isso, a atmosfera exerce um papel muito importante para a vida
animal e vegetal.

Fatores que influenciam a temperatura

A latitude é um dos fatores que mais influem na temperatura de um lugar. Quanto mais próxima uma área estiver da linha do equador, maior
será a temperatura; quanto mais distante dessa linha estiver, menor será a temperatura. Assim, nas latitudes baixas (próximas do equador), a
temperatura é mais elevada e, nas latitudes altas (próximas dos polos), a temperatura é mais baixa.
A altitude, isto é, a altura de um lugar em relação ao nível do mar, é outro fator que influi na temperatura atmosférica. Assim, regiões de
latitude semelhante podem ter temperaturas bem diferentes.
Outro fator que influi bastante sobre as temperaturas é a continentalidade ou a maritimidade, o seu oposto. Ele se refere ao afastamento de
uma área em relação às grandes massas líquidas: mares e oceanos. Quanto mais afastado do mar for um local, maior será a sua continentalidade
e menor a sua maritimidade. E também o contrário: quanto mais próxima do mar for uma área ou cidade, maior a sua maritimidade e menor a
sua continentalidade.
A continentalidade aumenta a amplitude térmica (diária e anual) de um lugar. Isso significa que as áreas continentais, principalmente aquelas
situadas no interior dos continentes, longe dos oceanos, esquentam bem mais durante o dia e esfriam bem mais durante a noite. Ou seja, as
amplitudes térmicas diárias (diferença entre a máxima e a mínima) de um lugar com grande continentalidade são bem maiores que as de um lugar
mais próximo do mar, desde que ambos tenham latitudes e altitudes semelhantes.
O lugar mais próximo do oceano sofre a influência dessa massa líquida: não é tão quente durante o dia, nem tão frio à noite. O mesmo ocorre
durante o ano: os lugares mais afastados do mar registram um verão mais quente e um inverno mais frio que os lugares situados perto do oceano.

b) Pressão atmosférica: outro fenômeno atmosférico importante é a pressão atmosférica,


que se refere ao peso do ar.

Em geral, os lugares mais altos têm menor pressão atmosférica que as áreas baixas, e as regiões
frias sofrem maior pressão do ar que as regiões quentes. Dessa forma, a altitude interfere na pressão at-
mosférica. Nas áreas de elevada altitude, a pressão diminui; nas áreas de baixa altitude, a pressão aumenta,

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 5
Geografia física
Capítulo 1: Domínios morfoclimáticos

porque aí o peso ou a força que o ar exerce é maior. Em outras palavras, podemos dizer que as áreas mais
GEOGRAFIA

baixas têm mais ar acima delas e, portanto, mais pressão atmosférica.

A temperatura também influi na pressão do ar. O ar quente está mais dilatado, e o ar frio, mais com-
primido. Os corpos em geral se dilatam ou se expandem com o calor e se contraem com o frio. Assim, nas
áreas mais frias do planeta, próximas dos polos, a pressão atmosférica é maior.

A pressão do ar dá origem aos ventos. Estes sempre se originam em áreas onde a pressão atmos-
férica é maior e vão até as regiões onde a pressão do ar é menor.

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c) Vento: o vento, isto é, o ar em movimento, é outro fenômeno atmosférico. Trata-se do
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deslocamento contínuo do ar na superfície terrestre.

São as diferenças de pressão atmosférica que explicam esse movimento, que ocorre principalmente
na horizontal, isto é, de uma área para outra. Mas esse movimento também pode ser vertical, ou seja, da
superfície, onde o ar é mais aquecido, para as elevadas altitudes.
Como toda a atmosfera é interligada, o ar mais comprimido (com maior pressão) de uma área
desloca-se em direção às áreas onde o ar está menos comprimido (com menor pressão). Como a Terra está
em movimento constante e as temperaturas variam durante o dia e o ano, o ar se desloca constantemente.
À medida que a área que recebe os ventos vai ficando com mais ar, uma parte desse ar retorna para a área
de onde veio, normalmente por meio de ventos de maiores altitudes. Dessa forma é mantido o equilíbrio do
ar na Terra.

d) Umidade do ar: o ar possui também partículas de água: é a umidade do ar. A água, sob
a forma de vapor ou de gotículas, está sempre presente na atmosfera.

O ar tem capacidade para conter um limite de vapor de água. Quando esse limite é atingido, o ar fica
saturado, isto é, “cheio”. O ar quente consegue conter mais vapor de água do que o ar frio. Se a temperatura
do ar saturado diminuir, o excesso de vapor que esse ar contém se condensa, isto é, passa para o estado
líquido. A condensação do vapor de água dá origem às diferentes formas de precipitação: orvalho, neve,
granizo, geada e chuva.

e) Nuvens e nevoeiros: a condensação do vapor de água na atmosfera dá origem às nuvens


e aos nevoeiros, que são formados basicamente por gotículas de água mais leves que o
ar. Quando a condensação ocorre perto do solo, forma-se nevoeiro, também chamado de
neblina.

Tanto os nevoeiros como as nuvens, com o tempo, precipitam a água que contêm na superfície. Os
nevoeiros perdem água quando entram em contato com superfícies frias (folhas, vidros dos carros etc.). As
nuvens dão origem às precipitações quando as gotículas de água se juntam, ficam mais pesadas e caem
sobre a superfície da Terra.

f) Precipitações: a chuva, a neve, a geada, o orvalho e o granizo são formas de precipitação


atmosférica.

Todas resultam da condensação, fenômeno que ocorre quando há resfriamento ou excesso de vapor
de água em um determinado lugar da superfície terrestre.

6 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Geografia física
Capítulo 1: Domínios morfoclimáticos

Essas formas de precipitação também resultam do acúmulo de minúsculas gotas de água ou de gelo

GEOGRAFIA
das nuvens que, ao adquirirem maior peso, acabam caindo. Quando a precipitação ocorre na forma líquida,
temos as chuvas. Quando ocorre na forma sólida (pequenos cristais de gelo), temos a neve, o granizo ou a
geada.

Massas de ar e frentes
As variações do tempo atmosférico, que podem ser muito bruscas num único dia ou em períodos
mais longos, são causadas pelo deslocamento das massas de ar que existem na atmosfera.
Em cada porção do planeta, o ar tende a apresentar, em extensas áreas, as mesmas características
de temperatura, pressão e umidade. Essas extensas porções de atmosfera, semelhantes a enormes “bolhas
de ar”, são as chamadas massas de ar.
Conforme a latitude em que se localizam, as massas de ar podem ser frias (nos polos e nas zonas
temperadas) ou quentes (nas zonas equatoriais e tropicais). As massas de ar que se originam sobre áreas
continentais (massas de ar continentais) em geral são secas. As que se originam sobre superfícies oceâni-
cas (massas de ar marítimas) são úmidas, porque o oceano lhes fornece umidade. Dessa maneira, podemos
identificar como principais massas de ar:

• Massas tropicais continentais;


• Massas tropicais marítimas;
• Massas polares continentais;
• Massas polares marítimas.
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Apesar de as massas de ar se localizarem numa imensa região oceânica ou continental, elas se


movimentam, entram em choque e empurram umas às outras. Quando uma massa de ar se afasta de sua
área de origem, ela leva consigo suas características originais (umidade, temperatura etc.). É por isso que
massas de ar úmidas tendem a provocar chuvas nas áreas que atingem durante seu deslocamento, e massas

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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998

de ar frias costumam provocar queda de temperatura nas áreas para onde se deslocam.
Mas as características originais de uma massa de ar podem sofrer modificações durante sua traje-
tória. Por exemplo, elas podem perder umidade com as chuvas, podem tornar-se um pouco mais quentes ou
mais frias, dependendo da área para onde se deslocam, e assim por diante.

No ponto de contato entre massas de ar diferentes, formam-se as frentes. É do


contato entre as massas quentes, vindas da zona intertropical do globo (entre os trópicos
e o equador), e as massas frias, que vêm dos polos e das zonas temperadas, que se
origina grande número de frentes. Isso porque é muito grande o choque entre fenômenos
atmosféricos diferentes.

As frentes podem ser quentes ou frias. Quando uma massa de ar polar (fria)
provoca o recuo de uma massa de ar tropical (quente), graças à sua maior pressão at-
mosférica, forma-se uma frente fria (as temperaturas abaixam). Quando uma massa de
ar tropical tem pressão atmosférica suficiente para provocar o recuo de uma massa polar,
forma-se uma frente quente (as temperaturas se elevam).

Em outras palavras: é no ponto de choque entre as massas de ar quentes e frias


que ocorrem grandes mudanças na atmosfera e, consequentemente, bruscas alterações
no tempo de uma área da superfície terrestre. Ilustração – esquema de frente fria.
FONTE: VESENTINI, p. 196.

O estudo das frentes, portanto, é muito importante para a compreensão das alte-
rações do tempo atmosférico e os climas da superfície terrestre.

Fatores climáticos
A latitude é o mais evidente fator climático. Em regra, quanto mais nos afastamos
do equador, menores serão as médias térmicas anuais. Isso ocorre porque a Terra é esfé-
rica e está inclinada em relação ao plano de sua órbita ao redor do Sol - plano da eclíptica
-, fazendo com que os raios solares atinjam a sua superfície com diferentes inclinações
ao longo do ano. Assim, quanto maior a latitude, mais acentuada é a inclinação média ao
longo do ano e maior a área a ser aquecida; portanto, menor é o aquecimento.
Em contrapartida, quanto mais próximo do equador, menor é a inclinação com que
os raios solares incidem na superfície terrestre (os raios solares atingem perpendicular- Ilustração – esquema de frente quente.
FONTE: VESENTINI, p. 196.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 7
Geografia física
Capítulo 1: Domínios morfoclimáticos

mente a Terra entre os trópicos de Câncer e


GEOGRAFIA

de Capricórnio), o que concentra o calor em


áreas menores, que ficam mais quentes.

Outro importante fator climático é a


altitude. Considerando-se as mesmas con-
dições de latitude e ação das massas de
ar, uma cidade localizada a 2 mil metros de
altitude apresentará temperaturas mais bai-
xas que outra situada ao nível do mar. Isso
acontece porque a atmosfera se aquece prin-
cipalmente por irradiação; os raios solares
aquecem a superfície na qual incidem, seja
continente ou oceano, que irradiará o calor
absorvido à atmosfera.

Quanto maior a altitude, menor a


área de superfície da crosta que absorve e ir-
radia calor, e menor, portanto, a temperatura.
É preciso considerar, ainda, que o ar se torna
mais rarefeito, ou seja, há menor concentra-
ção de gases e de umidade à medida que
aumenta a altitude, o que reduz a retenção

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
de calor nas camadas mais elevadas da at-
mosfera, diminuindo, assim, a temperatura.

As massas de ar são grandes por-


ções de atmosfera que se originam quando
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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998


o ar fica estacionado sobre extensas áreas
de superfície homogênea, como as zonas
polares, os desertos, os oceanos, as gran-
des florestas etc. Ao ficar estacionada sobre
essas superfícies por um tempo, uma parte
da atmosfera adquire suas características de
temperatura, umidade e pressão. É por isso
que existem massas de ar frias ou quentes,
secas ou úmidas que, ao se deslocarem, vão
interagindo umas com as outras, provocando
grande troca e redistribuição de energia, na
forma de calor, pelo globo.

Por possuir 92% do território na zona


intertropical do planeta, com grande extensão
no sentido norte-sul e litoral, com forte influ-
ência das massas de ar oceânicas, o Brasil
apresenta predominância de climas quentes
e úmidos.

Em apenas 8% do território, ao sul do


Trópico de Capricórnio, ocorre o clima sub-
tropical, que apresenta maior variação térmi-
ca e certo delineamento das estações do ano.

Observando os mapas acima, podemos destacar cinco massas de ar que atuam no território brasi-
leiro: (1) mEa: massa Equatorial atlântica – quente e úmida; (2) mEc: massa Equatorial continental – quente
e úmida (apesar de continental é úmida, por se originar na Amazônia); (3) mTa: massa Tropical atlântica –
quente e úmida; (4) mTc: massa Tropical continental – quente e seca; (5) mPa: massa Polar atlântica – fria
e úmida.

Em grande parte da Amazônia, o clima é quente e úmido o ano inteiro, porque lá atuam somente
massas quentes e úmidas (mEc e mEa); no clima subtropical ocorrem verões quentes e invernos frios para

8 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Geografia física
Capítulo 1: Domínios morfoclimáticos

o padrão brasileiro, com chuvas bem distribuídas, porque as massas de ar que lá

GEOGRAFIA
atuam são quentes no verão, frias no inverno e ambas são úmidas (mTa e mPa).

O calor específico da água, ou seja, a capacidade de retenção de calor,


é maior que o da terra.

Essa diferença implica que os mares, lagos ou qualquer grande massa


de água se aqueçam mais lentamente e retenham esse calor absorvido por mais
tempo do que os corpos terrestres, ou os continentes, que esfriam mais rapi-
damente quando cessa a entrada de luz solar no início da noite, diariamente, ou
diminui sua entrada no início do inverno, sazonalmente. Vista parcial da floresta amazônica.
FONTE: https://www.google.com.br.

Portanto, em localidades que sofrem influência da continentalidade, a amplitude térmica diária e


sazonal é bem maior do que a das localidades que sofrem influência da maritimidade. Por possuir uma quan-
tidade de terras emersas muito maior que o Hemisfério Sul, o Hemisfério Norte tem uma amplitude térmica
anual maior, com invernos mais rigorosos e verões mais quentes.
As correntes marítimas são grandes volumes de água que se deslocam pelos oceanos com condi-
ções próprias de temperatura, salinidade e pressão. Suas características de temperatura exercem influência
no clima, além de favorecerem a atividade pesqueira em áreas de encontro de correntes quentes e frias,
como no litoral do Chile e do Peru, nas quais há a ressurgência de plâncton (microrganismos – animais ou
vegetais – que flutuam nas águas dos oceanos e lagos).

As correntes frias podem dar origem a desertos, como é o caso dos de Atacama, Kalahari, Vitória
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e Califórnia. Quando as massas oceânicas de ar passam sobre as correntes frias, sua umidade condensa e
há a ocorrência de chuvas no oceano. Dessa forma, quando atingem os continentes, as massas de ar estão
secas, explicando a aridez do clima nos desertos citados.
Já as correntes quentes do Brasil, das Agulhas e Leste-australianas, dão origem a muita umidade,
pois aumentam os níveis de evaporação e provocam chuvas na faixa litorânea dos continentes. A vegetação

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impede que os raios solares incidam diretamente sobre a superfície, e as plantas retiram umidade do solo
pela raiz e a enviam à atmosfera pelas folhas (evapotranspiração). Assim, com o desmatamento, há grande
diminuição da umidade atmosférica, bem como das chuvas, além do aumento das temperaturas médias.

A disposição do relevo associada às altitudes pode favorecer


ou dificultar a circulação das massas de ar, influenciando a temperatu-
ra e a umidade. Na Europa, por exemplo, as planícies centrais do con-
tinente facilitam a circulação das massas de ar oceânicas, favorecen-
do a ocorrência de chuvas e minimizando a amplitude térmica anual.
Na América do Sul, o revelo baixo e plano da Bacia Platina favorece,
no inverno, a penetração da massa polar atlântica em baixas latitudes.
Às vezes, essa massa atinge o sul da Amazônia Ocidental e provoca
queda brusca de temperatura, fenômeno conhecido como “friagem”
(queda brusca de temperatura, com ventos razoavelmente frios).

Escalas e variações térmicas


Há dois tipos principais de escala de temperatura, definidos
entre dois pontos extremos: o congelamento e a ebulição ou evapo-
ração da água. A escala Celsius (ºC) é a mais usada, inclusive no
Brasil. Ela divide a distância entre esses dois pontos em 100 partes
iguais, que recebem o nome de graus centígrados ou Celsius. Assim,
0 ºC representa o congelamento da água e 100 ºC, o ponto de fervura. Mapa da Bacia Platina.
Outra escala - a Fahrenheit (ºF), muito usada nos Estados Unidos - FONTE: https://upload.wikimedia.org.

situa o ponto de congelamento em 32 ºF e o de ebulição em 212 ºF.

O importante para o estudo do tempo e do clima são as temperaturas mínimas e máximas (diárias,
mensais e anuais) e o cálculo das médias entre essas temperaturas. A diferença entre a maior e a menor
temperatura é a amplitude térmica de um lugar, que pode ser diária, mensal ou anual. Por exemplo, a amplitu-
de térmica anual é a diferença entre a temperatura média do mês mais quente e a temperatura média do mês
mais frio do ano. A amplitude térmica diária é a diferença entre a temperatura mais quente e a temperatura
mais fria de um dia inteiro.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 9
Geografia física
Capítulo 1: Domínios morfoclimáticos

Principais tipos de clima no mundo


GEOGRAFIA

a) Clima Equatorial: quente e úmido o ano todo, com média pluviométrica anual su-
perior a 2000 mm, o clima equatorial não apresenta as quatro estações do ano. A
temperatura média anual é de aproximadamente 25ºC, e as médias máximas oscilam
entre 32ºC e 40ºC. A amplitude térmica anual é pequena. Observe o gráfico ao lado.

Esse tipo de clima predomina nas áreas de baixas latitudes, situadas ao redor
da linha do equador. Nessas áreas há um domínio de massas de ar equatoriais, nor-
malmente quentes e úmidas. Essas áreas também registram elevadas média anuais de
temperatura e de chuva, principalmente aquelas mais próximas da linha do equador,
como a Amazônia, onde chove quase todas as tardes.

Isso explica as densas florestas aí existentes, como a Floresta Amazônica, na


América do Sul, e a Floresta do Congo, na África.

b) Clima Tropical: predomina em regiões localizadas entre os trópicos de Câncer e de


Capricórnio, isto é, nas zonas intertropicais, com exceção das áreas de clima equa-
torial e das áreas desérticas. Domínio de massas de ar tropicais, que são quentes e
secas quando situadas sobre os continentes e úmidas quando situadas acima dos
oceanos. Elas também recebem com frequência massas úmidas, vindas do equador
ou dos oceanos, e massas frias, vindas das zonas polares.

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Aí se distinguem duas estações bem definidas durante o ano: uma chuvosa
no verão, e outra seca no inverno. Nas áreas mais afastadas da linha do equador, a
estação seca pode prolongar-se por oito ou dez meses. O índice pluviométrico varia
entre 1000 e 2000 mm por ano, e a temperatura média anual é de cerca de 20ºC, com
exceção das elevadas montanhas aí localizadas. Observe no climograma anterior.
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Os ventos de monções marcam a vida de alguns países de clima tropical
do Sul e do Sudeste da Ásia e de certas áreas de países da América, da África e da
Oceania. Daí se usar a expressão “clima de monções” para essas áreas, na verdade
um tipo bastante chuvoso de clima tropical. Esse ventos provocam chuvas torrenciais,
geralmente de agosto a outubro no hemisfério norte e nos primeiros meses do ano no
hemisfério sul.

c) Clima Desértico: é o clima dos grandes desertos da superfície terrestre, em geral


localizados em áreas subtropicais, ou seja, em áreas situadas no contato das zonas
tropicais com as zonas temperadas dos dois hemisférios.

Apresenta temperaturas muito elevadas durante o dia, sendo frequentes má-


ximas acima de 42ºC. A temperatura diminui bastante à noite e também no inverno,
quando pode atingir o ponto de congelamento da água (0ºC) ou até ficar abaixo dela,
o que explica a grande amplitude térmica anual desse clima. As chuvas são raras. Não
chegam a atingir 200 mm/ano (veja no gráfico ao lado). Ocorrem no verão e são muito
mal distribuídas: existem porções nessa faixa de clima que ficam anos sem receber
chuva. O ar na região de clima desértico é muito seco.

Os desertos, em geral, são áreas interiores, muitas vezes situadas em de-


pressões, onde há um domínio de massas de ar quentes e secas. As massas de ar
úmidas têm dificuldades de penetrar nesses locais. É por este motivo que as chuvas
são escassas.

A amplitude térmica diária é antagônica: o dia é bem quente, e a noite, fria.


Isso por conta da continentalidade dessas áreas, que ficam afastadas dos oceanos.
As áreas continentais esquentam mais que as áreas litorâneas durante o dia e esfriam
mais durante a noite.

d) Climas Temperados: os climas temperados localizam-se em regiões de médias


latitudes, isto é, entre os dois trópicos e os dois círculos polares. Caracterizam-se
pela inexistência de extremos de temperatura e umidade. Daí a porção temperada da
superfície terrestre apresentar as quatro estações do ano bem definidas. As médias
anuais de temperatura oscilam entre 8ºC e 15ºC, e esses climas classificam-se em:

10 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Geografia física
Capítulo 1: Domínios morfoclimáticos

• temperado oceânico: ocorre nas áreas litorâneas da zona temperada

GEOGRAFIA
- face oeste da América do Norte, face leste da Europa, Nova Zelândia,
sul do Chile e sudeste da Austrália. Esse clima é muito influenciado pelas
massas de ar oceânicas, o que explica as chuvas que se distribuem com
muita regularidade (chove todos os meses). Assim, o verão é úmido,
com temperaturas não muito elevadas, e o inverno também é úmido.
Mas o frio não é muito rigoroso. A amplitude térmica anual é pequena.

• temperado continental: predomina no interior da Europa e da América


do Norte. Aí dominam as massas de ar temperadas continentais, com
frequentes penetrações de massas polares, frias e úmidas. É um clima
que se caracteriza por apresentar um inverno muito rigoroso (frio intenso
e muita neve). O verão é muito quente e relativamente chuvoso. A neve
se prolonga durante o inverno na forma de pequenos flocos secos, por-
que a temperatura em geral é inferior a 0ºC. Na primavera, a água que se
avoluma pelo derretimento da neve pode causar inundações.

• temperado mediterrâneo: é típico das latitudes médias do hemisfério


norte, principalmente nas proximidades do mar Mediterrâneo. Com chu-
vas no inverno, é o único clima temperado cujo período de seca ocorre
no verão, com duração variável - de dois a três meses no sul da Europa,
e de nove a dez meses nos países de clima temperado mediterrâneo do
Oriente Médio.
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e) Climas Frio Polar ou de Altas Montanhas: é um clima com invernos longos,


que podem durar cerca de nove meses ao ano. É encontrado principalmente nas áreas de
elevadas latitudes, dominadas pelas massas de ar polares. Mas também existe nas áreas
de elevadas altitudes, as grandes cadeias de montanhas do planeta, com gelo eterno nas

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suas partes altas.

Característico dos polos ártico e antártico, o clima frio polar está presente na
Groenlândia e nas áreas de altas montanhas: Himalaia, na Ásia; Kilimanjaro, Ruvenzori e
Quênia, na África; Andes e montanhas rochosas, na América; Alpes, na Europa. Nas áreas
polares existem geleiras permanentes e as precipitações ocorrem sob a forma de neve. O
inverno é rigoroso, com as temperaturas mais baixas do mundo e uma duração que oscila
entre sete e oito meses por ano. Nesse período, o Sol não aparece nos polos durante 186
dias, o que explica a expressão “a noite mais longa da Terra”.

No verão, o Sol não se


põe durante meses nos polos e,
como o Sol não se eleva muito no
céu, seus raios acabam atingindo
mais o solo. Com isso, a tempe-
ratura se eleva e grandes massas
de gelo desprendem-se de suas
geleiras continentais, formando
os icebergs, que se dirigem para
os oceanos.

Nessa época - e somen-


te na metade do verão ártico -, o
Sol brilha mais no polo ártico do
que na linha do equador. Como
ele não se põe durante o verão
inteiro, diz-se que aí ocorre “o dia
mais longo da Terra”. No conti-
nente antártico, porém, as altitu-
des são mais elevadas e geleiras
muito espessas cobrem a sua
superfície. Por isso, as tempera-
turas permanecem muito baixas,
mesmo no verão.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 11
Geografia física
Capítulo 1: Domínios morfoclimáticos

Domínios morfoclimáticos do Brasil


GEOGRAFIA

Introdução
O Brasil, país tropical, apresenta uma geografia marcada por grande diversidade. A interação e a
interdependência entre os diversos elementos da paisagem (relevo, clima, vegetação, hidrografia, solo, fauna
etc.) explicam a existência dos chamados domínios geoecológicos, que podem ser entendidos como uma
combinação ou síntese dos diversos elementos da natureza.

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Dessa maneira, podemos reconhecer, no Brasil, a existência de seis grandes paisagens naturais:
(1) Domínio Amazônico, (2) Domínio das Caatingas, (3) Domínio dos Cerrados, (4) Domínio dos Mares
de Morros, (5) Domínio das Araucárias e (6) Domínio das Pradarias. Entre estes seis grandes domínios
relacionados, encontram-se inúmeras faixas de transição.
Nelas, são identificados elementos típicos de dois ou mais deles. O Pantanal e o Agreste são exem-
plos dessas faixas de transição.

Dos elementos naturais, os que mais influenciam na formação de uma paisagem natural são o clima
e o relevo; eles interferem e condicionam os demais elementos, embora sejam também por eles influencia-
dos. A cobertura vegetal, que mais marca o aspecto visual de cada paisagem, é o elemento natural mais
frágil e dependente dos demais (síntese da paisagem).

Domínio Amazônico
O domínio amazônico é formado por terras baixas: depressões, planícies aluviais e planaltos, co-
bertos pela extensa floresta latifoliada equatorial Amazônica (de folhas largas e grandes). Com clima
equatorial quente e úmido o ano todo, com baixa amplitude térmica e temperaturas que oscilam entre 25ºC
e 27ºC no decorrer do ano, a pluviosidade também é elevada, superando a marca dos 1800 mm anuais.
Nessa região aparecem solos arenosos, ácidos, pobres em nutrientes minerais. O manto de detritos
orgânicos - formados pelas folhas que caem das árvores - torna os solos ricos em matéria orgânica, o que
garante a alimentação da vegetação nativa. Essa floresta latifoliada equatorial apresenta uma destacada
biodiversidade, com três padrões básicos: (1) Matas de Igapó, (2) Matas de Várzea e (3) Matas de Terra
Firme. O domínio Amazônico é banhado pela Bacia Amazônica, que se destaca pelo grande potencial hi-
drelétrico.

12 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Geografia física
Capítulo 1: Domínios morfoclimáticos

A região é pouco povoada, com densidade demográfica de aproximadamente

GEOGRAFIA
2,88 hab./km². Isto se deve ao fato da grande extensão territorial e dos difíceis acessos
ao interior dessa área. Nesse sentido, o governo em 1970, fez o programa de ocupação
populacional na região amazônica, com migrações oriundas do Nordeste.

A extração da borracha permitiu converter esta área, antes inóspita economica-


mente, numa região de alta produtividade, seja ela econômica, cultural ou social.

O governo continuou auxiliando e orientando o desenvolvimento da região do


domínio amazônico, criando em Manaus a SUFRAMA (Superintendência da Zona Fran-
ca de Manaus), que trouxe para a capital amazonense muitas indústrias transnacionais.
Tanto foi a resposta desta “zona livre”, que antes da Zona Franca de Manaus, a mesma
cidade detinha uma população de 300 mil habitantes - que com a instalação desta área,
passou para 800 mil habitantes. Outros projetos foram instalados pelo governo federal
na região amazônica, como o Projeto Jari, o Programa Calha Norte, o Polo Noroeste e
o Projeto Grande Carajás. Com isso, inicia-se a exploração mineral e vegetal da Ama-
zônia.

Os resultados desses projetos, porém, foram pobres em sua maioria, pois com
Climograma Equatorial, Manaus - AM.
a retirada da vegetação natural, o solo tornava-se inadequado ao cultivo da agricultura.
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Matas de Igapó. Matas de Várzea. Matas de Terra Firme.


As Matas de Igapó estão localizadas nas áreas de inunda- As Matas de Várzea localizam-se nas áreas de inundação periódica, junto aos As Matas de Terra Firme estão nas áreas mais elevadas, que não são
ção permanente, com solos e águas ácidas. A vegetação rios de água branca. Sua composição florística varia de acordo com o período de atingidas pelas inundações amazônicas. Aí encontram-se as árvores
é perenifólia (não perde as folhas durante o ano), com inundação e também pode apresentar espécies de maior porte, como a Seringueira de grande porte, com 60 a 65m de altura. A floresta é compacta,
ramificações baixas e densas, de até 20m de altura, reple- e o Pau Mulato. perenifólia e higrófila; o conjunto das copas das árvores (dossel) é
ta de arbustos, cipós e epífitas. Aí destacam-se espécies contínuo e o ambiente é úmido e escuro. Nessa floresta podem ser
como o Arapati, a Mamorana e a Vitória Régia. FONTE: Sistema Dinamus de Ensino. encontradas as Castanheiras, o Caucho, A Sapucaia, o Cedro e a
Maçaranduba.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

Os subtipos da floresta

A Floresta Amazônica, principal elemento natural do Do-


mínio Geoecológico Amazônico, abrangia quase 40% da área
do País. Além do Brasil, ocupa áreas das Guianas, Venezuela,
Colômbia, Peru, Equador e Bolívia, cobrindo cerca de 5 milhões
de km2.

A Floresta Amazônica possui as seguintes características:

• É latifoliada: com vegetais de folhas largas e grandes;


• É heterogênea: com grande variedade de espécies vege-
tais, ou grande biodiversidade;
• É densa: bastante compacta ou intrincada, com plantas
muito próximas uma das outras;
• É perene: sempre verde, pois não perde as folhas no ou-
tono-inverno como as florestas temperadas (caducifólias);
• É higrófila: com vegetais adaptados a um clima bastante
úmido;
• Possui outros nomes: Hileia, denominação dada por Alexandre Von Humboldt, Inferno Verde, por Alberto Rangel e Floresta Latifoliada
Equatorial. Apresenta aspectos diferenciados, dependendo, principalmente, da maior ou menor proximidade dos cursos fluviais. A floresta
amazônica pode ser dividida em três tipos básicos ou florestais:

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 13
Geografia física
Capítulo 1: Domínios morfoclimáticos
GEOGRAFIA

• Caaigapó: ou mata de igapó, localizada ao longo dos rios nas planícies permanentemente inundadas. São espécies do Igapó a vitória-régia,
a piaçava, o açaí, o cururu, o marajá etc.

• Mata de várzea: localizada nas proximidades dos rios, parte da floresta que sofre inundações periódicas. Como principais espécies temos
a seringueira (Hevea brasiliensis), o cacaueiro, a sumaúma, a copaíba etc.

• Caaetê: ou mata de terra firme, parte da floresta de maior extensão, localizada nas áreas mais elevadas (baixos planaltos), que nunca são
atingidas pelas enchentes. Além de apresentar a maior variedade de espécies, possui as árvores de maior porte. São espécies vegetais do
Caaetê o angelim, o caucho, a andiroba, a castanheira, o guaraná, o mogno, o pau-rosa, a salsaparrilha, a sorva etc.

Nos dias atuais é grande a devastação ambiental na Amazônia – queimadas, desmatamentos, extin-
ção de espécies etc. –, fazem com que esta região e o mundo preocupem-se com seu futuro, pois se trata da
maior reserva florestal do globo. Ecologicamente, a Amazônia está correndo perigo, devido ao grande atrati-
vo econômico natural que é encontrado nessa região, colocando o equilíbrio do meio em risco. A exploração
descontrolada faz com que as ideologias conservacionistas sejam deixadas de lado, como observamos com
as indústrias mineradoras que geram consequências incalculáveis ao ambiente, despejando nos rios muitos
produtos químicos para esta exploração.
A agricultura transforma áreas de vegetação em solos de fácil erosividade, e em resposta a tudo
isso, gera-se um efeito “dominó” no meio ambiente, em que um é responsável e necessário para o outro.

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São poucas as atividades econômicas que não agridem a natureza. A extração da borracha, por exemplo,
era uma economia viável ecologicamente, pois necessitava da floresta para o crescimento das seringueiras.

Mas, atualmente, esta exploração é quase rara, devido à falta de indústrias consumidoras, que optam
pela fabricação da borracha sintética, com um custo três vezes menor que o da borracha natural. Nesse
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sentido, deverão ser tomadas medidas de aprimoramento nas explorações existentes nesta região, para que
deixem de causar imensas sequelas ao ambiente natural.

Domínio das caatingas


Situado no Nordeste brasileiro, o domínio morfoclimático das caatingas
abrange em seu território a região dos polígonos das secas. Com uma extensão
de aproximadamente 850.000 km², este domínio inclui o Estado do Ceará e partes
dos Estados da Bahia, de Sergipe, de Alagoas, de Pernambuco, da Paraíba, do Rio
Grande do Norte e do Piauí, tendo como principais cidades Crato, Petrolina, Juazeiro
e Juazeiro do Norte.

O clima é semiárido, com chuvas mal distribuídas. O relevo é dominado por


extensas superfícies planas entre formações serranas e chapadas. Quimicamente
falando, o solo é fértil, mas é raso e pobre em matéria orgânica. Os rios intermitentes
ou temporários são uma marca desse domínio onde impera a caatinga, formação
vegetal aberta e de pequeno porte.

A vegetação é composta principalmente de plantas adaptadas à escassez


de água (vegetação caducifólia, isto é, na época das secas as plantas perdem suas
folhas, evitando-se, assim, a evapotranspiração), como o mandacaru, que conserva
muita umidade no interior de seu caule e apresenta espinhos que reduzem a perda de
água para a atmosfera. Os brejos são as mais importantes áreas agrícolas do Sertão.
São áreas de maior umidade, localizadas em encostas de serras ou vales fluviais,
isto é, regatos e riachos. As cabeceiras são formadas pelos “olhos-d’água”(minas).

Sendo uma das áreas junto ao domínio morfoclimático dos mares de morros, de colonização pelos
europeus (portugueses e holandeses), sua história de povoamento já é bastante antiga. A caatinga foi sem-
pre um palco de lutas de independência, seja ela escravista ou nacionalista.
A região tornou-se alvo de bandidos e fugitivos contrários ao Reinado Português e posteriormente
do Império Brasileiro. Como o domínio das caatingas localiza-se numa área de clima seco, logo chamou a
atenção dos mesmos para refugiarem-se e construírem suas “fortalezas”. Com isso, o processo de povo-
amento, instaurado nos anos 40 e 50, centrou-se mais em áreas próximas ao litoral, mas o governo federal

14 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Geografia física
Capítulo 1: Domínios morfoclimáticos

investiu em infraestrutura na construção de barragens, açudes e canais fluviais, criando

GEOGRAFIA
assim o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS). Entretanto, o
clima “desértico” da caatinga prejudicou muito a ocupação populacional nesta região,
sendo que a mesma continua sendo uma área preocupante no território brasileiro, em
vista dos seus problemas sociais.

Vale destacar que, com todos esses obstáculos sociais e naturais da caatinga,
seus habitantes partem para migração em regiões como a Amazônia e o sudeste brasilei-
ro, a chamada de migração de transumância (saída na seca e volta na chuva).

Com o seu clima semiárido, o solo só poderia ter características semelhan-


tes. Sendo raso e pedregoso, o solo da caatinga sofre muito intemperismo
físico nos latossolos e pouca erosão nos litólicos, e há influência de sais em Cacto Xique-Xique.
solo, como solonetz, solodizados, planossolos, solódicos e soonchacks. Mes- Um Cacto Xique-Xique, no Domínio da Caatinga.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.
mo tendo aspectos de um solo pobre, a caatinga nos engana, pois necessita
apenas de irrigação para florescer e desenvolver a cultura implantada. Tendo
pouca rede de drenagem, os mínimos rios existentes são em sua maioria
sazonais ao período das chuvas, que ocorrem num curto intervalo durante
o ano. Porém existe um “oásis” no sertão nordestino, o Rio São Francisco,
vindo da região central do Brasil. Ele irriga grandes áreas da caatinga, transfor-
mando suas margens num solo muito fértil. Neste sentido, comprova-se que
a irrigação na caatinga pode e deve ser feita com garantia de bons resultados.
A região é caracterizada por uma vegetação herbácea tortuosa, tendo como
espécies as cactáceas, o mandacaru, o xique-xique etc.
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Segundo o grupo de Geoprocessamento do Centro Regional do Nordeste (CRN) do Instituto Nacional


de Pesquisas Espaciais (INPE), em Natal (RN), em um estudo sobre a caatinga em 2015, em resultados

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preliminares do monitoramento por satélite, foi mapeada uma área de aproximadamente 90 mil Km², o que
representa 14% dos seis Estados e 9,15% do total da Caatinga. E até o momento, o monitoramento revela
40% de Caatinga Preservada, 45% de Caatinga Degradada, 7,2% de Solo Exposto, 6,5% de lavoura e 0,7%
de corpos d’água.

As áreas mapeadas dos Estados de Alagoas e Pernambuco são as mais desmatadas, enquanto no
leste do Ceará e no oeste do Rio Grande do Norte predomina a Caatinga Preservada.

Domínio dos cerrados


O cerrado é um domínio geoecológico característico do Brasil Central, apresentando terrenos cris-
talinos (as chamadas “serras”) e sedimentares (chapadas), com solos muito precários, ácidos, muito poro-
sos, altamente lixiviados e laterizados.
A expansão contínua da agricultura e da pecuária moderna exige o uso de corretivos com calagens e
nutrientes, que é a fertilização artificial do solo. A mecanização intensiva tem aumentado a erosão e a com-
pactação dos solos. A região tem sido devastada nas últimas décadas pela agricultura comercial policultora
(destaque para a soja).

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 15
Geografia física
Capítulo 1: Domínios morfoclimáticos

O cerrado apresenta dois estratos: o arbóreo arbustivo e o herbáceo. As


GEOGRAFIA

árvores de pequeno porte, com troncos e galhos retorcidos, cascas grossas e ra-
ízes profundas, denotam raquitismo e lençol freático profundo. O clima é tropical
continental (ou tropical semiúmido), com chuvas no verão e inverno seco. For-
mada pela própria vegetação de cerrado, nesta área encontram-se as formações
de chapadas ou chapadões, como a Chapada dos Guimarães e dos Veadeiros.

A fauna e flora ali situada são de grande exuberância, tanto para pontos
turísticos, como científicos. Vale destacar que é na região do cerrado que estão
três nascentes das principais bacias hidrográficas brasileiras: a Amazônica, a
Cerrado. São-Franciscana e a Paranaica.
O cerrado é composto pelo conjunto de formações
vegetais de aspectos e fisionomia variáveis,
principalmente de árvores baixas e retorcidas que
se misturam a um exuberante estrato herbáceo
Devido à sua localização geográfica ser no interior brasileiro, os processos de povoamento e ocupa-
rasteiro. ção territorial nesta região eram fracos, mas o governo federal veio a intervir com os programas de políticas
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino. de interiorização do desenvolvimento nos anos 40 e 50, e na política de integração nacional nos anos 70. A
primeira era baseada, principalmente, na construção de Brasília, e a segunda, nos incentivos aos grandes
projetos agropecuários e extrativistas, além de investimentos de infraestrutura, estradas e hidrelétricas.

Com estes recursos, a região veio a atrair investidores e mão de obra, e


consequentemente ocorreu um salto no crescimento populacional de cada Estado,
como no Mato Grosso que em 1940 sua população era de 430 mil/hab. e em 1970
vai para 1,6 milhões/hab.
Tal foi à resposta destes programas, que nos dias de hoje o setor agrícola

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do cerrado ocupa uma ótima colocação em produção, em virtude de migrações do
sul do Brasil.
Em vista desses aspectos fisiográficos, o cerrado atraiu muita atenção para
a agricultura, o que lhe tornou uma região de grande produção de grãos, como a
soja, bem como a atividade agropastoril, com a ótima adaptação dos gados zebu,
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nelore e ibagé. Em virtude disso, o solo nativo foi retirado e alterado por outra vege-
tação, condizendo a uma maior facilidade aos processos erosivos, devido à falta de
cobertura vegetal, seja ela gramínea ou herbácea.
Nesse sentido, faz-se muito pouco pela preservação e conservação das
matas nativas – a não ser nas áreas demarcadas como reservas bioecológicas.
Outra exploração ativa é a mineral, como o ouro e o diamante, de onde decorre
uma grande devastação à natureza. Dessa forma, os governos federal, estadual ou
municipal, deverão tomar decisões imediatas quanto à proteção ao meio natural,
pois deve ocorrer, sim, a exploração pastoril, agrícola e mineral dessa região, porém
não se deve esquecer que para a efetiva existência dessas economias, o ambiente
deverá ser prudentemente conservado.

Ao longo dos rios, consequência da maior umidade do solo, surgem pequenas e alongadas flores-
tas, denominadas Matas Galerias ou Ciliares. Essas formações vegetais são de grande importância para a
ecologia local, pois evitam a erosão das margens, impedindo o assoreamento dos rios; favorecem ainda a
fauna e a vida do rio.

Centrado no planalto brasileiro, o domínio do cerrado é dividido pelas formações de chapadas que existem ao longo de sua extensão territorial.
Estas, que são “gigantescos degraus”, com mais de 500 metros de altura, formadas na era geológica Pré-Cambriana, limitam o planalto central
e as planícies – como a Pantaneira. Com sua flora única, constituída por árvores herbáceas tortuosas e de aspecto seco, devido à composição
do solo, deficiente em nutrientes e com altas concentrações de alumínio, a região passa por dois períodos sazonais de precipitação, os secos
e os chuvosos. Com sua vegetação rasteira e de campos limpos, o clima tropical existente nesta área condiz a uma boa formação e um ótimo
crescimento das plantas - também auxiliado pela importante rede hidrográfica da região, de onde são oriundas nascentes das três maiores
bacias hidrográficas do Brasil. Isso lhe dá uma imensa responsabilidade ambiental, pois denota a sua significativa conservação natural. Com
um solo formado principalmente por latossolos, areais quartzosas e podzólicos; constituem assim um solo carente em nutrientes fertilizantes,
necessitando de correção para compor uma terra viável à agricultura. Observa-se também que este mesmo solo apresenta características à
fácil erosividade, devido às estações chuvosas que ali ocorrem e principalmente a degradação ambiental descontrolada. Tais processos fazem
a remoção da vegetação nativa, e tornam frágeis os horizontes à frente aos problemas ambientais existentes, como a voçoroca.

Domínio dos mares de morros


O aspecto característico do Domínio dos Mares de Morros encontra-se no relevo e nos processos
erosivos. Este domínio estende-se do sul do Brasil até o Estado da Paraíba (no nordeste), obtendo uma área

16 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Geografia física
Capítulo 1: Domínios morfoclimáticos

total de aproximadamente 1.000.000 km². Está situado mais exatamente no litoral dos Estados do Rio Grande

GEOGRAFIA
do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambu-
co e Paraíba; e no interior dos Estados, como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. Inclui
em sua extensão territorial cidades importantes, como São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória, Salvador, Recife,
Porto Alegre e Florianópolis.

Como encontra-se na região litorânea leste do Brasil, foi o primeiro lugar


a ser descoberto e colonizado pelos portugueses – tanto que é em Porto Seguro,
Bahia, que atracou o navegante Pedro Álvares Cabral, “descobrindo” o Brasil.

Com isso, a primeira capital da colônia portuguesa na América foi Salvador,


onde iniciaram-se os processos de colonização e povoamento, respectivamente. É
neste domínio que estão as duas maiores cidades brasileiras – São Paulo e Rio de
Janeiro. Isto se deve à antiga constituição das duas cidades como centros econô-
micos, integradores, culturais e políticos. Foram muitos os resultados desse povo-
amento, como por exemplo, a maior concentração populacional do Brasil e a de
melhor base econômica.

Mares de morros em Araxá, Minas Gerais.


A principal paisagem vegetal desse domínio era, originariamente, represen- Mar de morros ou Mares de morro é uma denominação criada pelo geógrafo
tada pela mata Atlântica ou floresta latifoliada tropical. Essa formação florestal francês Pierre Deffontaines e consagrada pelo geógrafo brasileiro Aziz
Ab’Saber, que se utilizou dessa expressão para designar o relevo das colinas
ocupava as terras desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul, cobrindo as dissecadas do Planalto Atlântico (Serra Geral).
escarpas voltadas para o mar e os planaltos interiores do Sudeste. FONTE: https://upload.wikimedia.org.
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Apresentava, em muitos trechos, uma vegetação imponente, com árvo-


res de 25 a 30 metros de altura, como perobas, pau-d’alho, figueiras, cedros,
jacarandá, jatobá, jequitibá, etc. Com o processo de ocupação dessas terras
brasileiras, essa floresta sofreu grandes devastações. No início, foi a extração
do pau-brasil; posteriormente, a agricultura da cana-de-açúcar (Nordeste) e a do

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café (Sudeste).

Lembrando que foi colocado anteriormente em relação ao povoamen-


to, essas terras já estão sendo utilizadas economicamente há muitos anos. De-
corrente disso, observa-se um considerável desgaste do solo, que elucida uma
atual preservação das matas restantes. Esta região já sofreu muita devastação
do homem e da sociedade, e devem ser tomadas atitudes urgentes para sua
conservação. Existem muitos programas, tanto do governo como privados, para
a proteção da mata atlântica. Destaca-se, por exemplo, a Fundação O Boticário Mata Atlântica de São José da Laje (AL).
(privado), que detém áreas de preservação ao ambiente natural e o SOS Mata De acordo com o geógrafo Alex Nazário, consultor do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas
(IMA), aproximadamente 50% da faixa territorial alagoana é coberta pelo bioma de Mata Atlânti-
Atlântica (governamental e privado). ca e desse percentual, mais de 22% estão abrigados por Unidades de Conservação.

FONTE: https://culturaeviagem.wordpress.com.
Nesse sentido, a solução mais adequada para esse domínio seria a es-
tagnação de muitos processos agrícolas ao longo de sua área, pois o solo encon-
tra-se desgastado e com problemas erosivos muito acentuados - deixando assim
a terra “descansar” e iniciar um projeto de reconstituição à vegetação nativa.

Domínio das araucárias


Abrange áreas altas do Centro-Sul do País, sobretudo Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
O Domínio das Araucárias ocupa áreas pertencentes ao Planalto Meridional do Brasil. Suas altitudes variam
entre 800 e 1300 metros, apresentando terrenos sedimentares (do Paleozoico), recobertos, em parte, por
lavas vulcânicas (basalto), datadas do Mesozoico.

A região das araucárias encontra-se no planalto meridional, onde a altitude pode variar de 500 metros até cerca de 1.200m. Isso evidencia um
clima subtropical em toda sua extensão, que mantém uma boa relação com a precipitação existente nesse domínio, variando de 1.200 a 1.800 mm.
Nesse sentido, a região identifica-se com uma grande rede de drenagem em toda a sua extensão territorial. O solo é formado principalmente por la-
tossolos brunos e também são encontrados latossolos roxos, cambissolos, terras brunas e solos litólicos. Com estas características, o solo detém
uma alta potencialidade agrícola, como milho, feijão, batata etc. As morfologias do relevo se destacam por uma forte ondulação, o que representa
um solo de fácil adesão a processos erosivos, iniciados pela degradação humana. Atualmente, pouco resta deste domínio, já que as indústrias de
celulose e madeireiras da região exerceram um extrativismo descontrolado, que resultou no desaparecimento total em algumas áreas.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 17
Geografia física
Capítulo 1: Domínios morfoclimáticos

Além do planalto arenito basáltico, surge a Depres-


GEOGRAFIA

são Periférica e suas cuestas. São relevos salientes, for-


mados pela erosão diferencial, ou seja, ação erosiva sobre
rochas de diferentes resistências; apresentam uma vertente
inclinada, denominada frente ou front e um reverso suave.
Essas frentes de cuestas são chamadas serras. No Brasil,
temos a Geral, Botucatu, Esperança etc.

A região das araucárias foi povoada no final do sé-


culo XIX, principalmente por imigrantes italianos, alemães,
poloneses, ucranianos etc. Com isso, os estrangeiros diver-
sificaram a economia local, o que tornou essa região uma
das mais prósperas economicamente. Caracterizado por co-
lônias de imigração estabelecidas pela descendência estran-
geira, podemos destacar como principais pontos as cidades
de Blumenau – SC (colônia alemã); Londrina – PR (colônia
Araucárias.
Vegetação de Araucária - chamada de pinheiro-do-Paraná, ou pinheiro brasileiro. japonesa); Caxias do Sul – RS (colônia italiana).
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

Mas a vinda desses imigrantes não foi só boa vontade do governo daquela época. O Brasil tinha
acabado de terminar a sua guerra com Paraguai, que deixou muitas perdas em sua população. Em virtude
disso, a solução foi atrair imigrantes europeus e asiáticos.
O domínio das araucárias apresenta como clima predominante o subtropical. Ao contrário dos de-
mais climas brasileiros, o clima aqui pode ser classificado como mesotérmico, isto é, de temperaturas

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médias, não muito elevadas. As chuvas ocorrem durante o ano todo; durante o verão elas são provocadas
pela massa de ar Tropical Atlântica (mTa). No inverno, é frequente a penetração da massa Polar Atlântica
(mPa), ocasionando chuvas frontais, precipitações causadas pelo encontro da massa quente (mTa) com a
fria (mPa). Os índices pluviométricos são elevados, variando de 1.250 a 2.000 mm anuais.
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Percebe-se atualmente que a araucária quase desapareceu dessa região, devido à sua descontrolada
exploração para produção de celulose. Felizmente, medidas foram tomadas, e hoje a araucária é protegida
por lei estadual no Paraná. Mas os questionamentos ambientais não estão somente na vegetação. Devido ao
fato de este solo ser utilizado há anos, ocorre uma erosividade considerável. Em virtude do mesmo, surge
a técnica de manejo agrícola chamada plantio direto, que evidencia uma proteção ao solo nu em épocas de
pós-safra. Nesse sentido, o domínio morfoclimático das araucárias, que compreende uma importante área
no sul brasileiro, detém um nível de conservação e reestruturação vegetal notável. Mas não se deve estagnar
esse processo positivo, pois necessitamos muito dessas terras férteis que mantém as economias locais.

Domínio das pradarias


O Domínio das Pradarias, também conhecido
como Campanha Gaúcha ou Pampas, abrange vastas
áreas (Centro-Sul) do Rio Grande do Sul, constituindo-
-se em um prolongamento dos campos ou pradarias do
Uruguai e Argentina pelo território brasileiro. Território
mãe da cultura gauchesca, suas tradições ultrapassam
gerações, demonstrando a força da mesma. Caracte-
rizado por um baixo povoamento, a região destaca-se
pelos grandes latifúndios agropastoris, que são até hoje
marcas conhecidas dos pampas gaúchos. Os jesuítas
iniciaram o povoamento com a catequização dos ín-
dios, e posteriormente surgem as povoações de Char-
queadas.

Passando por bandeirantes e tropeiros, as pra-


darias estagnam esse processo (ciclo do charque) com
a venda de lotes de terras para militares, pelo governo
federal. Devido à proximidade geográfica com a divisão
fronteiriça de dois países (Argentina e Uruguai), ocor-
reram várias tentativas de anexação dos pampas a uma
destas nações - devido aos tratados de Madrid e de Tor-
desilhas. Mas as tentativas foram inválidas, e hoje os
pampas continuam sendo parte do território brasileiro.

18 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Geografia física
Capítulo 1: Domínios morfoclimáticos

O domínio morfoclimático das Pradarias detém importantes

GEOGRAFIA
reservas biológicas, como a do Parque Estadual do Espinilho (Uru-
guaiana e Barra do Quarai) e a Reserva Biológica de Donato (São
Borja). As condições ambientais atuais fora desses parques são mui-
to preocupantes.
Com o início da formação de um deserto que tende a crescer
anualmente, essa região está sendo foco de muitos estudos e proje-
tos para estagnar esse processo. Devido ao mau uso da terra pelo
homem, como a monocultura e as queimadas, essas darão origem
às ravinas, que por sua vez farão surgir as voçorocas. Como o solo
é muito arenoso e a morfologia do relevo é levemente ondulada, ra-
pidamente os montantes de areia espalharão na região, ocasionados Pradarias (estepes).
Pradarias (Estepes). Na Europa e na Ásia, elas recebem o nome de “estepes”. Na américa do Norte,
pela ação eólica. são chamadas de “Pradarias”. na África do Sul, recebem o nome de “Veld” e, na América do Sul,
recebem o nome de “Pampa”. Os animais típicos das pradarias são os ratos do campo, raposas,
Apesar de tudo, poucas medidas estão sendo tomadas, ex- búfalos, cabras, lebres, antilocapras, cães-da-pradaria etc.
ceto os estudos feitos. Assim, as autoridades locais deverão estar
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.
alertas para que esse processo erosivo tenha um fim antes que trans-
forme toda as pradarias num imenso deserto.

Faixas de transições
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Encontradas entre os vários domínios morfoclimáticos brasileiros, as faixas de transições


são as Zonas dos Cocais, a Zona Costeira, o Agreste, o Meio-Norte, as Pradarias, o Pantanal e
as Dunas. Espalhadas por todo o território nacional, constituem importantes áreas ambientais e
econômicas.

• Faixas de Transição Nordestinas: a zona dos cocais representa uma importante fonte de
renda à população nordestina, pois é nessa área, principalmente, que se faz a extração dos

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cocos. A zona costeira detém outra característica: é uma importante região ambiental, onde
se encontra a vegetação de mangue, que constitui um bioma riquíssimo em decomposição
Mata dos cocais.
de matéria. Outra faixa de transição é o agreste, que é responsável pela produção de alimen- A Mata dos Cocais abrange predominantemente os esta-
tos para o nordeste, como leite, aves, sisal, entre outras matérias primas para indústrias. No dos do Maranhão e Piauí (meio-norte), mas distribui-se
também pelo Ceará, Rio Grande do Norte e Tocantins.
litoral cearense, encontram-se as dunas – região de montantes de areia depositados pela
Está numa zona de transição entre os ecossistemas da
ação dos ventos e de constante remodelação. O meio-norte se estabelece entre a caatinga Floresta Amazônica e da Caatinga.
do do sertão e a Amazônia (Maranhão e Piauí). Com uma diversidade de vegetação como
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.
cerrado e matas de cocais, o meio-norte detém sua economia na pecuária bovina, chamada
de pé-duro e na criação do jegue. A carnaúba e o óleo de babaçu são outras fontes de extra-
tivismo. Sem esquecer que todas estas zonas demonstradas situam-se na região nordestina
brasileira.

• Faixa de Transição da Região Sul Brasileira: na região sul, encontra-se


a zona de transição das Pradarias, que se situa entre os domínios morfocli-
máticos da Araucária e das Pradarias. São, geralmente, campos acima de
serras e encontram-se vegetações do tipo araucárias, de campo, floresta e
cerrado. Assim, os sistemas naturais situados nessa região são de funda-
mental importância para o meio natural envolvente a ela.

• Faixa de Transição Pantanal: o pantanal é uma das principais zonas de


transição encontrada no Brasil. Ele é um complexo ambiental de suma
importância, pois compreende uma grande diversidade de fauna e flora.
Situado em regiões serranas e em terras altas, o pantanal é considerado um
grande reservatório de água, por encontrar-se numa depressão entre várias
montanhas. Sua rede fluvial é composta por rios, como o Cuiabá, o Taquari,
o Paraguai etc, sendo considerados rios perenes.

Como o pantanal passa por duas estações climáticas durante o ano – a


seca e as cheias dos rios –, essa região detém características e denominações Pantanal.
únicas, como “cordilheira” – que significa áreas mais altas, onde não sofrem O Complexo do Pantanal, ou simplesmente Pantanal, é um bioma constituído
alagamentos (pequenas elevações); salinas – regiões deprimidas que se tornam principalmente por uma savana estépica, alagada em sua maior parte, com
250 mil km2 de extensão, altitude média de 100 metros, situado no sul de Mato
lagoas rasas e salgadas com as cheias dos rios; barreiros –- são os depósitos Grosso e no noroeste de Mato Grosso do Sul, ambos estados do Brasil.
de sal após a seca das salinas; caixas – canais que ligam lagoas, existindo
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.
somente durante as inundações; e vazante – cursos d’água existentes durante
as épocas de chuva.
Contudo, o pantanal sofre consequências ambientais, pela exploração mineral, que polui intensamente os rios - considerados como os res-
ponsáveis pela existência da biodiversidade da região. A pecuária e a utilização de enormes monoculturas fazem o despejo de uma grande quanti-
dade de agrotóxicos nos rios. Nesse sentido, a preservação dessas zonas de transição é considerada de suma importância para a existência dos
domínios morfoclimáticos brasileiros, pois eles estabelecem uma relação direta com a fauna, flora, hidrografia, clima e morfologia, conservando
o equilíbrio dos frágeis sistemas ecológicos.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 19
Geografia física
Capítulo 1: Domínios morfoclimáticos

Fenômenos climáticos
GEOGRAFIA

Introdução
O nosso planeta vem sofrendo mudanças climáticas há muito tempo. Basta considerar que há 4,6
bilhões de anos, aproximadamente, a Terra era uma bola incandescente que foi se resfriando lentamente, e
há cerca de 250 milhões de anos os continentes formavam um único bloco e a última glaciação ocorreu há
11 mil anos.
Recentemente foram detectados alguns fenômenos que têm alterado o clima no planeta numa escala
de tempo menor do que os acontecimentos mencionados, a maioria deles agravados pelo lançamento de
gases e partículas poluidoras na atmosfera e pela exploração inadequada dos recursos naturais. Alguns
desses fenômenos trataremos a seguir.

El Niño
El Niño é um fenômeno atmosférico oceânico caracterizado por um
aquecimento anormal das águas superficiais no oceano Pacífico Tropical, e
que pode afetar o clima regional e global, mudando os padrões de vento a
nível mundial, e afetando assim, os regimes de chuva em regiões tropicais e
de latitudes médias. O evento de El Niño e La Niña tem uma tendência a se
alternar a cada 3 ~ 7 anos.

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Porém, de um evento ao seguinte, o intervalo pode mudar de 1 a 10
anos; As intensidades dos eventos variam bastante de caso a caso. O El Niño
mais intenso desde a existência de “observações” ocorreu em 1982-83 e
1997-98.
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El Niño. Algumas vezes, os eventos El Niño e La Niña tendem a ser intercala-
Anomalia de temperatura da superfície do mar em dezembro de 1998, mostrada na figura aci-
ma. Os tons avermelhados indicam regiões com valores acima da média, e os tons azulados, as dos por condições normais. El Niño resulta de uma interação entre a superfície
regiões com valores abaixo da média climatológica. Pode-se notar a região no Pacífico Central
e Oriental com valores positivos, indicando a presença do El Niño. Dados cedidos gentilmente do mar e a baixa atmosfera sobre o Oceano Pacifico tropical. O início e fim do
pelo Dr. John Janowiak - CPC/NCEP/NWS/NOAA-EUA. (1997). El Niño é determinado pela dinâmica do sistema oceano atmosfera.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

Os ventos provocam correntes que levam as águas da superfície, mais quentes, na mesma direção.
Na América do Sul, por exemplo, sem a sustentação dos ventos, o nível das águas se eleva nessa direção,
e as águas superficiais, por se deslocarem menos, têm sua temperatura aumentada, provocando grandes
mudanças na circulação dos ventos e das massas de ar, além de evaporação mais intensa, com aumento do
índice de chuvas em algumas regiões do planeta e ocorrência de estiagem em outras.

Nos anos de ocorrência do fenômeno, a América do Sul sofre a ação de uma nova massa de ar
quente e úmida que atua no sentido noroeste-sudeste. No Brasil, essa massa de ar desvia a umidade da
Massa Equatorial Continental (mEc), a responsável pelas chuvas na caatinga, em direção ao sul do país.

A consequência é a ocorrência de enchentes no Brasil meridional e seca


na região do clima semiárido nordestino e extremo norte do país, principalmente
em Roraima. Outra consequência é o desvio da Massa Polar Atlântica (mPa) para o
Oceano Atlântico antes de atingir a região Sudeste, o que atenua a queda normal de
temperaturas no inverno.

La Niña
La Niña representa um fenômeno oceânico atmosférico com características
opostas ao El Niño, e que caracteriza-se por um esfriamento anormal nas águas su-
perficiais do Oceano Pacífico Tropical. Alguns dos impactos de La Niña tendem a ser
opostos aos de El Niño, mas nem sempre uma região afetada pelo El Niño apresenta
impactos significativos no tempo e clima devido à La Niña.
Nos anos em que o La Niña ocorre, há um resfriamento das águas super-
ficiais do Pacífico na costa peruana, o que também altera as zonas de alta e baixa
La Niña. pressão, provocando mudanças na direção dos ventos e massas de ar. As causas
Anomalia de temperatura da superfície do mar em dezembro de 1998. Plotados somente as
anomalias negativas menores que -1°C. Dados cedidos gentilmente pelo Dr. John Janowiak - que levam ao aparecimento desses dois fenômenos, aparentemente naturais, ainda
CPC/NCEP/NWS/NOAA-EUA. (1997).
são desconhecidas.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

20 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Geografia física
Capítulo 1: Domínios morfoclimáticos

Inversão Térmica

GEOGRAFIA
A inversão térmica é um fenômeno meteorológico facilmente visto a olho
nu nas grandes cidades, como São Paulo ou Nova York, principalmente no inverno.
É aquele facho de luz cinza alaranjado que divide o céu um pouco antes de anoitecer.
Para entender o fenômeno é preciso ter em mente o seguinte: o ar quente, menos
denso e mais leve, tende a subir, e o ar frio, mais denso e pesado, tende a descer.
Nessas ocasiões, as temperaturas do ar próximo à superfície são inferiores a 5ºC, o
que dificulta a circulação vertical do ar.

Durante a maioria dos dias, o movimento do ar na atmosfera é vertical e


linear. O ar quente, fruto da ação dos raios solares no solo, sobe para dar lugar ao ar
frio. Nesse movimento, os poluentes, que são mais quentes e menos densos que o
Inversão térmica.
ar, sobem ainda mais e se dispersam. Para que ocorra a inversão térmica, são pre- Inversão Térmica na cidade de São Paulo. Como podemos ver, há uma grossa
camada de poluição suspensa no ar.
cisos alguns fatores específicos, como baixa umidade do ar (comum nos invernos
paulistanos, por exemplo). FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

O fenômeno pode ocorrer em qualquer época do ano, mas fica mais intenso nas épocas de noites
longas, com baixas temperaturas e pouco vento (mais frequente no inverno, em períodos de penetração de
massas de ar frio). Quando chega o final da tarde de um dia de inverno em São Paulo, por exemplo, os raios
solares tornam-se mais difusos e frágeis e, assim, o solo da cidade se resfria rapidamente. Consequente-
mente, o ar próximo do solo se resfria rapidamente também. Aquele ar quente que ainda está na atmosfera
continua a subir, mas o ar frio próximo ao solo, por ser mais denso e pesado, fica parado. Assim, a tem-
É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

peratura cai ainda mais e os poluentes, que normalmente são “levados” pelo ar quente, acabam retidos na
camada mais baixa da atmosfera.

Quando ocorre a inversão térmica, os poluentes, que normalmente iriam se dispersar acompanhan-
do o ar quente liberado na terra, ficam presos. A faixa cinza alaranjada é a consequência visível do fenômeno.

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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998

É comum nos invernos paulistanos vários moradores apresentarem problemas de saúde (principalmente as
doenças cardiorrespiratórias, as alergias relacionadas ao sistema respiratório etc.) devido ao ar seco e ao
frio, afinal, a poluição atmosférica torna-se mais intensa.

A poluição atmosférica é provocada por fontes estacionárias, como indústrias e usinas termelétricas, e fontes móveis, como caminhões,
ônibus e automóveis. É um dos grandes problemas de saúde pública, principalmente nas grandes aglomerações urbanas (os grandes centros,
as metrópoles etc). Na zona rural brasileira, a prática de queimadas em canaviais e os incêndios em florestas e outras formações vegetais
são os principais responsáveis pela poluição atmosférica.

Entre os efeitos dos poluentes, é constatado que o monóxido de carbono (CO), que sai dos escapa-
mentos dos veículos, causa disfunções do miocárdio; o dióxido de enxofre (SO2), problemas respiratórios.
Além desses dois poluentes, várias partículas inaláveis prejudicam a circulação vascular do corpo humano,
ampliando as chances, por exemplo, de aumento da pressão arterial. Estudos da Universidade de São Paulo
estimam que cerca de oito pessoas morrem por dia na região metropolitana de São Paulo por causa de
consequências indiretas da poluição atmosférica.

Efeito estufa
O efeito estufa é um fenômeno natural e importante para a vida na Terra. Ele ocorre porque as
partículas de gases e outros elementos suspensos na atmosfera retêm calor. Isso é um dos fatores que
proporcionam a manutenção das atuais condições climáticas de nosso planeta. Sem a ação desses gases,
portanto, a temperatura na Terra seria muito inferior à atual, e as condições para a vida das plantas e animais
como conhecemos hoje estariam comprometidas.
Esse efeito estufa que ocorre naturalmente não constitui um problema em si, mas sua intensifica-
ção, provocada pelo lançamento de gases poluentes, com destaque para o dióxido de carbono (CO2), é o
que se torna um complicador. O número crescente, desde o final do século XIX, de fábricas, de veículos em
circulação e de áreas agrícolas em que se emprega a mecanização, potencializa a concentração de CO2 na
atmosfera em razão da queima (combustão) de combustíveis fósseis (carvão e petróleo) e de queimadas
florestais, entre outros fatores contribuintes.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 21
Geografia física
Capítulo 1: Domínios morfoclimáticos

Há registros de que, segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o


GEOGRAFIA

efeito dessa significativa concentração de alguns gases lançados artificialmente na atmosfera pode elevar a
temperatura média do planeta entre 1ºC e 3,5ºC nos próximos cem anos. Caso se concretize essa menção,
haveria alteração na dinâmica das massas de ar e, portanto, do clima, com estiagens em regiões atualmente
úmidas e ocorrência de chuvas em regiões áridas, além de aumento do nível médio dos oceanos, em con-
sequência do derretimento da cobertura de neve dos picos montanhosos - que pode provocar enchentes e,
depois, baixa do nível dos rios.

FLUXO NORMAL INVERSÃO TÉRMICA

• AR FRIO

• AR MAIS FRIO
• AR QUENTE

• AR FRIO
• AR FRIO

• AR QUENTE

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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998


Ilustração do fenômeno da Inversão Térmica.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

a) Poluentes atmosféricos: qualquer contaminação do ar por meio de desperdícios ga-


sosos, líquidos, sólidos, ou por quaisquer outros produtos que podem vir (direta ou indi-
retamente) a ameaçar a saúde humana, animal ou vegetal, ou atacar materiais, reduzir a
visibilidade ou produzir odores indesejáveis pode ser considerada poluição atmosférica.
Entre os poluentes do ar oriundos de fontes naturais, o radão (Rn) - gás radioativo, é o único
altamente prejudicial à saúde humana.

Alguns gases presentes na atmosfera, como o vapor de água, o gás carbônico ou dióxido de carbono (CO2), o metano (CH2), o ozônio (O3)
e o dióxido de nitrogênio (N2O), têm a capacidade de reter energia refletida pela superfície. Se não estivessem presentes, essa energia se
dispersaria em direção ao espaço sideral. Esses gases também são importantes porque mantêm a atmosfera aquecida por várias horas após
o pôr-do-sol, permitindo que ela se resfrie lentamente durante a noite.

O Radão (ou radônio) é originado pela degradação do Urânio, e quan-


do se liberta, torna-se perigoso para os organismos vivos. Um dos perigos
comuns deste gás é a sua acumulação em cavidades de casas situadas sobre
certos tipos de rochas, que em reação com o Urânio vêm a liberar o Radão - por
isso que este está presente em quase 20% das casas americanas em concen-
trações perigosas (ao ponto de poder causar câncer de pulmão).

Os países industrializados são os maiores produtores de poluentes,


enviando anualmente bilhões de toneladas para a atmosfera. A tabela que se
segue mostra os principais poluentes do ar e os seus efeitos; o seu nível
de concentração no ar é dado pelo número de microgramas de poluente por
Fragmento de Rádio (Ra). m3 de ar, ou, no caso dos gases, em termos de partes por milhão (ppm), o
Do decaimento natural do Rádio gera-se o gás radônio. que expressa o número de moléculas do poluente por um milhão de moléculas
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.
constituintes do ar.

22 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Geografia física
Capítulo 1: Domínios morfoclimáticos

GEOGRAFIA
QUANDO ELE É BOM QUANDO ELE É MAU

4 A má fama do efeito estufa


3 Em uma situação de equilíbrio,
vem da ação do homem, que
a quantidade de gases do efeito
emite mais gás carbônico (CO2)
estufa presentes na atmosfera
e outros gases tóxicos do que a
é absorvida por processos
natureza consegue neutralizar,
naturais, como a fotossíntese.
fazendo com que a tempera-
tura se eleve e a poluição se
concentre.

A radiação do Sol 1
chega à super-
fície e aquece a
Terra. 4
3

2
Esse calor é 2
mantido na
superfície 1
porque os gases
do efeito estufa
funcionam
É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

como um
cobertor e não
permitem que
ele se dissipe.

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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998

Ilustração do efeito estufa.


FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

Poluentes atmosféricos

Poluente Principal fonte Comentários

Monóxido de carbono Escape dos veículos motorizados; alguns processos Limite máximo suportado: 10mg/m3 em 8 h (9 ppm); 40 mg/
(CO) industriais. m3 numa 1 h (35 ppm).
Dióxido de enxofre Centrais termoelétricas de petróleo ou carvão; fábricas de Limite máximo suportado: 80 mg/m3 num ano (0,03 ppm);
(SO2) ácido sulfúrico. 365 mg/m3 em 24 h (0,14 ppm).
Escape dos veículos motorizados; processos industriais; Limite máximo suportado: 75 mg/m3 num ano; 260 mg/m3
Partículas em
centrais termoelétricas; reação dos gases poluentes na em 24 h; compostas de carbono, nitratos, sulfatos, e vários
suspensão
atmosfera. metais como o chumbo, cobre, ferro.
Escape dos veículos motorizados; centrais termoelétricas; Limite máximo suportado: 1,5 mg/m3 em 3 meses; sendo a
Chumbo (Pb)
fábricas de baterias. maioria do chumbo contida em partículas suspensão.
Limite máximo suportado: 100 mg/m3 num ano (0,05 ppm)
Óxido de azoto (NO, Escape dos veículos motorizados; centrais termoelétricas;
- para o NO2; reage com hidrocarbonetos e luz solar para
NO2) fábricas de fertilizantes, de explosivos ou de ácido nítrico.
formar oxidantes fotoquímicos.
Etano, Etileno, Propano, Escape dos veículos motorizados; evaporação de sol-
Reagem com Óxidos de Azoto e com a luz solar para formar
Butano, Acetileno, ventes; processos industriais; lixos sólidos; utilização de
oxidantes fotoquímicos.
Pentano combustíveis.
São perigosos para a saúde quando em concentrações
superiores a 5000 ppm em 2-8 h; os níveis atmosféricos
Dióxido de carbono
Todas as combustões. aumentaram de cerca de 280 ppm, há um século atrás, para
(CO2)
350 ppm atualmente, algo que pode estar a contribuir para o
Efeito de Estufa.

Muitos dos poluentes são originados por fontes diretamente identificáveis, como o dióxido de En-
xofre (SO2), por exemplo, que tem como origem as centrais termoelétricas a carvão ou petróleo. Existem
outros casos nos quais a origem é bem mais remota e os poluentes formam-se a partir da ação da luz solar
sobre materiais bastante reativos. Para este caso temos o exemplo do ozônio (O3) que é um poluente muito
perigoso quando constituinte do chamado “smog”. O Ozônio é produto das interações entre Hidrocarbonetos
e Óxidos de Azoto quando sob a influência da luz solar. Mas mesmo sem conseguir identificar objetivamente
a sua origem, sabe-se que o Ozônio tem sido causa de grandes danos sobre campos de cultivo.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 23
Geografia física
Capítulo 1: Domínios morfoclimáticos

Redução da camada de ozônio


GEOGRAFIA

A atmosfera terrestre é uma camada de ar de aproximadamente 700


km que rodeia o nosso globo. O ar é uma solução gasosa que contém partí-
culas líquidas e sólidas (aerossóis) em suspensão. A troposfera é a camada
da atmosfera terrestre onde vivemos, contendo o ar que respiramos e onde
se formam a chuva e a neve. Ela tem entre 16 a 20 km de altitude. É nela que
encontramos, também, gases como o nitrogênio, o gás carbônico, o oxigênio
etc., que são necessários à vida no planeta. Já o gás ozônio (O3) é uma forma
de oxigênio cuja molécula tem três átomos, ao invés de dois – o do gás oxigê-
nio –, como costuma ser encontrada na natureza.

O ozônio existe tanto na troposfera quanto na estratosfera. É um gás


“azul-claro” com um cheiro penetrante (o odor no ar após um raio, numa
tempestade, é do ozônio). É um gás instável, muito reativo. A estratosfera
contém cerca de 90% do ozônio da Terra. Esta constitui a camada de ozônio. O
Ilustração – camada de ozônio.
CFC (Cloro Flúor Carbono) é o grande responsável por outro problema de de-
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino. gradação do ambiente em escala global – a destruição da camada de ozônio.

A utilização desse gás não causa problemas junto à superfície terrestre, pois ele não é tóxico. En-
tretanto, ao atingir altitudes entre 35 e 55 km – faixa de concentração da camada de ozônio – os átomos de
cloro fixam-se às moléculas de ozônio, destruindo-as.
A camada de ozônio tem um papel primordial para a vida na Terra, pois ela retêm os raios ultraviole-

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
tas tipo B emitidos pelo sol. A diminuição dessa camada está ocorrendo mais intensamente sobre algumas
regiões temperadas do hemisfério Norte, sobre a região do Ártico e, principalmente, sobre a Antártica. Essa
diminuição da densidade da camada de ozônio levará ao aumento dos casos de câncer de pele e de catarata
(doença nos olhos), bem como ao enfraquecimento das defesas imunológicas, além das alterações na re-
produção das plantas e na morte dos fitoplanctos (base da cadeia alimentar dos oceanos).
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Os principais responsáveis pela destruição da camada de ozônio são os gases clorofluorocarbonos
(CFCs), usados como fluidos de refrigeração em geladeiras e aparelhos de ar condicionado e como solven-
tes nas embalagens de aerossóis e nas espumas plásticas. Em 1987, 120 países assinaram o Protocolo de
Montreal (Canadá), num acordo de redução do uso de CFCs.
Além do grande “buraco” na camada de ozônio sobre a Antártida, foram detectados “miniburacos”
também sobre o Polo Norte. A preocupação era se a circulação atmosférica não faria esses “buracos” se
ampliarem, atingindo regiões mais habitadas. Governos e indústrias, sob pressão da sociedade civil, estão
ajustando iniciativas para colocar em prática os acordos firmados pelo Protocolo de Montreal. Segundo os
cientistas da ONU, só daqui a 63 anos teremos a camada de ozônio restaurada.

Chuva ácida
É preciso considerar que as chuvas são naturalmente
ácidas graças à presença de uma pequena quantidade de áci-
do carbônico (H2CO3) na atmosfera. Em condições normais, as
chuvas apresentam um pH de aproximadamente 5,6 - e sua neu-
tralidade se dá no patamar 7.

A queima de carvão mineral e derivados de petróleo lan-


ça dióxido de enxofre (SO2) e de nitrogênio (NO2) na atmosfera.
Esses gases se combinam com o hidrogênio da água e do vapor
presente na atmosfera, formando o ácido sulfúrico (H2SO4), nítri-
co (HNO3) e nitroso (HNO2). O resultado são chuvas ácidas, que
ao precipitarem, provocam alterações na composição química
Chuva ácida.
Na figura, veem-se duas fotografias de uma mesma estátua, localizada no castelo de Herten, na Alemanha, do solo e das águas, comprometendo o equilíbrio das florestas
tiradas com 60 anos de diferença. As alterações que podemos observar devem-se às chuvas ácidas locais.
Normalmente a água da chuva é ligeiramente ácida (pH = 5,6), mas poluentes atmosféricos podem tornar a
e prejudicando lavouras. Além disso, causam corrosão em es-
chuva mais ácida, podendo registrar-se valores da ordem de 3 ou menos no pH. truturas metálicas, monumentos históricos e outros, acarretando
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino. sérios prejuízos materiais e à saúde pública.

Quando, por exemplo, a chuva ácida se precipita sobre rios, lagos, represas e mares, compromete
todo o ecossistema aquático, matando flora e fauna.
No Brasil, os casos mais significativos de incidência de chuva ácida ocorreram em Cubatão (SP),
durante a década de 1980. A cidade, um polo industrial com usinas siderúrgicas e petroquímicas, naquela

24 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Geografia física
Capítulo 1: Domínios morfoclimáticos

época era considerada uma das mais poluídas do mundo. As chuvas, bastante ácidas, provocavam desma-

GEOGRAFIA
tamento na floresta que recobre a serra. Com a exposição dos solos, começou a haver deslizamentos de
encosta e assoreamento dos cursos de água da região, o que levou o poder público e as indústrias a agirem
conjuntamente para reduzir a poluição e reflorestar a encosta serrana. Em 1992, Cubatão foi reconhecida
pela ONU como maior exemplo mundial de recuperação ambiental.
No solo, a chuva ácida dissolve os principais nutrientes das plantas e carrega-os na enxurrada.
Pior: a acidez das gotas libera alumínio e cádmio, compostos tóxicos para plantas e animais do local. Ao
“homem”, ficar molhado em uma tempestade ácida ou nadar em um lago ácido pode deixar a pele bem
ressecada, mas não oferece maiores riscos. O problema são os poluentes que originam o fenômeno: se
inalados por muito tempo, eles causam náusea, dor de cabeça e doenças respiratórias graves.

Com o agravamento do
Ilhas de calor efeito estufa, as chuvas
ácidas tornaram-se um
problema a partir do grande
Outro fenômeno climático típico de grandes aglomerações urbanas, que também colabora para au- aumento na queima de
mentar os índices de poluição nas zonas centrais da mancha urbana, é a ilha de calor. Enquanto a inversão combustíveis fósseis,
térmica é um fenômeno natural agravado pela ação humana, este é claramente antrópico (relativo à humani- sobretudo carvão (que
ocorreu após a Revolução
dade, à sociedade humana, à ação do homem. É um termo de criação recente, empregado por alguns auto- Industrial, no século XVIII),
res para qualificar um dos setores do meio ambiente, o meio antrópico, compreendendo os fatores políticos, e da utilização dos motores
estéticos e sociais – econômicos e culturais), ou seja, produzido pelo homem. à combustão (a partir da
segunda Revolução Indus-
A ilha de calor é uma das mais evidentes consequências da ação humana como fator climático. trial, no século XIX).
Resulta da elevação das temperaturas médias nas áreas urbanizadas das grandes cidades, em comparação
com as zonas rurais. As variações térmicas entre elas podem chegar até 7ºC e ocorrem basicamente por
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causa das diferenças de irradiação de calor entre as áreas impermeabilizadas e as áreas verdes e por causa
da concentração de poluentes – que bloqueiam a irradiação de calor da superfície –, maior nas zonas cen-
trais.

Desertificação

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A desertificação é definida como um processo de destruição do poten-


cial produtivo da terra por meio da pressão exercida pelas atividades humanas
sobre ecossistemas frágeis, cuja capacidade de regeneração é baixa. A ONU
classifica como desertificação apenas os danos nas áreas de ocorrência loca-
lizadas nas regiões de clima semiárido, árido e subúmido seco. Esse processo
provoca três tipos de impactos: ambientais, sociais e econômicos.

De maneira geral, as causas da desertificação podem ser apontadas


por (1) sobreuso ou uso inapropriado da terra (monoculturas comerciais como
a cana-de-açúcar, soja, trigo, no Brasil); (2) desmatamento; (3) utilização de
técnicas agropecuárias impróprias; (4) exploração descontrolada de ecossiste- Charge – desertificação.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.
mas frágeis; (5) queimadas; (6) mineração; (7) uso excessivo de agrotóxicos;
(7) poluição; (8) secas.

Além dos fatores citados, causados pelo homem, há o fenômeno climático chamado de El Niño, que
colabora para o agravamento do processo de desertificação. Áreas semiáridas são sobrecarregadas com
longas secas e posteriormente sofrem inundações com chuvas intensas. Esse fator, porém, é controverso,
pois muitos cientistas acreditam que a desertificação acaba por interferir nas mudanças climáticas, como o
regime de chuvas. Atualmente, vários países apresentam sinais de desertificação em seus territórios, como
o EUA, o sul do continente africano, a Austrália e o Brasil, por exemplo.

Os impactos ambientais da poluição


O princípio é simples: impacto ambiental deve ser entendido como um desequilíbrio provocado
pela ação dos seres humanos sobre o meio ambiente, que pode resultar também de acidentes naturais (a
explosão de um vulcão, o choque de um meteoro, a queda de um raio etc). Quando os ecossistemas so-
frem impactos ambientais, geralmente, a vegetação é o primeiro elemento da natureza a ser agredido, pois
é reflexo das condições naturais de solo, relevo e clima do lugar em que ocorre. Os elementos climáticos,
principalmente a temperatura e a umidade, são determinantes para o tipo de vegetação de uma área. Atual-
mente, todas se encontram modificadas, em maior ou menor grau, por causa da expansão das atividades
agropecuárias, dos impactos causados pela industrialização e urbanização.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 25
Geografia física
Capítulo 1: Domínios morfoclimáticos

Um dos principais impactos ambientais que ocorrem em um ecossistema


GEOGRAFIA

natural é o desmatamento, notadamente das florestas tropicais. São formações


que possuem grande variedade e diversidade de espécies animais e vegetais, ou
seja, possuem uma vasta biodiversidade, por isso os impactos ambientais, como
a extração de madeira, a substituição da mata por pastagens e lavouras, a extração
mineral e outros, têm repercussão mundial. Um efeito muito sério do desmata-
mento, local e regional, é o agravamento dos processos erosivos. A retirada da
cobertura vegetal expõe o solo ao impacto das chuvas.

As consequências socioambientais dessa interferência humana são o au-


mento do processo erosivo, que leva a um empobrecimento dos solos; o assorea-
mento de rios e lagos, como resultado da elevação da sedimentação, que provoca
desequilíbrio nesses ecossistemas aquáticos, além de causar enchentes e, com
frequência, trazer dificuldade para a vegetação; o rebaixamento do aquífero, resul-
tante da menor infiltração da água das chuvas no subsolo, podendo até provocar
Charge – desmatamento. problemas de abastecimento de águas nas cidades e nas plantações; a diminuição
Charge de Jean Carlos Galvão, 1972, fazendo referência à atividade humana –
ou melhor, à intervenção humana –, na natureza.
dos índices pluviométricos, em consequência do fim da evapotranspiração; a ele-
vação das temperaturas locais e regionais, como consequência da maior irradiação
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.
de calor para a atmosfera a partir do solo exposto; o agravamento dos processos
de desertificação, por causa da combinação de todos os fenômenos descritos an-
teriormente; a redução ou fim das atividades extrativas vegetais, muitas vezes de
alto valor socioeconômico; a proliferação de pragas e doenças, como resultado do
desequilíbrio nas cadeias alimentares.

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
A palavra poluição (ou contaminação) significa um tipo específico, sempre negativo, de impacto
ambiental. Ela se refere a qualquer degradação (deterioração, estrago) das condições ambientais, do habitat
de uma coletividade humana. É uma perda, mesmo que relativa, da qualidade de vida em decorrência de
mudanças ambientais.
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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998


No Brasil, os incêndios ou queimadas de florestas, que consomem uma quantidade incalculável de biomassa (quantidade total de matéria viva
de um ecossistema) todos os anos, são provocados para o desenvolvimento de atividades agropecuárias, muitas vezes em grandes projetos
que recebem incentivos governamentais e, por tanto, sob o amparo da lei. Podem também ser resultado de práticas criminosas ou, ainda, de
acidentes, inclusive naturais.

São chamados de poluentes os agentes que provocam a poluição, como um ruído excessivo, um
gás nocivo na atmosfera, detritos que sujam rios ou praias ou um cartaz publicitário que degrada o aspecto
visual de uma paisagem.
Os agrotóxicos (DDT, inseticidas, pesticidas), muito utilizados para combater certos microrganis-
mos e pragas, em especial na agricultura. O acúmulo desses produtos acaba por contaminar os alimentos
(ou mesmo a água subterrânea) com substâncias nocivas à saúde humana, às vezes até cancerígenas.
O problema da poluição, portanto, diz respeito à qualidade de vida das aglomerações humanas. A
degradação do meio ambiente humano provoca uma deterioração dessa qualidade, pois as condições am-
bientais são imprescindíveis para a vida, tanto no sentido biológico quanto no social.
Foi principalmente a partir da sociedade moderna, nascida com a Revolução Industrial, que a po-
luição passou a constituir um problema para a humanidade. É lógico que já existiam exemplos de poluição,
em alguns casos até famosos (no Império Romano, por exemplo), mas o grau de poluição aumentou muito
com a industrialização e a urbanização, e a sua escala, pouco a pouco, deixou de ser local para se tornar
planetária.

Conferências para o meio ambiente


Introdução
Pela primeira vez na história, a humanidade coloca em risco sua própria sobrevivência, como resul-
tado dos profundos desequilíbrios provocados por sua contínua interferência na natureza. Talvez por isso,

26 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Geografia física
Capítulo 1: Domínios morfoclimáticos

muitos já estejam tomando consciência de que o ser humano também é parte do meio em que vive. Daí a

GEOGRAFIA
necessidade premente de se discutir ações ou modelos de desenvolvimento, o padrão de consumo, a desi-
gual distribuição de riqueza e o padrão tecnológico existentes hoje. Para isso, é fundamental compreender
o sistema produtivo e os processos de produção que causam tantos desequilíbrios na natureza. E como a
humanidade tem encaminhado essas questões? Surge então o que chamaremos de conferências mundiais
sobre meio ambiente e desenvolvimento.

Poluição nas metrópoles frequência, esses rios “morrem” (isto é, ficam sem peixes) e tor-
nam-se imundos e malcheirosos. Em algumas cidades, especial-
De mogo geral, os problemas ecológicos são mais intensos nas mente nos países subdesenvolvidos, ainda se amontoa grande parte
grandes cidades que nas pequenas ou que no meio rural. Além dis- do lixo em terrenos baldios, o que provoca a multiplicação de ratos
so, nos dias de hoje mais da metade da população mundial vive em e insetos;
cidades e até 2025 cerca de 70% da humanidade já estará residindo
nas áreas urbanas e, em especial, nas grandes cidades. • congestionamentos frequentes: ocorrem especialmente nas áre-
Não há dúvida de que também existem inúmeros problemas as em que os automóveis particulares são muito mais importantes
ambientais no meio rural: desmatamentos e queimadas, contami- que os transportes coletivos.
nação de águas e alimentos pelos agrotóxicos, poluição de rios
causada por indústrias rurais, etc. Mas as grandes cidades, exata- • poluição sonora: provocada pelo excesso de barulho (dos ve-
mente por serem aglomerações de pessoas e atividades (indústrias, ículos automotivos, fábricas, obras nas ruas, grande movimento
hospitais, ruas e avenidas com intenso tráfego de carros etc.), apre- de pessoas e propaganda comercial ruidosa). Isso pode ocasionar
sentam maior poluição. estresse, fadiga e outros males na população, além de uma progres-
Além da poluição atmosférica, os grandes centros urbanos siva diminuição da capacidade auditiva;
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apresentam – ou, melhor, concentram – outros problemas graves:


• carência de áreas verdes: em decorrência da falta de áreas ver-
• acúmulo de lixo e de esgotos: boa parte dos detritos pode ser des agrava-se a poluição atmosférica, já que as plantas, além de
recuperada ou reciclada em muitas cidades, em especial no primeiro contribuírem para amenizar o clima local, também ajudam a renova-
mundo (embora não apenas), onde existem a coleta seletiva do lixo ção do oxigênio no ar pela fotossíntese.
e a posterior reutilização em lugares adequados. Para a coleta sele-

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tiva, as residências ou empresas colocam os seus detritos em em- Vários estudos patrocinados pela ONU mostram que é necessá-
LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998

balagens diferenciadas. Praticamente tudo hoje pode ser reutilizado: rio, para uma boa qualidade de vida, um mínimo de 16 m2 de área
papel, latas de bebidas, vidro, pilhas, eletrodomésticos descartados, verde por habitantes nas cidades, mas, em grande parte do mundo,
etc. Até mesmo os resíduos orgânicos podem ser aproveitados na esse mínimo não existe;
produção de adubo ou de gás, o biogás, mas isso ainda é raro no
mundo como um todo. Geralmente, os esgotos residenciais e os • poluição visual: ocasionada pelo grande número de cartazes
resíduos das indústrias são despejados diretamente nos rios, sem publicitários, pelos edifícios que escondem a paisagem natural etc.
tratamento prévio (o que é feito em alguns poucos lugares). Com

Estocolmo (1972)
As questões relacionadas à preservação da natureza começaram a ser dis-
cutidas efetivamente a partir da década de 70. Assim, dois anos mais tarde (1972),
aconteceu na capital da Suécia, Estocolmo, a Conferência das Nações Unidas sobre
o Homem e o Meio Ambiente. Nela emergiram as contradições ligadas ao desenvol-
vimento e ao meio ambiente. Neste mesmo ano, um grupo de empresários solicitou
junto ao renomado Massachusetts Institute of Technology (MIT), um estudo sobre as
condições da natureza, o qual foi chamado de “desenvolvimento zero”.

A partir dos séculos XVIII e XIX, com o avanço da industrialização, junto advém Estocolmo (1972).
os malefícios do sistema capitalista instituído – os impactos ambientais –, causados, Há 44 anos, em Estocolmo, na Suécia, aconteceu a primeira Conferência da
Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o Meio Ambiente Humano (5
sobretudo, pelas fábricas em suas regiões fabris. O estudo desenvolvido pelo MIT a 16 de junho de 1972).

alertava o mundo para os problemas ambientais globais causados pela sociedade FONTE: http://www.tdtsustentabilidade.org.
urbano-industrial e propunha o congelamento do crescimento econômico (uma medi-
da drástica) como única solução para evitar que o aumento dos impactos ambientais
levasse a uma tragédia ecológica mundial.
A Estocolmo 72 foi marcada pela polêmica entre os defensores do “desenvolvimento zero”, basica-
mente representados pelos países industrializados, e os defensores do “desenvolvimento a qualquer custo”,
representados pelos países não industrializados. A proposta dos países ricos era congelar as desigualdades
socioeconômicas vigentes no mundo; a dos países pobres, implementar uma rápida industrialização de alto
impacto ecológico e humano. Nenhuma proposta menos maniqueista surgiu nessa ocasião, afastando todos
de uma solução mundialmente aceitável e, com a crise econômica mundial, que se iniciou com o primeiro
choque do petróleo (1973), as questões ambientais foram novamente relegadas a segundo plano.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 27
Geografia física
Capítulo 1: Domínios morfoclimáticos

Em 1987, foi publicado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento
GEOGRAFIA

(CMMAD) da ONU um estudo denominado Nosso futuro comum, mais conhecido como Relatório Brun-
dtland. Buscando um equilíbrio entre as posições antagônicas, o relatório definiu as metas sustentáveis
baseadas em igualdade econômica; justiça social; preservação da diversidade cultural, da autodeterminação
dos povos e da integridade ecológica. Isso obrigaria pessoas e países à mudanças não apenas econômicas,
mas sociais, morais e éticas.

Rio 92 (Eco 92)


Realizada em 1992 no Rio de Janeiro, a Eco-92 reuniu representantes de 178
países, além de milhares de membros de organizações não governamentais (ONGs),
numa conferência paralela. Tiveram como fundamento para o debate o Relatório Brun-
dtland. Na ocasião, os envolvidos estabeleceram metas para minimizar os impactos
ambientais no planeta. Para atingir tal fim, foram elaboradas duas convenções (uma
sobre biodiversidade e outra sobre mudanças climáticas), uma declaração de princí-
pios e um plano de ação.

Rio 92 (Eco 92). O plano de ação, conhecido como Agenda XXI, é um ambicioso programa
Conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente e desenvolvimento.
FONTE: http://www.cronologiadourbanismo.ufba.br. para a implantação de um modelo de desenvolvimento sustentável em todo o mundo
durante o século XXI. Esse objetivo, entretanto, requer volumosos recursos, e os pa-
íses desenvolvidos comprometeram-se a canalizar 0,7% de seus PIBs a favor disso.

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Com o objetivo básico de fiscalizar a aplicação da Agenda XXI, foi criada a Comissão de Desenvol-
vimento Sustentável (CDS).
O órgão, sediado em Nova York e vinculado à ONU, agrega 53 países membros, dentre os quais
temos o Brasil. Programas das Nações Unidas como o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desen-
volvimento) e o PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) recebem investimentos, apoio
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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998


técnico e científico da GEF – Global Environment Facility –, e pelo Banco Mundial.
Desde 1993 a Convenção sobre Biodiversidade tenta frear a destruição da fauna e da flora, concen-
tradas principalmente nas florestas tropicais, as mais ricas em biodiversidade. A Convenção sobre Mudanças
Climáticas, desde 1994, estabeleceu várias medidas para a diminuição de poluentes emitidos na atmosfera,
frutos das indústrias, automóveis e outras fontes poluidoras, com o objetivo de impedir a destruição da ca-
mada de ozônio, o agravamento do efeito estufa, o avanço da desertificação etc. Inclusive, nessa convenção,
foi assinado o Protocolo de Quioto (Kyoto), visando a redução da emissão de poluentes na atmosfera.

Cúpula mundial sobre desenvolvimento sustentável (Rio + 10)


Realizada em Joanesburgo, África do Sul, em agosto de 2002, reunindo delegações de 191 países,
a Cúpula Mundial Sobre Desenvolvimento Sustentável teve como principal objetivo realizar um balanço
dos resultados práticos obtidos depois da Eco – 92. Nesse encontro, foram discutidos basicamente quatro
temas, escolhidos como mais importantes para a busca do desenvolvimento sustentável: erradicação da
pobreza; mudanças no padrão de produção e consumo; utilização sustentável dos recursos naturais e as
possibilidades de se compatibilizar os efeitos da globalização com a busca do desenvolvimento sustentável.

Esperava-se que, ao fim da conferência, três documentos fossem pro-


duzidos: uma declaração política que expressasse novos compromissos e os
rumos para a implementação do desenvolvimento sustentável; um programa de
ação, negociado para orientar a implementação dos compromissos assumidos
pelos governos e uma compilação, não negociada, de novos compromissos e
iniciativas em parceria para ações específicas em nível regional ou nacional. Foi
considerada a menos produtiva das reuniões ambientais internacionais, porque
os debates se focaram mais em geopolítica e as questões ambientais foram
postas de lado.

Rio + 20
Passados vinte anos da Eco-92, representantes de ONGs, empresas,
Rio +20.
A ex-presidente Dilma Rousseff discursa na Cerimônia de abertura protocolar da setores da sociedade civil, chefes de Estado e de governo voltaram a se reunir
Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. para debater quais rumos o planeta deveria tomar para manter um crescimento
FONTE: http://ultimosegundo.ig.com.br/rio20/2012-06-13/veja-as-imagens-da- sustentável e reduzir as agressões ao meio ambiente, na tentativa de reverter
-rio+20.html

28 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Geografia física
Capítulo 1: Domínios morfoclimáticos

uma situação quase limite no que diz respeito à natureza, e assim garantir um mundo habitável às gerações

GEOGRAFIA
futuras. Chegava a hora da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável – a Rio+20
– que aconteceu dos dias 13 a 22 de junho de 2012, no Rio de Janeiro.

O resultado foi a criação do documento “O Futuro que Queremos” – considerado pela presidente
Dilma Rousseff como “um avanço em relação aos elaborados em outras convenções da ONU” –, e como
“um fracasso por ser pouco ambicioso”, por delegações e ONGs ambientais.
Tendo a crise financeira como pano de fundo, o desafio foi, essencialmente, estabelecer diretrizes
para que o crescimento econômico, a justiça social e a conservação ambiental caminhassem juntos. Em
outras palavras, definir como todos os países, juntos, poderiam promover o chamado desenvolvimento sus-
tentável, “que atenda às necessidades das gerações presentes sem comprometer a habilidade das gerações
futuras de suprirem suas próprias necessidades”, segundo a definição oficial, de 1987.

Apesar das divergências, as autoridades brasileiras comemoraram o consenso geral entre as delega-
ções, que aprovaram o documento no último dia do encontro. Fica agora a esperança de que os termos acor-
dados sejam executados e que os compromissos assumidos pelos governos não fiquem apenas no papel.

COP 21: um momento histórico para o clima e para as ci-


dades
É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

O acordo climático firmado na COP 21 estabelece um novo tipo


de cooperação internacional entre as nações – na qual tanto países
desenvolvidos quanto em desenvolvimento estão unidos por uma
causa comum: as mudanças climáticas provocadas pela ação an-
trópica.

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Representantes nacionais da COP 21.


A chamada COP 21 (Conferência das Nações Unidas sobre as Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2015.
Mudanças Climáticas de 2015) é a 21ª sessão anual da Conferência FONTE: https://upload.wikimedia.org.
das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alte-
rações Climáticas (CQNUAC ou UNFCCC, do inglês United Nations
Framework Convention on Climate Change) e a 11ª sessão da Con-
ferência das Partes enquanto Reunião das Partes no Protocolo de
Quioto (CMP 11, do inglês Conference of the Parties serving as the
meeting of the Parties to the Kyoto Protocol).

A conferência atingiu o seu objetivo quando, pela primeira vez na história, um acordo universal, o Acordo de Paris, que definiu medidas para
reduzir os efeitos das mudanças climáticas e que foi aprovado com aclamação por quase todos os países. O tratado se tornará juridicamente vin-
culativo se ao menos 55 países que representam pelo menos 55% das emissões globais de gases do efeito estufa tornarem-se parte dele através
da assinatura seguida de ratificação, aceitação, aprovação ou adesão. O acordo rege o período a partir do ano de 2020. Segundo a comissão
organizadora, o resultado era essencial para limitar o aquecimento global a menos de 2 graus Celsius até 2100, em comparação com antes da
era industrial.
As medidas definidas em Paris são reflexo de uma nova realidade: as mudanças climáticas deixaram de ser um conceito abstrato e se tor-
naram palpáveis, entrando de forma incisiva na agenda de países em todo o mundo. Hoje, não restam mais dúvidas de que atividade humana no
planeta e nosso estilo de vida influenciam o clima em escala global. O assunto é sério, e a cada ano, com novos estudos e pesquisas, adquirimos
mais conhecimento e nos tornamos mais aptos a tomar as medidas necessárias.

FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

Referências bibliográficas
SENE e MOREIRA, Eustáquio de e João Carlos. Geografia para o ensino médio: geografia geral e do Brasil.
São Paulo: Scipione, 2007.
ALMEIDA e RIGOLIN, Lúcia Marina Alves de e Tércio Barbosa. Geografia geral e do Brasil: volume único.
1ª ed. São Paulo: Ática, 2005.
VESENTINI, José W. Geografia: o mundo em transição. São Paulo: Ática, 2009.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 29
Geografia física
Capítulo 1: Domínios morfoclimáticos
GEOGRAFIA

DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS

Atmosfera e climas

Dentre os diversos tipos de clima e relevo existentes, observamos que os mesmos mantêm grandes relações,
sejam elas de espaço, de vegetação, de solo, entre outras; caracterizando vários ambientes ao longo do território.
Para entendê-los, é necessário distinguir uns dos outros isoladamente. Classificaremos os ambientes chamados de
domínios morfoclimáticos.

A atmosfera é o ar que respiramos e sem o qual não viveríamos. Além de partículas de poeira e vapor de água, essa
camada contém os seguintes gases: nitrogênio (78% do total), oxigênio (21%) e gás carbônico. Contém ainda gases
raros, assim chamados porque existem em quantidades muito pequenas no ar.

Com pouco mais de 800 km de altitude, a atmosfera é formada por várias camadas. Para o nosso estudo, as cama-
das mais importantes são a troposfera, a estratosfera e a ionosfera.

Tempo e clima

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
As precipitações (chuvas, neve, geada, granizo), os ventos, as temperaturas, a umidade e a pressão do ar são
responsáveis por dois elementos fundamentais para a vida humana: o tempo e o clima.

• Clima: corresponde ao tempo atmosférico, observado cientificamente durante um período de tempo.


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• Tempo: é a condição da atmosfera, em um determinado lugar, naquele instante.

Domínios morfoclimáticos do Brasil

O Brasil, país tropical, apresenta uma geografia marcada por grande diversidade. A interação e a interdependência en-
tre os diversos elementos da paisagem (relevo, clima, vegetação, hidrografia, solo, fauna, etc.) explicam a existência
dos chamados domínios geoecológicos, que podem ser entendidos como uma combinação ou síntese dos diversos
elementos da natureza.

Dessa maneira, podemos reconhecer, no Brasil, a existência de seis grandes paisagens naturais: (1) Domínio Ama-
zônico, (2) Domínio das Caatingas, (3) Domínio dos Cerrados, (4) Domínio dos Mares de Morros, (5) Domínio das
Araucárias e (6) Domínio das Pradarias. Entre estes seis grandes domínios relacionados, encontram-se inúmeras
faixas de transição.

Fenômenos climáticos

O nosso planeta vem sofrendo mudanças climáticas há muito tempo. Basta lembrar que há 4,6 bilhões de anos,
aproximadamente, a Terra era uma bola incandescente que foi se resfriando lentamente, e há cerca de 250 milhões
de anos os continentes formavam um único bloco e a última glaciação ocorreu há 11 mil anos.

Podemos citar alguns fenômenos climáticos já conhecidos como: El Niño, La Niña, inversão térmica, efeito estufa,
redução da camada de ozônio, chuva ácida, Ilhas de calor, desertificação, etc.

Impactos ambientais e poluição


O princípio é simples, impacto ambiental deve ser entendido como um desequilíbrio provocado pela ação dos seres
humanos sobre o meio ambiente, que pode resultar também de acidentes naturais (a explosão de um vulcão, o
choque de um meteoro, a queda de um raio etc).

A palavra poluição (ou contaminação) significa um tipo específico, sempre negativo, de impacto ambiental. Ela se
refere a qualquer degradação (deterioração, estrago) das condições ambientais, do habitat de uma coletividade
humana. É uma perda, mesmo que relativa, da qualidade de vida em decorrência de mudanças ambientais.

30 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Geografia física
Capítulo 1: Domínios morfoclimáticos

GEOGRAFIA
01. Analise os dois climogramas que seguem e, pelas informa- 03. O Perfil dos Municípios Brasileiros em 2017, divulgado pelo
ções que eles apresentam e pelos seus conhecimentos sobre o IBGE, indica que, “dos municípios com mais de 500 mil habi-
tema, identifique a classificação climática e a cidade onde ocor- tantes, 93% foram atingidos por alagamentos e 62% por desli-
rem. zamentos. As secas foram o tipo de desastre que afetou a maior
parte dos municípios brasileiros: 2.706 ou 48,6%, seguido por
alagamento (31%) e enchentes ou enxurradas (27%). A região
Nordeste teve 82,6% de seus municípios afetados, especialmen-
te o Ceará, em que essa proporção chegou a 98%, Piauí (94%),
Paraíba (92%) e Rio Grande do Norte (91%). Os outros desastres
foram mais frequentes no Sul, em que 53,9% dos municípios fo-
ram atingidos por alagamento, 51% por enchentes ou enxurradas,
25% por deslizamentos e 24,5% por erosão acelerada”.
Disponível em: <https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-
noticias/noticias/21633-desastres-naturais-59-4-dos-municipios-nao-tem-plano-de-gestao-
-de-riscos>. Acesso em: 09 out. 2018.

Considere as seguintes afirmações sobre eventos climáticos ex-


tremos e planejamento urbano.

I. Episódios de precipitação intensa podem levar à diminuição da


capacidade de infiltração do solo e, consequentemente, a perdas
(A) 1) Equatorial úmido / Belém; 2) Subtropical úmido / Curitiba.
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e danos em áreas urbanas.


(B) 1) Equatorial / Goiânia; 2) Subtropical / Porto Alegre.
II. As secas independem do quantitativo pluviométrico e do arma-
(C) 1) Tropical de altitude / Salvador; 2) Semiárido / Juazeiro.
zenamento de água disponível superficial e subsuperficialmente,
(D) 1) Temperado / Santos; 2) Equatorial Úmido / Manaus.
pois são o reflexo do desajuste entre o consumo e a disponibili-
(E) 1) Litoral Úmido / Maceió; 2) Tropical Árido / Cuiabá.
dade.
III. As cidades com maior concentração de áreas verdes, por di-
02. Observe o climograma de Florianópolis.

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minuírem a velocidade do vento e reterem a umidade do ar, propi-


ciam melhores condições urbanas para ilhas de calor.

Quais estão corretas?

(A) AI. (B) II. (C) III. (D) I e II. (E) I, II e III.

04. Considere o esquema a seguir:

Com base no climograma de Florianópolis apresentado, analise


as proposições.
O bioma esquematizado e a relevância das vegetações destaca-
das pelo número 1 correspondem
I. A maior ocorrência de precipitação entre os meses de janeiro a
março, em Florianópolis, é consequência da atuação da massa de
(A) ao Cerrado e à preservação dos fitoplânctons.
ar Tropical Atlântica.
(B) ao Cerrado e à proteção ao assoreamento.
II. A massa de ar Polar Atlântica é a responsável pela queda de
(C) ao Pampa e ao combate à arenização.
temperaturas, observadas durante o inverno.
(D) ao Pantanal e à proteção às inundações.
III. A precipitação mais elevada entre janeiro e março, em Floria-
(E) ao Pampa e ao combate à eutrofização.
nópolis, decorre da atuação da massa de ar Tropical Continental,
mais úmida que a massa Tropical Atlântica.
05. O bioma Cerrado, no Brasil, foi bastante destruído devido às
IV. Em Florianópolis, as chuvas são bem distribuídas porque as
atividades agropastoris. Analise as proposições.
massas de ar que atuam são quentes no verão (mTa), frias no
inverno (mPa), ambas são úmidas.
I. Os Cerrados têm um aspecto característico, marcado por árvo-
res, geralmente, tortuosas e espaçadas.
É(são) correta(s) a(s) assertiva(s):
II. Apesar do aspecto xeromórfico no cerrado, não há escassez de
água, mesmo nas estações mais secas. Os cerrados brasileiros,
(A) I, II e IV. (B) I, II e III. (C) II, III e IV. (D) I, III e IV. (E) II e IV.
em comparação com as savanas africanas, são úmidos, apesar

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 31
Geografia física
Capítulo 1: Domínios morfoclimáticos
GEOGRAFIA

da sazonalidade da umidade. (A) uma região onde não há boa cobertura vegetal, resultado do
III. O Cerrado está presente nos estados de minas Gerais, Mato intenso processo de ocupação humana e consequente desmata-
Grosso, Bahia, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Goiás, São Paulo mento para plantio.
e paraná. (B) uma área de mudança com características mistas de vegeta-
IV. Até os 1970 acreditava-se que o solo do cerrado era improdu- ção, onde são encontradas importantes formações como o Pan-
tivo, mas novas tecnologias e novos tratamentos de solo fizeram tanal e a Mata dos Cocais.
desta região uma das mais produtivas do Brasil. (C) uma área inadequada para se plantar, uma vez que o solo se
V. Os incêndios nos cerrados são a principal ameaça, atualmente. apresenta pouco desenvolvido e, portanto, não há fertilidade para
que se nasça vegetação.
É(são) correta(s) a(s) assertiva(s) (D) uma região muito importante por conter grandes áreas de
proteção ambiental permanente, não podendo ser utilizada pelo
(A) I, II e III. (B) II, IV e V. (C) III e V. homem, já que se destina à preservação animal e vegetal.
(D) I, II, IV e V. (E) I, II, III, IV e V. (E) uma região completamente sem vegetação natural, sendo a
primeira área de perda completa da cobertura original em nosso
Leia o TEXTO 20 para responder à questão. país.

TEXTO 20 07. Domínios morfoclimáticos são unidades da paisagem natural


resultantes da combinação e integração entre relevo, vegetação,
OS GRANDES DOMÍNIOS PAISAGÍSTICOS BRASILEIROS solo, clima e hidrografia, que definem determinada porção do ter-
ritório. É a visão do todo em contraposição à análise comparti-
O território brasileiro apresenta grande variedade de paisa- mentada de elementos da natureza.

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gem, o que Aziz Ab’Sáber chamou de um verdadeiro mostruário
das principais paisagens e ecologia do Mundo Tropical. Podemos
encontrar domínios como o Amazônico, com suas imensas árvo-
res adaptadas ao regime pluviométrico intenso; ao mesmo modo
que encontramos, no sul, o domínio das Pradarias composto por
espécies herbáceas sujeitas a uma estiagem de fim de ano.
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A diversidade pode, ainda, ser constatada a partir da com-
paração entre o domínio da Caatinga, que apresenta regime plu-
viométrico baixo e presença de depressões interplanálticas, com
ocorrência de vegetação xerófila; e o domínio dos mares de mor-
ros que apresentam variação pluviométrica entre 1.100 a 1.500
mm e com vastas florestas úmidas recobrindo esses níveis de
morros costeiros.
AB’SÁBER, Aziz. Os domínios de Natureza do Brasil, potencialidades paisagísticas. 7ª Ed.
São Paulo: Ateliê Editorial, 2012, pág. 10 - 23 (adaptado).

Sobre os domínios morfoclimáticos brasileiros, analise as afir-


mativas:

I. A Floresta Amazônica é estratificada e pode ser dividida em áre-


as de terra firme (as partes mais elevadas da floresta), inunda-
ção (as matas ficam permanentemente alagadas) e várzea (são
inundadas periodicamente em razão da elevação da pluviosidade).
II. O domínio da Caatinga apresenta solos rasos e pedregosos,
muitos dos seus rios têm drenagem intermitente porque são
afetados pelo déficit hídrico. Os solos são pedregosos, rasos e
com pouco húmus, sua vegetação apresenta características de
xerofilia.
III. O domínio do Cerrado é caracterizado por uma estação seca e
outra chuvosa. Tem solos ricos em níquel, alumínio e ferro. A ve-
getação, nas épocas de seca, apresenta raízes que se ramificam
em busca de água nos locais mais profundos. Na superfície, a
vegetação apresenta árvores e arbustos espaçados, com troncos
06. Considerando o mapa desenvolvido pelo autor, é possível veri- e galhos retorcidos.
ficar a distribuição dos domínios morfoclimáticos em nosso país, IV. Área extremamente rica em biodiversidade e a mais ameaçada
bem como a localização dos domínios citados no TEXTO 20. do planeta. A composição original da Mata Atlântica é um mosai-
co de vegetações com presença de árvores de médio e grande
No mapa, também vemos a ocorrência do domínio declarado porte, formando uma floresta fechada e densa. Sofre, desde o
como faixa de transição, sendo essa área correspondente a processo de ocupação do Brasil, grande perda da vegetação na-
tiva. Estima-se que restam entre 6 e 8% de sua vegetação nativa.

32 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Geografia física
Capítulo 1: Domínios morfoclimáticos

GEOGRAFIA
É(são) correta(s) a(s) assertiva(s) Domínio com fortíssima e generalizada decomposição de rochas,
densas drenagens perenes, extensiva mamelonização, agrupa-
(A) I e II. (B) I, II, III e IV. (C) I e IV. (D) IV. (E) I, II e IV. mentos eventuais de “pães de açúcar”, planícies de inundação
meândricas.
08. O geógrafo Aziz Ab’Saber classificou as diferentes paisagens
do território brasileiro em domínios morfoclimáticos. Cada do- Excerto 2
mínio apresenta paisagens e características que são reflexos de
peculiaridades em relação ao clima, ao solo, à estrutura geológica Domínio com planaltos de estrutura complexa, planaltos com ver-
e à vegetação, como descritas a seguir: tentes em rampas suaves, ausência quase completa de mamelo-
nização, drenagens espaçadas pouco ramificadas.
I – O domínio paisagístico com formas de relevo conhecidas (“Domínios morfoclimáticos e províncias fitogeográficas do Brasil”. In: A obra de Aziz Nacib
Ab’Sáber, 2010. Adaptado.)
como ‘meias-laranjas’, cuja base geológica é constituída de ro-
chas sedimentares de idades recentes, é denominado de domínio
de Mares de Morros. Os domínios morfoclimáticos caracterizados nos excertos 1 e 2
II – O conhecimento de cada domínio morfoclimático é importante referem-se, respectivamente:
não somente pela caracterização geográfica da área, mas também
para melhor gestão e planejamento de uso e ocupação da terra, (A) ao cerrado e à caatinga.
considerando suas particularidades e potencialidades. (B) à caatinga e aos mares de morros.
III – Setores do relevo mamelonizado, recobertos pela Mata Atlân- (C) ao amazônico e às pradarias.
tica, aparecem desde a Zona da Mata nordestina até as regiões (D) aos mares de morros e ao cerrado.
cristalinas granítico-gnáissicas da região costeira de Santa Catari- (E) às araucárias e às pradarias.
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na e do Rio Grande do Sul.


IV – A Amazônia pode ser destacada pela continuidade florestal 11. Considere o mapa a seguir:
e pela grandeza da sua rede hidrográfica. Trata-se de um imenso
domínio de terras baixas florestadas, de alta amplitude térmica
anual e ausência de estações secas.
V – No domínio das Caatingas predomina a escassez de preci-

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pitações, que dura de seis a sete meses nos sertões. Essas ca-
racterísticas são sentidas pela população local e estendem-se à
economia regional, mas são amenizadas pela perenidade dos rios
e pela presença contínua de água nos solos.

É(são) correta(s) a(s) assertiva(s)

(A) I e IV. (B) I e III. (C) II e V. (D) II e III. (E) III e IV.

09. Leia com atenção as afirmativas a seguir, sobre Domínios


Morfoclimáticos Brasileiros:
O mapa apresenta os efeitos do fenômeno climático de interação
I. O domínio morfoclimático “Mares de Morros” se localiza na por- atmosfera-oceano denominado:
ção litorânea do Brasil, desde o Nordeste até o Sul. Se encontra
sobre terrenos cristalinos onde predominam os granitos e gnais- (A) El Niño, caracterizado pelo aquecimento das águas do Oceano
ses, com aspectos característicos nas formas de relevo como Pacífico nas proximidades do Equador.
“meia laranja”, que tem origem em Serras como a da Mantiqueira (B) Alísios de Nordeste, caracterizado pela atuação em escala
e Espinhaço, por exemplo. local e em curto período de tempo sobre as águas do Oceano
II. O domínio do Cerrado corresponde ao clima tropical típico ou Pacífico.
semiúmido, a vegetação semelhante às savanas africanas; e ao (C) La Niña, caracterizado pelo resfriamento das águas superfi-
planalto Central brasileiro, com “Chapadas” e “Chapadões”. Seus ciais do Oceano Pacífico na costa peruana.
rios são afluentes do Amazonas, do Paraná ou do rio Paraguai. (D) Zona de Convergência Intertropical, caracterizado pela for-
III. O domínio da Caatinga apresenta solo pouco profundo devido mação de núcleos de aumento nas temperaturas superficiais do
o baixo índice pluviométrico e do intemperismo físico. Se carac- Oceano Pacífico.
teriza pela existência de “depressões” em quase toda sua exten- (E) Zona de Convergência do Atlântico Sul, caracterizado pela di-
são, se limitando com o planalto da Borborema (N) e chapada minuição da temperatura e da unidade do equador.
Diamantina (S).
12. Considere as seguintes afirmativas sobre impactos ambien-
É(são) correta(s) a(s) assertiva(s) tais em três grandes domínios morfoclimáticos brasileiros:

I – Possui uma formação vegetal muito densa, com grande bio-


(A) III. (B) I e II. (C) I e III. (D) II e III. (E) I, II e III.
diversidade. Possui o maior número de espécies ameaçadas do
Brasil devido, dentre outros, à exploração madeireira, às mono-
10. Leia os excertos do geógrafo Aziz Nacib Ab’Sáber.
culturas de exportação e à expansão urbana. Devido ao intenso
desmatamento de suas encostas, são intensos os processos
Excerto 1
erosivos e frequentes os deslizamentos de terra nesse domínio
morfoclimático.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 33
Geografia física
Capítulo 1: Domínios morfoclimáticos
GEOGRAFIA

II – Nas bordas desse domínio, caracterizado pelo relevo de pla- argumentos do grupo é que as autoridades conhecem os danos
nícies, depressões e baixos planaltos, localiza-se a maior parte potenciais dos combustíveis fósseis há décadas: já se sabia que
do chamado arco do desmatamento, uma área cujas atividades reduzir a emissão desses gases era necessário para dar condi-
econômicas, ligadas à extração madeireira e à abertura de no- ções razoáveis de vida a gerações futuras – e por isso eles acu-
vas áreas para a agricultura e pecuária, vêm acarretando intenso sam o Estado de estar infringindo seus direitos constitucionais.
processo de queimada, desflorestamento e intensificação dos (www.super.abril.com.br, 26.04.2016. Adaptado.)

processos erosivos.
III – Esse domínio tem sofrido o maior dos impactos ambientais Tal denúncia relaciona-se, em larga medida, ao não cumprimento
no contexto brasileiro com a expansão da monocultura canavieira dos objetivos propostos no:
e da soja. Embora tenha sido declarado como um dos principais
hotspots brasileiros, 57% de sua área original já estão desmata- (A) Tratado de Madri. (B) Tratado de Roma.
dos, e se o ritmo do desmatamento de sua vegetação não dimi- (C) Protocolo de Quioto. (D) Tratado de Assunção.
nuir, até 2030 essa formação poderá ter desaparecido. (E) Protocolo de Cartagena.

As afirmativas acima referem-se, respectivamente, aos domínios 15. Observe atentamente a figura a seguir:
morfoclimáticos:

(A) Amazônico – Cerrado –- Pantanal.


(B) Mata Atlântica – Cerrado – Amazônico.
(C) Mares de Morro – Amazônico – Cerrado.
(D) Amazônico – Cerrado – Mata Atlântica.

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(E) Araucária – Amazônico – Pantanal.

13. O El Niño é um evento de teleconexão oceano-atmosfera ca-


racterizado por anomalias positivas das águas superficiais e pro-
fundas nas porções central e leste do oceano Pacífico equatorial.
As áreas mais fortemente influenciadas são as Américas, Ásia
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e Oceania, regiões essas que margeiam o oceano supracitado,
alterando a dinâmica tanto das correntes marítimas quanto da
circulação atmosférica regional e global. Essa alteração assume
dimensões continentais e planetárias à medida que provoca de-
sarranjos de toda a ordem em vários climas da Terra. Essa situação atmosférica é típica em anos nos quais:

(Mendonça, F.; Danni-Oliveira, I. M. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São (A) só sopram, sobre o Nordeste brasileiro, os ventos planetários
Paulo: Oficina de Texto, 2007).
alísios de nordeste.
(B) se instalam, sobre a região Sul do Brasil, fluxos de ar polar
Sobre o El Niño e a dinâmica climática global, é correto afirmar: setentrional.
(C) se configura o fenômeno “El Niño”.
(A) As anomalias que produzem o El Niño são decorrentes de (D) se espalham anomalias térmicas negativas na superfície das
atividades humanas, principalmente devido às emissões de GEE águas do Pacífico Equatorial.
(gases de efeito estufa) provenientes da queima de combustíveis (E) só agem, sobre a região Sudeste do Brasil, os fluxos de ar
fósseis industriais e veiculares. advectivo polar.
(B) É considerado uma variabilidade natural existente há milhares
de anos, com relatos históricos de ocorrência nas civilizações 16. José Lins do Rego foi autor de importantes obras literárias
pré-colombianas, e que pode ter seus efeitos intensificados devi- que têm como palco o Nordeste brasileiro. Um de seus mais im-
do às mudanças climáticas. portantes romances é Menino de Engenho do qual foi retirado o
(C) Está associado ao aumento de atividade sísmica no oceano seguinte trecho:
Pacífico equatorial, que emite grande quantidade de calor no asso-
alho oceânico, provocando o aquecimento das águas superficiais. Lá um dia, para as cordas das nascentes do Paraíba, via-se, quase
(D) Tem relação direta com o aumento do fluxo de raios cósmi- rente do horizonte, um abrir longínquo e espaçado de relâmpago:
cos durante os períodos de baixa atividade solar, permitindo maior era inverno na certa no alto sertão. As experiências confirmavam
entrada desse tipo de radiação em nosso sistema e alterando a que com duas semanas de inverno o Paraíba apontaria na várzea
dinâmica atmosférica. com a sua primeira cabeça-d’água. O rio no verão ficava seco
(E) É o responsável pela existência do clima semiárido no sertão de se atravessar a pé enxuto. Apenas, aqui e ali, pelo seu leito,
nordestino, principalmente devido ao ramo divergente da célula de formavam-se grandes poços, que venciam a estiagem. Nestes
Walker que ocorre sobre a região. pequenos açudes se pescava, lavavam-se os cavalos, tomava-se
banho.
14. O governo americano está sendo processado, pela primeira (Menino do Engenho. 77 Ed. Rio de Janeiro, José Olympio, 2000, p. 54)
vez, por quem nem nasceu ainda. Quem assin­a o processo, em
nome das “futuras gerações”, também não está por aqui há muito O fato de o leito do rio ficar praticamente seco no verão é típico da
tempo: são 21 crianças e adolescentes de 8 a 19 anos que regis- hidrografia de áreas do Sertão nordestino, que apresentam como
traram uma ação contra Barack Obama, presidente dos Estados uma de suas importantes características
Unidos. Eles acreditam que os governantes não estão fazendo o
suficiente para salvar o planeta do aquecimento global. Um dos

34 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Geografia física
Capítulo 1: Domínios morfoclimáticos

GEOGRAFIA
(A) a reduzida pluviosidade, provocada por múltiplos fatores, entre (...) E mais: florestas como a Amazônia, segundo os cientistas,
eles a dinâmica atmosférica que limita a ação de massas úmidas. são ambientes em clímax ecológico. Isso quer dizer que elas con-
(B) o inverno semelhante ao encontrado no clima subtropical do somem todo – ou quase todo – o oxigênio que produzem.
sul do Brasil: redução das temperaturas devido à presença da Disponível em: <http://brasilnomundo.org.br/analises-e-opiniao/como-o-brasil-vai-implan-
taros-objetivos-do-desenvolvimento-sustentavel-ods/#.Viv8fCtmM0p>. Acesso em: 20
massa polar.
out. 2015.
(C) o verão pouco chuvoso com elevadas temperaturas que se as-
semelham às condições do verão da porção centro-sul do Brasil.
O verdadeiro “pulmão do mundo” são:
(D) a fraca pluviosidade provocada pelas condições de relevo
pouco acidentado e com baixas altitudes, que impedem a forma-
(A) as algas marinhas, uma vez que produzem mais oxigênio pela
ção de chuvas orográficas.
fotossíntese do que precisam na respiração.
(E) a reduzida atuação de massas de ar, como a tropical conti-
(B) as áreas cultivadas, porque impedem que os raios solares
nental e a polar atlântica, ambas portadoras de elevado grau de
transformem o oxigênio em gás carbônico.
umidade.
(C) as estepes e campos que, devido à vegetação de gramíneas,
consomem menos oxigênio do que produzem.
17. Climograma é uma ferramenta que permite maior facilidade
(D) os bosques e florestas, porque seus arbustos promovem a
na compreensão do perfil climático de determinada região. A tem-
absorção do oxigênio através de suas folhas.
peratura média geralmente é representada por um gráfico linear
(E) os continentes gelados que durante o degelo promovem a libe-
sobreposto a um gráfico de barras, que representa as precipita-
ração de oxigênio para a atmosfera.
ções (chuvas) ao longo do período estudado, geralmente um ano.
20. As chuvas torrenciais de verão, denominadas chuvas –
Considere os climogramas de três municípios brasileiros.
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__________, são caracterizadas por serem precipitações breves,


mas violentas, que ocorrem na maior parte do território brasilei-
ro. Essas chuvas estão associadas ao deslocamento da Zona de
Convergência Intertropical (ZCIT) para a porção central da Améri-
ca do Sul entre os meses de setembro e março, fazendo com que
a massa __________ expanda-se para a Bolívia e Brasil central,

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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998

chegando a atuar sobre São Paulo, provocando os chamados


aguaceiros de verão.

Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas aci-


ma:

(A) convectivas / Equatorial continental (mEc).


A partir da observação dos climogramas de Manaus/AM, Brasília/
(B) orográficas / Tropical continental (mTc).
DF e Porto Alegre/RS, pode-se afirmar que o clima predominante
(C) convectivas / Equatorial atlântica (mEa).
nos três municípios, respectivamente, é:
(D) orográficas / Equatorial continental (mEc).
(E) frontais / Equatorial atlântica (mEa).
(A) equatorial – tropical continental – subtropical.
(B) tropical continental – subtropical – equatorial.
21. Observe a imagem a seguir.
(C) equatorial semiárido – subtropical – tropical de altitude.
(D) tropical semiárido – equatorial – subtropical.
(E) equatorial – tropical de altitude – tropical semiúmido.

18. Para responder à questão, observe a imagem a seguir:

O climograma da cidade do Rio


de Janeiro apresenta característi-
cas do clima:
A imagem ilustra o trajeto mais comum dos pilotos de asa-delta
(A) Subtropical.
entre o Vale do Paranã e a Esplanada dos Ministérios em Brasília,
(B) Tropical Atlântico.
distantes cerca de 90 quilômetros. Constituem fatores que permi-
(C) Tropical Equatorial.
tem a longa duração deste voo:
(D) Equatorial úmido.
(E) Semiárido.
(A) o ângulo de incidência do sol (a intensidade de energia solar
que atinge a Terra) e a frente oclusa (a ação do movimento da
19. Pulmão do mundo. No que você pensa ao ouvir essa expres-
corrente de ar frio levantando o ar quente até que ele perca seu
são? Ora, só dá para imaginar que a Amazônia é a maior produ-
contato com a superfície).
tora mundial do oxigênio que mantém a Terra viva! Acontece que
(B) a gravidade (a força de atração entre dois corpos) e a expan-
essa história de “pulmão do mundo” é uma enorme bobagem.
são adiabática (a expansão de grandes bolhas de ar até encontra-

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 35
Geografia física
Capítulo 1: Domínios morfoclimáticos
GEOGRAFIA

rem menores valores de pressão atmosférica). (A) o mesmo clima da cidade do Rio de Janeiro, com amplitude
(C) a brisa terrestre (a formação de um campo de alta pressão térmica elevada e chuvas concentradas no inverno.
junto à superfície) e os ventos divergentes em altitude (a confor- (B) o mesmo clima da cidade do Rio de Janeiro, com verões
mação de uma área receptora de ventos ascendentes). quentes e secos e invernos chuvosos e curtos, porém rigorosos.
(D) o atrito (a força gerada no sentido contrário ao deslocamento (C) um clima com verões quentes e secos e invernos rigorosos e
do vento) e o efeito de Coriolis (a rotação das massas de ar no chuvosos, diferente do clima da cidade do Rio de Janeiro.
sentido horizontal em função do movimento da própria Terra). (D) um clima com pequena amplitude térmica e chuvas constan-
(E) o processo de condução (a transferência de calor da superfí- tes o ano inteiro, diferente do clima da cidade do Rio de Janeiro.
cie para a camada mais próxima da atmosfera) e o processo de (E) um clima com grande amplitude térmica, verões e invernos
convecção (a dinâmica cíclica entre o ar quente que sobe e o ar quentes e secos, diferente do clima da cidade do Rio de Janeiro.
frio que desce).
24. Observe as imagens a seguir.
22. Na década de 1970, uma canção de Jorge Benjor fez muito
sucesso popular: “País Tropical”. Observe alguns dos seus ver-
sos:

“Moro num país tropical


Abençoado por Deus
E bonito por natureza
(Mas que beleza!)
Em fevereiro

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(Em fevereiro), tem carnaval
(Tem carnaval,)
Tenho um fusca e um violão
Sou Flamengo e tenho uma nega chamada Teresa
Sambaby, sambaby,
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Sou um menino de mentalidade mediana (pois é)
Mas assim mesmo, feliz da vida
Pois eu não devo nada a ninguém
(pois é) pois eu sou feliz, muito feliz comigo mesmo
Sambaby, sambaby
Eu posso não ser um bandleador (pois é)
Mas assim mesmo lá em casa, todos os meus amigos

Meus camaradas, me respeitam (pois é)


Essa é a razão da simpatia do poder,
Do algo mais e da alegria ...”

O Brasil é um país eminentemente tropical, como ressalta Jorge


Benjor. A vocação tropical brasileira manifesta-se, geografica-
mente, por alguns aspectos. Identifique-os entre os itens a seguir:

1. A religiosidade da população e o fanatismo pelo futebol. Essas figuras demonstram que:


2. A presença de amplas florestas latifoliadas perenifólias e
subperenifólias. (A) a presença de carbono na atmosfera torna suportável a ra-
3. O destaque dado a festas populares, a exemplo do Carnaval. diação solar.
4. As formas de relevo que denunciam uma forte ação do intem- (B) as atividades humanas contribuem para eliminar o carbono
perismo e da erosão provocada pelas chuvas. da natureza.
5. O regime pluvial dominante dos rios brasileiros. (C) há maior quantidade de carbono presente nos seres vivos que
6. A beleza estética das paisagens antropizadas. no húmus.
(D) o carbono retorna ao meio físico quando utilizado como fonte
Estão CORRETOS apenas: de energia.
(E) o dióxido de carbono atmosférico é indissolúvel na água da
(A) 1, 2 e 3. (B) 2, 4 e 5. (C) 2, 4 e 6. chuva.
(D) 1, 3, 5 e 6. (E) 2, 3, 4 e 5.
25. Analise o texto a seguir:
23. A Olimpíada de 2016 teve como sede a cidade do Rio de Ja-
neiro, mas também ocorreu em Manaus (AM), que recebeu seis “No Brasil a __________ e a __________, juntamente com a
jogos do torneio de futebol olímpico. ação __________ em todo o território, explicam porque a maioria
dos climas são ___________.”
As equipes de futebol que jogaram em Manaus encontraram:

36 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Geografia física
Capítulo 1: Domínios morfoclimáticos

GEOGRAFIA
Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do (B) folhas grandes e membranáceas para facilitar a realização da
texto: fotossíntese.
(C) raízes respiratórias denominadas pneumatóforos para obten-
(A) Latitude; altitude; das massas de ar; tropicais. ção do gás oxigênio.
(B) Corrente do Golfo; latitude; das massas de ar; equatoriais. (D) folhas pequenas e modificadas em espinhos para evitar a
(C) Latitude; altura; das correntes marinhas; tropicais. transpiração excessiva.
(D) Altitude; corrente das Malvinas; da latitude; subtropicais. (E) árvores altas, com folhas grandes, sempre verdes e com ex-
(E) Latitude; altitude; da corrente de Humboldt; quentes. tremidades afiladas em goteira.

26. Analise o mapa e o texto que seguem. 29. Observe o mapa a seguir, que mostra a distribuição dos do-
mínios morfoclimáticos brasileiros, e considere as afirmativas a
seguir:
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I. no domínio “A” encontramos a maior parte do chamado “arco


do desmatamento”, onde a vegetação vem perdendo espaço para
as atividades agrícolas, causando significativos prejuízos à bio-
Nas últimas décadas, o Brasil transformou-se em um dos maiores diversidade.
produtores e fornecedores de alimentos e fibras para o mundo. II. o domínio “B” caracteriza-se por solos pobres em matéria or-
A retirada da cobertura vegetal natural está entre os fatores que gânica e pedregosos, porém projetos de irrigação têm viabilizado
evidenciam o aumento da produção e da participação do país no a produção de frutas, como a uva para exportação, nessa área.
mercado mundial. A cultura da soja, por exemplo, é a principal III. os domínios “C” e “F” são considerados hotspots, pois são
responsável pela retirada da cobertura vegetal natural para uso áreas prioritárias para conservação e de alta biodiversidade, as
agrícola. Em relação a esse contexto, o bioma identificado pelo quais, por se constituírem em fronteiras agrícolas, vêm tendo sua
número __________ corresponde __________, área mais afe- vegetação suprimida para dar lugar às atividades pecuárias.
tada pela retirada de cobertura vegetal natural para a produção IV. os domínios “B” e “E” são caracterizados por vegetação her-
de soja. bácea associada a climas que apresentam grande período de
estiagem e solos em processo de desertificação, dificultando a
(A) 1 – à caatinga. atividade agrícola.
(B) 2 – aos campos V. o domínio “D” apresenta clima tropical úmido e relevo de mor-
(C) 3 – à zona da mata. ros arredondados, revelando intenso trabalho erosivo em estru-
(D) 4 – ao cerrado. tura cristalina.
(E) 5 – ao pantanal.
Assinale a alternativa em que todas as afirmativas estão corretas.
27. O Sistema Brasileiro de Classificação de Solos define o solo
da Caatinga como pouco profundo, pedregoso, rico em minerais, (A) I, III e IV.
mas pobre em matéria orgânica e que dificilmente armazena as (B) I, II e V.
águas das chuvas. Os afloramentos rochosos existentes se tor- (C) III, IV e V.
nam uma característica comum na Caatinga que, associada aos (D) I, II e IV.
solos rasos, propicia as condições ideais para a vegetação, que (E) II, III e V.
cresce nas pedras, em fissuras ou em depressões onde há acú-
mulo de areia, pedregulhos e outros detritos. 30. O mapa a seguir representa um dos possíveis trajetos da cha-
mada Ferrovia Transoceânica, planejada para atender, entre outros
A vegetação típica encontrada no solo descrito caracteriza-se por interesses, ao transporte de produtos agrícolas e de minérios,
apresentar: tornando as exportações possíveis tanto pelo Oceano Atlântico
quanto pelo Oceano Pacífico.
(A) raízes superficiais para facilitar a sua fixação.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 37
Geografia física
Capítulo 1: Domínios morfoclimáticos
GEOGRAFIA

O texto acima permite entender que Ab’Sáber, geógrafo e ambien-


talista sempre atento às grandes mazelas que assolam o país,
insistia que a melhor maneira de se preservar a biodiversidade
amazônica é por intermédio:

(A) de uma série de estudos que priorizem a temática natural do


bioma amazônico em detrimento do custo social.
(B) de uma discussão científica, em que a ausência de políticas
públicas deixaria de comprometer a biodiversidade amazônica.
(C) da criação de Unidades de Proteção Integral na Amazônia Le-
gal, devido à fragilidade natural desse bioma, além da devastação
provocada pelo homem nas últimas décadas.
(D) de políticas públicas pautadas em estudos científicos que
aliem a preservação da biodiversidade com os interesses socio-
econômicos.
(E) da manutenção das atuais políticas públicas que, a priori, são
suficientes para garantir o bem-estar das populações nativas e a
Considerando-se o trajeto indicado no mapa e levando em conta biodiversidade da floresta.
uma sobreposição aos principais Domínios Morfoclimáticos da
América do Sul e as faixas de transição entre eles, definidos pelo 33. “Muitos aterros não têm tratamento adequado para o choru-
geógrafo Aziz Ab’Sáber, pode-se identificar a seguinte sequência me derramado, que se infiltra no solo e, provavelmente, chega

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de Domínios, do Brasil ao Peru: aos lençóis freáticos. Além disso, muitos aterros sanitários das
cidades, quando existentes, estão no limite da sua capacidade
(A) Chapadões Florestados, Cerrados, Caatingas, Pantanal, Andes operacional e nem toda a coleta está sob o controle das autorida-
Equatoriais. des públicas. Os depósitos clandestinos representam um proble-
(B) Mares de Morros, Pantanal, Chaco Central, Andes Equatoriais. ma muito sério nas metrópoles.”
(C) Chapadões Florestados, Chaco Central, Cerrados, Punas. Adaptado de JACOBI, Pedro. Impactos socioambientais urbanos – do risco à busca de
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sustentabilidade. In: MENDONÇA, F. (org.). Impactos Socioambientais Urbanos.
(D) Mares de Morros, Cerrados, Amazônico, Andes Equatoriais.
(E) Mares de Morros, Cerrados, Caatingas, Amazônico, Punas.
A falta de espaços apropriados para o despejo do lixo:
31. Observe o organograma a seguir, que representa algumas
das diversas concepções estabelecidas na legislação ambiental (A) reeducou a população da maioria das cidades brasileiras que,
brasileira. atualmente, separa o lixo reciclável do lixo orgânico e consome
conscientemente, acabando com a necessidade de novos aterros.
(B) tem, como principal agravante, a poluição visual, em especial
nos bairros onde vivem as populações de mais alta renda, das
grandes metrópoles brasileiras.
(C) reflete a negligência de boa parte da população em saber se o
lixo gerado recebe destino adequado, favorecendo, dessa forma,
a contaminação das águas e do solo em muitas regiões do país.
(D) é resultado da ausência de políticas públicas que determinem
onde devem ser instalados novos aterros, o que independe da
participação popular em todo o processo, pois os riscos de con-
Essas concepções são referidas como: taminação do solo são pequenos.
(E) independe de campanhas que estimulem a redução do desper-
(A) princípios internacionais de diversidade biológica. dício e a coleta seletiva.
(B) medidas gerais para a conservação e utilização sustentáveis.
(C) infrações administrativas ambientais. 34. O Sistema Nacional de Unidades de Conservação estimulou
(D) fundamentos da utilização sustentável dos recursos naturais. a criação de áreas de proteção ambiental integral com o controle
(E) princípios básicos da educação ambiental. unilateral do Estado sobre o seu território e os seus recursos. A
implantação do referido sistema foi criticada:
32. Em seus trabalhos, Aziz Ab’Sáber destaca a necessidade de
um melhor conhecimento sobre a complexa realidade brasileira. O (A) pelas populações urbanas, por interromper o crescimento na-
excerto abaixo é uma amostra da lucidez de suas críticas e ideias. tural da mancha urbana em regiões periféricas.
(B) pelos governos locais, por minar a autonomia municipal no
“Para a infelicidade do destino da biodiversidade amazônica, o mais parcelamento do solo para a utilização em políticas de habitação.
alto dignitário da nação, através de um ato falho verbal, acenou com (C) pelas populações tradicionais, que defendiam uma maior par-
uma liberação inoportuna para todos os especuladores devastadores. ticipação no processo de demarcação das unidades de conser-
A frase dele foi ‘a Amazônia não pode ser intocável’. O problema é vação.
outro: em primeiro lugar há que se saber como ela vem sendo ‘to- (D) por organizações ambientalistas internacionais, que se opu-
cada’. E, ao mesmo tempo, realizar um esforço imenso para planejar nham às grandes dimensões das áreas adotadas pelo Estado.
um desenvolvimento econômico e social com o máximo de florestas (E) pelo capital especulativo, por desvalorizar as áreas do entorno
em pé”. que seriam vendidas no mercado imobiliário.
AB’SÁBER, Aziz Nacib. Escritos ecológicos. São Paulo: Lazuli, 2006.

38 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Capítulo
Hidrografia
geral e do Brasil
2

Com menos 100 toneladas de plástico,


mancha de lixo do pacífico está mais “limpa”

Lixo flutua sobre o Pacífico


FONTE: https://www.oceanvoyagesinstitute.org/wp-con-
tent/uploads/2020/06/gnSBPMIF-1568x1176.jpeg

Uma operação recente de limpeza removeu cerca oceânico de conservação marinha há duas déca-
de 103 toneladas de redes de pesca e plástico da das, em comunicado.
Grande Mancha de Lixo do Pacífico, situada entre Sobre o texto e a
as costas da Califórnia e do Havai. No entanto, não “Excedemos o nosso objetivo de capturar 100 to- imagem de intro-
dução
é suficiente. neladas de plásticos tóxicos para o consumidor e
redes fantasma abandonadas e, nesses tempos di-
A operação foi concluída durante uma expedição fíceis, continuamos a ajudar a restaurar a saúde do
• O que é a grande mancha de
de 48 dias pelo Ocean Voyages Institute, que afir- oceano, que influencia a nossa própria saúde e a lixo do Pacífico?
ma que esta é a “maior limpeza de mar aberto da saúde do planeta”, disse Mary Crowley, fundadora
História”, duplicando o recorde anterior de 25 dias e diretora executiva do Ocean Voyages Institute. • Por que ações como a do Oce-
no ano passado. an Voyages Institute são como
Acredita-se que a mancha contenha cerca de 80 “limpar o chão enquanto a pia
Embora tenham recuperado uma grande quantida- mil toneladas de lixo plástico, a maioria provenien- ainda está a transbordar”?
de de resíduos e lixo plástico, muitos dos objetos te de operações de pesca comercial e marítima.
eram equipamentos de pesca comercial e “redes Manchas de lixo oceânicas como esta formam-se • Discuta em sala: quais pre-
juízos as pessoas sofrem com
fantasma” que foram descartadas descuidada- a partir de correntes oceânicas rotativas chamadas
a poluição do maior oceano do
mente pelos pescadores. O plástico já tinha reivin- “giros”, que varrem e encurralam a poluição plásti-
planeta?
dicado algumas vítimas, uma vez que havia vários ca numa única área.
esqueletos de tartarugas enrolados nas cordas.
Apesar deste grande feito, esse tipo de limpeza
“Não existe uma solução completa para a limpeza é como limpar o chão enquanto a pia ainda está
do oceano: são os longos dias no mar, com uma a transbordar. Até 12,7 milhões de toneladas de
equipe dedicada a vasculhar o horizonte, a agarrar plástico entram nos oceanos do planeta por ano,
redes e a recuperar grandes quantidades de lixo, perfazendo um total de 150 milhões de toneladas
que fazem com que isso aconteça”, disse Locky que circulam atualmente nos nossos ambientes
MacLean, ex-diretor da Sea Shepherd e ativista marinhos.
Geografia física
Capítulo 2: Hidrografia geral e do Brasil

Hidrografia
GEOGRAFIA

Introdução
No estudo da hidrografia, parte da Geografia que trata das águas (correntes, paradas,
oceânicas e subterrâneas), é importante considerar, de início, a água que provém da atmosfe-
ra. Ao entrar em contato com a superfície, a água das chuvas pode seguir três caminhos:
escoar, infiltrar-se no solo ou evaporar. Por meio da evaporação, ela retorna à atmosfera.
Já as águas que se infiltram no solo e a que escoam pela superfície dirigem-se, pela
ação da gravidade, às depressões ou às partes mais baixas do relevo, alimentando
córregos, rios, lagos, oceanos e aquíferos.

A água que se infiltra no solo alimenta os aquíferos – zonas saturadas de


água no subsolo, ou seja, áreas encharcadas, o que significa que seus poros encon-
tram-se preenchidos por água –, os quais podem ser profundos ou mais próximos da
superfície. Nos períodos mais chuvosos, o nível freático, que é o “teto” dessa zona
encharcada, se eleva. Contudo, a superfície freática abaixa em períodos de estiagem.
Ao se cavar um poço, ou seja, ao se abrir um buraco profundo no solo, encontra-se água
assim que o nível freático é atingido.

Quando o nível freático atinge a superfície, aparecem as nascentes dos rios. Em algumas
regiões, principalmente nas tropicais semiúmidas e nas temperadas, o lençol freático (caracterizado
Planeta Terra.

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
Cerca de 71% do planeta Terra é coberto como um reservatório de água subterrânea decorrente da infiltração da água da chuva no solo nos chamados
por água. 3% são de água doce (79% em
gelo, 20% subterrânea e 1% superficial) e locais de recarga) abastece os rios em época de estiagem. Em outras, como nas regiões semidesérticas,
97% de água marinha. são os rios que transmitem água ao solo quando chega a época das chuvas. Abaixo dos lençóis freáticos há
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino. o que chamamos de zona de saturação: local onde o solo está encharcado pela água e que constitui o limite
inferior do lençol freático; e, como limite superior do lençol, existe a zona de aeração (local onde os poros do
| SISTEMA DINAMUS • ENSINO MÉDIO |

solo estão preenchidos parte por água e parte por ar). O lençol freático é diretamente afetado pela topografia

LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998


e vegetação do local onde se encontra).

O Brasil tem um dos maiores complexos hi-


drográficos do mundo, apresentando rios com grandes
extensões, larguras e profundidades. A maioria dos rios
brasileiros nasce em regiões pouco elevadas, com exce-
ção do rio Amazonas e de alguns afluentes que nascem
na cordilheira dos Andes. O Brasil possui 12% de toda a
água doce que está na superfície da Terra. Além disso,
a maior bacia fluvial do mundo, a Amazônica, também
fica no Brasil. Só o rio Amazonas deságua no mar um
quinto de toda a água doce que é despejada nos oce-
anos.

Água
Distribuição de água no subsolo. A molécula de água (H2O) é formada pelo gru-
FONTE: Geografia Geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização, p. 125.
pamento de dois átomos de hidrogênio e um átomo de
oxigênio. O arranjo destes átomos no espaço, com dis-
posição não linear das ligações (pontes de hidrogênio)
estabelece zonas positivas e negativas na molécula, que
assim forma um ângulo de 104,5º, garantindo proprieda-
des intrínsecas e fundamentais à vida.

Devido a essa polaridade, as moléculas de água


se organizam através da atração mantida entre polos
opostos (+ com –) de moléculas distintas. Isso permite
uma forte atração, denominada coesão molecular, que
no estado líquido desta substância promove alta tensão
superficial.
Rio Curicuriari, São Gabriel da Cahoeira (AM).
A hidrografia da Amazônia é uma das mais exuberantes do mundo.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

40 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Geografia física
Capítulo 2: Hidrografia geral e do Brasil

A polaridade também garante à molécula de água desempenhar importantes reações extra e intra-

GEOGRAFIA
celulares, como a solubilidade de outros compostos (proteínas, carboidratos, lipídios) na presença de água,
sendo denominados hidrofílicos os que se dissolvem na água e hidrofóbicos os que não se dissolvem na
água; bem como participando de reações metabólicas (catabólicas ou anabólicas), que podem ser sínteses
por desidratação (ligação peptídica entre dois aminoácidos gerando uma molécula de água) ou quebra por
hidrólise (hidrólise da Adenosina Trifosfato – ATP, para geração de “energia” celular).

Esta incrível molécula, se não bastasse,


também tem grande participação na regulação
térmica dos seres vivos. Seu alto calor específico
permite a absorção de uma elevada quantidade de
calor, com baixa variação de temperatura, ou seja, A distribuição da água no
uma pessoa em estado febril tem sua sudorese au- planeta Terra ocorre da
seguinte maneira:
mentada para que a evaporação da água contida no
suor absorva o calor corpóreo, para diminuição da • Água salgada – 97,5%
temperatura do indivíduo. • Água doce (nas calotas
polares e lençóis profun-
Sem estas propriedades físico-químicas, dos: 99,7%; nos rios e
da substância água: insípida, inodora e incolor, lençóis subterrâneos pouco
provavelmente não existiria vida neste magnífico profundos: 0,3%) – 2,5%
planeta.
Embora os oceanos
cubram a maior parte da superfície
terrestre, sua água é inadequada
É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

Água. para o consumo humano por conta


Composição fotográfica dos três estados físicos da água na natureza:
líquida no oceano e nas gotículas das nuvens, sólida no gelo e gasosa de sua salinidade. Somente uma
no vapor de água na atmosfera (invisível).
pequena fração disponível sobre
FONTE: https://pt.wikipedia.org a superfície dos continentes que
contém poucos sais dissolvidos,

| SISTEMA DINAMUS • ENSINO MÉDIO |


LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998

a água doce, está disponível para


consumo direto.

Contudo, sua distribuição não é uniforme, o que faz com que diversas regiões so-
fram de escassez hídrica. As atividades humanas, principalmente a agricultura, possuem
Distrito de Meatu, norte da Tanzânia.
grandes necessidades de retirada de água de seu leito natural, o que tem afetado negativa- Para mais de 750 milhões de pessoas, a falta de água potável ainda
mente sua distribuição sobre os continentes, bem como da água subterrânea. é uma realidade, como no Distrito de Meatu, no norte da Tanzânia.

A poluição hídrica compromete a qualidade da água, prejudicando a biodiversidade, FONTE: https://pt.wikipedia.org


bem como o abastecimento de água e a produção de alimentos. Além disso, uma parcela
considerável da população mundial ainda não tem acesso à água potável, o que traz diversos
problemas de saúde. A água é indispensável no modo de vida da humanidade, de forma que
está fortemente ligada à cultura de todos os povos da Terra.

O poço e a fossa

Aonde não há saneamento básico (água encanada e sistema de coleta de esgotos), as resi-
dências costumam ser abastecidas com água de poços e o esgoto é despejado em fossas. Os
poços são cavidades construídas para atingir um aquífero, podendo ser cavados manualmente ou
por meio de equipamentos que atinjam grandes profundidades. Quando a água do poço chega à
superfície do solo sem necessidade de bombeamento, esse poço é chamado artesiano.
Podemos encontrar três tipos de fossas: a fossa negra, a fossa seca e a fossa séptica. Das
três, a fossa séptica, graças às suas paredes impermeabilizadas, é a mais salubre, pois é a que
oferece menos risco de poluir os aquíferos. A fossa negra é a mais condenável, pois geralmente é
aberta a pequenas distâncias (entre 1,5 m e 20 m) dos lençóis freáticos ou dos poços, permitindo
a contaminação da água. A fossa seca tem as mesmas características da fossa negra, mas é
construída a uma distância superior a 20 metros em relação ao nível freático.
Responsável pela decomposição dos detritos em lugares onde não há rede coletora de esgo-
tos, as fossas sépticas constituem um aparelho sanitário por meio do qual os microrganismos pre-
sentes nos dejetos transformam a matéria orgânica em substâncias minerais. Essas substâncias
Contaminação da água subterrânea.
podem, então, entrar em contato com o solo e com o lençol freático sem o risco de contaminação. As paredes impermeabilizadas das fossas sépticas evitam a
É comum a abertura de poços próximos às fossas. Mas eles devem ser construídos em local contaminação dos solos e dos aquíferos, o que só acontece
mais alto que o da fossa, e a distância entre eles deve ser de, no mínimo, dez metros. Quando em casos de vazamento.

a fossa é negra ou seca, ou, ainda, se é uma fossa séptica que apresenta vazamento, a água da FONTE: Geografia Geral e do Brasil: espaço geográfico e
chuva infiltra no solo, atravessa a fossa e depois atinge o poço, poluindo-o. globalização, p. 125.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 41
Geografia física
Capítulo 2: Hidrografia geral e do Brasil
GEOGRAFIA

Problemas sociais e ambientais Entre as medidas que podem ser tomadas para despoluir ou
evitar que as águas sejam poluídas, estão:
É muito “comum” que as águas já usadas nas residências,
contendo fezes humanas, urina, restos de comida, sabões e deter- • o tratamento e a ampliação das redes de esgoto;
gentes, sejam despejadas nas águas de rios e lagos, diretamente ou • o tratamento das substâncias tóxicas produzidas pelas in-
pelas redes de esgoto, causando a poluição da água. Em pequenas dústrias, tor­nando essas substâncias inofensivas;
quantidades essas substâncias sofrem o proces­so da decomposi- • a construção de emissários submarinos nas cidades litorâ-
ção, isto é, biodegradação pelos microrganismos decompositores. neas;
Entretanto, quando despejadas em grandes quantida­des e sem tra- • campanhas educativas que esclareçam à população de que
tamento, provocam um aumento considerável da população desses nossos rios, lagos, riachos, córregos, mananciais, mares etc.
microrganismos que, ao respirarem, consomem o gás oxi­gênio dis- são fontes de vida.
solvido na água. Como consequência, os peixes podem morrer por
asfixia, devido à redução do teor de gás oxigênio. As leis brasileiras de proteção ambiental são bastante avança-
das. Cabe ao governo fiscalizar, punir e multar os responsáveis por
Outro fator que contribui para a poluição da água são os adu- crimes ecológi­cos, o que nem sempre acontece. Mas o cidadão
bos químicos, que contêm principalmente nitrogênio e fósforo. Eles também deve se conscientizar de sua responsabi­lidade e de que
são levados pelas chuvas e atingem rios e lagos. Alí juntam-se às pode assumir atitudes simples para minimizar a poluição da água,
substân­cias existentes nos esgotos residenciais, nutrem as algas, como, por exemplo, usar ape­nas detergentes biodegradáveis.
que também proliferam e, em grande quantidade, impedem a passa-
gem da luz para a água. As plantas que vivem no fundo não podem, Outro grave tipo de poluição, que prejudica a fauna e a flora
assim, realizar a fotossíntese e, portanto, não produzem gás oxigê- marítimas, decorre do vazamento de óleo de navios petroleiros ou
nio. Com isso, elas e os peixes para os quais servem de alimento, da ruptura de dutos que transportam o óleo da refinaria aos tanques
morrem. Mas as bactérias anaeróbicas, causadoras de inúmeras de abastecimento.
doenças, permanecem vivas.

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A consequência da falta de tratamento de esgoto
Além de matérias orgânicas, muitas substâncias perigosas,
como os metais cádmio, chumbo e mercúrio, são despejadas pelas O grande número de dejetos dos populosos núcleos residen-
indústrias nas águas dos rios, pondo em risco a vida de todas as ciais, descarregado em córregos, rios e mares provoca a poluição
espécies aquáti­cas que neles habitam. Esses metais, muito densos, e a contaminação das águas. Febre tifoide, hepatite, cólera e muitas
são solúveis na água e, por isso, de fácil absorção pelos organis- verminoses são doenças transmitidas por essas águas.
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mos vivos. O mercúrio, por exemplo, apresenta efeito cumulativo,
concentrando-se ao longo das cadeias alimentares. No ser humano Há rios como o Tietê e o Guaíba - em cujas margens surgiram
– um dos últimos consumi­dores –, ele pode provocar lesões no a cidade de São Paulo e Porto Alegre - que já estão comprometidos.
sistema nervoso, principalmente no cérebro e na medula, no fígado Além desses, há vários rios expostos à degradação ambiental.
e nos rins.

Esses metais, bastante venenosos para os seres humanos, são


en­contrados em baterias elétricas. Por esse motivo recomenda-se
muito cuidado para o descarte de baterias usadas. A maioria dos
fabricantes mantém um serviço para recebimento de baterias gas-
tas — principal­mente as de telefones celulares — para que, depois,
sejam adequada­mente dispensadas.

O mercúrio tem ainda um grande emprego no garimpo do ouro,


com o qual forma um amálgama. Depois de separado do ouro, é
rejeita­do diretamente nos rios.

Muitas substâncias nocivas à saúde são lançadas diretamente


nos mares por rios poluídos que neles deságuam e, como consequ-
ência, as praias ficam impróprias para o banhos. Tietê em obras em São Paulo para retirada de lixo depositado.

Oceanos e mares
Os oceanos constituem uma grande massa de água líquida que ocupa 71% da superfície do planeta
e possuem espessura média de 3,7 quilômetros. Embora sejam divididos em oceanos Pacífico, Atlântico,
Índico e Ártico, são comumente referidos como um único oceano global, já que estão todos conectados
entre si.
Os oceanos são divididos em duas camadas principais de acordo com a profundidade. A camada
superficial, com apenas cem metros de espessura, é aquela onde a luz solar consegue penetrar, exibindo,
assim, um grande dinamismo. As águas profundas, por outro lado, permanecem em constante frio e escuri-
dão com temperatura praticamente uniforme.

42 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Geografia física
Capítulo 2: Hidrografia geral e do Brasil

GEOGRAFIA
Oceanos

Oceano Descrição

Oceano Pacífico Separa Ásia e Oceania das Américas.

Oceano Atlântico Separa as Américas da Eurásia e da África.

Oceano Índico Banha o sul da Ásia e separa África e Austrália.

Oceano Antártico Circunda a Antártida; em alguns casos é considerado a simples extensão sul dos outros três oceanos.

Banha o entorno do Polo Norte, entre as porções norte da América do Norte e Eurásia. Em alguns casos, é considerado um
Oceano Ártico
mar do Atlântico.

Os oceanos cobrem quase três quartos da superfície do planeta. A água do mar tem como carac-
terística principal a quantidade considerável de sais dissolvidos, especialmente cloreto de sódio, sendo que
sua salinidade é de cerca de 34 gramas de sais dissolvidos para cada quilograma de água. Isso altera o ponto Os oceanos são ambien-
de fusão da água, que passa a ser de -2°C. tes totalmente diferentes
Em função de possuir uma grande capacidade térmica, os oceanos armazenam grandes quanti- do terrestre. Assim, esse
ambiente é dominado por
dades de energia provenientes do Sol e, assim, regulam o clima na Terra. A circulação superficial ocorre fenômenos muito peculiares
no plano horizontal e é determinada por diversas forças, como o efeito Coriolis, os ventos dominantes e a que não ocorrem em terra,
temperatura superficial. Por outro lado, em regiões profundas, ocorre a circulação termo-salina, movida pela como as marés, as ondas,
as correntes marinhas,
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diferença de densidade e de salinidade da água. As águas oceânicas movem-se, ainda, sob a ação de forças vórtices, tsunamis etc.
gravitacionais da Lua e do Sol, que causam as marés, e também por movimentos da crosta, que por vezes
ocasionam tsunamis.

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Oceano Antártico. Oceano Ártico.


FONTE: https://pt.wikipedia.org FONTE: https://pt.wikipedia.org

Oceano Atlântico. Oceano Índico.


FONTE: https://pt.wikipedia.org FONTE: https://pt.wikipedia.org

Oceano Pacífico.
FONTE: https://pt.wikipedia.org

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 43
Geografia física
Capítulo 2: Hidrografia geral e do Brasil

Os mares, que são águas salgadas próximas dos continentes, podem ser
GEOGRAFIA

divididos em abertos, fechados ou mediterrâneos.

Os mares abertos são corpos hídricos salgados que se estendem ao longo


de uma linha de costa continental sem que exista uma grande entrância de águas
dentro do continente. No Paraná e no Rio de Janeiro temos as baías, mas estas não
são consideradas como mares interiores, pois ambos têm uma grande abertura.

Um mar fechado acontece quando existe um mar dentro de uma porção


continental e não tem ligação alguma com um oceano. Os mares fechados, na maio-
Mar aberto (litoral Sul e Sudeste brasileiro).
ria das vezes, são explicados por fenômenos geológicos pretéritos, e são alimenta-
FONTE: Google Earth. dos por rios que têm sua foz no mar fechado.

O Mar de Aral é um exemplo de mar fechado, e está desaparecendo devido à utilização dos rios que
o alimentavam para a irrigação. A figura a seguir demonstra essa dinâmica.

Os mares mediterrâneos são mares interiores também, mas estes se diferenciam por terem, em
algum ponto, uma pequena ligação com outro mar ou oceano. O maior exemplo é o Mar Mediterrâneo, entre
a Europa e a África, que possui uma pequena abertura, o Estreito de Gibraltar, que fica no sul da Espanha e
dá acesso ao oceano Atlântico.

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O estreito de Gibraltar.
Mar de Aral em 1989 e 2008. FONTE: http://www.guiageo-europa.com
Mar de Aral. FONTE: http://pt.wikipedia.org
FONTE: http://pt.wikipedia.org

Poluição marinha

Muitas substâncias adentram o mar como resultado de atividades humanas. Produtos de


combustão, por exemplo, são transportados pelo ar e depositados no mar por meio da preci-
pitação. Escoamentos agriculturais, industriais e residuais, metais pesados, pesticidas, bifenilos
policlorados, desinfetantes e outros compostos sintéticos podem se concentrar na superfície e em
sedimentos marinhos, especialmente em lama estuaria. O resultado dessa contaminação é impre-
visível em decorrência da larga quantidade de substâncias envolvidas e da falta de informação a
respeito de seus efeitos biológicos. Os metais pesados de maior perigo são o cobre, o chumbo,
o mercúrio, o cádmio e o zinco, que podem ser acumulados por invertebrados marinhos e então
passados adiante via cadeia alimentar.

Os fertilizantes usados em terras de agricultura são uma grande fonte de poluição em algumas
áreas, além das matérias de esgoto, que têm efeito similar. Os nutrientes extras fornecidos por
essas fontes podem causar excessivo crescimento vegetal. O nitrogênio é frequentemente o fator
limitante em sistemas marinhos, e sua adição ao mar faz com que se acentue a proliferação de
algas e marés vermelhas, o que pode diminuir os níveis de oxigênio da água a um ponto capaz de
matar animais. Tais eventos já criaram zonas mortas no mar Báltico e no golfo do México.
Explosão da plataforma Deepwater Horizon.
A explosão da plataforma Deepwater Horizon, em 2010, no
A eflorescência algal também pode ser causada por cianobactérias que fazem com que ma- golfo do México, foi o maior desastre ambiental dos Estados
riscos que nelas filtram alimento se tornem tóxicos, colocando em perigo outros animais, como Unidos e o maior derramamento acidental de óleo no mar
da história.
as lontras-marinhas. Instalações de produção de energia nuclear também podem causar poluição;
o mar da Irlanda, por exemplo, já foi contaminado por césio-137 da antiga usina nuclear de pro- FONTE: http://pt.wikipedia.org
cessamento de combustível de Sellafield; incidentes nucleares podem, em algumas situações,
acarretar infiltração de material radioativo no mar, como ocorreu em Fukushima em 2011.

44 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Geografia física
Capítulo 2: Hidrografia geral e do Brasil

GEOGRAFIA
O despejo de resíduos – incluindo o óleo, líquidos nocivos, esgoto e lixo – no mar é regido por leis internacionais. Dentro desse contexto,
a Convenção de Londres de 1972 é um acordo das Nações Unidas celebrado com o intuito de controlar o despejo nos oceanos, ratificado por
89 países em 8 de junho de 2012. Já a Marpol é um acordo destinado ao trabalho para minimizar a poluição dos mares por navios. Em maio de
2013, 152 países ratificaram esse tratado.

Boa parte do lixo plástico flutuante não biodegrada, e em vez disso se desintegra ao longo do tempo, eventualmente se desfazendo ao nível
molecular. Plásticos rígidos, no entanto, podem flutuar por anos. No centro do giro do Pacífico (sistema de correntes marinhas rotativas relaciona-
das com os grandes movimentos dos ventos), há uma porção permanente de lixo acumulado de maioria plástica, existindo também uma similar
no Atlântico. Pássaros de mar, como o albatroz e o petrel, costumam confundir detritos com alimento, assim acumulando materiais plásticos
em seus sistemas digestivos. Tartarugas e baleias também já foram encontradas com sacos plásticos e linhas de pesca em seus estômagos.
Microplásticos despejados em zonas oceânicas podem afundar, colocando em perigo animais filtradores do fundo do mar.

A maior parte da poluição por óleos no mar vem de cidades e indústrias. O petróleo, em especial, é perigoso para os animais marinhos.
Ele pode se acumular nas asas de aves, reduzindo o efeito isolante das penas e a flutuabilidade dos animais, ou pode ser ingerido quando eles
tentam se limpar. Mamíferos marinhos são menos afetados com severidade, embora possam ficar desidratados com o acúmulo desse com-
posto pelo corpo ou até mesmo cegos. Invertebrados bentônicos (comunidade de organismos que vive no substrato de ambientes aquáticos)
podem facilmente ficar atolados em petróleo e peixes podem ser envenenados. Todas essas possibilidades, sobretudo a última, podem impactar
tragicamente a cadeia alimentar. A curto prazo, derrames de óleo resultam em populações de animais selvagens sendo diminuídas ou entrando
em desequilíbrio, impactando o ecossistema e afetando até mesmo populações humanas. O ambiente marinho, contudo, tem propriedades de
auto-limpeza e bactérias naturalmente atuantes na eliminação de compostos nocivos.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino,
É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

Bacias hidrográficas
Uma bacia hidrográfica ou bacia de drenagem de um curso de água é o conjunto de terras que

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fazem a drenagem da água das precipitações para esse curso de água e seus afluentes. A formação da bacia
hidrográfica se dá através dos desníveis dos terrenos que orientam os cursos da água, sempre das áreas
mais altas para as mais baixas. Assim, as bacias hidrográficas são constituídas pelas vertentes e pela rede
de rios principais, afluentes e subafluentes, cujo conjunto forma a chamada rede de drenagem.

As bacias hidrográficas apresentam grande dinâmica e complexidade nos ciclos da natureza e


na transformação da paisagem, pois suas águas são um agente que atua continuamente no modelado do
relevo. As águas que escoam tanto pelas vertentes quanto pelo leito dos rios promovem erosão, transporte
e sedimentação de materiais sólidos, incluindo os dissolvidos na água. Esses materiais são transportados
para outro rio, para um lago, um oceano ou mesmo uma represa ou açude resultantes da construção de
uma barragem. Se a drenagem se dirige ao oceano, é denominada exorreica; se a água fica retida no interior
do continente (num lago ou num deserto, por exemplo), a drenagem é endorreica (em grego, exo significa
‘fora’ e endo, ‘dentro’). As bacias hidrográficas
são importantes para a irri-
gação da agricultura e para
Qualquer modificação que ocorra nessas bacias, como escorregamentos de terra, sulcos ou outras o fornecimento de água
formas de erosão nas vertentes, desmatamento, aumento das manchas urbanas etc., altera a quantidade potável à população.
de água que se infiltra no subsolo e alimenta os aquíferos, e altera também a quantidade de sedimentos que
são transportados para o leito dos rios. Como resultado, o processo de assoreamento – preenchimento de
um leito fluvial, de um lago, uma represa ou uma zona portuária com sedimentos – pode ser intensificado ou
reduzido, e as superfícies de inundação podem ser ampliadas ou diminuídas.

Assoreamento. Acedido
em 29 de Abril de 2012.
O assoreamento pode
comprometer a navegação,
o abastecimento de água e a
produção de hidreletricidade.

FONTE: http://pt.wikipedia.org

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 45
Geografia física
Capítulo 2: Hidrografia geral e do Brasil
GEOGRAFIA

Assoreamento

O assoreamento se resume a processos erosivos que podem ser causados por águas, processos químicos e físicos e pelo vento. A de-
gradação do solo e das rochas ocasionada por esses fatores leva à formação de sedimentos que serão transportados. Esse fenômeno ocorre
principalmente em áreas rebaixadas, perto de rios, porém não há riscos de estagnar o mesmo. Entretanto, o que pode acontecer é afetar a nave-
gabilidade, obrigando as dragagens a outros atos corretivos. Porém, enquanto existirem chuvas, ele continuará correndo em direção ao mar. O
assoreamento nunca poderá matar um rio enquanto houver o ciclo hidrológico.

As ações humanas aceleram o processo de assoreamento através do desmatamento e emissões gasosas, porém alguns fatores naturais
também contribuem para isso, como vulcões, furacões, maremotos e terremotos, mas mesmo diante disso, não podemos minimizar a influência
do homem.

O assoreamento não é algo moderno, pois já vem acontecendo há um bom tempo. É um processo de bilhões de anos e fez parte do desen-
volvimento da terra, e enquanto o planeta for quente, estes ciclos irão se repetir com ou sem a influência do homem.

Para saber se está havendo o processo de assoreamento em um rio, basta observar as águas da enxurrada após a chuva. Se for barrenta, é
porque a região está sendo muito erodida. Ao erodir um terreno, a água da chuva leva a argila em suspensão, dando cor amarelo-ocre às águas.

Problemas causados pela elevada taxa de assoreamento:

• Elevação do fundo dos rios, prejudicando a navegação e diminuindo a lâmina d’água, o que provoca seu maior aquecimento e menor
capacidade de dissolver oxigênio;
• Assoreamento na área de manguezais, que altera a flutuação das marés pelo avanço da linha da orla, podendo rapidamente comprometer
esse ecossistema tão importante;

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
• Alteração da circulação e dos fluxos das correntes internas, comprometendo as vegetações do manguezal e das zonas pesqueiras;
• Inundações que só poderão ser combatidas através de uma ação global, pois a simples dragagem é uma medida paliativa, já que o material
tirado hoje voltará amanhã através da erosão.

Quando o ser humano remove a vegetação, principalmente a mata ciliar (a vegetação que se encontra nas margens dos cursos d’água), o
processo acima citado intensifica-se, além de gerar o surgimento de erosões nas proximidades do próprio rio, conforme ilustram as imagens a
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seguir.

Ilustração – Processo de erosão.


FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

As consequências do assoreamento de rios e lagos podem ser sentidas diretamente pela sociedade. Os rios perdem a capacidade de nave-
gação, haja vista que os bancos de areia que se formam atrapalham a passagem das embarcações, além de diminuírem a velocidade da vazão.
Além disso, a água desses rios, ao encontrar tantos obstáculos, desvia-se, podendo atingir espaços onde antes não existiam cursos d’água,
incluindo ruas e casas, causando, portanto, as enchentes urbanas.

Outro fator é que, quando os sedimentos misturam-se à água escoada, o curso dos rios fica mais pesado e volumoso, o que causa pro-
blemas como a quebra da base de pontes ou cheias excessivas com inundações de locais próximos. Soma-se a isso a perda da vegetação
subaquática e das condições de habitat para peixes e outros animais, dificultando até mesmo a reprodução das espécies.

O assoreamento torna-se ainda pior quando, além dos sedimentos, lixo e esgoto são depositados sobre o rio, acumulando ainda mais dejetos
em seu leito.

Para combater o assoreamento, a melhor medida é trabalhar na sua prevenção, contendo os processos erosivos em áreas situadas próximas
às drenagens, além de impor barreiras para que os sedimentos não se acumulem rapidamente sobre elas. O cultivo e a preservação de matas
ciliares são as medidas mais recomendadas, pois barram a entrada de objetos sedimentares nos rios e conservam o solo das margens, evitando
erosões fluviais.

O volume de água de uma bacia hidrográfica depende da influência dos solos, das rochas e prin-
cipalmente do clima da região. Na Amazônia, por exemplo, onde não existem longas estiagens, os rios
são perenes e caudalosos, ou seja, nunca secam, porque possuem grande volume de água. Em áreas de

46 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Geografia física
Capítulo 2: Hidrografia geral e do Brasil

clima árido ou semiárido, os rios muitas vezes são intermitentes

GEOGRAFIA
(ou temporários), secando no período de estiagem. Há, ainda,
os cursos d’água efêmeros, que se formam somente durante a
ocorrência de chuvas; quando para de chover, tais rios secam
rapidamente.

Se um rio atravessa um deserto e é perene, isso indica


que ele nasce em uma área chuvosa e a captação da água ocorre
fora da região árida. A exemplo, o Rio Nilo nasce no Lago da
Vitória, na região equatorial africana, e por isso consegue atra-
vessar o Deserto do Saara e desembocar no Mar Mediterrâneo.
No Brasil, o Rio São Francisco nasce na Serra da Canastra (MG) Cânions do Rio São Francisco, em Alagoas.
FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/.
– uma área de clima tropical com significativa captação de água,
que permite ao rio atravessar o Sertão Nordestino e desembocar
no Oceano Atlântico.

A variação na quantidade de água no leito do rio ao longo do


ano recebe o nome de regime. No Brasil, todos os rios possuem regi-
me pluvial (dependem exclusivamente da chuva) simples, associado
aos tipos climáticos regionais. A exceção é o Rio Amazonas, de regime
misto ou complexo, uma quantidade pequena de suas águas provém do
derretimento de neve (regime nival) da Cordilheira dos Andes, no Peru,
onde se localiza sua nascente.
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No período das cheias, a calha (ou leito menor dos rios), não
suporta o escoamento de um volume maior de água e o rio passa a
ocupar um leito estendido – a várzea –, também chamada planície de
inundação – a parte do rio sujeita a inundações periódicas. A várzea

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pertence ao rio tanto quanto suas margens. Ocupar uma área de várzea
com casas, ruas, campos de futebol etc. significa construir em um lugar Na foto, trecho entrelaçado do Rio Negro.
FONTE: Geografia Geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização, p. 130.
sujeito a inundações.

Quanto à configuração de seus canais, os rios possuem quatro padrões, que se verificam em di-
ferentes condições de clima, relevo, solos e rochas, densidade da vegetação nas suas margens, largura e
profundidade do leito. São eles:

Os quatro tipos fundamentais de canal fluvial.


Cada rio tem suas próprias características, que podem variar bastante ao longo de seu curso. (1) Canal Retilíneo: tem essa configuração porque geralmente corre em
relevos com declividade acentuada; assim, as águas escoam com grande velocidade e os desvios tendem a ser pequenos; (2) Canal Meandrante: adquire essa feição
por atravessar relevos planos, onde a baixa declividade e a consequente pequena velocidade de escoamento das águas tornam os desvios mais acentuados; (3) Canal
Anastomosado: em relevos com presença de vários morros, colinas ou pequenas elevações, os cursos d’água se dividem e se entrelaçam, constituindo um rio sem
canal principal; (4) Canal Entrelaçado: caracterizam um rio permeado por ilhas e barras formadas por assoreamento do material transportado em suspensão por suas
próprias águas.

FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 47
Geografia física
Capítulo 2: Hidrografia geral e do Brasil

Os rios que apresentam grande desnível ao longo de seu


GEOGRAFIA

curso, os chamados rios de planalto, podem ser aproveitados,


com a construção de barragens, na produção de hidreletricidade.
Nesse caso, porém, a navegação depende da construção de eclu-
sas para que as embarcações possam passar de um nível a outro.

Os rios de planície, bem como os lagos, são facilmente


navegáveis, desde que não se formem bancos de areia em seu
leito (fato comum em regiões onde o solo fica exposto à ação da
erosão) e que não ocorra grande diminuição do nível das águas, o
Foto do Rio Candeias mostra os meandros (em Rondônia). que pode impedir a navegação de embarcações com maior calado
FONTE: Geografia Geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização, p. 130. (a parte da embarcação que fica abaixo do nível da água).

Lagos e lagoas costeiras também são objeto de estudo


da hidrografia. Os lagos são depressões do relevo preenchidas
por água, e podem ser temporários ou permanentes, além de
ter diversas origens: movimentos tectônicos provocando o sur-
gimento de depressões, movimento de geleiras escavando va-
les, meandros abandonados, pequenas depressões de várzeas,
crateras de vulcões etc. No território brasileiro, a maioria das
depressões já foi preenchida por sedimentos, tornando-se ba-
cias sedimentares.

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As lagoas costeiras formam-se no litoral por causa das
variações do nível do mar ao longo do tempo geológico ou por
sua ação sedimentar, formando restingas que fecham total ou
parcialmente antigas baías.
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Bacias hidrográficas brasileiras
Num mundo em que a escassez de água será proble-
ma cada vez mais grave, o Brasil é um país privilegiado, por
concentrar cerca de 12% das águas do planeta. Apesar disso, o
Brasil acumula vários problemas pelo mal aproveitamento e pela
A importância da várzea – ilustração.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino. execução de grandes usinas hidrelétricas, pela ocupação dos
mananciais e pela poluição.

Os rios de grandes cidades e os que atravessam importantes áreas agrícolas recebem os dejetos
orgânicos e químicos (agrotóxicos) sem tratamento prévio. Poluição e morte têm sido o destino de impor-
tantes rios e poucas ações foram colocadas em prática para reverter este processo.
Os rios brasileiros, em seus mais variados tamanhos, têm diversos usos, que vão desde o abaste-
cimento, a irrigação, o lazer, a pesca, a geração de energia e o transporte até as aplicações turísticas. Os
de maiores dimensões, como os da Bacia Amazônica, oferecem em muitos trechos grande possibilidade de
navegação.
Um imenso aquífero que
abrange parte dos territórios
de Uruguai, Argentina, Para- O Brasil é um país privilegiado quando o assunto é disponibilidade de água-doce – 14% das reservas
guai e, principalmente, Brasil, mundiais de água-doce estão no território brasileiro. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e
ocupando 1 200 000 km², é Estatística (IBGE) e o Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), o país possui 12 bacias hidrográ-
o chamado Aquífero Guara-
ni, nomeado em homenagem ficas, que estão distribuídas por todo o território nacional.
ao povo guarani (que, até a O transporte hidroviário, embora pouco utilizado, vem adquirindo cada vez mais importância no
chegada dos colonizadores país. Em regiões planálticas, nossos rios apresentam um enorme potencial hidrelétrico, bastante explorado
de origem europeia, no sécu-
lo 16, ocupava grande parte no Centro-Sul e nos rios São Francisco e Tocantins, mas não aproveitado plenamente em outras regiões,
do território do aquífero). Sua como na Amazônia Ocidental e em algumas partes do Brasil Central, pelo fato de o consumo regional de
capacidade de abasteci- eletricidade ainda ser baixo.
mento, diz-se por alguns
estudiosos, seria suficiente
para abastecer o mundo por A seguir, vejamos características da hidrografia brasileira:
200 anos.
• O Brasil não possui lagos tectônicos, pois as depressões tornaram-se bacias sedimen-
tares. Em nosso território só há lagos de várzea (temporários, muito comuns no Pantanal)
e lagoas costeiras (como a dos Patos, no Rio Grande do Sul, e a Rodrigo de Freitas, no Rio
de Janeiro, ambas formadas por restingas e centenas de represas e açudes resultantes da
construção de barragens).

48 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Geografia física
Capítulo 2: Hidrografia geral e do Brasil

• Todos os rios brasileiros, com exceção do Amazonas, possuem

GEOGRAFIA
regime simples pluvial.

• Todos os rios são exorreicos. Mesmo os que correm para o


interior têm como destino final de suas águas o oceano, como
acontece com o Tietê, o Paranaíba e o Iguaçu, entre outros afluen-
tes do Rio Paraná, que por sua vez deságua no mar (no estuário
do Prata, entre Uruguai e a Argentina).

• Considerando-se os rios de maior porte, só encontramos regi-


mes temporários no Sertão Nordestino, onde o clima é semiárido.
No restante do país, os grandes rios são perenes.
União dos rios Paranaíba e Grande.
O Rio Paraná é o segundo rio em extensão na América do Sul e o décimo no
• Predominam os rios de planalto em áreas de elevado índice plu- mundo em vazão. Nasce entre os estados de São Paulo, Minas Gerais e Mato
Grosso do Sul.
viométrico. A existência de muitos desníveis no relevo e o grande
volume de água possibilitam a produção de hidreletricidade. FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

• Em vários pontos do país há corredeiras, cascatas e, em al-


gumas áreas, rios subterrâneos (atravessando cavernas), o que
favorece o turismo. As Cataratas do Iguaçu atraem visitantes de
todo o mundo. Outras quedas d’água do mesmo porte desapa-
receram nos últimos 40 anos com a construção de represas de
hidrelétricas.
É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

• Na Região Amazônica os rios têm grande importância como


vias de transporte. Neles há barcos de todo tipo e tamanho, trans-
portando pessoas e mercadorias. Nas demais regiões a navega-
ção vem crescendo nos últimos anos, sobretudo na Bacia Platina, Divisa AL/SE, Rio São Francisco.

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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998

FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.


onde uma sequência de eclusas já permite a navegação em um
trecho de 1.400 km. É a chamada hidrovia Tietê-Paraná.

Devido à natureza do relevo, no Brasil predominam os


rios de planalto, que apresentam rupturas de declive, vales en-
caixados, entre outras características, que lhes conferem um alto
potencial para a geração de energia elétrica. “Encachoeirados” e
com muitos desníveis entre a nascente e a foz, os rios de planal-
to apresentam grandes quedas-d’água. Assim, em decorrência de
seu perfil não regularizado, ficam prejudicados no que diz respeito
à navegabilidade. Os rios São Francisco e Paraná são os principais
rios de planalto.

Uma bacia hidrográfica é um conjunto de terras drenadas


por um rio principal, seus afluentes e subafluentes. O Instituto Bra-
sileiro de Geografia e Estatística classifica os rios em nove bacias.
São elas:

Bacia Amazônica.
• Bacia do Amazonas: é a maior bacia hidrográfi- FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.
ca do mundo, com 7.050.000 km², sendo mais da
metade localizada em terras brasileiras. Abrange
também terras da Bolívia, do Peru, da Colômbia,
Venezuela, Guiana, Guiana Francesa e do Surina-
me. Seu rio principal, o Amazonas, nasce no Peru,
com o nome de Vilcanota, e recebe posteriormen-
te os nomes de Ucaiali, Urubamba e Marañon.
Quando entra no Brasil, passa a se chamar Soli-
mões e, após o encontro com o Rio Negro, perto
de Manaus, recebe o nome de Rio Amazonas.

• Bacia do Nordeste: abrange diversos rios de


grande porte e de significado regional, como Aca-
raú, Jaguaribe, Piranhas, Potengi, Capibaribe, Una,
Pajeú, Turiaçu, Pindaré, Grajaú, Itapecuru, Mearim
e Parnaíba. O rio Parnaíba forma a fronteira dos Bacia do Nordeste.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 49
Geografia física
Capítulo 2: Hidrografia geral e do Brasil

estados do Piauí e Maranhão, desde suas nascentes na serra da


GEOGRAFIA

Tabatinga até o oceano Atlântico, além de representar uma impor-


tante hidrovia para o transporte dos produtos agrícolas da região.

• Bacia do Tocantins-Araguaia: com uma área superior a 800.000


km2, a bacia do rio Tocantins-Araguaia é a maior bacia hidrográfica
inteiramente situada em território brasileiro. O rio Tocantins nas-
ce na confluência dos rios Maranhão e Paraná (GO), enquanto o
Araguaia nasce no Mato Grosso. Localiza-se nessa bacia a usina
de Tucuruí (PA), que abastece projetos para a extração de ferro e
alumínio.

• Bacia do Paraguai: destaca-se por sua navegabilidade, sendo


bastante utilizada para o transporte de carga. Assim, torna-se im-
portante para a integração dos países do Mercosul. Suas águas
banham terras brasileiras, paraguaias e argentinas.

• Bacia do Paraná: é a região mais industrializada e urbanizada


do país. Na bacia do Paraná reside quase um terço da população
brasileira, sendo os principais aglomerados urbanos as regiões
metropolitanas de São Paulo, Campinas e de Curitiba. O rio Paraná,
Bacia do Paraguai. com aproximadamente 4.100 km, tem suas nascentes na região
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino. Sudeste, separando as terras do Paraná das do Mato Grosso do

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Sul e do Paraguai.

O rio Paraná é o principal curso d’água da bacia, mas também são


muito importantes os seus afluentes e formadores, como os rios
Grande, Paranaíba, Tietê, Paranapanema, Iguaçu, dentre outros.
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Essa bacia hidrográfica é a que tem a maior produção hidrelétrica
do país, abrigando a maior usina hidrelétrica do mundo: a Usina
de Itaipu, no Estado do Paraná, projeto conjunto entre Brasil e Pa-
raguai.

• Bacia do São Francisco: nasce em Minas Gerais, na serra da


Canastra, atravessando os estados da Bahia, Pernambuco, Alago-
as e Sergipe. O Rio São Francisco é o principal curso d’água da
bacia, com cerca de 2.700 km de extensão e 168 afluentes. De
grande importância política, econômica e social, principalmente
para a região nordeste do país, é navegável por cerca de 1.800 km,
desde Pirapora, em Minas Gerais, até a cachoeira de Paulo Afon-
so. O principal aglomerado populacional da bacia do São Francisco
corresponde à Região Metropolitana de Belo Horizonte, na região
do Alto São Francisco.

• Bacia do Sudeste-Sul: é composta por rios da importância do


Bacia do Tocantins-Araguaia.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.
Jacuí, Itajaí e Ribeira do Iguapé, entre outros. Os mesmos pos-
suem importância regional, pela participação em atividades como
transporte hidroviário, abastecimento d’água e geração de energia
elétrica.

Bacias hidrográficas são


porções da superfície terres- • Bacia do Uruguai: é formada pelo rio Uruguai e por seus afluentes, desaguando no estuá-
tres que drenam águas su- rio do rio da Prata, já fora do território brasileiro. O rio Uruguai é formado pelos rios Canoas
perficiais e subsuperficiais, e Pelotas, e serve de divisa entre os Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Faz
delimitadas por divisores
topográficos, ou divisores de ainda a fronteira entre Brasil e Argentina e entre Argentina e Uruguai. Deságua no oceano
águas, ou interflúvios. Todas após percorrer 1.400 km. A região hidrográfica do Uruguai apresenta um grande potencial
as bacias são compostas por hidrelétrico, possuindo uma das maiores relações energia/km² do mundo.
nascentes, afluentes e um rio
principal, que tem o seu fim
ao desaguar em outro rio, • Bacia do Leste: assim como a bacia do nordeste, esta bacia possui diversos rios de
lago ou no próprio mar. grande porte e importância regional. Entre eles, temos os rios Pardo, Jequitinhonha, Paraíba
do Sul, Vaza-Barris, Itapicuru, das Contas, Paraguaçu, entre outros. O rio Paraíba do Sul, por
exemplo, situa-se entre os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, apresen-
tando ao longo do seu curso diversos aproveitamentos hidrelétricos, cidades ribeirinhas de
porte e indústrias importantes, como a Companhia Siderúrgica Nacional.

50 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Geografia física
Capítulo 2: Hidrografia geral e do Brasil

GEOGRAFIA
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Mapa – Bacias Hidrográficas - Brasil.


FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

As águas estão distribuídas “irregularmente” no território brasileiro e, próximo aos grandes centros
econômicos e aglomerados populacionais, esse potencial está aproveitado praticamente em seu limite. Ob-
serve o quadro:

Regiões Disponibilidade de recursos hídricos (%) População (%)

Norte 70% 7,6%

Centro-Oeste 15% 6,8%

Sudeste 6% 42,7%

Sul 6% 14,8%

Nordeste 3% 28,1%

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 51
Geografia física
Capítulo 2: Hidrografia geral e do Brasil
GEOGRAFIA

Após 14 anos, transposição do Rio São Francisco entra na reta final

O primeiro “milagre” da transposição do Rio São Francisco foi em 2017, quando o rio
salvou 500 mil paraibanos da severa estiagem que atingiu o estado. Agora, passados qua-
tro governos e 14 anos da instalação da pedra fundamental, a obra que desloca parte das
águas do “Velho Chico” entra na reta final.
Em julho de 2020, o presidente Jair Bolsonaro inaugurou mais um trecho no município
de Salgueiro (PE), da obra que foi tirada do papel em 2007 no governo Lula, avançou nas
presidências de Dilma Rousseff e Michel Temer, e deve ser concluída na atual gestão.
O São Francisco nasce na Serra da Canastra (MG), percorre 2.800 quilômetros e de-
ságua em Penedo (AL). A transposição é a maior obra hídrica já realizada no país. Soma
477 quilômetros de extensão com 13 aquedutos, nove estações de bombeamento, 28 re-
servatórios, nove subestações de energia, 270 quilômetros de linhas de transmissão em Transposição do Rio São Francisco.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.
alta tensão e quatro túneis.
Assim que for completado, o projeto deve beneficiar 12 milhões de pessoas em 390
municípios no Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte, estados historicamente vulneráveis à seca.
A obra é dividida em dois eixos: o leste, que tem 217 km e deve levar água a 5,5 milhões de habitantes de 170 cidades de Pernambuco e da
Paraíba; e o norte, com 260 km, que deve garantir segurança hídrica a mais de 6,5 milhões de pessoas em 220 cidades paraibanas, pernambu-
canas, cearenses e potiguares.
Orçado em R$ 4,5 bilhões, ao longo dos anos o projeto viu aumentar os custos ambientais e de engenharia. Até hoje o governo federal já
desembolsou R$ 10,8 bilhões, mais que dobro do previsto.
Em março de 2017, Michel Temer fez uma inauguração às pressas do eixo leste. Lula e Dilma também participaram de um ato simbólico de
inauguração no mesmo ano para reivindicar a paternidade petista do projeto. Agora foi a vez de Jair Bolsonaro abrir mais uma comporta.

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Cada eixo está 97% finalizado, mas faltam obras complementares que, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento Regional, não
comprometem a pré-operação. O eixo leste já abastece 1,4 milhão de pessoas em 46 cidades pernambucanas e paraibanas, cerca de 1/4 do
potencial, segundo o governo.
Agora que a água chegou no agreste, o que fazer com ela? Essa é a questão que mais preocupa Francisco Sarmento, professor da Universi-
dade Federal da Paraíba e engenheiro que trabalhou por 14 anos no projeto, sob as gestões Itamar Franco, FHC e Lula.
“A inércia é total em termos de elaboração e implementação de políticas públicas. Nas duas esferas: federal e estadual”, critica o especialista
que defendeu o projeto por muitos anos, mas hoje se diz decepcionado. Ele vê risco alto de que a transposição se torne um “elefante branco”
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no coração do Nordeste.

A obra tem capacidade projetada de bombeamento de 126 m³


por segundos, sendo 99 m³/s no eixo norte e 27 m³/s no leste. Um
volume de água “cavalar”, segundo Sarmento, que supera ampla-
mente as necessidades da população e da agricultura. A capacidade
instalada, contudo, é de 24 m³/s no eixo norte e 14 m³/s no leste,
segundo o ministério.
Apesar das repetidas inaugurações, ainda faltam os serviços di-
tos complementares, mas que na verdade são essenciais para o bom
funcionamento da obra, como a drenagem dos canais para impedir
o rompimento em caso de chuva forte, as estradas de acesso, a
instalação das bombas e o sistema operacional.
Algumas dessas obras nem foram licitadas. “Hoje está tudo para-
do, debaixo das intempéries”, afirma Sarmento. O problema é conhe-
Governo inicia testes no Ramal do Agreste.
O Ramal do Agreste é um sistema adutor com vazão de 8 m³/s que irá atender a uma cido pelo governo, que anunciou que, terminada a transposição, vai
população de mais de dois milhões de habitantes em 68 cidades do estado de Pernam- iniciar a fase de revitalização do rio, ainda esse ano.
buco. Parte integrante do Projeto de Transposição do Rio São Francisco, o Ramal é
composto por 42 km de canal revestido em concreto, 16 km de túneis, 3,2 km de aque-
“Não adianta ter a água correndo e o rio estar morto, assoreado,
dutos, dois reservatórios, uma estação de bombeamento e 7 km de adutora, totalizando com as margens aterradas, matas ciliares mortas, com as nascentes
71 quilômetros de extensão, com investimento da ordem de 1,3 bilhão de reais. sem ter reposição das águas”, disse o ministro do Desenvolvimento
FONTE: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2021-02/integracao-do-sao-fran- Regional, Rogério Marinho, em maio.
cisco-governo-inicia-testes-no-ramal-do-agreste

A revitalização consiste em tratar esgoto e resíduos


sólidos nas quase mil cidades cortadas pelo rio, plantar
matas ciliares e fazer o desassoreamento para retomar a
capacidade de navegabilidade.
Para não deixar o rio minguar sob o “sol de rachar” do
semiárido, o  governo Temer aventou a possibilidade de
entregar a gestão da obra à iniciativa privada por meio de
parcerias público-privadas (PPP), mas a hipótese até agora
não avançou.

FONTE: Agência Brasil. Integração do São Francisco: governo inicia


testes no Ramal do Agreste. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/
geral/noticia/2021-02/integracao-do-sao-francisco-governo-inicia-testes-no-
-ramal-do-agreste. Acesso em: 23 fev. 2021.

Acionadas comportas do Ramal do Agreste (PE).


FONTE: https://www.gov.br/casacivil/pt-br/assuntos/noticias/2021/fevereiro/comecam-os-testes-no-
-ramal-do-agreste-parte-da-integracao-do-rio-sao-francisco/50959169708_7114a38d9b_o.jpg/@@
images/eaea0e42-0c05-429f-93f6-7db2edee0983.jpeg

52 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Geografia física
Capítulo 2: Hidrografia geral e do Brasil

Ciclos biogeoquímicos

GEOGRAFIA
Introdução
O trajeto das substâncias do ambiente abiótico para o mundo dos seres vivos
e o seu retorno ao mundo abiótico completam o que chamamos de ciclo biogeoquí-
mico. O termo é derivado do fato de que há um movimento cíclico de elementos que
formam os organismos vivos (“bio”) e o ambiente geológico (“geo”), onde intervêm
mudanças químicas. Em qualquer ecossistema existem tais ciclos. E em qualquer
ciclo biogeoquímico existe a retirada do elemento ou substância de sua fonte, sua
utilização por seres vivos e posterior devolução para a sua fonte. São esses ciclos que possibilitam que os elemen-
tos interajam com o meio ambiente e com os seres
Nesse ambiente sistêmico e dinâmico, dizemos que “na natureza nada se vivos, ou seja, garantem que o elemento flua atra-
vés da atmosfera, hidrosfera, litosfera e biosfera.
cria, nada se perde, tudo se transforma” – o princípio da conservação da matéria
–, enunciado por Lavoisier. Vejamos os principais ciclos biogeoquímicos: (1) o da Sendo a Terra um sistema dinâmico, e em cons-
água; (2) o do carbono; (3) o do oxigênio; e o (4) do nitrogênio – embora tenhamos tante evolução, o movimento e a estocagem de
seus materiais afetam todos os processos físicos,
também outros ciclos, como (5) do enxofre; (6) do fósforo e o (7) do cálcio. Concen- químicos e biológicos. As substâncias são conti-
traremos o estudo nos quatro primeiros ciclos. nuamente transformadas durante a composição e
a decomposição da matéria orgânica, sem escapar
da biosfera, sendo, portanto recicláveis.

Ciclo da água Um ciclo biogeoquímico pode ser entendido como


sendo o movimento ou o ciclo de um determina-
do elemento ou elementos químicos através da
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A água na natureza pode ser encontrada nos três estados físicos: sólido, atmosfera, hidrosfera, litosfera e biosfera da Terra.
líquido e gasoso. Os oceanos e mares constituem cerca de 97% de toda água; dos 3%
restantes, 2,25% estão em forma de gelo nas geleiras e nos polos, e apenas 0,75%
estão nos rios, lagos e lençóis freáticos.

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Comparação da geleira de Perdesen, no Alasca.


A foto da esquerda a mostra como era em 1917, e a da direta, em 2005. Graças aos efeitos do aquecimento global, as geleiras nos Polos Norte e Sul vêm
passando por um derretimento acelerado e bastante preocupante, que afeta diretamente o ciclo da água.

FONTE: https://www.gov.br/casacivil/pt-br/assuntos/noticias/2021/fevereiro/comecam-os-testes-no-ramal-do-agreste-parte-da-integracao-do-rio-sao-francis-
co/50959169708_7114a38d9b_o.jpg/@@images/eaea0e42-0c05-429f-93f6-7db2edee0983.jpeg

A quantidade de água na forma de vapor na atmosfera é reduzidíssima quando comparada às gran-


des quantidades que são encontradas nos outros estados, mas apesar dessa pequena quantidade, ela é
fundamental na determinação das condições climáticas e de vital importância para os seres vivos.
A água encontrada na atmosfera é proveniente da evapotranspiração (transpiração + evaporação)
que compreende a transpiração dos seres vivos e a evaporação da água líquida. A evapotranspiração exige
energia para ser realizada. Em última análise, pode-se afirmar que essa energia provém do sol, atuando
diretamente na evaporação e indiretamente na transpiração, afinal a transpiração dissipa calor do organismo
para o ambiente. A água gasosa da atmosfera se condensa e pode precipitar na forma de chuva (líquida), ou
por um resfriamento excessivo na forma sólida (neve ou granizo).
Nos continentes e ilhas, a evapotranspiração é menor do que a precipitação, o que possibilita a
formação de rios, lagos e lençóis freáticos. O processo inverso ocorre nos oceanos e mares, onde a preci-
pitação é menor que a evapotranspiração.

A água apresenta dois ciclos:

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 53
Geografia física
Capítulo 2: Hidrografia geral e do Brasil

(1) Ciclo curto ou pequeno: é aquele que ocorre pela lenta evaporação da água dos mares, rios,
GEOGRAFIA

lagos e lagoas, formando nuvens. Estas se condensam, voltando à superfície na forma de chuva
ou neve;

(2) Ciclo longo: é aquele em que a água passa pelo corpo dos seres vivos antes de voltar ao am-
biente. A água é retirada do solo através das raízes das plantas, sendo utilizada para a fotossíntese,
ou passada para outros animais através da cadeia alimentar. A água volta à atmosfera através da
respiração, transpiração, fezes e urina.

As moléculas de água vão da superfície terrestre para a atmosfera, onde, unindo-se a outros com-
postos moleculares, originam as nuvens. O retorno dessa água para a superfície se dá na forma líquida
(chuva) ou na forma sólida (neve, granizo). Quando essa água que retorna à superfície atinge o chão, uma
parte é absorvida pelo solo, onde forma os lençóis freáticos, ou é absorvida pelas plantas. E o restante forma
a água de escoamento que se junta às nascentes e às fontes de lençóis freáticos para formar os lagos e os
rios que alimentam os oceanos, assim fechando o ciclo da água.

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O ciclo da água (conhecido cientificamente como o ciclo hidrológico).
Refere-se à troca contínua de água na hidrosfera, entre a atmosfera, a água do solo, águas superficiais, subterrâneas e das plantas. O ciclo da água tem seu início com a evaporação das águas dos oceanos, lagos
e rios. Essa evaporação se dá por causa do calor provocado pelo Sol e pela ação dos ventos, transformando a água do estado líquido para o estado gasoso. O vapor de água, por ser mais leve que o ar, sobe na
atmosfera formando nuvens. Quando as nuvens são atingidas por temperaturas mais baixas, o vapor de água se condensa e se transforma em gotículas que se precipitam de volta à superfície em forma de chuva. Nas
regiões muito frias, essas gotículas se transformam em flocos de neve ao se precipitarem.

FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

Ciclo do carbono
Depois da água, o carbono é o elemento que entra em maior quantidade na composição
O carbono é um elemento químico
de grande importância para os seres dos seres vivos, e envolve dois estágios, um sólido e outro gasoso. O estágio sólido representa o
vivos, pois participa da composição carbono encerrado nas rochas, como o calcário, e nos combustíveis fósseis, como hulha e petróleo,
química de todos os componentes fixados pela fotossíntese durante milhões de anos. Quando estes são queimados, ou através de ati-
orgânicos e de uma grande parcela
dos inorgânicos também. vidades vulcânicas, o carbono, sob a forma de dióxido de carbono, é transferido para a atmosfera.
O carbono também é liberado através da respiração dos seres vivos, decomposição dos organismos
O gás carbônico se encontra na mortos, queima de combustíveis de carros e máquinas a motor.
atmosfera numa concentração bem
baixa, aproximadamente 0,03% e, em
proporções semelhantes, dissolvi- Removido da atmosfera pela fotossíntese, o carbono do CO2 incorpora-se aos seres vivos
dos na parte superficial dos mares, quando os vegetais, utilizando o CO2 do ar, ou os carbonatos e bicarbonatos dissolvidos na água,
oceanos, rios e lagos.
realizam a fotossíntese. Dessa maneira, o carbono desses compostos é utilizado na síntese de
compostos orgânicos, que vão suprir os seres vivos.

Da mesma maneira, as bactérias que realizam quimiossíntese fabricam suas substâncias orgânicas
a partir do CO2. Os compostos orgânicos mais comumente formados são os açúcares (carboidratos), mas,
além deles, as plantas são capazes de produzir proteínas, lipídeos e ceras em geral.

54 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Geografia física
Capítulo 2: Hidrografia geral e do Brasil

O carbono das plantas pode seguir três caminhos: (1) pela respiração é devolvido na forma de CO2;

GEOGRAFIA
(2) passa para os animais superiores via cadeia alimentar; (3) pela morte e decomposição dos vegetais,
volta a ser CO2.

O carbono é adquirido pelos


animais, de forma direta ou indireta,
do reino vegetal durante a sua alimen-
tação. Assim, os animais herbívoros
recebem dos vegetais os compostos
orgânicos e, através do seu metabo-
lismo, são capazes de sintetizar e até
transformá-los em novos tipos de
produtos. O mesmo ocorre com os
animais carnívoros, que se alimentam
dos herbívoros e assim sucessiva-
mente. O carbono dos animais pode
seguir, assim como as plantas, três
caminhos: (1) pela respiração é devol-
vido na forma de CO2; (2) Passagem
para outro animal, via nutrição; (3)
pela morte e decomposição dos ani-
mais, volta a ser CO2.
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Um outro mecanismo de re-


torno do carbono ao ambiente é por
intermédio da combustão de combus-
tíveis fósseis (gasolina, óleo diesel,
gás natural). Além desse, a queima

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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998

de florestas é uma outra forma de de-


volução, mas vale ressaltar que esse
método pode acarretar sérios danos
ao ambiente, ocasionando grandes
O ciclo do carbono.
variações no ecossistema global do FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

planeta.
A respiração, a decomposição e a queima dos organismos devolvem à atmosfera o carbono (CO2).
A queima de combustíveis fósseis também entra nessa categoria de retorno. Lembremo-nos também de que
o CO2 é um grande vilão na questão do efeito estufa.

Ciclo do oxigênio
O ciclo do oxigênio se encontra intimamente ligado com o ciclo do carbono, uma vez que o fluxo
de ambos está associado aos mesmos fenômenos: fotossíntese e respiração. Os processos de fotossíntese
liberam oxigênio para a atmosfera, enquanto os processos de respiração e combustão o consomem. Parte
do O2 da estratosfera é transformado pela ação de raios ultravioleta em ozônio (O3). Este forma uma camada
que funciona como um filtro, evitando a penetração de 80% dos raios ultravioleta. A liberação constante de
clorofluorcarbonos (CFC) leva à destruição da camada de ozônio.
O dióxido de carbono é convertido em oxigênio pelos vegetais clorofilados, através da fotossíntese.
Desse oxigênio livre produzido, uma parte é absorvida pelos seres vivos através do processo da respiração
e devolvida à atmosfera sob a forma de dióxido de carbono e água. Outra parte é dissolvida nas águas que
também possuem oxigênio livre proveniente da atividade fotossintetizadora de algas e de outros vegetais
aquáticos. Quando a temperatura da água se eleva ou ocorre saturação de oxigênio, ela começa a despren-
dê-lo, retornando à atmosfera parte desse oxigênio dissolvido.

Ciclo do nitrogênio
O nitrogênio corresponde a 79% da atmosfera. Nós o usamos nas nossas proteínas, só que não
conseguimos retirar nitrogênio (gasoso) diretamente da atmosfera. Só as bactérias fixadoras fazem isso,
produzindo amônia, que é então transformada em nitrito e depois em nitrato por outras bactérias (nitroso-
monas e nitrobacter), sendo este absorvido pelas plantas. O fim do ciclo, com o retorno do N2 à atmosfera,
dá-se pela excreção de compostos nitrogenados e pela decomposição dos organismos, seguidas da ação
das bactérias desnitrificantes (amônia-N2).

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 55
Geografia física
Capítulo 2: Hidrografia geral e do Brasil

O nitrogênio utilizável pelos seres


GEOGRAFIA

vivos é o combinado com o hidrogênio na


forma de amônia (NH3). A transformação do
N2 em NH3 é chamada fixação.

Fenômenos físicos, como os relâm-


pagos e faíscas elétricas, são processos fixa-
dores de nitrogênio. A produção de amônia
por esses fenômenos atmosféricos é peque-
níssima, sendo praticamente negligenciável
em face às necessidades dos seres vivos. A
fixação do nitrogênio por esses meios é de-
nominada fixação física.

Outra forma de fixação de nitrogênio


é a fixação industrial, realizada por indús-
trias de fertilizantes, onde se consegue uma
elevada taxa de fixação de nitrogênio.

O ciclo do nitrogênio pode ser dividi-


O ciclo do nitrogênio. do em algumas etapas:
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

• Fixação: consiste na transformação do nitrogênio gasoso em substâncias aproveitá-

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veis pelos seres vivos (amônia e nitrato). Os organismos responsáveis pela fixação são
bactérias, que retiram o nitrogênio do ar, fazendo com que este reaja com o hidrogênio
para formar amônia;
O nitrogênio é um elemento químico
que entra na constituição de duas
importantíssimas classes de molé- • Amonificação: parte da amônia presente no solo é originada pelo processo de fixa-
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culas orgânicas: proteínas e ácidos ção. A outra é proveniente do processo de decomposição das proteínas e outros resí-
nucleicos. Além disso, o nitrogênio
é componente de um nucleotídeo duos nitrogenados, contidos na matéria orgânica morta e nas excretas. Decomposição
essencial a todos os seres vivos da ou amonificação é realizada por bactérias e fungos;
biosfera: o ATP. Embora esteja presen-
te em grande quantidade no ar (cerca
de 79%), na forma de N2, poucos • Nitrificação: é o nome dado ao processo de conversão da amônia em nitratos;
seres vivos o assimilam nessa forma.
Apenas alguns tipos de bactérias, prin- • Desnitrificação: as bactérias desnitrificantes (como, por exemplo, a Pseudomonas
cipalmente cianobactérias, conseguem
captar o N2, utilizando-o na síntese de denitrificans), são capazes de converter os nitratos em nitrogênios molecular, que volta
moléculas orgânicas nitrogenadas. à atmosfera fechando o ciclo.

Referências bibliográficas
SENE e MOREIRA, Eustáquio de e João Carlos. Geografia para o ensino médio: geografia geral e do Brasil.
São Paulo: Scipione, 2007.
ALMEIDA e RIGOLIN, Lúcia Marina Alves de e Tércio Barbosa. Geografia geral e do Brasil: volume único.
1ª ed. São Paulo: Ática, 2005.
VESENTINI, José W. Geografia: o mundo em transição. São Paulo: Ática, 2009.

56 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Geografia física
Capítulo 2: Hidrografia geral e do Brasil

GEOGRAFIA
HIDROGRAFIA GERAL E DO BRASIL

Hidrografia

No estudo da hidrografia, parte da Geografia que trata das águas (correntes, paradas, oceânicas e subterrâneas), é
importante considerar, de início, a água que provém da atmosfera. Ao entrar em contato com a superfície, a água
das chuvas pode seguir três caminhos: escoar, infiltrar-se no solo ou evaporar. Por meio da evaporação, ela retorna
à atmosfera. Já a água que se infiltra no solo e a que escoa pela superfície dirigem-se, pela ação da gravidade, às
depressões ou às partes mais baixas do relevo, alimentando córregos, rios, lagos, oceanos e aquíferos.

Bacias hidrográficas

Uma bacia hidrográfica ou bacia de drenagem de um curso de água é o conjunto de terras que fazem a drenagem
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da água das precipitações para esse curso de água e seus afluentes. A formação da bacia hidrográfica dá-se através
dos desníveis dos terrenos que orientam os cursos da água, sempre das áreas mais altas para as mais baixas. As-
sim, as bacias hidrográficas são constituídas pelas vertentes e pela rede de rios principais, afluentes e subafluentes,
cujo conjunto forma a chamada rede de drenagem.

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Ciclos biogeoquímicos

O trajeto das substâncias do ambiente abiótico para o mundo dos seres vivos e o seu retorno ao mundo abiótico
completam o que chamamos de ciclo biogeoquímico. O termo é derivado do fato de que há um movimento cíclico
de elementos que formam os organismos vivos (“bio”) e o ambiente geológico (“geo”), onde intervêm mudanças
químicas. Em qualquer ecossistema existem tais ciclos. E em qualquer ciclo biogeoquímico existe a retirada do
elemento ou substância de sua fonte, sua utilização por seres vivos e posterior devolução para a sua fonte.

Nesse ambiente sistêmico e dinâmico, dizemos que “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” –
o princípio de conservação da matéria –, enunciado por Lavoisier. Vejamos os principais ciclos biogeoquímicos: (1) o
da água; (2) o do carbono; (3) o do oxigênio; e o (4) do nitrogênio - embora tenhamos também outros ciclos -, como
(5) do enxofre; (6) do fósforo e o (7) do cálcio. Concentraremos o estudo nos quatro primeiros ciclos.

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Geografia física
Capítulo 2: Hidrografia geral e do Brasil
GEOGRAFIA

01. Observe os textos a seguir: (D) 3 – 4 – 2 – 1.


(E) 4 – 1 – 3 – 2.

03. Qual é a dinâmica pela qual evolui a rede de rios? O sistema


evolui espontaneamente para o estado mais conveniente, de ener-
gia mínima, impulsionado por fluxos de água e energia vindos de
tempestades, avalanches e transporte de sedimentos. Trata-se de
um processo de auto-organização da paisagem.
(Nelson B. Peixoto. “O rio, a inundação e a cidade”. In: Revista Estudos Avançados, no 91,
setembro/dezembro de 2017.)

Um exemplo de auto-organização da paisagem natural relaciona-


da aos rios é

(A) a retificação dos cursos d’água.


(B) a epirogênese de materiais.
(C) a lixiviação pedogênica.
(D) o escoamento laminar.
TEXTO II (E) a formação de padrões meândricos.

O Rio Tietê está morto. Ao menos uma parte dele: 137 qui- 04. Observe a imagem a seguir:

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lômetros, para ser mais preciso. Uma pesquisa da fundação SOS
Mata Atlântica mostra que, em 2016, o trecho do rio com qua-
lidade de água classificada como ruim ou péssima começa em
Itaquaquecetuba, passa por toda a Região Metropolitana de São
Paulo e chega até Cabreúva, já no interior de São Paulo. Nesse
trecho, a água não tem oxigênio suficiente para abrigar a vida.
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Disponível em: http://epoca.globo.com. Acesso em 17 dez. 2017 (adaptado).

Considerando a análise dos textos, a condição atual desse rio tem


como origem a:

(A) valorização do sítio urbano.


(B) extinção da vegetação nativa.
(C) recepção de densa carga de dejetos.
(D) captação desordenada do regime pluvial.
(E) expansão do uso de defensivos químicos.
Das causas diretas geradoras do problema ambiental apresentado
02. No bloco superior abaixo, estão indicadas as regiões hidro- na imagem acima, NÃO se inclui o(a)
gráficas brasileiras; no inferior, informações sobre essas regiões.
(A) desmatamento das matas ciliares.
Associe adequadamente o bloco inferior ao superior. (B) efeito estufa e aquecimento global.
(C) erosão antrópica e natural.
1. Amazônia (D) exploração pecuária e mineração.
2. São Francisco (E) impermeabilização dos solos pela urbanização.
3. Paraná
4. Paraguai 05. Será que a escassez atual de água em diversos reservatórios
da região Sudeste [e Sul do Brasil], colocando em risco a gera-
( ) Apresenta grande potencial energético, e seu rio principal ção de energia hidrelétrica e o abastecimento de água em várias
atravessa o polígono das secas. cidades, é devida principalmente à falta de chuvas? O problema
( ) Drena as terras do Pantanal Mato-grossense, e seu rio crucial não é a falta de chuva, e nem necessariamente as mudan-
principal é de planície. ças climáticas, mas sim a degradação de nossas bacias hidro-
( ) Ocupa trechos do Planalto Meridional, e seus rios são gráficas, que estão cada vez mais impermeabilizadas. O equilíbrio
facilmente navegáveis. do ciclo hidrológico na natureza é fundamental para a produção
( ) Abrange terras da zona equatorial e tem nascentes nos sustentável de água doce, para o atendimento ao abastecimento
Andes. de água, irrigação e geração de energia, bem como para o amor-
tecimento das enchentes, devido ao trabalho fundamental das
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima florestas, que retêm a água das chuvas e as infiltram, permitindo
para baixo, é a elevação das vazões fluviais nos períodos de estiagem, conse-
quência do aumento da alimentação subterrânea aos rios, da água
(A) 2 – 1 – 3 – 4. que se infiltrou no solo durante as chuvas. [...]
(“O problema não é a falta de chuvas”, escrito por Agostinho Guerreiro, publicado no jornal
(B) 2 – 4 – 3 – 1.
O Globo, em 19/02/2014.)
(C) 3 – 2 – 1 – 4.

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Capítulo 2: Hidrografia geral e do Brasil

GEOGRAFIA
Com relação ao assunto, identifique as afirmativas a seguir como zonas, Rio Grande do Norte e Pará.
verdadeiras (V) ou falsas (F): III. O termo Guarani, para nomear o Aquífero, foi sugerido por um
geólogo e aprovado em reunião de pesquisadores, em homena-
( ) O aumento da permeabilidade do solo e de infiltração das gem aos índios guaranis que primeiramente ocupavam a região
águas da chuva favorece os processos de enchentes. do Aquífero.
( ) A supressão florestal altera o ciclo hidrológico natural e IV. As águas do Aquífero são todas de confinamento, não havendo
influencia no armazenamento e distribuição da água nas bacias nenhuma área de afloramento.
hidrográficas, potencializando o desabastecimento dos reservató- V. A água do Aquífero poderia abastecer a população brasileira por
rios em períodos de estiagens. centenas de anos.
( ) O Código Florestal brasileiro estabelece a preservação da
vegetação em topos de morros, encostas com inclinação superior É(são) correta(s) a(s) assertiva(s):
a 45 graus e faixas marginais de proteção dos rios.
( ) A redução da infiltração da água das chuvas nos ambientes (A) II e IV.
urbanos evita a erosão dos solos, aspecto benéfico para a manu- (B) I e III.
tenção das bacias hidrográficas. (C) I, III e V.
(D) V.
Assinale alternativa que apresenta a sequência correta, de cima (E) I, II, III, IV e V.
para baixo:
08. Observe o mapa a seguir:
(A) F – V – V – V.
(B) V – F – V – F.
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(C) F – V – V – F.
(D) V – F – F – V.
(E) V – V – F – F.

06. Observe o mapa a seguir:

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Com base no mapa e nos conhecimentos sobre a hidrografia bra-


sileira, é correto afirmar que a

(A) Bacia 1 possui, atualmente, a maior produção hidrelétrica do


país, graças à recente instalação da Usina de Belo Monte.
(B) Bacia 2 é a maior bacia totalmente brasileira, nela localiza-se a
maior ilha fluvial do mundo e a hidrelétrica que foi construída para
atender ao complexo mineral de Carajás.
(C) Bacia 4 possui grande potencial para navegação, pois seu
rio principal drena, em todo seu percurso, uma região de baixa
declividade.
(D) Bacia 5 é formada por rios intermitentes, que drenam a área
A divisão do território brasileiro apresentada no cartograma é ba- semiárida do sertão nordestino e restringem significativamente a
seada na(s) sua(s) vida das populações locais.
(E) Bacia 6 é a única do país que possui rios de drenagem exorrei-
(A) estrutura edáfica. ca, foz em delta e regime pluvial com cheias no verão.
(B) divisão geológica.
(C) bacias hidrográficas. 09. O artigo primeiro da Lei Federal no 4933/1997, que trata da
(D) florestas nativas. Política Nacional dos Recursos Hídricos, estabelece que em si-
(E) formações do relevo. tuações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é
destinado ao consumo humano e à dessedentação de animais.
07. O Aquífero Guarani é um dos maiores aquíferos do mundo. Portanto, de acordo com o artigo citado, em uma situação de
Sua localização abrange parte do Brasil, do Paraguai, do Uruguai e crise hídrica no Brasil, a água deve
da Argentina e constitui a principal reserva de água subterrânea da
América do Sul. Sobre o Aquífero Guarani, analise as proposições. (A) ser colocada imediatamente e de forma gratuita, à disposição
de qualquer tipo de usuário, não cabendo a aplicação do raciona-
I. A maior parte do Aquífero Guarani localiza-se no subsolo do mento ou de rodízio.
Brasil. (B) ficar armazenada em reservatórios públicos até o final da crise
II. Os estados do Brasil onde está localizado o Aquífero são: Ama- hídrica, quando ela poderá ser distribuída novamente para todos

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Geografia física
Capítulo 2: Hidrografia geral e do Brasil
GEOGRAFIA

os consumidores. usos direto e indireto. “Precisamos desconstruir a percepção de


(C) estar pronta para imediata utilização na indústria, para evitar que a água vem apenas da torneira [um uso direto] e que simples-
o desabastecimento de produtos de primeira necessidade para a mente consertar um pequeno vazamento é o bastante para assu-
população. mir uma atitude sustentável”, ressalta Albano Araujo, coordenador
(D) permanecer à disposição, primeiramente dos seres humanos da Estratégia de Água Doce da Nature Conservancy.
e dos animais e, posteriormente, para outros usos. (www.wwf.org.br. Adaptado.)

(E) continuar a ser vendida para qualquer consumidor que possa


comprá-la, pois é uma mercadoria como qualquer outra. Considerando o excerto e os conhecimentos acerca do consumo
de água no planeta, é correto afirmar que o uso indireto de água
10. Observe o mapa. doce corresponde

(A) à comercialização de água sob a forma de produto final.


(B) ao emprego de água extraída de reservas subterrâneas para o
abastecimento público.
(C) à quantidade de água utilizada para a fabricação de bens de
consumo.
(D) ao aproveitamento doméstico da água resultante de proces-
sos de despoluição.
(E) à distribuição de água oriunda de represas distantes do con-
sumidor final.

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12. O vasto emaranhado de afluentes nacionais está agrupado
em oito grandes bacias hidrográficas. As bacias, por sua vez, re-
únem-se em regiões hidrográficas definidas pelo IBGE e pelo Con-
selho Nacional de Recursos Hídricos para facilitar o planejamento
ambiental e o uso racional dos recursos.
TERRITÓRIO caudaloso, Geografia.
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Vestibular + ENEM. São Paulo: Abril, ed. 7, 2015, p. 30.

Considerando-se o texto e os conhecimentos sobre as pequenas


e médias bacias costeiras, pode-se corretamente afirmar que os
A respeito das Bacias Hidrográficas representadas no mapa, con-
rios do Amapá estão localizados
sidere as afirmações.
(A) na Região Hidrográfica Sul.
I. O número 2 representa no mapa a Bacia do Tocantins/Araguaia.
(B) na Região Hidrográfica Leste.
Seu potencial energético é parcialmente explorado. Destaque para
(C) na Região Hidrográfica Sudeste.
a usina hidrelétrica de Tucuruí, importante obra de infraestrutura
(D) na Região Hidrográfica Amazônica.
para o desenvolvimento do Projeto Carajás.
(E) nas Regiões Hidrográficas Nordeste Ocidental e Oriental.
II. O número 3 representa no mapa a Bacia do Parnaíba. Apresen-
ta-se como fundamental para a região. A escassez de água tem
13. As correntes marítimas ou oceânicas envolvem grandes vo-
sido historicamente apontada como um dos principais motivos
lumes de massas de água salgada que se deslocam no interior
para o baixo índice de desenvolvimento econômico e social da
dos oceanos. As diferentes correntes que circulam nos oceanos,
região.
em geral, apresentam características próprias de salinidade, tem-
III. O número 6 representa no mapa a Bacia do São Francisco. A
peratura e densidade, fazendo com que elas não se misturem
agricultura é uma das mais importantes atividades econômicas,
facilmente.
mas a região possui fortes contrastes socioeconômicos, com
áreas de acentuada riqueza e alta densidade demográfica e áreas
Considere os itens a seguir:
de pobreza crítica e população bastante dispersa.
IV. O número 7 representa no mapa a Bacia do Atlântico Nordeste
I. A existência das correntes marítimas está basicamente associa-
Oriental. Apresenta-se como fundamental para a região em rela-
da à ação dos ventos sobre a superfície da água.
ção à ocupação urbana ao contemplar cinco importantes capitais
II. As principais correntes oceânicas se propagam em direção
do Nordeste, regiões metropolitanas, dezenas de grandes núcleos
contrária em cada um dos hemisférios, em função do efeito co-
urbanos e um parque industrial significativo.
riolis do planeta.
III. A zona equatorial apresenta maior temperatura, evaporação e
Estão corretas
umidade; portanto, nessa região, as correntes oceânicas tendem
a apresentar águas com maior salinidade.
(A) I e II.
(B) II e III.
IV. O litoral brasileiro é dominado pela ação de correntes quentes;
(C) I e III.
entretanto, durante o inverno, a corrente fria das Falklands, ou
(D) I, III e IV.
Malvinas, atua nas áreas costeiras ao sul do país.
(E) I, II, III e IV.
Estão corretas apenas as afirmativas
11. A Pegada Hídrica é uma ferramenta de gestão de recursos
hídricos que indica o consumo de água doce com base em seus
(A) I e II. (B) I e IV. (C) II e III. (D) II e IV. (E) III e IV.

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Geografia física
Capítulo 2: Hidrografia geral e do Brasil

GEOGRAFIA
14. Em relação ao Sistema Aquífero Guarani, é correto afirmar 16. Aventura em rio de piranha
que:
(...) Eu, que confundia uma coisa com outra, aprendi por exemplo
(A) trata-se de um dos maiores e mais importantes reservatórios que “O igarapé é a via principal e os igapós, as alamedas”, como
de águas superficiais conhecidos no mundo. ensinou Neto.
(B) Constitui um corpo hídrico subterrâneo e transfronteiriço, Andar de canoa por um igapó é uma experiência única. Como as
abrangendo parte dos territórios do Brasil, da Argentina, do Pa- águas nessa época do ano sobem 9,10 metros, às vezes mais, só
raguai e do Uruguai. as copas das árvores permanecem à vista. Enquanto a canoa vai
(C) contempla, como todos os aquíferos, grandes depósitos de passando entre elas, se desviando dos galhos de uma ou outra,
águas doces invisíveis, o que facilita a preservação e o monitora- a sensação é de que se está navegando sobre uma floresta líqui-
mento da sua captação. da, o que de certa maneira é mesmo. O que impressiona ainda
(D) se situa na bacia hidrográfica do Amazonas, em terreno de mais é que, graças à cor do rio Negro, densa, ácida, fechada, a
formação sedimentar. água reflete as imagens como um espelho. Então, por refração,
(E) abrange, em território brasileiro, estados das regiões Centro- a gente vê e se sente dentro de duas florestas: uma em cima e
-Oeste, Norte e Sudeste. outra embaixo, sem conseguir distinguir as duas. É um delírio,
uma miragem (....).
15. As toneladas de lama que vazaram no rompimento de duas (VENTURA, 2012, p. 143.)

barragens da empresa Samarco, em Mariana (MG), são protago-


nistas do maior desastre ambiental provocado pela indústria da
mineração brasileira – a Samarco é empresa fruto da sociedade
entre a Vale e a anglo-australiana BHP Billiton. Sessenta bilhões
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de litros de rejeitos de mineração de ferro – o equivalente a 24


mil piscinas olímpicas – foram despejados ao longo de mais de
500 km na bacia do rio Doce, a quinta maior do país. Segundo
ecólogos, geofísicos e gestores ambientais, pode levar décadas,
ou mesmo séculos, para que os prejuízos ambientais sejam re-
vertidos.

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Folha de S. Paulo, Cotidiano, 15/11/2015. Adaptado.

O texto acima refere-se ao fenômeno das cheias na região da


floresta Amazônica. Esse fenômeno acontece devido a vários fa-
tores:

I. A extensa rede hidrográfica da bacia Amazônica, o clima e as


variações de relevo e solo.
II. A localização da região, entre a linha do Equador e o trópico de
Capricórnio.
III. O degelo dos Andes e a estação de chuvas na região Amazôni-
ca são fatores que contribuem para o evento.
IV. A proximidade com a faixa litorânea, que recebe refluxo da
maré nos momentos de pico da maré alta.

Estão CORRETAS as afirmativas:

As bacias hidrográficas são regiões geográficas formadas por rios (A) I e III.
que deságuam em um curso principal de água. Essas bacias são (B) II e IV.
alimentadas pelas águas da chuva, lençóis subterrâneos etc. Ade- (C) II e III.
mais, a delimitação de uma bacia hidrográfica tem como principal (D) I e IV.
elemento o relevo da região. Com base no trecho da matéria jor- (E) III.
nalística e no mapa acima, assinale a alternativa que apresenta a
região hidrográfica a que pertence a Bacia do Rio Doce, as regiões 17. Conforme o Relatório Nacional das Águas (2013), o Brasil
administrativas pelas quais passa esta bacia e o estado ao qual apresenta uma situação confortável em termos globais quanto
pertence esta bacia, respectivamente. aos recursos hídricos. A disponibilidade hídrica per capita, de-
terminada a partir de valores totalizados para o país, indica uma
(A) Região hidrográfica do Nordeste Oriental; região Nordeste; es- situação satisfatória, quando comparada aos valores dos demais
tado de Pernambuco. países informados pela Organização das Nações Unidas (ONU).
(B) Região hidrográfica do Atlântico Sudeste; região Sudeste; es- Entretanto, apesar desse aparente conforto, existe uma distribui-
tado de Minas Gerais. ção espacial desigual dos recursos hídricos no território brasileiro,
(C) Região hidrográfica Amazônica; região Norte; estado do Ama- entre outras questões que preocupam a gestão dos recursos hídri-
zonas. cos. Para responder a questão abaixo considere o assunto águas
(D) Região hidrográfica do Atlântico Sul, região Sudeste; estado continentais do Brasil.
de São Paulo.
(E) Região hidrográfica São Francisco; regiões sudeste e Nordes- I. Cerca de 80% da disponibilidade hídrica estão concentrados na
te; estado de Minas Gerais. região hidrográfica Amazônica, onde se encontra o menor contin-

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 61
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Capítulo 2: Hidrografia geral e do Brasil
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gente populacional e valores reduzidos de demandas de consumo. longo da costa.


II. O regime de um rio está relacionado à variação do nível de suas (C) Além de haver nesse sistema deltaico uma característica car-
águas. Os rios brasileiros possuem regime pluvial, isto é, são ali- ga detrítica fina que, praticamente, excede a capacidade do rio de
mentados pelas chuvas. Apresentam cheias e vazantes de acordo transportar material erodido e carregado, a modificação verificada
com as regiões climáticas em que estão situados. foi ampliada pela ocupação antrópica, influenciando o regime de-
III. O projeto de transposição do Rio São Francisco é um tema posicional.
bastante polêmico, pois engloba a suposta tentativa de solucionar (D) O delta é resultante de mudanças climáticas provocadas pela
um problema que há muito afeta as populações do cerrado brasi- ação humana na exploração de recursos no golfo chinês, nas es-
leiro. Trata-se de um projeto delicado do ponto de vista ambiental, tações mais quentes e chuvosas, ocasionando a retração da foz
pois irá afetar um dos rios mais importantes do Brasil, tanto pela e o rebaixamento dos níveis das marés, com o aparecimento dos
sua extensão e importância na manutenção da biodiversidade, bancos de areia sobressalentes.
quanto pela sua utilização em transportes e abastecimento. (E) As modificações no delta devem-se ao fato de essa região
IV. A maioria dos rios que formam a Bacia do Paraná apresentam caracterizar-se como um sistema lacustre, onde há acumulação
algum comprometimento na qualidade das águas, além disso, a de matéria orgânica decorrente das inundações provocadas pela
demanda hídrica é maior que a oferta de água. Ocorre também o construção da barragem da usina hidrelétrica de Três Gargantas.
excesso de poluição industrial e residencial, sendo adequado que
se invista em mecanismos de reciclagem e reutilização de água 19. Analise o recorte da carta topográfica de Pinhais (PR), mu-
utilizada pelas indústrias, bem como implementar obras de sane- nicípio integrante da Região Metropolitana de Curitiba – RMC,
amento básico e construir estações de tratamento de esgotos. elaborada antes da efetiva implantação do Condomínio Alphaville.
V. O ciclo hidrológico, em condições naturais, pode ser considera-
do um sistema em equilíbrio, porém, com a crescente urbanização

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das bacias hidrográficas percebem-se alterações que promovem
modificações na dinâmica do ciclo da água. Em áreas urbaniza-
das, fatores como a impermeabilização do solo, a canalização de
cursos fluviais e a remoção da vegetação, desencadeiam ou agra-
vam os processos de erosão e de inundações, pondo em risco o
balanço hídrico.
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É(são) correta(s) a(s) assertiva(s):

(A) I, II, IV e V.
(B) I, II e III.
(C) I, II, III e IV.
(D) I, III e IV.
(E) I, II, III, IV e V.

18. A partir das imagens a seguir, pode-se inferir a progressão


do delta do rio Huang Ho (Rio Amarelo), na costa leste da China,
famoso pelo transporte de sedimentos conhecidos por loess. De
1979 a 2000, alterou-se consideravelmente a morfologia do delta,
com o aparecimento de feições recentes sobrepostas a outras,
que levaram milhões de anos para se formar.

A análise da topografia do terreno através das curvas de nível é


um importante instrumento para o desenvolvimento das ativida-
des humanas. As curvas de nível vão indicar se o terreno é plano,
ondulado, montanhoso; liso, íngreme ou de declive suave. Além
disso, as curvas de nível permitem diagnosticar onde estão os
divisores de água e nascentes.

A área escolhida para a construção do loteamento

Com base na comparação entre as imagens de satélite e em seus (A) provocará a impermeabilização da superfície, o que diminui o
conhecimentos, assinale a afirmação correta. volume de água que escoa na superfície, aumentando o volume
de água que infiltra no solo.
(A) A situação verificada deve-se aos efeitos das ondas e marés (B) não causará interferência na bacia hidrográfica da região, pois
que comandam a deposição de sedimentos no delta, sem haver a impermeabilização do solo impedirá a contaminação dos rios
influência continental no processo, já que a topografia costeira da região.
permite que o oceano alcance o interior do continente. (C) não provocará mudanças na vegetação natural, visto que o
(B) A modificação na morfologia deve-se às grandes chuvas que condomínio situa-se distantes das matas ciliares.
ocorrem a montante desse delta e, por tratar-se de drenagem (D) não afetará as nascentes, pois condomínios de alto padrão
endorreica, o rio carrega considerável volume de sedimentos construtivo não interferem na infiltração e escoamento de água
grosseiros e blocos rochosos, que, aos poucos, depositam-se ao das chuvas.

62 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
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Capítulo 2: Hidrografia geral e do Brasil

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(E) afetará a dinâmica natural do conjunto de bacias hidrográficas Monte” e “Fora Belo Monte” –, os moradores de Altamira, cidade
da região, visto que a impermeabilização do solo aumentará o es- polo da região onde a usina deverá ser construída, se dividem.
coamento superficial. MARTINHO, N. O coração do Brasil. Horizonte Geográfico, n. 129, jun. 2010 (adaptado).

20. Observe o mapa a seguir, representativo das bacias hidrográ- Na polêmica apresentada, de acordo com a perspectiva dos tra-
ficas brasileiras: balhadores da região, um argumento favorável e outro contrário à
implementação do projeto estão, respectivamente, na

(A) urbanização da periferia e valorização dos imóveis rurais.


(B) recuperação da autoestima e criação de empregos qualifica-
dos.
(C) expansão de lavouras e crescimento do assalariamento agrí-
cola.
(D) captação de investimentos e expropriação dos posseiros po-
bres.
(E) adoção do preservacionismo e estabelecimento de reservas
permanentes.

23. Analise as proposições em relação aos conceitos que envol-


vem a hidrografia.
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I. Rio é um curso de água doce que deságua em outro rio, em um


lago ou no mar.
II. Denomina-se nascente o lugar onde nasce um rio.
A parte destacada no mapa identifica a bacia hidrográfica do: III. Margens são as terras que servem de limite ao rio, nos seus
dois lados. Define-se margem esquerda ou direita, ficando-se de
(A) Paraguai. costas para a nascente.

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(B) Paraná. IV. Foz é o lugar onde o rio se torna mais volumoso, normalmente
(C) Uruguai. na metade de seu curso.
(D) Atlântico Sul. V. Denomina-se bacia o conjunto das águas que deságuam em
(E) Parnaíba. um rio maior.

21. Observe a imagem a seguir. É(são) correta(s) a(s) assertiva(s):

(A) I, II e III. (B) I e II. (C) I, II, III e V.


(D) III e IV. (E) I, II, III, IV e V.

24. Examine as figuras a seguir, que representam perfis longitudi-


nais de diferentes rios, e as afirmativas que seguem.

Entendendo que as setas do esquema significam a água entran- I. A competência de transporte de sedimentos é menor no rio da
do na superfície, ou dela saindo, os nomes LIVRE, SUSPENSO, figura 1.
CONFINADO e COSTEIRO referem-se a uma determinada estrutura II. O rio da figura 1 tem maior potencial hidroenergético.
líquida do planeta chamada: III. O rio da figura 2 apresenta perfis transversais com vales es-
treitos e profundos.
(A) gêiser. IV. A capacidade de sedimentação é maior no rio da figura 2.
(B) aquífero.
(C) nascente. Estão corretas apenas as afirmativas
(D) bacia.
(E) foz. (A) I e II. (B) II e IV. (C) III e IV. (D) I, II e III. (E) II, III e IV.

22. O ícone dos conflitos que assolam a região da bacia do Xingu 25. UNESCO PROCLAMA 2013 COMO ANO INTERNACIONAL DA
na atualidade é o projeto da hidrelétrica de Belo Monte. Prevista COOPERAÇÃO PELA ÁGUA
para ser implantada no Médio Xingu, tem a capacidade de gerar,
segundo os estudos da Eletronorte, 11 mil megawatts de energia, Após análise do informe jornalístico e seus conhecimentos sobre
o que faria dela a segunda maior hidrelétrica do Brasil. Entre ade- a temática, escreva ( V ) ou ( F ) para as proposições a seguir,
sivos que refletem o teor polêmico do projeto – “Eu quero Belo conforme sejam Falsas ou Verdadeiras.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 63
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Capítulo 2: Hidrografia geral e do Brasil
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(___) A palavra “cooperação”, destacada pela Unesco, ganha ca- 27. Considere o mapa das bacias hidrográficas brasileiras e anali-
ráter estratégico. A entidade espera que as sociedades desenvol- se o gráfico das condições hídricas de uma dessas bacias.
vam mecanismos de ação compartilhada para manejar as fontes
hídricas, capazes de gerar beneficias econômicos e melhoria no
padrão de vida de toda a humanidade.
(___) A crescente demanda de água nas áreas urbanas, associa-
da à diminuição dos recursos hídricos, tem levado à sua captação
em mananciais distantes, onerando os custos de extração e trata-
mento e obviamente elevando o preço ao consumidor.
(___) O uso intensivo das técnicas de irrigação feitas de maneira
incorreta, aliadas aos baixos índices pluviométricos e às altas ta-
xas de evaporação nas regiões semiáridas, aumenta o processo
de salinização, contribuindo para o processo de desertificação.
(___) A crescente demanda para o setor industrial, geração de
energia, a larga produção de alimentos, aliada ao gerenciamento
precário de empresas que cuidam de recursos hídricos, políticas
públicas mal direcionadas, o desperdício, a falta de conservação Considerando conhecimentos sobre a situação atual de uso,
e a poluição, vêm gerando a escassez de água em escala mundial. ocupação demográfica, disponibilidade hídrica e degradação das
(___) As atividades econômicas sempre respeitam os limites im- bacias hidrográficas brasileiras, é correto afirmar que a bacia X
postos pela oferta dos recursos hídricos, evitando os conflitos de se refere à
uso e de escassez em todas as sociedades.

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
(A) bacia do Paraguai.
A alternativa que apresenta a sequência correta: (B) bacia Amazônica.
(C) bacia Tocantins-Araguaia.
(A) F – F – V – V – V. (D) bacia Atlântico Nordeste Oriental.
(B) V – V – V – F – F. (E) bacia do Uruguai.
(C) V – V – F – V – V.
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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998


(D) V – V – V – V – F. 28. Os dois principais rios que alimentavam o Mar de Aral, Amur-
(E) V – F – V – F – V. darya e Sydarya, mantiveram o nível e o volume do mar por mui-
tos séculos. Entretanto, o projeto de estabelecer e expandir a
26. O Brasil tem um grande potencial em sua rede hidrográfica, produção de algodão irrigado aumentou a dependência de várias
por apresentar rios caudalosos, grande volume d’água, predomí- repúblicas da Ásia Central da irrigação e monocultura. O aumento
nio de rios perenes, de foz em estuário, de regime pluvial de dre- da demanda resultou no desvio crescente de água para a irriga-
nagem exorreica, de grande potencial hidráulico e outros. Observe ção, acarretando redução drástica do volume de tributários do
o mapa das bacias hidrográficas brasileiras. Mar de Aral. Foi criado na Ásia Central um novo deserto, com
mais de 5 milhões de hectares, como resultado da redução em
volume.
TUNDISI, J. G. Água no século XXI: enfrentando a escassez. São Carlos: Rima, 2003.

A intensa interferência humana na região descrita provocou o sur-


gimento de uma área desértica em decorrência da

(A) erosão.
(B) salinização.
(C) laterização.
(D) compactação.
(E) sedimentação.

29. Observe a imagem a seguir.

A linha que vai de “A” a “B” passa sobre três bacias hidrográficas,
que são
A preservação da sustentabilidade do recurso natural exposto
(A) Amazônica, do Tocantins-Araguaia, do Nordeste. pressupõe
(B) do São Francisco, do Nordeste, do Leste.
(C) Platina, do São Francisco, do Sul-Sudeste. (A) impedir a perfuração de poços.
(D) do Tocantins-Araguaia, do São Francisco, do Leste. (B) coibir o uso pelo setor residencial.
(E) do Norte, Platina, do Leste. (C) substituir as leis ambientais vigentes.

64 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Geografia física
Capítulo 2: Hidrografia geral e do Brasil

GEOGRAFIA
(D) reduzir o contingente populacional na área. chentes nas vias marginais.
(E) introduzir a gestão participativa entre os municípios. IV. A várzea do rio Tietê é um ambiente susceptível à inundação,
pois constitui espaço de ocupação natural do rio durante períodos
30. Leia a informação e analise o croqui a seguir. de cheias.

Está correto o que se afirma em

(A) I, II e III, apenas.


(B) I, II e IV, apenas.
(C) I, III e IV, apenas.
(D) II, III e IV, apenas.
(E) I, II, III e IV.

32. As inovações tecnológicas possibilitam a modificação do es-


As bacias hidrográficas são constituídas pelas vertentes e pela paço geográfico, como é o caso do projeto de transposição do Rio
rede de rios principais, afluentes e subafluentes, cujo conjunto São Francisco. Sobre essa transposição, atribua V (verdadeiro) ou
forma a chamada rede de drenagem. Essa drenagem origina os F (falso) às afirmativas a seguir.
padrões (desenhos) que os canais fluviais configuram sobre a su-
perfície da bacia hidrográfica. (___) Objetiva solucionar problemas ambientais do semiárido nor-
destino.
O padrão de drenagem acima exemplificado classifica-se como (___) Objetiva aumentar a navegabilidade do Rio São Francisco,
É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

com a construção de novas hidrovias.


(A) radial. (___) É necessária porque o semiárido nordestino é desprovido de
(B) retilíneo. lençóis subterrâneos.
(C) dendrítico. (___) Pretende sanar a deficiência hídrica de regiões do semiárido,
(D) entrelaçado. transferindo água para o abastecimento de açudes e rios menores.
(E) meandrante. (___) Retoma as primeiras preocupações com a seca do semiári-

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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998

do nordestino, que remontam ao período de Dom Pedro II.


31. Observe a imagem e leia o texto.
Assinale a alternativa que contém, de cima para baixo, a sequência
correta.

(A) V, V, F, F, V.
(B) V, F, F, V, V.
(C) F, V, V, F, F.
(D) F, V, F, V, V.
(E) F, F, V, V, F.

33. Observe a paisagem a seguir.

Por muitos anos, as várzeas paulistanas foram uma espécie de


quintal geral dos bairros encarapitados nas colinas. Serviram de
pastos para os animais das antigas carroças que povoaram as
ruas da cidade. Serviram de terreno baldio para o esporte dos hu-
mildes, tendo assistido a uma proliferação incrível de campos de
futebol. Durante as cheias, tais campos improvisados ficam com o
nível das águas até o meio das traves de gol.
(Aziz Ab’Saber, 1956.)

Considere a imagem e a citação do geógrafo Aziz Ab’Saber na aná- Sobre a paisagem representada na foto, é CORRETO afirmar que
lise das afirmações abaixo:
(A) a mata ciliar encontra-se preservada, contribuindo, assim, para
evitar o assoreamento do rio.
I. O processo de verticalização e a impermeabilização dos solos
(B) constitui uma planície, forma de relevo que recobre a maior
nas proximidades das vias marginais ao rio Tietê aumentam a sua
parte do território brasileiro.
susceptibilidade a enchentes.
(C) a vegetação aciculifoliada contribui para a evapotranspiração e
II. A retificação de um trecho urbano do rio Tietê e a construção
a manutenção da umidade do ar.
de marginais sobre a várzea do rio potencializaram o problema das
(D) possui grande potencial hidrelétrico (força hidráulica) e deve
enchentes na região.
ser inundada para a criação da usina de Belo Monte.
III. A extinção da Mata Atlântica na região da nascente do rio Tietê,
(E) o canal é irregular o que pode ocasionar degradação ao meio
no passado, contribui, até hoje, para agravar o problema com en-
ambiente por meio de enchentes.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 65
Geografia física
Capítulo 2: Hidrografia geral e do Brasil
GEOGRAFIA

34. As nações do mundo têm discutido a possibilidade de os paí- As secas foram o tipo de desastre que afetou a maior parte dos
ses ricos e poluidores pagarem impostos aos países em desenvol- municípios brasileiros: 2.706 ou 48,6%, seguido por alagamento
vimento que mantiverem e/ou plantarem florestas. Esta seria uma (31%) e enchentes ou enxurradas (27%). A região Nordeste teve
maneira de amenizar a contribuição dos países poluidores para o 82,6% de seus municípios afetados, especialmente o Ceará, em
“efeito estufa” (fenômeno responsável pelo aquecimento da Terra) que essa proporção chegou a 98%, Piauí (94%), Paraíba (92%)
pois as plantas, ao crescerem, retiram da atmosfera o principal e Rio Grande do Norte (91%). Os outros desastres foram mais
elemento responsável por esse efeito. O elemento ao qual o texto frequentes no Sul, em que 53,9% dos municípios foram atingidos
acima se refere faz parte do ciclo por alagamento, 51% por enchentes ou enxurradas, 25% por desli-
zamentos e 24,5% por erosão acelerada”.
(A) do nitrogênio. Disponível em: <https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-deno-
ticias/noticias/21633-desastres-naturais-59-4-dos-municipios-nao-tem-plano-de-gestao-de-
(B) do carbono.
-riscos>. Acesso em: 09 out. 2018.
(C) do fósforo.
(D) da água.
Considere as seguintes afirmações sobre eventos climáticos extre-
(E) do ozônio.
mos e planejamento urbano.

35. O ciclo da água é fundamental para a preservação da vida no


I. Episódios de precipitação intensa podem levar à diminuição da
planeta. As condições climáticas da Terra permitem que a água
capacidade de infiltração do solo e, consequentemente, a perdas e
sofra mudanças de fase e a compreensão dessas transformações
danos em áreas urbanas.
é fundamental para se entender o ciclo hidrológico. Numa dessas
II. As secas independem do quantitativo pluviométrico e do arma-
mudanças, a água ou a umidade da terra absorve o calor do sol e
zenamento de água disponível superficial e subsuperficialmente,
dos arredores. Quando já foi absorvido calor suficiente, algumas

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
pois são o reflexo do desajuste entre o consumo e a disponibili-
das moléculas do líquido podem ter energia necessária para co-
dade.
meçar a subir para a atmosfera.
Disponível em <http://www.keroagua.blogspot.com>. Acesso em:
III. As cidades com maior concentração de áreas verdes, por dimi-
30 mar. 2009(adaptado) nuírem a velocidade do vento e reterem a umidade do ar, propiciam
melhores condições urbanas para ilhas de calor.
A transformação mencionada no texto é a
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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998


Quais estão corretas?
(A) fusão.
(B) liquefação. (A) Apenas I. (B) Apenas II. (C) Apenas III.
(C) evaporação. (D) Apenas I e II. (E) I, II e III.
(D) solidificação.
(E) condensação. 38. O Aquífero Guarani constitui-se em um sistema hidroestratigrá-
fico Mesozoico, formado por sedimentos flúvio-lacustres de idade
36. Na região semiárida do Nordeste brasileiro, mesmo nos anos Triássica (Formação Piramboia) e por depósitos de origem eólica
mais secos, chove pelo menos 200 milímetros por ano. Duran- de idade jurássica (Formação Botucatu). É a denominação formal
te a seca, muitas pessoas, em geral as mães de família, tem de dada ao reservatório de água subterrânea doce, pelo geólogo Dani-
caminhar varias horas em busca de água, utilizando açudes com- lo Anton em homenagem à nação Guarani que habitou essa região.
partilhados com animais e frequentemente contaminados. Sem Trata-se de um Aquífero transfronteiriço que se estende por quatro
tratamento, essa água e fonte de diarreias, parasitas intestinais, e países: Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina.
Adaptado de ZANATTA, L. C. et. al. Qualidade das águas subterrâneas do Aquífero Guarani
uma das responsáveis pela elevada mortalidade infantil da região.
para abastecimento público no Estado de Santa Catarina. XV Congresso Brasileiro de Águas
Os açudes secam com frequência, tornando necessário o abaste- Subterrâneas, Natal, 2008.
cimento das populações por carros-pipa, uma alternativa cara e
que não traz solução definitiva ao abastecimento de água. Com base nos conhecimentos sobre o Aquífero Guarani e águas
OSAVA, M. Chuva de beber: Cisternas para 50 mil famílias. Revista Eco21, n. 96, novembro
2004 (adaptado).
subterrâneas, assinale a alternativa correta:

Considerando o texto, a proposta mais eficaz para reduzir os im- (B) As águas subterrâneas podem ser captadas e ter seu uso ime-
pactos da falta de água na região seria diato no consumo diário, já que sua principal característica é a
potabilidade em toda a extensão do aquífero.
(A) subsidiar a venda de água mineral nos estabelecimentos co- (B) O conhecimento hidrogeológico deste Aquífero é amplo, o que
merciais. permite uma gestão adequada de seus recursos, possibilitando
(B) distribuir gratuitamente remédios contra parasitas e outras mo- a exploração racional e equitativa por parte dos países da borda
léstias intestinais. oriental.
(C) desenvolver carros-pipa maiores e mais econômicos, de forma (C) Com o desenvolvimento dos planos diretores de uso do solo,
a baratear o custo da água transportada. todos os municípios localizados sobre o Aquífero são obrigados
(D) captar água da chuva em cisternas, permitindo seu adequado a aplicar a Política Nacional de Resíduos Sólidos, o que garante a
tratamento e armazenamento para consumo. qualidade das águas infiltradas.
(E) promover a migração das famílias mais necessitadas para as (D) Os aquíferos estão protegidos da poluição, já que seu processo
regiões Sudeste e Sul, onde as chuvas são abundantes. de formação impede que os agentes poluidores cheguem às suas
águas, o que permite manter sua qualidade.
37. O Perfil dos Municípios Brasileiros em 2017, divulgado pelo (E) Os aquíferos abastecem a região em que estão inseridos e co-
IBGE, indica que, “dos municípios com mais de 500 mil habitantes, laboram com a dinâmica ambiental, econômica e social, mantendo
93% foram atingidos por alagamentos e 62% por deslizamentos. a quantidade de água subterrânea e superficial do planeta.

66 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
História
Capítulo 1: Roma Antiga
Capítulo 2: Europa: o Velho Mundo

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violação: reprodução por qualquer meio, de obra intelectual, no todo ou em parte.
História: ensino médio, 1ª série. Alagoas: Dinamus
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Obra em 1 v.

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO.


CNPJ: 11.582.953/0001-21
Rua Dr. Eurico Ayres, 53 - Tabuleiro do Martins
Maceió – AL.

Obra editada segundo a Base Nacional Comum Curricular para o Ensino Médio, homo-
logado pela Portaria nº 1.570, publicada no D.O.U. de 2017.
1 Roma
Antiga

Fontes históricas no estudo de Roma


O poeta e dramaturgo alemão Bertolt Brecht procurou resgatar a história dos “si-
lenciados”, homens e mulheres anônimos que também fizeram parte da história
da humanidade, neste poema escrito nas primeiras décadas do século XX:
Quem construiu Tebas, a das sete portas? Viu afogados gritar por seus escravos.
Nos livros vem o nome dos reis, O jovem Alexandre conquistou as Índias
Mas foram os reis que transportaram as pedras? Sozinho?
Babilônia, tantas vezes destruída, César venceu os gauleses.
Quem outras tantas a reconstruiu? Em que casas Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?
Da Lima Dourada moravam seus obreiros? Quando a sua armada se afundou Filipe de Es-
No dia em que ficou pronta a Muralha da China panha
para onde Chorou. E ninguém mais?
Foram os seus pedreiros? A grande Roma Frederico II ganhou a guerra dos sete anos
Está cheia de arcos de triunfo. Quem os ergueu? Quem mais a ganhou?
Sobre quem Em cada página uma vitória.
Triunfaram os Césares? A tão cantada Bizâncio Quem cozinhava os festins?
Só tinha palácios Em cada década um grande homem.
Para os seus habitantes? Até a legendária Atlân- Quem pagava as despesas?
tida Tantas histórias
Na noite em que o mar a engoliu Quantas perguntas...

Ao estudar Roma antiga é importante refletir sobre a diversidade de interpre-


tações. As fontes de que os historiadores dispõem para escrever e reescrever a
história de Roma são, principalmente, fontes literárias e a cultura material, com
grande quantidade de obras e monumentos.
Entretanto, é preciso tomar cuidado com a utilização desse tipo de fonte, porque
ela ressalta apenas a visão dos vencedores (grupos que detiveram e controlaram
o poder político e econômico e que figuraram na escrita da História como os
grandes e heroicos personagens).
No registro das chamadas fontes oficiais, quase nunca temos acesso à interpre-
tação dos grupos dominados. Vencer, portanto, inclui vencer também nas inter-
pretações e silenciar os vencidos. É através desse véu que os historiadores se
esforçam por enxergar, procurando dar voz aos grupos silenciados para que uma
realidade histórica mais ampla e diversa possa ser construída.
E como isso é possível? Buscando perceber a mentalidade, os jogos políticos, os
conceitos presentes nos discursos oficiais e procurando outros discursos e for-
mas de registrar a História: a arte, a literatura, os artefatos materiais.
Se entendermos que o exercício do poder se faz de muitas maneiras e pode ser
encontrado em pequenas ações cotidianas de resistência e negociação, não é
correto afirmar que uma sociedade se divide entre aqueles que detêm o poder e
os que não detêm.

Lei nº 9.610/98.
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Sumário
Origens e povoadores_03
A monarquia_04
A República_05
O Império_11
O legado cultural de Roma_15
Referências bibliográficas_17

Hist. _Contexto

01. A partir da leitura inicial, é correto afirmar que o exercício do poder de uma nação
(A) é corretamente compreendido a partir do exame das chamadas fontes históricas oficiais.
(B) não pode ser observado em todas os pilares de uma sociedade, pois sempre haverão dominadores
e dominados.
(C) é verdadeiramente detido pelas camadas da base social (a mão de obra e os pagadores de tributos).
(D) deve ser dividido proporcionalmente conforme as camadas sociais se expandem (quanto mais po-
pulosa a camada, maior poder ela terá).
(E) se faz de muitas maneiras e pode ser encontrado em pequenas ações cotidianas de resistência e
negociação.

02. Lendo o poema do dramaturgo alemão Bertolt Brecht, identifique nos seus versos quem eram os
dominantes e quem eram os dominados.

03. Discuta com seus colegas de turma: seria possível escrever a história da humanidade excluindo
dela as pessoas "silenciadas" pelas fontes históricas? Explique.

04. De acordo com o texto introdutório, explique por que "é preciso tomar cuidado com a utilização
desse tipo de fonte".

05. Como é possível "dar voz" aos grupos historicamente silenciados? Cite exemplos desses grupos.
Antiguidade Ocidental
Capítulo 1: Roma Antiga

Antiguidade Ocidental: Roma


Origens e povoadores
Introdução

Os romanos foram, no início de sua história, um povo de


camponeses e pastores extremamente ligados à terra. Falavam
latim, língua-mãe de idiomas como o português, o espanhol, o
francês, o italiano e o romeno.
Posteriormente, os romanos conquistaram a Península Itá-
lica e, expandindo-se pelos territórios próximos ao Mediterrâ-
neo, construíram o mais poderoso e famoso império do mundo
antigo.
A Península Itálica localiza-se ao sul da Europa, na costa
central do Mediterrâneo. Seu território, que lembra o formato
de uma bota, constitui uma espécie de ponte inacabada entre a
Europa e a África. A cidade de Roma situa-se na região central
dessa península. Veja o antigo mapa da região.
O direito romano tornou-se referência fundamental das
instituições jurídicas contemporâneas, visto que, a exemplo da
Grécia Antiga (que estudamos na unidade anterior), também
deixou como legado ao Ocidente muito de suas tradições.
Em muitas cidades atuais percebemos inúmeras construções
inspiradas em anfiteatros, templos e basílicas dos romanos.
Figura 1. Mapa da Península Itálica.
Os primeiros povoadores Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.

Em diferentes épocas, diversos povos instalaram-se na península itálica. Descaram-se, entre eles:

• os italiotas – chegaram por volta de 2000 a.C. e ocuparam a região central da península. Entre os
italiotas, incluíam-se diversos grupos ou tribos, como os latinos, os volscos, os équos, os úmbrios, os
sabinos, os samnitas etc.;

• os etruscos – estabeleceram-se na península por volta do século VIII a.C. Ocuparam inicialmente a

HISTÓRIA
região central e depois expandiram seus domínios até regiões do norte;

• os gregos – instalaram-se na península durante o movimento de colonização da história grega, em


época próxima à chegada dos etruscos. Ocuparam a região sul, onde fundaram diversas cidades (Nápo-
les, Siracusa, Tarento etc.), que ficaram conhecidas em seu conjunto como Magna Grécia.

A fundação de Roma

Por volta de 2000 a.C., um dos povos italiotas, os latinos, chegaram à zona central da Península Itálica
e instalaram-se na região do Lácio, nas proximidades do rio Tibre. Fundaram ali várias aldeias, entre elas
Roma. Mas seria apenas em torno do século VII a.C., quando os etruscos invadiram e conquistaram o Lácio,
que Roma se consolidaria como cidade. Mais tarde, conforme veremos, expandiria seus domínios até con-
trolar grande parte do mundo antigo.
Uma provável concentração de povos latinos em torno de um posto militar avançado construído às
margens do rio Tibre, com o intuito de proteger o Lácio das invasões etruscas, deve ter se formado. Mais
tarde, os latinos devem ter se associado a outro povo que habitava a região do Lácio – os sabinos. A partir
dessa época é que, então, a história política de Roma passaria a se dividir em três períodos: a Monarquia,
a República e o Império.

_Povos etruscos

A origem dos etruscos, povo que já habitava a região entre os rios Arno e Tibre, é incerta. Uma hipótese é que eles
tenham vindo da Ásia Menor e, navegando pelo Mediterrâneo, tenham atingido a costa da Península Itálica por volta
do século X a.C.
Os etruscos expandiram depois seus domínios até a região do Lácio (região central da Península Itálica) e o valor
do Rio Pó. Com a conquista do Lácio, governaram durante muito tempo a cidade de Roma.
Assim como os gregos, os etruscos viviam em cidades, não apresentando uma unidade política ou um governo
centralizado. No século VI a.C., criaram uma liga política que agrupava as doze maiores cidades de Etrúria.
No século V a.C., atacados pelos gauleses, ao norte, e pelos romanos, ao sul, os etruscos se enfraqueceram, sendo
dominados no século seguinte.
FONTE: COSTA e MELO, Luís Cesar Amad e Leonel Itaussu A. História Geral e do Brasil. Vol. único, São Paulo: SCIPIONE, 2008, p.104.

SISTEMA DINAMUS DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 3


Antiguidade Ocidental
Capítulo 1: Roma Antiga

Periodização política

A história política de Roma é dividida, tradicionalmente, nos seguintes períodos:

• Monarquia (753-509 a.C.) – Roma era uma pequena cidade sob influência dos etruscos;
• República (509-27 a.C.) – Roma desenvolveu suas instituições sociais e econômicas e expandiu seu
território, tornando-se uma das maiores civilizações do mundo antigo;
• Império (27 a.C.-476 d.C.) – Roma desfrutou de estabilidade política e paz por cerca de dois séculos.
A partir de então, os romanos enfrentaram inúmeros problemas internos e externos. O agravamento
desses problemas levou ao declínio da civilização romana.

_A lenda de Roma

Uma lenda relatada pelo poeta romano Virgílio (70-19


a.C.) conta que Roma foi fundada por dois irmãos gêmeos,
Rômulo e Remo, netos do rei Numitor, de Alba Longa, cujo
trono fora usurpado (tomado de forma ilegítima) por Amúlio. De
posse do trono, o usurpador ordenou que Rômulo e Remo, recém-nasci-
dos, fossem colocados dentro de um cesto e lançados nas águas do rio
Tibre, que corta a cidade de Roma.
Levado pela correnteza, o cesto navegou rio abaixo, encalhan-
do junto ao monte Palatino. Ali, os dois irmãos foram encontrados
por uma estranha loba, que os amamentou. Posteriormente, um
pastor chamado Faustolo acolheu as duas crianças e Figura 2. Rômulo e Remo alimentados por uma loba.
cuidou de sua guarda e educação. Estátua em bronze. A Loba Capitolina, ligada à mitologia etrusca, representa a
origem mítica de Roma.
Quando adultos, Rômulo e Remo reconquistaram o
trono de Alba Longa para seu avô. Receberam, então, Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.
permissão para fundar Roma na região onde a loba os
havia encontrado.
O que teria ocorrido em 753 a.C. Para ficar com o reinado da cidade, Rômulo matou o irmão. Do nome Rômulo
deriva a denominação Roma.
FONTE: COTRIM, Gilberto. História Global – Brasil e Geral. Volume único, ed. Saraiva, São Paulo, 2008, p.92.
HISTÓRIA

Fixando conceitos

01. Que povos habitavam a península itálica entre os séculos X e VIII a.C.?
02. Segundo a lenda, qual a relação de Rômulo e Remo com o surgimento de Roma?

A monarquia
Organização política e social de Roma

Sob o domínio etrusco, iniciou-se em Roma um processo de organização política e social que resultou
no regime monárquico. Na monarquia, Roma era governada por um rei, pelo Senado e pela Assembleia
Curial. O rei era o chefe militar e religioso, além de juiz. No desempenho de suas funções, era fiscalizado
pela Assembleia Curial e pelo Senado.
De acordo com a tradição, Roma teve sete reis, mas
provavelmente existiram muitos outros, dos quais não
temos informações históricas. Esses reis seriam etrus-
cos.
O Senado (do latim Senex = velho, ancião) era um
conselho formado pelos cidadãos mais idosos, respon-
sáveis pela chefia das grandes famílias (génos), ligadas
entre si por laços culturais e de parentesco. Suas princi-
pais funções eram propor novas leis e fiscalizar as ações
do rei.
A Assembleia Curial compunha-se de cidadãos (ho-
Figura 3. Os sete reis romanos.
mens em condições de servir o exército) agrupados em
São conhecidos sete reis romanos: Rômulo, fundador de Roma junto com seu irmão Remo cúrias (conjunto de dez clãs).
(753-716 a.C.), Numa Pompilio (716-674 a.C.), Túlio Hostílio (674-642 a.C.), Anco Marcio Tinha como principais funções eleger altos funcioná-
(642-617 a.C.), Lúcio Tarquínio Prisco (617-579 a.C.), Servio Tulio (579-535 a.C.) e Tarquínio,
o Soberbo (535-509 a.C.).
rios e aprovar ou rejeitar leis. Mas a Assembleia reunia-
-se apenas quando convocada pelo rei, não sendo um
Fonte: https://antoniocv.wordpress.com

4 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE SISTEMA DINAMUS DE ENSINO


Antiguidade Ocidental
Capítulo 1: Roma Antiga

espaço de livre debate. Provavelmente, seu sistema de voto era por aclamação (os votos eram expressos
verbalmente).

Principais grupos sociais

A sociedade romana era constituída basicamente pelos se-


guintes grupos sociais:

• patrícios – eram os grandes proprietários de terras, rebanhos


e escravos. Desfrutavam de direitos políticos e podiam desem-
penhar altas funções públicas no exército, na religião, na jus-
tiça ou na administração pública. Eram os cidadãos romanos;

• clientes – eram homens livres que se associavam aos patrí-


cios, prestando-lhes diversos serviços pessoais em troca de
auxílio econômico e proteção social. Constituíam o ponto de
apoio da dominação política e militar dos patrícios;

• plebeus – eram homens e mulheres livres que se dedicavam Figura 4. Patrícios.


ao comércio, ao artesanato e aos trabalhos agrícolas. Consti- Eram grandes proprietários de terras, rebanhos e escravos. Desfrutavam de direitos
políticos e podiam desempenhar funções públicas no exército, na religião, na justiça, na
tuíam a maioria da população romana e, a princípio, não ti- administração.
nham direitos de cidadãos, isto é, não podiam exercer cargos
públicos nem participar da Assembleia Curial; Fonte: https://antoniocv.wordpress.com

• escravos – eram, inicialmente, os devedores incapazes de pagar suas dívidas. Posteriormente, com
a expansão militar, o grupo passou a incluir prisioneiros de guerra. Realizavam as mais diversas ativi-
dades, como serviços domésticos e trabalhos agrícolas, além de desempenhar as funções de capataz,
professor, artesão etc. Eram considerados um bem material, uma propriedade; assim, o senhor tinha o
direito de castigá-los, de vendê-los ou de alugar seus serviços.

O fim da monarquia

A monarquia etrusca, responsável pelas primeiras transformações da cidade, foi questionada pela aris-
tocracia romana (os patrícios), para quem o reinado vitalício não mais representava seus interesses.
Os patrícios, que dominavam o Senado, queriam mais: desejavam controlar diretamente o poder em
Roma. Rebelaram-se, então, contra o rei, expulsando-o, e estabeleceram uma nova organização política: a

HISTÓRIA
República. Com ela, os patrícios montaram uma estrutura social e administrativa com o objetivo de exercer
o domínio sobre Roma e melhor desfrutar os privilégios do poder.

Fixando conceitos

01. Como estava organizado o poder político em Roma, durante o domínio etrusco?
02. Sintetize a estrutura social na Roma monárquica.
03. O que deu origem à República romana?

A República
Expansão territorial e crise político-social

Consideremos primeiro o significado da palavra República. Ela


vem do latim res publica, que quer dizer “coisa de todos”. Denomina,
portanto, uma forma de governo em que o Estado e o poder perten-
cem ao povo.
No entanto, o que se observou, durante a República romana, foi a
instalação de uma organização política dominada apenas pelos pa-
trícios. Não houve a distribuição do poder entre todos, pois a maioria
da população, os plebeus, não tinham, inicialmente, o direito de par-
ticipar das decisões políticas. Isso geraria grandes conflitos.

As instituições políticas
Figura 5. Escravo traz ao seu mestre tabletes para escrever.
Detalhe do sarcófago do advogado romano "Valério Petronianus" (313-320 d.C.).
Na República romana, as principais instituições políticas eram os Artista desconhecido. A quantidade de escravos em Roma viria a crescer durante a
comícios, as magistraturas e o Senado. República.

Os comícios constituíam as assembleias encarregadas de votar as Fonte: https://oridesmir.blogspot.com.br


leis e eleger os magistrados. Embora compostas de membros de dis-
SISTEMA DINAMUS DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 5
Antiguidade Ocidental
Capítulo 1: Roma Antiga

tintos grupos sociais, essas assembleias estruturavam-se com o objetivo de fazer com que o interesse dos
aristocratas, que eram a maioria, sempre prevalecessem.
Os magistrados eram eleitos pelos comícios para exercerem a função durante um ano. Os principais
magistrados eram os cônsules, que presidiam os comícios e o Senado, além de comandarem o exército em
tempo de guerra; os pretores, que se encarregavam da aplicação da justiça; e os censores, que zelavam
pela manutenção dos costumes.
O Senado, incumbido da elaboração das leis, detinha o poder de fato da República. Era um conselho,
composto de trezentos membros de origem patrícia, que controlava as finanças do Estado, a religião, a
administração pública e a relação com outros povos. Em caso de crise extrema, o Senado tinha o poder de
nomear um ditador que governaria pelo prazo de seis meses.

Conflitos entre patrícios e plebeus

O crescimento das áreas urbanas implicou o fortalecimento das atividades comerciais, que eram rea-
lizadas pelos plebeus. Chamados homens novos ou cavaleiros, esses plebeus enriqueceram e passaram
a reivindicar o direito de intervir nas decisões políticas de Roma. Os patrícios, entretanto, não estavam
interessados em lhes dar espaço algum, já que temiam perder o poder. Diante disso, os comerciantes de-
cidiram forçar essa participação política liderando revoltas plebeias.
Os patrícios, como se sabe, controlavam quase todos os altos cargos da República, que eram exercidos
por dois outros importantes magistrados. Na chefia da República, os cônsules eram auxiliados pelo Senado,
composto de destacados cidadãos romanos. Havia, ainda, uma Assembleia de Cidadãos, que era controla-
da pelos patrícios ricos.
A segurança de Roma contra seus vizinhos e inimigos (Etrúria, Campânia e Magna Grécia, por exemplo)
dependia da existência de um exército forte e numeroso. Assim, era necessária a participação de soldados
plebeus no exército, pois, como se sabe, a plebe constituía a maior parte da população.
Ao tomar consciência da importância de seu papel social, os plebeus recusaram-se, por exemplo, a ser-
vir no exército – o que representou um golpe na estrutura militar de Roma – e iniciaram contra os patrícios
uma luta política que durou mais de um século.
No primeiro confronto, os plebeus simplesmente retiraram-se da cidade e recusaram-se a participar
das atividades públicas. Com isso, conseguiram fazer com que os patrícios cedessem a várias exigências.
Uma delas foi a criação de um Comício da Plebe, presidido por um tribuno da plebe – pessoa considerada
inviolável juridicamente (protegida contra violência ou ação da justiça) e com poderes especiais para
cancelar qualquer decisão do governo que prejudicasse os interesses de seu grupo social.

Conquistas da plebe
HISTÓRIA

Outras conquistas foram obtidas pelos plebeus,


que, antes dessas lutas, não podiam participar das
decisões políticas, exercer cargos da magistratura ou
casar-se com patrícios. Algumas dessas conquistas
foram expressas na forma de leis, como as mencio-
nadas a seguir:

• Lei das doze Tábuas (450 a.C.) – juízes especiais


(decênviros) organizaram e compilaram normas ju-
rídicas que seriam escritas e aplicadas a patrícios e
plebeus. Embora o conteúdo dessas normas fosse,
por vezes, favorável aos patrícios, o código escrito
Figura 6. Concílio da Plebe. serviu para dar clareza às regras, evitando-se, com
A criação do tribunado da plebe é um dos episódios mais conhecidos da história romana, tendo
se tornado lendária. Esta magistratura nasce da necessidade da plebe em se fazer representar isso, muitas arbitrariedades;
politicamente e conseguir assim proteção e poder político que era detido pela ordem social
dominante dos patrícios.
• Lei Canuleia (445 a.C.) – autorizava o casamento
Fonte: Dinamus Sistema de Ensino. entre patrícios e plebeus. Na prática, foram os ple-
beus ricos que conseguiram casar-se com patrícios;

• Eleição dos magistrados plebeus (367-366 a.C.) – os plebeus conseguiram, lentamente, ter acesso
às mais diversas magistraturas romanas. Em 366 a.C., foi eleito o primeiro cônsul plebeu, cargo mais
elevado na magistratura;

• Fim da escravidão por dívida – por volta de 366 a.C., foi decretada uma lei que proibia a escravização
de romanos por dívida (muitos plebeus haviam se tornado escravos dos patrícios por causa de dívidas).
Em 326 a.C., a escravidão de romanos foi definitivamente abolida.

As diversas conquistas, entretanto, não beneficiaram igualmente todos os membros da plebe. Os cargos
públicos e os privilégios ficaram concentrados nas mãos dos plebeus que haviam enriquecido e, com isso,
passaram a desprezar a maioria da plebe, da mesma maneira que um patrício.

6 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE SISTEMA DINAMUS DE ENSINO


Antiguidade Ocidental
Capítulo 1: Roma Antiga

Fixando conceitos

01. Quais as principais causas do conflito entre patrícios e plebeus?


02. Quais os direitos conquistados pelos plebeus ao longo de sua luta política?
03. Comente as principais instituições políticas da República romana.

Expansão territorial

Apesar da crise interna, decorrente dos conflitos entre patrí-


cios e plebeus, a República romana expandiu seu território por
meio de várias conquistas militares. Esse processo de expansão
dos domínios de Roma pode ser assim descrito:

• Domínio completo da Península Itálica – foram os pri-


meiros passos da expansão militar romana. Entre 509 e 270
a.C., os romanos realizaram uma expansão que, por meio de
guerras de conquista, culminou no domínio de quase toda a
Península Itálica. Essa expansão se deu em razão de vários
fatores. Dentre eles estava a fertilidade do solo de Roma, que
atraía vários povos, o que acabava desencadeando guerras
nas quais os romanos eram obrigados a adotar táticas defen-
sivas. Uma delas era empurrar as fronteiras para longe da ci-
dade, assegurando, assim, a paz, a segurança e a ampliação Figura 7. O Fórum romano.
de seus domínios. Erguido no vale que se estende pelo sopé do Monte Palatino, era o coração da vida pú-
blica romana. Nele, no decorrer de séculos, foram construídos templos, arcos do triunfo,
basílicas e colunas votivas. Entre as principais edificações do Fórum, encontravam-se os
Além disso, havia o desejo de conquista dos romanos, que pa- templos de César e de Saturno; a Basílica de Constantino e Maxênico; e os arcos de Tibério,
recia nunca cessar. Eles acreditavam que a guerra era uma for- de Tito e de Augusto.

ma de levar aquilo que consideravam ordem e desenvolvimento Fonte: https://upload.wikimedia.org


para os povos “bárbaros” e “decadentes”, estando convencidos,
portanto, de que sua cultura deveria ser não só difundida, mas
também imposta a esses povos.
O domínio da Península Itálica, iniciado após a expulsão dos etruscos, levou à conquista da Etrúria,

HISTÓRIA
da Campânia e da Magna Grécia. No século III a.C., à exceção da região Norte, toda a península já estava
submetida ao controle dos romanos.

• Guerras Púnicas (264-146 a.C.) – guerras contra Cartago (cidade do norte da África). O nome púnico
vem de puni, que significa fenício – que era como os romanos chamavam os cartaginenses. A primeira
Guerra Púnica (264-241 a.C.) foi vencida pelos romanos. O governo de Cartago foi obrigado a reconhe-
cer o domínio romano sobre as ilhas da Sicília, Córsega e Sardenha. Em 237 a.C., os cartaginenses, para
compensar a perda das ilhas do Mediterrâneo, conquistaram a Península Ibérica. Em 218 a.C., a conquis-
ta de uma cidade ibérica aliada de Roma pelas tropas cartaginenses lideradas por Aníbal desencadeou
a Segunda Guerra Púnica. Um exército de 50 mil soldados atravessou a cordilheira dos Alpes, invadindo
o norte da Península Itálica e vencendo, assim, as legiões romanas nas batalhas de Trébia, Trasímeno
e Canas.

Os romanos contra-atacaram conquistando a Península


Ibérica e, logo depois, desembarcaram no norte da África, em
território cartaginês. Isso levou os exércitos cartaginenses a Mar
Gália Negro
abandonar a Península Itálica e a retornar a Cartago, onde aca-
baram sendo derrotados pelos romanos na Batalha de Zama, Oceano
Atlântico
202 a.C. Vencidos, tiveram de ceder aos ibéricos e a Roma. A
Terceira Guerra Púnica (149-146 a.C.) terminou com a completa
destruição de Cartago. Os sobreviventes foram vendidos como
escravos e o território cartaginês foi transformado em província Espanha
romana.
Mar Mediterrâneo
• Expansão por diversas regiões do mundo – eliminada a Nu

dia
rival Cartago, Roma abriu caminho para a dominação das Mauritânia Cirenaica
regiões ocidental (Gália, península Ibérica) e oriental (Ma- EXPANSÃO DE ROMA
Legenda
cedônia, Grécia, Ásia Menor) do mar Mediterrâneo. No fim do República romana em 201 a.C.
2º SÉCULO a.C.
século I a.C., o Mediterrâneo havia se transformado no que Aquisições em 100 a.C.
Escala em milhas
os romanos chamavam de “nosso mar”, expressão que ad-
vém do latim mare nostrum. Figura 8. Expansão da República romana.
Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.

SISTEMA DINAMUS DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 7


Antiguidade Ocidental
Capítulo 1: Roma Antiga

_O talentoso Aníbal

Mesmo com a derrota de seu exército, Aníbal tinha sua competência reco-
nhecida até mesmo por seus rivais. Vejamos o que afirmava o romano Políbio
sobre o general cartaginês:
É inegável o talento, o valor e a destreza de Aníbal. Considerando-se as
batalhas travadas por seus exércitos, as difíceis situações que enfrentaram,
os cercos que realizaram e o número de operações planejadas durante as
quase duas décadas ininterruptas de conflitos com os romanos, podemos
perceber que ele exercia brilhantemente a liderança sobre suas tropas.
Devemos também aplaudir o Aníbal que, como sábio governante, soube
manter seus subordinados disciplinados. Se primeiro seus efetivos tives-
sem começado a expedição em outras partes do mundo, para completá-
-la em Roma, nenhum dos seus projetos teria desmoronado. Porém, Aníbal
começou por onde deveria ter acabado; assim, em Roma tiveram início e
fim as conquistas do exército desse general.
FONTE: COTRIM, Gilberto. História Figura 9. Busto de Aníbal.
Global – Brasil e Geral. Volume único, ed. Considerado o maior dos táticos militares da história.
Saraiva, São Paulo, 2008, p.92. Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.

Consequências da expansão romana


O modo de produção escra-
vista predominou na Anti- A conquista do Mediterrâneo pelos romanos provocou grandes transformações so-
guidade. Sua origem se deu
nas guerras de conquista ciais e econômicas em Roma. As instituições políticas republicanas entraram em crise
dos povos antigos (notada- por causa de instabilidades geradas por novos conflitos entre plebeus e patrícios.
mente empreendidas pelos O enorme número de prisioneiros de guerra acabou sendo utilizado como mão de
gregos e romanos – embora obra escrava. Essa transformação de uma economia baseada na pequena propriedade
observadas também no
Egito antigo), que, em dado
agrária e no trabalho livre em um sistema escravista de produção provocou a ruína
momento, perceberam que dos camponeses. A concentração das terras nas mãos dos aristocratas fez com que
era mais rentável obrigar os um grande número de pessoas, que não tinha terras para cultivar, migrasse do campo
HISTÓRIA

povos vencidos a trabalhar para as cidades.


para eles, ao invés de ma- A conquista do Mediterrâneo abriu novos mercados à economia romana, criando
tá-los. Os povos dominados
eram, então, mão de obra condições para o desenvolvimento do artesanato e do comércio. Uma das consequ-
que produziria riqueza. ências dessa prosperidade econômica foi o enriquecimento dos plebeus, como dito
anteriormente.

No plano cultural, as conquistas militares de Roma colocaram os romanos em contato com a cultura de
outras civilizações. Nesse sentido, deve-se destacar a grande influência cultural dos gregos sobre os ro-
manos. Nas palavras do poeta romano Horácio (65-8 a.C.), a Grécia vencida conquistou seu rude vencedor.
Do ponto de vista socioeconômico, as conquistas militares permitiram que as riquezas retiradas das
sociedades dominadas se concentrassem em Roma. Como resultado, o estilo de vida romano, antes sim-
ples e modesto, tornou-se mais luxuoso e requintado. Entre os chefes militares, abandonou-se o ideal do
“soldado camponês”, crescendo o interesse pela profissionalização da atividade militar e pelo desfrute da
vida urbana.

A transformação do padrão e do estilo de vida dos romanos po-


dia ser constatada na construção das casas, nas roupas e na ali-
mentação das classes dominantes. Ou seja, o luxo não foi um fenô-
meno generalizado, mas restrito a uma minoria: patrícios e plebeus
ricos.
A sociedade romana também sofreu outras transformações,
como resultado da expansão militar. De um lado, os ricos nobres ro-
manos tornaram-se donos de grandes faixas de terra (latifúndios),
que eram cultivadas por numerosos escravos.
De outro, muitos plebeus, obrigados a servir no exército roma-
no, regressavam à Península Itálica de tal modo empobrecidos que,
para sobreviver, tinham de vender quase tudo o que possuíam. Sem
terras, esses camponeses plebeus migravam para a cidade, engros-
sando a população de pobres e famintos de Roma.
Figura 10. A prosperidade da Roma republicana. Novas lutas sociais nesse período começaram a eclodir, assina-
Fonte: https://historiadegeloefogo.files.wordpress.com lando a crise da República. A sociedade romana dividiu-se em dois
campos: o partido popular e o partido aristocrático.

8 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE SISTEMA DINAMUS DE ENSINO


Antiguidade Ocidental
Capítulo 1: Roma Antiga

O partido popular era formado pelos ple-


beus, que exigiam maior participação política
nas instituições republicanas, e pela grande
massa dos que queriam terras para cultivar,
reivindicando, então, uma reforma agrária.
O partido aristocrático era constituído pelos
grandes proprietários rurais que se opunham
à redução de seus privilégios econômicos e po-
líticos.

Crise da República

A situação social e política em Roma tornou-se


cada vez mais tensa com o aumento progressivo de
Figura 11. A rebelião liderada por Espártaco.
Fonte: https://histormundi.blogspot.com.br
plebeus pobres e miseráveis na cidade. Esquematica-
mente, pode-se dizer que:

• de um lado, estavam a massa popular e seus líderes reivindicando urgentes reformas sociais;
• de outro, a nobreza romana, formada pelos comerciantes ricos e grandes proprietários rurais, e a par-
cela enriquecida da plebe, que não desejava mudanças.

Diante do clima de tensão, os irmãos Tibério e Caio Graco, tribunos da plebe, tentaram promover uma
reforma social (133-122 a.C.), com o objetivo de melhorar as condições de vida da população plebeia.
Tibério Graco (tribuno em 133 a.C.) propôs uma lei agrária que previa limitações ao crescimento dos la-
tifúndios e distribuição de terras entre os camponeses plebeus. Com o apoio do Senado romano, os nobres
que se opunham a esse projeto mandaram assassinar Tibério, com mais de quinhentos partidários, em 132
a.C. Suspeitava-se que ele desejava concentrar o poder em suas mãos.
Em 123 a.C., dez anos depois, Caio Graco elegeu-se tribuno da plebe e retomou o projeto de reforma
agrária. Para obter o apoio dos homens novos, obteve a aprovação de uma lei que aumentava a partici-
pação desse grupo na administração do Estado. Conseguiu ainda a aprovação de outra lei, que obrigava
o Estado a vender trigo a baixo valor para os mais pobres. Além dessas reformas, Caio Graco defendeu a
criação de colônias agrícolas nos territórios conquistados, para onde seriam transferidos os camponeses
que não tivessem terras.
As reformas propostas por ele também esbarraram na oposição dos grandes proprietários rurais, que
reagiram de maneira violenta. Esse tribuno da plebe, vendo-se acuado e sem perspectiva alguma de man-
ter suas reformas, acabou se suicidando em 121 a.C. Os partidários das propostas dos irmãos Graco foram

HISTÓRIA
mortos a mando do Senado.
Assim, foram sufocadas as propostas de reformas sociais dos irmãos Graco. No entanto, a República
romana continuou sendo agitada por tensões, lutas e deterioração das instituições nas áreas política, eco-
nômica e social.

_Revoltas de escravos

Assim como ocorreu na Grécia, em Roma utilizou-se intensamente o trabalho escravo para a produção de bens
e serviços. Isso ocorreu principalmente com a expansão militar da República, quando muitos prisioneiros de guerra
foram transformados em escravos, aumentando significativamente a sua presença na sociedade romana.
Desse modo, Roma tornou-se, segundo o historiador Aldo Schiavone, uma das cinco grandes sociedades escravis-
tas da história ocidental (juntamente com a Grécia Antiga, o Brasil, os Estados coloniais e pós-coloniais do Caribe
e os Estados meridionais da América do Norte). O Mar Mediterrâneo foi um mar de comércio, mas também, se não
principalmente, um mar de escravidão (SCHIAVONE, Aldo. In: JAGUARIBE, Hélio. Um estudo crítico da História. São
Paulo, Paz e Terra, 2001, v. 1. p. 650).
O escravo, como se sabe, realizava trabalhos nos mais diversos setores da economia. Ao senhor de escravos res-
tava, assim, tempo livre para as atividades administrativas, a diversão e o descanso (ócio). Resistindo à exploração a
que eram submetidos, os escravos organizaram várias revoltas durante a República. Entre 136 e 132 a.C., saquearam
a Sicília. Mais tarde, entre 73 e 71 a.C., quase 80 mil escravos, sob a liderança de Espártaco, organizaram um forte
exército, que ameaçou o poder de Roma durante quase dois anos.
Só em 71 a.C. uma força do exército romano, sob o comando de Licínio Crasso, conseguiu vencer o exército de
escravos liderados por Espártaco. A repressão romana aos escravos rebeldes foi extremamente dura, para servir de
exemplo a todos. Mais de 6 mil seguidores de Espártaco foram presos e crucificados em diversos locais das estradas
romanas.
FONTE: COTRIM, Gilberto. História Global – Brasil e Geral. Volume único, ed. Saraiva, São Paulo, 2008, p.95.

SISTEMA DINAMUS DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 9


Antiguidade Ocidental
Capítulo 1: Roma Antiga

As ditaduras de Mário e Sila

A fracasso das reformas propostas pelos Graco agravou ainda mais a crise republicana e
mergulhou Roma em uma sangrenta guerra, abrindo caminho para as ditaduras militares dos
generais Mário e Sila.
Em 107 a.C., o general Mário, homem novo de grande prestígio entre os camponeses, foi
eleito para o cargo de cônsul. Três anos depois coordenou uma reforma no exército, transfor-
mando os soldados romanos em militares profissionais, que lutavam mediante pagamento de
salário. Com o apoio do exército, Mário conseguiu com que fosse implantada uma ditadura
em Roma e, violando as leis, reelegeu-se seis vezes para o consulado.
Seu governo reduziu a autoridade do Senado, restringiu os privilégios da aristocracia, rea-
lizou reformas populares e aumentou o poder dos homens novos.
Com a morte do ditador, em 86 a.C., o general Sila, aristocrata apoiado pelo Senado, pro-
clamou-se ditador perpétuo de Roma.
Liderando a reação do partido aristocrático, seu governo realizou uma violenta repressão
contra os homens novos e os camponeses que não possuíam terras, restabelecendo os privi-
Figura 12. Busto do ditador Mário.
Fonte: https://upload.wikimedia.org
légios da aristocracia e restaurando a autoridade do Senado. A ditadura de Sila, que morreu
em 79 a.C., contribuiu para agravar ainda mais a crise da República.

Fixando conceitos

01. Qual o principal motivo que desencadeou as Guerras Púnicas?


02. Essas guerras foram favoráveis à expansão territorial romana? Explique.
03. Como a expansão territorial afetou a vida dos diferentes grupos sociais em Roma?
04. A que se deveram as revoltas de escravos na República? Cite a mais expressiva.
05. Descreva a crise da República a partir do ponto de vista dos patrícios e dos plebeus.

O fim da República Romana

Após a rebelião de escravos e gladiadores liderada por Espártaco, em 73 a.C.,


e sua subsequente repressão pelos exércitos de Crasso, cônsul romano, uma nova
conspiração foi armada, desta vez liderada por Catilina, líder do partido popular,
HISTÓRIA

contra o Senado romano.


A chamada conjuração de Catilina possuía um programa que pregava a anu-
lação das dívidas, o banimento da elite senatorial e a realização de uma reforma
agrária.
Cícero, cônsul romano, denunciou ao Senado a conjuração de Catilina. A desco-
berta da conjuração obrigou seu líder a fugir de Roma, que mais tarde foi morto,
na região de Pistóia, junto com mais 3 mil partidários.
Em 60 a.C., o patrício Júlio César, o general Pompeu e o ex-cônsul Crasso
aliaram-se e, com o apoio do exército, conseguiram fazer com que se implantasse
em Roma o Primeiro Triunvirato, uma espécie de governo informal divido pelos
três comandantes.
Coube a César o comando do exército da Gália, a Pompeu o do exército da
península ibérica e a Crasso o do exército do Oriente. Porém, a morte de Crasso,
alguns anos depois, fez com que César e Pompeu se desentendessem e brigassem
pela soberania romana.
Figura 13. Júlio César. Após algum tempo de conflito, Pompeu se viu obrigado a fugir e, em 49 a.C., o
Fonte: https://upload.wikimedia.org poder em Roma se concentrou nas mãos de Júlio César.
Em 45 a.C., César tornou-se ditador vitalício, liderando a reorganização do Senado e a realização de
reformas em benefício dos homens novos e dos camponeses que não tinham terras.
César distribuiu terras também entre os soldados, impulsionou a colonização das províncias romanas,
construiu estradas e edifícios e reformulou o calendário. Essas reformas esbarraram na oposição da aris-
tocracia, atingida em seus privilégios políticos e econômicos, e, em 44 a.C., uma conspiração do Senado
culminou em seu assassinato.
Acusado de pretender proclamar-se rei e restabelecer a monarquia, César foi assassinado numa cons-
piração de senadores liderada por Bruto e Cássio. Os partidários de César conseguiram, posteriormente,
neutralizar a conspiração do Senado.
Em 43 a.C., Marco Antônio – general romano, Otávio – sobrinho de César, e Lépido – comandante da
cavalaria, tendo o auxílio do exército, conseguiram fazer com que fosse implantado o Segundo Triunvirato
em Roma, desta vez oficial, e não uma aliança informal como no anterior.
Cada um dos triúnviros deteve o poder sobre uma região: Otávio governaria o território onde se situa
atualmente o continente europeu; Marco Antônio, as terras do Oriente; e Lépido, os territórios ao sul do
mar Mediterrâneo.

10 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE SISTEMA DINAMUS DE ENSINO


Antiguidade Ocidental
Capítulo 1: Roma Antiga

A ganância dos triúnviros acabou por gerar desavenças entre eles. Após muitas lutas, o poder acabou se
concentrando em Otávio, cujos exércitos derrotaram as tropas de Marco Antônio, em 31 a.C., na Batalha de
Ácio. Era o fim da fase republicana de Roma e o marco inicial do Império.

_A trajetória de Júlio César

Júlio César nasceu no ano 100 a.C., filho de uma fa- diatamente seduzido pela rainha egípcia. Depois que
mília patrícia. Começaria sua carreira política tomando seus exércitos derrotaram as tropas de Ptolomeu, Cé-
parte da batalha que opôs seu tio Mário, chefe da fac- sar oferece o trono do Egito a sua amada. César estava
ção popular, a Sila, chefe da facção senatorial. A partir no auge de sua glória e poder. O imperador reinava nos
do ano 70 a.C., César começa a ascender politicamente. dois lados do Mediterrâneo. Em Roma exercia um poder
Torna-se sucessivamente tribuno, militar, pró-cônsul, absoluto e adotou algumas medidas que favoreceram
edil e pretor. Em seguida, governador da Gália Cisalpina os mais pobres.
e transalpina e, mais adiante, pró-pretor na Espanha. Porém, em 15 de março de 44 a.C. Júlio César, que se
Em 59 a.C, César é nomeado cônsul de Roma, graças havia proclamado ditador vitalício, é assassinado. Em
ao triunvirato que havia formado com Pompeu e Crasso, plena sessão do Senado, cerca de 50 senadores parti-
fruto de uma aliança secreta. No ano seguinte, se lança dários da restauração da república oligárquica atiram-
nas “Guerras da Gália”, submetendo ao seu mando di- -se sobre ele e lhe conferem 23 golpes de espada. César
versos povos do Norte. Em 51 a.C., após um longo cerco cai ao pé da estátua de seu antigo rival Pompeu. Entre
em torno da Alésia (Borgonha), o chefe Vercingetorix os conspiradores encontrava-se Brutus, filho da aman-
depõe as armas e se rende a César. A Gália é conquista- te do imperador, por quem tinha uma grande estima, e
da para a glória do comandante romano. Cássio, general romano. Ao perceber Brutus entre seus
Depois do episódio da travessia do Rubicão (rio que, agressores, dirige-se a ele em grego: “Kai su Brutus tek-
segundo o Direito romano, não podia ser atravessado non”, que se poderia traduzir em latim popular por “Tu
por generais armados e acompanhados de suas tropas) quoque, Brutus fili mii” (Até tu, Brutus, filho meu).
e após a sua entrada triunfal em Roma, Júlio César O corpo do ditador foi levado por escravos e inci-
persegue e esmaga as tropas de seu rival Pompeu em nerado no Campo de Marte, como impunha a tradição.
Tessália. Em seu testamento, César designou por herdeiro o filho
Pompeu e os senadores tinham abandonado Roma adotivo, Otávio, futuro imperador Augusto. Depois da
e se dirigido à Grécia. Pompeu, vencido, busca refú- morte de César, abriu-se uma luta pelo poder entre o
gio no Egito, junto ao rei Ptolomeu XIII, que temendo seu sobrinho-neto César Augusto e Marco Antônio, que
a represália de César, manda assassiná-lo. César vai haveria de resultar na queda da República e na funda-
atrás de Pompeu no Egito e lá toma conhecimento do ção do Império Romano de cujo trono se apossou Marco
assassinato. O episódio deixou Ptolomeu, à ocasião em Antônio.

HISTÓRIA
conflito com sua irmã-esposa Cleópatra, em maus len-
FONTE: Opera Mundi. Júlio César atravessa o Rubicão. Disponível
çóis. Quando a encontra, o general romano vê-se ime- em: <http://operamundi.uol.com.br>. Acesso em: 03 jan. 2017.

Fixando conceitos

01. Comente as reformas propostas pelos irmãos Graco, explicando como elas contribuíram para diminuir as ten-
sões sociais.
02. Sob o governo de Júlio César, uma série de medidas foi adotada. Quais foram elas? Explique porque incomoda-
vam a aristocracia republicana.
03. Explique o que foram os triunviratos e sua origem.

O Império
Apogeu e declínio de Roma Augusto (Augustus – plu-
ral: augusti) é um termo
Otávio (Otaviano, em outras literaturas), vitorioso nas lutas entre os triúnviros, tornou-se o latino para "majestoso", "o
principal governante de Roma e dos territórios dominados pelos romanos, entre os quais o Egito, exaltado" ou "venerável", e
conquistado em 31 a.C. foi um título antigo roma-
no dado tanto como nome
A partir de 27 a.C., Otávio foi acumulando poderes e títulos, entre eles o de augusto, isto quanto como título para
é, divino, majestoso. Na prática, tornou-se o governante supremo de Roma, um verdadeiro rei, Caio Otávio (frequente-
embora não tenha assumido oficialmente esse título e tenha permitido que as instituições repu- mente referido simples-
blicanas – como o Senado – continuassem existindo (na aparência). mente como Augusto),
o primeiro imperador de
Durante seu longo governo (27 a.C. - 14 d.C.), Otávio Augusto realizou uma série de reformas Roma. Com sua morte,
administrativas, continuou prosseguiu com a profissionalização do exército romano e preocu- tornou-se um título oficial
pou-se em organizar internamente o império, reduzindo o avanço das conquistas militares. de seus sucessores.
O Império Romano é tradicionalmente dividido em duas fases: o Alto Império (séculos I a III)
e o Baixo Império (séculos IV e V). No Alto Império, que chegou a abranger uma área de cinco
milhões de km2, a cidade de Roma chegou a ter 1,2 milhão de habitantes.

SISTEMA DINAMUS DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 11


Antiguidade Ocidental
Capítulo 1: Roma Antiga

O Alto Império
O fundador do Império Romano e seu primeiro imperador, governando de 27 a.C. até sua

Durante o Alto Império, Roma atingiu seu momento de maior prosperidade,


e a chamada pax romana, um período de paz proporcionado pelas medidas
adotadas por Augusto, que se estendeu por todo o território.
Essa foi a época do nascimento e da difusão do cristianismo, o qual, após san-
grentas perseguições, ganhou liberdade de culto na fase final do Império. Esse perío-
do (da pax romana) estendeu-se, aproximadamente, até o fim do século II, abrangendo
os governos de vários imperadores, que podem ser agrupados em quatro dinastias:

• dinastia dos Júlio-Claudius (14-68) – Tibério, Calígula, Cláudio e Nero;


• dinastia dos Flávios (69-96) – Vespasiano e Domiciano;
• dinastia dos Antoninos (96-192) – Nerva, Trajano Adriano, Marco Aurélio, Antonino Pio
e Cômodo;
Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.

• dinastia dos Severos (193-235) – Sétimo Severo, Caracala, Macrino, Heliogábalo e


Figura 14. Otávio Augusto.

Severo Alexandre.

O governo de Augusto promoveu alianças entre os homens novos e os patrícios, agru-


morte, em 14 d.C.

pando-os, segundo o critério de riqueza, em duas ordens: a senatorial e a equestre. Ape-


nas essas duas ordens participavam do poder e da administração do Estado.
Sob o governo de Augusto, a sociedade romana conheceu um período caracterizado
pela prosperidade econômica, pela estabilidade político-social e por grandes realiza-
ções intelectuais.
Por tudo isso, o século I da Era Cristã ficou conhecido na história como Século de Augusto.

_Pão e circo: controlando a tensão social

Roma foi uma das maiores cidades do mundo antigo. No século II, sua população ultrapassava 1 milhão de habi-
tantes, vindos de todas as partes do Império. Para manter sob controle esse grande número de pessoas, muitas sem
ocupação e vivendo pelas ruas, as autoridades romanas distribuíam periodicamente alimentos (pão) e promoviam
diversos espetáculos públicos (circo). Assim, “pão e circo” foi a fórmula utilizada para diminuir as tensões sociais.
Eram tantas as festas e os espetáculos, que o calendário romano chegou a ter 175 feriados por ano.
Entre os espetáculos mais populares estavam as lutas contra animais ferozes e os combates entre gladiadores. Os
gladiadores eram, normalmente, escravos ou prisioneiros de guerra treinados em escolas especiais de lutas (ludus
HISTÓRIA

gladiatorius). Além das lutas de gladiadores, os romanos adoravam os espetáculos de circo e de teatro. Nos circos, os
romanos assistiam a acrobacias realizadas por ginastas e equilibristas. Havia também corridas de cavalos atrelados
a carruagens. Nos teatros, os romanos assistiam a peças dos mais variados gêneros: sátira (composição poética ou
teatral que focaliza terror, piedade e catástrofe) e pantomima (representação teatral sem uso de palavras, apenas
de gestos e expressões fisionômicas).
FONTE: COTRIM, Gilberto. História Global – Brasil e Geral. Volume único. São Paulo: SARAIVA, 2008, p.97.

Durante os dois primeiros séculos do Império, a atividade comercial desenvolveu-se


No momento mais próspero de seu intensamente, impulsionada por fatores como a existência de uma moeda comum, a
Império, Roma tornou-se o cérebro generalização do Direito romano e a construção de estradas ligando os diversos pontos
e o coração de um abrangente
conjunto de territórios que hoje do Império (calcula-se que havia cerca de 80 mil quilômetros de estradas pavimenta-
compreendem regiões da Europa, das interligando as diversas regiões do território romano).
da Ásia e da África. A ligação entre No plano social, com a desaceleração e, ao longo do tempo, a interrupção das con-
Roma e suas províncias foi assegu- quistas, houve uma redução progressiva do número de escravos na sociedade romana.
rada com a construção de uma rede
de estradas que se espraiava por
Dessa forma, em vez de prisioneiros de guerra, esse grupo social passou a ser constitu-
todo o Império, daí o famoso ditado ído, em sua maioria, por filhos de escravos.
"todos os caminhos levam a Roma". Muitos senhores passaram a adotar, então, um novo sistema em relação à escravi-
Esse vasto sistema de transportes dão, e o número de libertos aumentou. No meio rural, por exemplo, concedia-se liber-
incrementou as relações comerciais dade para alguns escravos, que se transformavam em colonos ligados à terra do senhor
e os contatos culturais entre as mais
distantes regiões e os mais diversos e com uma série de obrigações a cumprir. Alguns desses ex-escravos enriqueceram e
povos do Império. tornaram-se cidadãos romanos, embora não tenham conquistado todos os direitos dos
nascidos livres, como, por exemplo, a possibilidade de candidatar-se a certos cargos
públicos.

As dinastias imperiais

Augusto faleceu no ano 14 da Era Cristã, e, mostrando seu desprendimento pessoal, recusara-se a pas-
sar o poder para seu filho, considerando que havia gente mais capacitada para sucedê-lo.
Para não ignorar as tradições, que estipulavam que o pai deveria deixar sua herança material e política
para os filhos, augusto adotou como filho aquele que viria a ser seu sucessor, Tibério. Iniciava-se, então,
a dinastia Júlio-Claudiana.

12 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE SISTEMA DINAMUS DE ENSINO


Antiguidade Ocidental
Capítulo 1: Roma Antiga

Embora a paz fosse uma constante no Império, o exército con-


seguiu se impor e fez ascender seu general, Vespasiano, no ano 68,
marcando o início da dinastia Flávia.
Vespasiano descendia de comerciantes das áreas centrais da Pe-
nínsula Itálica. Diferentemente de Augusto, desde a fundação da di-
nastia, Vespasiano associou bem cedo o poder a seu filho Tito, que,
com sua morte, em 79, assumiu o governo.
Foi durante o governo de Tito que as cidades de Pompeia e Hercu-
lano foram devastadas por uma erupção vulcânica do Monte Vesúvio.
Com a morte de Tito, dois anos após o início de seu governo, o poder
concentrou-se nas mãos de seu irmão mais novo, Domiciano.
Insatisfeitos com a questão da hereditariedade, os membros do
Senado fizeram com que Domiciano fosse assassinado e escolheram,
Figura 15. Anfiteatro Flaviano (Coliseu).
sem consultar o exército, o experiente Nerva, que não tinha filhos, Localizado no centro de Roma (hoje capital da Itália), foi construído em concreto e
para assumir o poder, no ano 96. Iniciava-se aí a dinastia dos Antoni- areia, e é o maior anfiteatro já construído, estando situado a leste do Fórum Roma-
no. A construção começou sob o governo do imperador Vespasiano, em 72 d.C., e foi
nos, considerada a mais próspera do Império. concluída no ano 80, sob o regime de seu sucessor e herdeiro, Tito. Outras modifi-
Essa dinastia teve como imperadores Trajano (98-117), Adriano cações foram feitas durante o reinado de Domiciano (81-96). Estes três imperadores
(117-138), Antonino Pio (138-161), Marco Aurélio (161-180) e Cômodo são conhecidos como a dinastia Flaviana e o anfiteatro foi nomeado em latim desta
maneira por sua associação com o nome da família (Flavius).
(180-192), entre outros.
Com a dinastia dos Severos, começou a romper-se o equilíbrio Fonte: https://aventurarennes.blogspot.com.br
que assegurava a estabilidade do Império Romano.
No ano 212, um de seus imperadores, Caracala, promulgou um edito (decreto imperial) que estendeu o
direito de cidadania romana a todos os habitantes livres do império.
No governo dos Severos iniciaram-se as crises internas e as pressões externas – estas exercidas pelos
povos nas fronteiras do império que ameaçavam uma invasão. Este era o prenúncio de uma crise, que, a
partir do século III da Era Cristã, caracterizou a história do Baixo Império Romano.

_O cristianismo

No início do Alto Império começava a se desenvolver plebeus e as camadas populares do Império Romano.
lentamente no Oriente, na Palestina, uma nova religião O caráter monoteísta do cristianismo foi uma das
monoteísta: o cristianismo. A Palestina, habitada pelos causas das sangrentas perseguições a seus seguidores.
judeus, era domínio do Império Romano. O cristianismo, Tendo como fundamento a crença na existência de um
que demorou para se difundir, originou-se de outra re- único Deus, os cristãos recusavam-se a reconhecer os

HISTÓRIA
ligião monoteísta, o judaísmo, sob a influência da cren- deuses oficiais do politeísmo romano, negando-se tam-
ça na vinda de um Messias. bém a prestar o culto imperial, que consistia na adora-
Jesus, também chamado Cristo (“Messias”, em gre- ção dos imperados como verdadeiros deuses.
go), foi praticamente desconhecido durante sua vida. A primeira grande perseguição aos cristãos ocorreu
Grande parte do que se sabe sobre ele está contida no no governo do imperador Nero. Em 64, Nero fora acusa-
Novo Testamento, a segunda parte do livro sagrado do de ter mandado atear fogo na cidade de Roma. Esse
dos cristãos, na qual os Evangelhos narram sua vida, incêndio, que destruiu grande parte da área urbana da
os ensinamentos que deixou, sua paixão e sua morte. cidade, fez com que a plebe se indignasse. Nero encon-
Evangelho é uma palavra que quer dizer “boa-nova”. trou, então, um bode expiatório naquela que os roma-
Segundo os Evangelhos, Jesus nasceu na cidade de Be- nos chamavam de “seita religiosa” de origem oriental,
lém, situada na Judeia, próximo a Jerusalém, durante o acusando os cristãos de serem culpados pelo fogo. Ini-
principado de Augusto. ciou-se, assim, um período de perseguição que duraria
A juventude de Jesus se deu em Belém, na Galileia. quase três séculos em todo o Império Romano. Uma das
Ele iniciou seu aos 30 anos, no governo de Tibério. Ao formas encontradas por Nero para punir os seguidores
cabo de três anos, após reunir um pequeno grupo de de Cristo era jogá-los aos lenões, em espetáculos pú-
discípulos, foi preso, julgado e condenado à morte, ten- blicos que reuniam e entretinham milhares de pessoas.
do sido crucificado no Monte Calvário. A crença na exis- No início do século IV, o cristianismo tornara-se a
tência de um só Deus, que enviou à Terra seu filho, Je- religião majoritária do Império Romano, ganhando até
sus, e os ensinamentos deixados por ele são o princípio mesmo a adesão de vários setores das camadas domi-
fundamental do cristianismo. nantes. Sua aceitação pelos seguimentos mais ricos e
Após sua morte, a doutrina de Jesus foi transmitida influentes da sociedade romana facilitou sua consoli-
por seus apóstolos por meio dos Evangelhos. Os após- dação. Em 313, o imperador Constantino publicou o Edi-
tolos Pedro – considerado fundador da Igreja cristã e to de Milão, instaurando a tolerância religiosa e a liber-
primeiro bispo de Roma – e Paulo – que realizou a con- dade de culto para os cristãos. Os cristãos deixavam,
versão dos gentios, considerados pagãos pelos cristãos então, de ser perseguidos e o cristianismo passava a ser
–, tiveram papel de destaque no processo de difusão da reconhecido como uma das diversas religiões existen-
nova religião. Na fase inicial de sua expansão, além de tes.
ter se propagado entre as camadas judaicas, o cristia-
FONTE: COSTA e MELLO, Luís César Amad e Leonel Itaussu A. Histó-
nismo difundiu-se especialmente entre os escravos, os ria Geral e do Brasil. Volume único, São Paulo: SCIPIONE, 2008, p.117.

SISTEMA DINAMUS DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 13


Antiguidade Ocidental
Capítulo 1: Roma Antiga

O Baixo Império

O Baixo Império, ao contrário do Alto Império, foi o período da crise militar, da


transferência da capital para Constantinopla e das invasões germânicas.
A partir do século III, o Império Romano entrou num longo período de crise,
cujas razões orbitavam a necessidade de uma estrutura administrativa e militar
ostensiva para gerir tão vasto império e habitado por povos de origens e culturas
diversas – os gastos públicos eram elevados. Para custear esses gastos, a carga
tributária foi ampliada ao longo do tempo, tornando-se pesada diante do enfra-
quecimento da economia romana – que se ressentia, por exemplo, da falta de re-
posição da mão de obra escrava (que fora sendo substituída, em parte, por novas
relações de trabalho).
A crise agravou-se quando os romanos tiveram de enfrentar, em suas fronteiras,
a pressão militar dos povos que eles chamavam de bárbaros (visigodos, ostro-
godos e alamanos, entre outros), ou seja, povos que viviam fora do território do
império e não falavam sua língua.
O problema era que muitos desses “bárbaros” tinham sido incorporados ao
exército romano como mercenários. Assim, boa parte do exército no império era
composta de soldados dos próprios povos que eles combatiam.
Além disso, disputas internas entre os chefes militares romanos geravam indis-
Figura 16. Mosaico de Constantino.
Constantino I, também conhecido como Constantino Magno ou
ciplina no exército e desestruturavam o comando central de Roma.
Constantino, o Grande (em latim Flavius Valerius Constantinus), A crise afetava, sobretudo, a porção ocidental do império. Percebendo isso, em
foi um imperador romano, proclamado Augusto por suas tropas 330 o imperador Constantino decidiu mudar a capital do império para sua por-
em 25 de julho do ano 306, que governou uma porção crescente
do Império Romano até a sua morte. ção oriental. Com esse objetivo, remodelou a antiga cidade de Bizâncio e fundou
Constantinopla (termo que significa “Cidade de Constantino” e hoje corresponde à
Fonte: https://upload.wikimedia.org
cidade de Istambul, na Turquia).

A divisão do império

Em 395 d.C., com a morte do imperador romano Teodósio, o império foi dividido entre seus dois filhos:
Honório, que recebeu o Império Romano do Ocidente, com sede em Roma, e Arcádio, que recebeu o Im-
pério Romano do Oriente, com sede em Constantinopla. Buscava-se, com essa divisão, melhorar a admi-
nistração das regiões.
HISTÓRIA

Figura 17. A divisão do Império Romano.


No início do século IV, o imperador Constantino reunificou o império. No entanto, como o risco de invasão era maior na parte ocidental, ele
transferiu a capital para Bizâncio, mais protegida e, na época, mais rica. Ali, ele ergueu uma cidadela para servir de sede ao governo, dando a
ela o nome de Constantinopla, nome que, durante séculos, acabou designando toda a cidade. Durante o século IV, o império manteve-se uni-
ficado, com sua sede em Constantinopla. No final do século, o imperador Teodósio estabeleceu, em 395, a divisão definitiva: o Império Romano
do Ocidente, com capital em Roma; e o Império Romano do Oriente, também chamado de Império Bizantino, com capital em Constantinopla.

Fonte: https://upload.wikimedia.org

Invasões e queda de Roma

O Império Romano do Ocidente, no entanto, enfraquecido pelas divisões internas, pela indisciplina no
exército e pela miséria da população, não teve forças para resistir aos sucessivos e intermitentes saques e
ataques dos povos “bárbaros”, que se prolongaram por quase dois séculos.
Os exércitos dos invasores eram eficientes nos combates localizados devido à experiência guerreira dos
soldados, à coesão das tropas e às boas armas fabricadas em metal.

14 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE SISTEMA DINAMUS DE ENSINO


Antiguidade Ocidental
Capítulo 1: Roma Antiga

Assim, em 476, o último imperador de Roma, Rômulo Augusto, foi deposto por Odoacro, rei dos hérulos,
um dos povos “bárbaros”.
Os historiadores costumam assinalar esse acontecimento como o fim do Império Romano e da Antigui-
dade Ocidental e o início da Idade Média.
Por sua vez, o Império Romano do Oriente, embora com transformações, sobreviveu até 1453, agora
Império Bizantino (um Estado unificado, que abrangia as regiões da Península Balcânica, da Ásia Menor e
do Egito), quando foi conquistado pelos turco-otomanos.

Fixando conceitos

01. Explique o que foi a pax romana e sua relação com as transformações ocorridas no sistema de produção de
Roma.
02. Que elementos ajudaram a explicar a crise do império?
03. Quem eram os "bárbaros" e qual foi sua participação no fim do Império Romano?

O legado cultural de Roma


Organização, praticidade e grandeza

Grandes conquistadores, os romanos entraram em contato com diversos povos, absorvendo e recriando
elementos de suas culturas, principalmente da grega.
Em sua expansão para o Oriente, os romanos conquistaram os reinos helenísticos que haviam resultado
da divisão do Império de Alexandre, incorporando, assim, o legado dos gregos.
A consequência disso foi a enorme influência que o helenismo exerceu sobre o desenvolvimento inte-
lectual de Roma. Essa influência evidencia-se na literatura, na oratória e nas artes latinas, por exemplo.
Por outro lado, eles também foram responsáveis por difundir por todo o império uma grande quanti-
dade das ideias e dos princípios que eles mesmos haviam incorporado, como foi o caso da religião cristã,
uma das três maiores religiões monoteístas até hoje.
Costuma-se destacar como característica dos romanos seu espírito prático e organizador. Isso se re-
velou não apenas nos conceitos sociais, administrativos e políticos que desenvolveram, mas também em
algumas de suas principais contribuições culturais, como veremos a seguir.

HISTÓRIA
O Direito romano

Uma das mais significativas contribuições da cultura romana


para os povos ocidentais está no campo do Direito, que ocupava
posição central no conjunto do saber romano. Ainda hoje, diver-
sos preceitos do direito romano constituem fonte de inspiração
para os juristas.
Muitas legislações foram criadas pelos romanos para regular
o comportamento social nos vastos domínios de Roma. Desde a
Lei das Doze Tábuas (século V a.C.) – o primeiro código romano
escrito –, a legislação romana transformou-se de um conjunto de
normas rígidas e severas, em conceitos jurídicos mais brandos.
O direito romano tornou-se tão abrangente que boa parte das Figura 18. Estátua da deusa da Justiça.
relações sociais era regida por normas jurídicas. O Direito foi uma grande influência romana para o Ocidente, sobretudo nos
contratos, como o casamento.
As leis escritas do direito romano foram compiladas por Justi-
niano, imperador bizantino, e deram origem ao Corpus Juris Civilis Fonte: https://upload.wikimedia.org
ou Código de justiniano.
Esse código inspirou a legislação e o direito moderno da maioria dos países do mundo ocidental. No
entanto, numa sociedade com tantas desigualdades como a de Roma Antiga, nem tudo o que o direito
estabelecia formalmente aplicava-se à vida cotidiana da maioria das pessoas. Uma pessoa comum, por
exemplo, pouco tinha a ganhar processando os poderosos.

A arte romana

Segundo a análise de muitos historiadores, a arte romana não buscava o belo em si (exceto no artesa-
nato de luxo), valorizava especialmente os aspectos técnicos, práticos e, por vezes, utilitários.
A arquitetura destaca-se na arte romana justamente porque buscava a convivência do útil com o belo.
Os romanos produziram uma arquitetura grandiosa e imponente, expressa nos mais variados tipos de
construção: teatros, basílicas, termas, aquedutos, circos, templos e palácios. Nessas construções, por seu
aspecto monumental, destacavam-se os arcos, as abóbadas e as cúpulas.
Roma notabilizou-se também pela construção de eficientes estradas e pontes, que foram fundamentais
para garantir a unidade do Império. Elas permitiam a rápida locomoção do exército e promoviam quase

SISTEMA DINAMUS DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 15


Antiguidade Ocidental
Capítulo 1: Roma Antiga

todo o intercâmbio comercial entre as diversas cidades.


Na escultura, destacaram-se os retratos (cabeça e busto) e as estátuas equestres (escultura de um
cavaleiro – geralmente figuras importantes da época – montado em seu cavalo). Os escultores romanos
preocupavam-se em conseguir a reprodução mais fiel possível da realidade, e não a idealização dos mo-
delos, como faziam os gregos.

Figura 19. Arco de Constantino.


Construído entre 324 e 325 d.C., em Roma, é um arco do triunfo localizado próximo ao Coliseu Flaviano. Foi
exigido para comemorar a vitória de Constantino na Batalha da Ponte Mílvia, em 312 d.C. A batalha (travada
Figura 20. Estátua da deus da Justiça.
entre as duas regiões do império) está representada na banda pouco esculpida sobre o lado direito do arco,
Talvez a única sobrevivente, a estátua equestre do imperador
na frente oposta ao Coliseu. O arco foi inaugurado oficialmente em 25 de julho de 315 d.C.
Marco Aurélio, preservada até hoje nos Museus Capitolinos, em
Roma, só não foi derretida por se pensar que era uma represen-
Fonte: https://upload.wikimedia.org
tação do imperador Constantino, o primeiro imperador católico.
Apoiada em três pés, a estátua do cavalo e seu cavaleiro, em
Na literatura, os escritores e pensadores romanos bronze, demonstra toda a maestria dos artistas romanos antigos.
manifestaram uma busca permanente pela beleza e
Fonte: https://upload.wikimedia.org
pela elegância.

Entre eles, destacam-se os poetas Virgílio (70-19 a.C.), autor do poema épico Eneida (inspirado na Ilí-
ada e na Odisseia); Horácio (65-8 a.C.), autor de Odes, Sátiras e Epístolas, considerado por muitos poetas,
a partir do Renascimento (séculos XIV - XVII), um modelo das virtudes clássicas do equilíbrio; Ovídio (43
a.C. -17 d.C.), autor de Arte de amar; o filósofo e brilhante orador Cícero (106-43 a.C.) e o historiador Tito
HISTÓRIA

Lívio (59-17 a.C.).


A produção literária desse período era escrita em latim, o idioma oficial do Império Romano. A literatura
latina, além de seu valor intrínseco, serviu também como veículo de transmissão da cultura grega para a
sociedade ocidental. O latim foi a língua-mãe da qual nasceram os idiomas neolatinos (italiano, francês,
espanhol, português e romeno).
A língua latina constitui uma das mais importantes permanências culturais da Roma Antiga entre os
povos ocidentais. Idioma original dos habitantes do Lácio, o latim difundiu-se na Antiguidade juntamente
com as conquistas romanas.
Durante toda a Idade Média e o Renascimento, o latim continuou sendo usado como língua culta, prin-
cipalmente nos meios acadêmicos e eclesiásticos (Igreja Católica), tendo sido considerado o idioma oficial
da Igreja Católica. Os idiomas derivados do latim também são conhecidos por línguas românicas.

_O mecenato

Não era apenas por meio da força que as classes dominantes queriam impor-se aos povos conquistados. Dese-
javam, também, ser vitoriosos no plano cultural. O anseio de Roma por projeção cultural foi bem compreendido por
Otávio Augusto, que, durante o seu governo, incentivou uma política de proteção a artistas e intelectuais. O objetivo
dessa política cultural era estimular a produção de obras que exaltassem a glória de Roma e de seu governo.
É nesse contexto que, durante o chamado Século de Augusto, encontramos ricos cidadãos, como o célebre Mece-
nas, que concediam proteção a diversos artistas e intelectuais. Os poetas Virgílio, Horácio, Ovídio e o historiador Tito
Lívio são exemplos de personalidades favorecidas por esse tipo de apoio. Do nome Mecenas originaram-se os termos
mecenas, usado para denominar a pessoa rica que patrocina as artes e as ciências, e mecenato, que designa essa
atividade de proteção.
FONTE: COTRIM, Gilberto. História Global – Brasil e Geral. Volume único. São Paulo: SARAIVA, 2008, p.102.

O cotidiano em Roma

O núcleo familiar era fundamental para os romanos. Dentro da família, o pai tinha o poder sobre os
membros da casa. Os jovens, quando atingiam 17 anos de idade, eram recebidos com festejos entre os cida-

16 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE SISTEMA DINAMUS DE ENSINO


Antiguidade Ocidental
Capítulo 1: Roma Antiga

dãos, mas continuavam sujeitos ao poder do pai até que este morresse. As donzelas saíam da família para
se casar. Dessa forma, livravam-se da tutela paterna, mas ficavam a mercê dos maridos.
A sociabilidade romana manifestava-se nas frequentes reuniões em praças, termas, templos e bibliote-
cas. A dança, entretanto, não era comum na sociedade romana, restringindo-se apenas aos ritos de guerra
e agrícolas. As termas, criação dos arquitetos romanos, eram locais onde, geralmente após o trabalho, se
reuniam milhares de homens para o hábito do banho diário.
O gosto pelos espetáculos também foi uma característica marcante dos costumes romanos. Com o pas-
sar do tempo, os interiores das salas de espetáculos foram tornando-se luxuosos, com o uso de pratarias,
cristais e candelabros, entre outros utilitários.
Com relação às vestimentas, destacou-se o uso das togas (uma vestimenta de origem etrusca). A toga
era a marca distintiva do cidadão romano, sendo proibido o seu uso aos estrangeiros e escravos. O luxo nas
roupas não era comum. Apenas nos mantos dos imperadores é que, às vezes, eram usados o ouro e a prata.
Quando algum patrício se utilizava desses metais, era tido como extravagante.

Fixando conceitos

01. Qual o papel desempenhado pela cultura grega no desenvolvimento da cultura romana?
02. Descreva sua opinião sobre o legado cultural deixado pelos romanos ao Ocidente.
03. Por que o Direito foi um dos mais significativos legados da cultura romana?
04. Explique como era o cotidiano da sociedade romana.

_A educação em Roma

A educação na Roma Antiga teve, sobretudo, um go, destinadas a dar uma formação gramatical e retó-
caráter prático, familiar e civil, sendo destinada a for- rica, ligada à língua grega. Só no século I a.C. é que
mar, em particular, o civis romanus (o cidadão romano), foi fundada uma escola de retórica latina, que reconhe-
superior aos outros povos pela consciência do direito cia total dignidade à literatura e à língua dos romanos.
como fundamento da própria “romanidade”. Os civis ro- Pouco tempo depois, o espírito prático, próprio da cul-
manus eram formados antes de tudo, porém, em famí- tura romana, levou a uma sistemática organização das
lia, pelo papel central do pai (e também da mãe – por escolas, divididas por graus e providas de instrumentos

HISTÓRIA
sua vez menos submissa e menos marginal na vida fa- didáticos específicos (manuais).
miliar em comparação com a Grécia Antiga). A mulher As escolas, dividas em três graus (elementares,
em Roma era valorizada como mater familias, reconhe- secundárias e de retórica) eram instaladas em locais
cida como sujeito educativo, que controlava a educa- alugados ou na casa dos ricos. Elas eram frequentadas
ção dos filhos, confiando-os a pedagogos e mestres. pelos filhos da aristocracia, que eram acompanhados
Diferente, entretanto, era o papel do pai, cuja auc- pelos pedagogus. Existiam também escolas para os
toritas, destinada a formar o futuro cidadão, era colo- grupos inferiores e subalternos, embora menos orga-
cada no centro da vida familiar e por ele exercida com nizadas e institucionalizadas. Eram escolas técnicas e
dureza, abarcando todos os aspectos da vida do filho profissionalizantes, ligadas aos ofícios e às práticas de
(desde a moral até os estudos, as letras, a vida social). aprendizado das diversas artes. As técnicas eram liga-
Para as mulheres, porém, a educação era voltada a pre- das, num primeiro momento, ao exército e à agricultura,
parar seu papel de esposa e mãe, mesmo se depois, depois ao artesanato, e por fim, ao artesanato de luxo.
gradativamente, ela fosse conquistando maior autono- Embora mais limitada em comparação à educação
mia na sociedade romana. O ideal romano da mulher, grega (eram escassas em Roma a gramática, a música
fiel e operosa, atribui a ela, assim, um papel familiar e e também a ciência e a filosofia), porém mais utilitária,
educativo. a formação escolar romana mantém bem no centro o
Foi a partir do século II a.C. que em Roma também princípio retórico e a tradição das artes liberais, resu-
se foram organizando escolas segundo o modelo gre- midas no valor atribuído à palavra.

Referências bibliográficas
ARÓSTEGUI, Júlio. A Pesquisa Histórica. São Paulo: Edusc, 2006.
COTRIM, Gilberto. História Global - Brasil e Geral. Volume único. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
COSTA e MELLO, Luís César Amad e Leonel Itaussu A. História Geral e do Brasil. Editora Scipione, São Paulo,
2008.
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LANGLOOIS, Ch. V. & SEIGNOBOS, Ch. Introdução aos estudos históricos. São Paulo: Editora Renascença,
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LE GOFF, Jacques. História e Memória. Campinas: Unicamp, 1990.

SISTEMA DINAMUS DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 17


Antiguidade Ocidental
Capítulo 1: Roma Antiga

Sessão ENEM

01. Para assegurar a ordem entre os conquistados, os Romano do Oriente.


romanos tinham que manter postos avançados e (E) Trata-se do contexto das invasões de povos bárba-
acampamentos militares espalhados pelo território ros, sendo uma das causas do final do Império Romano
imperial. Era preciso alimentar e armar os soldados do Ocidente.
onde estivessem.
(FUNARI, Pedro P. A. Grécia e Roma. São Paulo: Editora Contexto, 2001,
p. 91.)
03. "Todos os caminhos levam a Roma".

Sobre o exército romano, no período imperial, é correto


afirmar:

(A) Foi decisivo nas conquistas territoriais durante o pe-


ríodo republicano, perdendo seu prestígio durante o pe-
ríodo imperial.
(B) Permaneceu distante das atividades de manutenção
das fronteiras dos territórios.
(C) Deixou de exercer sua influência no governo após as
reformas de Augusto.
(D) Desempenhou diferentes papéis administrativos e
econômicos na manutenção do poder imperial.
(E) Era limitado em tamanho, o que refletiu num papel
político secundário.

02. Leia o trecho abaixo, escrito por Agostinho de Hipo- A frase e o mapa fazem referência a uma característica
na (354-430) em 410, sobre a devastação de Roma:
marcante do Império Romano (30 a.C. a 476 d.C.). Assina-
le a alternativa que apresenta essa característica:
Não, irmãos, não nego o que ocorreu em Roma. Coisas
horríveis nos são anunciadas: devastação, incêndios,
(A) A grande extensão territorial do Império impediu a
rapinas, mortes e tormentos de homens. É verdade. Ou-
construção de qualquer sistema de ligação entre a capi-
vimos muitos relatos, gememos e muito choramos por
tal e a periferia, fazendo com que somente a cidade de
tudo isso, não podemos consolarnos ante tantas desgra-
Roma dispusesse de estradas pavimentadas para a cir-
ças que se abateram sobre a cidade.
(Santo Agostinho. Sermão sobre a devastação de Roma. Tradução de culação de pessoas e bigas.
Jean Lauand. Disponível em: . Acesso em 11 de agosto de 2018.) (B) Em seu processo de expansão, o Império Romano
HISTÓRIA

fundou colônias nos cinco continentes e estabeleceu ór-


Considerando os conhecimentos sobre a história do Im- gãos administrativos que, em escala reduzida, reprodu-
pério Romano (27 a.C. – 476 d.C.) e as informações do ziam a administração central e davam aos habitantes de
trecho acima, assinale a alternativa que situa o contexto todas as partes a sensação de viver na própria capital, a
histórico em que ocorreram os problemas relatados so- cidade de Roma.
bre Roma e a sua consequência para o Império, entre os (C) Diferentes pontos do Império Romano estavam liga-
séculos IV e V. dos à capital, a cidade de Roma, e entre si por milha-
res de quilômetros de estradas pavimentadas por onde
(A) Trata-se do contexto das invasões dos povos visigo- circulavam, principalmente, os mensageiros do Império.
dos, sendo uma das causas do final do Império Romano (D) O processo de desintegração do Império Romano le-
do Oriente. vou à construção de estradas que tinham o objetivo de
(B) Trata-se do contexto dos saques de povos vândalos, facilitar a fuga dos habitantes da cidade de Roma, ater-
sendo uma das causas do final do Sacro Império Roma- rorizados pela violência praticada pelos povos germâni-
no-Germânico. cos, que saquearam a cidade.
(C) Trata-se do contexto das pilhagens de povos ostro- (E) Devido à grande influência do catolicismo na for-
godos, sendo uma das causas do final do Império Bizan- mação do Império Romano, os habitantes da capital, a
tino. cidade Roma, financiaram a pavimentação de milhares
(D) Trata-se do contexto das incorporações de povos vi- de quilômetros de estradas que eram utilizadas para a
kings, sendo uma das causas do final do Sacro Império peregrinação à Terra Santa.

18 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE SISTEMA DINAMUS DE ENSINO


Antiguidade Ocidental
Capítulo 1: Roma Antiga

Praticando

01. O Mar Mediterrâneo foi, desde o início da História plo, o cargo Tribuno da Plebe.
que conhecemos, uma região de intenso comércio, (D) No período inicial de formação da república, os pa-
de intensas trocas de bens, experiências, invenções trícios foram expulsos do senado pelos militares vito-
e ideias. Estava ligado pelos navios e pelas carava- riosos de suas conquistas na África.
nas ao resto da Europa e à Ásia. Recebia novidades (E) No período da república, a paz vigorou para os ro-
tanto das ilhas Britânicas quanto da China. O que manos, eliminando, com isso, a profissionalização do
se inventava numa terra distante não demorava a exército e tornando-o provisório.
chegar ali.
(Alberto da Costa e Silva. A África explicada aos meus filhos, 2008.) 04. À morte de Carlos Magno, as instituições centrais do feu-
dalismo já se encontravam presentes, sob o dossel de um
A partir do texto, é possível afirmar que o Mar Mediter- império centralizado pseudo-romano. De fato, em breve
râneo se tornou claro que a rápida generalização dos benefícios
e sua crescente hereditariedade tendiam a minar todo o
(A) foi o epicentro da hegemonia marítima britânica, pesado aparelho de Estado carolíngio, cuja ambiciosa ex-
que se afirmou ainda na Antiguidade e alcançou seu pansão nunca correspondera às suas reais capacidades
de integração administrativa, dado o nível extremamen-
auge após a conquista da América.
te baixo das forças de produção nos séculos VIII e IX. A
(B) concentrou as principais atividades comerciais do
unidade interna do Império não tardou a ruir, no meio de
mundo, desde a Antiguidade até os dias de hoje, e gerou guerras civis de sucessão e de uma crescente regionali-
a noção de globalização. zação da classe aristocrática que a mantinha. [...]. Ataques
(C) representou, por muitos séculos, um ponto de en- externos selvagens e inesperados, surgidos de todos os
contro e integração econômica e cultural, articulando pontos cardeais, da terra e do mar, de vikings, sarracenos
áreas e facilitando a expansão comercial. e magiares, pulverizou todo o sistema para-imperial de
(D) permitiu a constituição de um equilíbrio entre os governação dos condes que ainda subsistia.
continentes africano, asiático e europeu, no período que Fonte: ANDERSON, P. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo. Porto: Afrontamen-
to, 1982. p. 156.
antecedeu a colonização da África.
(E) significou mais claramente um importante espaço
Sobre os fatores presentes na transição da Antiguidade
de conflito e disputa comercial do que de trocas políti-
ao feudalismo na Europa Ocidental, estão CORRETAS as
cas e culturais.
seguintes alternativas que indicam características desse
período.
02. Ao abrigo do teto, sua jornada de fé começava na
sala de jantar. Na pequena célula cristã, divi-
I - Decadência econômica e estagnação técnica do Im-
dia-se a refeição e durante elas os crentes conver-
pério Romano.
savam, rezavam e liam cartas de correligionários
II - Incapacidade administrativa dos Estados nacionais

HISTÓRIA
residentes em locais diferentes do Império Roma-
(como França, Alemanha e Itália) em fazer frente às in-
no (século II da Era Cristã). Esse ambiente garantia
vasões bárbaras.
peculiar apoio emocional às experiências inten-
III - Crescente influência da Igreja Católica sobre os se-
samente individuais que abrigava.
SENNET, R. Carne e pedra. Rio de Janeiro: Record, 2008.
nhores locais.
IV - Progressivo papel desempenhado pela servidão nas
Um motivo que explica a ambientação da prática des- relações econômicas e sociais.
crita no texto encontra-se no(a) V - Afastamento da nobreza das antigas cidades roma-
nas e sua fixação nas áreas rurais.
(A) A regra judaica, que pregava a superioridade espiri-
tual dos cultos das sinagogas. (A) I e II. (B) II, IV e V. (C) IV e V.
(B) moralismo da legislação, que dificultava as reuniões (D) I, II, III, IV e V. (E) I, III, IV e V.
abertas da juventude livre.
(C) adesão do patriciado, que subvertia o conceito 05. Otávio tornou-se o primeiro imperador no perío-
original dos valores estrangeiros. do do alto império romano e a Pax romana impôs
(D) decisão política, que censurava as manifestações militarmente seu domínio hegemônico no cotidia-
públicas da doutrina dissidente. no de diferentes povos da região norte da África e
(E) violência senhorial, que impunha a desestruturação de grande parte da Europa. Com base nos conheci-
forçada das famílias escravas. mentos sobre o Império Romano sob o governo de
Otávio, considere as afirmativas a seguir.
03. A organização política do Estado Romano no pe-
ríodo de 510 a.C. a 27 a.C. ocorreu sob a forma de I. Quando Otávio se tornou o primeiro romano a congre-
república. Sobre esse tema da história antiga, assi- gar o título de Augusto, implantou-se o culto ao gover-
nale a alternativa correta. nante, diferentemente dos dirigentes anteriores.
II. Otávio buscou interferir no cotidiano dos romanos ao
(A) Os plebeus, pequenos proprietários de terras, enri- incentivar a constituição de famílias numerosas e impor
queceram-se com o trabalho de seus escravos e parti- punição às mulheres adúlteras.
ciparam do congresso romano. III. Sob seu governo, estabeleceu-se uma diferença dos
(B) O órgão público mais importante na república foi governos anteriores pelo sistema de coleta de impostos,
a assembleia curial, em que se realizava a gestão das pois o Estado assumiu o papel que era dos publicanos.
tropas do exército. IV. A organização social dos romanos distribuído em or-
(C) No decorrer do funcionamento da república, os ple- dens sociais foi revisada e implantou-se a hereditarie-
beus realizaram algumas conquistas como, por exem- dade como critério privilegiado da diferenciação.

SISTEMA DINAMUS DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 19


Antiguidade Ocidental
Capítulo 1: Roma Antiga

Praticando

Assinale a alternativa que contem a(s) assertiva(s) cor- pelos godos, sármatas, quedos, alanos (...); depor-
reta(s): tam e pilham tudo. Quantas senhoras, quantas vir-
gens consagradas a Deus, quantos homens livres e
(A) I e II. (B) I e IV. (C) III e IV. nobres ficaram na mão dessas bestas! Os bispos são
(D) I, II e III. (E) II, III e IV. capturados, os padres assassinados, todo tipo de
religioso perseguido; as igrejas são demolidas, os
06. Esse é um fragmento de uma obra produzida no sé- cavalos pastam junto aos antigos altares de Cristo
culo I a.C. (…).”
(São Jerônimo, Cartas apud Pedro Paulo Abreu Funari, Roma: vida
pública e vida privada. 2000).
“Os romanos apossavam-se de escravos através de pro-
cedimentos extremamente legítimos: ou compravam do
O excerto, de 396, remete a um contexto da história ro-
Estado aqueles que fossem vendidos “debaixo de lança”
mana marcado pela
como parte do botim; ou um general poderia permitir
àqueles que fizessem prisioneiros de guerra conservá-
(A) combinação da cultura romana com o cristianismo,
-los, juntamente com o resto do produto do saque”.
Dionísio de Halicarnasso. História Antiga dos Romanos, IV, 24. - Citado além da desorganização do Estado Romano, em meio às
em CARDOSO, C. Trabalho compulsório na Antiguidade. Rio de Janeiro: invasões germânicas e de outros povos.
Graal, 2003. p. 141. (B) reorientação radical da economia, porque houve o
abandono da relação com os mercados mediterrâneos e
Em relação à escravidão na Roma antiga, assinale a al-
o início de contato com o norte da Europa.
ternativa CORRETA:
(C) expulsão dos povos invasores de origem não ger-
mânica, seguida da reintrodução dos organismos repre-
(A) Os escravos possuíam entre si uma forte identidade
sentativos da República Romana.
étnica e cultural, pois apresentavam uma origem terri-
(D) crescente restrição à atuação da Igreja nas regiões
torial africana única.
fronteiriças do Império, porque o governo romano acu-
(B) O número de escravos diminuiu fortemente com o
sava os cristãos de aliança com os invasores.
processo expansionista, pois havia a prática de libertá-
(E) retomada do paganismo e o consequente retorno da
-los em massa para que se tornassem soldados.
perseguição aos cristãos, responsabilizados pela grave
(C) A utilização da mão de obra escrava dos derrotados
crise política do Império Romano.
de guerra foi ampliada com o término da prática de es-
cravizar indivíduos livres por dívidas.
(D) Revoltas de escravos durante a crise republicana,
09. A Lei das Doze Tábuas, de meados do século V a.C.,
fixou por escrito um velho direito costumeiro. No re-
como a liderada por Espártaco, se caracterizaram por
lativo às dívidas não pagas, o código permitia, em
serem movimentos urbanos limitados à cidade de Roma.
última análise, matar o devedor; ou vendê-lo como
HISTÓRIA

(E) A escravidão foi abolida em definitivo pelo Édito Má-


escravo “do outro lado do Tibre” – isto é, fora do
ximo do imperador Otávio Augusto no contexto em que
território de Roma. A referida lei foi um marco na
o Cristianismo tornou-se a religião oficial.
luta por direitos na Roma Antiga, pois possibilitou
que os plebeus
07. Pois quem seria tão inútil ou indolente a ponto de
não desejar saber como e sob que espécie de cons-
(A) modificassem a estrutura agrária assentada no la-
tituição os romanos conseguiram em menos de cin-
tifúndio.
quenta e três anos submeter quase todo o mundo
(B) exercessem a prática da escravidão sobre seus de-
habitado ao seu governo exclusivo – fato nunca an-
vedores.
tes ocorrido? Ou, em outras palavras, quem seria
(C) conquistassem a possibilidade de casamento com os
tão apaixonadamente devotado a outros espetácu-
patrícios.
los ou estudos a ponto de considerar qualquer ou-
(D) ampliassem a participação política nos cargos po-
tro objetivo mais importante que a aquisição desse
líticos públicos.
conhecimento?
POLÍBIO. História. Brasília: Editora UnB, 1985. (E) reivindicassem as mudanças sociais com base no
conhecimento das leis.
A experiência a que se refere o historiador Políbio, nesse
texto escrito no século II a.C., é a 10. Segundo o historiador Marvin Perry, a partir de 27
a.C. “a brilhante habilidade política de Otávio Au-
(A) ampliação do contingente de camponeses livres. gusto deu início à maior era romana. Nos duzentos
(B) consolidação do poder das falanges hoplitas. anos seguintes o mundo mediterrâneo desfrutou as
(C) concretização do desígnio imperialista. bênçãos da”:
PERRY, Marvin. Civilização Ocidental.
(D) adoção do monoteísmo cristão. São Paulo: Martins Fontes, 2002, p. 104.
(E) libertação do domínio etrusco.
(A) ação política do Triunvirato que elegeu três gover-
08. “Não descreverei catástrofes pessoais de alguns nantes para o Império.
dias infelizes, mas a destruição de toda a huma- (B) riqueza do Império Romano viabilizada por meio de
nidade, pois é com horror que meu espírito segue guerras e conquistas.
o quadro das ruínas da nossa época. Há vinte e (C) Pax Romana que gerou um longo período de paz.
poucos anos que, entre Constantinopla e os Alpes (D) reforma agrária promovida pelos irmãos Tibério e
Julianos, o sangue romano vem sendo diariamente Caio Graco.
vertido. A Cítia, Trácia, Macedônia, Tessália, Dardâ- (E) aprovação do Édito de Milão que colocou fim as per-
nia, Dácia, Épiro, Dalmácia, Panônia são devastadas seguições aos cristãos.

20 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE SISTEMA DINAMUS DE ENSINO


Antiguidade Ocidental
Capítulo 1: Roma Antiga

Praticando

11. O Império Romano, em crise profunda desde o sé- III. Durante o período, um grande número de estrangei-
culo III, foi desmembrado, em 395, pelo Imperador ros, particularmente os germanos, passou a ser admi-
Teodósio. A parte ocidental manteve Roma como tido no exército romano, alguns dos quais chegando ao
capital, enquanto do lado oriental, a cidade de oficialato profissional e compondo uma nova aristocra-
Constantinopla se tornou sede de governo. A par- cia provincial.
tir de então, houve dois imperadores, um em cada
centro de poder. No entanto, enquanto Roma se Está/Estão correta(s) a(s) afirmativa(s)
enfraquecia cada vez mais, Constantinopla prospe-
rava tanto nas atividades econômicas quanto nas (A) I. (B) II. (C) I e III. (D) II e III. (E) I, II e III.
culturais. Uma das obras mais significativas de Jus-
tiniano (527-565), imperador bizantino, deu-se no 15. Para a historiadora Corassin, “a antiguidade clássica
campo jurídico com a revisão e compilação das leis conheceu inúmeras cidades-Estados, mas Roma se
romanas, que recebeu o nome de: destaca entre elas: conquistou o mundo [...]. O mun-
do romano se apresentava extremamente comple-
(A) Lei Imperial. (B) Decretos Imperiais. xo e variado, interligado por uma rede de estradas,
(C) Direito Consuetudinário. (D) Direito Canônico. com uma moeda comum aceita em toda área me-
(E) Corpus Juris Civilis. diterrânica. Embora fosse formado por um mosai-
co de culturas, criou o inconfundível “estilo de vida
12. A República Romana, a princípio, per¬mitia direitos romano” [...]”.
políticos apenas aos patrícios – a aristocracia de
nascimento formada pelos grandes proprietários de Com relação ao antigo Império Romano citado pela au-
terras e escravos. Os séculos iniciais da República tora e a forma de governo que os romanos praticaram
foram um período de acirradas lutas de classes em ao longo de sua história política, é correto o que se afir-
que as revoltas da plebe permitiram aos plebeus a ma em:
obtenção de alguns direitos. Nesse contexto, assi-
nale a alternativa que apresente o que determinava I. Realeza ou monarquia.
a Lei Canuleia: II. República.
III. Triunvirato e Império.
(A) a criação do Tribunato da Plebe; IV. Império.
(B) o direito dos plebeus ocuparem o Consulado; V. Ditadura e teocracia.
(C) o fim da escravidão por dívidas; VI. Triunvirato.
(D) o casamento misto, isto é, entre patrícios e plebeus;
(E) a igualdade religiosa, ou seja, o acesso dos plebeus (A) II e III. (B) I e V. (C) I e IV.

HISTÓRIA
aos colégios sacerdotais. (D) I, II e IV. (E) II, V e IV.

13. Os impérios do mundo antigo tinham ampla abran- 16. “Consideremos o significado da palavra república.
gência territorial e estruturas politicamente com- Ela vem do latim res publica, que quer dizer ‘coi-
plexas, o que implicava custos crescentes de sa de todos’. Denomina, portanto, uma forma de
administração. No caso do Império Romano da An- governo em que o Estado e o poder pertencem ao
tiguidade, são exemplos desses custos: povo. No entanto, o que se observou na fase inicial
da república romana foi a instalação de uma orga-
(A) as expropriações de terras dos patrícios e a geração nização política dominada apenas pelos patrícios.
de empregos para os plebeus. Não houve a distribuição do poder entre todos, pois
(B) os investimentos na melhoria dos serviços de assis- a maioria da população, os plebeus, não tinha, ini-
tência e da previdência social. cialmente, o direito de participar das decisões polí-
(C) as reduções de impostos, que tinham a finalidade de ticas. Isso gerou grandes conflitos.”
evitar revoltas provinciais e rebeliões populares.
(D) os gastos cotidianos das famílias pobres com ali- Por conta da situação anteriormente mencionada, os
mentação, moradia, educação e saúde. plebeus iniciaram uma longa luta em busca dos seus
(E) as despesas militares, a realização de obras públicas direitos, sobre a qual é incorreto afirmar-se que
e a manutenção de estradas.
(A) a “Lei das XII Tábuas”, ainda que favorecesse os pa-
14. Considere as afirmativas sobre as reformas no Im- trícios, serviu para dar clareza às normas e aos costu-
pério Romano promovidas por Diocleciano e seus mes.
sucessores, no século III d.C. (B) a “Lei Canuleia” autorizava o casamento entre patrí-
cios e plebeus.
I. As reformas visavam enfrentar a grave crise econô- (C) o “Comício da Plebe” deu aos patrícios o direito de
mica e política por que passava o Império, reforçando a decidirem pelos plebeus assuntos relativos aos interes-
autoridade imperial e reestruturando o Estado por meio ses de ambos.
da incorporação de concepções orientais às instituições (D) a “Eleição de Magistrados” deu aos plebeus a con-
romanas. dição de ascenderem, aos poucos, aos principais cargos
II. No período de Diocleciano, os exércitos imperiais fo- públicos.
ram drasticamente reduzidos, restando a metade do nú- (E) a proibição da escravização por dívidas fez com que
mero anterior de legiões, com o intuito de reforçar o nenhum romano fosse mais escravizado por conta de
poder civil, concentrado na classe senatorial. dívidas existentes.

SISTEMA DINAMUS DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 21


Antiguidade Ocidental
Capítulo 1: Roma Antiga

Praticando

17. Nos poemas indianistas, o heroísmo dos indígenas em (B) De acordo com o texto acima, é possível afirmar que,
nenhum momento é utilizado como crítica à colonização tal como Atenas, Roma vivia uma democracia direta.
europeia, da qual a elite era a herdeira. Ao contrário, pela (C) Em que pese o predomínio do direito constitucional,
resistência ou pela colaboração, os indígenas do passado todas as decisões tinham fundamento religioso.
colonial, do ponto de vista dos nossos literatos, valoriza- (D) Todos os povos conquistados por Roma obtinham, de
vam a colonização e deviam servir de inspiração moral
imediato, direito de cidadania e poderiam interferir nas
à elite brasileira. (...) Já o africano escravizado demorou
decisões políticas.
para aparecer como protagonista na literatura romântica.
Na segunda metade do século XIX, Castro Alves, na poe- (E) Uma das grandes contribuições prestadas pelo Di-
sia, e Bernardo Guimarães, na prosa, destacaram em obras reito Romano foi a defesa do sufrágio universal.
suas o tema da escravidão.
(Adaptado de: NAPOLITANO, Marcos e VILLAÇA, Mariana. História para o ensino 20. Após o período das guerras civis que marcaram o
médio. São Paulo: Atual Editora, 2013, p. 436-37)
final da República na Roma Antiga, o principado de
A escravidão, com características diferenciadas, também exis- Otávio Augusto inaugurou o período imperial com
tiu na Roma Antiga, onde, a partir do século IV a.C., houve a uma série de reformas administrativas, políticas e
militares. Dentre tais reformas, NÃO é correto apon-
(A) repulsa dos cidadãos romanos a escravos que não fossem tar
de cor branca ou de regiões diferentes da Europa, uma vez que
outras raças eram consideradas bárbaras e não confiáveis. (A) a profissionalização do exército, com a liberação dos
(B) ocorrência de grandes revoltas bem sucedidas, integradas camponeses do serviço militar.
por escravos fugidos e ex-escravos, a exemplo da liderada pelo (B) a nomeação de funcionários remunerados para os
gladiador Espártaco. cargos do sistema fiscal nas províncias.
(C) concentração de escravos nas colônias, uma vez que na ca- (C) a extinção das principais instituições republicanas,
pital, após a instituição do Direito Romano, passaram a vigorar
como o Senado e o Tribunato da Plebe.
restrições a essa prática.
(D) a abertura do acesso às magistraturas para mem-
(D) intensificação dos casos em que um plebeu se tornava es-
cravo pelo não pagamento de suas dívidas e impostos, apesar
bros de famílias provincianas.
deste segmento social possuir alguns direitos políticos. (E) a criação das províncias sob administração imperial
(E) presença crescente de escravos provenientes do aprisiona- nas fronteiras não pacificadas do império.
mento em guerras de conquista, em virtude da expansão ter-
ritorial. 21. Conquistas territoriais romanas do período repu-
blicano trouxeram, como consequência, uma forte
18. “Cada vez mais conscientes de seus direitos, os ple- tensão social. Como tentativa de superação dessa
beus solicitaram ter por escrito as leis que regula- crise, os irmãos Tibério e Caio Graco propuseram:
vam os conflitos entre as pessoas. Até então existia
HISTÓRIA

o costume como lei, que era conhecida e interpre- (A) O Édito Máximo, que estabelecia um controle sobre
tada somente pelos patrícios. Nas leis escritas viam o preço dos alimentos.
os plebeus, e com razão, a única garantia para a se- (B) A criação do cargo de tribuno da plebe com poder
gurança e a estabilidade. Assim foi elaborado este de veto sobre as decisões do senado.
primeiro código legal escrito.” (C) A reforma agrária como forma de satisfazer as ne-
cessidades da plebe empobrecida.
Grande parcela da sociedade romana, durante a Repú- (D) A anexação dos territórios localizados ao norte de
blica, era constituída pelos plebeus, que viviam margi- Roma, que estavam sob o poder dos povos bárbaros.
nalizados politicamente. A marginalização e o descon- (E) A descolonização das regiões incorporadas ao Es-
tentamento levaram às lutas de classe em Roma. Assim tado romano.
o texto deve ser relacionado com:
22. Com efeito, até a destruição de Cartago, o povo e o
(A) o Corpus Juris Civilis. (B) a Lei das XII Tábuas. Senado romano governavam a República em har-
(C) a Lei Frumentária. (D) o Edito do Máximo. monia e sem paixão, e não havia entre os cidadãos
(E) o Edito de Tessalônica. luta por glória ou dominação; o medo do inimigo
mantinha a cidade no cumprimento do dever. Mas,
19. Roma no período da República era dirigida por um assim que o medo desapareceu dos espíritos, in-
grupo de famílias nobres, mas o povo, teoricamen- troduziram-se os males pelos quais a prosperidade
te, dispunha de grande poder; as assembleias popu- tem predileção, isto é, a libertinagem e o orgulho.
SALUSTIO A conjuração de Catilina/A guerra de Jugurta. Petrópolis:
lares elegiam magistrados, votavam leis e julgavam
Vozes. 1990 (adaptado).
os casos judiciários mais importantes. Mas era uma
sociedade com distinções legais de status, basea-
O acontecimento histórico mencionado no texto de
das na qualificação censitária do cidadão. Ele era
Salústio, datado de I a.C., manteve correspondência com
um soldado, um contribuinte que pagava impostos
o processo de
e um eleitor, com privilégios e encargos de acordo
com seu status pessoal.
(A) demarcação de terras públicas.
(B) imposição da escravidão por dívidas.
Com base nessa citação e em seus conhecimentos, assi-
(C) restrição da cidadania por parentesco.
nale a alternativa CORRETA.
(D) restauração de instituições ancestrais.
(A) Embora os setores populares pudessem eleger seus (E) expansão das fronteiras extrapeninsulares.
representantes, a sociedade romana era hierarquizada
com base no status e na renda.

22 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE SISTEMA DINAMUS DE ENSINO


2 Europa:
o Velho Mundo

Idade Média pra quem?


Assim como é errada a ideia de que entre 476 e 1453 o mundo ficou coberto
por um manto de trevas culturais (até o início do século XX, a medievalidade
era considerada um período de "atraso"), também é distorcida a ideia de que o
mundo inteiro teria passado pelos mesmos acontecimentos ocorridos na Europa.
É preciso lembrar que a Idade Média é uma periodização que está circunscrita ao
continente europeu, e não a toda a humanidade. Se mudarmos o ponto de vista,
poderemos dizer que, durante a Idade Média, a Europa era apenas a “periferia”
do mundo muçulmano: tinha uma população relativamente pequena e estava
cada vez mais isolada das principais rotas de comércio, que passavam pelo Me-
diterrâneo oriental.
No mundo muçulmano, a Matemática e a Astronomia eram bem mais desenvolvi-
das que na Europa, e foi a esses conhecimentos que os europeus recorreram, no
final da Idade Média, para realizar as navegações pelo Atlântico.
Na América, por sua vez, também floresciam civilizações que, posteriormente
(século XVI), impressionariam os conquistadores europeus pela grandiosidade
de suas cidades e arquitetura, como a capital dos astecas, Tenochtitlán, atual
Cidade do México.
É essencial compreender, portanto, que a Idade Média é um período com algu-
mas características homogêneas e que se refere à Europa. Não é uma periodiza-
ção a ser aplicada a outras regiões do mundo, embora alguns conceitos – como
o de feudalismo, que veremos adiante – possam ser utilizados para analisar cir-
cunstâncias históricas parecidas em outros lugares.
Ainda assim, o estudo da Idade Média é muito importante para nós, pois a heran-
ça europeia tem um papel significativo na formação da sociedade brasileira. Em
outras palavras, as heranças medievais da Europa são importantes para compre-
endermos a nós mesmos.
O historiador francês Jacques Le Goff afirma que é nesse período que se origi-
nam elementos importantes da atualidade, como a matriz de nossas atuais redes
urbanas, o sistema de ensino, incluindo o sistema universitário, e até mesmo
formas de comportamento, “a maneira de nos enamorarmos” e de constituirmos
família. Para outro historiador, o brasileiro Hilário Franco Jr., a Idade Média tam-
bém pode ser compreendida como o período de nascimento do Ocidente.

Lei nº 9.610/98.
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Sumário
A formação da Europa_03
A queda de Roma_03
O sistema feudal_05
As Cruzadas_08
Renascimento urbano e comercial_12
O Império Bizantino, o islã e o mundo_15
Referências bibliográficas_20

Hist. _Contexto

01. A partir da leitura inicial, é correto afirmar que o a expressão Idade Média
(A) representa adequadamente o período em que o mundo ficou coberto por um manto de trevas cul-
turais.
(B) é homogênea em sua aplicação, visto que, em qualquer parte do mundo, seja na Europa, na Oceania
ou n a Ásia, a humanidade experienciou os mesmos eventos.
(C) é utilizada para delimitar uma periodização que está circunscrita ao continente europeu, e não a
toda a humanidade.
(D) pela perspectiva do historiador brasileiro Hilário Franco Jr., é utilizada para definir o período de
nascimento do Oriente.
(E) não deve ser aplicada apenas à Europa, pois alguns conceitos – como o de feudalismo – são even-
tos/circunstâncias históricas de ocorrência idêntica em outros lugares.

02. Se numa conversa com homens medievais utilizássemos a expressão “Idade Média”, eles não te-
riam ideia do que estaríamos falando. Como todos os homens de todos os períodos históricos, eles
viam-se na época contemporânea. De fato, falarmos em Idade Antiga ou Média representa uma
rotulação a posteriori, uma satisfação da necessidade de se dar nome aos momentos passados.
No caso do que chamamos de Idade Média, foi o século XVI que elaborou tal conceito. Ou melhor,
tal preconceito, pois o termo expressava um desprezo indisfarçado em relação aos séculos loca-
lizados entre a Antiguidade Clássica e o próprio século XVI. Este se via como o renascimento da
civilização greco-latina, e portanto tudo que estivera entre aqueles picos de criatividade artístico-
-literária (de seu próprio ponto de vista, é claro) não passara de um hiato, de um intervalo. Logo,
de um tempo intermediário, de uma idade média.
(Hilário Franco Junior. A Idade Média: Nascimento do Ocidente, p. 9)

O “desprezo indisfarçado” de que fala o texto acabou dando origem a uma visão retrospectiva da Eu-
ropa medieval como a “idade das trevas”. Essa visão, originada no mundo moderno,

(A) estava baseada nas práticas bastante disseminadas à época de feitiçaria e bruxaria, marcas da
sociedade medieval, enquanto entre as autoridades da Igreja predominava o analfabetismo.
(B) contraria a ideia de que o conceito de “feudalismo” confere uma lógica ao desenvolvimento histó-
rico da Europa, fazendo-se necessária a superação do atraso feudal para o desenvolvimento europeu.
(C) teve pouca repercussão, e o olhar que predomina hoje no senso comum ressalta a Idade Média
como o período em que se formaram os contornos políticos e culturais do continente europeu.
(D) tem como referência o obscurantismo religioso, a ausência de universidades e a falta de leituras até
mesmo no interior da Igreja Católica, características marcantes do período medieval.
(E) esteve condicionada por uma perspectiva racionalista, num momento em que ser humanista signi-
ficava colocar em questão os pressupostos teocêntricos defendidos pela Igreja.
Construção social e política da Europa
Capítulo 2: Europa: a construção social, religiosa e política

Europa: o Velho Mundo


A formação da Europa
Introdução

A história da Europa descreve a passagem no tempo des-


de os primeiros humanos que habitaram o continente (data-
dos de 1,8 milhões de anos atrás) até a atualidade. O relato
mais antigo feito sobre o continente está contido na Ilíada,
do poeta grego antigo Homero, que data de 700 a.C.
Evidências de assentamentos permanentes datam do sé-
timo milênio antes de Cristo, na região das atuais Bulgária,
Romênia e Grécia.
O período neolítico da história humana (retome o assunto
no módulo da primeira unidade) chegou na Europa Central
no sexto milênio a.C. e em partes da Europa Setentrional no
quinto e quarto milênios a.C.
A civilização Tripiliana (5 508-2 750 a.C.) foi a primeira
grande civilização da Europa e uma das primeiras do mundo,
Figura 1. Imagem de satélite do continente europeu.
localizada na atual Ucrânia e também em partes das atuais Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Europa#/media/Ficheiro:Europe.jpg
Moldávia e Romênia. Esta civilização foi provavelmente mais
antiga que os sumérios no Oriente Próximo (retome o assun-
to no módulo da segunda unidade), e tinha cidades com até
15.000 habitantes, que cobriam 450 hectares.
No período conhecido como Idade do Cobre (o calcolítico), mudanças importantes ocorreram na re-
gião. O fato mais relevante foi a infiltração e invasão de imensas partes do território por povos originários
da Ásia Central, considerado pelos principais historiadores como sendo os originais indo-europeus (povos
originários das estepes da Ásia central ou dos planaltos iranianos – também chamados arianos).
Outro fenômeno foi a expansão do Megalitismo (edificações com grandes blocos de pedra, também co-
nhecidos como megalitos) e o aparecimento das primeiras monarquias conhecidas da região dos Bálcãs.
A primeira civilização bem conhecida da Europa foi as dos Minoicos da ilha de Creta e depois os Mice-
nas em adjacentes partes da Grécia, no começo do segundo milênio a.C.
Conforme estudamos no capítulo 1 desta unidade (Roma Antiga), após a hegemonia grega, os romanos
cresceram, se desenvolveram e dominaram grande parte da região hoje correspondente ao continente

HISTÓRIA
europeu (e outros territórios) desde a Monarquia (a partir de 753 a.C.) até a queda do Império Romano do
Ocidente (em 476 d.C.).
Ainda na Antiguidade o cristianismo foi adotado como religião estatal (no século IV) em todo o império
romano. Confrontado com migrações bárbaras, o império foi dividido entre Leste e Oeste e a Idade Média
se instalou no coração da Europa Ocidental.
É sobre este período (medieval) que se debruçará detidamente o nosso estudo.

A queda de Roma
Origens de um novo tempo

Por volta do ano 400, escritores latinos ainda dedicavam elogios à grandeza de Roma; entretanto, os
sinais de desgaste da sociedade romana já eram visíveis. As diversas crises e os seguidos ataques dos po-
vos germânicos (habitantes da Germânia, território a leste do Rio Reno e ao norte do Rio Danúbio, como
francos, burgúndios, alamanos, vândalos, visigodos e ostrogodos) vinham minando o Império Romano
desde o século IV.

A partir do século III, o Império Romano entrou


num longo período de crise, sobretudo por causa dos
elevados gastos públicos que a estrutura administra-
tiva e militar para um império tão vasto exigia. Para
custear esses gastos, a carga tributária foi ampliada
ao longo do tempo, tornando-se pesada diante do
enfraquecimento da economia romana - que se res-
sentia, por exemplo, da falta de reposição da mão de
obra escrava (que em parte era substituída por novas
relações de trabalho).
Para agravar ainda mais a crise, os romanos tive-
ram de enfrentar, em suas fronteiras, a pressão militar
dos povos que eles chamavam de “bárbaros” (os visi-
godos, ostrogodos, alamanos, entre outros), ou seja,
povos que viviam fora do território do império e não
falavam sua língua. Muitos desses “bárbaros” tinham Figura 2. Sarcófago decorado com cena de batalha entre romanos e germânicos.
Fonte: https://www.wikiwand.com/pt/Escultura_da_Roma_Antiga

SISTEMA DINAMUS DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 3


Construção social e política da Europa
Capítulo 2: Europa: a construção social, religiosa e política

sido incorporados ao exército romano como mercenários. Assim, boa parte do exército romano era com-
posta de soldados dos próprios povos que eles combatiam.
A crise afetava, sobretudo, a porção ocidental do império (dividido em 395, após a morte do imperador
Teodósio, em Império Romano do Ocidente e Império Romano do Oriente, tendo Honório recebido a Roma
ocidental, e Arcádio, a Roma oriental).
Percebendo que a parte ocidental do império estava sofrendo maiores danos, em 330 o imperador
Constantino decidiu mudar a capital do império para sua porção oriental. Com esse objetivo, remodelou a
antiga cidade de Bizâncio e fundou Constantinopla.
O Império Romano do Ocidente, então, não teve forças suficientes para resistir aos sucessivos saques e
ataques dos povos “bárbaros”, que se prolongaram por quase dois séculos.
Enfraquecido pelas divisões internas, pela indisciplina no exército e pela miséria da população, o Im-
pério Romano do Ocidente cai, em 476, com a deposição de seu último imperador, Rômulo Augusto, por
Odoacro, rei dos hérulos, um dos povos “bárbaros”.

O feudalismo – sistema econômico, político e social que ca-


racterizou a Europa ocidental durante a Idade Média (o período
compreendido entre a queda do Império Romano do Oriente e
início da Revolução Comercial) – foi fruto de uma lenta inte-
gração entre traços da estrutura social romana e a dos povos
conquistadores. Esse processo ocorreu entre os séculos V e X,
período chamado de Alta Idade Média.
O Império Romano do Oriente, por sua vez, sobreviveu (em-
bora com transformações) até 1453, ano em que os turcos con-
quistaram a cidade capital do império, Constantinopla. Este
evento é comumente considerado marco divisório entre a Idade
Média e a Idade Moderna.
No fim do Império Romano, diversos setores da sociedade ro-
mana abandonaram as cidades, fugindo da crise econômica e
Figura 3. Castelo ortogonal (1240-1250).
Na Idade Média, as edificações eram verdadeiras fortalezas, com sistemas de segurança das invasões germânicas. Os grandes senhores refugiaram-se
eficientes e que serviam de refúgio do feudo em épocas de guerra. em seus latifúndios, onde, mais tarde, passaram a desenvol-
ver uma economia agrária voltada para a subsistência. Esses
Fonte: htpps://upload.wikimedia.org
centros rurais eram conhecidos como vilas romanas e foram o
ponto de partida dos feudos medievais.
Muitas pessoas, incluindo proprietários de terras, buscavam proteção a esses grandes senhores. As me-
nos abastadas procuravam, além de proteção, trabalho nesses latifúndios. Contudo, para utilizá-los, elas
eram obrigadas a ceder ao proprietário parte do que produziam. Essa relação entre o senhor das terras
HISTÓRIA

aquele que produzia ficou conhecida como colonato.


Com o avançar do tempo, tornou-se mais rentável libertar os escravos e transformá-los em colonos.
Depois de alguns ajustes, esse sistema de trabalho resultou num regime de servidão, traço fundamental
do feudalismo.
Em razão de ininterrupta ruralização do Império Romano, os soberanos de cada reino foram perdendo
o controle sobre os grandes senhores de terras e as vilas romanas ganharam mais autonomia, passando a
ser administradas de forma independente pelos proprietários rurais.
O cristianismo foi outra importante contribuição dos romanos para o feudalismo. No início da Idade
Média, já havia triunfado sobre todas as demais religiões da Europa. Em pouco tempo, a igreja tornou-se a
instituição mais poderosa do continente europeu, determinando a cultura do período medieval.
A contribuição dos povos germânicos para a formação do feudalismo deu-se especialmente em relação
aos costumes (a sociedade feudal, assim como a germânica, organizou-se economicamente com base em
atividades agropastoris).

A descentralização do poder também foi herança da cultura germânica. Os vários


No cotidiano dos povos povos viviam de maneira autônoma, unindo-se apenas quando se deparavam com um
germânicos, havia normas inimigo comum. Nessa ocasião, colocavam-se sob o comando de um único chefe.
que regiam as relações
entre nobres e homens li- As relações de suserania e vassalagem, que serão abordadas mais adiante, base-
vres, contudo não eram leis adas na honra e na lealdade, tiveram suas origens no comitatus germânico. O comita-
escritas, mas sim costumes tus era um grupo formado por guerreiros e seu chefe. Possuía obrigações mútuas de
fundamentados na tradição serviço e lealdade. Os guerreiros juravam defender seu chefe e este se comprometia a
e recordados verbalmente.
equipá-los com cavalos e armas.
Esse tipo de direito, sem leis
escritas, é conhecido como As leis, no feudalismo, também tiveram influência germânica. Baseavam-se nos
direito consuetudinário. Um usos e costumes (ou seja, naquilo que representava o comportamento padrão da so-
desses costumes era, por ciedade), e não na norma escrita. Essa forma de conceber a lei (o Direito), fundamen-
exemplo, o assassino repa- tada nas tradições, é conhecida como direito consuetudinário.
rar seu crime mediante uma
indenização à família da Isolada dos outros continentes, a parte ocidental da Europa, região à qual se res-
vítima; outro dizia respeito tringiu ao feudalismo, fragmentou-se internamente. Os constantes ataques e saques
aos covardes, que eram criaram uma insegurança generalizada. As vias de comunicação ficaram bloqueadas. O
lançados aos pântanos, e comércio regrediu ao nível da troca direta (escambo) e a economia tornou-se essen-
aos traidores e desertores,
cialmente agrária.
que recebiam como castigo
a morte na forca. As cidades despovoaram-se, completando o processo de ruralização da região. As-
sim, o poder político descentralizou-se em uma multiplicidade de poderes locais e
particularistas. O feudalismo, então, foi estabelecido em sua plenitude.
4 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE SISTEMA DINAMUS DE ENSINO
Construção social e política da Europa
Capítulo 2: Europa: a construção social, religiosa e política

O sistema feudal
Introdução

Como todo modo de produção, o sistema feudal é composto de estruturas econômicas, políticas, so-
ciais, ideológicas e culturais que se articulam mutuamente, relacionando-se e modificando umas às ou-
tras.
Nesse sistema, as terras do feudo eram a unidade básica de produção. Alguns senhores
feudais eram proprietários de centenas desses domínios. Não se conhece ao certo o tama- Um hectare, representado
nho médio dessas unidades, mas se sabe que as menores abrangiam cerca de 120 hectares pelo símbolo ha, é uma
unidade de medida de área
(1.200.000 m ).2
equivalente a 100 ares (ou a
Muitos feudos eram constituídos por um castelo, residência do senhor feudal, de sua família 10 mil metros quadrados).
e agregados, uma vila ou aldeia, onde moravam os servos e os vilões, uma igreja, uma casa
paroquial, celeiros, fornos, açudes, pastagens comuns e o mercado, onde, nos fins de semana,
se trocavam os produtos naturais.
A terra arável era dividida em três partes: o plantio de primavera, o plantio de outono e outro de pousio
(descanso). Havia um revezamento da utilização dos terrenos de forma que sempre um dos três tivesse um
período de recuperação (descanso). Esse sistema desenvolveu-se na Europa na século VIII, ficando conhe-
cido como sistema dos três campos.

HISTÓRIA
Figura 4. Ilustração do seculo XIV.
Na imagem, vemos camponeses trabalhando na colheita sob a supervisão de seu senhor.
Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.

Nessa sociedade rural, de economia essencialmente agrária, a propriedade ou a posse da terra deter-
minavam a posição do indivíduo na hierarquia social. A terra era a expressão da riqueza, da influência, da
autoridade e do poder da época.
A sociedade feudal era estamental, isto é, nela pratica-
mente não havia mobilidade social. O acesso ou não à posse
ou à propriedade da terra dividia essa sociedade em dois gru-
pos: o dos senhores e o dos servos e vilões.
Os senhores feudais eram os possuidores ou os proprietá-
rios de terras. Faziam parte de uma aristocracia formada pela
nobreza e pelo clero. A nobreza subdividia-se em duques,
condes, barões e marqueses. Os senhores feudais eclesiásti-
cos, vinculados à igreja romana, pertenciam à alta hierarquia
do clero.
O estamento de servos e vilões incorporava a maioria da
população medieval. Os servos não tinham a propriedade ou
a posse da terra e estavam presos a ela, ou seja, não podiam
ser vendidos, como se fazia com os escravos, mas não tinham
liberdade para abandonar as terras onde haviam nascido.
Em número reduzido, os vilões descendiam dos pequenos
proprietários romanos. Caracterizavam-se por terem entre-
gado suas propriedades a um senhor em troca de proteção,
contudo não estavam presos às terras onde passaram a tra-
balhar. O tratamento que eles recebiam era um pouco mais Figura 5. Iluminura do seculo XIII dos três estamentos sociais.
À esquerda, representante dos oratores (o clero, que orava pela salvação de
brando do que o dado aos servos. todos); ao centro, representante dos bellatores (a nobreza, que dirigia a cidade e
A principal característica do modo de produção feudal era guerreava em favor dela); e à direita, representante dos laboratores (grupo mais
a relação de servidão. As terras do feudo eram divididas em numeroso, composto basicamente por camponeses, que tinham que trabalhar para
os estamentos acima).
duas partes, ambas de propriedade do senhor feudal. Na pri-
meira (manso senhorial), os servos trabalhavam três dias da Fonte: GRINBERG, Keila; DIAS, Adriana Machado; PELLEGRINI, Marco. #ContatoHistó-
ria. 1ª ed., vol. 1, São Paulo: QUINTERO, 2016, p.200.

SISTEMA DINAMUS DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 5


Construção social e política da Europa
Capítulo 2: Europa: a construção social, religiosa e política

semana produzindo para o senhor feudal. Na segunda parte (manso servil), trabalhavam para seu próprio
sustento e o de sua família durante outros três dias.
O trabalho no manso senhorial chamava-se corveia e constituía a base da relação servil. Contudo o
servo tinha ainda outras obrigações. Sobre a produção do manso servil retirava-se uma parcela, a talha.
Pela utilização do forno, do moinho ou de algum outro bem do senhor feudal pagava-se uma taxa deno-
minada banalidade. Para a igreja, o servo contribuía com o dízimo.
Ao final, restava-lhe cerca de um sexto do que havia produzido. Um observador do século XII constatou
o seguinte:

“O camponês nunca bebe o produto de suas vinhas, nem prova uma migalha do bom alimento;
muito feliz será se puder ter seu pão preto e um pouco de sua manteiga e queijo”.

Os servos produziam também vários objetos, de móveis rústicos a agasalhos de lã. Sempre de olho
nisso, o senhor feudal buscava atrair para seu castelo aqueles que demonstravam maior habilidade com o
artesanato, a fim de que produzissem para ele os objetos de que necessitava.
Percebe-se, então, que o feudo era autossuficiente, ou seja, nele era produzido tudo o que os seus ha-
bitantes consumiam.
HISTÓRIA

Figura 6. O sistema feudal.


Grande parte dos feudos era praticamente autossuficiente. De seu castelo, o senhor dava ordens sobre o que desejasse. O intendente, que geria os domínios feudais, e o supervisor dos
camponeses moravam próximos à casa do senhor. Os servos moravam em choupanas com seus animais. No campo havia madeira, palha, aves e frutas. Uma das poucas coisas trazida de
fora era o ferro, utilizado na produção de armas e ferramentas.

Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.

A troca de produtos realizava-se semanalmente dentro do próprio feudo, em um mercado mantido


junto de uma igreja, castelo ou mesmo na própria aldeia. As trocas eram de bens por bens, sem o uso de
moeda.
Na política, o poder era descentralizado. Cada senhor organizava e administrava seu feudo com total
autonomia. Havias o rei, porém sua autoridade era apenas nominal ou formal em razão das relações de
suserania e da autossuficiência econômica dos feudos.

A relação de suserania-vassalagem

Os vínculos e a hierarquia entre os membros da nobreza feudal eram estabelecidos pelos laços de su-
serania e vassalagem.
Um senhor feudal, possuidor de grandes porções de terra, doava uma parcela de suas propriedades a
outro nobre. O doador passava a ser considerado suserano; o recebedor, vassalo.
Estabeleciam-se entre ambos relações de direitos e deveres. O vassalo era obrigado, entre outras coi-
sas, a colocar suas tropas à disposição do suserano, dar-lhe hospedagem quando necessário e contribuir
para o dote, as armas e as armaduras dos filhos do suserano. Este, por sua vez, devia ao vassalo proteção
militar, garantia da posse do feudo doado e tutela sobre os herdeiros e a viúva do vassalo.

6 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE SISTEMA DINAMUS DE ENSINO


Construção social e política da Europa
Capítulo 2: Europa: a construção social, religiosa e política

Além da doação de terras, alguns outros vínculos poderiam determinar essa relação, como o emprésti-
mo para pagamento de determinado tributo.
A atribuição de um feudo compreendia uma série de atos solenes. Primeiro o vassalo prestava a home-
nagem, colocando-se de joelhos com a cabeça descoberta e sem espada, pondo suas mãos entre as mãos
do suserano e pronunciando palavras sacramentais de juramento. Em seguida o senhor permitia que se
levantasse, beijava-o e realizava a investidura com a entrega de um objeto simbólico, que representava a
terra enfeudada: um punhado de terra, um ramo, uma lança ou uma chave.
No feudo, cada senhor feudal era soberano. Possuía o monopólio da força, pois chefiava suas tropas
armadas e ditava as normas e as regras. Administrava a justiça de acordo com os costumes, o que lhe ga-
rantia boa parte do que era produzido. Apenas temporariamente – em ocasiões de guerra – se realizava a
centralização político-militar, colocando-se todos os senhores feudais, com seus exércitos, sob as ordens
e o comando do rei.

_A influência da igreja

A Igreja foi a instituição social mais influente durante a Idade Média. Seus membros dividiam-se em dois grupos:
o do alto clero e do baixo clero. O primeiro era constituído por membros da nobreza, ou seja, por senhores feudais,
enquanto o segundo era composto de servos. Os membros do alto clero eram, em geral, bispos, arcebispos e abades.
Pertenciam ao alto clero os poucos membros da sociedade feudal que sabiam ler e escrever. Essa intelectualidade
facilitava-lhes o exercício de forte influência sobre o resto da população.
O caráter estamental da sociedade feudal está ligado a essa influência. O clero legitimava as diferenças entre os
grupos sociais por meio da argumentação de que cada um tem sua função na sociedade, que era dividida em três
ordens: a ordem dos que rezam (clero); a ordem dos que trabalham (servos e vilões) e a ordem dos que combatem
(nobreza). Dessa forma, acabava-se assimilando, entre as camadas menos abastadas, a ideia de que cada pessoa
tem um importante papel na sociedade e de que não havia a possibilidade de troca de responsabilidades, já que essa
era a vontade divina. Em outras palavras, não havia, por exemplo, a chance de um servo se tornar nobre.

FONTE: COSTA, Luís César Amad; ITAUSSU A., Leonel Melo. História geral e do Brasil. Volume único; 1ª ed.; São Paulo: Scipione, 2008. p. 158.

A produção cultural

A produção cultural na sociedade feudal caracterizou-se por uma visão teocêntrica (na qual Deus seria
o centro do Universo), focada amplamente na vida após a morte. A igreja conseguiu sobreviver às invasões

HISTÓRIA
germânicas e realizou um processo de conversão desses invasores. Com isso se tornou a mais influente
instituição do mundo feudal, sendo a grande divulgadora da cultura teocêntrica.
A moral religiosa condenava o comércio, o lucro e a usura (empréstimo a juros). Nas artes, embora
houvesse liberdade para o artista inovar seu estilo, predominavam temas de inspiração religiosa. Na campo
da literatura, os sábios e eruditos praticamente só escreviam no idioma oficial da igreja, o latim. A ciência
reproduzia, em suas explicações sobre a natureza, interpretações baseadas em textos bíblicos. Na filosofia,
a última palavra cabia aos doutores da igreja, instituição que detinha dois importantes instrumentos de
acesso ao conhecimento: a leitura e a escrita, ao contrário da maioria da sociedade da Idade Média.

Fixando conceitos

01. O feudo era a principal unidade de produção da 03. De que forma as culturas germânica e romana
Idade Média. Ciente disso, responda aos itens a contribuíram para a formação do feudalismo?
seguir:
04. Identifique, resumidamente, as características
(A) Como se dividia o feudo? gerais do sistema feudal.

(B) Explique a função de cada uma das partes do 05. Analise o papel da Igreja Romana na cultura do
feudo? mundo medieval.

02. A estrutura básica da sociedade feudal exprimia 06. A relação de suserania-vassalagem se consolidava
uma distribuição de privilégios e obrigações. Ca- entre quais membros da sociedade feudal? E no
racterize as três “ordens”, isto é, camadas sociais que se baseava essa relação?
que compunham esta sociedade?

O cotidiano na sociedade feudal

Antes do século XI, os castelos feudais eram, em sua maioria, fortificações de madeira, sem maiores
requintes, quase sempre escuros e frios. Até o restabelecimento do comércio com o Oriente, no século XII,
quando se tornou comum o uso de tapetes, os pisos eram forrados com esteiras de junco ou palha.

SISTEMA DINAMUS DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 7


Construção social e política da Europa
Capítulo 2: Europa: a construção social, religiosa e política

A alimentação dos nobres era farta, porém pouco variada, resumindo-se o cardápio a carne,
O monopólio cultural da peixe, queijo, couve, nabo, cenoura, cebola, feijão e ervilha. Na sobremesa, também abundan-
igreja só começaria a de-
te, até a chegada do açúcar, no século XV, os nobres degustavam apenas frutas.
saparecer no fim do século
XIV, com o fortalecimento Até o século XII, as normas de conduta da nobreza diferiam muito das que temos hoje. Nas
do Humanismo (uma pers- refeições, por exemplo, não se usavam talheres: partiam-se os alimentos com um punhal e
pectiva comum a uma gran- comia-se com as mãos. Tais costumes só começaram a se alterar nos séculos XII e XIII, com a
de variedade de posturas difusão dos ideais de cavalaria (código social e moral do feudalismo).
éticas que atribuem a maior
importância à dignidade, Os servos, que habitavam choupanas cujo piso não era revestido e absorvia a umidade das
aspirações e capacidades chuvas, utilizavam, como cama, tábuas recobertas de palha. Sua alimentação restringia-se a
humanas, particularmente a pão preto, verduras, queijo, sopa e, de vez em quando, carne e peixe.
racionalidade) e o início da No meio dessa situação precária, algumas leis os beneficiavam: eles não podiam ser pri-
Renascença (intensa reva-
vados da terra à qual estavam presos, tendo o direito de lá permanecer mesmo que o feudo
lorização das referências da
Antiguidade Clássica, que fosse vendido, e quando envelheciam, o senhor tinha a obrigação de mantê-los até o fim de
nortearam um progressivo seus dias.
abrandamento da influência Muitas guerras ocorriam durante a Idade Média europeia. Geralmente elas eram desen-
do dogmatismo religioso e cadeadas pela cobiça dos senhores, que sempre desejavam mais terras e, por consequência,
do misticismo sobre a cultu-
ra e a sociedade europeias). mais poder. Esses constantes conflitos prejudicavam de tal forma a sociedade feudal que os
membros da igreja decidiram intervir, proclamando, sob pena de excomunhão, a Trégua de
Deus – proibição de lutas em fins de semana e dias de festas cristãs.
O conjunto de características desta sociedade feudal é fruto de um processo muito lento, iniciado no
final do Império Romano.
O feudalismo não foi homogêneo em todo o continente europeu, tendo algumas de suas características
variado de uma região para outra. No final do século XI, com o início das cruzadas, várias mudanças co-
meçaram a ocorrer nesse sistema.
Sua estrutura foi se modificando pouco a pouco com o renascimento comercial e urbano, a centraliza-
ção do poder nas mãos dos reis e a consolidação de uma cultura antropocêntrica (o ser humano como o
centro do Universo).

As Cruzadas
Europa no século XI

As invasões germânicas no século V haviam consumado a destruição do Império Romano. Os povos da


Europa Ocidental mergulharam em uma crise econômica, política e social, aprofundada, no século VIII,
com a invasão muçulmana. A invasão de normandos e magiares, no século IX, completou o cerco, isolando
os povos da região.
HISTÓRIA

No século X, os povos da Europa Ocidental atravessaram uma fase de relativa tranquilidade. A estabili-
dade refletiu-se no crescimento populacional, o que intensificou as dificuldades das camadas populares,
uma vez que não havia trabalho para todos.

Além disso, pessoas sem capacitação profissio-


nal alguma passaram a chegar constantemente às
cidades, aumentando, assim, a multidão de mendi-
gos, criminosos e marginalizados.
A economia feudal era agrária e voltada para a
subsistência, usando técnicas e instrumentos rudi-
mentares. Não havia, portanto, como suprir todas
as necessidades da população, que continuava a
crescer em enormes proporções.

A causa das cruzadas

Embora justificada pelos cristãos como uma


“contraofensiva” para romper o cerco muçulma-
no a que a Europa se submetia desde o século VIII,
Figura 7. Desenho do livro Las Glorias Nacionales (1852).
as cruzadas foram, de fato, uma consequência da
Cena da Batalha de Guadalete, evento que marcou o início da invasão islâmica na Península Ibéri- explosão demográfica que ocorrera. Com esse mo-
ca, em 711. A invasão muçulmana na região se arrastou até 726, liderada pelo general berbere Tá- vimento, tentava-se aliviar os efeitos do aumento
rique. Eles cruzaram o Estreito de Gibraltar – uma "fronteira" marítima que separa o norte da Áfri-
ca e a Europa mediterrânea – e se estabeleceram na região que hoje compreende os territórios de populacional que ameaçava destruir o feudalismo.
Espanha e Portugal. O domínio e expansão muçulmanos duraram cerca de 800 anos, até que, em A incorporação de novas terras poderia dar novo
1492, os reis católicos Fernando de Aragão e Isabel de Castela os expulsaram em definitivo.
fôlego ao sistema político, econômico e social que
Fonte: https://upload.wikimedia.org. caracterizou a Idade Média europeia.

Além disso, era provável que, com o sucesso nas expedições, as instituições feudais fossem implantadas
em outras regiões fora do continente europeu. A elite da época, bem como a igreja, compreendia esse
raciocínio.
A crise do sistema feudal, que não suportava um crescimento populacional daquelas proporções, re-
fletira-se na cultura, acentuando o sentimento religioso, característica básica das sociedades europeias
medievais.

8 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE SISTEMA DINAMUS DE ENSINO


Construção social e política da Europa
Capítulo 2: Europa: a construção social, religiosa e política

Assim, fiel a esse sentimento religioso, a sociedade procurou, nas cruzadas, uma possível solução para
seus problemas.
Nem só pela religião, porém, se justificam as cruzadas.
O movimento cruzadista resultou de uma convergência de
interesses de amplos setores da sociedade feudal.
Praticamente todas as camadas sociais seriam bene-
ficiadas, direta ou indiretamente, por essa ofensiva, que
romperia o cerco muçulmano e buscaria expandir-se pelo
Oriente.
Os líderes da Igreja Romana perceberam que as cruza-
das eram uma forma de reunificar a cristandade, já que os
bizantinos encontravam-se fragilizados por uma iminente
invasão turca a seus territórios.
Além disso, alguns setores da nobreza viam nas cruza-
das uma perspectiva de novas conquistas de terras e for-
tunas, pois àquela época estava difícil obter novos feudos
na Europa.
Os comerciantes de grandes cidades visavam, com as
expedições, aumentar o número de entrepostos comerciais
e sua área de abrangência. Por fim, os setores marginali- Figura 8. Representação de batalha entre cruzados e muçulmanos.
Fonte: https://www.ricardocosta.com
zados da população europeia buscavam nesse movimento
uma melhor condição social.
Esses interesses, justificados e legitimados pela religião e as necessidades da época, impulsionaram o
movimento, cujo estopim foi o bloqueio à peregrinação dos cristãos ao Santo Sepulcro (túmulo de Cristo
em Jerusalém), conquistado pelos turcos.

As cruzadas do Ocidente

Paralelamente às cruzadas direcionadas para o


Oriente, foram realizadas outras expedições denomi-
nadas cruzados do Ocidente. Dentre estas, destaca-
-se a Guerra de Reconquista, que tinha como objeti-
vo expulsar os muçulmanos da Península Ibérica.
Em 711, os muçulmanos haviam conquistado qua-
se toda Península Ibérica, com exceção da região das
Astúrias. Ali se formaram os pequenos reinos cristãos

HISTÓRIA
de Leão, Castela e Aragão, que iniciaram, no século
XI, a Guerra de Reconquista.
Nobres em busca de terras e glória, como os ir-
mãos Henrique e Raimundo de Borgonha, lideraram
a luta contra os muçulmanos. As terras tomadas dos
muçulmanos foram doadas ao clero ou incorporadas Figura 9. A rendição de Granada, por Francisco Pradilla Ortiz.
Em 2 de janeiro de 1492, Fernando e Isabel, agora casados (o que unificou os reinos espanhol e
pela nobreza. Vários aspectos da organização social português), marcharam triunfantes pelas ruas do último bastião muçulmano em Granada, cidade
dos povos que ganharam a guerra foram, então, se onde ficaram sitiados durante a Reconquista.
instituindo na região, que, com o tempo, também te- Fonte: https://upload.wikimedia.org
ria um sistema feudal de produção.
A guerra seria um dos pilares para que se consolidassem, algum tempo depois, as monarquias de Por-
tugal (século XIV) e Espanha (século XV).

As cruzadas do Oriente

Eram frequentes as peregrinações de cristãos ao Santo Sepulcro, situado na cidade de Jerusalém, con-
siderada sagrada pela cristandade e, por isso, chamada de Terra Santa, assim como Belém e Nazaré. Os
califas (líderes muçulmanos) não se opunham às visitas, que acabavam sendo lucrativas para os invasores.
Em meados do século XI, porém, os turcos (também muçulmanos) dominaram grande parte do Oriente
Médio, expulsando os cristãos da Terra Santa e proibindo suas peregrinações ao Santo Sepulcro. Sob o pre-
texto de libertar a Terra Santa e impedir o avanço muçulmano na Europa Oriental, o papa Urbano II incen-
tivou a Primeira Cruzada, que se desdobrou em duas: a Cruzada dos Mendigos e a Cruzada dos Senhores.
Organizada pelo monge Pedro, o Eremita, a Cruzada dos Mendigos compunha-se de 40 mil pessoas
de origem pobre ou miserável, marginalizadas no sistema feudal, que tomaram o caminho em direção a
Jerusalém. Após um percurso marcado por saques, pilhagens, fome e peste, os cruzados (assim chamados
por que seus líderes traziam no peito uma cruz costurada nas vestes) chegaram a Constantinopla. Lá, o
imperador bizantino ordenou que lhes fosse dado o que comer e beber. Entretanto, temendo pela seguran-
ça de sua cidade, ele logo fez com que os cruzados continuassem sua marcha. Ao chegarem à Ásia Menor,
foram completamente destruídos pelos turcos.
Enquanto isso, os nobres preparavam a Cruzada dos Senhores, que partiu para Constantinopla em 1096.
Uma multidão de 300 mil combatentes recebeu na capital bizantina o apoio do imperador em troca de lhe
ceder parte dos territórios que tomassem dos turcos. Em 1097 atravessaram para a Ásia Menor, conquistan-
do cidades como Antioquia, na Síria, defendida por quatrocentas torres de observação.

SISTEMA DINAMUS DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 9


Construção social e política da Europa
Capítulo 2: Europa: a construção social, religiosa e política

Sofreram com doenças, um calor insuportável, fome e sede, mas finalmente, em 1099, avistaram Jeru-
salém. Daqueles combatentes que iniciaram a marcha restaram apenas 40 mil, que, após sangrentas lutas,
conseguiram a vitória. Jerusalém era, assim, conquistada pelos cristãos.

Após a conquista da Cidade Santa, foram organizados


Estados cristãos: o Reino de Jerusalém, o Principado de An-
tioquia, o Condado de Edessa e o Condado de Trípoli.
Ao mesmo tempo, foram fundadas novas ordens religio-
sas, integradas por religiosos-soldados: os hospitalários,
que cuidavam da parte médica do exército; e os templá-
rios, que zelavam pela segurança dos locais sagrados.
Preocupados com a defesa, os cristãos construíram for-
talezas em vários pontos da região. A mais poderosa foi a
fortaleza chamada de Krak dos Cavaleiros, na Síria. Em
1140, os muçulmanos passaram à contraofensiva. Pressio-
nados, os Estados cristãos recorreram aos europeus.
Em 1147, os europeus organizaram a Segunda Cruzada.
No ano seguinte, seus integrantes foram derrotados pelos
turcos na Ásia Menor. Em 1187, sob o comando do sultão Sa-
ladino, os muçulmanos reconquistaram Jerusalém. Com a
perda da Terra Santa, o papa convocou a Terceira Cruzada.
Figura 10. Pedro, o eremita, prega a cruzada ao povo. Os três maiores soberanos da Europa ocidental atende-
Ilustração de Gustave Doré, século XIX.
Fonte: https://upload.wikimedia.org ram ao chamado do papa em 1190, dando início à Cruzada
dos Reis.
Os exércitos do Sacro Império Romano-Germânico avançaram por terra, venceram os turcos na Ásia
Menor, mas, durante a expedição, perderam seu líder, o imperador Frederico I, conhecido como Barba
Ruiva.
Já as tropas do rei anglo-saxão Ricardo Coração de Leão e do soberano franco Filipe Augusto segui-
ram por mar. Apesar da bravura em combate por eles demonstrada e de terem obtido algumas vitórias na
Síria, a retomada de Jerusalém não foi concluída. A partir daí, as cruzadas voltaram-se para a conquista
do Egito.
Em 1200, no pontificado de Inocêncio III, foi organizada a Quarta Cruzada. Financiada por mercadores
de Veneza e marcada em suas origens pelo interesse mercantil, acabou desvirtuando seus objetivos cris-
tãos. Os cruzados tomaram Constantinopla, cidade cristã ortodoxa (não obediente ao papa).
Capital do Império Bizantino, esta cidade era o ponto terminal das rotas de especiarias do Oriente. Os
cruzados fundaram ali o reino latino de Constantinopla, que seria destruído pelos gregos em 1261. A Quarta
HISTÓRIA

Cruzada assinalou o declínio mercantil de Constantinopla e a ascensão das cidades da Península Itálica,
que passaram a monopolizar o comércio de especiarias no Mediterrâneo, sobretudo em Veneza e em Gê-
nova.

Figura 11. Mapa das Cruzadas medievais.


Fonte: https://upload.wikimedia.org

A Quinta Cruzada tornou-se conhecida como a Cruzada das Crianças. Para justificar as derrotas an-
teriores, difundiu-se a lenda de que o Santo Sepulcro só poderia ser conquistado por crianças isentas de
pecados. Em 1212 foram reunidas e encaminhadas para Jerusalém 20 mil crianças germânicas e 30 mil
crianças francesas, cujo destino ainda hoje é incerto: acredita-se que tenham sido exterminadas ou vendi-
das como escravas nos mercados do Oriente.
10 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE SISTEMA DINAMUS DE ENSINO
Construção social e política da Europa
Capítulo 2: Europa: a construção social, religiosa e política

A Sexta Cruzada, comandada por Frederico II, do Sacro Império Romano-Germânico, entrou em acordo
com o sultão egípcio, obtendo a posse de Jerusalém por dez anos. Alguns anos mais tarde os muçulmanos
dominaram a região e o acordo foi rompido, voltando Jerusalém a ser controlada pelos turcos até 1917.
As Sétima e Oitava cruzadas foram organizadas entre 1250 e 1270. Seu comando coube ao rei Luís IX,
da França. Ambas fracassaram em sua finalidade. Luís IX morreu vítima da peste, em Túnis, sendo poste-
riormente canonizado pela igreja.

Tabela 1. Cruzadas medievais


ORDEM DURAÇÃO RESULTADO
1ª Cruzada 1096-1099 Os cruzados conquistaram Jerusalém.
Liderados por Luís VII (França) e Conrado III (Alemanha), os cru-
2ª Cruzada 1147-1149
zados são derrotados.
Acordo entre as partes: Jerusalém continua sob domínio mu-
3ª Cruzada 1189-1192 çulmano, porém os cristãos ganham a posse do litoral sírio-
-palestino.
4ª Cruzada 1202-1204 A cidade de Constantinopla é tomada pelos cruzados.
Os cruzados são derrotados nas cidades do Cairo e de Damieta,
5ª Cruzada 1217-1221
no Egito.
6ª Cruzada 1228-1244 Os cristãos retomam Jerusalém, mas a perdem em 122.
Os muçulmanos vencem novamente os cristãos nas cidades do
7ª Cruzada 1248-1250
Cairo e de Damieta.
Os últimos cruzados são vitimados por uma epidemia em Túnis.
Filipe, o Audaz, tratou de negociar a paz com os sultões e retor-
8ª Cruzada 1270
nou à França, onde foi coroado rei em 1271, em lugar de seu pai,
Luís IX, também vitimado pela peste.

Consequências das cruzadas

No plano militar, as cruzadas fracassaram, entre outras razões, por causa da falta de um comando
unificado, da má organização e da perda do objetivo inicial. Apesar disso, sua influência nos rumos da
sociedade europeia foi enorme.
No plano econômico, as cruzadas foram responsáveis pela reabertura do Mediterrâneo à navegação e

HISTÓRIA
ao comércio da Europa (as rotas estavam fechadas desde a conquista muçulmana). Cidades com grande
atividade comercial, como Veneza, Pisa e Gênova, foram as mais beneficiadas. Essa reabertura possibilitou
o reatamento das relações entre o Ocidente e o Oriente, interrompidas pela expansão islâmica. Portanto
as cruzadas ajudaram a acelerar o renascimento comercial na Europa.
O malogro das cruzadas contribuiu também para aumentar a crise do sistema feudal. A reabertura do
comércio propiciou o renascimento das cidades na Europa – o renascimento urbano. A partir disso, ocor-
reu a formação de um novo grupo social, a burguesia. Características típicas do feudalismo começavam
sua lenta modificação, e o poder e a influência da nobreza feudal sofriam seus primeiros desgastes em um
declínio que levaria vários séculos.

Fixando conceitos

01. Quais foram as motivações do movimento cruza- “A população da Cidade Santa foi morta pela espada,
1

dista? Comente as consequências desse movimen- e os francos massacraram os muçulmanos durante uma
to. semana. Na mesquita [...] eles mataram mais de 70 mil
pessoas”.
02. Relacione as áreas sob domínio dos muçulmanos
e a pressão demográfica europeia com a eclosão 2
“Para os muçulmanos, os soldados invasores erma
das cruzas. “bestas selvagens”, atrasados, ignorantes das artes e
das ciências e fanáticos religiosos que não hesitavam em
03. Identifique os setores da sociedade europeia que queimar mesquitas e dizimar populações inteiras”.
deflagraram as cruzadas e o interesse específico
de cada um deles. Descreva a visão que os muçulmanos tinham dos euro-
peus e a visão que os europeus tinham dos muçulmanos
04. A tomada da cidade de Jerusalém foi narrada no período das cruzadas e, depois, compare-as.
assim pelo historiador árabe Ibn al-Atnir1 e pelo
escritor ibero-francês Amin Maalouf2:

SISTEMA DINAMUS DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 11


Construção social e política da Europa
Capítulo 2: Europa: a construção social, religiosa e política

Renascimento urbano e comercial


Mudanças no Velho Mundo

Na Alta Idade Média (séculos V a X), o comércio praticamente tinha desaparecido na Europa. Um dos
fatores que serviam de obstáculo à sua expansão eram as péssimas condições das estradas, que, além de
inadequadas às viagens, eram constantemente tomadas por salteadores.
Afora isso, os senhores feudais obrigavam os mercadores a pagar taxas para atravessar suas proprie-
dades. Dessa forma, o transporte de mercadorias por longas distâncias tornava-se quase impossível, além
de muito caro. Mas essa situação não duraria para sempre. A partir do século XI, o comércio começou a
ressurgir, iniciando transformações que afetariam profundamente a vida europeia na Baixa Idade Média.

As rotas de comércio

A reativação da atividade mercantil na Europa é conhecida como


renascimento comercial. Esse processo não foi linear, sofrendo avan-
ços e recuos. Todavia sua tendência geral foi sempre a expansão mer-
cantil, até a ocorrência de uma grande crise no século XIV.
O comércio desenvolveu-se por meio de rotas marítimas e fluviais,
por conta das dificuldades anteriormente citadas em se trafegar por
terra. O Mar Mediterrâneo, ao sul, e os mares Báltico e do Norte, ao
norte, foram os principais eixos econômicos da Baixa Idade Média.
As cidades da Península Itálica (Veneza, Gênova e Pisa) redistri-
buíram pela Europa os produtos vindos do Oriente. Os venezianos
traziam do Egito e da Síria especiarias (canela, cravo, pimenta, no-
z-moscada), vindas da Arábia, da Índia e da China. A grande rival de
Veneza era Gênova, que revendia produtos orientais, em especial te-
cidos. Depois do século XII, Gênova passou a enviar para o Oriente
tecidos e lã confeccionados em Flandres (parte da Bélgica e Holanda
atuais) e em Florença, na Península Itálica.
No norte da Europa florescia outro eixo comercial importante, no
qual os mercadores comercializavam peixe salgado, cerveja, cereais,
Figura 12. Feira de Lendit, Saint-Denis. madeira, peles, tecidos de lã, vinhos etc. A região de Flandres tornou-
Muitas feras começavam com o anúncio de uma festa de cunho religioso -se um dinâmico polo comercial. Gand, Bruges e Antuérpia eram suas
e recebiam uma bênção. A imagem acima reproduz a bênção sobre a feira
de Lendit, em Saint-Denis. Nela observamos pessoas realizando trocas principais cidades, produzindo grande quantidade de tecidos.
A intensificação do comércio entre o norte e o sul da Europa resul-
HISTÓRIA

comerciais. Iluminura do século XIV; Biblioteca Nacional; Paris; França.

Fonte: https://esquerda.net/sites/default/files/feira_medieval_0.jpg.
tou no estabelecimento de ligações terrestres entre as duas regiões.
A região de Champanhe, no leste da França, passou a ser um ponto de
confluência entre Flandres e a Península Itálica.
Para Champanhe dirigiam-se mercadores de todo o continente, realizando um comércio intenso e di-
versificado. Ali ocorriam as mais famosas feiras da Europa, as feiras de Champanhe, que se realizavam seis
vezes ao ano, durando aproximadamente 50 dias cada uma. As primeiras feiras aconteceram no século XI
e recebiam proteção dos senhores feudais locais, que, em troca, cobravam taxa de entrada e saída, arma-
zenamento, venda e armação de barraca.
As feiras tinham importância não só pelo comércio, mas também pela troca de moeda, cujo uso voltara
a ser lícito. Até o século XI, a moeda praticamente sumira. Com o renascimento comercial, o dinheiro rea-
pareceu e circulava fartamente nos últimos dias de feira.
Foi criado o esterlino, peça de prata inglesa. Em ouro eram cunhados o escudo francês, o ducado de
Veneza e o florim de Florença. No centro da feira, os banqueiros, chamados de cambistas à época, pesa-
vam, avaliavam e trocavam as mais variadas espécies de moeda. Faziam-se empréstimos, liquidavam-se
velhas dívidas, movimentavam-se letras de câmbio. Assim, a terra deixava de ser a única riqueza na Euro-
pa ocidental, e a burguesia, ligada ao dinheiro, fortalecia-se.

Os artesãos e comerciantes

Até o renascimento comercial, a produção artesanal era realizada praticamente na casa do servo, para
satisfazer às necessidades domésticas.
Criavam-se os objetos necessários à vida no castelo. No entanto, a ampliação da demanda, o progresso
das cidades e o reaparecimento do dinheiro possibilitaram aos artesãos mais hábeis abandonar a agricul-
tura e viver da atividade artesanal.
Para defender seus interesses, os artesãos organizaram-se em associações. Todos os que praticavam
um mesmo ofício, numa determinada cidade, formavam uma associação denominada corporação de ofí-
cio.
Os mercadores também se associaram para defender seus interesses. As associações de mercadores
chamavam-se hansas. Formadas no século XII, aglutinavam mercadores de diversas cidades. A mais pode-
rosa de todas foi a Liga Hanseática, reunindo cerca de noventa cidades do norte da Europa.
Com uma numerosa esquadra e amplos recursos financeiros, monopolizou o comércio do Mar Báltico e
estendeu seu raio de ação até a atual Rússia.

12 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE SISTEMA DINAMUS DE ENSINO


Construção social e política da Europa
Capítulo 2: Europa: a construção social, religiosa e política

_As corporações de ofício

As corporações eram compostas de três níveis hierárquicos:


o aprendiz, o jornaleiro e o mestre. O aprendiz era iniciado pelo
mestre nos segredos do ofício. O jornaleiro recebia por jornadas
trabalhadas. Por fim, o mestre de artes e ofícios era o proprietá-
rio da oficina artesanal.
Aprendizes, jornaleiros e mestres faziam parte da mesma as-
sociação, lutando pelos mesmos interesses. Mas, em geral, as
corporações de ofício possuíam como únicos membros plenos,
com direito a voto, os mestres que se dedicavam a um mesmo Figura 13. Mestre ourives ensina aprendiz.
Fonte: https://www.newgreenfil.com
tipo de trabalho e que possuíam sua própria loja.
Assim, havia nas cidades diversas corporações, como, por exemplo, a dos sapateiros, a dos tecelões, a dos curti-
dores etc.
As corporações tinham por objetivo, entre outros aspectos, regulamentar a profissão, controlar a qualidade e o
preço dos produtos, dirigir o aprendizado da profissão e amparar os artesãos necessitados. Com elas, os profissionais
já implantados em seu ramo de atividade conseguiam impedir que uma concorrência desenfreada se efetivasse, pois
não bastava ter dinheiro para poder abrir um negócio.

FONTE: COSTA, Luís César Amad; ITAUSSU A., Leonel Melo. História geral e do Brasil. Volume único; 1ª ed.; São Paulo: Scipione, 2008. p. 177.

A formação da burguesia

O processo de ressurgimento das cidades na Europa Oci-


dental estava estreitamente ligado ao renascimento comercial.
Este, sem ser o único, foi o fator principal do renascimento ur-
bano. Prova disso é o fato de as cidades ressurgirem com mais
intensidade onde primeiro renasceu o comércio: na Península
Itálica e em Flandres.
As cidades desenvolviam-se na confluência de estradas, na
desembocadura de rios ou em regiões de declives elevados, os
pontos geográficos preferidos pelos mercadores.
Ali comumente havia uma igreja ou fortificação (burgo) que

HISTÓRIA
facilitava a defesa aos comerciantes. Quando aumentava o nú-
mero de mercadores que se reuniam nesses locais, construía-se
o faubourg (burgo extramural), o qual ia se tornando mais im-
portante que o núcleo original.
Assim, nas cidades medievais, conhecidas genericamente
como burgos, foi-se formando um novo grupo social ligado ao
Figura 14. O milagre da relíquia da verdadeira cruz.
comércio, denominado burguesia. Essas cidades, habitadas pe- A imagem acima reproduz uma mistura de cenas na Veneza do final do século
los burgueses, eram circundadas por muralhas que serviam de XV. Embora no século XIV os europeus tivessem vivenciado uma séria crise,
proteção. Veneza aina era um centro de negócios na Europa.

Em síntese, cada vez que a população aumentava, era cons- Fonte: https://upload.wikimedia.org
truída uma nova muralha, pois as novas habitações ultrapassa-
vam os limites da muralha anterior. A sucessão de várias mu-
ralhas, formando anéis fortificados em torno da cidade, foi uma
característica de diversas cidades medievais.

A independência econômica da burguesia em relação aos nobres feudais foi pacífica por certo momento. Quando,
porém, os burgueses viram seus interesses obstados pela nobreza, recorreram à guerra. As cidades medievais
que obtiveram a autonomia pela guerra ficaram conhecidas como comunas. A luta pela autonomia dos burgos na
Baixa Idade Média ficou conhecida por movimento comunal.

A crise do feudalismo

Conforme o historiador Hilário Franco Junior, em sua obra A Idade Média: nascimento do Ocidente,
entre o ano 1000 e o ano 1300, a população aumentou de 22 milhões para pouco mais de 50 milhões de
habitantes, o que era mais que o dobro.
Tal crescimento demográfico obrigou a expansão das lavouras e do comércio. O desenvolvimento tec-
nológico alcançado não era suficiente para suprir as novas necessidades: havia o risco de esgotar os re-
cursos naturais.
Muitas florestas foram devastadas para a obtenção da lenha. Por isso, no século XIII, ocorreu um aumen-
to geral nos preços dos produtos, uma vez que muitos deles se tornaram escassos ou de difícil obtenção.
Aumentou também a fome, e o comércio viveu um período de crise, pois nesse contexto de dificuldade
econômica, caiu muito o número de pessoas com algum poder de compra.

SISTEMA DINAMUS DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 13


Construção social e política da Europa
Capítulo 2: Europa: a construção social, religiosa e política

Todo esse processo, que se estendeu por mais de um século


na Europa, fez com que grande parte da população ficasse com
a saúde mais frágil. As pessoas ficaram mais expostas ao risco
de epidemias, como a que ocorreu no século XIV, a chamada
peste negra, que matou cerca de um quarto da população do
continente
Trazida por navios de comércio da região do Mar Negro, a
doença provocava febre, calafrios, dores de cabeça e, em muitos
casos, fazia aparecer manchas negras pelo corpo, daí seu nome.
Uma outra forma de peste atacava diretamente os pulmões.
Cerca de dois terços dos doentes morriam.
A população europeia, que era de mais de 50 milhões no ano
1300, reduziu-se a pouco mais de 35 milhões em 1400.
Nesse contexto de crise do feudalismo, abriu-se espaço para
o desenvolvimento do capitalismo. Isso não significa, entretan-
to, que o crescimento demográfico ou a peste negra sejam sufi-
cientes para explicar a crise.
Figura 15. Iluminura do século XV retratando a peste negra. Podemos afirmar que aquela sociedade não estava preparada
Os pintores medievais costumavam representar os assaltos da peste por uma chuva de fle-
chas ou outro flagelo divino. Nessa imagem, realizada por um pintor anônimo em 1424, Cris-
econômica e tecnologicamente para o desenvolvimento que a
to é representado lançando as flechas da peste. atingiu a partir do século XI.
Hilário Franco Junior afirma:
Fonte: CATELLI, Roberto. Conexão História. 1ª ed., vol. 1, São Paulo: AJS, 2013, p.75.

"A origem disso [a crise] estava na sua dinâmica, que levara o feudalismo a atingir então os limites
possíveis de funcionamento de sua estrutura […]. Esta crise foi global, com todas as estruturas feudais
sendo fortemente atingidas".

Alguns dos pilares do sistema feudal já vinham sendo destruídos com o desenvolvimento cada vez
maior do comércio, das casas bancárias e dos grandes negócios e empreendimentos comerciais.
No campo, a partir do século XII, começaram a surgir, com mais frequência, trabalhadores assalariados,
ou seja, que recebiam pagamento em dinheiro por uma jornada de trabalho. Esse fato, aparentemente
simples aos olhos contemporâneos, desencadeou um processo complexo.
Até então, o camponês pagava as obrigações e taxas ao senhor em produto (in natura). Assim, entrega-
va ao senhor parte de sua produção em troca do benefício da terra. Além disso, trabalhava gratuitamente
parte da semana na reserva senhorial.
HISTÓRIA

Nessa forma de organizar as relações de trabalho e consumo, não precisava haver, necessariamente,
circulação de dinheiro ou relação de mercado, pois as trocas eram feitas em produto e em âmbito local.
Com o surgimento do trabalhador assalariado, começa a ampliar-se a circulação de dinheiro: o senhor
passa a precisar de moedas e o trabalhador passa a recorrer ao mercado para comprar as mercadorias de
que necessita.
Paralelamente, alguns senhores começaram a exigir que as taxas e obrigações impostas aos campo-
neses fossem pagas em dinheiro. Isso obrigou o camponês a estabelecer uma relação diferente com a
moeda: em vez de entregar seu produto ao senhor, ele devia trocar o excedente que produziu por moedas
no mercado.
Com a crise do século XIV e a morte de um grande número de famílias camponesas que viviam nos
mansos, os senhores foram obrigados a recorrer ainda mais ao trabalho assalariado.
Dessa forma, a sociedade foi se tornando cada vez mais de-
pendente das relações comerciais, e ampliou-se a circulação de
moedas e mercadorias.
Ainda por causa da escassez de trabalhadores, os senhores
procuraram explorar mais o trabalho dos servos, ampliando a
jornada e o número de dias trabalhados gratuitamente, além de
aumentar o valor das taxas e obrigações. Protestos camponeses
começaram a surgir em diferentes partes da Europa.
No caso francês, esses protestos foram agravados pela cha-
mada Guerra dos Cem Anos, travada entre a França e a Ingla-
terra (1337-1453).
Após a invasão da França pelo rei inglês Eduardo III, que se
declarou rei dos franceses, travou-se longa disputa entre fran-
ceses e ingleses pelo domínio de várias regiões da Europa. Um
enorme contingente de homens foi exigido, bem como grandes
somas de dinheiro, para manter os exércitos beligerantes.
Os constantes aumentos de impostos e a convocação para a
guerra ampliaram os protestos camponeses. As revoltas campo-
nesas que mais se destacaram foram as jacqueries, organizadas
Figura 16. Representação da Jacquerie. pelos jacques (como eram chamados os camponeses), que se
Em Meaux (França), ocorrida em 1358. Esta iluminura está presente na obra Crô- opunham às decisões da nobreza, chegando a realizar vários
nicas, de Jean Froissart, do século XIV.
ataques contra seus membros.
Fonte: CATELLI, Roberto. Conexão História. 1ª ed., vol. 1, São Paulo: AJS, 2013, p.75.

14 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE SISTEMA DINAMUS DE ENSINO


Construção social e política da Europa
Capítulo 2: Europa: a construção social, religiosa e política

Nesse contexto, iniciou-se também, em vários lugares da Europa, o processo que ficou conhecido como
cercamento de terras, ou conversão de áreas de cultivo em terras de pastagens. Antigos senhores, ou no-
vos proprietários de terras ligados aos mercados urbanos, cercavam as terras e passavam a criar ovelhas,
que forneciam lã para a produção de tecidos.
A população camponesa que habitava nessas regiões teve de migrar para as cidades à procura de meios
de subsistência, trabalhando nesses estabelecimentos produtores de tecidos ou em outra atividade assala-
riada. Somente na Inglaterra centenas de aldeias desapareceram entre os séculos XIV e XV.

Pratique

01. As cidades medievais: 02. O sistema feudal caracterizava-se:


(A) não diferiam das cidades greco-romanas, uma vez (A) pela inexistência do regime de propriedade da terra,
que ambas eram, em primeiro lugar, centros político- predomínio da economia de comércio e organização da
-administrativos e local de residência das classes pro- propriedade pública.
prietárias rurais e, secundariamente, também centros de (B) pelo cultivo da terra por escravos, com produção in-
comércio e manufatura. tensiva e grandes benefícios para os vassalos.
(B) não diferiam das cidades da época moderna, uma (C) pelo cultivo da terra por escravos, com produção in-
vez que ambas, além de serem cercadas por grossas tensiva e grandes benefícios para os vassalos.
muralhas, eram, ao mesmo tempo, centros de comércio (D) pela divisão da terra em pequenas propriedades e
e manufatura e de poder, isto é, politicamente autôno- utilização de técnicas avançadas de cultivo.
mas. (E) pela propriedade senhorial da terra, regime de tra-
(C) diferiam das cidades de todas as épocas e lugares, balho servil e bases essencialmente agrárias.
pois o que as definia era, precisamente, o fato de serem
espaços fortificados, construídos para abrigarem a po- 03. O crescimento do comércio e das cidades na Baixa
pulação rural durante as guerras feudais. Idade Média
(D) diferentemente de suas antecessoras greco-roma-
nas, eram principalmente centros de comércio e manu- (A) consolidou as estruturas feudais, como a economia
fatura e, diferentemente de suas sucessoras modernas, de subsistência e a suserania.
eram independentes politicamente, dominando um en- (B) expandiu as atividades agrícolas, com o declínio do
torno rural que lhes garantia o abastecimento. uso de moedas nas trocas.
(E) eram separadas da economia feudal, pois sendo esta (C) fez surgir um novo grupo social, ligado às atividades
incapaz de gerar qualquer excedente de produção, obri- artesanais e mercantis.
gava-as a importar alimentos e a exportar manufaturas (D) permitiu o desenvolvimento do trabalho livre, isento
fora do mundo feudal, daí a importância estratégica do de quaisquer restrições.

HISTÓRIA
comércio na Idade Média. (E) criou uma infraestrutura tão adequada, que provo-
cou intenso êxodo rural.

O império bizantino, o islã e o mundo


Outra perspectiva da medievalidade

Apesar da importância do Império Romano,


quando ele desapareceu no Ocidente, a vida das
pessoas continuou seu ritmo normal.
Para a maior parte da humanidade – vivendo no
Extremo Oriente, África, Oceania e América – nada
mudou, porque tinham pouco ou nenhum contato
com os romanos.
Entre os povos que se libertaram da dominação
imperial, marcas de Roma ainda continuaram pre-
sentes por muitos séculos, na cultura, na religião,
na administração e em diversas formas de convi-
vência.
Na Europa que sobrevive ao fim do império, é
possível identificar mudanças na organização so- Figura 17. Mosaico do século VI.
Localizado na igreja de San Vitale em Ravena, na Itália. Ao centro está representado Justiniano I,
cial, política e cultural. Na passagem da Idade An-
imperador bizantino.
tiga para a Idade Média, período inicial que foi de-
nominado Alta Idade Média, devemos ficar atentos Fonte: DORIGO, Gianpaolo; VICENTINO, Cláudio. História geral e do Brasil. 2ª ed., vol. 1, São Paulo:
SCIPIONE, 2013, p.178
tanto às mudanças quanto às permanências em
relação ao período anterior.
O que sobreviveu das velhas estruturas? Como ocorriam as modificações ou as adaptações aos novos
tempos? E hoje, o que retemos, transformamos e desprezamos em relação a períodos anteriores da nossa
história? Quanto a história medieval europeia afetou o restante do mundo? Que escolhas se pode fazer
para falar sobre esse período?

SISTEMA DINAMUS DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 15


Construção social e política da Europa
Capítulo 2: Europa: a construção social, religiosa e política

O Império Romano com capital em Bizâncio

Tomando o início da denominada Idade Média europeia, para os bizantinos de então não existia Império
Bizantino, denominação dada pelos turcos muito tempo depois, e nem Império Romano do Oriente: somen-
te Império Romano. Leia a seguir um texto sobre a permanência do Império Romano.

_A continuidade do Império Romano

Quando pensamos na Idade Média, tendemos a Europa ocidental, protegida por essa barreira de força
pensar na queda do Império Romano e na vitória dos militar, pôde desenvolver-se em paz até que sua cultura
bárbaros. [...] Todavia, as coisas não foram realmente formou uma civilização especificamente sua.
assim, posto que o Império Romano, na realidade, não O Império do sudeste transmitiu ao Ocidente tanto
caiu. Manteve-se durante a Idade Média. Nem Europa o direito romano como a sabedoria grega. Legou-lhe a
nem América seriam como são na atualidade se o Im- arte, a arquitetura e os costumes [...].
pério Romano não tivesse continuado a existir depois Mas finalmente a Europa se fortaleceu e foi capaz de
de sua suposta queda. [...] A metade oriental do Império defender-se a si mesma, enquanto o Império foi se es-
Romano permaneceu intacta, e durante séculos ocupou gotando. E de que maneira agradeceu a Europa ociden-
o extremo sudeste da Europa e as terras contíguas na tal o que havia recebido? Com uma atitude de desprezo
Ásia. e de ódio. Fez todo o dano que pôde ao desamparado
Essa porção do Império Romano continuou sendo resíduo do grande Império [...] e se negou a qualquer
rica e poderosa durante os séculos em que a Europa tipo de socorro. A ingratidão continuou ainda depois da
ocidental estava debilitada e dividida. O Império con- morte, porque a história desse império é praticamente
tinuou sendo ilustrado e culto em um tempo em que a ignorada em nossas escolas, e quando se fala de algum
Europa ocidental vivia na ignorância e na barbárie. O fragmento dela, isso é feito sem simpatia.
Império, graças ao seu poderio, conteve forças cada vez
ASIMOV, Isaac. Constantinopla: el imperio olvidado. Madrid: Alianza
maiores dos invasores orientais durante mil anos; e a
Editorial, 2004. p. 2.

O texto, de autoria do professor de Bioquímica Isaac Asimov, pode ser criticado por vários ângulos. Em
primeiro lugar, ele sustenta a visão de Idade Média como idade das trevas, afirmando que a Europa me-
dieval “vivia na ignorância e na barbárie”, o que não é aceito pela historiografia atual; para ele, a porção
oriental do Império Romano permaneceu inalterada ao longo de mil anos, o que também não é aceitável
HISTÓRIA

do ponto de vista histórico; e por fim Asimov vê a Europa ocidental e essa porção oriental do Império Ro-
mano como se fossem pessoas que tivessem sentimentos generosos ou negativos um com o outro, o que
é apenas um recurso literário, e não algo que se possa sustentar historicamente.
Asimov tem razão, todavia, quando chama a atenção para a continuidade. Afinal não é por ter uma nova
capital (Bizâncio) que o Império Romano deixaria de ser ele mesmo (o Brasil também mudou de capital
federal e não deixou de ser o Brasil).
Embora continuasse se alterando ao longo do tempo, Bizâncio manteve a herança romana, mesclando-a
aos poucos com elementos orientais. Manteve o cristianismo em unidade com Roma até o século XI, quan-
do passou a ter um cristianismo independente. E, sobretudo, era uma história pouco contada pela histo-
riografia europeia quando Asimov escreveu, situação que aos poucos vem mudando, dentro da necessidade
de entender o mundo como um todo, e não apenas as partes que julgamos mais importantes só porque se
relacionam diretamente conosco.
A cidade de Constantinopla (a antiga Bizâncio dos gregos, hoje Istambul, na Turquia), capital do Império
Bizantino, sempre praticou um comércio dinâmico e uma agricultura rentável. Por isso, foi menos atingida
pela crise do escravismo, quando o expansionismo dos romanos se paralisou e, consequentemente, o nú-
mero de prisioneiros de guerra se reduziu.
Na ordem política, a autoridade máxima era o im-
perador, ao mesmo tempo chefe do Exército e da Igre-
ja. Ele era auxiliado por uma vasta burocracia, funda-
mental nas estruturas políticas imperiais.
O mais famoso imperador bizantino foi Justiniano
(527-565), responsável pela temporária reconquis-
ta de grande parte do Império Romano do Ocidente,
incluindo a própria cidade de Roma (veja o mapa na
figura 19). Seu maior legado foi a compilação das leis
romanas desde o século II, o Corpus Juris Civilis (frase
em latim que significa "Corpo do Direito Civil"), uma
revisão e atualização do Direito romano que serviu de
base para os códigos civis de diversas nações na atu-
alidade.
Apesar de preservarem tradições jurídicas e admi-
Figura 18. Catedral de Santa Sofia, em Istambul, Turquia.
Fonte: DORIGO, Gianpaolo; VICENTINO, Cláudio. História geral e do Brasil. 2ª ed., vol. 1, São
nistrativas romanas, os bizantinos sofreram clara in-
Paulo: SCIPIONE, 2013, p.179. fluência helênica: o grego era a língua popular predo-

16 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE SISTEMA DINAMUS DE ENSINO


Construção social e política da Europa
Capítulo 2: Europa: a construção social, religiosa e política

minante, superando até mesmo o latim nos decretos imperiais. Tão grande era o predomínio do grego que,
no século VII, foi transformado em idioma oficial do Império.
Durante o governo de Justiniano foi construída a Catedral de Santa Sofia, monumento arquitetônico no
estilo bizantino, com mosaicos voltados para a expressão da fé cristã.
Ao auge do governo de Justiniano, no século VI, seguiu-se um longo período de crises com alguns
intervalos de recuperação, culminando na desagregação do Império Bizantino em 1453, quando os turcos
otomanos tomaram Constantinopla. Do século VI ao século VIII, sucederam-se crescentes pressões nas
fronteiras orientais desse Império e sobre seus domínios no Ocidente.
Os gastos com guerras se elevaram, bem como as dificuldades econômicas e administrativas. O territó-
rio encolheu progressivamente.

Figura 19. Mapa do Império Bizantino sob comando de Justiniano.


O império Bizantino alcançou sua maior extensão com Justiniano no século VI, época de intensa troca comercial no Mediterrâneo e com
povos orientais.

Fonte: DORIGO, Gianpaolo; VICENTINO, Cláudio. História geral e do Brasil. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: SCIPIONE, 2013, p.179.

No Império Bizantino predominava o cristianismo, embora com características diferentes das que teve

HISTÓRIA
na parte ocidental do império. A Igreja funcionava em estreita ligação com o poder imperial, cabendo ao
imperador, por exemplo, ser o principal chefe da Igreja – cesaropapismo –, diferentemente do que ocorria
no Ocidente.
Além disso, os religiosos de Constantinopla não se submetiam ao poder do papa – em meio à crise final
do Baixo Império Romano, o bispo de Roma, com apoio do imperador, havia sido elevado à chefia de toda
a Igreja (em 455), tornando-se o primeiro papa da cristandade, com o nome de Leão I.
Havia também divergências quanto à doutrina e interpretação do Antigo e do Novo Testamento. Um
exemplo era a discordância quanto à natureza de Cristo: alguns defendiam que possuía somente a natu-
reza divina, negando sua forma humana (monofisismo). Outro, quanto ao culto dos ícones, as imagens
representando santos, a Virgem Maria e Cristo.
Entre os séculos VIII a IX, desencadeou-se um movimento de destrui-
ção de imagens, tidas como indutoras da idolatria, prática que segundo A utilização de imagens e representações
de pessoas santificadas ou o próprio
algumas interpretações seria condenada pelo texto bíblico. O movimento,
Cristo em pinturas, esculturas e figuras
conhecido como iconoclastia, foi tornado oficial pelo imperador Leão III decorativas e, posteriormente, o seu
no século VIII, e seguido por seus sucessores: Constantino V, Constantino culto foram bastante comuns nos ritos
VI e Leão V. Essas atuações ativaram divergências com o comando cristão bizantinos. Controlada pelos monges, a
papal, sediado em Roma, que contestou tais medidas, condenando os ico- confecção desses ícones gerava grandes
recursos e enriquecimento e era vista
noclastas. como fonte de poder que ameaçava a
A iconoclastia foi um dos principais motivos da desestruturação da uni- supremacia imperial. No Ocidente, apesar
dade cristã. Além disso, questionando os dogmas cristãos defendidos pelo das tentativas de controlar o culto às
clero que seguia o papa de Roma, os bizantinos deram origem a algumas imagens, desenvolveu-se uma impor-
tante tradição iconográfica, tais como as
heresias, correntes doutrinárias discordantes da interpretação cristã tra-
imagens bíblicas presentes na arquitetura.
dicional. As basílicas e os mosaicos eram encon-
Esse panorama de tensões, alimentadas pelas diferenças entre o Orien- trados tanto nas práticas artístico-cristãs
te e o Ocidente, além das disputas pelo poder entre o papa e o imperador, orientais quanto nas ocidentais. Grande
culminaram na divisão da Igreja em 1054. Surgiu uma cristandade oriental, parte da iconografia de Constantinopla
foi destruída pelos iconoclastas, pelas
chefiada pelo imperador – a Igreja cristã ortodoxa, com sede em Cons- Cruzadas ou pelos muçulmanos. Parte
tantinopla –, e uma ocidental, a Igreja Católica Apostólica Romana, com da tradição se manteve em regiões com
sede em Roma e sob o comando do papa. influência do Império Bizantino, como a
O episódio recebeu o nome de Cisma do Oriente e consolidou as dife- Rússia e os Bálcãs.
renças entre as tradições e as formas de organização do culto em cada
uma das Igrejas.

SISTEMA DINAMUS DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 17


Construção social e política da Europa
Capítulo 2: Europa: a construção social, religiosa e política

E quem não estava no século V?

Em princípio essa pergunta parece estranha. Ora, se todos estão inseridos no mesmo tempo físico,
astronômico, parece que as periodizações devem servir para todos. Mas não é assim. No quadro final da
chamada Antiguidade clássica, por exemplo, só “estava” no século V quem fazia parte de alguma socie-
dade cristã.
A Igreja foi uma das poucas instituições que sobreviveram intactas à desagregação do Império Romano
do Ocidente. Utilizando boa parte de sua estrutura, expandiu-se até as fronteiras tanto do antigo império
do Ocidente quanto do Império Romano do Oriente, ou Bizantino. Mas havia povos que “não estavam” no
século V, porque não se pautavam pelo cristianismo e tinham outros marcos para contar e medir seu
tempo. É o caso, por exemplo, dos árabes e do islamismo, que veremos a seguir.

Figura 20. Mapa da expansão do cristianismo a partir do século IV.


Fonte: DORIGO, Gianpaolo; VICENTINO, Cláudio. História geral e do Brasil. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: SCIPIONE, 2013, p.183.

Os povos árabes e o islamismo


HISTÓRIA

A península Arábica é uma região desértica, com poucas áreas propícias ao estabelecimento de nú-
cleos de povoamento permanente (oásis e áreas litorâneas). Seus primeiros habitantes foram tribos de
nômades do deserto, os beduínos.
Por volta do século VI, mais de trezentas tribos de origem semita habitavam a região, incluindo as tribos
urbanas que ocupavam a faixa costeira do mar Vermelho e do sul da península – área que tinha melhores
condições climáticas e maior fertilidade do solo. Essas tribos concentravam-se principalmente em Meca,
sua principal cidade, e em Iatreb.
A importância de Meca era decorrente de seu valor comercial e religioso, uma vez que lá se encontrava
a Caaba, santuário em que se depositavam as imagens dos diversos ídolos representando os deuses das
tribos árabes. A tribo dos coraixitas detinha grande poder e prestígio e controlava a cidade de Meca.
Nascido em 570 e oriundo de uma família humilde da tribo coraixita, Maomé passou a difundir uma
nova fé. Seus ensinamentos continham influências judaicas e cristãs e pregavam a existência de um deus
único, Alá. Depois da morte de Maomé, os fundamentos de sua crença – denominada islamismo – foram
reunidos em um livro sagrado, o Corão.

Maomé condenava a peregrinação das tribos até Meca


para idolatrar os vários deuses (politeísmo) represen-
tados na Caaba. Sentindo-se ameaçados, os coraixitas
repudiaram a nova religião e expulsaram Maomé e seus
seguidores, os quais se instalaram na cidade vizinha de
Iatreb (que teve seu nome mudado para Medina, que sig-
nifica ‘a cidade do profeta’).
Essa fuga caracterizou, em 622, a Hégira, evento que
foi tomado como marco do início do calendário muçul-
mano.
Bem recebido em Iatreb, o profeta conseguiu o apoio
dos comerciantes locais e a ajuda dos beduínos, que
formaram um exército para conquistar Meca. Em pouco
Figura 21. Caaba, em Meca; foto de 2009 durante a peregrinação anual.
Observe ao centro a pedra negra, que teria sido oferecida por Alá a Ismael, filho de Abraão, tempo, todos os povos árabes da península converteram-
considerado aquele que deu origem ao povo árabe. A peregrinação para Meca é um dos -se ao islamismo, o que os unificou.
fundamentos do islamismo.
Após a morte de Maomé, em 632, o esforço de expan-
Fonte: DORIGO, Gianpaolo; VICENTINO, Cláudio. História geral e do Brasil. 2ª ed., vol. 1, São são religiosa prosseguiu. Esse empenho é chamado no is-
Paulo: SCIPIONE, 2013, p.187.

18 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE SISTEMA DINAMUS DE ENSINO


Construção social e política da Europa
Capítulo 2: Europa: a construção social, religiosa e política

lamismo de jihad, que significa a dedicação, a luta por conseguir a fé perfeita em sua própria consciência
e na daqueles que ainda não a conhecem. Também foi tida como a “guerra santa” contra infiéis ou inimigos
do islã.
Conquistada Meca, o Império Islâmico começava a se formar, conduzido pelo poder dos califas, como
eram chamados os líderes árabes, ao mesmo tempo chefes religiosos e políticos.
A expansão do Império se iniciou pelos vizinhos territórios bizantinos e persas e, durante a dinastia
Omíada (661-750), avançou também para o Ocidente, tomando o norte da África e chegando à península
Ibérica.
A expansão árabe em direção à Europa ocidental só foi detida na Batalha de Poitiers (732), quando
árabes e francos se enfrentaram.
A unidade do Império foi quebrada sob a dinastia Abássida, que substituiu a Omíada em 750. Surgiram
califados independentes, sediados em grandes cidades como Bagdá (no atual Iraque), Córdoba (na atual
Espanha) e Cairo (no atual Egito).
A perda da unidade política foi acompanhada da divisão religiosa, com o crescimento de duas seitas
principais: a dos sunitas e a dos xiitas. Os sunitas baseavam sua crença no Suna, livro de preceitos es-
tabelecidos por Maomé; acreditavam na livre escolha dos chefes políticos pela comunidade de crentes.
Os xiitas (do árabe, seguidores de Ali, genro de Maomé), por sua vez, defendiam que a autoridade política
e religiosa deveria concentrar-se nas mãos de uma única pessoa que descendesse do profeta Maomé,
exercendo o poder de maneira absoluta. Não admitiam outra fonte de ensinamento doutrinário que não
fosse o Corão e seguiam as determinações de um grupo de religiosos – os mujtahids, cujos membros mais
importantes são chamados de aiatolás (líderes espirituais).
As ações dos povos árabes tiveram consequências que foram além de seu próprio império. A expansão
pela bacia do Mediterrâneo, o controle que obtiveram sobre a região e as constantes incursões realizadas
no litoral sul da Europa intensificaram o declínio comercial e a ruralização na Europa ocidental. Mesmo
contidos pelos francos, foram vizinhos – e fronteira – do que viria a se constituir como Europa ao longo
da Idade Média.

_Islâmicos e bizantinos na contramão da Europa feudal

Logo após a morte de Maomé, a expansão do Império portantes foi o de Córdoba, que comandava a península
Islâmico esteve baseada na sucessão de califas de Da- Ibérica e marcou profundamente a formação dos espa-
masco, capital do Império. O islamismo significou, para nhóis e portugueses modernos.
os árabes, a unificação de diversas tribos e a realiza- Os reinos de Portugal e Espanha, surgidos apenas
ção de seu ímpeto expansionista de caráter religioso e nos séculos XII e XV, respectivamente, não foram prece-

HISTÓRIA
econômico-comercial. No século VIII, ele já se estendia didos por feudos nos moldes descritos até aqui na Idade
do rio Indo até a península Ibérica, incluindo o norte da Média europeia, mas pela dominação muçulmana –
África e regiões do sul da Europa, como as ilhas da Cór- que demonstrava tolerância e acolhia judeus e cristãos,
sega e a Sicília. A expansão muçulmana, iniciada com desde que afinados com os objetivos políticos e econô-
os árabes, incluiu os berberes e outros povos, conver- micos do califado.
tidos, aliados ou submetidos ao domínio islâmico. Seu Em Bizâncio, como vimos, o enfraquecimento do po-
período de expansão (do século VII ao VIII) corresponde der imperial, os ataques externos e o constante con-
a movimentos contrários aos do feudalismo: em vez de fronto com os muçulmanos em suas fronteiras foram
fragmentação em feudos e reinos, unificação de tribos provocando a desagregação do Império, que acabou por
por meio de um império dirigido pelos califas; em vez desaparecer em 1453, com a tomada de Constantinopla.
de fechamento econômico, expansão comercial. Sécu- Em seu lugar ergueu-se o Império Turco Otomano, que
los depois, a expansão muçulmana enfrentou sua frag- se estendeu até o século XX.
mentação, com a formação de califados independentes.
FONTE: DORIGO, Gianpaolo; VICENTINO, Cláudio. História Geral e do
Para a história do Brasil, um dos califados mais im-
Brasil. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: SCIPIONE, 2013, p.218.

O conhecimento científico no mundo

Por volta do ano 1000, os chineses, os indianos e os árabes tinham mais acesso aos conhecimentos eru-
ditos e técnicos do que os europeus.
Séculos antes, quando o Império Romano do Ocidente ainda dominava o Mediterrâneo, os chineses já
fabricavam o papel. Os italianos só começaram a fabricá-lo (pela primeira vez na Europa) mais de mil
anos depois.
Além do papel, os chineses nessa época inventaram diversos utensílios e materiais (como a pólvora), e
pensa-se que isso se deve, pelo menos em parte, à falta de uma mão de obra escrava abundante – como
tinham os gregos e romanos da época clássica –, o que os obrigava a procurar soluções engenhosas para
as necessidades do trabalho.
Os chineses desenvolveram a impressão com tipos móveis 400 anos antes dos alemães, com Gutenberg,
e inventaram a bússola e os relógios mecânicos.
Os indianos, por sua vez, criaram os nove algarismos que usamos, mais o zero, cuja concepção ocorreu
também entre os maias, na América. Os indianos criaram as bases do cálculo, que ainda hoje utilizamos, e

SISTEMA DINAMUS DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 19


Construção social e política da Europa
Capítulo 2: Europa: a construção social, religiosa e política

os algarismos foram conhecidos na Europa por intermédio dos sábios árabes muçulmanos.
Em sua lógica expansionista, os árabes muçulmanos tomaram o Egito e a Ásia ocidental, bem como
a península Ibérica. Nesses contatos, os conhecimentos, livros e textos dos sábios árabes chegaram aos
sábios muçulmanos e judeus da região espanhola, bem como aos sábios cristãos. Obras como as de Aris-
tóteles e Platão, desse modo, foram “redescobertas” pelos europeus medievais.
Além disso, para orientar as campanhas militares e atividades comerciais em seu vasto Império, os ge-
ógrafos árabes desenvolveram um intenso trabalho de conhecimento e mapeamento do mundo.
Esse conhecimento geográfico também foi partilhado na península Ibérica e contribuiu para as navega-
ções portuguesas, no final do Período Medieval e início do Período Moderno.
Os contatos com a China ocorriam ainda pelas rotas da seda e das especiarias. Tornou-se famosa a
história do jovem mercador veneziano Marco Polo (1254-1324), que viajou à China no século XIII em com-
panhia do pai e acabou trabalhando para Kublai Khan, na época soberano mongol da China, quando os
mongóis haviam conquistado grande parte da região e chegaram a assumir o governo, dando início à di-
nastia Yuan (1270-1368). Dessa famosa aventura de 25 anos de Marco Polo, resultou um livro que introduziu
a China e suas províncias no imaginário europeu.
Cidades com cerca de 1 milhão de habitantes, navios enormes, papel-moeda, sistema de correios, ri-
quezas, costumes e alimentos exóticos (o pistache, o gergelim), especiarias e alguns exageros e fábulas
compõem o relato de Marco Polo.

Figura 22. Caravana de Marco Polo, em representação de cerca de 1375.


Fonte: DORIGO, Gianpaolo; VICENTINO, Cláudio. História geral e do Brasil. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: SCIPIONE, 2013, p.232.

Fixando conceitos
HISTÓRIA

01. Explique como seguiu a vida das pessoas na região do falido Império Romano após sua queda.
02. Que diferenças existiram em Bizâncio (a nova capital do Império Romano) para garantir a permanência do
império após a ruína no Ocidente?
03. O que foi o Cisma do Oriente?
04. Comente as origens do islamismo.
05. Cite exemplos de desenvolvimento humano fora da Europa medieval.

Referências bibliográficas
ARÓSTEGUI, Júlio. A Pesquisa Histórica. São Paulo: Edusc, 2006.
COTRIM, Gilberto. História Global - Brasil e Geral. Volume único. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
COSTA e MELLO, Luís César Amad e Leonel Itaussu A. História Geral e do Brasil. Editora Scipione, São Paulo,
2008.
DORIGO, Gianpaolo; VICENTINO, Cláudio. História Geral e do Brasil. 2ª ed., vol. 1. São Paulo: SCIPIONE, 2013.
LANGLOOIS, Ch. V. & SEIGNOBOS, Ch. Introdução aos estudos históricos. São Paulo: Editora Renascença,
1946.
LE GOFF, Jacques. História e Memória. Campinas: Unicamp, 1990.

20 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE SISTEMA DINAMUS DE ENSINO


Construção social e política da Europa
Capítulo 2: Europa: a construção social, religiosa e política

Sessão ENEM

01. O período medieval europeu caracterizou-se pelo De acordo com o exposto no fragmento, a cultura mu-
predomínio do sistema feudal, especialmente na çulmana caracterizou-se, na Idade Média, pela:
Europa centroocidental. Sua formação remonta
as transformações ocorridas no final do Império (A) agregação de elementos culturais diversos na cons-
Romano Ocidental. Dentro deste contexto, são ca- trução de saberes.
racterísticas associadas ao feudalismo europeu as (B) ausência de originalidade gerada pela apropriação
afirmações abaixo, exceto a alternativa: de outras culturas.
(C) afirmação de um isolamento cultural provocado pe-
(A) As relações de suserania e vassalagem estavam li- las barreiras linguísticas.
gadas ao teocentrismo medieval e serviam unicamente (D) negação das culturas de origem cristã e judaica de-
para formar o cavaleiro, protetor da cristandade. corrente do seu caráter ortodoxo.
(B) O servo constituiu-se na mão de obra principal nas (E) barbarização das relações sociais, que se refletem
relações feudais de produtividade. Achava-se ligado à em conflitos na região do Oriente Médio até hoje.
terra e a um senhor feudal.
(C) A Igreja Cristã tornou-se uma grande instituição. 04. O papa Francisco mostrou abertura para debater e
Exercia o domínio ideológico e cultural da sociedade rever a regra do celibato na Igreja Católica, dizendo
feudal, caracterizado pelo teocentrismo. que não é um "dogma de fé" e prometeu "tolerância
(D) A sociedade era estamental, sem mobilidade social. zero" contra os abusos sexuais a crianças. O chefe
Os servos, vinculados à terra, não tinham possibilidade do Vaticano lembrou ainda que há sacerdotes ca-
de ascender socialmente. sados nos ritos orientais e que "a porta está sem-
(E) As terras eram divididas em duas partes: o manso pre aberta" para tratar o tema mas que, no entanto,
servil e o manso senhorial, ambas de propriedade do se- esta não é uma questão com "prioridade imediata".
nhor feudal. "O celibato não é um dogma de fé, é uma regra de
vida, que aprecio muito e creio que é uma oferta
02. Enquanto nas cidades o poder ficou nas mãos dos à Igreja", disse o chefe do Vaticano durante o voo
bispos, nos campos, concentrou-se na dos grandes de regresso a Roma desde Israel, segundo a agência
proprietários. O governo romano perdeu força: já noticiosa italiana Ansa. A afirmação do Papa Bergo-
não era capaz de cobrar os impostos de maneira glio foi feita dias depois de se conhecer uma carta
eficiente, nem mesmo de pagar os exércitos. Em 476, a solicitar uma revisão da disciplina do celibato, es-
o último imperador romano foi deposto. Era o fim crita por um grupo de 26 mulheres, que vivem ou
do Império Romano e do mundo antigo e o início de viveram uma relação com um sacerdote. Até hoje, a
uma nova era, a Idade Média. Santa Sé não tinha feito qualquer comentário sobre
(Carlos Augusto Ribeiro Machado. Roma e seu império, 2004. Adaptado.) esta carta. Na Igreja Católica de rito latino, o celiba-

HISTÓRIA
to eclesiástico, isto é, a renúncia ao matrimônio, e a
O texto alude à gênese de duas características importan- promessa de castidade, são uma obrigação para os
tes da Idade Média Ocidental: sacerdotes desde o II Concílio de Letrán, em 1139. Ao
contrário, nas igrejas católicas de rito oriental esta
(A) o fim do comércio internacional e o crescimento do obrigação não se verifica. [...]
republicanismo. Disponível em: <http://economico.sapo.pt/noticias/papamostra-abertu-
(B) a feudalização e o aumento do poder político da ra-para-rever-celibato_194279.html>.
Igreja.
(C) o desaparecimento do poder real e a ruralização. A questão do celibato eclesiástico, ainda bastante polê-
(D) a supressão dos exércitos nacionais e o avanço do mica no seio da Igreja Católica Romana, não abrange a
islamismo. Igreja de rito oriental. Esta divergência entre os ritos da
(E) o igualitarismo social e a autossuficiência das pro- Igreja de Roma e a Igreja oriental tem origem:
priedades rurais.
(A) já no século I da era cristã, quando os governantes
03. A civilização árabe foi o resultado da reunião de do Império Romano proibiam o culto a Jesus Cristo.
elementos culturais de muitos povos: árabes, per- (B) no século V, quando o Império Romano é invadido
sas, egípcios, bizantinos e ainda outros. Ela não é, por povos asiáticos que aos poucos vão adotando o cris-
assim, puramente muçulmana, uma vez que entre tianismo e adaptando-o a seus ritos.
seus criadores contam-se muitos cristãos, judeus (C) na disputa política entre a Igreja Católica e os prínci-
e outros grupos religiosos. Apesar da diversidade pes alemães que pretendiam fundar sua própria religião.
das suas origens, os muçulmanos não realizaram (D) no século XI com o Cisma do Oriente que deu origem
apenas uma justaposição mecânica de culturas à Igreja Católica Apostólica Romana, sob orientação do
anteriores nem foram unicamente transmissores papa, e à Igreja Ortodoxa, sob a liderança do patriarca
de conhecimentos antigos. Criaram conhecimentos de Constantinopla.
novos, cujo meio de divulgação foi a língua árabe, (E) na Idade Média, quando o poder da Igreja passa a
veículo do saber e da ciência durante a Idade Média. superar o poder temporal.
PEDRERO SÁNCHEZ, Maria Guadalupe. A Península Ibérica entre o Oci-
dente e o Oriente. São Paulo: Atual, 2002, p. 30.

SISTEMA DINAMUS DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 21


Construção social e política da Europa
Capítulo 2: Europa: a construção social, religiosa e política

Praticando

01. Os estudiosos do período medieval costumam em- Ardres tiveram todas por marido um ás da guerra,
pregar a expressão Baixa Idade Média para o perí- senhor de uma fortaleza que seu mais remoto an-
odo da história que vai do século XI ao século XV. cestral havia edificado.
De maneira geral, podemos reconhecer nesse perí- (Georges Duby. Damas do século XII: a lembrança das ancestrais, 1997.
Adaptado.)
odo duas fases distintas: num primeiro momento,
de expansão (séculos XI, XII e XIII), num segundo
O texto trata de relações desenvolvidas num meio social
momento, uma crise profunda (séculos XIV e XV).
específico, durante a Idade Média ocidental. Nele,
Podemos assinalar como características e aconteci-
(A) as mulheres passavam a maior parte de seu tempo
mentos da Baixa Idade Média:
nas igrejas, o que incluía o trabalho de orientação reli-
giosa, e os homens atravessavam as noites em tabernas
(A) a proibição da circulação de moedas.
e restaurantes.
(B) o surto da peste negra.
(B) os homens controlavam os espaços públicos, o que
(C) sistematização do escravismo.
incluía as ações militares, e as mulheres, confinadas ao
(D) renascimento cultural.
espaço doméstico, eram associadas à maternidade e,
(E) decadência do metalismo mercantilista.
ocasionalmente, à santidade.
(C) os homens responsabilizavam-se pelos assuntos
02. Leia o trecho a seguir, retirado de uma carta escrita culturais, o que incluía a instrução dos filhos, e as mu-
entre 830 e 840 pelo aristocrata franco Eginhardo,
lheres dedicavam-se ao preparo das refeições cotidia-
em favor de camponeses:
nas e, ocasionalmente, de banquetes.
(D) as mulheres eram obrigadas a pagar impostos, o
Ao nosso mui querido amigo, o glorioso conde Hatton,
que incluía o dízimo, e os homens, livres de qualquer
Eginhardo, saudação eterna do Senhor. Um dos vossos
tributo, conseguiam acumular mais bens e, ocasional-
servos, de nome Huno, veio à igreja dos santos mártires
mente, enriquecer.
Marcelino e Pedro pedir mercê* pela falta que cometeu
(E) os homens dedicavam-se ao comércio, o que in-
contraindo casamento sem o vosso consentimento [...].
cluía deslocamentos para regiões afastadas de casa, e
Vimos, pois, solicitar a vossa bondade para que em nos-
as mulheres incumbiam-se do trabalho nas lavouras e,
so favor useis de indulgência em relação a este homem,
ocasionalmente, na forja de metais.
se julgais que a sua falta pode ser perdoada. Desejo-vos
boa saúde com a graça do Senhor.
(Cartas de Eginhardo. Tradução de Ricardo da Costa. Extratos de docu-
04. “A casa de Deus, que se crê uma, está pois dividida
mentos medievais sobre o campesinato (sécs. V-XV). Disponível em: em três: alguns rezam, outros combatem e outros
<https://www.ricardocosta.com/extratos-de-documentos-medievais- trabalham. Essas três partes que coexistem não
HISTÓRIA

-sobre-o-campesinato-secs-v-xv#footnoteref19_nuc8key>. Acesso em suportam ser separadas; os serviços prestados por


11 de agosto de 2018.)
uma são a condição das obras das outras duas”.
ADALBERÓN, Bispo de Laon. Canto ao rei Roberto. Século X. In: PE-
*pedir mercê = pedir intercessão DRERO-SÁNCHEZ. História da Idade Média: textos e textemunhas. São
Paulo: Unesp, 2000. p. 91.
No extrato acima, encontramos elementos da vida so-
cial e econômica do período medieval europeu (Alta Escolha a alternativa que melhor representa as classes
Idade Média). Esse documento insere-se em qual sis- sociais típicas do Feudalismo descritas no texto dentre
tema social, político e econômico predominante nesse as alternativas a seguir:
contexto?
(A) suseranos, vassalos e servos.
(A) Feudalismo, caracterizado pela ruralização da eco- (B) patrícios, clientes e plebeus.
nomia, pela relação senhorial entre nobres e servos e (C) sacerdotes, faraó e felás.
pela atuação social e política da Igreja Católica. (D) igreja, burguesia e proletariado.
(B) Mercantilismo, caracterizado pela urbanização da (E) clero, nobreza e servos.
economia, pela relação senhorial entre nobres e cam-
poneses e pela atuação social e política da Igreja Pro- 05. Segundo Max Weber, em “História Econômica Ge-
testante. ral”, no feudalismo, “o poder senhorial se integra
(C) Socialismo, caracterizado pela ruralização da eco- com três elementos distintos: a posse da terra (feu-
nomia, pela relação remunerada entre nobres e servos e do); a posse de seres humanos (servidão); e a apro-
pela atuação cultural e política da Igreja Cristã. priação de direitos políticos (vassalagem), particu-
(D) Mercantilismo, caracterizado pela urbanização da larmente do poder judicial”.
economia, pela relação campesina entre nobres e vas-
salos e pela atuação social e política da Igreja Ortodoxa. Nas alternativas apresentadas abaixo, assinale aquela
(E) Feudalismo, caracterizado pela urbanização da eco- que não corresponde a uma característica do feudalis-
nomia, pela relação agrária entre o clero e os servos e mo.
pela atuação social e cultural da Igreja Cristã.
(A) produção autossuficiente.
03. Por muitíssimo tempo escreveu-se a história sem (B) sociedade estamental.
se preocupar com as mulheres. No século XII as- (C) poder político centralizado.
sim como hoje, masculino e feminino não andam (D) trabalho servil.
um sem o outro. As damas de Guînes e as damas de (E) modo de produção agrícola.

22 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE SISTEMA DINAMUS DE ENSINO


Construção social e política da Europa
Capítulo 2: Europa: a construção social, religiosa e política

Praticando

06. Fugir era o principal recurso que podiam. Os ricos para um maior conhecimento do homem e uma cultura
fugiam para suas casas de campo, como os jovens capaz de desenvolver as potencialidades da condição
patrícios de Florença de que fala Boccaccio, que se humana.
instalaram num palácio no campo [...]. Os pobres das (C) Positivismo, que pregou a submissão do homem aos
cidades morriam em seus buracos [...]. O fato de se- dogmas da Igreja Católica e o não questionamento das
rem os pobres mais duramente atingidos do que os leis divinas.
ricos foi observado com clareza na época, tanto no (D) Panteísmo, que defendeu a noção de que Deus e a
norte quanto no sul. Um cronista escocês, John de Natureza são o mesmo. Sendo assim, fé e razão coexis-
Fordun, afirmou que a peste “ataca em especial os tiriam em harmonia.
mais humildes e os plebeus – raramente os magna- (E) Teocentrismo, que predominou na concepção artís-
tas”. Simon de Corvino, de Montpellier, fez a mesma tica e intelectual medieval, considerando Deus, o centro
observação. Atribuiu isso à miséria, à necessidade e do universo.
às dificuldades [...]. Os contatos íntimos e a falta de
condições sanitárias era a outra metade da verdade. 08. O modo de produção feudal que emergiu na Europa
TUCHMAN, Barbara. Um espelho distante: o terrível século XIV. ocidental na Idade Média foi dominado pela terra. A
Rio de Janeiro: José Olympio, 1999. p. 92.
propriedade agrária era controlada por uma classe
de senhores feudais, a quem os camponeses pres-
O trecho revela, essencialmente
tavam serviços e faziam pagamentos em espécie.
(Perry Anderson. Passagens da Antiguidade ao feudalismo, 2016.
(A) os efeitos do crescimento urbano e populacional Adaptado.)
pelos quais a Europa Ocidental passava durante a ex-
pansão comercial na Baixa Idade Média e que acabaram O excerto contém informações históricas essenciais so-
contribuindo para a disseminação da peste negra. bre o feudalismo, tais como
(B) a crescente diferenciação social entre burguesia e
proletariado nas décadas iniciais da Revolução Indus- (A) as produções artísticas e os fundamentos culturais.
trial, o que propiciou o surto de cólera nos bairros ope- (B) as bases econômicas e as relações sociais.
rários, nos quais os números de mortos cresciam pela (C) as guerras de dominação e a formação dos reinos
impossibilidade de acesso ao tratamento médico. bárbaros.
(C) os momentos decisivos que puseram fim ao Império (D) as crenças religiosas e o poder eclesiástico.
Romano do Ocidente com o surto de lepra, após as in- (E) as atividades comerciais monetarizadas e o cresci-
vasões dos povos bárbaros que culminara com a desti- mento urbano.
tuição do último imperador.
(D) o resultado dos contatos entre europeus e popula- 09. Observe a imagem a seguir:

HISTÓRIA
ções originárias da América durante período das gran-
des navegações, que produziram uma mortandade des-
tes últimos por não disporem de anticorpos para resistir
aos microrganismos vindos do Velho Mundo.
(E) as condições impostas aos indivíduos cativos ori-
ginários do continente africano que, transportados em
navios de carga com destino ao Novo Continente no in-
tuito de servirem de mão de obra escrava, estavam su-
jeitos a inúmeras infecções.

07. “Preparando seu livro sobre o imperador Adriano,


Marguerite Yourcenar encontrou numa carta de
Flaubert esta frase: “Quando os deuses tinham dei-
xado de existir e o Cristo ainda não viera, houve um
momento único na história, entre Cícero e Marco
Aurélio, em que o homem ficou sozinho”. Os deu-
ses pagãos nunca deixaram de existir, mesmo com
o triunfo cristão, e Roma não era o mundo, mas no Qual aspecto da sociedade medieval é mais caracteris-
breve momento de solidão flagrado por Flaubert o ticamente representado por essa imagem?
homem ocidental se viu livre da metafísica - e não
gostou, claro. Quem quer ficar sozinho num mundo (A) Religiosidade.
que não domina e mal compreende, sem o apoio e o (B) Belicosidade.
consolo de uma teologia, qualquer teologia?” (C) Racionalidade.
(Luiz Fernando Veríssimo. Banquete com os deuses). (D) Piedade.
(E) Humanismo.
Nesse sentido, o ideário do mundo medieval, compreen-
dido por meio da religião, pode ser traduzido (pensa- 10. A crise do sistema feudal motivou uma série de mu-
mento medieval) pelo: danças sociais e culturais com o revigoramento do
comércio e das cidades, entre os séculos XI e XIII, na
(A) Hedonismo, que afirmou ser o prazer, o supremo Europa. Nas alternativas a seguir, assinale aquela
bem da vida humana. que se relaciona com o surgimento da burguesia:
(B) Humanismo, que valorizou um saber crítico voltado

SISTEMA DINAMUS DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 23


Construção social e política da Europa
Capítulo 2: Europa: a construção social, religiosa e política

Praticando

(A) Os avanços tecnológicos adotados na agricultura O autor refere-se a três tipos de formações econômico-
não foram suficientes para ampliar o comércio de ali- -sociais nesse pequeno trecho. A esse respeito é correto
mentos, incentivando a produção e comercialização de afirmar:
bens manufaturados.
(B) A intensificação das invasões bárbaras motivou o (A) A síntese descrita refere-se à articulação entre o es-
surgimento de cidades fortificadas onde a prática co- cravismo romano em crise e as formações sociais dos
mercial era intensa. guerreiros germânicos.
(C) A Peste Negra, por ser mais facilmente combatida (B) O escravismo predominava entre os povos germâni-
nas cidades, onde havia melhores condições de higiene, cos e tornou-se um ponto de intersecção com a socie-
fez com que as cidades multiplicassem suas populações dade romana.
e ampliassem as trocas comerciais. (C) A economia romana, baseada na pequena proprie-
(D) O crescimento do comércio com o Oriente e o sur- dade familiar, foi transformada a partir das invasões
gimento de feiras nas principais rotas comerciais da germânicas dos séculos IV a VI.
Europa favoreceram o estabelecimento de uma nova (D) Os povos germânicos desenvolveram a propriedade
classe social de mercadores e artesãos, assim como o privada e as relações servis que permitiram a síntese
surgimento de várias cidades no interior europeu. social com os romanos.
(E) O advento da Guerra Santa desmotivou as práticas (E) A transição para o escravismo feudal foi proporcio-
comerciais entre os artesãos e os organizadores das nada pelos conflitos constantes nas fronteiras romanas
Cruzadas, em função de sérias ameaças às rotas co- devido à ofensiva dos magiares.
merciais no Oriente, limitando o comércio ao continente
europeu. 13. A Idade Média, quando se trata de dinheiro, repre-
senta, na longa duração da história, uma fase de re-
11. Ao analisar a estrutura do trabalho, durante a Alta gressão. Nela, o dinheiro, é menos importante, está
Idade Média, Leo Huberman afirmou: menos presente que no Império Romano, e, muito
menos importante do que viria a ser a partir do sé-
“O camponês era, então, um escravo? Na verdade, cha- culo XVI, e especialmente do XVIII.
mava-se de ‘servos’ a maioria dos arrendatários, da pa- (LE GOFF, Jacques. A Idade Média e o dinheiro: Ensaio de Antropologia
Histórica. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014. p. 10. Adaptado)
lavra latina servus, que significa ‘escravo’. Mas eles não
eram escravos, no sentido que atribuímos à palavra,
Sobre a temática e o período destacado no texto, assi-
quando a empregamos”.
Leo Huberman. História da riqueza do homem. 21ª ed.
nale a alternativa CORRETA.
Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1986, p. 06.
(A) A economia medieval, em especial no período pos-
HISTÓRIA

Considerando os trabalhadores durante o período consi- terior ao século XIII, foi marcada por um caráter natural,
derado, a distinção principal, notada pelo autor, decorre com atividades baseadas em trocas de produtos.
(B) A Europa medieval, em decorrência do feudalismo,
(A) da obtenção de proteção, oferecida pelo senhor aos assistiu a um processo de desmonetização completa da
seus servos que, em troca, prestavam o juramento de sua economia.
fidelidade ao dono da terra, dentro das relações de su- (C) Do século X mais ou menos até o fim do século XIV,
serania e vassalagem. quando o dinheiro recua, a circulação de moeda na Eu-
(B) das especificidades do trabalho naquele período, em ropa conhece um recesso para depois começar um lento
que os servos deviam obrigações ao senhor da proprie- retorno.
dade, não podendo ser vendidos ou trocados, já que es- (D) A retração no fluxo de moedas no medievo não teve
tavam vinculados à terra. ligação direta com as crises financeiras do Império Ro-
(C) das formas diferentes de se lidar com a mão de mano tardio.
obra, já que, na Idade Média, o servo podia ser vendido (E) O grande comércio com o Oriente manterá no Oci-
ou trocado a qualquer momento, condição inexistente dente uma certa circulação em ouro, sob a forma de
com os escravos. moeda bizantina e muçulmana.
(D) da concepção diferenciada sobre o tratamento dado
aos trabalhadores, mais amena em relação aos servos, 14. Observemos apenas que o sistema dos feudos, a
e de extrema crueldade em relação aos escravos e suas feudalidade, não é, como se tem dito frequente-
respectivas famílias. mente, um fermento de destruição do poder. A feu-
(E) dos diferentes vínculos estabelecidos entre o traba- dalidade surge, ao contrário, para responder aos
lhador e o senhor da terra: o escravo estava preso ao poderes vacantes. Forma a unidade de base de uma
seu proprietário, já os servos eram homens livres, que profunda reorganização dos sistemas de autoridade
podiam escolher a proteção de um senhor menos cruel. […].
GOFF, Jacques Le. Em busca da Idade Média, 2008.
12. A colisão catastrófica dos dois anteriores modos de
produção em dissolução, o primitivo e o antigo, veio Segundo o texto, o sistema de feudos:
a resultar na ordem feudal, que se difundiu por toda
a Europa. (A) representa a unificação nacional e assegura a ime-
Anderson, P. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo. Trad. Porto: diata centralização do poder político.
Afrontamento, 1982, p. 140. (B) deriva da falência dos grandes impérios da Antigui-
dade e oferece uma alternativa viável para a destruição
dos poderes políticos.

24 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE SISTEMA DINAMUS DE ENSINO


Construção social e política da Europa
Capítulo 2: Europa: a construção social, religiosa e política

Praticando

(C) impede a manifestação do poder real e elimina os (16) Os camponeses (ou servos), apesar de não recebe-
resquícios autoritários herdados das monarquias anti- rem a posse da terra, estavam presos a ela e submetidos
gas. ao poder do senhor feudal. Isso configura o princípio de
(D) constitui um novo quadro de alianças e jogos políti- uma sociedade estamental, típica do mundo medieval.
cos e assegura a formação de Estados unificados.
(E) ocupa o espaço aberto pela ausência de poderes A alternativa que indica a(s) assertiva(s) correta(s) é:
centralizados e permite a construção de uma nova or-
dem política. (A) 08 e 16.
(B) 01, 02 e 04.
15. Os homens da Idade Média estavam persuadidos de (C) 02, 04 e 08.
que a terra era o centro do Universo e que Deus ti- (D) 01, 04 e 16.
nha criado apenas um homem e uma mulher, Adão (E) 02, 08 e 16.
e Eva, e seus descendentes. Não imaginavam que
existissem outros espaços habitados. O que viam 17. No século XI, o bispo Fulbert de Chartes foi convida-
no céu, o movimento regular da maioria dos astros, do a escrever sobre a fórmula da fidelidade e assim
era a imagem do que havia de mais próximo no pla- o fez:
no divino de organização.
(Georges Duby. Ano 1000, ano 2000: na pista de nossos medos, 1998. Aquele que jura fidelidade a seu senhor deve ter sem-
Adaptado.)
pre em mente estes seis princípios: proteção, segurança,
honra, interesse, liberdade, faculdade. Proteção, quer
O texto revela, em relação à Idade Média ocidental:
dizer, nada deve ser feito em prejuízo do senhor quanto
ao seu corpo. Segurança, nada em prejuízo da residên-
cia onde ele habita ou de suas fortalezas nas quais ele
(A) o prevalecimento de uma mentalidade fortemente
possa se achar. Honra, quer dizer, nada em detrimento
religiosa, indicativa da força e da influência do cristia-
de sua justiça ou do que possa sua honra depender. In-
nismo.
teresse, quer dizer, nada que possa prejudicar suas pos-
(B) a consciência da própria gênese e origem, resultante
sessões. Liberdade e faculdade, quer dizer, o bem que o
das pesquisas históricas e científicas realizadas na Gré-
senhor possa fazer não lhe deva ser tornado difícil e o
cia Antiga.
que ele esteja fazendo tornado impossível (...)
(C) o esforço de compreensão racionalista dos fenôme- Fonte: Fulbert de Chartres. Epistolae, LVIII, ano 1020. In: Jaime Pinsky.
nos naturais, base do pensamento humanista. Modo de produção feudal. 2 ed. São Paulo: Global, 1982.
(D) a construção de um pensamento mítico, provavel-
mente originário dos contatos com povos nativos da Os princípios apresentados na cerimônia descrita pelo

HISTÓRIA
Ásia e do Norte da África. texto fazem referência às relações sociais entre:
(E) a presença de esforços constantes de predição do
futuro, provavelmente oriundos das crenças dos primei- (A) patrícios e plebeus na Antiguidade.
ros habitantes do continente. (B) suseranos e vassalos na Idade Média.
(C) proprietários de terras e escravos no Brasil Colonial.
16. O mundo medieval, predominantemente arraigado (D) burgueses e classe trabalhadora na sociedade in-
ao universo rural e à produção agrícola, conheceu dustrial.
um peculiar sistema de posse da terra e de relações (E) latifundiários e camponeses na América Contempo-
sociais estabelecidas a partir de tal sistema. A res- rânea.
peito dessa questão, assinale o que for correto:
18. A cidade é [desde o ano 1000] o principal lugar das
(01) O clero católico não fazia parte deste sistema. Por trocas econômicas que recorrem sempre mais a um
determinação da Igreja, os padres, bispos e cardeais meio de troca essencial: a moeda. [...] Centro eco-
católicos não deveriam se envolver com questões ma- nômico, a cidade é também um centro de poder.
teriais, preocupando-se apenas com as questões espi- Ao lado do e, às vezes, contra o poder tradicional
rituais. do bispo e do senhor, frequentemente confundidos
(02) A posição social de um indivíduo no universo feu- numa única pessoa, um grupo de homens novos, os
dal não era adquirida ao nascer. Um camponês, por cidadãos ou burgueses, conquista “liberdades”, pri-
exemplo, poderia ascender socialmente e tornar-se um vilégios cada vez mais amplos.
nobre caso obtivesse uma alta produção nas terras con- GOFF Jacques Le. São Francisco de Assis. Rio de Janeiro: Record, 2010.
Adaptado.
fiadas a ele por um senhor feudal.
(04) Cada feudo possuía um único senhor. Nessa unida-
O texto trata de um período em que:
de era permitida a formação de uma única aldeia e as
terras eram cultivadas coletivamente, com o resultado
(A) os fundamentos do sistema feudal coexistiam com
da produção sendo dividido de forma parcimoniosa en-
novas formas de organização política e econômica, que
tre os camponeses e o senhor feudal.
produziam alterações na hierarquia social e nas rela-
(08) Na prática, funcionava um sistema de escalas em
ções de poder.
que o rei concedia a terra para senhores feudais, os
(B) o excesso de metais nobres na Europa provocava
quais a distribuíam para outros senhores (menos po-
abundância de moedas, que circulavam apenas pelas
derosos) e para camponeses despossuídos. Por sua vez,
mãos dos grandes banqueiros e dos comerciantes inter-
quem recebia a terra, ou o direito de nela trabalhar, ju-
nacionais.
rava fidelidade a seu senhor.

SISTEMA DINAMUS DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 25


Construção social e política da Europa
Capítulo 2: Europa: a construção social, religiosa e política

Praticando

(C) o anseio popular por liberdade e igualdade social (E) são as relações escravocratas de produção.
mobilizava e unificava os trabalhadores urbanos e ru-
rais e envolvia ativa participação de membros do baixo 21. O islamismo, religião fundada por Maomé e de
clero. grande importância na unidade árabe, tem como
(D) a Igreja romana, que se opunha ao acúmulo de bens fundamento:
materiais, enfrentava forte oposição da burguesia as-
cendente e dos grandes proprietários de terras. (A) o monoteísmo, influência do cristianismo e do juda-
(E) as principais características do feudalismo, sobretu- ísmo, observado por Maomé entre povos que seguiam
do a valorização da terra, haviam sido completamente essas religiões.
superadas e substituídas pela busca incessante do lucro (B) o culto dos santos e profetas através de imagens e
e pela valorização do livre comércio. ídolos.
(C) o politeísmo, isto é, a crença em muitos deuses, dos
19. Leia o documento de 1346. quais o principal é Alá.
(D) o princípio da aceitação dos desígnios de Alá em vida
(...) se qualquer pessoa do dito ofício sofrer de pobreza e a negação de uma vida pós-morte.
pela idade, ou porque não possa trabalhar terá toda se- (E) a concepção do islamismo vinculado exclusivamen-
mana 7 dinheiros para seu sustento (...) te aos árabes, não podendo ser professado pelos povos
E nenhum estrangeiro trabalhará no dito ofício se não inferiores.
for aprendiz, ou homem admitido à cidadania do dito
lugar.
22. O islamismo, ideologia difundida a partir da Alta
Idade Média, em que o poder político confunde-se
(...) E se alguém do dito ofício tiver em sua casa tra-
com o poder religioso, era dotado de certa hetero-
balho que não possa completar... os demais do mesmo
geneidade, o que pode ser constatado na existência
ofício o ajudarão, para que o dito trabalho não se perca.
de seitas rivais como:
(...) Prestando perante eles o juramento de indagar e
pesquisar (...) os erros que encontrarem no dito comér-
(A) politeístas e monoteístas.
cio, sem poupar ninguém, por amizade ou ódio.
(B) sunitas e xiitas.
Ninguém que não tenha sido aprendiz e não tenha con-
(C) cristãos e muezins.
cluído seu termo de aprendizado do dito ofício poderá
(D) sunitas e cristãos.
exercer o mesmo. (E) xiitas e politeístas.
(Apud Leo Huberman, História da riqueza do homem, 1970, p. 65)

A partir do documento, é possível reconhecer as princi- 23. As invasões e dominação de vastas regiões pelos
pais características das corporações de ofícios, a saber: árabes na Península Ibérica provocaram transfor-
HISTÓRIA

mações importantes para portugueses e espanhóis,


(A) solidariedade; defesa do livre mercado para além que os diferenciaram do restante da Europa medie-
da cidade; regras flexíveis para seus membros, inclusive val. As influências dos árabes, na região, relaciona-
estrangeiros, que poderiam exercer vários ofícios. ram-se a:
(B) defesa do monopólio do mercado da cidade; exclu-
são de estrangeiros; controle de qualidade do trabalho (A) acordos comerciais entre cristãos e mouros, a fim de
favorecer a utilização das rotas de navegação marítima
para evitar práticas desonestas e espírito de fraternida-
em torno dos continentes africano e asiático, para obter
de.
produtos e especiarias.
(C) ausência de controle do trabalho; monopólio do
(B) conflitos entre cristãos e muçulmanos, que facilita-
mercado da cidade; admissão de estrangeiros; incentivo
ram a centralização da monarquia da Espanha e Portu-
à competição e admissão de aprendizes de diferentes
gal, sem necessitar do apoio da burguesia para efetivar
ofícios.
as grandes navegações oceânicas.
(D) emprego de aprendizes desqualificados; liberdade de
(C) difusão das ideias que ocasionaram a criação da
preço dos produtos; exclusão de estrangeiros; espírito
Companhia de Jesus, responsável pela catequese nas
de fraternidade e produção de vários tipos de produtos.
terras americanas e africanas conquistadas através das
(E) produção com controle de qualidade; admissão de grandes navegações.
artesãos sem aprendizado anterior; defesa da concor- (D) acordos entre cristãos e muçulmanos, para facilitar a
rência entre os artesãos e livre mercado de preços dos disseminação das ideias e ciências romanas, fundamen-
produtos. tais, para o crescimento comercial e das artes náuticas.
(E) contribuições para a cultura científica, possibilitando
20. Uma das características que podemos reconhecer ampliação de conhecimentos, principalmente na mate-
no sistema feudal europeu: mática e astronomia, que permitiram criações de técni-
cas marítimas para o desenvolvimento das navegações
(A) é a organização da sociedade feudal em dois grupos oceânicas.
bem definidos: os senhores e os escravos.
(B) são os ideais de honra e fidelidade oriundos da so-
ciedade islâmica.
(C) é a obrigação anual de corveia e o pagamento da
talha e banalidades como obrigações de servos aos se-
nhores feudais.
(D) é o dinamismo econômico, voltado para o comércio
entre feudos vizinhos.

26 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE SISTEMA DINAMUS DE ENSINO


Filosofia
Capítulo 1: A Filosofia na Idade Média

Lei nº 9.610/98.
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Violação de direito autoral cabe detenção de três meses a um ano, ou multa. Caracterização da
violação: reprodução por qualquer meio, de obra intelectual, no todo ou em parte.
Filosofia: ensino médio, 1ª série. Alagoas: Dinamus
Sistema de Ensino, 2022.

Obra em 1 v.

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO.


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Rua Dr. Eurico Ayres, 53 - Tabuleiro do Martins
Maceió – AL.

Obra editada segundo a Base Nacional Comum Curricular para o Ensino Médio, homo-
logado pela Portaria nº 1.570, publicada no D.O.U. de 2017.
1 A filosofia na
Idade Média

Filosofia Medieval
O período da história da Filosofia conhecido como Medieval abrange pensadores europeus, árabes
e judeus. É o período em que a Igreja Romana dominava a Europa, ungia e coroava reis, organizava
Cruzadas à Terra Santa e criava, à volta das catedrais, as primeiras universidades ou escolas. E, a
partir do século XII, por ter sido ensinada nas escolas, a filosofia medieval também passa a ser co-
nhecida com o nome de escolástica.
A filosofia medieval teve como influências principais Platão e Aristóteles, embora o Platão conhecido
pelos medievais fosse o neoplatônico (isto é, interpretado pelo filósofo Plotino, do século VI d.C.) e
o Aristóteles fosse aquele conservado e traduzido pelos árabes, particularmente Avicena (da Pérsia)
e Averróis (da Espanha).
Conservando e discutindo os mesmos problemas que a patrística, a filosofia medieval acrescentou
outros – particularmente um, conhecido com o nome de Problema dos Universais – e, além de Platão
e Aristóteles, sofreu uma grande influência das ideias de Agostinho de Hipona. Durante esse período
surge propriamente a filosofia cristã, que é, na verdade, a teologia. Um de seus temas mais constan-
tes são as provas da existência de Deus e da imortalidade da alma, isto é, demonstrações racionais
da existência do infinito criador e do espírito imortal.
A diferença e a separação entre infinito (Deus) e finito (homem, mundo), a diferença entre a razão
e a fé (a primeira devendo se subordinar à segunda), a diferença e a separação entre corpo (ma-
téria) e alma (espírito), o Universo como uma hierarquia de seres, onde os superiores dominam e
governam os infernos (Deus, serafins, querubins, arcanjos, anjos, alma, corpo, animais, vegetais,
minerais), a subordinação do poder do Estado (na figura dos reis e barões) ao poder espiritual de
papas e bispos: eis os grandes temas da filosofia medieval.
Em síntese, por se tratar de um período de expansão e consolidação do Cristianismo na Europa
Ocidental, a filosofia construída na Idade Média tem como seu pano de fundo a religião e todas as
questões inerentes a ela.

Lei nº 9.610/98.
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ção da violação: reprodução por qualquer meio, de obra intelectual, no todo ou em parte.
Sumário
Filosofia e cristianismo_03
Fé versus razão_05
Filosofia patrística_05
Filosofia escolástica_08
Contribuições da patrística e da escolástica_12
A universidade_14
Referências bibliográficas_15

Filo. _Contexto

01. A partir da leitura inicial, é correto afirmar que a compreensão do mundo por meio da religião é
uma disposição que traduz o pensamento medieval. Nesse sentido, o pressuposto deste pensamen-
to é

(A) o antropocentrismo: a valorização do homem como centro do Universo e a crença no caráter divino
da natureza humana.
(B) a escolástica: a busca da salvação através do conhecimento da filosofia clássica e da assimilação do
paganismo.
(C) o panteísmo: a defesa da convivência harmônica de fé e razão, uma vez que o Universo, infinito, é
parte da substância divina.
(D) o positivismo: submissão do homem aos dogmas instituídos pela Igreja e não questionamento das
leis divinas.
(E) o teocentrismo: concepção predominante na produção intelectual e artística medieval, que conside-
ra Deus o centro do Universo.

02. A doutrina de Platão influenciou os primeiros filósofos medievais, Agostinho, bispo de Hipona (354
a 430) e Boécio (480 a 524), autores de Confissões e Consolação da Filosofia, respectivamente. Mas
a Filosofia que predominou na Idade Média foi a:

(A) Sofística
(B) Epicurista
(C) Escolástica
(D) Existencialista
(E) Fenomenológica

03. Explique, em linhas gerais, como é possível afirmar que "o pano de fundo da filosofia medieval é a
religião".
Filosofia medieval
Capítulo 1: A filosofia na Idade Média

A filosofia na Idade Média Bárbaros


Para os romanos, povos
Filosofia e cristianismo bárbaros eram os povos
que habitavam fora das
fronteiras do império e
Introdução falavam outras línguas que
não o latim, sua língua ofi-
Ao longo do século V a.C., o império romano do Ocidente sofreu ataques constantes dos povos cial. Os povos germânicos,
celtas, iberos, trácios e
bárbaros. Os sucessivos e violentos confrontos, principalmente as invasões germânicas, levaram
persas eram os principais
ao seu esfacelamento. Desenvolveu-se, a partir de então, uma nova estruturação da vida social bárbaros aos quais os
europeia, que corresponde ao período medieval. romanos faziam referên-
Em meio a todas as mudanças, a Igreja Católica conseguiu manter-se como instituição so- cia quando utilizavam o
cial. Consolidou sua organização religiosa e difundiu o cristianismo, preservando, também, mui- termo.
tos elementos da cultura greco-romana.
Apoiada em sua crescente influência religiosa, a Igreja passou a exercer importante papel político na
sociedade medieval. Desempenhou, às vezes, a função de órgão supranacional, conciliador das elites do-
minantes, contornando os problemas das rivalidades internas do nobreza feudal. Conquistou, também,
uma enorme quantidade de bens materiais: tornou-se dona de aproximadamente um terço das áreas cul-
tiváveis da Europa Ocidental, em uma época em que a terra era a principal base da riqueza.
No plano cultural, a Igreja exerceu ampla influência, traçando um quadro intelectual em que a fé cristã
tornou-se o pressuposto (isto é, o antecedente necessário) de toda vida espiritual e racional, o que marcou
exponencialmente o pensamento filosófico reproduzido nesse período.

Mudança de perspectiva

No século I d.C., quando Saulo de Tarso (ou Paulo – c. 5-67) discursou


aos atenienses para tentar convertê-los à sua crença, fez menção a uma
inscrição que observou em vários templos de Atenas. A inscrição dizia:
"A um deus desconhecido". O deus desconhecido, que seria o verdadeiro
Deus, afirmava Paulo, "é aquele que venho apresentar-lhes". Em seu dis-
curso, o apóstolo apresentava aos atenienses algo até então desconhecido
entre eles: uma perspectiva monoteísta da divindade.
Como Paulo, muitos dos seguidores do então nascente cristianismo
(uma das atuais três grandes religiões monoteístas) pretenderam dar
respostas aos mistérios que cercam a existência humana. Essas pessoas
se dedicaram à atividade filosófica, levando conceitos e modos de pensa-

FILOSOFIA
mento estranhos às filosofias grega e latina, como o uso da fé, das verda-
des reveladas e a noção de um deus pessoal e criador.
O pensamento medieval cristão foi a síntese entre o cristianismo e as
filosofias grega e latina, alterando profundamente a formulação dos pro-
blemas filosóficos. O surgimento de filósofos cristãos tratá para a cena
filosófica um problema até então desconhecido: o das relações entre a fé
e a razão.
Figura 1. São Paulo.
O cristianismo Pintura de Etienne Parrocel, datada do século XVIII. No século
I, o apóstolo Paulo pregou aos atenienses, mas muitos dos
presentes, acostumados a discussões argumentativas na ágora,
O cristianismo é uma religião que surgiu no interior do império roma- não deram ouvidos ao homem que pronunciava ser o porta-voz
no, a partir do ano 1 de nossa era, com os seguidores dos ensinamentos de do único e verdadeiro Deus, aquele em quem é preciso crer
para poder conhecer.
Jesus Cristo. Constituía originalmente uma corrente heterodoxa do juda-
ísmo e, como tal, manteve o que os cristãos chamam de Velho Testamen- Fonte: https://www.artexpertswebsite.com/wp-content/uplo-
to (as escrituras hebraicas) como parte de seu livro sagrado (a Bíblia), ads/emedia/artists/artists_l-z/parrocel/Parrocel_SaintPaul.jpg

mas incorporou a ele o Novo Testamento (as escrituras gregas), redigido


pelos apóstolos e primeiros cristãos durante o século I d.C.
O desenvolvimento inicial do cristianismo ocorreu juntamente com a edificação da Igreja Católica, ins-
tituição que foi a única representante da fé cristã por muitos séculos, até o início da Idade Moderna e o
advento da Reforma Protestante. Era uma época de grande penetração da filosofia grega entre as autori-
dades das camadas mais cultas da população de Roma e de suas províncias e, posteriormente, da Europa
medieval.
Devido a essa influência, boa parte da doutrina cristã – elaborada nesse período – integra elementos de
diversas correntes do pensamento grego. A tarefa de construir essa doutrina foi realizada pelos chamados
padres da Igreja e outros líderes cristãos, com o propósito de explicar e justificar os diversos aspectos de
sua fé. Nesse processo, porém, não se poderia, de modo algum, contrariar as verdades reveladas por Deus
aos humanos ou as interpretações das escrituras sagradas que foram sendo estabelecidas pela Igreja.
Nos primeiros séculos de nossa era, as obras de Platão e Aristóteles haviam desaparecido. Assim, as
principais concepções gregas absorvidas pelo cristianismo, nesse período, vieram de escolas filosóficas
helenísticas e greco-romanas, com destaque para o estoicismo e o neoplatonismo. Este surgiu por volta
do século III, realizando uma síntese entre a filosofia de Platão e certos elementos místicos, como a me-
tafísica hindu. Propunha como realidade suprema o Uno, do qual emanariam todas as outras realidades,
sendo a primeira delas o logos.

SISTEMA DINAMUS DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 3


Filosofia medieval
Capítulo 1: A filosofia na Idade Média

_Doutrinas orientais

Talvez você esteja se perguntando: “Por que estamos falando de cristianismo em um livro de filosofia?”. Porque
foi, conforme veremos, o contexto que marcou a produção filosófica no universo medieval europeu, além do papel
fundamental que exerceu na formação cultural de grande parte dos povos do Ocidente.
No entanto, é preciso lembrar que, séculos antes do surgimento da religião cristã, no Oriente e no Oriente Médio
produziam-se grandes reformas no pensamento filosófico-religioso de algumas das civilizações mais antigas do
planeta, igualmente com grande impacto em suas culturas até os dias atuais.
É que nesse período viveram homens considerados sábios ou profetas e que se tornaram grandes líderes espiritu-
ais de seus povos. Eles criticaram, reformularam ou reinterpretaram os livros sagrados, os mitos, os ídolos e muitas
das crenças arcaicas de suas civilizações. Citemos alguns: na Pérsia (atual Irã), o quase mítico Zoroastro (c. século
VII a.C.); na Palestina, os profetas Isaías, Jeremias e Ezequiel (entre os séculos VIII e VI a.C.); na China, Confúcio e
Lao-Tsé (séculos VI-V a.C.); na Índia, Buda (c. 563-483).
Observe que foi mais ou menos nessa mesma época que nasceu e floresceu a filosofia na Grécia. Por isso, o filósofo
alemão Karl Jaspers (1883-1969) batizou esse período de era axial, pois quase ao mesmo tempo foram “plantados”
novos eixos conceituais e morais em culturas tão distintas do Oriente e do Ocidente.
FONTE: Cotrim, Gilberto. Fundamentos da Filosofia: História e grandes temas. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 204.

Pensamento medieval e a Filosofia cristã

A história da Filosofia medieval compreende um período de aproximadamente mil anos. O termo "me-
dieval" se refere à Idade Média, denominação marcada pela ideia de que se trata de um tempo de transição.
O pressuposto assumido pelos pensadores que sucederam o período medieval foi de que o fim da Antigui-
dade, com a dissolução do Império Romano ao longo do século V, resultou na decadência do pensamento
clássico.
Para eles, a Idade Média foi a época em que a fé predominou sobre a razão, criando um intervalo que só
terminaria com o Renascimento (o período filosófico-cultural de retomada da tradição greco-romana). Daí
a expressão frequentemente utilizada para designar o período e o pensamento medievais como sendo uma
"idade das trevas". Trata-se, evidentemente, de uma visão pejorativa sobre o pensamento medieval, a qual
procurava muito mais valorizar o movimento que então surgia – o Renascimento – do que efetivamente
compreender a dinâmica própria do mundo medieval.
Os filósofos medievais procuraram aliar reflexões teológicas com a atividade filosófica. Muitas foram as
FILOSOFIA

correntes de pensamento que se dedicaram a essa preocupação e os teóricos da Filosofia cristã desempe-
nharam um papel marcante nos estudos sobre esse período. Isso ajuda a entender por que a Igreja Católica
firmou-se como importante instituição social da Idade Média, consolidou sua organização e difundiu sua
doutrina ao longo dos séculos. As principais vertentes filosóficas que o cristianismo criou foram a patrís-
tica e a escolástica.
O elemento novo que modificou completamente o modo clássico de fazer filosofia foi o advento da
ideia de revelação. Essa ideia estava ausente na Filosofia grega. Até então cabia à razão constituir sozinha
todo o edifício do saber filosófico. Na Idade Média, assim como na Antiguidade tardia, a ideia de verdades
reveladas (talvez impossíveis de serem alcançadas exclusivamente por via racional) passa a compor a
especulação filosófica.
A revelação seria superior a todas formas de expressão filosófica conhecidas. Ainda que a razão con-
tinuasse sendo considerada uma atividade importante do conhecimento, ela não seria o fundamento da
verdade nos primórdios da Filosofia cristã medieval.
A partir do século II, a razão seria convertida em recurso auxiliar da fé. Seu uso serviria à comprovação
de verdades ao demonstrar teses como a existência de Deus e a própria noção de revelação. Os resultados
da investigação filosófica deviam coincidir com os obtidos pela revelação, ou seja, se a investigação racio-
nal chegasse a conclusões que contrariassem as verdades reveladas, então o caminho deveria ser refeito.
Não foi esse o único ponto de vista sobre a relação entre razão e crença, mas sua influência na Filosofia
foi considerável.

Fixando conceitos

01. Comente de que forma a sociedade europeia realizou a transposição da Antiguidade para a Idade Média (ou
período medieval).
02. A Igreja Católica foi grande responsável pelo modo de viver e pensar na medievalidade europeia. Explique de
que forma ela conseguiu essa influência.
03. O que o cristianismo tem a ver com a filosofia medieval?

4 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE SISTEMA DINAMUS DE ENSINO


Filosofia medieval
Capítulo 1: A filosofia na Idade Média

Fé versus razão
Cristianismo na filosofia

O cristianismo, como a maioria das religiões, baseia-se na fé, isto é, na crença


irrestrita ou adesão incondicional às verdades reveladas por Deus aos seres hu-
manos (verdades expressas nas Sagradas Escrituras – a Bíblia – e interpretadas
segundo a autoridade da Igreja).
De acordo com a doutrina católica, a fé em si mesma seria a fonte mais eleva-
da das verdades reveladas, especialmente aquelas consideradas essenciais ao ser
humano e que dizem respeito à sua salvação. Nesse sentido, Aurélio Ambrósio (c.
340-397), teólogo e bispo de Milão, uma das figuras eclesiásticas mais influentes
do século IV, teria afirmado: “Toda verdade, dita por quem quer que seja, é do Es-
pírito Santo”.
Isso significa que toda investigação filosófica ou científica não poderia, de modo
algum, contrariar as verdades estabelecidas pela fé católica. Em outras palavras,
os filósofos não precisavam mais se dedicar à busca da verdade, pois ela já teria
sido revelada por Deus aos seres humanos. Restava-lhes, apenas, demonstrar ra-
cionalmente as verdades da fé.
Não foram poucos, porém, aqueles que dispensariam até mesmo essa compro- Figura 2. Agostinho de Hipona.
Retrato de Philippe de Champaigne, no século XVII.
vação racional da fé. Foi o caso de religiosos que desprezavam a filosofia grega, Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki
sobretudo porque viam nessa forma pagã de pensamento uma porta aberta para o
pecado, a dúvida, o descaminho e a heresia.

De outro lado, surgiram pensadores cristãos que


defenderam o conhecimento da filosofia grega, perce-
bendo a possibilidade de utilizá-la como instrumento
a serviço do cristianismo. Conciliado com a fé cristã, o
estudo da filosofia grega permitiria à Igreja enfrentar os
descrentes e derrotar os hereges com as armas racio-
nais da argumentação lógica.
O objetivo era convencer os descrentes, tanto quan-
to possível, pela razão, para depois fazê-los aceitar a
imensidão dos mistérios divinos, somente acessíveis
pela fé. Nesse contexto, a filosofia medieval pode ser di-
vidida em quatro momentos principais:

FILOSOFIA
• o dos padres apostólicos, do início do cristianismo
(séculos I e II), entre os quais se incluem os apósto-
los, que disseminavam a palavra de Cristo, sobretudo
em relação a temas morais. Entre estes se destaca
Figura 3. Tomás de Aquino (1225 - 1274).
Retrato de Fra Angelico em 1395.
a figura de Saulo de Tarso (ou Paulo) pelo volume e
Fonte: https://upload.wikimedia.org/wiki valor literário de suas epístolas (cartas escritas pelos
apóstolos);

• o dos padres apologistas (séculos III e IV), que faziam a apologia do cristianismo contra a filosofia
pagã. Entre os apologistas destacam-se Orígenes, Justino e Tertuliano, este o mais intransigente na
defesa da fé contra a filosofia grega;

• o da patrística (de meados do século IV ao século VIII), que pretendia uma conciliação entre a razão e
a fé. Destacam-se aqui a figura de Agostinho de Hipona e a influência da filosofia platônica;

• o da escolástica (do século IX a XVI), em que se buscou uma sistematização da filosofia cristã, so-
bretudo a partir da interpretação da filosofia de Aristóteles, com destaque para a figura de Tomás de
Aquino. Sua característica fundamental é a ênfase nas questões teológicas, destacando-se temas como
o dogma da Trindade, a encarnação de Deus-Filho, a liberdade e a salvação, a relação entre fé e razão.

Vejamos nesta unidade os dois momentos mais importantes da filosofia medieval: a patrística e a es-
colástica.

Filosofia patrística

A matriz platônica de apoio à fé

No processo de desenvolvimento do cristianismo, tornou-se necessário explicar seus preceitos às auto-


ridades romanas e ao povo em geral. A Igreja Católica sabia que esses preceitos não podiam simplesmente
ser impostos pela força. Tinham de ser apresentados de maneira convincente, mediante um trabalho de
pregação e conquista espiritual.
Foi assim que os primeiros padres da Igreja (daí o termo Patrística) empenharam-se na elaboração de
SISTEMA DINAMUS DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 5
Filosofia medieval
Capítulo 1: A filosofia na Idade Média

diversos textos sobre a fé e a revelação cristãs. O conjunto desses textos ficou conhecido como patrística,
por terem sido escritos principalmente por esses grandes padres da Igreja.
Uma das principais correntes da filosofia patrística, inspirada na filosofia greco-romana, tentou munir a
fé de argumentos racionais, ou seja, buscou a conciliação entre o cristianismo e o pensamento pagão. Seu
principal expoente foi Aureliano Agostinho, posteriormente consagrado santo pela Igreja Católica.
Vigorando entre os século II e VIII d.C., a patrística ficou marcada, inicialmente, pelo esforço de funda-
mentar a fé cristã. Como seus representantes possuíam formação filosófica clássica, e só posteriormente
se converteram ao cristianismo, muitos conceitos de origem filosófica eram empregados neste momento.
Os primeiros padres da igreja foram chamados de apologistas, pois escreviam textos de defesa e elo-
gio ao cristianismo. A apologia era uma tentativa de defender o cristianismo dos ataques movidos pelos
pagãos e pelos hereges, bem como de superar a resistência dos judeus e dos gregos em aceitar a nova fé.
Além disso, os apologistas assumiram a tarefa de definir o sentido correto da interpretação da doutrina
cristã e de distingui-la de uma heresia.

Agostinho de Hipona
Heresia
É a denominação dada a
qualquer ato, palavra ou Aureliano Agostinho (354-430) nasceu em Tagaste, província romana situada na África, e fa-
doutrina contrários ao que leceu em Hipona, hoje localizada na Argélia. Nesse última cidade viria a ocupar o cargo de bispo
foi estabelecido pela igre- da Igreja Católica, razão pela qual ficou conhecido como Agostinho de Hipona.
ja, em termos de fé. Em Em sua formação intelectual, Agostinho, professor de retórica em escolas romanas, desper-
sua origem grega, heresia
tou para a filosofia com a leitura das obras de Cícero (106 - 43 a.C.). Posteriormente, deixou-se
significava escolha, uma
preferência por uma outra influenciar pelo maniqueísmo, doutrina persa que afirmava ser o universo dominado por dois
doutrina. Herege era a grandes princípios opostos, o bem e o mal, e uma incessante luta entre si.
pessoa que escolhia seguir Mais tarde, já insatisfeito com o maniqueísmo, passou a lecionar em Roma e posteriormente
determinada heresia. em Milão. Nesse período entrou em contato com o ceticismo e, depois, com o neoplatonismo,
movimento filosófico do período greco-romano, desenvolvido por pensadores inspirados em Pla-
tão, que se espalhou por diversas cidades do império romano, sendo marcado por sentimentos
religiosos e crenças místicas.
Cresceu e aprofundou-se então em Agostinho uma grande crise existencial, uma inquietação quase
desesperada em busca de sentido para a vida. Foi nesse período crítico que ele se sentiu extremamente
atraído pelas pregações de Ambrósio, bispo de Milão. Pouco tempo depois, converteu-se ao cristianismo,
tornando-se seu grande defensor pelo resto da vida.

Texto 1
FILOSOFIA

A iluminação divina

Agostinho desenvolveu a teoria da iluminação divina, segundo a qual todo conhecimento verdadeiro é o
resultado de uma iluminação (revelação) divina, que possibilita ao homem contemplar as ideias, arquétipos
eternos de toda realidade.
Não obstante a influência platônica em seu pensamento, Agostinho afasta-se, porém, de Platão ao entender
a percepção da alma não como descoberta de uma reminiscência de um conteúdo passado, mas como irra-
diação divina no presente.
Acima da razão (do homem) ainda há verdades que não dependem da subjetividade, pois suas leis são uni-
versais e necessárias: as matemáticas, a estética e a moral. Só acima destas está Deus, que as cria, ordena e
possibilita o seu conhecimento, que deve, agora, ser buscado na interioridade do homem.

A superioridade da alma

Em sua obra, Agostinho argumenta em favor da supremacia do espírito sobre o corpo, a matéria. Para
ele, a alma teria sido criada por Deus para reinar sobre o corpo, dirigindo-o para a prática do bem. O peca-
dor, entretanto, utilizando-se do livre-arbítrio, costumaria inverter esse relação, fazendo o corpo assumir
o governo da alma. Provocaria, com isso, a submissão do espírito à matéria, o que seria, para Agostinho,
equivalente à subordinação do eterno ao transitório, da essência à aparência. A verdadeira liberdade esta-
ria na harmonia das ações humanas com a vontade de Deus. Ser livre é servir a Deus, diz Agostinho, pois
o prazer de pecar é a escravidão.
Segundo o filósofo, o ser humano que trilha a via do pecado só consegue retornar aos caminhos de Deus
e da salvação mediante a combinação de seu esforço pessoal de vontade e a concessão, imprescindível,
da graça divina. Sem a graça de Deus, o ser humano nada pode conseguir. Essa graça, no entanto, seria
concedida apenas aos predestinados à salvação.
A questão da graça, tal como colocada pelo filósofo, marcou profundamente o pensamento medieval
cristão. E a doutrina da predestinação à salvação foi, posteriormente, adotada por alguns ramos da teo-
logia protestante (Reforma Protestante).
Na mesma época de Agostinho, outro teólogo, Pelágio da Bretanha, afirmava que a boa vontade e as
boas obras humanas seriam suficientes para a salvação individual. Seus ensinamentos constituíram a dou-
trina do pelagianismo, contra a qual se colocou Agostinho. No Concílio de Cartago, do ano 417, o papa
Zózimo condenou o pelagianismo como heresia e adotou a concepção agostiniana de necessidade da
graça divina, doada livremente por Deus aos seus eleitos.

6 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE SISTEMA DINAMUS DE ENSINO


Filosofia medieval
Capítulo 1: A filosofia na Idade Média

A condenação do pelagianismo explica-se pelo fato de que conservava a noção grega de autonomia
da vida moral humana, isto é, a noção de que o indivíduo pode salvar-se por si só, sendo bom e fazendo
boas obras, sem a necessidade da ajuda divina. Essa noção chocava-se com a ideia de submissão total do
homem ao Deus cristão, defendida pela Igreja. “O fato de assim a Igreja ter se pronunciado por tal doutrina
assinalou o fim da ética pagã e de toda a filosofia helênica” (POHLENZ, citado em REALE e ANTISERI, Histó-
ria da filosofia, v. 1, p. 433).
Uma consequência disso é a forma como se passa a enfatizar a interioridade. Enquanto na filosofia
grega o indivíduo se identificava com o cidadão (isto é, o ser humano social, político), a filosofia cristã
agostiniana enfatiza no indivíduo sua vinculação pessoal com Deus, a responsabilidade de cada indivíduo
pelos próprios atos e exalta a salvação individual.

Liberdade e pecado

Outro aspecto fundamental da filosofia agostiniana é o entendimento de que a vontade é uma força
que determina a vida e não uma função específica ligada intelecto, tal como diziam os gregos. Agostinho
contrapõe-se, dessa forma, ao intelectualismo moral, que teve sua expressão máxima em Sócrates.
Isso significa que, de acordo com Agostinho, a liberdade humana é própria da vontade e não da razão – e
é nisso que reside a fonte do pecado. A pessoa peca porque usa de seu livre-arbítrio para satisfazer uma
vontade má, mesmo sabendo que tal atitude é pecaminosa. Nas palavras do filósofo, vejamos as causas
mais comuns do pecado:

Texto 2

O ouro, a prata, os corpos belos e todas as coisas são dotadas dum certo atrativo. O prazer de conveniên-
cia que se sente no contato da carne influi vivamente. Cada um dos outros sentidos encontra nos corpos uma
modalidade que lhes corresponde. Do mesmo modo a honra temporal e o poder de mandar e dominar encerram
também um brilho, donde igualmente nasce a avidez e a vingança. [...] A vida neste mundo seduz por causa
duma certa medida de beleza que lhe é própria, e da harmonia que tem com todas as formosuras terrenas.
Por todos estes motivos e outros semelhantes, comete-se o pecado, porque, pela propensão imoderada
para os bens inferiores, embora sejam bons, se abandonam outros melhores e mais elevados, ou seja, a Vós,
meu Deus, à vossa verdade e à vossa lei. (Agostinho, Confissões, p. 33).

FONTE: Cotrim, Gilberto. FERNANDES, Mirna. Fundamentos da Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 208.

Por isso Agostinho afirma que o ser humano não pode ser autônomo em sua vida moral, isto é, deliberar

FILOSOFIA
livremente sobre sua conduta. No entanto, como o que conduz seus atos é a vontade e não a razão, o ser
humano pode querer o mal e praticar o pecado, motivo pelo qual necessita da graça divina para se salvar.

A precedência da fé

Agostinho também discutiu a diferença entre fé cristã e razão, afirmando que


a fé nos faz crer em coisas que nem sempre entendemos pela razão: “creio tudo
o que entendo, mas nem tudo que creio também entendo. Tudo o que compreendo
conheço, mas nem tudo que creio conheço” (Agostinho, De magistro, p. 319).
Baseando-se no profeta bíblico Isaías, dizia ser necessário crer para compre-
ender, pois a fé ilumina os caminhos da razão, e a compreensão nos confirma a
crença posteriormente. Isso significa que, para Agostinho, a fé revela verdades
ao ser humano de forma direta e intuitiva. Vem depois a razão, esclarecendo
aquilo que a fé já antecipou. Há, portanto, para ele, uma precedência da fé
sobre a razão.

A influência do helenismo na fé agostiniana

A expansão do cristianismo, nos três primeiros séculos de nossa era, abarcou


regiões como o Oriente Médio, a Ásia Menor, o Norte da África e a Europa. To-
das essas regiões estiveram, como já estudamos, imersas na chamada cultura
helenística (sob comando de Alexandre da Macedônia) e do Império Romano.
Assim sendo, houve o encontro entre a cultura greco-romana e a cultura judai-
co-cristã nessas regiões.
Esse encontro foi fundamental para a universalização da religião cristã, bem
como para estabelecer as bases da civilização ocidental.
Não menos importante, o pensamento agostiniano reflete, em grande me-
dida, os principais passos de suas trajetória intelectual anterior à conversão
Figura 4. Agostinho lendo a epístola de Paulo.
ao catolicismo, quando sofreu a influência deste helenismo. Vejamos alguns Retrato de Benozzo Gozzoli, 1464-1465. Agostinho se
elementos: converteu ao cristianismo após ler uma das epístolas (ou
cartas) de Paulo A pintura ilustra esse momento. À direita
de Agostinho, seus velhos amigos se afastam; à esquerda
• do maniqueísmo o filósofo herdou uma concepção dualista no âmbito mo- dele, seu amigo da nova fé se aproxima.
ral, simbolizada pela luta entre o bem e o mal, a luz e as trevas, a alma e
Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.

SISTEMA DINAMUS DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 7


Filosofia medieval
Capítulo 1: A filosofia na Idade Média

o corpo. Nesse sentido, dizia que o ser humano tem uma inclinação natural para o mal, para os vícios,
para o pecado. Insistia na ideia de que já nascemos pecadores (pecado original) e somente um esforço
consciente pode nos fazer superar essa "deficiência natural”. Considerando o mal como o afastamento
de Deus, defendia a necessidade de uma intensa educação religiosa, com a finalidade de reduzir essa
distância;

• do ceticismo ficou a permanente desconfiança nos dados dos sentidos, isto é, no conhecimento senso-
rial, que nos apresenta uma multidão de seres mutáveis, flutuantes e transitórios;

• do platonismo Agostinho assimilou a concepção de que a verdade, como conhecimento eterno, deveria
ser buscada intelectualmente no “mundo das ideias”. Por isso defendeu a via do autoconhecimento, o
caminho da interioridade como instrumento legítimo para a busca da verdade. Assim, somente o íntimo
de nossa alma, iluminada por Deus, poderia atingir a verdade das coisas. Da mesma forma que os olhos
do corpo necessitam da luz do Sol para enxergar os objetos do mundo sensível, os “olhos da alma” ne-
cessitam da luz divina para visualizar as verdades eternas da sabedoria.

Fixando conceitos

01. Em que consistiu a patrística agostiniana? Qual era o objetivo desta doutrina filosófica medieval?
02. Explique a relação que estabelece Agostinho entre corpo e espírito.
03. Que papel tem a vontade humana no pensamento agostiniano?
04. De que maneira o conceito de graça divina, defendido por Agostinho, rompe com a ética pagã?

Filosofia escolástica

A matriz aristotélica até Deus

No século VIII, Carlos Magno, rei dos francos, coroado imperador do Ocidente no ano 800, pelo papa
Leão III, organizou o ensino e fundou escolas ligadas às instituições católicas. Com isso, a cultura greco-
-romana, até então guardada nos mosteiros, voltou a ser divulgada, passando a ter uma influência mais
marcante nas reflexões da época. Era o período da renascença carolíngia.
FILOSOFIA

Adotou-se nessas escolas a educação romana como modelo. Começaram a ser ensi-
O termo Renascença nadas matérias como o trivium (gramática, retórica e dialética) e o quadrivium (geome-
Carolíngia refere-se ao
tria, aritmética, astronomia e música), todas elas, no entanto, submetidas à teologia.
estímulo dado à ativida-
de cultural (letras, arte, Foi assim, no ambiente cultural dessas escolas e das primeiras universidades do sé-
educação) que marcou o culo XI, que surgiu uma produção filosófico-teólogica denominada escolástica (palavra
governo de Carlos Magno. derivada de escola). A partir do século XIII, o aristotelismo penetrou de forma profunda
A obra realizada nesta no pensamento escolástico, marcando-o definitivamente. Isso se deveu à descoberta de
época muito contribuiu
para a preservação e a muitas obras de Aristóteles, desconhecidas até então, e à tradução para o latim de algu-
transmissão da cultura da mas delas, diretamente do grego.
Antiguidade Clássica. No período escolástico, a busca de harmonização entre a fé cristã e a razão manteve-
-se como problema básico de especulação filosófica. Nesse contexto, a escolástica pode
ser dividida em três fases:

• primeira fase (do século IX ao fim do século XII) – confiança na perfeita harmonia entre fé e razão;

• segunda fase (do século XIII ao princípio


do século XIV) – elaboração de grandes sis-
temas filosóficos, merecendo destaque as
obras de Tomás de Aquino. Nessa fase, consi-
dera-se que a harmonização entre fé e razão
pode ser parcialmente obtida;

• terceira fase (do século XIV até o século


XVI) – decadência da escolástica, marcada
por disputas que realçaram as diferenças
entre fé e razão.

Além de apresentar o traço fundamental da


filosofia medieval, que é a referência às ques-
tões teológicas, a escolástica promoveu signifi- Figura 5. Iluminura em manuscrito De Consolatione Philosophiae.
cativos avanços no estudo da lógica. Feita na Itália, no ano de 1385, mostra Boécio a ensinar os seus pupilos.
Fonte: https://upload.wikimedia.org/wiki
Um dos filósofos que mais contribuiu para o
desenvolvimento dos estudos lógicos nesse pe-
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Filosofia medieval
Capítulo 1: A filosofia na Idade Média

ríodo foi o romano Boécio (480 - 525 d.C.), que, embora tenha vivido muito antes, é considerado o primeiro
dos escolásticos. Ele aperfeiçoou o quadro lógico, sistema de relações entre afirmativas que fornece a
base lógica para garantir a validade de certas formas elementares de raciocínio.
Boécio também foi o primeiro a introduzir a questão dos universais, problema filosófico longamente
discutido durante todo o período da escolástica. A escolástica se estendeu do século IX ao século XV. O
apogeu desta filosofia, porém, é situado no século XIII. A figura central desse período foi Tomás de Aquino,
cujo pensamento marcante (e puramente racional) deu origem à corrente filosófica conhecida como to-
mismo, que influenciou muitos pensadores.

A questão dos universais

O método escolástico de investigação, segundo o historiador francês contemporâneo Jacques Le Goff,


privilegiava o estudo da linguagem (as três matérias que compunham o trivium) para depois passar ao
exame das coisas (as quatro matérias do quadrivium). Desse método surgiu a seguinte pergunta: qual a
relação entre as palavras e as coisas?
Rosa, por exemplo, é o nome de uma flor. Quando a flor morre, a palavra rosa continua existindo. Nesse
caso, a palavra fala de uma coisa inexistente, de uma ideia geral. Mas como isso acontece? O grande ins-
pirador da questão foi o filósofo neoplatônico Porfírio (234-305, aproximadamente), em sua obra Isagoge:

Texto 3

Não tentarei enunciar se os gêneros e as espécies existem por si mesmos ou na pura inteligência, nem, no
caso de subsistirem, se são corpóreos ou incorpóreos, nem se existem separados dos objetos sensíveis ou nestes
objetos, formando parte dos mesmos. (Citado em História do pensamento, v. 1, p. 161).
FONTE: Cotrim, Gilberto. FERNANDES, Mirna. Fundamentos da Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 211.

Esse problema filosófico gerou muitas disputas. Era a grande discussão sobre a existência ou não das
ideias gerais, isto é, os chamados universais de Aristóteles. Tal discussão ficou conhecida como a questão
dos universais, ou seja, da relação entre as coisas e seus conceitos. Envolvia não apenas problemas lin-
guísticos e gnoseológicos (relativos à questão do conhecimento), mas também teológicos. Na questão dos
universais surgiram duas posições antagônicas: o realismo e o nominalismo.

Os adeptos do realismo sustentavam a tese de que os universais existiam


de fato, ou seja, as ideias universais existiriam por si mesmas. Assim, por

FILOSOFIA
exemplo, a bondade e a beleza seriam modelos ou moldes a partir dos quais
se criariam as coisas boas e as coisas belas. Os termos universais seriam en-
tidades metafísicas, essências separadas das coisas individuais. Essa posição
foi defendida, por exemplo, pelo abade beneditino e arcebispo de Canterbury,
Anselmo (1035-1109), que acreditava que as ideias universais existiriam na
mente divina.
O filósofo francês Guilherme de Champeaux (1070-1121) também era rea-
lista e acreditava que entre o universo das coisas e o universo dos nomes ha-
via uma analogia tal que, quanto mais “universal” fosse o termo gramatical,
maior seria seu grau de participação na perfeição original da ideia. Assim,
por exemplo, o substantivo brancura teria uma perfeição maior do que o ad-
jetivo branco, que se refere a um ente singular. Na mesma linha de raciocínio
de Platão, o universal brancura seria mais perfeito do que qualquer coisa
branca existente.
Por sua vez, os defensores do nominalismo sustentavam a tese de que os
termos universais, tais como beleza e bondade, não existiriam em si mesmos,
pois seriam somente palavras, sem existência real. Para os nominalistas, o
que há são apenas os seres singulares, e o universal não passa, portanto, de
um nome, uma convenção. Essa era a posição do filósofo francês Roscelim de
Compiègne (1050-1120), autor segundo o qual só existiria a individualidade
– logo, anulam-se os termos universais. Roscelim também negava que Deus
pudesse ser uno e trino ao mesmo tempo, porque, para ele, cada pessoa da Figura 6. Vitral do século XIX retratando Anselmo.
trindade seria uma individualidade separada. Chamado de "fundador do escolasticismo", Anselmo exerceu
Entre essas duas posições contrárias surgiu uma terceira, o realismo mo- enorme influência sobre a teologia ocidental e é famoso
principalmente por ter criado o argumento ontológico para
derado, sustentado por Pedro Abelardo (1079-1142). Para esse filósofo, só a existência de Deus e a visão da satisfação sobre a teoria
existiriam as realidades singulares, mas seria possível buscar semelhanças da expiação.
entre os seres individuais, por meio da abstração, de maneira tal a gerar os
Fonte: https://upload.wikimedia.org/wiki
conceitos universais.
Esses conceitos não seriam, de acordo com Abelardo, nem entidades metafísicas (posição do realismo)
nem palavras vazias (posição do nominalismo), e sim discursos mentais, categorias lógico-linguísticas
que fazem a mediação, a ligação entre o mundo do pensamento e o mundo do ser.
A importância da questão dos universais está não só no avanço que essa discussão possibilitou em re-
lação à busca do conhecimento da realidade, mas também porque, através dela, alcançou-se um alto nível

SISTEMA DINAMUS DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 9


Filosofia medieval
Capítulo 1: A filosofia na Idade Média

de desenvolvimento lógico-linguístico. Isso propiciou o surgimento de uma razão autônoma em relação à


teologia, já por volta do século XII.

Tomás de Aquino

A filosofia de Tomás de Aquino – o tomismo – parece ter nascido com um objetivo claro: não contrariar
a fé. De fato, sua finalidade era organizar um conjunto de argumentos para demonstrar e defender as re-
velações do cristianismo. Assim, Tomás de Aquino reviveu em grande parte o pensamento aristotélico em
busca de argumentos que explicassem os principais aspectos da fé cristã. Enfim, fez da filosofia de Aris-
tóteles um instrumento a serviço da religião católica, ao mesmo tempo em que transformou essa filosofia
numa síntese original.
O tomismo, então, é uma filosofia escolástica que tem como principais características a tentativa de
conciliação entre aristotelismo e cristianismo, a fim de integrar os pensamentos do filósofo grego antigo
àquilo que está escrito na Bíblia Sagrada. Outro importante ponto acerca desta doutrina é que ela se firma
como início da filosofia dentro do pensamento cristão.

Princípios básicos

Retomando as ideias de Aristóteles sobre o ser o saber, Tomás de Aquino enfatizou a importância da
realidade sensorial. Em relação ao processo de conhecimento dessa realidade, ressaltou uma série de prin-
cípios considerados básicos, dentre os quais se destacam:

• o princípio da não contradição – o ser é ou não é. Não


existe nada que possa ser e não ser ao mesmo tempo e sob
o mesmo ponto de vista;

• o princípio da substância – na existência dos seres pode-


mos distinguir a substância (a essência propriamente dita
de uma coisa, sem a qual ela não seria aquilo que é) do
acidente (a qualidade não essencial, acessória do ser);

• o princípio da causa eficiente – todos os seres que capta-


mos pelos sentidos são seres contingentes, isto é, não pos-
suem em si próprios a causa eficiente de suas existências.
Portanto, para existir, o ser contingente depende de outro
Figura 7. Tomismo e o clero. ser que representa sua causa eficiente, chamado de ser ne-
FILOSOFIA

A partir do Papa Leão XIII, por volta do ano de 1879, o tomismo foi adotado como
cessário;
uma corrente teológica, ou seja, um pensamento oficial da Igreja Católica.

Fonte: https://www.resumoescolar.com.br/wp-content/imagens/tomismo-doutri- • o princípio da finalidade – todo ser contingente existe


nas-do-tomismo.jpg
em função de uma finalidade, de uma “razão de ser”. Enfim,
todo ser contingente possui uma causa final;

• o princípio do ato e da potência – todo ser contingente possui duas dimensões, o ato e a potência. O
ato representa a existência atual do ser, aquilo que está realizando e determinado. A potência represen-
ta a capacidade real do ser, aquilo que não se realizou mas pode realizar-se. É a passagem da potência
para o ato que explica toda e qualquer mudança.

Apesar de esses princípios terem vindo do pensamento aristotélico, não se pode dizer que Tomás de
Aquino tenha apenas adaptado a filosofia de Aristóteles ao cristianismo. O que o filósofo escolástico em-
preendeu foi uma sistematização da doutrina cristã apoiada em parte na filosofia aristotélica, mas que
contém muitos elementos estranhos ao aristotelismo, como o conceito de criação do mundo, a noção de
um Deus único e a ideia de que o vir a ser (a passagem da potência para o ato) não é auto-determinado,
mas precede de Deus.
Mais que isso, Tomás de Aquino introduziu uma distinção entre o ser e a essência, dividindo a metafísica
em duas partes: a do ser em geral e a do ser pleno, que é Deus. De acordo com essa distinção, o único ser
realmente pleno, no qual o ser e essência se identificam, é Deus.
Para o filósofo, Deus é ato puro. Não há o que realizar ou atualizar em Deus, pois ele é completo. Tomás
de Aquino dirá que Deus é Ser, e o mundo tem ser. Ou seja, Deus é o Ser que existe como fundamento da
realidade das outras essências, as quais, uma vez existentes, participam de seu Ser. Isso equivale a dizer
que, nas outras criaturas, o ser é diferente da essência, pois as criaturas são seres não necessários. É Deus
que permite às essências realizarem-se em entes, em seres existentes.

Provas da existência de Deus

Outro aspecto importante da filosofia tomista são as provas de existência de Deus. Em um de seus mais
famosos livros, a Suma teológica, Tomás de Aquino propõe cinco provas da existência de Deus:

• o primeiro motor – tudo aquilo que se move é movido por outro ser. Por sua vez, esse outro ser, para
que se mova, necessita também que seja movido por outro ser, e assim sucessivamente. Se não hou-

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Filosofia medieval
Capítulo 1: A filosofia na Idade Média

vesse um primeiro ser movente, cairíamos em um processo indefinido. Logo, conclui Tomás de Aquino, é
necessário chegar a um primeiro ser movente que não seja movido por nenhum outro. Esse ser é Deus;

• a causa eficiente – todas as coisas existentes no mundo não possuem em si a causa


eficiente de suas existências. Devem ser consideradas efeitos de alguma causa. To- Suma teológica e Divina Comédia
más de Aquino afirma ser impossível remontar indefinidamente à procura das causas Alguns estudiosos consideram
como a versificação da Suma teoló-
eficientes. Logo, é necessário admitir a existência de uma primeira causa eficiente, gica o poema épico Divina Comédia,
responsável pela sucessão de efeitos. Essa causa primeira é Deus; do escritor italiano Dante Alighieri,
datado do século XIV e dividido
• ser necessário e ser contingente – esse argumento, uma variante do segundo, afir- em três partes (Inferno, Purgatório
e Paraíso). A obra propõe que o
ma que todo ser contingente, do mesmo modo que existe, pode deixar de existir. Ora, meridiano onde é Jerusalém hoje,
se todas as coisas que existem podem deixar de existir, então, alguma vez, nada exis- seria o lugar atingido por Lúcifer
tiu. Mas, se assim fosse, também agora nada existiria, pois aquilo que não existe so- ao cair das esferas mais superiores
mente começa a existir em função de algo que já existia. É preciso admitir, então, que do céu e que fez da Terra Santa o
há um ser que sempre existiu, um ser absolutamente necessário, que não tenha fora Portal do Inferno. Os personagens
principais da Divina Comédia são
de si a causa de sua existência, mas, ao contrário, que seja a causa da necessidade de o próprio autor (Alighieri), que
todos os seres contingentes. Esse ser necessário é Deus; realiza uma jornada espiritual
pelos três reinos do além-túmulo, e
• os graus de perfeição – em relação à qualidade de todas as coisas existentes, po- seu guia e mentor nessa emprei-
tada, Virgílio, o próprio autor da
de-se afirmar que há graus diversos de perfeição. Assim, estabelecemos que tal coisa Eneida (poema épico da trajetória
é melhor que outra, ou mais bela, ou mais poderosa, ou mais verdadeira etc. Ora, se de Eneias, cujo destino era ser o
uma coisa possui “mais” ou “menos” determinada qualidade positiva, isso supõe que ancestral de todos os romanos).
deva existir um ser com o máximo dessa qualidade positiva, no nível da perfeição.
Devemos admitir, então, que existe um ser com o máximo de bondade, de beleza, de
poder, de verdade, sendo, portanto, um ser máximo e pleno. Esse ser é Deus;

• a finalidade do ser – todas as coisas brutas, que não possuem inteligência própria, existem na natu-
reza cumprindo uma função, um objetivo, uma finalidade, tal como a flecha orientada pelo arqueiro.
Devemos admitir, então, que existe algum ser inteligente que dirige todas as coisas da natureza para
que cumpram seu objetivo. Esse ser é Deus.

Proclamado pela Igreja Católica como Doutor Angélico e Doutor por Excelência, Tomás de Aquino é reve-
renciado nos meios católicos por filósofos e professores de filosofia. É o caso do filósofo católico Jacques
Maritain (1882-1973), que assim enaltece a contribuição de Tomás de Aquino:

FILOSOFIA
Texto 4

Não só transportou para o domínio do pensamento cristão a filosofia de Aristóteles na sua integridade, para
fazer dela o instrumento de uma síntese teológica admirável, como também e ao mesmo tempo super elevou
e, por assim dizer, transfigurou essa filosofia. Purificou-a de todo vestígio de erro [...] sistematizou-a poderosa
e harmoniosamente, aprofundando-lhe os princípios, destacando as conclusões, alargando os horizontes, e se
nada cortou, muito acrescentou, enriquecendo-a com o imenso tesouro da tradição latina e cristã. (Introdução
geral à filosofia, p. 65).
FONTE: Cotrim, Gilberto. FERNANDES, Mirna. Fundamentos da Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 214.

Filósofos não cristãos, como o britânico Bertrand Russell (1872-1970), questionam os méritos de Tomás
de Aquino, considerando-os insuficientes para justificar sua imensa reputação. Diz Russell:

Texto 5

Há pouco do verdadeiro espírito filosófico em Aquino [...] Não está empenhado numa pesquisa cujo resultado
não possa ser conhecido de antemão. Antes de começar a filosofar, ele já conhece a verdade; está declarada
na fé católica. Se, aparentemente, consegue encontrar argumentos racionais para algumas partes da fé, tanto
melhor; se não, basta-lhe voltar de novo à revelação. A descoberta de argumentos para uma conclusão dada
de antemão não é filosofia, mas uma alegação especial. Não posso, portanto, admitir que mereça ser colocado
no mesmo nível que os melhores filósofos da Grécia ou dos tempos modernos (História da filosofia ocidental, v.
2, p. 174).
FONTE: Cotrim, Gilberto. FERNANDES, Mirna. Fundamentos da Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 215.

Em que pese essa discordância de opiniões sobre os méritos de Tomás de Aquino, é praticamente unâ-
nime o reconhecimento de que sua obra filosófica representa o apogeu do pensamento medieval católico.
Posteriormente a esse período, o tomismo seria progressivamente questionado pelos movimentos filosófi-
cos que se desenvolveriam durante toda a Idade Moderna.

SISTEMA DINAMUS DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 11


Filosofia medieval
Capítulo 1: A filosofia na Idade Média

A escolástica pós-tomismo

Grandes acontecimentos históricos marcaram a Europa nos séculos XIII e XIV, como a Guerra dos Cem
Anos, entre França e Inglaterra; a epidemia da peste bubônica, que matou cerca de três quartos da po-
pulação europeia; o cisma definitivo entre as Igrejas do Ocidente e do Oriente, que, entre outros fatores,
diminuiu a influência da Igreja Católica Romana sobre o poder temporal (o Estado) e sobre a população; a
criação de novas universidades, que iniciam o desenvolvimento de questões relativas às ciências naturais
e a autonomia da filosofia em relação à teologia etc.
Esses são alguns dos fatores que levarão, paulatinamente, à civilização ocidental ao questionamento do
pensamento escolástico bem como ao fim da Idade Média. Entre os filósofos significativos desse período,
destacam-se:

• Boaventura (1240-1284) – iniciou uma reação contra a filosofia to-


mista e buscou recuperar a tradição platônica agostiniana. Mais tar-
de, essa reação seria desenvolvida pelos filósofos e teólogos fran-
ciscanos, sobretudo da Universidade de Oxford, Inglaterra;

• Roberto Grosseteste (1168-1243) e Roger Bacon (1214-1292) – ini-


ciaram uma investigação experimental no campo das ciências na-
turais que abriu caminho para a ciência moderna;

• Guilherme de Ockham (1280-1349) – proclamou uma distinção


absoluta entre fé e razão. Para Ockham, a filosofia não seria serva
da teologia, e a teologia não poderia sequer ser considerada ciên-
cia, pois seria tão somente um corpo de proposições mantidas não
pela coerência racional, mas pela força da fé. Pensador empirista e
nominalista, combateu a metafísica tradicional e iniciou o método
da pesquisa científica moderna. Seu pensamento destacou-se por-
que apreendeu as transformações de seu tempo: a ruptura entre a
Igreja e os nascentes Estados nacionais monárquicos; a perda da
concepção unitária da sociedade humana, que passou a se dividir
cada vez mais entre o poder temporal e o poder espiritual; a rup-
Figura 8. Boaventura (sentado à direita) no Concílio de Lyon. tura entre fé e razão, ocasionada pelo nascente desenvolvimento
O filósofo, que ficou conhecido como Doutor Seráfico, temia que a filosofia da razão autônoma, que buscou através da investigação empírica o
suplantasse a teologia e que a razão se tornasse mais importante que a
revelação. conhecimento dos fenômenos naturais etc.
Entre suas contribuições mais conhecidas destaca-se a chama-
FILOSOFIA

Fonte: https://1.bp.blogspot.com
da navalha de Ockham (um princípio lógico e epistemológico que
afirma que "a explicação para qualquer fenômeno deve pressupor a
menor quantidade de premissas possível" – as entidades não devem
ser multiplicadas além da necessidade).

Fixando conceitos

01. Em que contexto histórico desenvolveu-se a escolástica?


02. Explique a chamada “questão dos universais”
03. Inserida no movimento escolástico, a filosofia de Tomás de Aquino já nasce com objetivos preestabelecidos: não
contrariar a fé. Explique essa afirmação.
04. Qual é a diferença entre ser em geral e Ser pleno, estabelecida por Tomás de Aquino?

Contribuições da patrística e da escolástica


A patrística introduziu ideias desconhecidas para os filósofos greco-romanos: a ideia de criação do
mundo a partir do nada, de pecado original do homem, de Deus como trindade una, de encarnação e mor-
te de Deus (na figura de Jesus Cristo), de juízo final ou de fim dos tempos e ressurreição dos mortos etc.
Precisou também explicar como o mal pode existir no mundo, uma vez que tudo foi criado por Deus, que
é pura perfeição e bondade.
Introduziu, sobretudo, com Agostinho e Boécio, a ideia de "homem interior", isto é, da consciência moral
e do livre-arbítrio da vontade, pelo qual o homem, por ser dotado de liberdade para escolher entre o bem
e o mal, é o responsável pela existência do mal no mundo.
Para fazer com que as ideias cristãs fossem introduzidas na cultura medieval, os padres da igreja trans-
formaram tais ideias em verdades reveladas por Deus (por meio da Bíblia e dos santos) que, por serem
decretos divinos, seriam dogmas, isto é, verdades irrefutáveis e inquestionáveis. Com isso, criou-se uma
distinção entre verdades reveladas (ou da fé) e verdades da razão (ou humanas), entre verdades sobre-
naturais e verdades naturais, as primeiras introduzindo a noção de conhecimento recebido por uma graça
divina, superior ao simples conhecimento racional.

12 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE SISTEMA DINAMUS DE ENSINO


Filosofia medieval
Capítulo 1: A filosofia na Idade Média

Conservando e discutindo os mesmos problemas que a patrística, a escolástica acrescentou outros: é


durante este período que surge a filosofia cristã propriamente dita, que é, na verdade, uma teologia fun-
dada na nova fé dominante no ocidente.
Esta filosofia cristã introduziu noções de separação entre o infinito (Deus) e o finito (homem), razão e
fé (a primeira deve subordinar-se à segunda), corpo (matéria) e alma (espírito); bem como a noção do
Universo como uma hierarquia de seres, pela qual os superiores (Deus, serafins, querubins, arcanjos, anjos,
alma) dominam e governam os inferiores (corpo, animais, minerais, vegetais); e a subordinação do poder
temporal (estatal) dos reis e nobres ao poder espiritual dos papas e bispos.
Outro legado deixado pela escolástica foi o método por ela inventado para expor as ideias filosóficas,
conhecido como disputa: apresentava-se uma tese e esta devia ser ou refutada ou defendida com argu-
mentos extraídos da Bíblia, de Aristóteles, de Platão ou de padres da igreja, particularmente Pedro Lom-
bardo (filósofo escolástico italiano).
Assim, uma ideia era considerada uma tese verdadeira ou falsa dependendo da força e da qualidade
dos argumentos encontrados nos vários autores. Por causa desse método de disputa, costuma-se dizer
que, na Idade Média, o pensamento estava subordinado ao princípio da autoridade, isto é, uma ideia é
considerada verdadeira se tiver respaldo nos argumentos de uma autoridade reconhecida – Bíblia, Platão,
Aristóteles, um papa ou um santo.

_O problema do mal e o livre-arbítrio

Em Confissões, à medida que o filósofos relata os apenas conseguiremos fazê-lo com o auxílio da graça
acontecimentos de sua vida, a compreensão do proble- divina. Dessa forma, o mal é culpa dos humanos.
ma do mal avança, culminando com o reconhecimen- Para Tomás de Aquino, os seres se apresentam em
to da verdade cristã. Para a doutrina cristã, Deus criou uma ordem hierárquica de perfeição no conjunto da
a humanidade por uma ato de pura vontade e imensa criação, sendo os elementos compostos mais perfeitos
bondade. Adão e Eva, os primeiros seres humanos, fo- que os elementos simples. Por exemplo, podemos citar
ram criados por Deus para viverem felizes no paraíso, as plantas que são mais perfeitas que os minerais, os
mas foram desobedientes e exerceram equivocada- animais que são mais perfeitos que as plantas, assim
mente o livre-arbítrio. Por isso, forma expulsos do Jar- também os homens, que na hierarquia da criação, são
dim do Éden. mais elevados no grau de perfeição que os animais.
Dessa maneira, seria então o mal um castigo dado Portanto, “ao querer a diversidade dos seres, Deus
por Deus aos pecadores, assim como ele recompensa quis simultaneamente a perfeição do mundo em seu
os bons de coração? Mas como um deus imensamen- conjunto”, explica Aquino. Para a representação desta
te bom, criador de tudo o que existe e conhecedor de perfeição divina, o filósofo cria categorias: as criaturas

FILOSOFIA
todos os desígnios humanos poderia criá-los sabendo inanimadas e irracionais representarão a perfeição di-
que pecariam? Atribuir a Deus a causa do mal não era vina a modo de vestígio e, os seres humanos e os anjos,
possível para o pensamento cristão. Seria o mesmo que como participantes em maior intensidade do ato de ser
atribuir à bondade a causa da maldade. de Deus, representarão a sua perfeição a modo de ima-
Nesse sentido, o filósofo identifica e distingue três ti- gem e semelhança. Com isso, nenhuma criatura se en-
pos de mal: o mal metafísico, o mal moral e o mal físi- contra, quanto à sua natureza, absolutamente privada
co. Influenciado por Plotino, Agostinho dizia que o mal da perfeição do bem divino, embora saibamos que as
não existia realmente, ele seria, na verdade, a privação criaturas participam do Ser de Deus de modo análogo.
do bem. Com essa interpretação, estaria excluída a hi- Ainda conforme Aquino, a criatura espiritual é a que
pótese maniqueista de que o mal realmente existe. mais intensamente participa da bondade divina por sua
Essa interpretação, porém, resolvia apenas parte do natureza, e isto, na concepção cristã, revela que Deus
problema. Se o mal metafísico não existe, ou seja, se a quis ter como a mais digna de se aproximar dEle. A
não existe um ser, uma entidade que possa ser chama- dignidade da natureza humana será um valor em si
da de mal, ainda resta esclarecer o que é mal moral e mesmo, pois representa e aponta para o bem e o amor
mal físico, como a dor, as doenças e a morte. de Deus por ela. Quanto mais digna for a natureza, por
De acordo com o cristianismo, o mal moral é o pe- revelar a perfeição que a aproxima de Deus, maior será
cado, que surge com o orgulho e com a pretensão dos a ofensa pela sua não-conversão voluntária a Ele. Neste
seres humanos de não dependerem de Deus e de serem sentido, para a doutrina tomasiana, a criatura espiritual
autossuficientes. Quando Deus os criou para fazerem o ofende intensamente a Deus quando, por vontade livre,
bem, também lhes concedeu o livre-arbítrio, isto é, a prefere as criaturas e pretere a Deus.
possibilidade de fazer escolhas. O livre-arbítrio é um Após apresentar a proporção individual de perfeição
bem porque é a manifestação da vontade e aproxima presente em cada ser (ou coisa) que compõe o conjunto
homens e mulheres de Deus, o qual possui esse atribu- da criação realizada à imagem e semelhança do cria-
to em grau máximo. Por natureza, a humanidade tende dor, Aquino distinguiu dois graus na escala da perfei-
para Deus, para o bem, mas as pessoas têm a possibili- ção: “em certos seres a perfeição é perecível, enquanto
dade de se guiar pelas coisas criadas em vez de seguir que outros à possuem de maneira inamissível: há coisas
o criador, e disso deriva o mal moral. corruptíveis e incorruptíveis”.
O mal físico é uma consequência do pecado ori- Assim, para o filósofo escolástico, a essência do mal
ginal cometido pelo primeiro homem e pela primeira está na deficiência de um determinado grau de per-
mulher. Ele é fruto dessa ação, isto é, a consequência feição, ou seja, na privação de um determinado bem,
do mal moral. Somos por ele culpados porque somos justamente porque do ponto de vista metafísico o ser
livres para fazer o bem e nada nos obriga a fazer o mal. criado por Deus não só procede, mas também decai do
Somos e sempre seremos livres para fazer o bem, mas Criador por conta da desobediência, do pecado original

SISTEMA DINAMUS DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 13


Filosofia medieval
Capítulo 1: A filosofia na Idade Média

_O problema do mal e o livre-arbítrio

cometido pela criatura.


Daí a afirmação de que “toda criatura é necessariamente imperfeita, quando comparada à perfeição divina”. O
mal, portanto, não é uma substância, ou seja, em si mesmo, não é algo, mas se manifesta como privação (ausência)
de um bem particular do ser. Nesse sentido, segundo Aquino, o mal não tem perfeição nem ser. O mal só pode signi-
ficar a ausência do bem e do ser; pois o ser, enquanto ser, é um bem.
FONTE: BELO, Renato dos Santos. Filosofia: história e dilemas. 1ª ed., vol. único, São Paulo: FTD, 2015, p.103.

A universidade
A universidade (do latim universitas, que significa conjunto, totalidade)
surgiu na Idade Média, no final do século XI. De acordo com o historiador
da Filosofia Étienne Gilson (2006), diferentemente dos centros organizados
compostos por faculdades e localizados numa determinada cidade, como
frequentemente ocorre hoje, a universidade medieval era definida pela co-
munidade de professores e alunos. A importância dessas comunidades era
tão grande que as universidades se tornaram centros de difusão do saber
filosófico. Mesmo sendo doutrinárias, foram nesses espaços que se forma-
lizaram os primeiros avanços do desenvolvimento do pensamento científico
(ou investigativo).
As três principais universidades medievais, por ordem de antiguidade, fo-
ram a Universidade de Bolonha (inaugurada em 1088, na Itália), a Universi-
dade de Paris (inaugurada em 1170 e, em 1970, dividida em treze universida-
des independentes), e a Universidade de Oxford (inaugurada provavelmente
em 1096, na Inglaterra).
Inclusive, o esplendor da filosofia escolástica, no século XIII, se explica
em parte pela criação e desenvolvimento destas grandes universidades de
Bolonha, Paris e Oxford.
Como inicialmente a Universidade de Bolonha estava destinada aos estu-
Figura 9. Manuscrito medieval.
Nele, vemos ilustrada uma reunião de doutores na Universi-
dos jurídicos e sua ênfase não era filosófica nem teológica, as universidades
FILOSOFIA

dade de Paris. que mais interessam ao estudo da filosofia medieval são as de Paris e Oxford,
que produziram trabalhos importantes para o pensamento filosófico medie-
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki
val.
A Universidade de Paris era o centro de conhecimento mais importante para a Idade Média e acolhia
estudantes de outras partes da Europa que desejavam completar sua formação intelectual. A instituição
também recebia proteção dos reis, interessados em se aproveitar do prestígio da universidade, e dos papas,
que pretendiam guiar os estudos universitários de acordo com os ensinamentos da Igreja Católica.

A proteção do papa, contudo,


logo entrou em choque com a
vocação da universidade para a
reflexão e para a pesquisa. Duas
correntes se formaram: de um
lado, os que defendiam pesqui-
sas científicas desinteressadas;
de outro, os que pretendiam
subordinar os estudos universi-
tários aos interesses religiosos.
Essa oposição ficou marcada
pelo conflito entre a Faculdade
de Artes de Paris e a poderosa
Faculdade de Teologia. A univer-
sidade acabou ficando marcada, Figura 9. Vista exterior da Universidade de Oxford.
entretanto, pelo controle da Igre- Uma das mais prestigiadas no século XIII.
Fonte: https://s1.static.brasilescola.uol.com.br
ja Católica.
A Universidade de Oxford, ao contrário da Universidade de Paris, esteve menos dominada pelo poder
papal e pôde se desenvolver com mais autonomia e independência intelectual. Essa independência tornou
possível que os intelectuais de Oxford não aderissem ao aristotelismo tomista e se interessassem muito
mais pelo pensamento empírico de Aristóteles que por sua doutrina metafísica.
Com as universidades, o conhecimento tornava-se mais livre e colocava-se na ordem do dia a impor-
tância dos saberes científicos. Não por acaso, no século XIII, verificamos a multiplicação das universidades,
o início da formação dos estados modernos (ou estados nacionais monárquicos) e, concomitantemente, é
o século da alta Escolástica.

14 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE SISTEMA DINAMUS DE ENSINO


Filosofia medieval
Capítulo 1: A filosofia na Idade Média

Da universidade medieval provieram as universidades modernas. Grandes diferenças, porém as sepa-


ram. As universidades modernas, a partir da Renascença, são criações de príncipes e do Estado, que as
absorve cada vez mais.

Fixando conceitos

01. Em linhas gerais, qual foi a contribuição das filosofias patrística e escolástica para a posteridade?
02. Como Agostinho explicou a questão do mal no mundo e no homem?
03. Explique a questão do mal no mundo e no homem sob a perspectiva de Tomás de Aquino.
04. Comente sobre a importância das universidades medievais no desenvolvimento do conhecimento.

_Filosofia e religião

Atualmente, em situações em que pessoas com pontos de vista religiosos diferentes começam a debater suas
ideias de modo mais incisivo, é comum que alguém, para dar cabo da divergência, apela para uma expressão que
você já deve ter ouvido: "Religião não se discute". De acordo com essa frase, a religião é um assunto íntimo, privado,
e que diz respeito ao sentimento.
Os filósofos medievais, contudo, não encaravam o debate religioso dessa maneira. Pensadores que professavam
diferentes convicções religiosas buscaram meios de conciliar a fé e a razão, mostrando que mesmo nossas escolhas
e opiniões mais íntimas podem ser motivo de discussão.
A Filosofia cristã cumpriu um importante papel neste processo, mas não foi a única. No período medieval, as três
grandes religiões monoteístas – o cristianismo, o islamismo e o judaísmo – tiveram seus próprios filósofos, que in-
vestigaram a força da razão para entender a verdade comunicada pela fé.
Os filósofos muçulmanos (islâmicos) e os filósofos judeus também tentaram relacionar o conteúdo dos livros
sagrados de suas religiões com os princípios racionais herdados da filosofia grega. Em todos esses casos, a herança
greco-latina era adaptada às doutrinas cristã, islâmica e judaica. Embora seja esse o caráter geral do pensamento
medieval, perceberemos que alguns filósofos muçulmanos ou judeus deram mais autonomia à razão perante as suas
concepções religiosas que os filósofos cristãos.
Como os filósofos orientais, principalmente os muçulmanos, não haviam assumido cargos ou funções de autori-

FILOSOFIA
dade no interior de suas instituições religiosas, estavam mais livres para dizer que a Filosofia era puramente racio-
nal e que não estava submetida a dogmas. Ao contrário, os filósofos cristãos, como Agostinho e Tomás de Aquino,
normalmente eram padres da Igreja e, por isso, suas reflexões filosóficas estavam, de certa forma, limitadas pela
dogmática cristã.
As origens do judaísmo, do cristianismo e do islamismo, assim como o registro dos respectivos textos sagrados,
ocorreram em épocas muito distantes umas das outras.
A Torá, principal fonte escrita da doutrina judaica, guarda ensinamentos que remontam ao século X a.C. A Bíblia,
utilizada pela maioria das igrejas cristãs, inclui a Torá (conhecida como Pentateuco pelos cristãos) e textos propria-
mente cristãos do século I, como os ensinamentos de Jesus, relatos de sua vida e de seus apóstolos, cartas e profe-
cias. A compilação do Corão ou Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos, data do século VII.
Essa diferença de temporalidade que acompanha as três religiões monoteístas mais difundidas sugere uma dife-
rença cultural que se apresentou na Idade Média. A Filosofia medieval é indissociável da apropriação que os pensa-
dores cristãos, muçulmanos e judaicos fizeram da tradição pagã. Essa leitura criativa começou com o cristianismo e
sua recuperação seletiva de Platão. O pensamento de Aristóteles se desenvolveu primeiro entre os muçulmanos e os
judeus e só depois teve lugar no pensamento filosófico cristão.
Há importantes semelhanças entre os temas discutidos pelos filósofos das diferentes doutrinas religiosas. Todos
eles procuraram conciliar as verdades da fé com as verdades demonstradas racionalmente. Os temas mais tradi-
cionais, como a existência de Deus, a criação do Universo, o livre-arbítrio, a predestinação e o problema do mal,
parecem se repetir. A relação entre a fé e a razão passa por todos esses temas, mas a importância de cada um deles
varia, assim como varia a perspectiva religiosa dos filósofos.
FONTE: BELO, Renato dos Santos. Filosofia: história e dilemas. 1ª ed., vol. único, São Paulo: FTD, 2015, p.125-128.

Referências bibliográficas
BELO, Renato dos Santos. Filosofia: história e dilemas. 1ª ed., vol. único, São Paulo: FTD, 2015.
CHAUI, Marilena. Iniciação à Filosofia. 2ª ed., vol. único, São Paulo: ÁTICA, 2014.
CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. 14ª ed., vol. único, São Paulo: ÁTICA, 2011.
GALLO, Sílvio. Filosofia: experiência do pensamento. Volume único, 1ª edição, São Paulo: Scipione, 2014.
COTRIM, Gilberto; FERNANDES, Mirna. Fundamentos de filosofia. Volume único, 1ª ed., São Paulo: Saraiva,
2010.
COTRIM, Gilberto. Fundamentos da filosofia. Volume único, 16ª ed., São Paulo: Saraiva, 2006.

SISTEMA DINAMUS DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 15


Filosofia medieval
Capítulo 1: A filosofia na Idade Média

Sessão ENEM

01. Dentre as obras do filósofo escolástico São Tomás de Aquino, aquela que se tornou mais famosa, na qual são tra-
tados todos os temas de ordem teológica e filosófica, desde as provas para existência de Deus, a criação do mundo
e do homem até discussões sobre as virtudes, a ética e a política, é:

(A) Suma Contra os Gentios.


(B) Tractatus Lógico-Filosófico.
(C) Crítica da Razão Pura.
(D) Suma Teológica.
(E) A Cidade de Deus.

02. Se os nossos adversários, que admitem a existência de uma natureza não criada por Deus, o Sumo Bem, quisessem
admitir que essas considerações estão certas, deixariam de proferir tantas blasfêmias, como a de atribuir a Deus
tanto a autoria dos bens quanto dos males. Pois sendo Ele fonte suprema da Bondade, nunca poderia ter criado
aquilo que é contrário à sua natureza.
AGOSTINHO. A natureza do Bem. Rio de Janeiro: Sétimo Selo, 2005 (adaptado).

Para Agostinho, não se deve atribuir a Deus a origem do mal porque

(A) o surgimento do mal é anterior à existência de Deus.


(B) o mal, enquanto princípio ontológico, independe de Deus.
(C) Deus apenas transforma a matéria, que é, por natureza, má.
(D) por ser bom, Deus não pode criar o que lhe é oposto, o mal.
(E) Deus se limita a administrar a dialética existente entre o bem e o mal.

03. O Período da História da Filosofia que considera a Filosofia como sendo um instrumento para ajudar na compre-
ensão dos dogmas do Cristianismo, chama-se:

(A) Iluminismo.
(B) Empirismo.
(C) Racionalismo.
(D) Patrística.
(E) Escolástica.

04. O apogeu de uma concepção tipicamente “medieval” costuma ser associado à força do tomismo no século XIII.
FILOSOFIA

A obra de Tomás de Aquino realizou a bem-sucedida fusão entre o pensamento teológico da Igreja, baseado em
Agostinho e na tradição evangélica, e a filosofia grega, introduzindo elementos racionalistas numa concepção
profundamente intuitiva e mística.
WEHLING, Arno & WEHLING, Maria José C. M. Formação do Brasil Colonial. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999, p.30.

Durante a Idade Média, a Igreja Católica foi a instituição mais organizada, rica e poderosa da Europa. Entre os séculos
V e XV, diferentes filosofias confundiram-se com a própria teologia, e dois pensadores da Igreja foram fundamentais
para o estabelecimento dos objetivos da instituição em dois momentos distintos: a consolidação do cristianismo como
religião oficial do Império Romano e a defesa do catolicismo no período de nascimento do protestantismo. Foram eles,
respectivamente, Agostinho e Tomás de Aquino. Sobre o pensamento desses dois religiosos, pode-se afirmar que

(A) Agostinho levou a cabo o processo de cristianização de Aristóteles, afirmando que a essência do ser humano é ser
um animal racional, independentemente de ter ou não uma existência individual.
(B) Tomás de Aquino afirmava que somente com a fé seria possível alcançar a felicidade eterna, que estaria presente
nas coisas de Deus, não no mundo dos homens, o que o aproximava do pensamento de Sófocles.
(C) Agostinho foi um dos representantes da escolástica, forma de pensamento crítico que buscava conciliar a fé cristã
e o racionalismo, especialmente o defendido pela filosofia romana.
(D) Agostinho, em sua busca pela conciliação entre a filosofia aristotélica e os dogmas do catolicismo, atacava o pen-
samento de Platão ao afirmar que não existiria hierarquia entre o corpo e a alma.
(E) Tomás de Aquino afirmava que a essência dos seres humanos estaria ligada àquelas características que a vontade
do Criador teria incutido individualmente em cada pessoa.

16 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE SISTEMA DINAMUS DE ENSINO


Filosofia medieval
Capítulo 1: A filosofia na Idade Média

Praticando

01. É preciso usar de violência e rebater varonilmente 05. Não posso dizer o que a alma é com expressões ma-
os apetites dos sentidos sem atender ao que a carne teriais, e posso afirmar que não tem qualquer tipo
quer ou não quer, mas trabalhando por sujeitá-la de dimensão, não é longa ou larga, ou dotada de
ao espirito, ainda que se revolte. Cumpre castigá-la força física, e não tem coisa alguma que entre na
e curvá-la à sujeição. a tal ponto que esteja dis- composição dos corpos, como medida e tamanho.
posta para tudo, sabendo contentar-se com pouco e Se lhe parece que a alma poderia ser um nada, por-
deleitar-se com a simplicidade, sem resmungar por que não apresenta dimensões do corpo, entenderá
qualquer incômodo. que justamente por isso ela deve ser tida em maior
KEMPIS, T imitação de Cristo Perópoks Vozes. 2018
consideração, pois é superior às coisas materiais
exatamente por isso, porque não é matéria. É certo
Qual característica do ascetismo medieval é destacada
que uma árvore é menos significativa que a noção
no texto?
de justiça. Diria que a justiça não é coisa real, mas
um nada? Por conseguinte, se a justiça não tem
(A) Exaltação do ritualismo litúrgico.
dimensões materiais, nem por isso dizemos que é
(B) Afirmação do pensamento racional.
nada. E a alma ainda parece ser nada por não ter
(C) Desqualificação da atividade laboral.
extensão material?
(D) Condenação da alimentação impura. (Santo Agostinho. Sobre a potencialidade da alma, 2015. Adaptado.)
(E) Desvalorização da materialidade cor.
No texto de Santo Agostinho, a prova da existência da
02. O nome patrística decorre do trabalho dos padres alma
da Igreja que, desde o século II de nossa era, elabo-
raram o pensamento cristão. Assinale a alternativa (A) desempenha um papel primordialmente retórico,
que apresenta, de forma CORRETA, um represen- desprovido de pretensões objetivas.
tante dessa filosofia. (B) antecipa o empirismo moderno ao valorizar a expe-
riência como origem das ideias.
(A) Tomás de Aquino. (B) Roger Bacon. (C) serviu como argumento antiteológico mobilizado
(C) Averróis. (D) Agostinho de Hipona. contra o pensamento escolástico.
(E) Giordano Bruno. (D) é fundamentada no argumento metafísico da prima-
zia da substância imaterial.
03. Não é verdade que estão ainda cheios de velhice (E) é acompanhada de pressupostos relativistas no
espiritual aqueles que nos dizem: “Que fazia Deus campo da ética e da moralidade.
antes de criar o céu e a terra? Se estava ocioso e
nada realizava”, dizem eles, “por que não ficou 06. Enquanto o pensamento de Santo Agostinho re-

FILOSOFIA
sempre assim no decurso dos séculos, abstendo-se, presenta o desenvolvimento de uma filosofia cristã
como antes, de toda ação? Se existiu em Deus um inspirada em Platão, o pensamento de São Tomás
novo movimento, uma vontade nova para dar o ser a reabilita a filosofia de Aristóteles - até então vista
criaturas que nunca antes criara, como pode haver sob suspeita pela Igreja -, mostrando ser possível
verdadeira eternidade, se n’Ele aparece uma vonta- desenvolver uma leitura de Aristóteles compatível
de que antes não existia?” com a doutrina cristã. O aristotelismo de São Tomás
AGOSTINHO. Confissões. São Paulo: Abril Cultural, 1984.
abriu caminho para o estudo da obra aristotélica e
para a legitimação do interesse pelas ciências na-
A questão da eternidade, tal como abordada pelo autor,
turais, um dos principais motivos do interesse por
é um exemplo da reflexão filosófica sobre a(s)
Aristóteles nesse período.
MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2005
(A) essência da ética cristã.
(B) natureza universal da tradição. A Igreja Católica por muito tempo impediu a divulgação
(C) certezas inabaláveis da experiência. da obra de Aristóteles pelo fato de a obra aristotélica
(D) abrangência da compreensão humana.
(E) interpretações da realidade circundante. (A) valorizar a investigação científica, contrariando cer-
tos dogmas religiosos.
04. No século XIII surgiu a Escolástica, corrente filosó- (B) declarar a inexistência de Deus, colocando em dúvi-
fica que, a partir de então, dominou o pensamento da toda a moral religiosa.
medieval. A Escolástica: (C) criticar a Igreja Católica, instigando a criação de ou-
tras instituições religiosas.
(A) teve em Santo Agostinho seu maior expoente e era (D) evocar pensamentos de religiões orientais, minando
teocêntrica; a expansão do cristianismo.
(B) teve em Alberto Magno seu maior expoente e refuta- (E) contribuir para o desenvolvimento de sentimentos
va o teocentrismo, pregando o antropocentrismo; antirreligiosos, seguindo sua teoria política.
(C) teve em Tomás de Aquino seu principal expoente e
foi uma tentativa de harmonizar a razão com a fé; 07. Ora, em todas as coisas ordenadas a algum fim, é
(D) considerava que a razão podia proporcionar uma vi- preciso haver algum dirigente, pelo qual se atinja
são completa e unificada da natureza ou da sociedade; diretamente o devido fim. Com efeito, um navio, que
(E) pregava o recurso racional da força, sendo este mais se move para diversos lados pelo impulso dos ven-
importante do que o exercício da virtude ou da fé. tos contrários, não chegaria ao fim de destino, se
por indústria do piloto não fosse dirigido ao porto;

SISTEMA DINAMUS DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 17


Filosofia medieval
Capítulo 1: A filosofia na Idade Média

Praticando

ora, tem o homem um fim, para o qual se ordenam dades que a razão pode atingir, por exemplo, que
toda a sua vida e ação. Acontece, porém, agirem os Deus existe.
homens de modos diversos em vista do fim, o que a
própria diversidade dos esforços e ações humanas A partir dessa citação, indique a afirmativa que melhor
comprova. Portanto, precisa o homem de um diri- expressa o pensamento de Tomás de Aquino.
gente para o fim.
AQUINO, T. Do reino ou do governo dos homens: ao rei do Chipre. (A) A fé é o único meio do ser humano chegar à verdade.
Escritos políticos de São Tomás de Aquino. Petrópolis: Vozes, 1995
(B) O ser humano só alcança o conhecimento graças à
(adaptado).
revelação da verdade que Deus lhe concede.
(C) Mesmo limitada, a razão humana é capaz de alcan-
No trecho citado, Tomás de Aquino justifica a monarquia
çar certas verdades por seus meios naturais.
como o regime de governo capaz de
(D) A Filosofia é capaz de alcançar todas as verdades
acerca de Deus.
(A) refrear os movimentos religiosos contestatórios.
(E) Deus é um ser absolutamente misterioso e o ser hu-
(B) promover a atuação da sociedade civil na vida po-
mano nada pode conhecer d’Ele.
lítica.
(C) unir a sociedade tendo em vista a realização do bem
comum.
10. Na medida em que o Cristianismo se consolidava,
a partir do século II, vários pensadores, convertidos
(D) reformar a religião por meio do retorno à tradição
à nova fé e, aproveitando-se de elementos da filo-
helenística.
sofia greco-romana que eles conheciam bem, co-
(E) dissociar a relação política entre os poderes tempo-
meçaram a elaborar textos sobre a fé e a revelação
ral e espiritual.
cristãs, tentando uma síntese com elementos da fi-
losofia grega ou utilizando-se de técnicas e concei-
08. Leia os textos a seguir: tos da filosofia grega para melhor expor as verdades
reveladas do Cristianismo. Esses pensadores ficaram
TEXTO 1
conhecidos como os Padres da Igreja, dos quais o
Para santo Tomás de Aquino, o poder político, por ser
mais importante a escrever na língua latina foi san-
uma instituição divina, além dos fins temporais que jus-
to Agostinho.
tificam a ação política, visa outros fins superiores, de COTRIM, Gilberto. Fundamentos de Filosofia: Ser, Saber e Fazer. São
natureza espiritual. O Estado deve dar condições para a Paulo: Saraiva, 1996, p. 128. (Adaptado)
realização eterna e sobrenatural do homem. Ao discutir
a relação Estado-Igreja, admite a supremacia desta so- Esse primeiro período da filosofia medieval, que durou
bre aquele. Considera a Monarquia a melhor forma de do século II ao século X, ficou conhecido como
FILOSOFIA

governo, por ser o governo de um só, escolhido pela sua


virtude, desde que seja bloqueado o caminho da tirania. (A) Escolástica.
(B) Neoplatonismo.
TEXTO 2 (C) Antiguidade tardia.
Maquiavel rejeita a política normativa dos gregos, a (D) Patrística.
qual, ao explicar “como o homem deve agir”, cria sis- (E) Teleológico.
temas utópicos. A nova política, ao contrário, deve pro-
curar a verdade efetiva, ou seja, “como o homem age de 11. Segundo Agostinho de Hipona (354-430), as ideias
fato”. O método de Maquiavel estipula a observação dos ou formas originárias de todas as coisas, razões es-
fatos, o que denota uma tendência comum aos pensa- táveis e imutáveis das coisas de nosso mundo, estão
dores do Renascimento, preocupados em superar, atra- contidas na mente divina e não nascem nem mor-
vés da experiência, os esquemas meramente dedutivos rem, e tudo o que, em nosso mundo, nasce e morre
da Idade Média. Seus estudos levam à constatação de é formado a partir delas. Essas ideias eternas não
que os homens sempre agiram pelas formas da corrup- são criaturas, antes, participam da Sabedoria eter-
ção e da violência. na, mediante a qual Deus criou todas as coisas e
(Maria Lúcia Aranha e Maria Helena Martins. Filosofando, 1986.
são idênticas a Ele. Assim, conhecemos verdadeira-
Adaptado.)
mente quando nos voltamos para tais ideias; sendo
o fundamento da natureza das coisas são também
Explique as diferentes concepções de política expressa-
o fundamento para o conhecimento dessas mesmas
das nos dois textos.
coisas; assim, por meio delas podemos formar juí-
zos verdadeiros sobre elas.
09. A grande contribuição de Tomás de Aquino para INÁCIO, Inês. C. & LUCA, Tânia R. de. O Pensamento Medieval. São Paulo,
a vida intelectual foi a de valorizar a inteligência São Paulo: Ática, 1988, p. 26.
humana e sua capacidade de alcançar a verdade
por meio da razão natural, inclusive a respeito de Levando em consideração o texto acima e a teoria da
certas questões da religião. Discorrendo sobre a iluminação de Agostinho, responda:
“possibilidade de descobrir a verdade divina”, ele
diz que há duas modalidades de verdade acerca de O que são as ideias eternas? Qual o seu papel ou função
Deus. A primeira refere-se a verdades da revelação em nosso conhecimento do mundo?
que a razão humana não consegue alcançar, por
exemplo, entender como é possível Deus ser uno e 12. A filosofia de Santo Agostinho é essencialmente uma
trino. A segunda modalidade é composta de ver- fusão das concepções cristãs com o pensamento

18 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE SISTEMA DINAMUS DE ENSINO


Filosofia medieval
Capítulo 1: A filosofia na Idade Média

Praticando

platônico. Subordinando a razão à fé, Agostinho de ais, criadas pelo intelecto e vontade de Deus, exis-
Hipona afirma existirem verdades superiores e infe- tindo na mente divina.
riores, sendo as primeiras compreendidas a partir
da ação de Deus. Reflexões dessa natureza foram realizadas majoritaria-
mente no período da história da filosofia:
Como se chama a teoria agostiniana que afirma ser a
ação de Deus que leva o homem a atingir as verdades (A) Pré-socrático.
superiores? (B) Antigo.
(C) Medieval.
(A) Teoria da Predestinação. (D) Moderno.
(B) Teoria da Providência. (E) Contemporâneo.
(C) Teoria Dualista.
(D) Teoria da Emanação. 16. Preparando seu livro sobre o imperador Adriano,
(E) Teoria da Iluminação. Marguerite Yourcenar encontrou numa carta de
Flaubert esta frase: “Quando os deuses tinham dei-
13. Os primeiros séculos da era cristã são os da cons- xado de existir e o Cristo ainda não viera, houve um
tituição dos dogmas cristãos. A tarefa da filosofia momento único na história, entre Cícero e Marco
desenvolvida pelos padres da Igreja nesta época é a Aurélio, em que o homem ficou sozinho”. Os deu-
de encontrar justificativas racionais para as verda- ses pagãos nunca deixaram de existir, mesmo com
des reveladas, ou seja, conciliar fé e razão. o triunfo cristão, e Roma não era o mundo, mas no
breve momento de solidão flagrado por Flaubert o
Agostinho é o principal representante deste período que homem ocidental se viu livre da metafísica - e não
ficou conhecido como gostou, claro. Quem quer ficar sozinho num mundo
que não domina e mal compreende, sem o apoio e o
(A) racionalismo. consolo de uma teologia, qualquer teologia?
(B) escolástica.
(C) fideismo. A compreensão do mundo por meio da religião é uma
(D) patrística. disposição que traduz o pensamento medieval, cujo
(E) teologia. pressuposto é

14. A importância do filósofo medieval Tomás de Aqui- (A) o antropocentrismo: a valorização do homem como
no reside principalmente em seu esforço de valo- centro do Universo e a crença no caráter divino da na-

FILOSOFIA
rizar a inteligência humana e sua capacidade de tureza humana.
alcançar a verdade por meio da razão. Discorrendo (B) a escolástica: a busca da salvação através do conhe-
sobre a “possibilidade de descobrir a verdade divi- cimento da filosofia clássica e da assimilação do paga-
na”, ele diz: nismo.
(C) o panteísmo: a defesa da convivência harmônica de
“As verdades que professamos acerca de Deus revestem fé e razão, uma vez que o Universo, infinito, é parte da
uma dupla modalidade. Com efeito, existem a respeito substância divina.
de Deus verdades que ultrapassam totalmente as capa- (D) o positivismo: submissão do homem aos dogmas
cidades da razão humana. Uma delas é, por exemplo, instituídos pela Igreja e não questionamento das leis
que Deus é trino e uno. Ao contrário, existem verdades divinas.
que podem ser atingidas pela razão: por exemplo, que (E) o teocentrismo: concepção predominante na produ-
Deus existe, que há um só Deus etc. Estas últimas verda- ção intelectual e artística medieval, que considera Deus
des, os próprios filósofos as provaram por meio de de- o centro do Universo.
monstração, guiados pela luz da razão natural”.
17. Desde os primórdios da Filosofia, os grandes pensa-
A partir dessa citação, identifique a opção que melhor dores concentraram suas preocupações intelectuais
expressa esse pensamento de Tomás de Aquino. em torno de três grandes núcleos: Deus, o Homem
e o Cosmos. E conforme o enfoque maior ou menor
(A) A Filosofia é capaz de alcançar todas as verdades da especulação filosófica num ou noutro núcleo, a
acerca de Deus. História da Filosofia passou a dividir-se em perío-
(B) O ser humano só alcança o conhecimento graças à dos. Em um desses períodos, buscou-se encontrar
revelação da verdade que Deus lhe concede. caminhos que ajudassem a harmonizar a fé com a
(C) A fé é o único meio de o ser humano chegar à ver- razão. Ou seja, valer-se da Filosofia para facilitar
dade. aceitação crítica dos dogmas da Teologia. Esse pe-
(D) Mesmo limitada, a razão humana é capaz de alcan- ríodo ficou conhecido como:
çar por seus meios naturais certas verdades.
(E) Deus é um ser absolutamente misterioso e o ser hu- (A) Patrística. (B) Escolástica.
mano nada pode conhecer d’Ele. (C) Empirismo. (D) Racionalismo.
(E) Criticismo.
15. Uma das preocupações de certa escola filosófica
consistiu em provar que as ideias platônicas ou os 18. Todo domínio da filosofia pertence exclusivamente
gêneros e espécies aristotélicos são substâncias re- à razão; isso significa que a filosofia deve admitir

SISTEMA DINAMUS DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 19


Filosofia medieval
Capítulo 1: A filosofia na Idade Média

Praticando

apenas o que é acessível à luz natural e demonstrá- (C) As leis humanas deixam impunes muitas ações que
vel apenas por seus recursos. A teologia baseia-se, só poderão ser punidas quando as leis temporais forem
ao contrário, na revelação, isto é, afinal de contas, substituídas pelas leis eternas nos processos de julga-
na autoridade de Deus. mento.
(GILSON, E. A Filosofia na Idade Média. Trad. de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins
Fontes, 1998. p.655.)
(D) A lei eterna diz respeito tão somente àqueles que
merecem a vida feliz após a morte.
Sobre essa dicotomia, o pensamento de Tomás de Aqui- (E) A lei eterna é o fundamento da retidão, de maneira
no, no contexto Escolástico do século XIII, orienta- se que ela diz respeito apenas à vida espiritual individual,
pela não podendo determinar a vida pública.

(A) compreensão de que a razão deve ser instância críti- 21. No livro Confissões, Agostinho, principal represen-
ca dos pressupostos não tematizados da fé. tante da Patrística medieval, trata do seguinte pro-
(B) separação entre fé e razão, declarando que o domí- blema “É Deus o autor do mal?”. Desse problema
nio da crença é incompatível com a pretensão do conhe- advêm as seguintes indagações: “Onde está, por-
cimento. tanto, o mal? De onde e por onde conseguiu pene-
(C) sobreposição da fé em relação à razão, considerando trar? Qual é a sua raiz e a sua semente? Porventura
que a verdade religiosa deve preponderar sobre a razão não existe nenhuma? Por que recear muito, então, o
humana. que não existe?”
Fonte: AGOSTINHO, S. Confissões. São Paulo: Nova Cultural, 1999, p. 177 (Col. Os
(D) supressão dos campos da fé e da razão, admitindo pensadores).
que a via do conhecimento seguro é dada pela mate-
mática. Com relação ao problema do mal em Confissões analise
(E) necessidade de unidade entre razão e fé, visto que as afirmativas a seguir:
ambas buscam a verdade e esta não pode ser contra-
ditória. I. Todas as coisas que existem são boas, e o mal não é
uma substância, pois, se fosse substância seria um bem.
19. A influência da Igreja Católica foi dominante em to- II. Todas as coisas que se corrompem não são boas, pois
das as áreas. Um dos seus teóricos mais conhecido, são privadas de todo bem.
Santo Agostinho, defendia: III. O mal se não é substância, é a perversão da vontade
desviada da substância suprema.
(A) o relativismo cultural que incentivava a existência de IV. O mal é a corrupção que afeta diretamente a subs-
diferentes maneiras de se exercer a crença em Deus. tância divina que está sujeita a ela.
(B) as ideias de Aristóteles fundadas no Realismo e na
mitologia existente na Grécia. É(são) correta(s) a(s) assertiva(s):
FILOSOFIA

(C) o fim do monoteísmo, com adoção de uma religião


que aceitasse a multiplicidade de credos e afirmasse a (A) Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.
liberdade de expressão. (B) Apenas as afirmativas I e III estão corretas.
(D) as reflexões de Platão, que são fundamentais para (C) Apenas as afirmativas II e IV estão corretas.
uma parte significativa do pensamento católico. (D) Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas.
(E) a crença no pecado original, sem, contudo, aceitar a (E) As afirmativas I, II, III e IV estão corretas.
predestinação e a onipotência divina.
22. Do ponto de vista das reflexões filosóficas contem-
20. Leia a passagem de texto a seguir: “na lei temporal porâneas sobre o que foi a chamada Idade Média, é
dos homens nada existe de justo e legítimo que não correto afirmar:
tenha sido tirado da lei eterna. Assim, no menciona-
do exemplo do povo que, às vezes, tem justamente (A) Constituiu-se num período em que o saber não evo-
o direito de eleger seus magistrados e, às vezes, não luiu, representando uma “longa noite de mil anos”.
menos justamente, não goza mais desse direito, a (B) Foi um período em que o saber filosófico esteve atre-
justiça dessas diversidades temporais procede da lado ao saber religioso, tendo a filosofia como “serva”
lei eterna, conforme a qual é sempre justo que um da teologia, ou seja, um saber voltado a fundamentar
povo sensato eleja seus governantes e que um povo racionalmente os dogmas da fé.
irresponsável não o possa.” (C) Foi um período em que Santo Tomás de Aquino li-
SANTO AGOSTINHO. O livre-arbítrio. São Paulo: Paulus, 1995, p. 41.
derou a Filosofia Patrística e Santo Agostinho liderou a
Ao debater a origem do mal, Santo Agostinho trata ao Escolástica.
mesmo tempo da diferença entre lei temporal e lei eter- (D) Foi um período que ficou na média por ter preser-
na. De acordo com a passagem de texto citada anterior- vado o saber greco-romano da destruição causada pela
mente e com seus conhecimentos, analise as sentenças Santa Inquisição.
abaixo e assinale a alternativa CORRETA. (E) Foi uma importante era da história da humanidade
em que René Descartes e Galileu Galilei lançaram as ba-
(A) A lei temporal, embora útil à vida social, não impede ses da ciência moderna, em contraposição ao teocen-
que indivíduos e povos irresponsáveis prefiram seus inte- trismo do pensamento grego.
resses pessoais ao bem público, sendo então necessária
a lei eterna, da qual procedem as leis temporais.
(B) A lei temporal diz respeito à utilidade pública, não
devendo ser influenciada pela lei eterna, que diz respeito
à salvação da alma.

20 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE SISTEMA DINAMUS DE ENSINO


Capítulo 1: Classes sociais, estratificação e mudança social
Classes sociais e estratificação 4
Introdução 4
Contexto histórico 4
Concepções de sociedade e classes em Durkheim, Weber e Marx 4
Sociedade em Émile Durkheim 6
Estratificação social em Weber: classe, estamento e partido 6
As classes sociais em Marx 7
A dinâmica das classes médias 8

Mudança social 11
Introdução 11
Auguste Comte e a lei dos três estados 12
Herbert Spencer e o darwinismo social 12
Karl Marx e as relações sociais de produção e os modos de produção 13
O evolucionismo de Talcott Parsons 13

Referências bibliográficas 14

Grupo colaborativo formado pelos autores:

Prof. Weider Alberto Costa Santos, Administrador, especialista em Balanced Scorecard -


FGV, Marketing - FEJAL/CESMAC, Serviço Social - UFAL.

SANTOS, Weider Alberto Costa. Sociologia - Unidade 3. 6. ed. - Maceió-AL: Sistema


Dinamus de Ensino, 2022.

Editoração e ilustração:
w2advanced

Impressão e distribuição:
Editora Dinamus

© 2022 - SDE | SISTEMA DINAMUS DE ENSINO Ltda. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do detentor dos
direitos autorais. Esta obra é de caráter educativo e didático, prezando pelo teor científico. Dispondo de todas as referências bibliográficas e/ou webgráficas. Também
das fontes de pesquisas, cortes de reportagens e imagens. Creditadas e reservadas em nome do SISTEMA DINAMUS DE ENSINO Ltda.

A Verdade vos liber tará.


Capítulo
Classes sociais, estratificação
e mudança social 1

Como é “ser da quebrada”


e estudar na USP

Favela em São Paulo


FONTE: https://storage.googleapis.com/kondzilla-wp/2021/10/quebtrada-sao-paulo-foto-deco.jpg

Criado em uma favela na Brasilândia, zona norte da seus tem sido bem triste e difícil para mim”, escreveu
Sobre o texto e a
capital paulista, o estudante de ciências sociais Thia- ele no texto, que teve 51 mil curtidas e 15 mil com- imagem de intro-
go Torres, de 19 anos, conta que um dos piores mo- partilhamentos. dução
mentos que viveu na universidade foi bastante simbó-
lico de como é “ser da quebrada” e estudar na USP. Thiago conta que as realidades são tão contrastantes
que quando pisou no prédio da Faculdade de Filoso- • A partir da leitura inicial, iden-
Era uma sexta-feira à noite e ele estava entrando na fia, Letras e Ciências Humanas achou que “aquilo tifique a estrutura social que está
sendo discutida.
Cidade Universitária para ir a uma festa dentro do parecia um shopping”, enquanto colegas que vinham
campus pelo portão mais próximo à favela São Remo, de escola particular reclamavam “que aquilo era um • Podemos afirmar que o
que fica ao lado da universidade. Assim que cruzou o horror” por causa do calor (não há ar condicionado), ingresso de estudantes pobres
portão com os amigos, quatro carros da Guarda Uni- das goteiras e de outros problemas de conservação. em universidades constitui uma
versitária abordaram os jovens, que foram obrigados mudança social? Explique.
a mostrar a carteirinha de estudante. Histórias como a do jovem criado na favela se torna-
• Discuta em sala: por que
ram mais comuns na USP nos últimos anos, com um o texto afirma que manter os
“Para mim foi bem simbólico das barreiras que quem número crescente de estudantes pobres e de classe estudantes pobres e de classe
é pobre, da periferia, enfrenta. E se eu não fosse alu- média baixa entrando na universidade. Graças a po- média baixa na universidade é
no, não poderia entrar? A universidade não é públi- líticas de inclusão, a porcentagem de alunos prove- um desafio?
ca?”, diz ele à BBC News Brasil. Recentemente Thiago nientes de escola pública ingressando na USP subiu
desabafou sobre como é viver “entre dois mundos” de 28,5% em 2013 para 41,8% em 2019. O desafio,
em um post no Facebook. “Ver de onde você veio e agora, é manter estes estudantes na universidade.
de onde as pessoas vieram, perceber que elas estão
FONTE: BBC News Brasil. A vida dos alunos da periferia na USP. Disponí-
com séculos de vantagem em relação a você e aos vel em: https://www.bbc.com/portuguese. Aceso em: 30 abr. 2019.
Ciências sociais
Capítulo 1: Classes sociais, estratificação e mudança social

Classes sociais e estratificação


SOCIOLOGIA

Introdução
A época contemporânea nasce – convencionalmente – em 1789, com a Revolução Francesa, já
que é com aquele evento crucial que caem por terra seculares equilíbrios sociais, econômicos e políticos.
São mudanças profundas no cenário social e, sobretudo, econômico. É a época moderna a encarregada por
fortalecer, dentre seus vários avanços no campo científico e político, o sistema baseado no capital e com ele
as ideias de classes, o individualismo, de estratificação, de formas sociais, de status quo, da mídia, dentre
outros fatores que marcam a hegemonia do sistema capitalista.
A contemporânea é, como escreve Franco Cambi, a época das Revoluções: desde 1789 até 1848,
A Idade Contemporânea,
também chamada de depois até 1917 e até o pós-1945, a história dos últimos dois séculos é marcada justamente pelas tensões
Contemporaneidade, é o revolucionárias, pelas rupturas que elas implicam. É um movimento vasto e profundo, que atinge áreas
período atual da história geográficas, povos e culturas que se rediscutem, operam rupturas com as tradições, tendem à renovação
ocidental cujo início
remonta à Revolução radical; e são orientados de maneira diversa, ora políticos (como os fascismos), ora sociais (como as
Francesa (1789). revoluções socialistas, de 1871 e 1917), ora étnicos (como o “fundamentalismo” islâmico atual), ora tec-
nológicos (como ocorreu no Japão), ou entrelaçados entre si, mas que caracterizam em profundidade as
Desde os seus primórdios,
é marcada pelo iluminis- sociedades contemporâneas.
mo, corrente filosófica
que defende o primado da
razão e o desenvolvimento
da ciência como garantia Contexto histórico
de progresso civilizatório

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
para a Humanidade. Com a contemporaneidade surgem a industrialização, o Estado ainda mais positivo (direitos), as
massas e a ideia de democracia. As Revoluções Industriais compõem outro fator determinante da sua
identidade. A partir da Inglaterra do século XVIII, o nascimento do “sistema de fábrica”, da produção em
larga escala e de um mercado mundial, originou o que chamamos, atualmente, de globalização (implicando
também radicais mudanças sociais). A época da industrialização é também a época de grandes migrações,
| SISTEMA DINAMUS • ENSINO MÉDIO |

de deslocamentos ideológicos, de lutas de classe. Uma época de inquietações, de ilusões, de conflitos, mas

LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998


também de avanços, como o das ciências naturais, por exemplo.

01. Relacione os principais aspectos que estruturarão a época contemporânea.


02. Relacione e caracterize os principais acontecimentos da contemporaneidade, no campo político, social e econômico.
03. Quais os avanços proporcionados pela época contemporânea?

Sociedade e classes em Durkheim, Weber e Marx


Antes das contribuições de Durkheim, Weber e Marx sobre classe e estra-
tificação, é importante destacar o entendimento de sociedade para depois avançar
na compreensão sobre classe e estratificação.

Para cada teórico, ou seja, autor citado, existe um “conceito” sobre so-
ciedade e também do que venha a ser classe e estratificação. De um lado, os
teóricos da corrente positivista (que surgiu na França no século XIX, tendo como
principais pensadores Auguste Comte e John Stuart Mill), entendem que o conhe-
cimento científico é a única forma de conhecimento verdadeiro, que tudo deve ser
comprovado através de métodos científicos válidos, excluindo, dessa forma, as
Charge: Estado e política.
FONTE: http://questoessociologicas.blogspot.com.br/2013/04/ contribuições dos valores, das crenças, da própria cultura no entendimento do ser.

Defendiam, assim, que o progresso da humanidade depende exclusivamente dos avanços científi-
cos. Os Weberianos (da segunda metade do século XX, tendo como principal pensador Max Weber), por
sua vez, diferem dos positivistas por encarar a história como processo universal de evolução da humanidade.
Para Weber a pesquisa histórica é essencial para a compreensão das sociedades e permite-nos entender as
diferenças sociais existentes. A nossa história tem relação direta com a nossa classe e as transformações
do mundo. Já o Marxismo (século XIX, elaborado por Karl Marx), também conhecido como materialismo
histórico, se preocupou em entender o capitalismo e, por meio da ciência, propor uma ampla transformação
política, econômica e social. Em Marx lê-se que as desigualdades sociais são provocadas pelas relações de

4 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Ciências sociais
Capítulo 1: Classes sociais, estratificação e mudança social

produção do sistema capitalista. Por fim, David Émile Durkheim (século XIX), foi influenciado pelo positivis-

SOCIOLOGIA
mo de Auguste Comte e é tido como “o arquiteto da ciência social moderna”.

Durkheim tratou as relações sociais a partir dos fatos sociais, que têm três características essen-
ciais: a generalidade, a externalidade e a coercitividade. Tais características estão, por exemplo, na relação
que estabelecemos na escola por meio da “prova”, que é comum a todos (generalidade), existe indepen-
dente da vontade individual (exterioridade) e, caso não a façamos, teremos sérios problemas – a possível
reprovação (coercitividade). Para Durkheim, os fatos sociais são externos ao indivíduo, existem sem o
nosso ‘aval’, sem ser fruto da nossa própria existência, fugindo do caráter autônomo. Somos cercados des-
de cedo, como por exemplo, por meio da educação que tenta internalizar muitas características do sistema
chamado de regras jurídicas e morais, dos dogmas religiosos, do sistema financeiro e dos nossos próprios
costumes (família). A seguir, mostraremos, por meio do esquema, os principais pontos em Durkheim, antes
de abordarmos classe e estratificação.

Fisiologia social
Sagrado
MORAL RELIGIÃO
Representações
Consciência coletiva
coletivas
Profano
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Mecânica Direito repressivo


SOLIDARIEDADE SOCIAL

Tipo
SOCIEDADE

ANOMIA
(complexo integrado de fatos
sociais)

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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998

Tipo

Orgânica Direito restitutivo

Coerção Coerção
Anômico
Coerção Altruísta
Indivíduo Grupos e instituições

DIVISÃO DO
TRABALHO SUICÍDIO

Morfologia social
Egoísta

Esquema teórico (Émile Durkheim).


FONTE: http://www.culturabrasil.org/durkheim.htm

Realizado esse panorama sobre os principais pensadores para o nosso deba-


te, pensemos agora, propriamente, no foco do nosso estudo: classe e estratificação.
Define-se, hoje, a classe social, a partir de dados quantitativos, baseados,
por exemplo, na renda. Somos “definidos” enquanto classe levando em conta a renda
familiar, os bens da família (quantidade de cômodos da casa, aparelhos eletrodomés-
ticos, eletrônicos, secretária do lar etc.) e o grau de escolaridade. Em muitos casos,
o critério primordial para a definição da classe reside no poder aquisitivo da pessoa.

Charge: Brasil – país rico é país


sem pobreza.
FONTE: http://fredcartunista.blogspot.com.
br/2012/02/charge-sem-comentarios.html

Classe.
FONTE: http://mundoestranho.abril.com.br/geogra-
fia/quem-define-as-classes-sociais-no-brasil-2/

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 5
Ciências sociais
Capítulo 1: Classes sociais, estratificação e mudança social

A divisão social é uma das questões mais controversas das ciências sociais. Pode-
SOCIOLOGIA

mos começar nossa discussão pela pergunta: se as sociedades não podem ser consideradas
apenas aglomerações de indivíduos, o que de fato caracteriza uma sociedade?
A sociologia parte do pressuposto de que a sociedade é composta de conjuntos de
relações sociais, e não de indivíduos. Um indivíduo, um grupo, uma classe, um estrato só
têm sentido sociológico se pensados dentro da estrutura geral da qual fazem parte.

Para a sociologia, um indivíduo não é apenas um organismo vivo, mas uma síntese
de relações sociais historicamente determinadas: a síntese de um tipo de educação formal
e familiar, de um tipo de cultura, de economia e de um conjunto de ideologias específicas
presentes em certa sociedade.

Charge do cartunista Nani.


FONTE: Machado (2013, p. 155).
Sociedade em Émile Durkheim
Durkheim considera que as normas e padrões sociais determinam as condutas individuais. Ou seja,
esse conjunto de relações sociais é o que confere a cada sociedade seu caráter único, específico. Durkheim
elaborou o modelo de análise sociológica que estabelece a distinção entre duas formas de socialização: a
solidariedade (ou socialização) mecânica e a solidariedade (ou socialização) orgânica.
A mecânica é caracterizada pelo baixo nível de divisão do trabalho; nelas o elo entre os indivíduos
se deu por uma forte consciência coletiva, expressão de crenças e valores rígidos. Nesse tipo de sociedade
os indivíduos são parecidos entre si, refletindo a estrutura social (valores e crenças rígidos) e regulados por
uma moral coletiva (consciência coletiva). Qualquer tipo de infração que quebre essa moral é corrigido por

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uma sanção, uma forma de penalidade que procura restabelecer imediatamente a ordem do sistema social.
Com o desenvolvimento da divisão do trabalho, as formas de solidariedade orgânica também
se desenvolvem. O processo de diferenciação social torna-se cada vez mais intenso. No entanto, os laços
sociais característicos das sociedades precedentes se enfraquecem. A consciência coletiva como elemento
moral de agregação e integração dos indivíduos se torna mais fraca diante da desigualdade e da diferen-
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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998


ciação de funções profissionais especializadas. A interdependência funcional entre os indivíduos marca a
solidariedade orgânica.
Para Durkheim, a divisão do trabalho é o elemento central para qualificar essas duas formas de
solidariedade, tanto nas sociedades capitalistas como em todas as sociedades anteriores. Esse autor se
dedicou a entender os princípios gerais que motivaram o desenvolvimento das sociedades até o capitalismo.
Os grupos funcionais ou profissionais são para Durkheim parte central da divisão social. As classes
sociais são pensadas com base nessa fundamentação funcional. Capitalistas e trabalhadores se diferenciam
na medida em que cumprem funções sociais diferentes e contribuem para o desenvolvimento da divisão do
trabalho.
Nesses termos, Durkheim considera a formação profissional e a especialização como meios positi-
vos de sociabilidade. As corporações profissionais têm a função de aproximar o ser individual do ser social
a partir do estabelecimento de uma moral coletiva.

Estratificação social em Weber: classe, estamento e partido


Max Weber encara a vida em sociedade como situações assimétricas (diferenças) que estabele-
Para Max Weber, a classe cem certos tipos de conflito social. As relações sociais contêm quantidades distintas de prestígio social,
social pertencente ampla-
mente à riqueza material econômico e político que são distribuídas pela sociedade. Assim, as relações de desigualdade são sempre
é diferente do status de relações de poder.
classe, que é baseado A teoria de estratificação social criada por Weber para analisar a sociedade tem como fundamento
em variáveis tais
​​ como a
honra, prestígio e filiação três conceitos centrais: o de classe (e dentro dele o de situação de classe), o de status (ou estamento) e o
religiosa. Talcott Parsons de partido. Esses conceitos são tipos ideais de diferenciação social. Cada um deles delimita um determina-
argumentou que as forças do tipo de pertencimento (ou não) a estratos sociais diferentes. Mas como são tipos ideais, servem apenas
de diferenciação social
e do seguinte padrão de de ferramenta de aproximação, nunca representam a própria realidade social. Assim, é possível observar
individualização institucio- grupos, estratos e instituições sociais que têm características de tipos ideais diferentes, ainda que um deles
nalizada diminuiria forte- seja predominante.
mente o papel da classe
(como um importante fator Para Weber, a posse de propriedade é a característica central para determinar uma situação de
de estratificação), assim classe. Apesar de estabelecer que há diferentes tipos de propriedade, de bens e de rendimentos, o que
como toda a evolução acarreta estratificações sociais dentro de uma classe, Weber entende que a classe social se fundamenta
(evolucionismo) social.
por uma situação de mercado, isto é, tem base predominantemente econômica. A definição de classe está
condicionada, então, à situação de mercado, ou seja, à condição econômica ou padrão material de existência
dos indivíduos. O termo classe refere-se, portanto, a qualquer grupo de pessoas que se encontram em uma
mesma situação econômica.

6 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Ciências sociais
Capítulo 1: Classes sociais, estratificação e mudança social

Já a estratificação por status tem relação com o prestígio, a posição social, o estilo de vida, a

SOCIOLOGIA
instrução formal. Ela se distingue da estratificação por classe, pois a posse de propriedade nem sempre é
suficiente para garantir uma posição social de prestígio. Em contraste com as classes, os grupos de status
em geral constituem comunidades e situações determinadas pela estimativa social, positiva ou negativa.
Weber nota que a propriedade econômica nem sempre está relacionada ao status. No entanto, no
longo prazo, a situação de classe pode também ser atributo da situação de status. Ou seja, quase sempre o
proprietário tende a ser chefe. Mas isso não é necessariamente verdade, pois existem pessoas com e sem
propriedades que se encontram no mesmo grupo de status.
Por fim, o partido é uma forma de estratificação na qual a distribuição de poder se dá pela capaci-
dade de controle de uma organização. Se o lugar das classes sociais é a ordem econômica, e o lugar dos
grupos de status é a ordem social (na esfera de distribuição de renda), o lugar do partido é a ordem política.
Há uma influência direta entre a ordem das classes e dos grupos de status, que acabam, finalmente, por
influenciar e serem influenciados pela ordem política. A característica central do partido é o poder, e a orien-
tação da ação social do partido é a aquisição do poder.

As classes sociais em Marx


Para Karl Heinrich Marx (século XIX) o traço essencial caracterizador da sociedade contemporânea é
o capitalismo – a problemática das classes sociais e a desigualdade social deságuam no próprio sistema em
análise. De um lado, os detentores dos meios de produção (grandes empresários, capitalistas) e, do outro,
o proletariado (os trabalhadores, empregados, assalariados).
A relação proprietários e não proprietários dos meios de produção e comunicação já caracteriza a
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formação das classes sociais e da sociedade capitalista. Para ele, essa divisão social é a primeira forma de
divisão do trabalho: a divisão entre aqueles que produzem (os trabalhadores) e aqueles que se apropriam
privadamente da produção (os proprietários).

A dinâmica social capitalista, nessa visão, está centrada na propriedade privada. Com base nela se

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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998

constituem as classes sociais e todas as relações de troca. De um lado, estão aqueles que precisam vender
sua força de trabalho, do outro, aqueles que compram a força de trabalho.
Para estruturar esse raciocínio, Marx pressupõe que a realidade das sociedades divididas em clas-
ses é contraditória e que, para analisar essa realidade contraditória, é necessário um método dialético.

A divisão entre exploradores e explorados nos vários modos de produção necessita, portanto, de
uma explicação dialética. Em outras palavras, para entender a relação de exploração e dominação dos es-
cravizados nas sociedades escravistas, a dominação dos servos nas sociedades feudais e a exploração dos
trabalhadores assalariados nas sociedades capitalistas, é necessário ir além das aparências da realidade
observada.
Em Marx a sociedade se organiza com base nos interesses das classes dominantes, ou seja, as leis, C
regras e normas sociais são construídas para reproduzir as classes dominantes como tal. Assim, apesar de
Dialética é, em sentido
a relação de igualdade jurídica não ser uma mentira, ela é contraditória, pois pressupõe que o indivíduo que
genérico, oposição, con-
compra e o indivíduo que vende a força de trabalho são absolutamente iguais, quando, na prática, eles são flito originado pela con-
economicamente diferentes. tradição entre princípios
teóricos ou fenômenos
empíricos. Segundo o
Segundo o pensamento de Marx, as classes sociais vão além de um estrato social determinado ape- marxismo, a dialética é
nas pela economia, como define Weber. Não se trata, assim, de agrupamentos de indivíduos que têm rendas um método de análise
que contrapõe opostos
ou salários semelhantes. Para Marx, as classes sociais são definidas por suas lutas, mais particularmente
e de cuja oposição se
pela luta de classes, que expressa a oposição estrutural entre o capital e o trabalho. Em outras palavras, a produz uma síntese, que
luta de classes constitui o próprio elemento dinâmico das sociedades. novamente gerará uma
antítese, gerando um
A luta entre capitalistas e trabalhadores que se trava todos os dias por melhores salários, melhores
movimento contínuo.
condições de trabalho e de vida, refere-se, de um lado, à expansão de políticas sociais que protegem os tra- Esse método é aplicado
balhadores, na regulamentação da reforma agrária, na construção de vias de acesso a bairros populares, na por Marx para explicar a
evolução dos conflitos
construção de redes de esgoto e escolas populares. De outro, está relacionada com a aprovação de leis que
históricos (como o
estimulam os condomínios fechados, com a segregação social, com a política de juros altos, com incentivos conflito entre capital e
fiscais às empresas multinacionais. Para Marx, os interesses opostos são os elementos de transformação trabalho).
histórica e social.

As classes sociais e suas lutas são referências centrais na obra de Marx. Com base nelas, ele ana-
lisa a sociedade capitalista e qualifica as relações de exploração e dominação para além de uma leitura eco-
nômica, baseada apenas na determinação dada pela renda. Classe social é um conceito concebido como
um conjunto de relações que implicam elementos culturais, simbólicos, econômicos, políticos e ideológicos.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 7
Ciências sociais
Capítulo 1: Classes sociais, estratificação e mudança social

A dinâmica das classes médias


SOCIOLOGIA

O debate sobre a classe média também sofreu a influência


das teses de Marx e Weber, tanto nos círculos acadêmicos dos Esta-
dos Unidos e da Europa como no Brasil. Entre aqueles que comparti-
lham a concepção marxista de classe social, as classes médias são
vistas como um conjunto de relações sociais que se situam entre as
relações da classe capitalista e as da classe trabalhadora.

No caso dos seguidores da teoria da estratificação social de


Weber, a preocupação está relacionada com critérios de classifica-
ção específicos para indivíduos e suas ações sociais. Dentre vários
critérios, os mais utilizados são o de ocupação profissional (cargos,
Renda da classe A é 40,9 vezes maior que a da D/E. postos de trabalho e qualificação profissional) e o de renda. A par-
A distribuição de renda no Brasil é pior do que se imaginava. Um estudo elaborado pela Tendências
Consultoria Integrada mostrou que a classe A – famílias com rendimento superior a R$ 14.695 – de- tir deles se estabelece uma análise de como alguns estratos sociais
tém uma fatia ainda maior da massa de renda nacional.
ganham ou perdem espaço social e econômico nas sociedades con-
O levantamento elaborado pelos economistas Adriano Pitoli, Camila Saito e Ernesto Guedes foi feito
com base nos dados da Receita Federal e mostrou que as 2,5 milhões de famílias da classe A são
temporâneas.
responsáveis por 37,4% da massa da renda nacional. Nos dados mais conhecidos, obtidos por meio
da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), estimava-se que os mais ricos tinham 16,7%
da renda nacional. Em termos gerais, as camadas médias se situam entre as
FONTE: http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,classe-a-tem-maior-fatia-da-renda-do-
duas grandes classes sociais (capitalistas e trabalhadores). Para
-pais,10000007285. Marx, no século XIX as camadas médias representavam um número
relativamente pequeno da população da Europa. Entre elas podemos
destacar: pequenos proprietários e comerciantes, servidores públicos

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
e profissionais liberais Marx denominava esse conjunto de indivíduos
de pequena burguesia).

Com o desenvolvimento do setor de serviços durante o século XX, a pequena


burguesia se avolumou, e com isso os autores marxistas e weberianos passaram a
| SISTEMA DINAMUS • ENSINO MÉDIO |

LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998


definir novos conceitos para incorporar esse contingente de indivíduos.

O sociólogo norte-americano C. Wright Mills (1916-1962) observou um au-


mento entre os trabalhadores de colarinho-branco, isto é, trabalhadores públicos e
privados do setor administrativo e gerencial. Segundo Mills, os profissionais desse
setor não podiam ser identificados como trabalhadores típicos da indústria, como os
operários. Para ele, a classe média, mesmo existindo em função das outras classes
(capitalistas e trabalhadores), devia ser considerada um sintoma e um símbolo das
sociedades contemporâneas. Os trabalhadores de colarinho-branco, que Mills de-
nomina de nova classe média, se diferenciam dos da antiga classe média quanto à
qualificação profissional. São gerentes e administradores requisitados sobretudo pelo
desenvolvimento tecnológico ocorrido em meados do século XX.

Mills é explícito quanto ao seu recorte ocupacional para classificação dos co-
larinhos-brancos. Para ele, ocupações e situações de renda estão ligadas a situações
de classe e caracterizam, com base no prestígio, o status de seus ocupantes e seus
graus de poder. Assim, a situação de classe está relacionada não apenas com a renda,
mas também com o montante da renda.

Para Mills, é difícil definir com precisão a nova classe média com base em um
critério isolado de estratificação. Essa nova classe média se define mais pelas diferen-
ças em relação às outras camadas sociais. Pode-se dizer que os colarinhos-brancos
não são uma camada homogênea.

Já para Poulantzas, as classes sociais não são definidas com base nas ações
individuais nem, tampouco, em estratos sociais. Segundo ele, as classes sociais se
definem por sua posição no conjunto da divisão social do trabalho. Poulantzas procurou
pensá-las levando em conta também as instâncias do político e do ideológico.

Quanto à discussão das classes médias, Poulantzas incorpora à sua teoria a


análise dos trabalhadores não produtivos como específicos da nova pequena burgue-
sia. A nova pequena burguesia se diferencia da pequena burguesia tradicional por ex-
Infográfico; Estadão – Um país mais desigual (2016).
FONTE: http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,classe-a-tem-maior-
pressar uma nova divisão do trabalho, marcada pelas práticas de direção e superação
-fatia-da-renda-do-pais,10000007285. no interior dos processos de trabalho.

8 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Ciências sociais
Capítulo 1: Classes sociais, estratificação e mudança social

Durante o século XX o capitalismo se desenvolveu no sentido de re-

SOCIOLOGIA
passar aos gerentes, diretores e supervisores o que, nos séculos anteriores,
se concentrava nas mãos do capitalista. Dessa forma, criou-se a figura do
gerente, que passou a controlar os trabalhadores, obtendo deles maior pro-
dutividade. Com esse processo, intensificou-se a separação entre trabalhos
manuais e trabalhos intelectuais.

No trabalho manual, o operário cumpre uma tarefa produtiva preesta-


belecida pela gerência e pela engenharia de produção. Fica a cargo do setor
de planejamento o trabalho intelectual, que concebe como e de que forma
serão produzidas as mercadorias. Segundo Poulantzas, essa divisão entre
trabalho intelectual e trabalho manual expressa na produção a divisão social
entre capital e trabalho. Isto é, o monopólio do saber, próprio das classes Charge do cartunista Junião.
FONTE: Machado (2013, p. 153).
dominantes, seria também reproduzido nos processos de trabalho em si.

Como surgiu a burguesia?

Surgiu na Europa da Idade Média (séculos XI e XII) com o renascimento comercial e


urbano. No mundo ocidental, desde o final do século XVIII, a burguesia descreve uma classe
social, caracterizada por sua propriedade de capitais, relacionada à ‘cultura’ e sua visão
materialista do mundo.
É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

Na filosofia marxista, o termo “burguesia” denota a classe social que detém os meios
de produção de riqueza, e cujas preocupações são o valor da propriedade e do capital, a fim
de garantir a sua supremacia econômica em relação aos demais. Na contemporaneidade a
teoria social usa o termo burguesia para a classe dominante das sociedades capitalistas.
Desprezados pelos nobres, estes burgueses eram herdeiros da classe medieval dos vas-
salos e, por falta de alternativas, dedicavam-se ao comércio que, alguns séculos mais tarde,

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serviria de base para o surgimento do capitalismo.


Na Baixa Idade Média, quando as cidades (burgos) começaram a se formar e crescer,
artesões e comerciantes começaram a emergir como uma força econômica. Aliaram-se com
a nobreza através de casamentos, para enfraquecer o sistema feudal, transformando-se gra-
dualmente na classe governante do Estado-nação industrializado.
Nos séculos XVII e XVIII, essa classe apoiou, de forma geral, a Revolução Americana
e a Revolução Francesa, fazendo cair as leis e os privilégios da ordem feudal absolutista.
Conceitos tais como liberdade, direito religioso e civil e livre comércio derivam-se das
filosofias burguesas. Com a expansão do comércio e da economia de mercado, o poder e a Burguês.
influência da burguesia cresceu. Em todos os países industrializados, a aristocracia perdeu Pessoas que dedicavam-se ao comércio de mercadorias
gradualmente o poder ou foi expurgada por revoltas burguesas, passando a burguesia para (roupas, especiarias, joias) e prestação de serviços e
não eram bem vistas por integrantes da nobreza, que até
o topo da hierarquia social. Com os avanços da indústria, surgiu uma classe mais baixa então eram os principais detentores do poder.
inteiramente nova, o proletariado ou classe trabalhadora.
FONTE: https://www.wikiwand.com/pt/Burguesia
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

No Brasil a perspectiva da nova classe média está ancorada em uma concepção weberiana, que
leva em conta, basicamente, a renda dos indivíduos.
Para autores que rejeitam essa visão, a nova classe média no Brasil é, na realidade, uma parte da
classe trabalhadora antes desempregada, que conseguiu entrar no mercado de trabalho. A classe trabalha-
dora, assim, comportaria um conjunto de trabalhadores assalariados que vendem sua força de trabalho na
medida em que não têm condições de produzir sem máquinas e ferramentas. Ou seja, os trabalhadores não
têm com existir e sobreviver sem vender sua força de trabalho. Aqueles que defendem a constituição de uma
nova classe média fazem uma leitura que considera apenas as aparências, sem levar em conta o histórico
de desigualdades sociais no Brasil, e divulgam a impressão de que os membros dessa suposta nova classe
média não estariam mais sujeitos ao desemprego, ao subemprego, ao emprego informal, à mendicância e
outras tantas formas aviltantes de reprodução de suas vidas.

01. Contardo Calligaris publicou um artigo em que aborda a prática social brasileira de denominar como doutores os indivíduos pertencentes a
algumas profissões, dentre eles médicos, engenheiros e advogados, mesmo na ausência da titulação acadêmica. Segundo o autor,

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 9
Ciências sociais
Capítulo 1: Classes sociais, estratificação e mudança social
SOCIOLOGIA

estes mesmos profissionais não se apresentam como doutores no (A) Sua utilização visa explicar as formas pelas quais as desigualda-
encontro com seus pares, mas apenas diante de indivíduos de seg- des se estruturam e se reproduzem nas sociedades.
mentos sociais considerados subalternos, o que indica uma tenta- (B) De acordo com Karl Marx, as relações entre as classes sociais
tiva de intimidação social, servindo para estabelecer uma distância transformam-se ao longo da história conforme a dinâmica dos mo-
social, lembrando a sociedade de castas. A questão levantada por dos de produção.
Contardo Calligaris aborda aspectos relacionados à estratificação (C) As classes sociais, para Marx, definem-se, sobretudo, pelas re-
social, estudada, entre outros, pelo sociólogo alemão Max Weber. lações de cooperação que se desenvolvem entre os diversos grupos
envolvidos no sistema produtivo.
De acordo com as ideias weberianas sobre o tema, é correto afir- (D) A formação de uma classe social, como os proletários, só se
mar: realiza na sua relação com a classe opositora, no caso do exemplo,
a burguesia.
(A) As sociedades ocidentais modernas produzem uma estratifica- (E) A afirmação “a história da humanidade é a história das lutas
ção social multidimensional, articulando critérios de renda, status de classes” expressa a ideia de que as transformações sociais es-
e poder. tão profundamente associadas às contradições existentes entre as
(B) Médicos, engenheiros e advogados são designados de douto- classes.
res porque suas profissões beneficiam mais a sociedade que as
demais. 04. A expressão estratificação deriva de estrato, que quer dizer ca-
(C) A titulação acadêmica objetiva a intimidação social e a demar- mada. Por estratificação social entendemos, exceto:
cação de hierarquias que culminem em uma sociedade de castas.
(D) A intimidação social perante os subalternos expressa a materia- (A) A distribuição de indivíduos em grupos e grupos em camadas
lização das castas nas sociedades modernas ocidentais. hierarquicamente superpostas dentro de uma sociedade.

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
(E) Nas sociedades modernas ocidentais, a diversidade das ori- (B) O processo de aquisição é assimilação dos valores, das nor-
gens, das funções sociais e das condições econômicas são crité- mas, regras, leis, costumes e as tradições do grupo humano do
rios anacrônicos de estratificação. qual fazemos parte.
(C) Que essa distribuição dos indivíduos se dá pela posição social,
02. Leia a letra da canção. a partir das atividades que eles exercem e dos papéis que desempe-
nham na estrutura social.
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“Tinha eu 14 anos de idade quando meu pai me chamou (D) Que em determinadas sociedades podemos dizer que as pesso-
Perguntou-me se eu queria estudar filosofia as estão distribuídas pelas camadas alta (classe A), média (classe
Medicina ou engenharia B) ou inferior (classe C), que correspondem a graus diferentes de
Tinha eu que ser doutor poder, riqueza e prestígio.
Mas a minha aspiração era ter um violão (E) Por exemplo, que na sociedade capitalista contemporânea, as
Para me tornar sambista posições sociais são determinadas basicamente pela situação dos
Ele então me aconselhou: indivíduos no desempenho de suas atividades produtivas.
‘Sambista não tem valor nesta terra de doutor’
E seu doutor, o meu pai tinha razão 05. De acordo com a teoria de Marx, a desigualdade social se ex-
Vejo um samba ser vendido, o sambista esquecido plica:
O seu verdadeiro autor
Eu estou necessitado, mas meu samba encabulado (A) Pela distribuição da riqueza de acordo com o esforço de cada
Eu não vendo não senhor!” um no desempenho de seu trabalho.
(Canção “14 anos” de Paulinho da Viola, do álbum Na Madrugada, 1966). (B) Pela divisão da sociedade em classes sociais, decorrente da
separação entre proprietários e não-proprietários dos meios de pro-
De acordo com a letra da canção, assinale a alternativa correta. dução.
(C) Pelas diferenças de inteligência e habilidade inatas dos indivídu-
(A) O sambista vê na comercialização do samba, ou seja, na sua os, determinadas biologicamente.
mutação em mercadoria, um processo que valoriza mais o criador (D) Pela apropriação das condições de trabalho pelos homens mais
que a coisa produzida. capazes em contextos históricos, marcados pela igualdade de opor-
(B) Os termos ‘sambista’ e ‘doutor’ servem para qualificar e/ou tunidades.
desqualificar os indivíduos na rigorosa hierarquia social vigente no (E) n.d.a.
Brasil.
(C) A filosofia, enquanto conhecimento humanístico voltado à crítica 06. Em 1840, o francês Aléxis de Tocqueville (1805-1859), autor de
social é desqualificada em relação aos conhecimentos direcionados A democracia na América, impressionado com o que viu em viagem
às profissões liberais. aos Estados Unidos, escreveu que nos EUA, “a qualquer momento,
(D) Para o sambista, o valor objetivo da música como mercadoria, um serviçal pode se tornar um senhor”. Por sua vez, o escritor
medido pelo reconhecimento econômico, é mais relevante do que brasileiro Luiz Fernando Veríssimo, autor de O analista de Bagé,
sua condição de criação artística subjetiva. disse, em 1999, ao se referir à situação social no Brasil: “tem gente
(E) A expressão ‘terra de doutor’ está relacionada à disseminação se agarrando a poste para não cair na escala social e sequestrando
generalizada dos cursos superiores no Brasil, responsáveis por uma elevador para subir na vida”.
elevação do nível cultural dos setores populares.
As citações anteriores se referem diretamente a qual fenômeno so-
03. Em termos sociológicos, assinale o que não for correto sobre o cial?
conceito de classes sociais.

10 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Ciências sociais
Capítulo 1: Classes sociais, estratificação e mudança social

SOCIOLOGIA
As citações anteriores se referem diretamente a qual fenômeno so- pela qual os homens se reproduzem socialmente”.
cial? FONTE: IANNI, O. Estrutura e História. In IANNI, Octavio (org). Teorias da Estratificação Social:
leitura de sociologia. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1978, p. 11.

(A) Ao da estratificação, que diz respeito a uma forma de organiza-


ção que se estrutura por meio da divisão da sociedade em estratos Com base no texto e nos conhecimentos sobre estratificação social,
ou camadas sociais distintas, conforme algum tipo de critério es- considere as afirmativas a seguir:
tabelecido.
(B) Ao de status social, que diz respeito a um conjunto de direitos I. Os estamentos são formas de estratificação baseadas em cate-
e deveres que marcam e diferenciam a posição de uma pessoa em gorias socioculturais como tradição, linhagem, vassalagem, honra
suas relações com as outras. e cavalheirismo.
(C) Ao dos papéis sociais, que se refere ao conjunto de compor- II. As classes sociais são formas de estratificação baseadas em
tamentos que os grupos e a sociedade em geral esperam que os renda, religião, raça e hereditariedade.
indivíduos cumpram de acordo com o status que possuem. III. As mudanças sociais estruturais ocorrem quando há mudanças
(D) Ao da mobilidade social, que se refere ao movimento, à mudan- significativas na organização da produção e na divisão social do
ça de lugar de indivíduos ou grupos num determinado sistema de trabalho.
estratificação. IV. As castas são formas de estratificação social baseadas na pro-
(E) Ao da massificação, que remete à homogeneização das con- priedade dos meios de produção e da força de trabalho.
dutas, das reações, desejos e necessidades dos indivíduos, sujei-
tando-os às idéias e objetos veiculados pelos sistemas midiáticos. A alternativa que contém todas as afirmativas corretas é:

07. Assinale o que for correto sobre a estrutura e a estratificação (A) I e II. (B) I e III. (C) II e III.
(D) I, II e IV. (E) II, III e IV.
É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

social brasileira no período compreendido entre 1950 e 1980.

01) O processo de modernização capitalista adotado pelo regime 09. “Quando os recursos importantes para uma sociedade são dis-
militar modificou radicalmente a estrutura agrária baseada no mo- tribuídos desigualmente e quando, como consequência, as pesso-
delo concentrador de terras, promovendo uma ampla reforma dos as ou grupos de pessoas podem ser classificadas(os) em razão de
latifúndios improdutivos e eliminando as condições precárias de suas parcelas de recursos, que definem suas diferenças, dizemos

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trabalho no campo. que existe um sistema de estratificação social. Existem diversos


02) Um dos efeitos do chamado “milagre econômico” foi a ascen- sistemas de estratificação social em diferentes sociedades.”
(TURNER, J.H. Sociologia – Conceitos e aplicações)
são social dos trabalhadores domésticos, sobretudo das mulheres
As estruturas sociais, nas sociedades modernas, apresentam como
empregadas em serviços de limpeza em residências.
características, exceto
04) A expansão da produção industrial promoveu a valorização de
profissões associadas ao novo padrão de gestão e organização do
(A) Cada indivíduo está encaixado num grupo ou organização so-
trabalho, que se tornou mais burocratizado e racionalizado.
cial, tendo os seus pensamentos, sentimentos e ações extrema-
08) As perspectivas de ascensão social alimentadas pela classe
mente ilimitados em relação à cultura do grupo ou organização.
média foram reforçadas pela consolidação do sistema universitário
(B) Existem grupos compostos de cadeias relativamente pequenas
que, por meio da educação superior, criou novas possibilidades de
de pessoas em contato face a face, ou ainda de grande número de
qualificação profissional.
indivíduos com acesso diferenciado a algum recurso.
16) A camada de trabalhadores especializados foi ampliada em se-
(C) Há organizações sociais e estruturas institucionais combina-
tores significativos da expansão produtiva, tais como a indústria au-
das, com complexos princípios voltados para o atendimento das
tomobilística, alterando o perfil do proletariado de regiões altamente
necessidades básicas da existência humana como, por exemplo, a
industrializadas.
riqueza, o poder e o prestígio.
(D) A vida social é um constante movimento nas estruturas sociais,
SOMA (____)
uma teia de partições e engrenagens que definem as relações so-
ciais entre pessoas e grupos na sociedade.
08. De acordo com Octavio Ianni: “Para melhor compreender o pro-
(E) n.d.a.
cesso de estratificação social, enquanto processo estrutural, con-
vém partirmos do princípio. Isto é, precisamos compreender que a
maneira pela qual se estratifica uma sociedade depende da maneira

Mudança social
Introdução
Com o advento histórico da Revolução Industrial na Inglaterra, e da Revolução Francesa de 1789,
realizaram-se grandes transformações nas sociedades europeias que se consolidaram em mudanças sociais
importantes. Rupturas socioculturais, econômicas e políticas transformaram a sociedade.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 11
Ciências sociais
Capítulo 1: Classes sociais, estratificação e mudança social

A ciência, a técnica, a economia, a demografia, a política, a ideologia e a cultura adquiriram um papel


SOCIOLOGIA

fulcral, ou seja, central, na explicação da mudança social. Inclusive as transformações no meio ambiente e a
ação dos atos sociais revelam-se essenciais para estruturar a mudança social.
Para todas as mudanças sociais, destacam-se quatro características a serem ponderadas: (a) são
fenômenos coletivos que afetam as condições e/ou as formas de vida da sociedade; (b) as transformações
não devem ser superficiais e necessitam possuir provas de certa permanência; (c) são possíveis de se
identificar pelo tempo. A partir do tempo que se tem como referência é possível verificar o que mudou; e (d)
são mudanças que devem afetar a estrutura da sociedade, pois assim a sua observação se torna possível.

Auguste Comte e a lei dos três estados


Autores clássicos do século XIX como Auguste Comte deram ênfase à
questão da mudança social. Comte alegou que o espírito humano, enquanto pro-
gresso, evoluiu centrado no individualismo e na laicização, aspectos importantes
inclusive na reestruturação do mundo intelectual e científico.

Comte defendia um modelo de regulação e controle social, haja vista a pre-


ocupação de, em meio ao progresso, garantir a regulação e manutenção da ordem
social. A sociedade é estática e dinâmica socialmente ao mesmo tempo, faz parte
de sua natureza e complexidade.

Para Comte, o progresso das sociedades humanas circunscrevia-se ao

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
grau de capacidade reflexiva e intelectual que os seres humanos tinham para se
diferenciar a distanciar dos animais. Esse movimento universal da evolução da espé-
cie humana, conhecido por lei dos três estados – teológico, metafísico e científico
–, é estruturado pelo intelecto e pelo espírito humano, com especial incidência na
razão, ideias e opiniões formuladas.
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Auguste Comte.
FONTE: https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com.
No último estado de evolução das sociedades – científico-industrial – o co-
nhecimento humano desenvolve-se com base na observação e no raciocínio cientí-
ficos. As coisas, os acontecimentos, a vida cotidiana e a sociedade são explicados
através de leis universais.

É um período histórico que começa com a Revolução Industrial e a Revolução Francesa


de 1789. O eurocentrismo de Comte está patente na sua concepção deste estado de evolução da
humanidade. De acordo com o autor, assiste-se à separação da Igreja do Estado, enquanto a política,
a cultura e a economia adquirem um sentido universal. A mulher e os trabalhadores são libertados do
regime de servidão do feudalismo; as indústrias modernas são aperfeiçoadas; acentua-se o progres-
Lei dos três estados é o pilar prin- so científico; a família, o Estado e a Igreja harmonizam-se. Finalmente, a civilização de tipo militar é
cipal do positivismo, assentado substituída por uma civilização de tipo industrial.
em Auguste Comte (1798-1857). Comte considera o fator demográfico como importante para a evolução humana. A socieda-
O espírito humano, de modo a de, funcionando similarmente a um organismo vivo, ao complexificar-se, cria novas funções e leva a
compreender os fenômenos que população a expandir-se naturalmente.
se observam no universo, passa
necessariamente por três estados
(três formas de concepção da
realidade), que são: Herbert Spencer e o darwinismo social
• O Teológico: caracterizado por
explicações sobrenaturais, buscan- Herbert Spencer (1820-1903) foi um sociólogo que granjeou uma enorme popularidade no
do nas divindades sentido às suas século XIX, junto da comunidade científica e das elites das sociedades industrializadas. O seu prestí-
práticas tribais (primitivas). gio intelectual derivava do seu posicionamento político liberal e de sistematizar com um certo relevo
• O Metafísico: os fenômenos os postulados teóricos de Charles Darwin sobre a evolução das sociedades. O darwinismo social,
são explicados por meio de forças ao considerar que a evolução da espécie humana é semelhante à das outras espécies animais,
ocultas e/ou entidades abstratas. permitiu que o pensamento sociológico admitisse que os processos sociais e, consequentemente,
As abstrações personificadas
substituem as vontades sobrena- a mudança, eram moldados por seleção natural, na qual a lei do mais forte prevalecia como fator
turais. estruturante.
Desta visão darwinista, Spencer extrai as deduções analíticas que levam teoricamente a de-
• O Científico (positivo): o espírito
humano renuncia a busca das fender as virtualidades do mercado, do individualismo e do liberalismo como elementos definidores
causas primárias e dos fins últi- da interação constituinte da realidade social. Na medida em que as diferentes unidades do organismo
mos, subordinando os fenômenos social estavam sujeitas a um tipo de interação adaptativo e seletivo, só através da concorrência e da
a leis naturais experimentalmente
demonstradas. competição interindividual livre e espontânea se poderia construir a ordem social, enquadrada nos
pressupostos do evolucionismo organicista.

12 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Ciências sociais
Capítulo 1: Classes sociais, estratificação e mudança social

Relativamente à evolução das sociedades, enquanto, para Comte, o progresso se fundamentava

SOCIOLOGIA
nas virtualidades estruturantes do espírito e do intelecto humano, para Spencer esses requisitos causais
situam-se no evolucionismo organicista da própria sociedade. Em termos sociológicos, as sociedades hu-
manas evoluem segundo as mesmas bases e processos. Por essa razão, tendem a passar de formas sociais
simples para formas sociais complexas, de formas homogêneas para formas heterogêneas.

Karl Marx, relações sociais de produção e modos de produção


Karl Marx é um autor que encara a mudança social a partir das relações sociais de produção e
os modos de produção. Para o pensador, a mudança social emerge das contradições existentes em cada
sistema social. As forças produtivas compostas pelos meios de produção e pela força de trabalho são as que
preenchem os requisitos da produção de riqueza material indispensáveis à manutenção de qualquer socieda-
de. Por outro lado, a produção de riqueza material exige uma determinada organização social sustentada por
relações sociais de produção. Em todos os modos de produção existe uma oposição entre classes, podendo
sempre referir-se a existência de exploração e opressão do homem pelo homem.

Compreende-se, desta forma, mudanças sociais quando as contradições entre o


estágio de desenvolvimento das forças produtivas e as relações de produção são subenten-
didos.

Extraímos alguns pontos importantes da obra de Marx em relação a mudança social:


(a) as contribuições derivam de fatores internos dos modos de produção e localizam-se na
É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

estrutura socioeconômica da sociedade; (b) o conflito é uma realidade estrutural centrada


nos interesses opostos das classes; e (c) a luta de classes é o motor da história e, por dedu-
ção lógica, o agente determinante da mudança social.

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O evolucionismo de Talcott Parsons


Este autor analisou o processo histórico das sociedades numa perspectiva evolucio-
nista. O seu evolucionismo é complexo e plural, na medida em que viu a evolução das so-
ciedades, não só a partir de trajetórias diferenciadas, mas também com origem em múltiplas
causas históricas. Tal como Spencer, Parsons utiliza a analogia biológica dos organismos
vivos para explicar a evolução das sociedades humanas.
Karl Marx.
É pela capacidade de adaptação e de seleção das suas estruturas que, em última FONTE: https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com.

análise, se pode compreender o devir (processo de efetiva mudança) histórico de cada uma
delas. Quanto maior é essa capacidade adaptativa e seletiva, maiores são as possibilidades
de as sociedades evoluírem segundo um processo sistemático de seleção, de diferenciação,
de segmentação, de especialização e de integração.

Darwinismo social

É um nome moderno dado a várias teorias da sociedade que surgiram no


Reino Unido, na América do Norte e na Europa Ocidental, na década de 1870.
Trata-se de uma tentativa de se aplicar o darwinismo nas sociedades humanas.
Descreve o uso dos conceitos de luta pela existência e sobrevivência dos mais
aptos para justificar políticas que não fazem distinção entre aqueles capazes
de sustentar a si e aqueles incapazes de se sustentar. Esse conceito motivou
as ideias de eugenia, racismo, imperialismo, fascismo, nazismo e na luta entre
grupos e etnias nacionais.
FONTE: https://www.wikiwand.com/pt/Darwinismo_social. Acessado em 17 de jul 2017.

Charge Darwinismo social.


FONTE: https://www.emaze.com/@ALOTIOFC/O-CASO-DOS-EXPLORADO-
RES-DE-CAVERNA.pptx

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 13
Ciências sociais
Capítulo 1: Classes sociais, estratificação e mudança social
SOCIOLOGIA

África e o darwinismo social: o imperialismo ideológico e cultural


como ferramenta de hegemonia científica.

Charles Darwin (biologista e naturalista britânico do século XVIII)


contribuiu abundantemente ao campo da biologia evolucionista. O evo-
lucionismo se tornou temático em diversas discussões sociológicas e
antropológicas no século XIX e fora abordado por intelectuais sociais de
forma etnocêntrica e colonialista como forma de justificar uma suposta
supremacia intelectual e racial do Ocidente sob o continente Africano e
Asiático.
A África e o darwinismo social.
A Europa, diante de diversos avanços pós Revolução Industrial, A África foi repartida entre as potências europeias. Ao iniciar o século XX, só restavam
dois Estados independentes: a Etiópia e a Libéria.
materializou o discurso de progresso e nutrificou o Neocolonialismo
Afro-Asiático através da afirmação de que era essencialmente superior à FONTE: https://medium.com/@gabrieloliveira_78782/africa-e-darwinismo-social-o-im-
Africa e Ásia por ter produzido novas tecnologias materiais e conteúdos perialismo-ideol%C3%B3gico-e-cultural-como-ferramenta-de-hegemonia-cient-4da-
3a22eb03d
científicos, dando suposto aval às potências capitalistas de invadirem
territórios Afro-Asiáticos com a justificativa de que estariam levando
cultura e desenvolvimento sócio-tecnológico a esses povos tidos como
primitivos.

O Darwinismo Social fugiu abominavelmente do que Charles Darwin desenvolveu ao construir um idealismo equivocado e etnocen-
trista sobre a cultura de outrem. Darwin em seus estudos sobre espécies nunca afirmou a proeminência de uma espécie sob a outra.
O Neocolonialismo do século XIX prejudicou o continente Africano de diversas formas, inclusive cientificamente ao edificar uma
abnegação à ciência produzida por Africa e pessoas pretas em diásporas africanas. Frantz Omar Fanon (psiquiatra, filósofo, cientista

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social e revolucionário francês) propõe a descolonização como forma de posição anticolonialista e afirma que “A civilização europeia e
seus representantes mais qualificados são responsáveis pelo racismo colonial’’. Há uma naturalização fruto do colonialismo ocidental
do que é ciência e de quem produz ciência, a colonização, que tem seu lado ideológico, é a representação do Fardo do Homem Branco
e sua dominação.
Através da Descolonização do Imaginário como disserta Fanon, compreende-se que o colonizado que não mais está preso material-
mente em trancas e correntes, todavia continua escravo ideológico da colonização ocidental. Descolonizar-se é desnaturalizar uma ideia
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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998


etnocentrista do ocidente como único e legítimo produtor de ciência, é contestar o positivismo do homem branco e se auto reconhecer
para além da reafirmação do eu, poder existir.
FONTE: QUADROS, Gabriel Oliveira. África e Darwinismo social: o imperialismo ideológico e cultural como ferramenta de hegemonia científica. Medium, 14 de abril de 2017. Disponível em:
https://medium.com/@gabrieloliveira_78782/africa-e-darwinismo-social-o-imperialismo-ideol%C3%B3gico-e-cultural-como-ferramenta-de-hegemonia-cient-4da3a22eb03d. Acessado em 17
de jul 2017.

Referências bibliográficas
MACHADO, Igor José de Renó, et. al. Sociologia hoje: volume único – ensino médio. 1ª edição. São Paulo:
Ática, 2013.
COSTA, Maria Cristina Castilho. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. São Paulo: Moderna, 2002.
OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia. São Paulo: Ática, 2009.

14 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Ciências sociais
Capítulo 1: Classes sociais, estratificação e mudança social

SOCIOLOGIA
CLASSES SOCIAIS, ESTRATIFICAÇÃO E MUDANÇA SOCIAL

Classes sociais e estratificação

Define-se, hoje, a classe social, a partir de dados quantitativos, baseados, por exemplo, na renda. Somos “defi-
nidos” enquanto classe levando em conta a renda familiar, os bens da família (quantidade de cômodos da casa,
aparelhos eletrodomésticos, eletrônicos, secretária do lar etc.) e o grau de escolaridade. Em muitos casos, o
critério primordial para a definição da classe reside no poder aquisitivo da pessoa. A teoria de estratificação social
criada por Weber para analisar a sociedade tem como fundamento três conceitos centrais: o de classe (e dentro
dele o de situação de classe), o de status (ou estamento) e o de partido. Esses conceitos são tipos ideais de
diferenciação social. Cada um deles delimita um determinado tipo de pertencimento (ou não) a estratos sociais
diferentes. Mas como são tipos ideais, servem apenas de ferramenta de aproximação, nunca representam a pró-
pria realidade social. Assim, é possível observar grupos, estratos e instituições sociais que têm características
de tipos ideais diferentes, ainda que um deles seja predominante.
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Concepções de sociedade e classes

Para cada teórico, ou seja, autor citado, existe um “conceito” sobre sociedade e também do que venha a ser
classe e estratificação. De um lado, os teóricos da corrente positivista (que surgiu na França no século XIX,

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tendo como principais pensadores Auguste Comte e John Stuart Mill) entendem que o conhecimento científico é
a única forma de conhecimento verdadeiro e norteador das relações; já os weberianos diferem dos positivistas
por encarar a história como processo universal de evolução humana; o marxismo, também conhecido como ma-
terialismo histórico, por sua vez, preocupa-se em entender o capitalismo, propondo uma visão ampla a partir das
transformações política, econômica e social; e, por fim, temos Durkheim, que tratou das relações sociais a partir
dos fatos sociais, que têm três características essenciais – a generalidade, a externalidade e a coercitividade.

Mudança social

Com o advento histórico da Revolução Industrial na Inglaterra e da Revolução Francesa de 1789, realizaram-se
grandes transformações nas sociedades europeias, que se consolidaram em mudanças sociais importantes.
Rupturas socioculturais, econômicas e políticas transformaram a sociedade. A ciência, a técnica, a economia,
a demografia, a política, a ideologia e a cultura adquiriram um papel central na explicação da mudança social.
Inclusive as transformações no meio ambiente e a ação dos atos sociais revelam-se essenciais para estruturar
a mudança social.

Para todas as mudanças sociais, destacam-se quatro características a serem ponderadas: (a) são fenômenos
coletivos que afetam as condições e/ou as formas de vida da sociedade; (b) as transformações não devem ser
superficiais e necessitam possuir provas de certa permanência; (c) são possíveis de se identificar pelo tempo – a
partir do tempo que se tem como referência é possível verificar o que mudou; e (d) são mudanças que devem
afetar a estrutura da sociedade, pois assim a sua observação se torna possível.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 15
Ciências sociais
Capítulo 1: Classes sociais, estratificação e mudança social
SOCIOLOGIA

01. O Brasil, por sua vez, é um país fortemente estratificado: a A taxa de desocupação de 2013 (média de janeiro a dezembro) foi
desigualdade sempre foi a marca da nossa sociedade. Somos um estimada em 5,4%. Esta taxa era de 12,4% em 2003. [...] A pesquisa
misto de sociedade de “castas” com meritocracia. O indivíduo apontou disparidade entre os rendimentos de homens e mulheres e,
pode, por esforço e talento próprios, mudar de casta sem reen- também, entre brancos e pretos ou pardos. Em 2013, em média, as
carnar – mas a posição relativa das “castas” há de ser mantida. mulheres ganhavam em torno de 73,6% do rendimento recebido pelos
Durante o governo Lula essa estrutura começou a se alterar e, homens. A menor proporção foi a registrada em 2003, 70,8%. O ren-
aparentemente, gerou grande mal-estar: os ricos estavam se tor- dimento dos trabalhadores de cor preta ou parda, entre 2003 e 2013,
nando mais ricos e os pobres, menos pobres. Por seu turno, as teve um acréscimo de 51,4%, enquanto o rendimento dos trabalha-
camadas médias tradicionais olhavam para a frente e viam os ri- dores de cor branca cresceu 27,8%. A pesquisa registrou, também,
cos se distanciarem; olhavam para trás e viam os pobres se apro- que os trabalhadores de cor preta ou parda ganhavam, em média, em
ximarem. Sua posição relativa se alterou desfavoravelmente. Se 2013, pouco mais da metade (57,4%) do rendimento recebido pelos
os rendimentos dessas camadas médias não perderam poder de trabalhadores de cor branca. [...] Destaca-se que, em 2003, não che-
compra medido em bens materiais, perderam-no quando medido gava à metade (48,4%).
em serviços. (BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Retrospectiva da Pesquisa Mensal de
HADDAD, Fernando. Vivi na pele o que aprendi nos livros. Um encontro com o patrimonia- Emprego 2003 a 2013. Disponível em: <Http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indica-
lismo brasileiro. Piauí. Edição 129. Jun 2017. Disponível em: <http://piaui.folha.uol.com.br/ dores/trabalhoerendimento/pme_nova/retrospectiva2003_2013.pdf>. Acesso em: 20 ago.
materia/vivi-na-pele-o-que-aprendi-nos-livros/> Acesso em 07 jun. 2017. 2016. Texto adaptado).

A partir do trecho acima, responda: Escreva um texto apontando as conclusões a que se pode chegar
com a interpretação dos dados apresentados.
(A) O que diferencia a estratificação por classe social da estratifi-
cação por castas? 04. Observe a imagem a seguir:

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(B) Por que o autor considera que o modelo de castas explica
melhor a sociedade brasileira que o modelo de classes sociais?

02. Observe a imagem a seguir:


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Ela apresenta o tipo de estratificação social muito comum nas so-
ciedades capitalistas. Refletindo sobre esse conceito sociológico
e suas características, é CORRETO afirmar que
Valendo-se do conteúdo sociológico contido nessa imagem, é IN-
(A) o poder político dos grupos dominantes sobre os grupos do- CORRETO afirmar que, no Brasil,
minados contribui para definir esse tipo de estratificação social.
(B) a condição social do grupo em destaque baseia-se na estra- (A) a dificuldade de acesso aos serviços básicos provoca uma
tificação econômica, num processo de hierarquização dos seus grande distância social entre os habitantes ricos e pobres.
membros, por meio do nascimento. (B) o Plano “Brasil Sem Miséria”, criado em 2011 pelo governo
(C) a profissionalização é o principal elemento organizativo do federal, propõe identificar e direcionar as pessoas, que não pos-
grupo apresentado na figura, porque destaca aquele que detém o suem nenhum benefício social, para algum tipo de auxílio, cujo
dinheiro por meio do trabalho profissional. objetivo é diminuir a desigualdade no país.
(D) o grupo social nela representado pertence à camada localiza- (C) a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio é um índice
da no topo da pirâmide social. econômico, que aponta as diferenças entre os indivíduos, abando-
(E) ela representa um exemplo de uma das camadas de estratifi- nando o conceito de classe social e a exploração, pois seu objeti-
cação, presentes na organização da sociedade europeia, durante vo é quantificar e descrever a realidade de pobres e ricos.
a Idade Média. (D) as diferenças entre as pessoas estão presentes não apenas
nas classes sociais mas também nas relações de gênero, nas
03. Considere os seguintes dados da Retrospectiva da Pesqui- relações étnico-raciais e no grau de instrução da população.
sa Mensal de Emprego do IBGE, referente ao período de 2003 a (E) o desenvolvimento do capitalismo criou as desigualdades
2013: evidenciadas na miséria e na pobreza em todo o país, mas a
superação foi resolvida com as políticas de divisão de riquezas
implantadas nos últimos anos pelo governo federal.

16 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Ciências sociais
Capítulo 1: Classes sociais, estratificação e mudança social

SOCIOLOGIA
05. No pensamento sociológico clássico e contemporâneo, as (E) centrada na regulação de oportunidades.
dimensões igualdade, diferença e diversidade assumem impor-
tância para estudos relacionados à questão das desigualdades 08. Sobre as relações entre diferenças e desigualdades sociais,
sociais. Com base nos conhecimentos sobre as perspectivas so- assinale o que for correto.
ciológicas que explicam a desigualdade social, no cotidiano das
sociedades capitalistas, assinale a alternativa correta: (01) A distribuição desigual do trabalho doméstico se dá em de-
corrência das diferenças naturais existentes entre homens e mu-
(A) A sociologia weberiana, quando analisa as modernas socieda- lheres. As mulheres têm mais habilidades emocionais e psicológi-
des ocidentais, demonstra que os fatores econômicos e os anta- cas no trato de crianças e nos cuidados com a casa, enquanto os
gonismos entre as classes determinam as hierarquias de poder e homens são biologicamente mais bem preparados para enfrentar
os tipos de dominação. a vida pública e as disputas políticas.
(B) As análises de Marx defendem a ideia de que as mudanças (02) A desigualdade social é um tema clássico das Ciências So-
mais recentes na ordem mundial capitalista alteraram a preemi- ciais. No âmbito deste tema se investigam as relações sociais
nência das classes na explicação das assimetrias sociais e diver- assimétricas existentes entre diferentes indivíduos e grupos em
sidades culturais. uma sociedade.
(C) Na sociologia de Bourdieu, os fatores econômicos, simbóli- (04) A simples existência de diferenças entre grupos resulta em
cos e culturais, a exemplo da renda, do prestígio e dos saberes, relações de desigualdade de condições e oportunidades. Pessoas
incorporados pelos agentes em seu cotidiano e em sua trajetória de diferentes grupos religiosos ou diferentes origens étnicas ten-
de vida, são responsáveis pela diferenciação de posições nos dem a se considerar superiores ou inferiores a outras.
campos sociais. (08) A concepção de igualdade que estrutura nosso mundo social
(D) No pensamento funcionalista, a origem da desigualdade so- contemporâneo tem origem histórica no pensamento filosófico
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cial encontra-se nas contradições econômicas e políticas entre iluminista e se constitui num dos princípios fundamentais das
os agrupamentos, que mantêm relações uns com os outros para nossas instituições jurídicas e políticas.
produzir e reproduzir a estrutura social. (16) O princípio da igualdade de oportunidades e condições orien-
(E) Para os pensadores críticos do neoliberalismo, a mobilida- ta a maioria das políticas públicas tanto na redução das desigual-
de dos indivíduos de um estrato social para outro, no Brasil, é dades sociais, tais como as políticas de combate à fome e à mor-
acompanhada igualmente por mudanças na estrutura de classes talidade infantil, quanto na defesa e garantia de direitos, tais como

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sociais, na medida em que pobres e ricos se aproximam. o combate à violência contra as mulheres e a expressão pública e
civil da população LGBT.
06. Você sabe que lá fora você pode abrir seu laptop na praça,
pode deixar a porta aberta, a bicicleta sem cadeado. Mas lá fora, 09. “O valor dos salários, o tipo de trabalho, os posicionamentos
não esqueça, é você quem limpa a sua privada. Você já relacionou políticos e ideológicos, o fato de sermos ou não proprietários dos
as duas coisas? Nos países em que você lava a própria privada, meios para produzir nossa subsistência, ou mesmo se vamos ao
ninguém mata por uma bicicleta. Nos países em que uma parte da cinema ou lemos livros com frequência, se gostamos de ópera
população vive para lavar a privada de outra parte da população, ou quantos televisores temos em casa, se nossa casa é própria
a parte que tem sua privada lavada por outrem não pode abrir o ou alugada, todas essas questões, assim como muitas outras,
laptop no metrô. podem ser utilizadas como referência para definir a que classe,
DUCLOS, D. apud DUVIVIER, G. A privada e a bicicleta. Disponível em: www1.folha.uol.com. estrato ou grupo social pertencemos.”
br. Acesso em: 6 jul. 2015 (adaptado). MACHADO, I. J. R.; AMORIM, H.; BARROS, C. R. Sociologia hoje. São Paulo: Ática, 2013,
p. 152).
O texto, apresentado como uma carta às elites brasileiras, suce-
deu a notícia sobre um assassinato por causa de uma bicicleta. Considerando o trecho citado e conhecimentos sobre o tema da
Nele contrapõem-se dois padrões de sociabilidade, diferenciados estratificação social, assinale o que for correto:
pelo(a)
(01) A divisão do trabalho é um dos resultados e, ao mesmo tem-
(A) desenvolvimento tecnológico. po, uma das causas da estratificação social.
(B) índice de impunidade. (02) A estratificação social pode expressar assimetrias sociais,
(C) laicização do Estado. ou seja, relações hierárquicas e desiguais de poder na vida social.
(D) desigualdade social. (04) A busca por prestígio, por reconhecimento e por status so-
(E) valor dos impostos. cial envolve disputas sobre bens econômicos, e não sobre valores
culturais.
07. Enquanto persistirem as grandes diferenças sociais e os ní- (08) O processo de educação, no qual se incluem, entre outras
veis de exclusão que conhecemos hoje no Brasil, as políticas so- instituições, a família e a escola, exerce influência sobre a posição
ciais compensatórias serão indispensáveis. privilegiada ou desprivilegiada que a pessoa ocupa na vida social.
SACHS, I. Inclusão social pelo trabalho decente. (16) O conceito de classes sociais é considerado uma forma ul-
Revista de Estudos Avançados, n. 51, ago. 2004.
trapassada de pensar a estratificação social uma vez que se ba-
seia em uma teoria arcaica da vida social.
As ações referidas são legitimadas por uma concepção de política
pública
10. Ao estudarmos a estratificação, temos que considerar não
apenas as diferenças entre posições econômicas ou ocupações
(A) focada no vínculo clientelista.
mas também o que acontece com os indivíduos que as ocupam.
(B) pautada na liberdade de iniciativa.
O termo mobilidade social refere-se ao movimento de indivíduos e
(C) baseada em relações de parentesco.
grupos entre diferentes posições socioeconômicas.
(D) orientada por organizações religiosas. GIDDENS, Anthony. Sociologia. 6. ed. Porto Alegre: Penso, 2012, p. 332.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 17
Ciências sociais
Capítulo 1: Classes sociais, estratificação e mudança social
SOCIOLOGIA

Com base nesse conceito sociológico, qual dos estratos sociais a (A) I e II. (B) I e III. (C) II e III.
seguir NÃO permite a mobilidade social? (D) II. (E) III.

(A) Estamento. 13. Leia o texto a seguir.


(B) Estado.
(C) Classe social. Em 2006, foi realizada uma conferência das Nações Unidas em
(D) Castas. que se discutiu o problema do lixo eletrônico, também denomi-
(E) Proletariado. nado e-waste. Nessa ocasião, destacou-se a necessidade de os
países em desenvolvimento serem protegidos das doações nem
11. O franciscano Roger Bacon foi condenado, entre 1277 e 1279, sempre bem-intencionadas dos países mais ricos. Uma vez des-
por dirigir ataques aos teólogos, por uma suposta crença na al- cartados ou doados, equipamentos eletrônicos chegam a países
quimia, na astrologia e no método experimental, e também por em desenvolvimento com o rótulo de “mercadorias recondiciona-
introduzir, no ensino, as ideias de Aristóteles. Em 1260, Roger das”, mas acabam deteriorando-se em lixões, liberando chumbo,
Bacon escreveu: cádmio, mercúrio e outros materiais tóxicos.
Disponível em: <g1.globo.com>.

“Pode ser que se fabriquem máquinas graças às quais os maio-


res navios, dirigidos por um único homem, se desloquem mais A discussão dos problemas associados ao e-waste leva à con-
depressa do que se fossem cheios de remadores; que se cons- clusão de que
truam carros que avancem a uma velocidade incrível sem a ajuda
de animais; que se fabriquem máquinas voadoras nas quais um (A) os países que se encontram em processo de industrialização
homem [...] bata o ar com asas como um pássaro. [...] Máquinas necessitam de matérias-primas recicladas oriundas dos países

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que permitam ir ao fundo dos mares e dos rios”. mais ricos.
Apud Fernand Braudel. Civilização material, economia e capitalismo: séculos XV-XVIII. São (B) o objetivo dos países ricos, ao enviarem mercadorias recon-
Paulo: Martins Fontes, 1996. v. 3. dicionadas para os países em desenvolvimento, é o de conquistar
mercados consumidores para seus produtos.
Considerando a dinâmica do processo histórico, pode-se afirmar (C) a avanço rápido do desenvolvimento tecnológico, que torna
que as ideias de Roger Bacon os produtos obsoletos em pouco tempo, é um fator que deve ser
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considerado em políticas ambientais.
(A) inseriam-se plenamente no espírito da Idade Média ao privile- (D) o excesso de mercadorias recondicionadas enviadas para os
giarem a crença em Deus como o principal meio para antecipar as países em desenvolvimento é armazenado em lixões apropriados.
descobertas da humanidade. (E) as mercadorias recondicionadas oriundas de países ricos
(B) estavam em atraso com relação ao seu tempo ao desconsi- melhoram muito o padrão de vida da população dos países em
derarem os instrumentos intelectuais oferecidos pela Igreja para o desenvolvimento.
avanço científico da humanidade.
(C) opunham-se ao desencadeamento da Primeira Revolução In- 14. A situação abordada na tira torna explícita a contradição entre
dustrial, ao rejeitarem a aplicação da matemática e do método
experimental nas invenções industriais.
(D) eram fundamentalmente voltadas para o passado, pois não
apenas seguiam Aristóteles, como também se baseavam na tra-
dição e na teologia.
(E) inseriam-se num movimento que convergiria mais tarde para o
Renascimento, ao contemplarem a possibilidade de o ser humano
controlar a natureza por meio das invenções.

12. Um grupo de estudantes, saindo de uma escola, observou (A) relações pessoais e o avanço tecnológico.
uma pessoa catando latinhas de alumínio jogadas na calçada. Um (B) inteligência empresarial e a ignorância dos cidadãos.
deles considerou curioso que a falta de civilidade de quem deixa (C) inclusão digital e a modernização das empresas.
lixo pelas ruas acabe sendo útil para a subsistência de um desem- (D) economia neoliberal e a reduzida atuação do Estado.
pregado. Outro estudante comentou o significado econômico da (E) revolução informática e a exclusão digital.
sucata recolhida, pois ouvira dizer que a maior parte do alumínio
das latas estaria sendo reciclada. Tentando sintetizar o que estava 15. Pode-se afirmar que a Sociologia contemporânea herdou as
sendo observado, um terceiro estudante fez três anotações, que contribuições de autores considerados clássicos do pensamento
apresentou em aula no dia seguinte: sociológico a partir dos quais desenvolveram-se correntes teóri-
cas distintas. Foram eles:
I. A catação de latinhas é prejudicial à indústria de alumínio;
II. A situação observada nas ruas revela uma condição de duplo (A) Émile Durkheim, Theodor Adorno e Max Weber.
desequilíbrio: do ser humano com a natureza e dos seres huma- (B) Karl Marx, Max Weber e Karl Manheim.
nos entre si; (C) Max Weber, Karl Marx e Émile Durkheim.
III. Atividades humanas resultantes de problemas sociais e am- (D) Émile Durkheim, Max Weber e Herbert Spencer.
bientais podem gerar reflexos (refletir) na economia. (E) Karl Marx, Émile Durkheim e Talcott Parsons.

Dessas afirmações, você tenderia a concordar, apenas, com 16. Considerando-se as grandes mudanças que ocorreram na
história da humanidade, aquelas que aconteceram no século XVIII

18 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Ciências sociais
Capítulo 1: Classes sociais, estratificação e mudança social

SOCIOLOGIA
— e que se estenderam no século XIX — só foram superadas pe- conhecimentos, a Sociologia se preocupa apenas com as visões
las grandes transformações do final do século XX. As mudanças particulares do mundo.
provocadas pela revolução científico-tecnológica, que denomina- (E) um dos papeis centrais desempenhados pela Sociologia é a
mos Revolução Industrial, marcaram profundamente a organiza- desnaturalização das concepções ou explicações dos fenômenos
ção social, alterando-a por completo, criando novas formas de sociais, conservando o rigor original exigido no campo cientifico.
organização e causando modificações culturais duradouras, que
perduram até os dias atuais. 19. No que diz respeito às relações entre sociologia e mudanças
DIAS, Reinaldo. Introdução à sociologia. São Paulo: Persons Prentice Hall, 2004. sociais pode-se dizer que:

Sobre o surgimento da Sociologia e as mudanças ocorridas na (A) A sociologia é uma ciência que visa apreender cada sociedade
modernidade, é correto afirmar: em um dado momento sem poder explicar suas transformações,
que são objeto da História.
(A) A intensificação da economia agrária em larga escala nas me- (B) A sociologia só e capaz de explicar as transformações deriva-
trópoles gerou o êxodo para o campo. das das lutas entre as classes.
(B) O aparecimento das fábricas e o seu desenvolvimento levou (C) Os estudos aos quais a sociologia se dedica fundamentam-se
ao crescimento das cidades rurais. no princípio de que mudanças e transformações só podem ocor-
(C) O aumento do trabalho humano nas fábricas ocasionou a di- rer quando os vários segmentos ou estratos de uma sociedade se
minuição da divisão do trabalho. unem para promover ou viabilizar tais mudanças.
(D) A agricultura familiar desse período foi o objeto de estudo que (D) A questão das mudanças sociais é um tema que se tornou
fez surgir as ciências sociais. objeto de reflexão sociológica a partir do que se convencionou
(E) A antiga forma de ver o mundo não podia mais solucionar os chamar “era pós-industrial” e globalização.
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novos problemas sociais. (E) A sociologia busca captar os fenômenos produzidos pelas
ações de atores sociais que visam defender seus interesses e os
17. “À medida que se foi estendendo a influência da concepção fatos associados às reações e resistências àquelas ações.
de vida puritana – e isto, naturalmente, é muito mais importante
do que o simples fomento da acumulação de capital – ela fa- 20. Leia o texto a seguir, letra da música “Pacato cidadão”, com-
voreceu o desenvolvimento de uma vida econômica racional e posta por Samuel Rosa e Chico Amaral para o álbum Calango,

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burguesa. Era a sua mais importante, e, antes de mais nada, a lançado pelo grupo mineiro Skank, em 1994.
sua única orientação consistente, nisto tendo sido o berço do
moderno “homem econômico”. Pacato Cidadão
(Marx Weber, A Ética protestante e o espírito do capitalismo. 1967:125) Ô pacato cidadão, te chamei a atenção
Não foi à toa, não
De acordo com o texto, Max Weber está apontando para o “de- C’est fini la utopia, mas a guerra todo dia
senvolvimento de uma vida econômica racional e burguesa” e o Dia a dia não
desenvolvimento do capitalismo a partir da influência da: E tracei a vida inteira planos tão incríveis
Tramo à luz do sol
(A) economia e sociedade. Apoiado em poesia e em tecnologia
(B) ética protestante. Agora à luz do sol
(C) liderança carismática. Pra que tanta TV, tanto tempo pra perder
(D) ética liberal. Qualquer coisa que se queira saber querer
(E) teoria da ação social. Tudo bem, dissipação de vez em quando é bão
Misturar o brasileiro com alemão
18. Segundo Zygmunt Bauman, a Sociologia é constituída por um Pacato cidadão
conjunto considerável de conhecimentos acumulados ao longo da Ô pacato da civilização
história. Pode-se dizer que a sua identidade forma-se na distinção Pra que tanta sujeira nas ruas e nos rios
com o chamado senso comum. Considerando que a Sociologia Qualquer coisa que se suje tem que limpar
estabelece diferenças com o senso comum e estabelece uma Se você não gosta dele, diga logo a verdade
fronteira entre o pensamento formal e o senso comum, é correto Sem perder a cabeça, sem perder a amizade
afirmar que Consertar o rádio e o casamento é
Corre a felicidade no asfalto cinzento
(A) a Sociologia se distingue do senso comum por fazer afirma- Se abolir a escravidão do caboclo brasileiro
ções corroboradas por evidências não verificáveis, baseadas em Numa mão educação, na outra dinheiro
ideias não previstas e não testadas. Pacato cidadão
(B) o pensar sociologicamente caracteriza-se pela descrença na Ô pacato da civilização.
ciência e pouca fidedignidade de seus argumentos. O senso co- (MARQUES, Adhemar; BERUTTI, Flávio; FARIA, Ricardo; Brasil: História em construção.
mum, ao contrario, evita explicações imediatas ao conservar o Belo Horizonte. Ed. Lê,1996. v. 4. p. 165.)

rigor científico dos fenômenos sociais.


(C) pensar sociologicamente é não ultrapassar o nível de nossas O texto de Samuel Rosa e Chico Amaral discute algumas relações
preocupações diárias e expressões cotidianas, enquanto o senso relativas à sociedade contemporânea brasileira. É INCORRETO
comum preocupa-se com a historicidade dos fenômenos sociais. afirmar que, no texto, os autores:
(D) o pensamento sociológico se distingue do senso comum na
explicação de alguns eventos e circunstâncias, ou seja, enquan- (A) abordam situações relativas à cidadania e à falta de compro-
to o senso comum se preocupa em analisar e cruzar diversos misso social de muitos cidadãos brasileiros.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 19
Ciências sociais
Capítulo 1: Classes sociais, estratificação e mudança social
SOCIOLOGIA

(B) defendem que somente a educação, aliada ao poder dos (B) As classes existiram apenas como um fenômeno localizado
meios de comunicação de massa, pode fazer com que o cidadão historicamente no tempo, de tal modo que hoje mesmo os par-
brasileiro deixe de ser pacato. tidos de esquerda renunciaram a identificar sua permanência na
(C) chamam a atenção para o descaso dos cidadãos em relação sociedade contemporânea.
às questões ambientais presentes em seu cotidiano. (C) As classes sociais, assim como a estrutura social, são cons-
(D) questionam a acomodação, a alienação e a falta de interesse truções conceituais ideológicas, de modo que não existem empi-
de muitos brasileiros pelas questões políticas de seu tempo. ricamente na vida social.
(E) acreditam que o pacato cidadão, de certa forma, vive escra- (D) As lutas de classes existiram enquanto se mantiveram os par-
vizado no seu dia a dia, por isso precisa se preocupar com a tidos de esquerda tradicionais e, com a morte desses, as lutas de
realidade a sua volta. classe foram substituídas por embates identitários.
(E) As classes deixaram de ser o referencial analítico privilegiado,
21. Em todas as sociedades as mudanças sociais são percebidas; mas conservam sua importância, pois as relações entre capital e
porém, a diferença entre elas se estabelece a partir dos ritmos de trabalho no mundo moderno se mantêm.
mudança. Em sociedades simples é lento, em sociedades indus-
triais ou pós-industriais é muito acelerado. As mudanças ocorrem 23. A tecelagem é numa sala com quatro janelas e 150 operários.
a partir da ação de forças endógenas ou exógenas. Comumente, O salário é por obra. No começo da fábrica, os tecelões ganhavam
as mudanças sociais promovem transformações nas estruturas em média 170$000 réis mensais. Mais tarde não conseguiam ga-
e relações sociais. Nos dias atuais, observamos mudanças que nhar mais do que 90$000 e pelo último rebaixamento, a média era
estão a se processar na família, no trabalho, nos meios de comu- de 75$000! E se a vida fosse barata! Mas as casas que a fábrica
nicação e em outros âmbitos da vida social. Todavia, é importante aluga, com dois quartos e cozinha, são a 20$000 réis por mês; as
salientar que as mudanças na vida material são mais rápidas do outras são de 25$ a 30$000 réis. Quanto aos gêneros de primeira

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que aquelas que tocam os valores morais, a cultura e o modo de necessidade, em regra custam mais do que em São Paulo.
ser das sociedades: a aceitação das relações homoafetivas e o CARONE, E. Movimento operário no Brasil. São Paulo: Difel, 1979.

reconhecimento dos seus direitos é um exemplo disto.


Essas condições de trabalho, próprias de uma sociedade em pro-
É correto assinalar em consideração as mudanças sociais: cesso de industrialização como a brasileira do início do século
XX, indicam a
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(A) As forças endógenas, em meio à globalização, identificam-se
com a difusão cultural. (A) exploração burguesa.
(B) A influência das redes sociais vem aumentando significativa- (B) organização dos sindicatos.
mente nos últimos anos. Em termo de mudanças sociais, porém, (C) ausência de especialização.
sua ação é reduzida e restrita ao plano cultural. (D) industrialização acelerada.
(C) O tipo mais extremo de mudança social é a reforma. (E) alta de preços.
(D) Os golpes de Estado preservam a ordem social, porém que-
bram a ordem institucional. 24. Ao mesmo tempo, graças às amplas possibilidades que
(E) As revoluções não obedecem às regras e normas sociais, tive de observar a classe média, vossa adversária, rapidamente
invertendo os valores, mas ratificam a ordem institucional e reco- conclui que vós tendes razão, inteira razão, em não esperar dela
nhecem sua legitimidade. qualquer ajuda. Seus interesses são diametralmente opostos aos
vossos, mesmo que ela procure incessantemente afirmar o con-
22. Leia a charge a seguir: trário e vos queira persuadir que sente a maior simpatia por vossa
sorte. Mas seus atos desmentem suas palavras.
ENGELS, F. À situação da classe trabalhadora na ingisterra São Paulo Botempo, 2010

No texto, o autor apresenta delineamentos éticos que correspon-


dem ao(s)

(A) conceito de luta de classes.


(B) alicerce da ideia de mais-valia.
(C) fundamentos do método cientifico.
(D) paradigmas do processo indagativo.
(E) domínios do fetichismo da mercadoria.

A charge remete a discussões que têm marcado o pensamento


sociológico e a sociologia contemporânea. Assinale a alternativa
que apresenta, corretamente, o teor desses debates:

(A) O reconhecimento de que as classes sociais deixaram de exis-


tir com a implantação dos modos de produção comunistas na
Europa e, desde então, perderam sua importância histórica.

20 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Biologia
Capítulo 1: Ciclo celular e divisão celular
Capítulo 2: O organismo vivo
Capítulo 3: Reprodução dos seres vivos

Lei nº 9.610/98.
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autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados.
Violação de direito autoral cabe detenção de três meses a um ano, ou multa. Caracterização da
violação: reprodução por qualquer meio, de obra intelectual, no todo ou em parte.
Biologia: ensino médio, 1ª série. Alagoas: Dinamus
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Obra em 1 v.

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Maceió – AL.

Obra editada segundo a Base Nacional Comum Curricular para o Ensino Médio, homo-
logado pela Portaria nº 1.570, publicada no D.O.U. de 2017.
1 Ciclo celular e
divisão celular

A célula viva e a microscopia


As células são estruturas muito pequenas e normalmente invisíveis a olho nu.
Assim, ao contrário de outras ciências biológicas, como a Zoologia e a Botâ-
nica, a Citologia (estudo da célula) apenas se desenvolveu após a invenção
de métodos e instrumentos que permitiram ampliar os limites da percepção
humana. Para entender a organização da célula, é preciso compreender os mé-
todos utilizados para gerar conhecimento sobre as dimensões microscópicas.
A dimensão microscópica da vida sempre foi uma das fronteiras do desconhe-
cido. Ao mesmo tempo que os telescópios mais modernos nos mostram ima-
gens surpreendentes do Universo, os microscópios cada vez mais sofisticados
têm mostrado imagens com detalhes nunca antes vistos, até mesmo do nosso
corpo.
As técnicas de estudo da célula têm avançado muito ultimamente, e conhecê-
-las é fundamental para interpretar imagens como a apresentada ao lado, ob-
tida por meio de microscópio eletrônico para mostrar componentes do sangue.
É preciso entender como essas imagens são produzidas para saber o que é real
e o que é um artifício da técnica utilizada.
Um aspecto a ser considerado são as cores das imagens produzidas. Nessa
fotomicrografia, por exemplo, as cores foram adicionadas artificialmente, por
computador, uma vez que a imagem original só pode ser vista em preto e bran-
co. Já as formas e as proporções são reais e revelam informações importantes
para a compreensão das células (dois glóbulos vermelhos – ou hemácias –, um
glóbulo branco – ou leucócito –, e algumas bactérias do tipo estafilococos) e
de seus componentes.
Os primeiros indícios da microscopia óptica datam do já longínquo ano de 1624,
com o occhialino (leia-se “oquialino”, que significa “pequeno óculo”) de Gali-
leu Galilei, aprimorado na segunda metade do século XVII, por Robert Hooke.
Hoje, um amplo campo de estudos tem sido aberto com o desenvolvimento
de diversas técnicas de manipulação de DNA, permitindo identificar segmentos
específicos desse ácido nucleico e, em seguida, transferir esses segmentos de
um organismo a outro (transgenia) ou mesmo fabricar sequências específicas
de DNA, tudo com o auxílio da microscopia.

Lei nº 9.610/98.
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ção da violação: reprodução por qualquer meio, de obra intelectual, no todo ou em parte.
Sumário
A atividade celular_03
Síntese de proteínas_03
Interfase e mitose_06
Meiose_12
Manipulação de DNA e marcação por radioisótopos_16
Câncer_16
Referências_18

Bio. _Contexto

01. Os microscópios de luz (ou microscópios ópticos) utilizam lentes de vidro, têm limite de resolução
em torno de 200 nanômetros, permitem observar material vivo, e as cores das imagens observadas
normalmente são conferidas por corantes.

A partir da leitura inicial, discorra brevemente sobre a importância da microscopia para a ciência mo-
derna.

02. Observe a imagem a seguir (uma célula do pâncreas) para responder à questão:

Descreva o que pode ser visto no interior da célula. Considerando as outras fotos vistas neste capítulo,
elabore uma hipótese para explicar a que órgão essa célula pertence.
Atividade celular
Capítulo 1: Ciclo celular e divisão celular

Ciclo celular e divisão celular


A atividade celular
Introdução

As células realizam muitas atividades relacionadas ao crescimen-


to, à reprodução e ao aproveitamento de energia. A compreensão
das bases da atividade celular nos permite atuar em vários níveis,
que vão desde entender o que acontece em algumas doenças até
compreender o desenvolvimento de organismos geneticamente mo-
dificados. Questões como “Por que precisamos de vitaminas em nossa
alimentação?” ou “Como surge o câncer de pele?” podem ser respon-
didas com base nos estudos da atividade celular.
A atividade celular dos eucariotos varia entre dois estados típicos.
Em um deles, a fabricação de proteínas é intensa, e o núcleo pode
ser claramente observado. Em seu interior podem ser vistas regiões
que são coradas de maneira diferente, os nucléolos (figura 1).
Algumas células, dependendo de seu metabolismo, têm apenas
um nucléolo evidente em seu núcleo, mas outras têm muitos deles. Figura 1. Fotomicrografia de célula em interfase.
Em dado momento, a atividade no citoplasma diminui e são obser- Microscopia confocal a laser. Os corantes adicionados à preparação destacam o
núcleo (azul-arroxeado) e os nucléolos (lilás), além dos microtúbulos do citoesque-
vadas mudanças no núcleo, e seus nucléolos desaparecem. Surgem leto (amarelo-esverdeado). Núcleo com 10 micrômetros de diâmetro.
estruturas em forma de bastão – os cromossomos condensados – e
Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA, p. 130,
o envoltório nuclear desaparece. Este segundo estado corresponde 2013.
ao período de divisão celular.
Vamos iniciar este capítulo estudando a fabricação de proteínas.

Síntese de proteínas
Muitas dessas substâncias (proteínas), como vimos na unidade anterior, além de apresentarem função
estrutural, têm também propriedades funcionais. As enzimas são proteínas específicas que controlam pra-
ticamente todas as reações metabólicas celulares.
Participam da síntese de proteínas o DNA e três tipos de RNA, que serão apresentados a seguir:

1. o RNA ribossômico (RNAr);

BIOLOGIA
2. o RNA mensageiro; e
3. o RNA transportador.

No nucléolo da célula, o RNA ribossômico (RNAr) é


sintetizado a partir do DNA, sendo composto por dife-
rentes segmentos, que se entrelaçam assumindo uma
conformação tridimensional muito específica. Se cada
segmento tivesse uma cor diferente, o RNAr seria multico-
lorido, como mostra a figura 2.
A geometria molecular do RNAr é muito importante e deter-
mina sua atuação na célula. O fato de o RNAr variar pouco entre
diferentes seres vivos é interpretado como uma prova valiosa da relação
de parentesco entre os diferentes organismos.
Os RNAr unem-se a proteínas e formam os ribossomos, estruturas que
atuam na montagem de novas proteínas no citoplasma. Para tanto, eles pre-
cisam de uma “receita”, ou seja, de uma mensagem que contenha a identi-
dade e a sequência de aminoácidos a serem ligados.
A mensagem para a produção de proteínas está contida no DNA. Nos eu-
cariotos esse ácido nucleico está no interior do núcleo e a maquinaria de
fabricação de proteínas está no citoplasma. Assim, é preciso que um men-
sageiro leve a informação do DNA até o ribossomo.
Isso explica o nome do RNA mensageiro (RNAm),
Figura 2. Modelo molecular de RNA ribossômico (RNAr).
As cores (fantasia) indicam os diferentes segmento. responsável por executar essa função. A transferên-
Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: cia da informação genética do DNA para o RNAm é
ÁTICA, p. 130, 2013.
chamada transcrição e a leitura da mensagem pre-
sente no RNAm recebe o nome de tradução (observe
a figura 3).

Transcrição

Na transcrição, que ocorre no núcleo, o pareamento das bases nitrogenadas é desfeito em um pequeno
trecho do DNA e uma das fitas, a chamada fita-molde, é utilizada para confeccionar uma fita simples de
RNA. Conforme ocorre a separação das cadeias de DNA, ribonucleotídeos livres ligam-se às bases nitro-

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 3


Atividade celular
Capítulo 1: Ciclo celular e divisão celular

genadas da fita-molde, formando a molécula de RNA. Isso é feito com as


Tabela 1. Bases nitrogenadas na transcrição
bases nitrogenadas complementares, que não são idênticas nos dois áci-
DNA RNA dos nucleicos. Veja a tabela ao lado, com as bases nitrogenadas dos dois
Adenina (A) Uracila (U) ácidos nucleicos que se complementam na transcrição.
Timina (T) Adenina (A)
Guanina (G) Citosina (C) núcleo citoplasma
Citosina (C) Guanina (G)

Quando uma proteína vai ser fa-


bricada, uma região do DNA do nú-
cleo da célula (DNA genômico) é
copiada por uma enzima chamada
RNA polimerase. A RNA polimera-
se se desloca pela hélice do DNA e tradução
promove o desenrolamento da for-
ma helicoidal de pequena região da
molécula de ácido desoxirribonu-
cleico.
Na região em que a dupla hélice transcrição
se separa, inicia-se a formação da
fita de RNAm: os nucleotídeos com
ribose (ribonucleotídeos) ligam-se
às bases nitrogenadas da fita-mol- Figura 3. Etapas de transcrição e tradução em eucariotos.
No núcleo, a informação para a confecção de uma proteína passa da fita-molde do DNA para o RNA mensa-
de de DNA, formando uma curta fita geiro (RNAm), caracterizando a transcrição; no citoplasma é feita a tradução, isto é, a leitura da mensagem
dupla híbrida (figura 4). do RNAm, em interação com os ribossomos, onde ocorre a fabricação das proteínas.

Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA, p. 131, 2013.
BIOLOGIA

Figura 4. Esquema que ilustra a formação do RNA pela RNA polimerase no núcleo da célula.
Observe a entrada de ribonucleotídeos livres, a abertura da hélice de DNA e a formação de uma curta hélice híbrida, DNA-RNA.
Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA, p. 131, 2013.

Apenas um dos lados da molécula de DNA é reconhecido pela RNA polimerase, que transcreve a in-
formação da fita-molde formando uma molécula de RNAm. Chamamos de gene esse segmento de DNA
codificador. O gene contém informação e pode ser transcrito em RNAs de diversos tipos e traduzido em
proteínas. O conjunto de informações genéticas forma o genoma da espécie. Essa informação pode ser
a receita para a construção de uma proteína, e, nesse caso, o RNA produzido será uma molécula de fita
simples em toda sua extensão.
Vários tipos de RNA são produzidos no núcleo celular. Como vimos, alguns deles formam os ribossomos
(RNAr) e se deslocam para o citoplasma; outros levam informação para a fabricação de proteínas no cito-
plasma (RNAm). Uma vez pronto, o RNA originado de uma região genômica que codifica proteínas forma
o RNA mensageiro “maduro”, ou simplesmente RNAm. Veremos adiante como o RNAm traduz a mensagem
que carrega.

4 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Atividade celular
Capítulo 1: Ciclo celular e divisão celular

Tradução

O RNA contendo a mensagem com a sequência de aminoácidos a serem unidos


se desloca até o citoplasma, onde irá interagir com os ribossomos. Como você já
viu, as proteínas são formadas a partir de cadeias lineares de aminoácidos. Sinte-
tizar uma proteína, portanto, significa, pelo menos como tarefa inicial, ligar certos
aminoácidos em uma sequência específica.
Quando o RNAm tem uma sequência de bases nitrogenadas citosina (C-C-C),
essa trinca determina que seja acrescentado o aminoácido prolina (PRO) à prote-
ína em formação. Caso ela seja sucedida por outra trinca, com três moléculas de
uracila (U-U-U), será acrescentado na sequência o aminoácido fenilalanina (PHE).
Uma terceira trinca apenas com moléculas de adenina (A-A-A) determinará a co-
locação, em terceiro lugar, do aminoácido lisina (LIS) (figura 5). Assim funciona o
código das bases nitrogenadas, o chamado código genético.
Chamamos de códon a trinca de bases nitrogenadas do RNAm com algum sig-
nificado na tradução. Nem todos os códons têm aminoácidos correspondentes. Al-
guns deles podem significar o encerramento da tradução, por exemplo, as trincas
U-A-A e U-A-G, os chamados códons de terminação. Por outro lado, o códon A-U-
-G tanto pode significar o início da tradução como, se estiver no meio da mensa-
Figura 5. Passagem da informação genética de um
gem, representar o acréscimo do aminoácido metionina. A cada trinca de bases segmento de DNA até a formação de uma proteína.
do RNAm, portanto, corresponde um aminoácido específico ou, então, uma sina- Note a correspondência entre as bases nitrogenadas do DNA e
do RNA e entre a trinca de bases nitrogenadas do RNAm e os
lização de início ou final da informação genética na molécula de RNAm (figura 6).
aminoácidos por elas determinados.

Observe que um mesmo Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São
Paulo: ÁTICA, p. 132, 2013.
aminoácido é codificado
por mais de uma trinca.
Por exemplo, localize o aminoácido fenilala-
nina, na parte superior da tabela circular e veja
que há duas letras (U, C) a designar a tercei-
ra base da trinca. Isso quer dizer que tanto
a trinca UUU quanto a trinca UUC designam
esse aminoácido. Outros aminoácidos, como
a serina, são codificados por até seis diferen-
tes trincas de bases nitrogenadas.
Por essa razão, dizemos que o código
genético é degenerado. No entanto, ele não

BIOLOGIA
possui ambiguidades, ou seja, uma trinca
específica codifica apenas um aminoácido.
Além disso, esse mesmo código tem sido en-
contrado em praticamente todos os organis-
mos estudados, o que indica que ele é universal.
Os ribossomos fabricados no nucléolo atuam na
síntese de proteínas, interpretando a mensagem do
RNAm.
Observe na figura 7 um desenho artístico
Figura 6. Correspondência entre as trincas de bases nitrogenadas
do RNA e os aminoácidos. de um ribossomo em ação. A atuação do ri-
O código genético é a correspondência entre as trincas de bases nitrogenadas bossomo na síntese de proteínas pode ser
do RNA e os aminoácidos. Esse código é altamente conservado, ou seja, quase
todos os organismos sintetizam proteínas a partir dele. Veja como a citosina
entendida de maneira simplificada a partir do
na primeira, na segunda e na terceira posições (CCC) significa o aminoácido fato de que ele não reconhece diretamente os
prolina. Da mesma forma, UUU significa fenilalanina e AAA significa lisina. aminoácidos. Uma parte do RNA produzido
Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA, p.
no núcleo é composta de segmentos relativa-
132, 2013. mente curtos, com 80 nucleotídeos.

As moléculas desse RNA ligam-se especifi- Figura 7. Ribossomo em atividade.


camente a determinados aminoácidos, em um Representação artística de um ribosso-
mo (porção globular) produzindo uma
dos lados, e do outro lado mantêm exposta uma proteína (fita amarelada com aspecto de
trinca de bases nitrogenadas, denominada an- colar de contas) a partir da leitura com
RNAm (fita roxa).
ticódon. São os RNA transportadores (RNAt).
Eles são especiais porque possuem, entre ou- Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da
tras características distintivas, algumas bases Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA,
p. 132, 2013.
nitrogenadas modificadas e pareamentos em
certas regiões de sua fita simples.
Veja no esquema a seguir um RNAt carre-
gando o aminoácido fenilalanina e uma repre-
sentação mais detalhada do mesmo RNAt. À
medida que o ribossomo se desloca pelo RNAm,
os RNAt ligados a aminoácidos são recrutados
e ocorre o reconhecimento entre códon e an-
ticódon. A síntese de uma proteína ocorre pela

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 5


Atividade celular
Capítulo 1: Ciclo celular e divisão celular

sequência de acoplamento do RNAt no ribossomo e pela ligação dos aminoácidos incorporados à proteína,
promovida pelo ribossomo.

Figura 8. Esquema de RNA transportador de fenilalanina.


À esquerda, representação do RNA transportador, que possui um anticódon em uma das
alças, em azul, e está ligado a um aminoácido (neste caso, a fenilalanina), mostrado
em verde; acima, representação simplificada do RNAt ligado ao aminoácido fenilalanina
e aproximando seu anticódon do códon do RNAm. Observe as três bases de uracila no
códon.

Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA, p. 132, 2013.

O anticódon do RNAt que carrega o aminoácido emparelha com o códon da extremidade da molécula
do RNAm, dando início à tradução da proteína. A molécula de RNAm é lida até o aparecimento de um có-
don de terminação.
A proteína é então finalizada deixando o ribossomo disponível para o acoplamento de outro RNAt. Vá-
rios ribossomos podem percorrer a mesma molécula de RNAm, formando um polissomo. Uma bactéria
pode ter cerca de 20 mil ribossomos, ao passo que uma célula muito ativa de mamífero chega a conter 10
milhões de ribossomos.

Fixando conceitos

01. Quais são os tipos de RNA envolvidos na síntese de proteínas das células?
BIOLOGIA

02. Diferencie transcrição de tradução.


03. O que é genoma?

Interfase e mitose
Vimos que o DNA e o RNA estão envolvidos na síntese de proteínas, no interior das células. Durante a
divisão celular, a síntese proteica é interrompida. Então, uma célula típica de mamífero, por exemplo, tem
períodos de intensa atividade, nos quais produz moléculas de RNA que atuam na síntese proteica, duplica
seu DNA do núcleo, ao lado de outros elementos do citoplasma. As mitocôndrias dos eucariotos e os clo-
roplastos das células fotossintetizantes possuem DNA próprio e se autoduplicam de maneira autônoma.
No entanto, essa atividade diminui e até cessa em certos momentos, quando então tem início o tempo de
divisão celular, que resulta na formação de duas células-filhas idênticas. Esse tipo de divisão celular rece-
be o nome de mitose.

O período em que a célula se encontra em intensa


atividade é chamado interfase. A mitose interrompe o
período de interfase, e a sucessão dessas duas fases
compõe o ciclo celular (figura 10). Em células de ciclo
de 24 horas, a mitose dura cerca de uma hora, e no res-
tante do tempo as células permanecem em interfase.
A interfase tem um período de duplicação do DNA
do núcleo e dois intervalos, conhecidos como G1 e G2
(do inglês gap, que quer dizer “intervalo”). Em células
embrionárias o ciclo é muito rápido, não há intervalos
G1 e G2, e as células praticamente alternam períodos de
duplicação do DNA e de mitose.
Para que as duas células-filhas sejam idênticas à cé-
lula-mãe, é preciso que haja duplicação do material ce-
Figura 9. Célula de câncer de mama em processo de divisão. lular antes da divisão. Isso é particularmente necessário
Micrografia eletrônica de varredura, imagem colorizada por computador. O diâmetro apro-
ximado da célula é de 10 micrômetros. em relação ao material genético, localizado no interior
do núcleo. Assim, a duplicação do material genético é
Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA, p. 135, 2013.

6 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Atividade celular
Capítulo 1: Ciclo celular e divisão celular

uma etapa muito importante do ciclo celular e ganha o nome de fase S (de síntese). Estima-se que sejam
consumidas aproximadamente 12 horas no processo de duplicação do DNA humano.
O controle do ciclo celular tem sido bastante estudado, justamente porque o conhecimento sobre esse
tema pode ter aplicações clínicas. Muitas células se reproduzem descontroladamente, formando tumores
(figura 9); já outras apresentam dificuldade para se reproduzir, prejudicando o reparo ou a recuperação de
lesões. Assim, impedir ou estimular mitoses são procedimentos que estão na base de pesquisas médicas
com objetivos como, por exemplo, a cura do câncer e o tratamento de pacientes com lesões no sistema
nervoso.
O sistema de controle do ciclo celular, assim como o código genético, é altamente conservado nos
eucariotos. Isso significa que o controle de diversos processos celulares é muito similar em diferentes or-
ganismos. Tanto a indução da reprodução celular e a ativação da síntese de proteínas quanto o bloqueio
dessas atividades, e até o suicídio celular (apoptose), são controlados por um mesmo sistema.
Fase G0 (não há
divisão celular)

Fase G1
Duplicação do DNA
Fase S e síntese da proteína

Célula M
se
Fa
Fase G2

fase
Teló
e
as
áf
ase

An
Prófase
táf
Me

Aumento da
massa celular

Mitose
(divisão celular)

BIOLOGIA
Figura 10. Fases do ciclo celular.
A síntese do DNA na interfase ocorre somente num período estrito da mesma, que chamamos de S ou sintético. Este momento é precedido e seguido por dois
intervalos (GAPS), ou período de interfase (G1 e G2) em que não ocorre síntese de DNA. Esta observação levou alguns cientistas a dividir o ciclo celular em
quatro intervalos sucessivos:

• G1: período que transcorre entre o final da mitose e o início da síntese de DNA.
• S: período de síntese de DNA.
• G2: intervalo entre o final da síntese do DNA e o início da mitose. Durante o período G2, a célula possui o dobro (4C) da quantidade de DNA presente na célula
diploide original (2C).
• Mitose: divisão celular propriamente dita; depois da mitose as células filhas entram novamente no período G1 e possuem o conteúdo de DNA equivalente a
2C.

Em média, a fase G1 (antes da síntese de DNA) dura de 9 a 11 horas (síntese de RNA; crescimento da célula). A fase S (durante a síntese de DNA) dura de 8 a 10
horas (duplicação dos cromossomos). A fase G2 (depois da síntese de DNA) dura de 4 a 5 horas (pouca síntese de DNA e proteínas). A mitose dura, em média,
de 30 minutos a 1 hora.

Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.

A fase S (síntese) do ciclo celular

Na fase S ocorre a duplicação do material nuclear da célula. Uma


célula eucariótica típica tem dois genomas, ou seja, dois conjuntos in-
teiros de informação genética do organismo. Um dos genomas provém
do pai, e o outro, da mãe.
Por isso, a célula é dita diploide, ou seja, sua ploidia é 2n. Veja a
figura 11: se o conteúdo de DNA da célula for 2C (a unidade C é arbi-
trária), ao final da fase S ele será 4C, e assim as duas células-filhas
receberão, cada qual, exatamente a mesma quantidade de DNA contida
originalmente na célula-mãe. Além da mesma quantidade, elas rece-
berão a mesma qualidade de DNA da célula-mãe, ou seja, o conteúdo
de DNA, na mitose, é repartido igualmente entre as células-filhas. Elas
serão, portanto, diploides, tal qual a célula-mãe. Figura 11. Ciclo celular típico de uma célula diploide (2n).
Seu conteúdo de DNA é 2C e, ao final da fase S, será 4C, mas a célula
Para a replicação do DNA, a molécula deve estar em sua fase de
continuará a ser diploide. No final da mitose (anáfase), ocorre a dis-
descondensação máxima. Em outras palavras, o DNA deve estar disten- tribuição equitativa do conteúdo de DNA para as células-filhas.
dido, permitindo que enzimas afastem as duas hélices e, como vimos,
Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo:
dupliquem a molécula. Além de duplicação do DNA, ocorre na interfase ÁTICA, p. 136, 2013.
a contínua produção de todos os constituintes celulares. Mitocôndrias

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 7


Atividade celular
Capítulo 1: Ciclo celular e divisão celular

e cloroplastos se duplicam autonomamente, pois possuem DNA próprio. Também há intensa atividade de
transcrição e tradução na interfase.
Nessa fase é possível que ocorram, espontaneamente, erros de duplicação do material genético. Esses
erros podem ser significativos para o futuro da linhagem celular, pois a alteração de uma única base nitro-
genada pode implicar a perda irremediável da informação no trecho de DNA afetado.
Existem diversas bases nitrogenadas, além das quatro que formam o DNA, e é possível que algumas
delas sejam incorporadas a uma das fitas em formação (xantina e hipoxantina, por exemplo são bases
nitrogenadas e eventualmente podem se “intrometer” no DNA).

Essas alterações são detectadas por enzimas de reparo que monitoram cons-
tantemente as moléculas de DNA do núcleo e promovem a substituição da base
nitrogenada errada pela base correta. Isso é possível, pois a base complementar
do pareamento guarda a informação da base do pareamento original. Por exem-
plo, em certo ponto da molécula de DNA pode haver um par citosina-hipoxan-
tina, par não usual. A enzima de reparo tem o poder de inserir um grupo amina
(NH2) na hipoxantina, que se converte, assim, em guanina. A presença de citosina
em um dos lados do pareamento garante que se restabeleça o pareamento ori-
ginal. Esse mecanismo de reparo é bastante eficiente.
Uma fita única, em caso de algum dano, teria a informação original irreme-
diavelmente perdida. Além disso, a geometria da hélice dupla torna evidentes
os erros de duplicação da molécula. Observe a figura 12 e veja como uma base
nitrogenada “intrometida” (no caso, a xantina) mudou a forma da dupla hélice,
evidenciando o erro.
As lesões de pareamento de nucleotídeos que causam distorções na geome-
tria da molécula de DNA são rapidamente reparadas por enzimas que removem
a parte da cadeia anormal, gerando uma lacuna por alguns momentos. Essa la-
cuna é reconhecida por enzimas que atuam preenchendo-a com o pareamento
normal, restabelecendo a sequência original do trecho da molécula. Esse sis-
tema de reparo de DNA é extremamente comum nos seres vivos, em arqueas,
bactérias e eucariotos. Essas distorções da geometria molecular são facilmente
induzidas por raios ultravioleta da luz solar, e, no caso humano, podem induzir
Figura 12. Trecho de molécula de DNA com um a formação de tumores de pele, se ocorrerem falhas nesse sistema de reparo.
erro de duplicação. É assim interessante perceber como o DNA constitui uma molécula apropriada
Representação artificial. Apresenta uma base nitrogenada
anormal (no destaque).
tanto para armazenar informação como para preservá-la quando ela é copiada,
e restaurá-la, quando ocorrem problemas. A configuração em dupla fita facilita
Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, o processo de reparo, pois mantém a memória dos pareamentos.
BIOLOGIA

São Paulo: ÁTICA, p. 136, 2013.

Células com grandes danos no DNA emitem sinais capazes de paralisar o ciclo celular. Caso as enzi-
mas de reparo não consigam deter a emissão desses sinais, a célula pode ter seu ciclo celular paralisado
permanentemente, entrando no chamado G0, ou sua morte pode ser induzida, no chamado processo de
apoptose.
O DNA duplicado da célula que se prepara para a divisão começa a se condensar e forma cromossomos
duplicados, ou seja, com duas cromátides-irmãs. Em certo momento da mitose, os cromossomos atingem
estado de condensação máxima, e ficam bem visíveis, como mostram as imagens da figura 13. Nessa forma,
condensados, os cromossomos estão inativos e não produzem RNA.
Os cromossomos duplicados serão separados e divididos equitativamente pelas células-filhas, que re-
ceberão uma cromátide de cada um deles, sendo assim idênticas à célula-mãe em termos de quantidade
e qualidade do DNA. As células-filhas herdam os mesmos cromossomos da célula da qual se originaram.

_Os cromossomos

Em 1888, o anatomista alemão Heinrich Wilhelm mossômico é reduzido pela metade e recebe o nome
Gottfried von Waldeyer-Hartz (1836-1921) denominou de haploide, que juntos formam a “célula zigoto”. Os
alguns componentes nucleares das células com o nome cromossomos sempre existem em pares. Aqueles em
de cromossomos. Eles só podem ser vistos claramente um par idêntico são chamados de homólogos ou au-
durante a divisão celular. Cada cromossomo é formado tossomas. Aqueles em que os elementos do par são di-
por dois filamentos (semelhantes a dois fios), enrolados ferentes, chamamos de cromossomos heterólogos ou
como espiral, chamados de cromatídios, que variam em gonossomas.
sua extensão. Localizada no centro do cromossomo, te- Os cromossomos são formados basicamente por
mos uma pequena esfera, de cor clara, chamada cen- proteínas e ácidos nucleicos. O ácido nucleico encon-
trômero, que divide-se em dois “braços” ou telômeros. trado nos cromossomos é o DNA. Cada gene possui um
O número de cromossomos é variável, dependendo código específico, uma espécie de “instrução” química
da espécie, mas é constante em todos os indivíduos da que pode controlar determinada característica do in-
mesma espécie. No entanto, todas as células de um ser divíduo.
vivo apresentam o mesmo número de cromossomos, Os cromossomos tornam-se visíveis somente quan-
que é chamado número diploide, exceto as células se- do o DNA está altamente condensado no momento de
xuais (espermatozoides e óvulo), em que o número cro- metáfase da mitose ou da meiose, e não são visíveis em

8 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Atividade celular
Capítulo 1: Ciclo celular e divisão celular

_Os cromossomos

núcleos interfásicos, pois não estão em divisão. Como nominadas histonas – e com um grupo heterogêneo de
na maioria dos tecidos, a atividade mitótica é insufi- proteínas ácidas (não-histonas), que estão bem menos
ciente para se analisar boas preparações cromossômi- caracterizadas. Existem cinco tipos principais de histo-
cas. Para a obtenção do cariótipo (conjunto de cromos- nas (H1 , H2A, H2B, H3 , H4) que desempenham um papel
somas dentro de um núcleo de uma célula), geralmente crucial no acondicionamento apropriado da fibra de
se realizam culturas in vitro que estimulam as células a cromatina.
realizar mitose. Para isso, utilizam-se células capazes Durante o ciclo celular, os cromossomos passam
de terem rápido crescimento e divisão, quando cultiva- por estágios ordenados de condensação e desconden-
das. As células mais acessíveis são os linfócitos, células sação. Quando condensado ao máximo, o DNA dos cro-
somáticas mais fáceis de serem encontradas do sangue mossomos mede cerca de 1/10.000 do seu comprimento
humano. natural. Quando as células completam a mitose ou a
meiose, os cromossomos se descondensam e retornam
ao seu estado relaxado (de cromatina no núcleo em in-
terfase), prontos para recomeçar o ciclo.
Os cromossomos dos eucariontes são formados por
DNA e proteínas. Estudos experimentais comprovaram
que os genes estão ao longo da molécula de DNA; por-
tanto, é ela que comanda e coordena todo o funcio-
namento celular e é a responsável pelas características
hereditárias. Esses estudos também demonstraram que
cada gene é transcrito em moléculas de RNA, sendo
ele de vários tipos, mas todos produtos da transcrição
gênica. O RNAm leva a mensagem do gene para o ci-
toplasma, onde ela é traduzida em moléculas de po-
lipeptídeos.
Figura 13. Esquema de cromossomo com duas cromátides-irmãs. Os 46 cromossomos das células somáticas humanas
Na foto (à direita), o cromossomo foi submetido a tratamento que remove algu-
mas proteínas responsáveis por sua integridade. A ilustração (à esquerda) traz
constituem 23 pares. Destes, 22 pares são semelhantes
uma representação esquemática do mesmo cromossomo com a identificação das em ambos os sexos e denominados autossomos. O par
partes de uma cromátide. restante compreende os cromossomos sexuais, que nos
Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA, p. 137, homens são XY e nas mulheres XX. Os membros de um
2013. par, (os cromossomos homólogos), possuem informa-
ções genéticas equivalentes, isto é, contém os mesmos
Todos nós já fomos constituídos por uma única cé- lócus gênicos na mesma sequência, mas em qualquer

BIOLOGIA
lula, o zigoto, resultante da fusão de um óvulo com um lócus específico eles podem ter formas idênticas ou um
espermatozoide. O zigoto divide-se e origina duas cé- pouco diferentes, as quais são denominadas de alelos.
lulas; estas dividem-se e formam quatro, e assim por Um membro de cada par é herdado do pai e o outro da
diante, até surgir a infinitude de células de uma pessoa mãe.
adulta. Portanto, todas as nossas células descendem do A distinção entre autossomos e cromossomos sexu-
zigoto. O núcleo do óvulo humano contém 23 cromos- ais não é universal, mas vale para as espécies nas quais
somos, e o núcleo do espermatozoide, outros 23, cor- a determinação do sexo (macho ou fêmea) está rela-
respondentes aos do óvulo. O zigoto contém, portanto, cionada à presença de cromossomos diferentes entre si.
23 pares de cromossomos. Os membros de cada par, um Nesses casos, tanto o macho quanto a fêmea podem ser
proveniente da mãe e outro do pai, são chamados cro- o sexo heterogamético – aquele que produz gametas
mossomos homólogos. com cariótipos diferentes. Em alguns grupos, como o
Os cromossomos de um mesmo par de homólogos dos mamíferos, o macho é o sexo heterogamético; em
(morfologicamente semelhantes), apresentam mesmo outros, como o das aves, o sexo heterogamético é a fê-
tamanho e forma. Quanto aos genes, os cromossomos, mea. No caso da espécie humana, teríamos:
embora bastante semelhantes, não são exatamente
iguais. Se em determinado ponto de um cromossomo • Cariótipo do homem: 46 = 44 A + XY – produz dois
existir um gene para uma dada proteína, em seu ho- tipos de gametas, 22 A + X e 22 A + Y;
mólogo, no local correspondente, haverá um gene para
essa mesma proteína ou para uma proteína muito pa- • Cariótipo na mulher: 46 = 44 A + XX – produz um
recida. único tipo de gameta, 22 A + X.
O local do cromossomo ocupado por um gene é de-
nominado lócus gênico. Cromossomos homólogos apre- As deficiências cromossômicas geram doenças que
sentam, no mesmo lócus gênico, genes para a mesma são consequências de alterações cromossômicas do
proteína ou para proteínas muito parecidas. As células tipo numéricas (quando há mais ou menos cromosso-
que possuem pares de cromossomos homólogos, como mos que o normal) ou do tipo estrutural (quando o cro-
as que formam o corpo de uma pessoa, chamam-se di- mossomo é mal formado). Essas deficiências ocorrem
ploides, e são representadas pela sigla 2n. Células que em virtude de meioses atípicas durante o processo anô-
têm apenas um lote de cromossomos, como óvulos e malo da gametogênese, isto é, a produção de gametas
espermatozoides, denominam-se haploides e são indi- (espermatozoide e óvulo), com quantidade genômica
cadas pela sigla n. haploide alterada. Especificamente durante a separação
A molécula de DNA do cromossomo existe como um dos cromossomos homólogos (anáfase I), ou também
complexo com uma família de proteínas básicas – de- relacionada à segregação das cromátides irmãs (aná-

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 9


Atividade celular
Capítulo 1: Ciclo celular e divisão celular

_Os cromossomos

fase II), sem que haja disjunção dos cromossomos se- • Deleção – resulta do desequilíbrio cromossômico
xuais XX ou XY. por perda de segmentos (genes), normalmente em
As alterações de ordem numérica são classificadas razão da quebra de algum filamento do DNA ou por
em dois grandes grupos: crosing-over desigual em homólogos desalinhados;

• Euploidias – alterações que se referem ao conteúdo • Translocação – ocorre quando dois cromossomos
genômico total do indivíduo –, ou seja, todos os seus sofrem quebras e o seguimento de cada um é trans-
cromossomos são duplicados (diploidia – condição ferido (soldado) para a estrutura do outro cromos-
normal) ou todos são triplicados (triploidia), e assim somo;
sucessivamente;
• Inversão – é a ocorrência de duas quebras em um
• Aneuploidias – aumento ou diminuição de um ou cromossomo unifilamentoso durante a interfase,
mais pares de cromossomos, mas não de todos, seguida de eventual inclusão em posição invertida
como por exemplo, a Trissomia (três cromossomos no fragmento restante do cromossomo. A inversão
homólogos, sendo o normal apenas dois) ou a Mo- é dita paracêntrica se as quebras ocorrem em um
nossomia (quando ocorre apenas um cromossomo, mesmo braço cromossômico, e é denominada peri-
não acompanhado de seu homólogo). cêntrica se o fragmento cromossômico invertido in-
cluir o centrômero.
As alterações de ordem estrutural podem ocorrer
Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.
por:

A fase M (mitose) do ciclo celular

A célula que entra em mitose praticamente duplica seu volume,


de maneira que as células-filhas serão muito semelhantes à célula
original. A mitose pode ser dividida em seis fases (figura 14), que
podem ser visualizadas ao microscópio de luz.
Em nosso organismo, a mitose é um processo que ocorre con-
tinuamente em muitos tecidos. Por exemplo, nossa epiderme (a
camada mais superficial da pele) é quase que totalmente reno-
BIOLOGIA

vada a cada 25 dias. As células vivas da camada mais interna da


pele, chamada estrato de células basais, estão constantemente
se dividindo.
O centrossomo é o centro organizador dos microtúbulos, na
região denominada áster (figura 15), que será importante para
toda a movimentação de estruturas ao longo da mitose. Sem essa
movimentação dos cromossomos a mitose não ocorre e pode ser
paralisada. É no início da interfase que a sinalização para a defla-
gração da mitose tem efeito e pouco antes do início da fase S começa
a replicação dos centríolos.

Figura 14. Esquema de cromossomo com duas cromátides-irmãs.


Na foto (à direita), o cromossomo foi submetido a tratamento que remove algumas
proteínas responsáveis por sua integridade. A ilustração (à esquerda) traz uma repre-
sentação esquemática do mesmo cromossomo com a identificação das partes de uma
cromátide.

Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA, p. 137, 2013.

Os microtúbulos formarão um conjunto de fibras de-


nominadas fuso, que se ligarão aos cromossomos e entre
si, atravessando toda a célula. A disposição espacial das
estruturas celulares durante a mitose depende das fibras Figura 15. Centrossomo no início da interfase.
Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA, p. 137, 2013.
do fuso.
O conjunto de eventos que ocorre na mitose pode ser esquematicamente descrito como no esquema da
página a seguir, correspondente às etapas desse tipo de divisão celular em uma célula hipotética, diploide,
com dois pares de cromossomos (2n = 4), representados por cores diferentes (vermelho e azul), conforme
a origem (paterna ou materna).
Nas figuras, ao lado de cada esquema, há uma fotografia de uma célula real (de mamífero, com aumen-
to de cerca de 2 mil vezes) na mesma etapa da divisão, mas com maior número de cromossomos.

10 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Atividade celular
Capítulo 1: Ciclo celular e divisão celular

1 2

3 4

Anáfase Telófase e citocinese


reestrutu-
ração do
envoltório
5 nuclear
6

reorgani-
zação do
anel contrátil núcleo
Figura 16. Esquema demonstrativo da mitose.
Em 1, vemos, antes de iniciar a mitose, o envelope nuclear e o nucléolo. A cromatina já se encontra inteiramente duplicada; na prófase (2), com os centrossomos já duplicados, ocorre o iní-

BIOLOGIA
cio da condensação da cromatina. Ao final desta fase, o nucléolo desaparece; na prometafase (3), o envoltório nuclear se desfaz e os centrossomos migram para os polos da célula; as fibras
do fuso se organizam ao longo da célula; na metáfase (4), os cromossomos se posicionam no plano equatorial da célula, equidistantes dos polos, com as cromátides-irmãs ainda unidas
pelo centrômero; na anáfase (5), as cromátides-irmãs se separam e passam a ser cromossomos-irmãos. Eles vão em direção a cada um dos polos da célula, puxados pelas fibras do fuso
conforme elas encurtam-se; finalmente, o envelope nuclear se reorganiza e ocorre a divisão das células-filhas (6), encerrando a mitose.

Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA, p. 140, 2013.

Observe nas figuras como as células-filhas têm a mesma quantidade total


de DNA que tinha a célula antes de iniciar o processo de mitose, na fase G1. Citocinese
Enquanto a mitose é a divisão do núcleo
A união das fibras do fuso ao centrômero dos cromossomos tem importân- (cariocinese), a citocinese corresponde à
cia crucial para a mitose. Na mitose, não ocorre apenas a duplicação das divisão do citoplasma. O citoplasma se
cromátides, mas também dos centrômeros. Assim, cada cromátide tem seu estreita de fora para dentro até a célula
centrômero, o que possibilita a ligação de cada uma delas às fibras do fuso. se dividir em duas, que agora voltarão ao
Isso garante que elas sejam separadas umas das outras e puxadas para polos período G1 da interfase. Durante a citoci-
nese de uma célula animal, o citoplasma
opostos da célula. é dividido em dois pelo anel contrátil de
Caso ocorra algum problema na ligação da fibra do fuso com o centrôme- filamentos de actina e miosina, os quais
ro de uma cromátide, essa ausência de associação resultará na divisão desi- formam um sulco na célula para dar
gual dos cromossomos entre as células-filhas, originando uma célula 2n – 1. origem a duas células-filhas, cada uma
com um núcleo. As células de organismos
Essa é a chamada aneuploidia, um estado celular anormal. multicelulares, de maneira geral, só se
Certas células animais se dividem por mitose sem que haja citocinese, multiplicam na presença de estímulos
separação física dos citoplasmas, embora os envelopes nucleares tenham se externos provenientes de outras células
restabelecido. Com isso, são formadas células com mais de um núcleo, como (uma multiplicação desenfreada pode
no caso dos hepatócitos. Nesse caso, trata-se de um estado normal das cé- ser desastrosa para um ser multicelular).
Na ausência de tais sinais, o ciclo celular
lulas. fica parado no ponto de checagem de G1 e
entra em G0. Algumas células podem per-
Mitose em células vegetais manecer em G0 por dias, semanas, anos –
ou até mesmo por toda a vida. As células
musculares estriadas e os neurônios, por
Na mitose das células de plantas, como os pinheiros e as plantas que pro- exemplo, praticamente nunca se dividem.
duzem flores, existem alguns aspectos diferentes com relação à mitose das Células do fígado se dividem uma ou duas
células animais. Nas células dessas plantas: vezes ao ano. Já outras células como as
do epitélio intestinal, se dividem mais de
duas vezes por dia.
• não há centríolos (mitose acêntrica);
• não há formação de fibras do áster (mitose anastral);
• a citocinese é centrífuga (de dentro para fora).

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 11


Atividade celular
Capítulo 1: Ciclo celular e divisão celular

Nas células dessas plantas, a citocinese centrípeta não é possível, em função da grande resistsência da
parede celular. A citocinese é, então, centrífuga: forma-se uma lamela que cresce do centro para a região
periférica, separando cada célula em duas.

Figura 17. Mitose em célula vegetal.


Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.

Fixando conceitos

01. Defina as atividades celulares denominadas interfase e mitose, respectivamente.


02. Quais são as fases do ciclo celular mitótico?
03. Destaque os eventos que ocorrem em cada fase do ciclo mitótico.

Pratique

01. Uma célula somática, em início de interfase, com 18 pares de cromossomos, com cada cromossomos
quantidade de DNA nuclear igual a X, foi colocada contendo um centrômero. O conhecimento do ca-
em cultura para multiplicar-se. Considere que todas riótipo é um passo inicial para decifrar o genoma
as células resultantes se duplicaram sincronica- do animal.
mente e que não houve morte celular.
Pergunta-se:
(A) Indique a quantidade total de DNA nuclear ao final
da 1ª, da 2ª e da 3ª divisões mitóticas. (A) Quantos cromossomos são encontrados no esper-
BIOLOGIA

matozoide desse animal? Justifique sua resposta.


(B) Indique a quantidade de DNA por célula na fase ini-
cial de cada mitose. (B) Quais as duas principais categorias de substâncias
químicas que formam cada cromossomo deste animal?
02. Um animal comum na caatinga nordestina é o lagar-
to Tropidurus hispidus, comumente conhecido como (C) Qual é número de cromátides em uma célula, da
calango. Seu cariótipo, determinado por geneticis- pele deste animal, que se encontre em metáfase mitó-
tas do Departamento de Biologia da UFC, evidencia tica?

Meiose
Nem todos os seres vivos se reproduzem de forma sexuada. Na verdade, a reprodução sexuada é mais
custosa e, muitas vezes, até arriscada – e mesmo assim, várias espécies a utilizam como forma de repro-
dução. Por hora, contudo, consideremos apenas que essa forma de reprodução permite que haja uma nova
combinação de alelos, formando indivíduos únicos. Parte dos genes que nós carregamos veio de nosso
pai; e outra parte, de nossa mãe. Dada a imensa variedade de alelos existentes na espécie humana (válido
também para outras espécies), é praticamente impossível que mais alguém no planeta – a menos que se
trate de um irmão gêmeo univitelino – carregue o mesmo pool de genes que nós.
Perceba que nem o macho e nem a fêmea podem mandar todos os seus genes para o filho. Se fosse
assim, a cada geração dobraria o número de cromossomos dos indivíduos de uma espécie – e como nós
sabemos – isto é impossível. Por isso, o mecanismo de produção de gametas (as células especializadas
para a reprodução sexuada), tem que ser diferente da mitose. Enquanto que a mitose produz células-filhas
com o mesmo número de cromossomos da célula-mãe, a meiose (tipo de divisão celular que produz ga-
metas nos animais) tem que produzir células com a metade dos cromossomos. O número de cromossomos
da espécie é restaurado com a união do gameta masculino com o gameta feminino.

Interfase

Como já foi dito, a meiose produz células com a metade do número de cromossomos da célula-mãe.
Mas tem um detalhe. Na meiose, assim como na mitose, durante a interfase, ocorre a duplicação do ma-
terial genético. Logo, se o DNA foi duplicado, para reduzir o número de cromossomos à metade nas célu-

12 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Atividade celular
Capítulo 1: Ciclo celular e divisão celular

las-filhas, é preciso que haja duas divisões celulares. Por isso a meiose produz quatro células filhas, todas
haploides. A sequência de eventos que levam à primeira divisão da meiose é chamada de meiose I ou
reducional. A segunda sequência é dita meiose II ou equacional.

Meiose I ou reducional

A meiose I é também chamada de reducional porque ao final dela são produzidas duas células com a
metade do número de cromossomos da célula-mãe. Ou seja, já no final da meiose I, as células serão ha-
ploides. Acompanhe a seguir as etapas da meiose I.

• Prófase I: por ser uma fase muito longa e com muitos detalhes, a prófase I está dividida em 5 subfases.
Vamos a elas.

Leptóteno Zigóteno Paquíteno Diploteno Diacinese

Nucléolo

Figura 18. Subfases da prófase I.


A prófase I é caracterizada pelo fenômeno do pareamento dos cromossomos homólogos. Nesta fase pode ocorrer o fenômeno de permutação (ou crossing-over), que é uma importante fonte
de variabilidade genética nas populações com a formação de gametas recombinantes. Crossing-over é a troca de genes que comumente ocorre entre cromátides não-irmãs de dois cromosso-
mos homólogos. Durante o paquíteno, as cromátides (centrais. não-irmãs) fragmentam-se, trocando partes entre si. Nessa troca, os genes são permutados, o que caracteriza a recombinação
gênica, fenômeno que favorece a variabilidade genética e o processo evolutivo.

Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.

1. leptóteno: os cromossomos longos e finos começam a condensar-se;


Na meiose são observados
2. zigóteno: os cromossomos curtos e espessos pareiam e os cromossomos ho- dois momentos distintos:
mólogos ficam em sinapse. Essa união é devida à formação do complexo sinap- • a divisão I (reducional),
tonêmico, estrutura formada por proteínas; responsável pelas etapas

BIOLOGIA
prófase I, metáfase I, anáfase I
3. paquíteno: os cromossomos com duas cromátides formam as bivalentes e telófase I;
(trocam genes por meio da permutação – crossing-over); • a divisão II (equacional),
responsável pelas etapas
4. diploteno: os cromossomos homólogos iniciam seu afastamento e as regi- prófase II, metáfase II, anáfase
ões de contato entre as cromátides não-irmãs, os quiasmas (ou quiasmatas), II e telófase II.
tornam-se visíveis;

5. diacinese: os cromossomos longos, ainda unidos parcialmente, desfazem os


quiasmas.

• Metáfase I: sem o envoltório nuclear os cromossomos se ligam ao fuso acromático, que foi montado
durante a prófase I. O fuso, assim como na mitose, dispõe os cromossomos no meio da célula, formando
a placa equatorial. Aqui, existe uma diferença muito importante em relação à mitose. Na meiose I, os
cromossomos homólogos ficam um do lado do outro;

• Anáfase I: assim como na anáfase da mitose, os cromossomos serão puxados para os polos da célula,
só que na meiose tem uma diferença: como os cromossomos homólogos foram colocados um ao lado
do outro, o fuso acromático não tem como se ligar aos dois lados de um mesmo cromossomo.

Lembre-se de que na mitose, como o fuso se ligava aos dois lados, um fuso puxava para a direita e o
outro para esquerda, provocando a quebra do centrômero e a separação das cromátides-irmãs. Como na
anáfase I da meiose o fuso liga-se a apenas um lado, não ocorrerá a quebra do centrômero. Os cromosso-
mos serão puxados inteiros, cada homólogo indo para o polo diferente do seu par. O nome dessa separação
dos cromossomos homólogos é disjunção ou segregação.

• Telófase I: os cromossomos homólogos já estão separados nos polos da célula e se descondensam


parcialmente. O envoltório nuclear se refaz dos dois lados e ocorre a citocinese (divisão do citoplasma).

Meiose II ou equacional

Os eventos desta etapa são idênticos aos de uma mitose, uma vez que duas células haploides, resultan-
tes da divisão I, irão originar quatro células haploides no final. Essas quatro células terão o mesmo número

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 13


Atividade celular
Capítulo 1: Ciclo celular e divisão celular

de cromossomos que as duas células que lhes deram origem (por isso o termo equacional). Só que ao
invés dos cromossomos serem duplicados, eles serão simples.

• Prófase II: os cromossomos voltam a se condensar, os centríolos dirigem-se para os polos da célula,
formando o fuso acromático, e o envoltório nuclear se desfaz;

• Metáfase II: os cromossomos ligados ao fuso são transportados ao equador (centro) da célula, forman-
do a placa equatorial. Observe que como não há mais homólogos nas células eles se dispõem um sobre
o outro, como na mitose. Dessa forma, o fuso consegue ligar-se aos dois lados de cada cromossomo;

• Anáfase II: devido à tração do fuso em sentidos diferentes, ocorre a quebra do centrômero e as cro-
mátides-irmãs são separadas;

• Telófase II: o envoltório nuclear se refaz e o citoplasma se divide formando 4 células-filhas.

Observe, nos esquemas a seguir, as etapas da meiose I e II e o comparativo entre mitose e meiose:

Figura 19. Etapas da meiose I.


Da esquerda para a direita, prófase I (2n = 4), metáfase I (2n = 4), anáfase I (2n = 4 – 2n = 2) e telófase I (n = 2).
Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.
BIOLOGIA

Reconstituiu-se
o nucléolo

Quatro células haplóides Nucléolo


após a citocinese
Figura 20. Etapas da meiose II.
Em 1, prófase II (n = 2); em 2, metáfase II (n = 2); em 3, anáfase II (n = 2); e,
em 4, telófase II (n = 2).

Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.

Mitose Meiose

Prófase Prófase I
dois cromatídeos-irmãos Tétrada
cromatídica
Cromossomos Cromossomos
2n replicados 2n = 4 2n
replicados

Metáfase Metáfase

Anáfase Anáfase I
Telófase Células-filhas Telófase I
Células-filhas da divisão I
Haploide
n=2

2n 2n

Figura 21. Mitose e meiose. n n Células-filhas n n


Fonte: Dinamus Sistema de Ensino. da divisão II
14 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO
Atividade celular
Capítulo 1: Ciclo celular e divisão celular

Meiose e variabilidade genética

Você já se perguntou por que um casal, com exceção dos que reproduzem gêmeos univitelinos, nunca
produz dois filhos geneticamente idênticos?
A resposta a essa pergunta está na meiose. Durante a meiose ocorrem dois rearranjos aleatórios de
alelos que tornam possível uma produção imensa de gametas diferentes. Um deles ocorre na anáfase I,
com a segregação cromossômica. Como você já sabe, metade dos cromossomos que possuímos vieram
de nosso pai e a outra metade de nossa mãe. Acontece que quando formamos gametas, não enviamos os
cromossomos tal qual recebemos. Ou seja, não é formado um espermatozoide com os cromossomos que
você recebeu do seu pai e outro com os cromossomos que você recebeu da sua mãe.
Esse processo na verdade é caótico. Em um espermatozoide o gameta pode estar enviando o cromos-
somo número 1 que recebeu do pai mas o cromossomo 2 ser o que recebeu da mãe e assim por diante.
Veremos isso com mais detalhes ao estudar as Leis de Mendel.
Considerando todas as possibilidades de embaralhamento como a descrita acima para os nossos 46
cromossomos, chegaremos à conclusão de que cada um de nós pode produzir 8.4 x 106 gametas diferen-
tes. Mas ainda há outra possibilidade de produzir mais gametas diferentes, quando ocorre crossing-over.
À medida em que ocorre uma troca de fragmentos de cromossomos homólogos surgem novas combi-
nações de alelos.

_Consequências da não segregação cromossômica na meiose humana

A meiose é um processo complexo, e erros na da mão; coeficiente intelectual baixo. Cariótipo com
disjunção (separação) dos cromossomos homólogos na 47 cromossomos;
meiose I ou das cromátides-irmãs na meiose II levam
à formação de gametas com número anormal de cro- • Síndrome de Patau – as células dos indivíduos têm
mossomos. Se um dos gametas anormais for fecundado um cromossomo a mais no par 18 (trissomia do 18).
por um gameta anormal, será formando um zigoto com Alguns dos sinais clínicos dessa síndrome são cabe-
número anormal de cromossomos. Essas alterações no ça de tamanho reduzido e estreita; olhos afastados;
número de cromossomos são chamadas aneuploidias e boca e queixo pequenos; pés deformados; anoma-
são consideradas mutações cromossômicas numéricas. lias graves no coração, nos rins e no sistema genital.
Nas aneuploidias pode haver um número maior ou Geralmente os portadores sobrevivem até cerca de 1
menor de cromossomos. Por exemplo: quando há um ano de idade. Cariótipo com 47 cromossomos;
cromossomo a mais, totalizando-se 47 cromossomos,
fala-se em trissomia; quando há um cromossomo a • Síndrome de Klinefelter – as células dos indivídu-

BIOLOGIA
menos, totalizando 45 cromossomos, fala-se em mo- os têm dois cromossomos X e um Y e são todos do
nossomia. A alteração pode acontecer nos cromosso- sexo masculino. Alguns dos sinais clínicos são: testí-
mos sexuais, que são os relacionados com a determi- culos pequenos; ausência de espermatozoides e, em
nação do sexo, ou nos demais cromossomos, chamados alguns casos, mamas mais evidentes. Cariótipo: 47,
autossômicos. XXY (o que indica que há 47 cromossomos no total,
Quando a alteração envolve os autossomos, a ano- dentre eles 2 X e 1 Y);
malia não está relacionada ao sexo, podendo ocorrer
tanto no sexo masculino quanto no feminino. Quando • Síndrome de Turner – as células dos indivíduos têm
ocorre nos cromossomos sexuais, as anomalias estão apenas um cromossomo sexual: o X. São, portanto,
relacionadas ao sexo. Vejamos rapidamente algumas mulheres. Alguns dos sinais clínicos dessa síndrome
dessas aneuploidias: são baixa estatura; ovários não-funcionais; pescoço
curto e largo; anomalias renais. Cariótipo: 45, X0 (0
• Síndrome de Down ou mongolismo – as células = ausência de um cromossomo sexual).
dos indivíduos têm um cromossomo a mais no par
21 (trissomia do 21). Alguns dos sinais clínicos dessa Atualmente já existem testes que identificam, desde
síndrome são cabeça de tamanho reduzido, com a a oitava semana de gestação, se o bebê que está sendo
face achatada; olhos com os cantos externos puxa- gerado é portador de alguma anomalia cromossômica.
dos para cima; boca pequena, mas língua de tama-
FONTE: LOPES, Sônia. BIO – volume único. São Paulo, Saraiva,
nho normal; dentição irregular; pescoço curto e lar- 2008. P. 218-219.
go; baixa estatura; dedos curtos; linha reta na palma

Fixando conceitos

01. Além do tamanho, os gametas masculino e feminino apresentam outras diferenças entre si. Cite pelo menos
uma delas.
02. Diferencie o processo mitótico do processo meiótico, ressaltando suas características fundamentais.
03. Qual é a relação entre meiose e variabilidade genética?

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 15


Atividade celular
Capítulo 1: Ciclo celular e divisão celular

Manipulação de DNA e marcação por radioisótopos


DNA recombinante

Técnicas recentes permitem identificar a região do material genético que con-


tém a receita para a fabricação de substâncias de interesse médico/científico. Um
amplo campo de estudos tem sido aberto com o desenvolvimento de diversas téc-
nicas de manipulação de DNA, permitindo identificar segmentos específicos desse
ácido nucleico e, em seguida, transferir esses segmentos de um organismo a outro
(transgenia) ou mesmo fabricar sequências específicas de DNA.
Observe, na figura 22, as colônias de bactérias cultivadas em uma placa de Petri
e sua coloração. O DNA das bactérias da cultura passou a conter um pedaço de
DNA proveniente do material genético de medusa, sendo nomeado DNA recombi-
nante (ou clonagem molecular). A receita para a fabricação da proteína luminosa
veio, portanto, do DNA da medusa.
Figura 22. DNA recombinante.
Cultura de bactérias que receberam um segmento de DNA de
A utilização das tecnologias de manipulação do DNA pode se estender desde a
medusas fluorescentes. As bactérias adquiriram a capacidade agricultura até outras áreas, permitindo, por exemplo, a identificação de pessoas
de produzir a proteína que provoca esse brilho especial. com base em pequenas quantidades de DNA presentes em fios de cabelos ou em
Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São poucas células de sangue.
Paulo: ÁTICA, p. 98, 2013.
Desde os anos 60 uma série de descobertas revolucionaram o estudo da genética e permitiram um
grande desenvolvimento da engenharia genética. Desde então a utilização do DNA recombinante ganhou
espaço e tem crescido absurdamente com inúmeras aplicações e aprimoramento das técnicas.
A clonagem molecular pode fazer com que genes estranhos sejam expressos em bactérias e leveduras
ou mesmo em outras células superiores. As indústrias química, farmacêutica e agrária investem milhões
em seu desenvolvimento. Esta tecnologia permite estudar os genes e os seus produtos, obter organismos
transgênicos e realizar terapia gênica.

Marcação por radioisótopos

O uso de substâncias com átomos radioativos (radioisó-


topos) foi decisivo em diversos experimentos históricos. A
base da técnica de marcação por radioisótopos consiste em
administrar substâncias marcadas com partículas radioati-
vas a células vivas, bases nitrogenadas ou aminoácidos, por
exemplo, e localizar a radiação, logo em seguida, em partes
BIOLOGIA

da célula ou em produtos, como os ácidos nucleicos.


Em pesquisa biológica, utilizam-se elementos radioativos
de baixa periculosidade, emissores de partículas-Beta (b).
Essas partículas não atravessam obstáculos finos, como fo-
lhas de papel e de alumínio, sendo de uso seguro.
A técnica de marcação radioativa pode ser combinada
com a autorradiografia, na qual um filme fotográfico espe-
cial é sobreposto à montagem microscópica (figura 23). Os
elementos radioativos produzem manchas típicas na cha- Figura 23. Autorradiografia.
pa fotográfica, evidenciando sua localização. Outra técnica Fotomicrografia de bactérias ao microscópio eletrônico
de transmissão (TEM) com técnica de autorradiografia.
consiste em usar uma substância que deposita grânulos de A bactéria da parte superior da foto foi cultivada em
prata onde há radiação, o que evidencia a localização das meio que continha timina com hidrogênio radioativo. A
substâncias. bactéria marcada com átomos radioativos foi colocada
em uma cultura diferente e transmitiu a radioatividade
Por meio de técnicas como essa, foi possível acompanhar a outras bactérias (manchas claras), evidenciando a
a atividade celular e constatar que quase todas as moléculas capacidade de transmissão de material genético. A
de uma célula viva estão constantemente sendo degradadas bactéria maior tem cerca de 2 micrômetros.

e repostas, mesmo quando a célula não está em crescimento Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol.
ou divisão. Da mesma forma, o trânsito de substâncias pela 1, São Paulo: ÁTICA, p. 98, 2013.
célula pôde ser compreendido, em sua dinâmica, por estu-
dos que utilizaram essa técnica.

Câncer
As células que destroem o corpo

Câncer é o nome genérico para um grupo de mais de 200 doenças. Embora existam muitos tipos de
câncer, todos começam devido ao crescimento e multiplicação anormal e descontrolado das células. A
enfermidade também é conhecida como neoplasia. A ciência médica que estuda o câncer se denomina
oncologia e é o oncologista o profissional que trata a doença. Os cânceres que são identificados e trata-
dos a tempo causam sérias consequências à pessoa por ele acometida, e frequentemente levam à morte.
O câncer se inicia quando as células de algum órgão ou tecido do corpo começam a crescer fora de
controle. Esse crescimento é diferente do crescimento celular normal. Em vez de morrer, as células cance-
rosas continuam crescendo e formando novas células anômalas. Elas também podem invadir outros teci-

16 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Atividade celular
Capítulo 1: Ciclo celular e divisão celular

dos, algo que as células normais não fazem. O crescimento fora de controle e a invasão de outros tecidos
é o que torna uma célula saudável em cancerosa.
Como estudamos, o corpo humano é formado por trilhões de células que se multiplicam por meio de
um processo chamado divisão celular. Em condições normais, esse processo é ordenado e controlado e é
responsável pela formação, crescimento e regeneração dos tecidos saudáveis do corpo.
Em contrapartida, existem situações nas quais estas células, por razões variadas, sofrem uma mudança
tecnicamente chamada de carcinogênese, e assumem características aberrantes quando comparadas com
as células normais. Essas células perdem a capacidade de limitar e controlar o seu próprio crescimento,
passando, então, a multiplicarem-se muito rapidamente e sem nenhum controle.
Alguns genes têm instruções para controlar o crescimento e a divisão das células. Os genes que pro-
movem a divisão celular são chamados oncogenes. Os genes que retardam a divisão celular ou levam as
células à morte no momento certo são denominados genes supressores do tumor. Os cânceres podem
ser causados por alterações no DNA que se transformam em oncogenes ou por desativação dos genes su-
pressores do tumor.
As pessoas podem herdar um DNA anômalo, mas a
maioria dos danos do DNA é causada por erros que ocor-
rem quando a célula normal está se multiplicando ou por
exposição a algum elemento do meio ambiente. Às vezes,
a causa do dano ao DNA pode ser algo óbvio, como o taba-
gismo ou a exposição ao sol. Mas é raro saber exatamente o
que causou o câncer de determinada pessoa.
Na maioria dos casos, as células cancerígenas formam
um tumor. No entanto, alguns cânceres, como no caso da
leucemia, raramente formam tumores. Em vez disso, estas
células cancerosas acometem o sangue e órgãos que pro-
duzem as células sanguíneas, chegando a tecidos onde elas
se desenvolvem.
As células cancerosas costumam se espalhar para ou-
tras partes do corpo, onde elas começam a crescer e formar
novos tumores. Isso acontece quando as células cancero-
sas entram na corrente sanguínea ou nos vasos linfáticos
do corpo. Ao longo do tempo, os tumores irão substituir o
tecido normal. Esse processo de disseminação do câncer é Figura 24. Câncer de próstata.
Exame citoquímico de tecido da próstata evidenciando nucléolos com tamanho anor-
denominado metástase. mal, com cerca de 2 micrômetros de diâmetro. Preparação colorida com sais de prata
Os tipos de câncer podem ser agrupados em categorias e vista do microscópio óptico com luz especial
muito amplas. As principais categorias incluem:

BIOLOGIA
Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA, p. 97, 2013.

• Carcinomas: começam na pele ou nos tecidos que revestem ou cobrem os órgãos internos. Existe um
número de subtipos de carcinoma, incluindo adenocarcinoma, carcinoma de células basais, carcinoma
de células escamosas e carcinoma de células de transição;
• Sarcomas: começam no osso, cartilagem, gordura, músculo, vasos sanguíneos ou outro tecido con-
juntivo ou de suporte;
• Leucemias: começam no tecido que produz o sangue, como a medula óssea, o que provoca um grande
número de células anormais que entram na circulação sanguínea;
• Linfomas e Mielomas: começam nas células do sistema imunológico;
• Cânceres do Sistema Nervoso Central: começam nos tecidos do cérebro e da medula espinhal.

Embora seja um assunto sério e que causa grandes preocupações à população em geral, o câncer não
é uma sentença de morte – atualmente muitos pacientes são tratados com sucesso, sobretudo quando a
doença é diagnosticada precocemente.

Fixando conceitos

01. O que é DNA recombinante?


02. Discorra sobre os benefícios do desenvolvimento das técnicas de DNA recombinante para a ciência.
03. Como funciona a técnica de marcação de células por radioisótopos?
04. Qual utilidade tem a técnica de marcação de células por radioisótopos?
05. O que é o câncer?
06. Discorra sobre a forma como o câncer se desenvolve nos organismos vivos.
07. Quais são as principais categorias de câncer?

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 17


Atividade celular
Capítulo 1: Ciclo celular e divisão celular

Referências
BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA, 2013.
LOPES, Sônia. BIO. Vol. único, 2ª ed., São Paulo: SARAIVA, 2008.
SADAVA, David et al. VIDA – a ciência da Biologia. Vol. I, 8ª ed., Porto Alegre: ARTMED, 2009.
MACHADO, Sidio. Biologia: ciência e tecnologia. Vol. único, 1ª ed., São Paulo: SCIPIONE, 2009.
INSTITUTO ONCOGUIA. O que é câncer? Disponível em: <http://www.oncoguia.org.br/conteudo/cancer/12/1/>.
Acesso em: 11 de maio de 2020.

Sessão ENEM

01. Para estudar os cromossomos, é preciso observá- 03. A figura apresenta diferentes fases do ciclo de uma
-los no momento em que se encontram no ponto célula somática, cultivada e fotografada em mi-
máximo de sua condensação. A imagem correspon- croscópio confocal de varredura a laser. As partes
de ao tecido da raiz de cebola, visto ao microscópio, mais claras evidenciam o DNA.
e cada número marca uma das diferentes etapas do
ciclo celular.

Na fase representada em D, observa-se que os cromos-


somos encontram-se em
BIOLOGIA

(A) migração.
(B) duplicação.
Qual número corresponde à melhor etapa para que esse (C) condensação.
estudo seja possível? (D) recombinação.
(E) reestruturação.
(A) 1.
(B) 2. 04. A quimioterapia é um dos principais métodos para
(C) 3. o tratamento do câncer. Como a doença se carac-
(D) 4. teriza pela multiplicação descontrolada de células,
(E) 5. a maioria das drogas utilizadas no tratamento qui-
mioterápico age bloqueando o mecanismo celular
02. O paclitaxel é um triterpeno poli-hidroxilado que foi responsável pela produção de novas células. Por
originalmente isolado da casca de Taxus brevifolia, isso, tanto células cancerosas quanto sadias são
árvore de crescimento lento e em risco de extinção, afetadas, o que resulta em efeitos colaterais, tais
mas agora é obtido por rota química semissintética. como queda de cabelo e prejuízo aos tecidos que
Esse fármaco é utilizado como agente quimioterá- têm alta taxa de renovação celular.
pico no tratamento de tumores de ovário, mama e
pulmão. Seu mecanismo de ação antitumoral envol- Com base nessas informações, podemos afirmar corre-
ve sua ligação à tubulina interferindo com a função tamente que a quimioterapia atua
dos microtúbulos.
KRETZER, I. F. Terapia antitumoral combinada de derivados do paclita- (A) bloqueando a digestão celular realizada pelos lisos-
xel e etoposídeo associados à nanoemulsão lipídica rica em coleste-
rol - LDE. Disponível em: www.teses.usp.br. Acesso em: 29 fev. 2012 somos.
(adaptado). (B) impedindo a respiração celular realizada pelas mi-
tocôndrias.
De acordo com a ação antitumoral descrita, que função (C) dificultando a eliminação de substâncias tóxicas do
celular é diretamente afetada pelo paclitaxel? organismo.
(D) acelerando os processos de renovação celular dos
(A) Divisão celular. tecidos sadios.
(B) Transporte passivo. (E) inibindo a ocorrência de mitoses responsáveis pela
(C) Equilíbrio osmótico. proliferação celular.
(D) Geração de energia.
(E) Síntese de proteínas.

18 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Atividade celular
Capítulo 1: Ciclo celular e divisão celular

Praticando

01. Nas células eucarióticas, o núcleo é um corpo es- (A) formar gametas de alta fecundidade.
férico, grande, em geral a estrutura mais saliente, (B) estimular o crescimento do organismo.
sendo envolvido por duas “unidades de membra- (C) gerar descendentes geneticamente iguais.
na”, que juntas formam: (D) produzir número equivalente de células da meiose.
(E) otimizar a respiração celular.
(A) Endométrio nuclear. (B) Camada cuticular.
(C) Envoltório nuclear. (D) Estatocisto nuclear. 07. Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de
(E) Lamela nuclear. 100 doenças que têm em comum o crescimento de-
sordenado de células que invadem os tecidos e ór-
02. A estrutura do ácido desoxirribonucleico (DNA) está gãos, podendo espalhar-se (metástase) para outras
localizada no núcleo das células. Sobre o DNA qual regiões do corpo. De todos os casos, 80% a 90% dos
é sua principal função? cânceres estão associados a fatores ambientais, tais
como, cigarro, exposição excessiva ao sol e alguns
(A) Portador de uracila e metionina. vírus.
(B) Distribuidor de aminoácidos na célula. Instituto Nacional de Câncer (INCA). Disponível em http://www.inca.
gov.br/conteudo_view.asp?id=322. Acesso em 7 ago. 2017.
(C) Produtor de uracila e guanina.
(D) Transmissor de miosina e timina.
De acordo com a parte descrita no trecho acima, “o
(E) Portador e transmissor da informação genética.
crescimento desordenado de células”, qual seria o pro-
cesso no organismo humano que pode causar tal cresci-
03. Uma célula animal foi analisada ao microscópio, o mento incomum e, consequentemente, estar envolvido
que permitiu visualizar 4 cromossomos duplicados
no desenvolvimento de câncer? Escolha a alternativa
se deslocando para cada um dos polos da célula.
que contém a resposta correta:
Sabendo que a ploidia do animal é 2n = 8, a célula
analisada encontra-se em
(A) Respiração celular. (B) Fecundação.
(C) Mitose. (D) Circulação sanguínea.
(A) anáfase II da meiose. (B) metáfase da mitose.
(E) Crossing-over.
(C) anáfase da mitose. (D) anáfase I da meiose.
(E) metáfase I da meiose.
08. A figura a seguir representa uma célula em uma das
fases de certa divisão celular.
04. Na doença de Alzheimer, as alterações na proteí-
na “tau” levam à desintegração dos “microtúbulos”
existentes nas células do cérebro, destruindo o sis-
tema de transporte dos neurônios, ou seja, inicial-

BIOLOGIA
mente provoca disfunções na comunicação bioquí-
mica entre os neurônios e, numa fase posterior, a
morte destas células.
Supondo que essa
Na divisão celular os “microtúbulos” são responsáveis
divisão celular se
concretize, gerando
(A) pela organização do fuso mitótico.
células-filhas, po-
(B) pela contração muscular.
de-se afirmar que
(C) pela atividade de endocitose.
(D) pela atividade de exocitose.
(A) serão originadas quatro células-filhas genetica-
(E) pelo estrangulamento da célula na citocinese.
mente idênticas.
(B) cada célula-filha terá quatro cromossomos diferen-
05. Sobre a divisão celular, é correto afirmar: tes.
(C) cada célula-filha terá dois cromossomos diferentes.
(A) Ao final da mitose ocorre redução da ploidia da cé-
(D) serão originadas duas células-filhas geneticamente
lula por meio da separação das cromátides-irmãs.
idênticas.
(B) Os gametas haploides são originados por meio da
(E) a divisão ocorreu em uma célula somática, origi-
separação dos cromossomos homólogos que ocorre na
nando duas células-filhas idênticas.
meiose I.
(C) A segregação dos cromossomos homólogos ocorre
durante a mitose I, originando gametas haploides.
09. Células de embrião de drosófila (2n = 8) que esta-
vam em divisão, foram tratadas com uma substân-
(D) A meiose origina gametas haploides por meio da
cia que inibe a formação do fuso, impedindo que a
separação das cromátides-irmãs.
divisão celular prossiga.
(E) O crossing-over ocorre durante a mitose, podendo
produzir gametas recombinantes.
Após esse tratamento, quantos cromossomos e quantas
cromátides, respectivamente, cada célula terá?
06. Mitose e meiose são processos de divisão celular
que, apesar de suas diferenças, podem estar rela-
(A) 4 e 4. (B) 4 e 8. (C) 8 e 8. (D) 8 e 16. (E) 16 e 16.
cionados à reprodução. De maneira geral, essa é a
função da meiose em organismos pluricelulares, e,
da mitose, em organismos unicelulares. Dessa for-
10. Um dos maiores problemas de saúde pública no
mundo é a obesidade.
ma, nos organismos unicelulares, a mitose será res-
ponsável por

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 19


Atividade celular
Capítulo 1: Ciclo celular e divisão celular

Praticando

(A) Considerando separadamente as populações mas- a relação desse fenômeno com a longevidade do orga-
culina e feminina, em qual faixa etária houve maior nismo humano?
crescimento proporcional de obesos entre 1975 e 2009,
de acordo com os gráficos abaixo? 12. O sulfato de vincristina é uma substância usada
para o tratamento de tumores. Esse quimioterápico
penetra nas células e liga-se à tubulina, impedindo
a formação de microtúbulos.

(A) Que processo celular, importante para o tratamen-


to, é bloqueado, quando não se formam microtúbulos?
Como os microtúbulos participam desse processo?

(B) Para o tratamento, o quimioterápico pode ser co-


locado dentro de lipossomos, vesículas limitadas por
bicamada de constituição lipoproteica. Que estrutura
celular tem composição semelhante à do lipossomo, o
que permite que ambos interajam, facilitando a ação do
quimioterápico na célula?

13. É uma característica da mitose


(A) originar células-filhas com o dobro do número de
cromossomos da célula-mãe.
(B) originar células-filhas com metade do número de
(Fonte: Pesquisa de orçamentos familiares, Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística - IBGE. Disponível em www.ibge.gov.br/estatisti- cromossomos da célula-mãe.
cas-novoportal. Acessado em 15/10/2017.) (C) a divisão celular utilizada na formação dos gametas.
(D) originar células-filhas com o mesmo número de
(B) Sabendo que os carboidratos constituem aproxima- cromossomos da célula-mãe.
damente 50% da dieta diária recomendada pelo Minis- (E) a divisão celular utilizada apenas na formação dos
tério da Saúde, explique a necessidade desse nutriente espermatozoides.
e por que ele pode causar obesidade.
14. A figura a seguir ilustra o ciclo celular:
(C) O consumo diário de frutas, hortaliças e legumes é
BIOLOGIA

considerado altamente benéfico para a saúde humana.


Um estudo realizado no Hospital do Câncer de Barre-
tos (SP) indicou que as hortaliças da família das crucí-
feras (brócolis, couve-flor, couve, agrião, rúcula, entre
outras), após passarem por processamento enzimático
no organismo, liberam sulforafano e indol-3-carbinol,
substâncias capazes de inibir a proliferação celular. O
que é o câncer? Por que as hortaliças da família das
crucíferas são consideradas importantes na prevenção
dessa doença?

11. A figura ilustra o material genético de uma célula e


o detalhe das moléculas que o integram.

Na célula somática de um organismo diploide em que


2n = 20 espera-se encontrar:

(A) 40 moléculas de DNA em G2.


(B) 10 moléculas de DNA em C e G1.
(C) 20 moléculas de DNA na metáfase.
(D) mais moléculas de DNA em G1 que em S.
(E) mais moléculas de DNA em G2 que em S.
(A) De acordo com a figura, esse material genético e as
moléculas que o integram não pertencem a uma bacté- 15. Na maioria das células eucarióticas, o sistema de
ria. Justifique essa afirmação. controle celular ativa a progressão do ciclo celular
em três principais pontos de verificação. O primeiro
(B) Os cromossomos humanos apresentam regiões es- ponto de verificação é no final da G1, o segundo é o
pecíficas chamadas telômeros. O que ocorre com os te- ponto de verificação G2/M, e o terceiro é a transmis-
lômeros após cada divisão das células somáticas? Qual são entre metáfase e anáfase.

20 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Atividade celular
Capítulo 1: Ciclo celular e divisão celular

Praticando

A figura a seguir representa o sistema de controle do 18. Os diagramas a seguir se referem a células em dife-
ciclo celular em células eucarióticas. rentes fases da meiose de um determinado animal.

Os diagramas 1, 2 e 3 correspondem, respectivamente, a

(A) prófase I, metáfase I e telófase II.


(B) prófase II, anáfase I e telófase I.
(C) prófase I, metáfase II e anáfase II.
(D) prófase II, anáfase II e telófase I.
(E) prófase I, anáfase I e metáfase II.

19. Suponha que uma determinada espécie de tartaru-


ga possua 550 cromossomos no núcleo de uma cé-
lula do coração. Podemos supor, então, que quando
No segundo ponto de verificação, o evento do ciclo ce- essa célula entrar em mitose, serão geradas _____
lular que já está concluído é a células __________ que apresentam _____
cromossomos cada. Já, caso uma célula do siste-
(A) formação do fuso mitótico. ma reprodutor dessa tartaruga realize meiose, esse
(B) duplicação dos centrossomos. processo gerará células __________ com _____
(C) condensação dos cromossomos. cromossomos.
(D) desintegração do envelope celular.
(E) ordenação dos cromossomos na placa equatorial. Assinale a alternativa que preenche, correta e respecti-
vamente, as lacunas do trecho acima.
16. Cada pessoa tem um padrão de DNA particular. Um
filho herda 50% de suas moléculas de DNA da mãe (A) 02 – somáticas – 550 – somáticas – 275.
e 50% do pai. No núcleo de cada célula somática (B) 04 – sexuais – 275 – somáticas – 550.

BIOLOGIA
(célula dos tecidos que constituem o corpo) há 23 (C) 02 – somáticas – 550 – sexuais – 275.
pares de cromossomos homólogos: 23 desses cro- (D) 02 – diploides – 275 – haploides – 275.
mossomos vieram do óvulo e os outros 23 do es- (E) 04 – diploides – 04 – sexuais – 225.
permatozoide. A união do óvulo com o espermato-
zoide deu origem ao zigoto. Esse zigoto originou o 20. Um importante princípio da biologia, relacionado
embrião e depois o feto. Como cada cromossomo é à transmissão de caracteres e à embriogênese hu-
formado por uma molécula de DNA e de proteínas, mana, foi quebrado com a descoberta do microqui-
há em cada célula somática __________ de DNA. merismo fetal. Microquimerismo é o nome dado ao
fenômeno biológico referente a uma pequena po-
Assinale a alternativa que completa corretamente o es- pulação de células ou DNA presente em um indiví-
paço acima. duo, mas derivada de um organismo geneticamente
distinto. Investigando-se a presença do cromosso-
(A) 23 moléculas. (B) 92 moléculas. (C) 46 moléculas. mo foi revelado que diversos tecidos de mulheres
(D) 69 moléculas. (E) 56 moléculas. continham células masculinas. A análise do históri-
co médico revelou uma correlação extremamente
17. As divisões celulares, mitose e meiose, são proces- curiosa: apenas as mulheres que antes tiveram fi-
sos importantes para a manutenção e perpetuação lhos homens apresentaram microquimerismo mas-
das espécies. Durante o ciclo celular, nos dois tipos culino. Essa correlação levou à interpretação de que
de divisões celulares, o período em que a célula existe uma troca natural entre células do feto e ma-
não está se dividindo (interfase), é conhecido como ternas durante a gravidez.
período de “repouso” celular. Com base no seu co- MUOTRI, A. Você não é só você: carregamos células maternas na maio-
ria de nossos órgãos. Disponível em: http://g1.globo.com. Acesso em: 4
nhecimento sobre o ciclo celular responda: dez. 2012 (adaptado).

(A) Por que o termo “repouso” celular é inapropriado O princípio contestado com essa descoberta, relaciona-
para a interfase? do ao desenvolvimento do corpo humano, é o de que

(B) Em qual período da interfase observa-se uma maior (A) o fenótipo das nossas células pode mudar por influ-
quantidade de DNA? ência do meio ambiente.
(B) a dominância genética determina a expressão de al-
(C) Quantas cromátides apresentam os cromossomos guns genes.
no período G2 da interfase? (C) as mutações genéticas introduzem variabilidade no
genoma.

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 21


Atividade celular
Capítulo 1: Ciclo celular e divisão celular

Praticando

(D) mitocôndrias e o seu DNA provêm do gameta ma- (C) 8 cromossomos pareados 2 a 2, cada um com 1 cro-
terno. mátide.
(E) as nossas células corporais provêm de um único zi- (D) 8 cromossomos pareados 2 a 2, cada um com 2 cro-
goto. mátides.
(E) 8 cromossomos pareados 4 a 4, cada um com 2 cro-
21. Pesquisadores revelaram que não são apenas os ge- mátides.
nes que transmitem atributos, como a cor dos olhos,
entre pais e filhos. Proteínas chamadas histonas 24. A figura representa, de maneira resumida, as fases
também são responsáveis por transmitir caracterís- da Interfase (G1; S e G2) e de Divisão (M) do ciclo de
ticas hereditárias, apesar de sua função primordial vida de uma célula, o chamado ciclo celular.
ser a manutenção do DNA na forma de cromatina e
cromossomos. Algumas dessas proteínas são capa-
zes de silenciar genes quando impedem que o DNA
seja desenrolado. Modificando-as, os cientistas con-
seguiram criar características que foram transferi-
das para novas gerações sem alteração nos genes.
Marton, F. Disponível em: <http://super.abril.com.br> Super interessante,
06 abr. 2015. (Adaptado).
Em relação ao ciclo celular, assinale a alternativa cor-
Pelo exposto, a função dessas proteínas nas alterações reta.
das características dos organismos ocorre devido à(ao)
(A) M é a fase mais longa na maioria das células.
(A) habilidade de provocar mutação deletéria. (B) Em M ocorre a duplicação dos cromossomos.
(B) bloqueio da transcrição dos genes a serem expres- (C) Em G2 ocorre a verificação do processo de duplica-
sos. ção do DNA.
(C) falta de partes do material genético herdado pelos (D) Em S os cromossomos se apresentam altamente
filhos. compactados.
(D) encurtamento dos cromossomos transferidos aos (E) Em G1 inicia-se a compactação dos cromossomos.
descendentes.
(E) migração para o citosol alterando a mensagem en- 25. A banana cultivada (Musa x paradisíaca) é um caso
viada pelo núcleo. típico de partenocarpia, ou seja, de formação de
frutos sem que ocorra fecundação. Isso acontece
22. Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirma- por se tratar de uma planta triploide: as sementes
ções a seguir, referentes aos constituintes do núcleo não são formadas porque os gametas apresentam
BIOLOGIA

celular. anormalidades no número de cromossomos.

( ) A carioteca é uma membrana lipoproteica dupla Em qual fase ocorre a distribuição anormal dos cromos-
presente durante as mitoses. somos?
( ) Os nucléolos, corpúsculos ricos em ribossômico,
são observados na interfase. (A) Meiose I.
( ) Os cromossomas condensados na fase inicial da (B) Meiose II.
mitose são constituídos por duas cromátides. (C) Fase S da interfase da mitose.
( ) Cromossomas homólogos são os que apresentam (D) Fertilização da oosfera.
seus genes com alelos idênticos. (E) Germinação do grão de pólen e formação dos ga-
metas masculinos.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses,
de cima para baixo, é 26. Analise a figura que representa um cariótipo huma-
no.
(A) V - V - F - V. (B) V - F - V - F. (C) F - V - V - F.
(D) F - F - V - V. (E) V - F - F - V.

23. Quando se fala em divisão celular, não valem as re-


gras matemáticas: para uma célula dividir signifi-
ca duplicar. A célula se divide ao meio, mas antes
duplica o programa genético localizado em seus
cromossomos. Isso permite que cada uma das cé-
lulas-filhas reconstitua tudo o que foi dividido no
processo.

Considerando uma célula haploide com 8 cromossomos


(n = 8) assinale a alternativa que apresenta, correta- A representação refere-se ao cariótipo de um(a):
mente, a constituição cromossômica dessa célula em
divisão na fase de metáfase da mitose. (A) homem com a síndrome de Klinefelter.
(B) homem com a síndrome de Down.
(A) 8 cromossomos distintos, cada um com 1 cromátide. (C) mulher normal.
(B) 8 cromossomos distintos, cada um com 2 cromáti- (D) mulher com a síndrome de Klinefelter.
des. (E) homem com um número normal de cromossomos.

22 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


2 O organismo
vivo

Biologia do desenvolvimento
Para plantas e animais, o único caminho para o desenvolvimento a
partir de uma célula, é desenvolvendo um embrião. O embrião é o in-
termediário entre o genótipo e o fenótipo, ou seja, entre os genes her-
dados e o organismo adulto. Enquanto a maior parte da biologia estu-
da a estrutura adulta e função, a biologia do desenvolvimento encontra
maior interesse nos estágios mais transitórios. Biologia do desenvolvi-
mento é a ciência do vir a ser, a ciência do processo. Dizer que um in-
seto efêmero vive apenas um dia não significa nada para um biologista
do desenvolvimento, porque o inseto pode ser adulto apenas por um
dia, mas passou outros 364 dias como um embrião e larva.
O conceito de embrião é assombroso, e a formação de um embrião é
a tarefa mais árdua que alguém haverá de realizar. Para se tornar um
embrião, você teve que construir a si mesmo a partir de uma única
célula. Teve que respirar antes que tivesse pulmões, digerir alimentos
antes que seus órgãos estivessem formados, construir ossos a partir de
uma massa e ordenar os neurônios antes mesmo de adquirir a capa-
cidade de pensar. Uma diferença marcante entre você e a máquina é
que a máquina nunca é requisitada para uma função antes que esteja
terminada. Todo animal tem que estar em funcionamento enquanto se
autoconstrói.
As questões levantadas por um biologista do desenvolvimento são fre-
quentemente questões mais ligadas ao vir a ser do que ao ser pro-
priamente dito. Por exemplo: dizer que mamíferos XX são geralmente
fêmeas e mamíferos XY são geralmente machos, não explica a deter-
minação sexual para um biologista do desenvolvimento, pois para ele
interessa saber como o genótipo XX produz um ser feminino e como o
genótipo XY produz um ser masculino.
O desenvolvimento é realizado por duas funções principais: gera di-
versidade e ordem celular dentro de cada geração, o que assegura a
continuidade da vida que passa de uma geração à outra. Assim, exis-
tem duas questões fundamentais para a biologia do desenvolvimento:
como um ovo fertilizado origina um ser adulto?, e como esse ser adulto
produz um outro ser?

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Sumário
A meiose e a formação de gametas_03
Formação de gametas e fecundação_05
A formação do embrião_06
A formação dos órgãos_10
Anexos embrionários_12
Referências_16

Bio. _Contexto

01. De acordo com a leitura do texto inicial, é possível concluir que:


(A) a biologia do desenvolvimento pode ser resumida como a ciência da embriologia.
(B) a biologia do desenvolvimento é um ramo da ciência biológica que questiona a formação dos seres.
(C) a biologia do desenvolvimento está voltada para o conhecimento das etapas de desenvolvimento
do ser vivo.
(D) a biologia do desenvolvimento levanta questionamentos mais voltados ao ser propriamente dito.
(E) a biologia do desenvolvimento comprova que os seres vivos são gerados espontaneamente.

02. Sobre o embrião, é correto afirmar que


(A) se forma espontaneamente.
(B) é a fase inicial do ser vivo.
(C) é mais eficiente do que a máquina.
(D) não respira nem digere enquanto se desenvolve.
(E) depende de gametas femininos, apenas, para se formar.

03. No texto introdutório, extraído da obra Biologia do desenvolvimento, de Scott F. Gilbert, está a afir-
mação de que "uma diferença marcante entre nós e a máquina é que a máquina nunca é requisitada
para uma função antes que esteja terminada". Explique tal afirmação.

04. Quais são as duas funções principais do desenvolvimento biológico?


Biologia do desenvolvimento
Capítulo 2: O organismo vivo

O organismo vivo
A meiose e a formação de gametas
Introdução

Por maior que seja o número de células de um ser vivo, a reprodução sexual
requer a produção de gametas, que são células individuais. De certa forma, ao
se reproduzir, o ser pluricelular retorna à condição unicelular. Uma pessoa, por
exemplo, origina-se de uma célula única, formada a partir da união de uma
célula feminina e outra masculina. Esse é o ciclo de vida padrão dos animais,
que alternam uma fase da vida diploide (2n) com outra haploide (n), represen-
tada pelos gametas.

Ciclo de vida: a ocorrência da meiose Figura 1. Esquema do ciclo de vida padrão dos animais.
Com alternância das fases de vida diploide (2n) e haploide (n). Nos
Nos animais, logo após a união dos gametas, na fertilização, forma-se o vertebrados, na fase de vida diploide, o organismo é macroscópico e
é a fase mais duradoura.
zigoto. Conforme o zigoto se desenvolve, o processo de multiplicação celular
é intenso e as células embrionárias reproduzem-se por meio de sucessivas Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo:
mitoses. A partir do momento em que o organismo passa a produzir gametas, ÁTICA, p. 197, 2013.

inicia-se um outro tipo de divisão celular, denominado meiose, que vimos no


capítulo 1 e tem como resultado células haploides. Veja a figura 1.
Como vimos, mitose é um tipo de divisão celular em que há duplicação da quantidade de DNA da célu-
la-mãe e divisão equitativa do material hereditário às células-filhas (verificar “A fase M (mitose) do ciclo
celular”, no capítulo 1). A meiose é um processo que tem diferenças muito importantes, uma vez que altera
a quantidade de DNA da célula-mãe, gerando células haploides.

Meiose e material genético

Para manter o número diploide da espécie, é


necessário que os gametas, que se unirão para
formar o novo ser, sofram uma redução da quanti-
dade de material genético. Isso acontece na meio-
se, um tipo de divisão celular em que há redução
no número de cromossomos, o que pode ser fa-

BIOLOGIA
cilmente percebido pelo acompanhamento dos
cromossomos na formação dos gametas (figura 2).
Imagine um organismo 2n = 2, ou seja, um orga-
nismo cujas células têm apenas um cromossomo
paterno e um materno (um par de cromossomos
homólogos). Na divisão celular, o DNA se duplicará
e, como consequência, haverá um par de cromos-
somos homólogos duplicados. A meiose separa os
cromossomos homólogos e, em seguida, separa as
cromátides-irmãs, gerando células haploides.
Enquanto na mitose as células-filhas têm exa-
tamente o mesmo lote cromossômico da célu-
la-mãe, na meiose, a divisão celular reducional
origina células haploides. Na primeira divisão da
meiose, chamada meiose I, ocorre a separação dos
cromossomos homólogos e a dupla de cromáti-
Figura 2. Esquema da meiose.
Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo:
des-irmãs paternas migra para um polo da célula,
ÁTICA, p. 197, 2013. enquanto a dupla de cromátides-irmãs maternas
posiciona-se no outro polo.

Lembre-se de que na mitose, diferentemente do que acontece na meiose, as cromátides-irmãs se sepa-


ram (observe o esquema comparativo entre mitose e meiose na figura 21 do capítulo 1).
A segunda divisão da meiose, chamada meiose II, ocorre em seguida e, nessa etapa, as cromátides-
-irmãs se separam. Note que é apenas nesse momento que se formam células haploides. Assim, certas
fases da divisão celular, como a metáfase, ocorrem duas vezes e por isso são denominadas I e II, como
a metáfase I e a metáfase II. Observe que a metáfase de uma mitose traria os cromossomos homólogos
pareados na região equatorial da célula. Isso garantiria que as cromátides fossem repartidas igualmente
pelas células-filhas.
Na meiose ocorrem fenômenos únicos, que não se observam na mitose, e que têm profunda impor-
tância para a sucessão de gerações dos seres vivos. Ao formar gametas com DNA ligeiramente diferente
do original, abre-se a possibilidade para modificações na história da sucessão de gerações. Isso tem tido
importância fundamental para que as diferentes espécies tenham conseguido enfrentar as profundas mu-
danças pelas quais passou nosso planeta, desde a época em que os estromatólitos eram a forma mais
comum de vida nos mares rasos e quentes, há bilhões de anos.
DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 3
Biologia do desenvolvimento
Capítulo 2: O organismo vivo

Ovogônia, ovócito e óvulos humanos

Nos ovários de um embrião humano do sexo feminino ocorrem divisões mitóticas até, aproximadamen-
te, a metade da gestação, entre a 20ª e a 24ª semana gestacional. Depois desse período, e ao longo de
toda a vida da menina, as ovogônias não entrarão em mitose. Nessa fase da vida embrionária (figura 3),
há cerca de sete milhões de células que podem iniciar a produção de gametas femininos, as ovogônias. No
entanto, poucas delas de fato irão adiante na formação de gametas.

A partir da sétima semana gestacional, as ovogônias, que se origina-


ram por mitose, começam, gradualmente, a entrar em meiose. Seis meses
após o nascimento do bebê, todas as ovogônias estão iniciando a meiose,
constituindo ovócitos, que, no entanto, representam menos da metade do
número inicial dessas células. Cada uma delas, já com o material genético
duplicado, permanecerá nesse estágio até que complete a primeira divisão
da meiose, em um processo denominado ovulação.
A primeira ovulação ocorre no início da puberdade e, dos cerca de
dois milhões de ovócitos presentes nos ovários ao nascimento, sobrevi-
vem aproximadamente 400 mil para continuar a produção de gametas.
O primeiro ovócito ficará maduro por volta de 13 anos depois do início da
meiose. Ao longo de toda a vida reprodutiva da mulher, esse deverá ser o
destino apenas de cerca de 500 ovócitos.
A cada ciclo menstrual, um grupo de ovócitos começa a se desenvolver,
Figura 3. Feto humano com 22 semanas em gestação.
Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA, por meio da multiplicação de células que envolvem e nutrem o ovócito,
p. 197, 2013. em estruturas ovarianas denominadas folículos (figura 4). Na idade re-
produtiva, esse desenvolvimento folicular progride favoravelmente, dando
seguimento à meiose de pelo menos um dos ovócitos.

A rigor, quando ocorre a ovulação, a segunda di-


visão da meiose ainda não terminou e, portanto, for-
ma-se apenas um ovócito. O final da meiose, ou seja,
a produção de um gameta feminino maduro, denomi-
nado óvulo, acontecerá apenas se houver fecundação.
Esta sempre ocorre na tuba uterina, canal que liga o
ovário ao útero (figuras 5 e 6).
BIOLOGIA

Figura 4. Estágios de maturação de um ovócito humano.


Do folículo primordial (no alto, à esquerda), passando pelo folículo
maduro (embaixo, à esquerda), até a ovulação, isto é, a saída do
ovário do ovócito maduro. Elementos representados fora de escala.
Cores fantasia.
Figura 5. Laparoscopia.
Mostrando um ovário saudável (corpo esférico branco) e trecho da tuba uterina Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São
(em rosa claro, parte inferior da imagem). Paulo: ÁTICA, p. 197, 2013.

Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA, p.
198, 2013.

De espermatogônia a espermatozoide em seres


humanos

Nos seres humanos de sexo masculino, o proces-


so de produção de gametas ocorre nos testículos e é
bastante diferente daquele que acabamos de ver. Na
puberdade inicia-se a espermatogênese, a produção
de espermatozoides, que terá continuidade por toda
a vida. Figura 6. Fecundação.
A espermatogênese ocorre basicamente em três Fotomicrografia, colorizada artificialmente, mostrando o momento
etapas, que serão vistas em maior detalhe quando da fecundação do ovócito humano pelo espermatozoide. A meiose
do ovócito só se completará a partir desse evento (fecundação).
estudarmos a Reprodução Humana. Resumidamente,
pode-se afirmar que na primeira há uma intensa di- Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São
Paulo: ÁTICA, p. 198, 2013.

4 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Biologia do desenvolvimento
Capítulo 2: O organismo vivo

visão mitótica de espermatogônias, que geram espermatócitos. A partir da adolescência, todos os dias,
cerca de 2 milhões de espermatogônias entram em mitose. As espermatogônias se reproduzem por mitose
ao longo de toda a vida adulta dos homens, o que explica a grande diferença entre a formação de esper-
matozoides nos homens e de ovócitos nas mulheres.
Os espermatócitos, ainda sem flagelo, participam da
segunda etapa, iniciando o processo meiótico. Cada es-
permatócito dará origem a quatro espermátides, células
haploides e com rudimentos de flagelos.
Na terceira etapa as espermátides amadurecerão,
dando origem aos espermatozoides (figura 7). Essas eta-
pas ocorrem de maneira sincrônica, ao longo de apro-
ximadamente dois meses, formando a chamada onda
espermatogênica. Cada espermatogônia dá origem a 64
espermatozoides; ou seja, todos os dias um homem pro-
duz cerca de 128 milhões de espermatozoides.
Ovócitos e espermatozoides são os gametas que cons-
tituem a fase haploide de um ser humano. Da união entre
um homem e uma mulher, se houver relacionamento se-
xual e encontro de gametas (fecundação), um novo ser
diploide poderá ser formado.

Fixando conceitos

01. Estabeleça a relação da meiose com a for-


mação de gametas
02. Diferencie o processo de produção de game-
tas entre seres humanos do sexo masculino
Figura 7. Representação da espermatogênese.
e feminino. Representando, de maneira esquemática e resumida, a espermatogênese, isto é, a formação
de um espermatozoide. Na parte de baixo da figura estão indicadas as principais partes
desse gameta. Elementos representados fora de escala. Cores fantasia.

Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA, p. 198, 2013.

Formação de gametas e fecundação

BIOLOGIA
Introdução

Na espécie humana, toda a informação genômica, que será transmitida


aos descendentes, está reunida em 23 cromossomos. A união do esperma-
tozoide com o ovócito, na fecundação, forma o zigoto, que contém 23 cro-
mossomos recebidos da mãe e 23 cromossomos recebidos do pai, os quais
formam pares chamados cromossomos homólogos. Essa é a situação de
uma célula diploide (2n), como um linfócito, por exemplo.
Como vimos, ao se dividir por mitose, as células geram células iguais:
duplicam seus genomas (figura 8) e os dividem de forma equitativa entre
as duas células resultantes. As células resultantes de uma mitose de célula
diploide (2n) são, portanto, diploides (2n). Esse é o caso das células da li-
nhagem somática (do grego somatikós, que quer dizer "do corpo"). As célu-
las epiteliais da superfície do seu corpo são exemplos de células somáticas.
Desde a vida embrionária, algumas células estão destinadas a formar os
órgãos reprodutores e a constituir gametas. Elas não pertencem à linhagem
somática, mas à chamada linhagem germinativa. Algumas dessas células Figura 8. Montagem de cariótipo humano.
Com 23 pares de cromossomos homólogos. Cada par é formado
formam gametas, que são células haploides (n), ou seja, com a metade dos por uma cromátide proveniente do lado paterno e outra do lado
cromossomos das células diploides. materno.
Espermatozoides e ovócitos são exemplos de gametas haploides (figura (Aumento de cerca de 8 mil vezes; colorizado por computador).

9). Quando se unem, os gametas formam uma célula diploide, chamada cé- Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São
lula-ovo ou zigoto. Na fecundação humana, o espermatozoide deve atraves- Paulo: ÁTICA, p. 209, 2013.
sar uma camada de células que envolvem o ovócito e produzem ativamente
hormônios sexuais, as células da granulosa (figura 9).
Abaixo dessas células encontra-se a zona pelúcida, camada gelatinosa que o espermatozoide também
precisa atravessar para penetrar no ovócito (figura 10).
Na fecundação, o ovócito ainda está no meio da metáfase II da meiose. A meiose das ovogônias, ao con-
trário das espermatogônias, não tem quatro gametas como resultado, mas apenas um gameta haploide.
Ao final da primeira divisão meiótica resultam duas células, uma com quase todo o citoplasma (ovócito
secundário) e outra, composta por pouco mais do que o material nuclear. Esta célula inviável é denomina-
da primeiro corpúsculo polar e acaba por degenerar.
Quando ocorre a penetração de um espermatozoide, o ovócito prossegue o processo meiótico e com-
pleta a segunda metáfase, cujo resultado é o óvulo e outro corpúsculo polar sem citoplasma, que também

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 5


Biologia do desenvolvimento
Capítulo 2: O organismo vivo

degenera, ao passo que o óvulo tem seu envelope nuclear restaurado. Esse núcleo constitui o pronúcleo
feminino, que se fundirá com o pronúcleo masculino.
Os centríolos e os pronúcleos são as únicas estruturas íntegras que restaram do espermatozoide que
penetrou no ovócito. A cauda do espermatozoide e as outras estruturas acabam por ser digeridas pelos
lisossomos do ovócito. Os pronúcleos se fundem e iniciam a primeira divisão do zigoto, a célula resultante
da fecundação, e a separação dos cromossomos é organizada pelos centríolos do espermatozoide.

Fecundação interna e fecundação externa

A fecundação pode ocorrer tanto dentro do organismo, na fecundação in-


terna, ou fora do organismo, na fecundação externa. O tipo de fecundação
pode ser diferente mesmo entre animais parecidos. Por exemplo, os caramujos
ou caracóis (moluscos gastrópodes) têm fecundação interna, enquanto os me-
xilhões (moluscos bivalves) apresentam fecundação externa.
Nos peixes, boa parte das espécies apresenta fecundação externa, mas há
também espécies com fecundação interna. Os répteis – como os lagartos, as
tartarugas e as serpentes –, as aves e os mamíferos realizam fecundação in-
terna.

Tipos de reprodução

Nos animais com fecundação interna o desenvolvimento do zigoto pode


Figura 9. Folículo ovariano humano. ocorrer dentro do corpo da mãe, que fornece ao embrião os nutrientes que
Fotomicrografia ao microscópio óptico com uso de corantes mostran- circulam em seu sangue. Esses são os animais com reprodução vivípara. Os
do, em seu interior, um ovócito (círculo corado em alaranjado; apro- mamíferos, em sua maioria, são vivíparos, como o ser humano, o cavalo e o
ximadamente 25 micrômetros de diâmetro) e as células da granulosa
(coradas em roxo) ao redor dele. porco.
Em alguns peixes e alguns répteis, no entanto, o desenvolvimento dos em-
Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo:
ÁTICA, p. 210, 2013.
briões ocorre dentro do organismo da mãe, mas utilizando os nutrientes pre-
sentes no próprio ovo. Esses animais apresentam reprodução ovovivípara (fi-
gura 10).
Há ainda animais que realizam fecundação
interna e põem ovos no ambiente, como as aves
e muitos répteis. Seus embriões se desenvolvem
em estruturas externas ao corpo da mãe e a re-
produção é dita ovípara.
As espécies de reprodução ovípara e ovoviví-
BIOLOGIA

para têm o gameta feminino (óvulo) com mui-


to vitelo, a substância nutritiva do embrião. Os
mamíferos cujos filhotes se desenvolvem dentro
do corpo da mãe, recebendo alimentos direta-
mente de sua progenitora através do sangue,
têm óvulos com pouco vitelo. Esses óvulos são
chamados alécitos.
Figura 10. Peixe ornamental.
A formação do embrião O embrião dos animais ovovivíparos, como os lebistes, desenvolve-se
dentro de um ovo que fica alojado no corpo da mãe.

Introdução Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA,
p. 210, 2013.

Como vimos, quando um espermatozoide humano encontra um ovócito (fecundação), o ovócito com-
pleta a meiose logo em seguida e se torna um óvulo pouco antes da formação do zigoto.

O encontro do espermatozoide e do ovócito ocorre na tuba


uterina, um ducto cujo epitélio da superfície interna é dotado de
especializações, os cílios. A superfície ciliada realiza movimentos
rítmicos e empurra o zigoto em direção ao útero, onde o embrião
vai se desenvolver durante a gestação, conforme se vê no esque-
ma da página a seguir.
Cerca de trinta horas depois, o zigoto começa a se dividir e
ocorre a primeira clivagem – diz-se que o embrião sofre uma cli-
vagem a cada vez que ele duplica seu número de células. Assim,
a primeira divisão celular do embrião é a primeira mitose e sua
primeira clivagem.
Dez horas depois da primeira clivagem, cada uma das células
se dividirá novamente, formando agora um pequeno embrião com
quatro células. Cada uma delas recebe o nome de blastômero.
Apesar de haver aumento no número de células embrionárias,
Figura 11. Óvulo humano fecundado. nesse estágio inicial de desenvolvimento o embrião permanece
O diâmetro presumido do óvulo é de aproximadamente 100 ­micrômetros. do mesmo tamanho devido à rigidez da zona pelúcida, que conti-
Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA,
nua a envolver o embrião. Essa massa compacta de blastômeros
p. 212, 2013.

6 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Biologia do desenvolvimento
Capítulo 2: O organismo vivo

configura um estágio denominado móru-


la, pois lembra uma amora.
Observe, na imagem 13, a estrutura do
embrião humano em cada uma das três
clivagens. Na espécie humana, o percur-
so do ovário ao útero dura entre três e
quatro dias (figura 15).

Figura 12. Fotomicrografia de tuba uterina.


O zigoto é conduzido para dentro do útero pela movimentação dos cílios do epitélio de revestimento da tuba uterina (no
detalhe, fotomicrografia ao microscópio de varredura; colorizado por computador, cílios em verde sobre células do epitélio
em azul; ampliação de cerca de 1 000 vezes para imagem com 6 cm x 7 cm).

Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA, p. 212, 2013.

Figura 13. Fotomicrografia óptica de embrião humano.


No topo, estágio após a primeira clivagem. Note que nesse estágio ele pos-
sui duas células. O diâmetro presumido do embrião é de aproximadamente
100 micrômetros. Abaixo, à esquerda, estágio após a segunda clivagem.
Note que nesse estágio o embrião possui quatro células, chamadas
blastômeros. O diâmetro presumido do embrião é de aproximadamente
100 ­micrômetros. Por fim, mais ao centro (ao lado desta legenda), embrião
humano após a terceira clivagem. Nesse estágio ele possui oito células. O
diâmetro presumido do embrião é de aproximadamente 100 micrômetros.

Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA,
p. 212, 2013.

BIOLOGIA
Figura 14. Blástula de estrela-do-mar.
Obtida ao microscópio de luz e com coloração
artificial. Medida no eixo menor de cerca de 170
micrômetros.
Figura 15. Percurso do ovário no útero humano.
O percurso do ovário ao útero dura de três a quatro dias na espécie humana. Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed.,
Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA, p. 213, 2013. vol. 1, São Paulo: ÁTICA, p. 213, 2013.

A mórula continua a passar por mitoses


até que se forma uma estrutura esférica com
uma cavidade interna, denominada blástula. A
blástula tem uma cavidade cheia de líquido e
continua a passar por mitoses.
Veja na figura 14 uma foto (bastante am-
pliada), de blástula em estrela-do-mar,
animal cujo início do desenvolvimento em-
brionário apresenta semelhanças com o de-
senvolvimento embrionário humano. Com as
clivagens, os blastômeros duplicam-se a in-
tervalos regulares e há aumento no tamanho
do embrião. Observe no esquema da figura 16
como a blástula passa a formar uma dobra
que pressiona a parte interna do embrião (in-
vaginação) a partir das sucessivas divisões dos Figura 16. Desenvolvimento embrionário.
blastômeros. Desenvolvimento embrionário de um animal parecido com um tubarão, mostrando as etapas de clivagem
e a gastrulação.
Esse processo forma uma nova cavidade,
cuja abertura se fecha gradativamente, até Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA, p. 213, 2013.
restar apenas um poro, chamado blastóporo.
DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 7
Biologia do desenvolvimento
Capítulo 2: O organismo vivo

Essa pequena estrutura correspondente ao estágio embrionário que sucede a blástula é denominada gás-
trula, e o processo é denominado gastrulação.

Os folhetos embrionários

Embora o desenvolvimento embrionário dos animais seja semelhante nos estágios iniciais, há dife-
renças nas etapas subsequentes, pois a quantidade de vitelo do ovo e a origem da nutrição do embrião
influenciarão decisivamente seu desenvolvimento.
Como regra geral, a blástula tem uma só camada de células, mas isso se altera na gastrulação, quan-
do passa a ter dois primórdios de tecidos, chamados folhetos embrionários ou folhetos germinativos: a
ectoderme e a endoderme. O termo “germinativo” se justifica por esses tecidos conterem “germes”, no
sentido de “primórdios”, de órgãos e estruturas.
Animais como as esponjas, as anêmonas e as águas-vivas desenvolvem seus embriões com apenas dois
folhetos germinativos, por isso são considerados animais diploblásticos, ou diblásticos.

Figura 17. Animais diploblásticos.


Da esquerda para a direita, representantes de dois grupos de animais diblásticos: uma esponja (poríferos) e anêmonas-do-mar (no centro) e uma água-viva (cnidários).
Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA, p. 214, 2013.

No entanto, a gástrula da maioria dos


animais começa a desenvolver uma ca-
mada de células intermediária, um novo
folheto germinativo chamado mesoder-
BIOLOGIA

me. Animais com três folhetos germina-


tivos são chamados triploblásticos, ou
triblásticos.
A aparência do embrião guarda re-
lação direta com a forma do ovo. Em
animais cujos ovos contêm muito vitelo,
como as galinhas, a gástrula parece um
disco minúsculo em um dos polos.

Figura 18. Gástrula de um embrião de anfíbio.


Esquema da gástrula de um embrião de anfíbio e dos primórdios de seus três folhetos germinativos.
(Os elementos ilustrados desta página não estão representados em escala; cores fantasia).

Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA, p. 214, 2013.

Figura 19. Gástrula de um embrião de ave (galinha).


Veja, acima, o formato discoidal e o tamanho reduzido do
embrião em relação ao grande volume de vitelo. À esquerda,
detalhe mostrando dois folhetos embrionários: a ectoderme
e a endoderme.
Nos animais triblásticos o blastóporo pode originar
tanto a boca do animal adulto quanto o ânus. O blastópo- Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São
Paulo: ÁTICA, p. 215, 2013.
ro comunica-se com uma cavidade (canal alimentar) que
é, na verdade, o primórdio da cavidade gástrica do animal
– daí o nome gástrula.

8 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Biologia do desenvolvimento
Capítulo 2: O organismo vivo

Em outras palavras, o blastóporo pode dar origem a qualquer uma das duas extremidades do sistema
destinado à digestão dos alimentos.
Ao compararmos o desenvolvimento embrionário das larvas de dois animais distintos, na figura 20,
podemos perceber uma diferença marcante no que se refere ao processo de formação do canal alimentar.
Figura 20. Formação do canal
alimentar.
Os esquemas mostram a formação
do canal alimentar a partir do
blastóporo, em larvas de animais
diferentes. Em (a), a larva de um
verme parecido com uma minhoca e
em (b), uma larva de ouriço-
-do-mar. Em (b) a boca é uma
formação posterior no desenvolvi-
mento embrionário, enquanto em
(a) forma-se a partir do blastóporo.
Tamanho aproximado do menor eixo
da larva: 200 micrômetros.

Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da


Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo:
ÁTICA, p. 215, 2013.

No caso da larva do ouriço-do-mar, mostrada em (b) na figura, o blastóporo origina o ânus e a boca
forma-se posteriormente. Animais com esse tipo de desenvolvimento são denominados deuterostômicos
(em grego deuteros significa "segundo", e stoma, "boca"). Nos animais protostômicos, como a larva do
verme parecido com a minhoca, mostrada em (a) na figura, o blastóporo se mantém na região anterior
do embrião; a boca desenvolve-se primeiro e depois ocorre o desenvolvimento do ânus. Em grego, protos
significa "primeiro".
Todos os moluscos, como caramujos, mexilhões, lulas e polvos, e também todos os artrópodes, como
aranhas, insetos, crustáceos etc., são exemplos de animais protostômicos. A condição protostômica ou
deuterostômica permite diferenciar os animais triblásticos em dois grandes grupos conforme o destino do
blastóporo. Essa característica é muito importante, dado que nenhum vertebrado tem sua boca originada
do blastóporo. Todos os vertebrados e os equinodermos, como as estrelas-do-mar, são animais deuteros-

BIOLOGIA
tômicos (figura 21).

Figura 21. Sequência da gastrulação de estrela-do-mar.


Observe o destino do blastótoporo. Diâmetro menor de cerca de 170 micrômetros.
Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA, p. 216, 2013.

Os animais deuterostômicos têm muitas características em comum e uma característica que difere no-
tavelmente da condição apresentada pelos animais protostômicos. O sistema nervoso dos animais deute-
rostômicos é dorsal, enquanto o dos protostômicos é ventral. Essa distinção constitui a base para distinguir
os dois grandes padrões de desenvolvimento dos animais.
Acredita-se que a diferenciação dos animais protostômicos e deuterostômicos tenha ocorrido a partir
de um ancestral hipotético, que já era dotado de três folhetos germinativos, uma região cefálica, o corpo
dividido em segmentos e se reproduzia por meio de uma larva parecida com a dos moluscos atuais.

Fixando conceitos

01. O que são cromossomos homólogos?


02. Diferencie células de linhagem somática de células de linhagem germinativa.
03. Como ocorre a fecundação nos animais?
04. Diferencie os tipos de reprodução dos seres vivos.
05. Como se forma o embrião após a fecundação?
06. O que são folhetos embrionários?

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 9


Biologia do desenvolvimento
Capítulo 2: O organismo vivo

A formação dos órgãos


Introdução

No início da investigação dos embriões, ainda no século XVII, quando foram empregados os primeiros
microscópios, pensava-se que o desenvolvimento do embrião consistisse do crescimento de um organis-
mo já formado. Logo depois ficou claro que esse não é, absolutamente, o caso. Os tecidos do embrião dão
origem aos órgãos do corpo (organogênese). Veja na tabela a seguir a origem embriológica de algumas
partes do corpo humano.

Tabela 1. Embriologia humana


ECTODERME MESODERME ENDODERME
Pelos e unhas Todos os músculos Fígado e pâncreas
Todos os tecidos conjunti- Revestimento do sistema
Epiderme (pele)
vos, incluindo o sangue digestório
Todo o sistema nervoso:
Todos os vasos sanguíne-
cérebro, medula espinhal, Traqueia, brônquios, pul-
os, rins e órgãos repro-
gânglios, nervos e células mões, tiroide e saratiroide
dutores
de Schwann
Dentina, cemento e polpa
Esmalte do dente
dentária

Na verdade, a origem embriológica de muitos ór-


gãos remonta a um folheto germinativo específico
(figura 22). Por exemplo, os tecidos que formam os
rins são originários da mesoderme.
As estruturas corporais também podem ser for-
madas pela interação de folhetos germinativos (fi-
gura 23). Por exemplo, os dentes são formados pela
interação de dois folhetos germinativos: a parte mais
externa, o esmalte, é formada a partir da ectoderme,
e a parte interna, a polpa, é formada a partir da me-
soderme.
É interessante que diversas glândulas e anexos
BIOLOGIA

dérmicos, como os pelos nos mamíferos e as penas


nas aves, resultam dessa interação pouco comum,
que leva dois tecidos embrionários a produzir partes
do corpo (como dentes, mamas, penas e pelos).

Figura 22. Origem dos órgãos em um embrião humano.


Observe as fendas na faringe, que logo regridem e se fecham.
Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA, p. 217, 2013.

Semelhanças entre embriões

Animais diferentes podem apresentar em-


briões bastante semelhantes nos estágios
iniciais de desenvolvimento, apesar de os in-
divíduos adultos não serem nada parecidos.
Observe na figura 24 um embrião humano
no final do primeiro mês após a fecundação.
É difícil reconhecer formas físicas humanas
nesse pequeno embrião, mas ele já tem uma
região anterior (cabeça, seta 1) diferenciada
da região posterior (seta 2).
Observe as pregas na região do pescoço
e como uma delas parece delimitar a boca
(seta 3). Essas estruturas, nos peixes, dão
origem a estruturas que sustentam as brân-
quias dos adultos (figura 25), sendo chama-
das arcos branquiais.
Observe na figura 26 como os arcos bran- Figura 23. Formação de pelos e dentes.
quiais, que estão presentes no embrião do A interação entre folhetos germinativos dá origem a estruturas diferentes,
tubarão, têm uma correspondência com as como pelos, penas, mamas e dentes. Eles são formados a partir da ectoderme
e da mesoderme em diferentes animais.
regiões do embrião humano nas primeiras
semanas de vida intrauterina. Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA, p.
217, 2013.

10 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Biologia do desenvolvimento
Capítulo 2: O organismo vivo

Figura 24. Embrião humano. Figura 25. Brânquias de tucunaré.


Imagem ampliada de ressonância As brânquias de um peixe adulto são
magnética, reconstruída em 3D, sustentadas pelos arcos branquiais,
de um embrião humano em sua que se desenvolvem da região bran-
quarta semana de formação quial do embrião.
(tamanho aproximado: 4 mm). A
seta 1 mostra a região anterior, a Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da
cabeça; a seta 2 mostra a parte Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA,
posterior e a seta 3 mostra uma p. 218, 2013.
prega que originará a mandíbula.

Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases


da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São
Paulo: ÁTICA, p. 218, 2013.

No tubarão, o primeiro arco branquial do embrião vai


formar a mandíbula do adulto – e o mesmo ocorre no em-
brião humano. A grande diferença entre os dois é que, nos
seres humanos, além de formar as mandíbulas inferior e
superior, as células que constituem o primeiro arco bran-
quial dão origem também a dois pequenos ossos cruciais
para a audição e aos vasos sanguíneos que os envolvem
(figura 27).

Figura 26. Embrião de tubarão e embrião humano.


Desenho da região branquial de um embrião de tubarão e de seus arcos branquiais,
mostrando as semelhanças com o embrião humano. Várias estruturas da cabeça, como a
mandíbula (osso maxilar), têm origem no primeiro arco branquial.

Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA, p. 219, 2013.

Figura 27. Estruturas embrionárias humanas.

BIOLOGIA
Diversas estruturas do ser humano, como ossos, cartilagens e vasos sanguíneos, podem ser
rastreadas desde o embrião e têm origem nos arcos branquiais.

Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA, p. 219, 2013.

A grande semelhança no desenvolvimento dos embriões é reflexo de semelhanças no material gené-


tico das espécies. Há regiões do DNA extremamente semelhantes em todos os organismos que não são
unicelulares.
Se considerarmos a origem das diversas formas de vida na Terra (retome o capítulo 2 do primeiro bi-
mestre), perceberemos que foi muito grande o tempo decorrido entre o surgimento de seres vivos que se
resumiam a células individuais (unicelulares) e o aparecimento de animais capazes de formar um corpo
(pluricelulares), e que a aparição destes é relativamente recente no planeta.
Esses dados levam a crer que durante quase três bilhões de anos não havia meios de promover a as-
sociação cooperativa de células para formar um corpo. No entanto, quando isso se tornou possível, esses
novos seres passaram a se diversificar incrivelmente. Os primeiros animais com corpo surgiram nos mares
há pouco mais de 500 milhões de anos. Há pouco menos de 400 milhões de anos apareceram os primeiros
vertebrados capazes de sair da água e explorar o meio terrestre.

Genes controladores de embriões

Estudos realizados na década de 1990 e 2000 demonstram que as células da região organizadora do
embrião têm certos segmentos de DNA muito ativos, que funcionam como genes organizadores.
A construção do corpo de um indivíduo está intimamente ligada à organização do DNA nos cromos-
somos. O desenvolvimento embrionário das regiões anterior e posterior do corpo guarda relação com a
posição relativa de trechos de DNA. Assim, os genes ligados à formação das estruturas da cabeça ficam ao
lado dos genes ligados à formação das estruturas do meio do corpo, e estes, por sua vez, ficam ao lado dos
genes ligados à formação das estruturas da parte posterior do corpo.
O desenvolvimento do embrião é controlado por um grupo de genes que está presente em diversos
organismos, denominado grupo de genes Homeobox. Eles ativam outros genes e, assim, promovem o de-
senvolvimento de certas partes no embrião.
Os genes Hox, um subgrupo dos genes Homeobox, são responsáveis pela determinação do padrão do
eixo corporal. A posição desses genes na molécula de DNA das células determina onde se desenvolverão
as pernas ou os olhos, por exemplo. O mais incrível é que os genes Hox são extremamente similares em
todos os animais. Em larvas de mosca-das-frutas, por exemplo, eles ativam os milhares de genes envol-

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 11


Biologia do desenvolvimento
Capítulo 2: O organismo vivo

vidos na formação de pernas e olhos dos insetos adultos. Quando esses mesmos genes se expressam em
um embrião humano, ativam genes completamente diferentes, envolvidos na produção de pernas e olhos
humanos, cujas estruturas são muito diferentes das pernas e dos olhos de insetos.

Observe na figura 28 o olho composto de um inseto, formado por um grande


número de unidades denominadas omatídeos, bem diferente do olho humano.
No entanto, os genes envolvidos na formação das estruturas de omatídeos e na
de olhos de outros animais, inclusive do ser humano, são ativados pelo mesmo
conjunto de genes.
A mosca-das-frutas tem oito genes Hox em apenas um conjunto linear, si-
tuados sequencialmente. Os invertebrados tipicamente têm entre um gene Hox
(em poríferos) e treze genes Hox em um único conjunto linear. O ser humano
e outros mamíferos têm quatro conjuntos lineares desses genes, com um total
de 38 genes Hox (figura 29).
Qualquer alteração nos genes Hox resulta em problemas graves de malfor-
mação do embrião. Em mamíferos, esse tipo de situação geralmente provoca
abortos espontâneos no início da gravidez.
Figura 28. Olho composto de um inseto. Acredita-se que as diferentes organizações de conjuntos de genes Hox sur-
Estrutura com a mesma função de um olho humano, cujo desenvol-
vimento no embrião é ativado pelo mesmo conjunto de genes, nos giram há cerca de 500 milhões de anos, em um período em que os ancestrais
dois organismos. dos grupos de animais atuais, como artrópodes, moluscos, equinodermos, ver-
Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo:
tebrados etc., já existiam.
ÁTICA, p. 221, 2013.
BIOLOGIA

Figura 29. Conjuntos lineares de genes Hox.


Nas diferentes células do embrião, diferentes genes se manifestam nas etapas iniciais do desenvolvimento. Os genes que se manifestam nas células da parte
anterior do embrião de mosca-das-frutas são os mesmos que se manifestam nas células da parte anterior do embrião dos seres humanos. Os humanos têm
quatro conjuntos lineares de genes Hox (a, b, c, d). Na parte de baixo, a representação das regiões correspondentes dos adultos.

Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA, p. 221, 2013.

Anexos embrionários
O ovo aquático

Durante os primeiros 100 milhões de anos de existência, os animais, ou


seja, os seres vivos heterótrofos com muitas células, limitaram-se a viver
em ambientes aquáticos. Isso significa que seus ovos não enfrentavam o
problema da falta de água. Um grupo de células envolvido por uma pe-
quena película gelatinosa é um ovo aquático perfeito. Ovos de moluscos,
de muitos peixes e de anfíbios são exatamente assim.
Quando eclodem, os pequenos peixes das espécies ovíparas ainda es-
tão envoltos em uma vesícula vitelínica (ou saco vitelínico). No entanto,
há cerca de 375 milhões de anos começaram a surgir seres com carac-
Figura 30. Desova de um anfíbio. terísticas intermediárias entre os peixes atuais e os animais com quatro
Observe a camada gelatinosa e transparente que envolve cada ovo (ponto pernas. Ainda eram peixes, mas já tinham nadadeiras lobadas, nadadei-
escuro no centro da bolinha transparente).
ras especiais capazes de sustentar o corpo e deslocar-se fora da água.
Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA, Esses peixes de nadadeiras lobadas viviam em grandes rios, cheios de
p. 222 2013.
predadores vorazes, peixes de até cinco metros de comprimento e com
dentes do tamanho de um lápis (figura 31).

12 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Biologia do desenvolvimento
Capítulo 2: O organismo vivo

Figura 31. Ovos aquáticos.


No momento da eclosão, os ovos aquáticos dos peixes encontram-se envoltos pela vesícula
vitelínica, ou saco vitelínico.

Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA, p. 223 2013.

A possibilidade de passar algum tempo fora da água cons-


tituía uma vantagem, pois se manteriam fora do alcance dos
predadores. No entanto, a reprodução dependia da água e eles Figura 32. Reconstrução de mar do Devoniano (cerca de 375 milhões de anos).
Um peixe com uma grossa carapaça e uma mandíbula fortíssima, chamado Dunkleosteus
tinham de retornar ao ambiente hostil, sujeitando-se novamente terrelli, que podia alcançar talvez 9 metros de comprimento. Aparecem diversos anfíbios e
aos perigos da predação. um tubarão (Tristychius sp.) parecidos com os atuais.
Os embriões dos anfíbios desenvolvem-se em ovos recober-
Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA, p. 223 2013.
tos por uma gelatina, que se desseca com facilidade (figura 33).
Por essa razão, os ovos dos anfíbios dependem da presença de
água no ambiente, e seu revestimento constitui-se de uma mas-
sa gelatinosa permeável ao gás carbônico e ao oxigênio (bem
como às substâncias tóxicas que o embrião produz).

O ovo terrestre e o âmnio

No ambiente terrestre, os desafios para um embrião que se


desenvolve dentro de um ovo consistem em: conter a perda de

BIOLOGIA
água, garantir o acesso ao gás oxigênio, conseguir estocar ali-
mento e armazenar as substâncias tóxicas produzidas em um
reservatório separado.
Os répteis e as aves atuais se reproduzem com ovos radical-
mente diferentes dos ovos dos anfíbios. Em comum, ambos pos-
suem muito alimento, o vitelo. No entanto, contrariamente aos
ovos dos anfíbios, os ovos de répteis e os de aves desenvolvem-
Figura 33. Ovos de rã e sua cobertura gelatinosa.
-se longe da água, em ambiente terrestre e seco (observe dois Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA, p.
tipos de ovos terrestres nas imagens a seguir). 223 2013.

Figura 34. Ovos terrestres.


À esquerda, visão interna de um ovo de crocodilo após três meses de incubação; ao centro, visão interna de um ovo de galinha, com um embrião no
22º dia de formação. À direita, um filhote de ave rompe a casca do ovo. Uma parte significativa do cálcio que forma os ossos dos filhotes provém da
casca do ovo, que vai se enfraquecendo à medida que o filhote amadurece em seu interior.

Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA, p. 224 2013.

Répteis e aves têm ovos com grande reserva de vitelo na vesícula vitelínica, que é bem irrigada por
vasos sanguíneos. Esses dois grupos de animais possuem membranas extraembrionárias especiais. Uma
dessas membranas constitui uma bolsa que armazena resíduos, denominada alantoide. Como o alantoide
é irrigado por vasos sanguíneos, contribui também com as trocas de gases e retira massa da casca.

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 13


Biologia do desenvolvimento
Capítulo 2: O organismo vivo

Nas aves, à medida que o alantoide acumula resíduos e ganha tamanho, ele aumenta o contato com a
casca e dela retira cálcio. Cerca de 80% do cálcio presente no corpo das aves ao nascer provém da casca
do ovo. Ao prover o embrião com cálcio, a casca perde rigidez e seu enfraquecimento facilita a saída do
filhote quando estiver pronto. A casca do ovo é rígida o bastante para resistir a choques mecânicos, mas é
porosa, garantindo-se, assim, o trânsito de gases.
Outra membrana extraembrionária, o âmnio, constitui-se de um fluido aquoso ao redor do embrião,
que o protege de choques mecânicos, hidrata e mantém seu ambiente quimicamente estável. Essa estru-
tura tem importância crucial para o desenvolvimento dos embriões em ambiente terrestre. O âmnio é tão
importante que certos zoólogos chamam os animais que possuem âmnio de “amniotas”, incluindo nesse
grupo os animais que denominamos répteis, aves e mamíferos.

Envolvendo os anexos embrionários vistos até aqui, há uma membrana chamada cório, que
Endotérmico é o animal realiza as trocas gasosas com o meio (figura 35). Embora os ovos de répteis e os de aves sejam
cujo calor do corpo pro-
vém principalmente de muito parecidos em termos da quantidade de vitelo que contêm e da presença de membranas
processos metabólicos extraembrionárias, apresentam diferenças, por exemplo, em relação aos cuidados necessários ao
internos, o que permite seu desenvolvimento. As aves são animais endotérmicos e a temperatura requerida para o cresci-
manter a temperatura mento de seu embrião é superior à temperatura ambiente.
constante. Aves e mamí-
feros são exemplos de
animais endotérmicos.
BIOLOGIA

Figura 35. O âmnio e demais anexos embrionários.


Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA, p. 225 2013.

Também podem ser observadas diferenças no cuidado parental. As aves, de maneira geral, apresentam
este comportamento: seus ovos são intensamente cuidados, sendo guardados e aquecidos pelos pais até
o momento da eclosão.
Após o nascimento, os filhotes ainda são alimentados ativamente pelos pais nas primeiras semanas de
vida. Quanto aos répteis, embora algumas espécies mostrem algum tipo de cuidado com os ovos e a prole,
a regra geral é deixar os ovos à própria sorte no ambiente e não cuidar da prole. Os répteis são animais
ectotérmicos.

O âmnio e o ovo dos mamíferos

O desenvolvimento intrauterino dos mamíferos representa, em termos evolutivos, uma condição poste-
rior ao desenvolvimento embrionário externo. Essa nova condição transformou os desafios que eram en-
frentados pelo embrião em desenvolvimento fora do corpo da mãe. Em primeiro lugar, a reprodução dei-
xou de ser dependente da disponibilidade imediata de alimento do ambiente. De certa forma, vertebrados
como anfíbios, répteis e aves precisam ingerir alimentos continuamente para produzir ovos com estoque
nutritivo capaz de suprir todas as necessidades do embrião. No caso dos mamíferos, o estoque de gordura
da mãe permite manter o desenvolvimento do feto mesmo enfrentando condições ambientais adversas.
A placenta é uma estrutura que não pode ser encontrada em outros amniotas, mas está presente na
maioria dos mamíferos. Ela se forma de tecidos da mãe e do embrião, inclusive do cório, que forma as
vilosidades coriônicas. A placenta se desenvolve no útero e desempenha diversas funções, entre elas a
de fornecer alimento ao embrião continuamente, já que o óvulo dos mamíferos tipicamente tem pouca

14 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Biologia do desenvolvimento
Capítulo 2: O organismo vivo

quantidade de vitelo (conforme é possível observar no esquema a seguir). Além disso, as trocas gasosas e
de substâncias nitrogenadas também ocorrem através da placenta.

Figura 36. Representação de placenta humana cerca de duas semanas após a fecundação.
O alantoide e o saco vitelínico perdem as funções que desempenham no ovo das aves e répteis, dado que o cório passa a realizar as funções de nutrição e
trocas gasosas, constituindo as vilosidades coriônicas.

Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA, p. 226 2013.

A placenta recebe os vasos sanguíneos do

BIOLOGIA
Tabela 2. Trocas de substâncias entre mãe e embrião
embrião e estes chegam muito perto do san-
gue da mãe, mas não há mistura de sangue. MÃE PLACENTA FETO
As substâncias nutritivas e o gás oxigênio se Da mãe para o feto
difundem pelos líquidos que banham as cé- Oxigênio
lulas e passam do corpo da mãe para o em- Do feto para a mãe Gás carbônico
brião. Da mãe para o feto
Da mesma forma, o gás carbônico e cer- Água e sais
Do feto para a mãe Água e ureia
tos resíduos nitrogenados, como a ureia, se
Carboidratos, ácidos Da mãe para o feto
difundem no sentido inverso, passando do
sangue do embrião para o sangue da mãe. graxos, aminoácidos
e vitaminas Do feto para a mãe Produtos de degradação
A placenta forma uma barreira que permite
certas trocas entre embrião e mãe, confor- Hormônios (alguns) Da mãe para o feto
me mostra a tabela ao lado. Da mãe para o feto
É importante compreender que a placenta Anticorpos
constitui uma barreira entre o corpo da mãe Do feto para a mãe Hormônios
e do embrião, mas não impede que substân- Drogas (algumas) Da mãe para o feto
cias como drogas, álcool, medicamentos e Vírus (a maioria) Da mãe para o feto
vírus passem do corpo da mãe para o feto.

Células-tronco embrionárias e novas terapias

As células do embrião humano, em seus dias iniciais, se diferenciam gradualmente, formando os fo-
lhetos germinativos, que, em última instância, vão gerar todos os tecidos e órgãos do corpo. As células
embrionárias capazes de gerar diferentes órgãos são chamadas células-tronco (ou células TE).
As células-tronco embrionárias foram isoladas pela primeira vez em camundongos, na década de 1980.
As células TE são obtidas de embriões nos estágios iniciais de desenvolvimento, com poucas células. Elas
retêm o potencial para produzir qualquer tipo de célula no organismo, o que as torna pluripotentes (ou
totipotentes).
A primeira aplicação médica das células-tronco foi no tratamento de doenças ligadas à produção de
células sanguíneas. As células do sangue são continuamente geradas por células-tronco hematopoiéticas
na medula óssea vermelha de alguns ossos. Quando ocorrem disfunções dessas células, advêm problemas
sérios no sangue ou na imunidade do indivíduo, como falta de glóbulos brancos ou de plaquetas. Nesses
casos é necessário repor as células-tronco hematopoiéticas em um procedimento médico.

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 15


Biologia do desenvolvimento
Capítulo 2: O organismo vivo

As pesquisas prosseguem, também no Brasil, e com células-tronco que


não são embrionárias. Espera-se descobrir métodos de implante dessas cé-
lulas para regenerar órgãos e tecidos. Por exemplo, o músculo cardíaco, que
geralmente é lesado quando ocorre um infarto, poderia ser regenerado com
células-tronco.

Fixando conceitos

01. Os embriões podem ter quantos folhetos embrionários? Quais


os nomes deles?
02. Os genes que controlam o desenvolvimento embrionário são
altamente conservados nos animais. Quais são esses genes?
Figura 37. Embrião humano no estágio de mórula.
03. O âmnio é um anexo embrionário fundamental para os animais
Com 16 células embrionárias. Ainda há células da granulosa terrestres. Porque?
aderidas, mas elas degeneram rapidamente. À direita, uma 04. A placenta permite a troca de substâncias entre o sangue do
mórula na ponta de um alfinete.
feto e o da mãe, sem que ocorra mistura de sangue. Quais são
Fonte: BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São essas trocas?
Paulo: ÁTICA, p. 227 2013.

Referências
BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA, 2013.
LOPES, Sônia. BIO. Vol. único, 2ª ed., São Paulo: SARAIVA, 2008.
SADAVA, David et al. VIDA – a ciência da Biologia. Vol. I, 8ª ed., Porto Alegre: ARTMED, 2009.
MACHADO, Sidio. Biologia: ciência e tecnologia. Vol. único, 1ª ed., São Paulo: SCIPIONE, 2009.
INSTITUTO ONCOGUIA. O que é câncer? Disponível em: <http://www.oncoguia.org.br/conteudo/cancer/12/1/>.
Acesso em: 11 de maio de 2020.

Sessão ENEM
BIOLOGIA

01. Considere as afirmações abaixo: I. Responsável pela origem da epiderme e seus anexos e
sistema nervoso.
I. Nos animais, o encontro dos gametas masculinos e fe- II. Origina o tecido adiposo, os tendões, cartilagens e os-
mininos pode acontecer no ambiente externo ou no in- sos.
terior da fêmea. III. O fígado e o pâncreas se originam dele.
II. Nos animais com fecundação interna, os nutrientes
utilizados pelo embrião estão presentes no próprio ovo. Indique a alternativa correspondente para os itens I, II e
Esses animais são conhecidos como vivíparos. III, respectivamente:
III. Répteis realizam fecundação interna, mas o desenvol-
vimento e o crescimento do embrião ocorrem no am- (A) Endoderme, ectoderme e mesoderme.
biente externo. (B) Ectoderme, mesoderme e endoderme.
IV. Os óvulos de muitas espécies armazenam substâncias (C) Mesoderme, ectoderme e endoderme.
nutritivas, que constituem o vitelo. (D) Endoderme, mesoderme e ectoderme.
(E) Ectoderme, endoderme, mesoderme..
É(são) correta(s) a(s) assertiva(s):
04. Um ovo que apresenta alta quantidade de vitelo e
(A) I e II. (B) II e III. (C) I, II e III. possui alantoide bem desenvolvido pode ser de um:
(D) I, III e IV. (E) I, II, III e IV.
(A) Anfíbio. (B) Tubarão. (C) Peixe ósseo.
02. Considerando o blastóporo, podemos afirmar que: (D) Equinodermo. (E) Réptil.

(A) Permite a classificação dos seres vivos em diploblás- 05. Sobre a placenta é correto afirmar, exceto:
ticos.
(B) Origina uma das extremidades do sistema digestório. (A) Por ela o embrião recebe gás oxigênio e elimina gás
(C) Moluscos e artrópodes são exemplos de animais carbônico.
deuterostômicos. (B) Ela secreta hormônios importantes durante a gravi-
(D) O fechamento do blastóporo dá origem a células dez.
nervosas. (C) É um anexo exclusivo dos seres humanos.
(E) A formação do blastóporo ocorre na fase de blástula. (D) Formada de tecidos da mãe e do embrião.
(E) Forma uma barreira entre embrião e mãe, mas não
03. A seguir foram descritos três folhetos germinativos impede a troca de drogas ou vírus.
responsáveis pela formação dos tecidos, órgãos e
demais estruturas:

16 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Biologia do desenvolvimento
Capítulo 2: O organismo vivo

Praticando

01. O desenvolvimento embrionário é diversificado en- dadas por criopreservação, uma vez que apresen-
tre os diferentes grupos animais, e ocorre, de ma- tam alto potencial terapêutico em consequência de
neira geral, em três fases consecutivas. Assinale a suas características peculiares.
alternativa correta quanto ao desenvolvimento em-
brionário dos anfioxos: O poder terapêutico dessas células baseia-se em sua
capacidade de
(A) A organogênese é a fase em que o arquêntero, ou
intestino primitivo, é formado a partir da blastocele. (A) multiplicação lenta.
(B) A gastrulação é o processo de formação dos órgãos, (B) comunicação entre células.
sendo possível visualizar o tubo neural e o intestino, ao (C) adesão a diferentes tecidos.
final dessa fase. (D) diferenciação em células especializadas.
(C) A organogênese é o processo de transformação da (E) reconhecimento de células semelhantes.
blástula em gástrula.
(D) A segmentação é um processo em que o zigoto sofre 05. Recentemente, no Supremo Tribunal Federal (STF),
clivagens (divisões), originando os blastômeros. houve uma grande discussão sobre a legalidade do
(E) A neurulação é o início da formação dos folhetos aborto em casos em que se comprove que o feto
embrionários denominados ectoderme e endoderme, a não possui seu sistema nervoso central desenvolvi-
partir da gástrula. do (anencefalia). A má formação do sistema nervo-
so central está relacionada com problemas durante
02. Imagine que você é um cientista! Ao chegar em um o desenvolvimento dos tecidos embrionários e das
laboratório de embriologia, verificou que havia um estruturas que surgem a partir desses tecidos.
material a ser identificado no microscópio.
Com base nas informações apresentadas e na literatu-
O material tratava-se de um zigoto (ou ovo) e, com o ra sobre o tema, é correto afirmar que a má formação
passar dos dias, você foi observando as seguintes ca- desse sistema ocorre devido ao desenvolvimento inade-
racterísticas: quado da

(A) mesoderme, o que impede a formação da notocor-


– pouco vitelo distribuído uniformemente nos polos ve-
da.
getativo e animal
(B) endoderme, o que resulta no posicionamento errado
– clivagens do tipo holoblásticas iguais
do tubo nervoso.
(C) ectoderme, o que pode levar ao não desenvolvimen-
De acordo com tais características, conclui-se que o ovo
to do sistema nervoso central.
pode ser classificado como:
(D) mesoderme, o que resulta em falha durante o de-

BIOLOGIA
senvolvimento dos somitos.
(A) Centrolécito.
(E) endoderme, o que faz com que não ocorra o desen-
(B) Telolécito.
volvimento do sistema endócrino, o qual é necessário
(C) Mesolécito.
para o desenvolvimento do sistema nervoso central.
(D) Megalécito.
(E) Oligolécito.
06. No estágio de gástrula, o embrião possui uma ca-
vidade chamada arquêntero, que dará origem à
03. A utilização de células-tronco do próprio indivíduo cavidade do tubo digestório do animal. O arquên-
(autotransplante) tem apresentado sucesso como
tero comunica-se com o exterior por um orifício, o
terapia medicinal para a regeneração de tecidos e
blastóporo. Nos animais chamados protostômios,
órgãos cujas células perdidas não têm capacidade
o blastóporo origina a boca do animal. Já nos ani-
de reprodução, principalmente em substituição aos
mais deuterostômios, o blastóporo origina o ânus
transplantes, que causam muitos problemas devi-
do animal, e a boca é originada posteriormente.
dos à rejeição pelos receptores.
Assinale a alternativa que apresenta um exemplo de
O autotransplante pode causar menos problemas de re- animais protostômios e de deuterostômios, respectiva-
jeição quando comparado aos transplantes tradicionais, mente:
realizados entre diferentes indivíduos. Isso porque as
(A) homem, caramujo.
(A) células-tronco se mantêm indiferenciadas após sua (B) sapo, tartaruga.
introdução no organismo do receptor. (C) abelha, aranha.
(B) células provenientes de transplantes entre diferen- (D) minhoca, homem.
tes indivíduos envelhecem e morrem rapidamente. (E) esponja, tênia.
(C) células-tronco, por serem doadas pelo próprio in-
divíduo receptor, apresentam material genético seme- 07. Após aproximadamente 30 horas da fecundação, o
lhante. ovo inicia a primeira divisão, dando origem a dois
(D) células transplantadas entre diferentes indivíduos blastômeros. Entre o terceiro e o quarto dia após a
se diferenciam em tecidos tumorais no receptor. fecundação, o embrião apresenta-se no estagio de
(E) células provenientes de transplantes convencionais mórula. Posteriormente, forma-se a blástula, tam-
não se reproduzem dentro do corpo do receptor. bém chamada de blastocisto.
04. Na década de 1990, células do cordão umbilical de O texto em questão refere-se à blástula que aparece
recém-nascidos humanos começaram a ser guar- em:

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 17


Biologia do desenvolvimento
Capítulo 2: O organismo vivo

Praticando

(A) Embriologia de peixes. 10. A placenta, uma das principais estruturas envolvi-
(B) Embriologia de répteis. das no processo de desenvolvimento embrionário,
(C) Embriologia de anfíbios. surge precocemente, estabelecendo as relações
(D) Embriologia de mamíferos. materno-fetais até o nascimento. Com base no tex-
(E) Embriologia de aves. to e nos conhecimentos sobre o tema, analise as
afirmativas a seguir.
08. Em relação à embriologia, julgue os itens a seguir:
I. O transporte de oxigênio e dióxido de carbono, através
I. Nos espermatozoides, as mitocôndrias situadas na da placenta, se dá por simples difusão.
região intermediária são as centrais de energia para a II. O sangue materno e fetal se mesclam nas vilosidades
intensa atividade motora dos flagelos. coriônicas da placenta.
II. Nos marsupiais, os filhotes nascem prematuramente III. A placenta é uma estrutura de origem mista, com um
e completam seu desenvolvimento na bolsa marsupial. componente fetal e um materno.
III. A penetração de um único espermatozoide no óvulo IV. O vírus da rubéola pode atravessar a placenta e cau-
caracteriza a monospermia. Há casos de polispermia, sar anomalias congênitas no feto.
ou seja, entrada de mais de um espermatozoide no óvu-
lo, e isto caracteriza a formação de gêmeos. Estão corretas apenas as afirmativas:
IV. O âmnio é o anexo embrionário que se constitui
numa bolsa preenchida pelo líquido amniótico e que (A) I e II.
tem por função proteger o embrião contra choques me- (B) III e IV.
cânicos e desidratação. (C) II e IV.
(D) I, II e III.
É(são) correta(s) a(s) assertiva(s): (E) I, III e IV.

(A) I, II e III. 11. Usualmente, denomina-se a célula liberada pe-


(B) I, II e IV. las mulheres durante a ovulação de óvulo, mas o
(C) I, III e IV. termo correto é ovócito secundário, pois a meiose
(D) II, III e IV. ainda não foi completada. Sobre o assunto, consi-
(E) I, II , III e IV. dere o relato a seguir. Quatorze dias após a última
menstruação de Maria, um ovócito secundário foi
09. “Recentes avanços nas pesquisas com células-tron- liberado de um de seus ovários, seguindo pela tuba
co embrionárias têm proporcionado grande entu- uterina. Como Maria tivera relação sexual há alguns
siasmo aos pesquisadores quanto à perspectiva de minutos, havia uma quantidade considerável de es-
BIOLOGIA

sucesso no tratamento de algumas enfermidades, a permatozoides no interior da tuba uterina.


exemplo da doença de Parkinson, doença de Alzhei-
mer e do diabetes melitus tipo 1. Simultaneamente, Considerando que o ovócito e os espermatozoides não
resultados promissores nesse campo da área bio- apresentam nenhum tipo de alteração morfológica ou
médica também têm concorrido para proporcionar genética, assinale a alternativa CORRETA:
acirrados debates éticos, sempre presentes quando
do advento de novas tecnologias. O principal desa- (A) Poderia ocorrer fecundação, havendo a fusão dos
fio ético no tocante à obtenção das células- ‑tron- núcleos diploides do ovócito secundário e do esperma-
co embrionárias para uso terapêutico cinge-se à tozoide, formando um zigoto triploide.
origem delas. De onde obtê-las? De material pro- (B) Poderia ocorrer fecundação, formando o zigoto, que
cedente de abortos? De pré-embriões criopreserva- iniciaria uma série de divisões mitóticas, denominadas
dos? O estatuto do embrião é o mesmo, seja no úte- clivagens, para formar um embrião multicelular.
ro, seja in vitro? Qualquer que seja a fonte, inicia-se (C) Não ocorreria a fecundação, pois isso só acontece
sempre a discussão ética sobre o estatuto moral do quando óvulo e espermatozoides se encontram no úte-
embrião. Indaga-se: qual o grau de respeito que se ro.
deve ter para com o embrião?” (D) Não ocorreria fecundação, pois o ovócito secundário
não está ainda pronto para receber o espermatozoide.
Acerca das pesquisas com células-tronco embrionárias, (E) Poderia ocorrer a fecundação, se o espermatozoide
pode-se afirmar que penetrasse completamente no ovócito secundário e seu
flagelo fosse a seguir digerido pelos lisossomos do ovó-
(A) se trata de um tema de natureza transdisciplinar, cito para a formação do zigoto.
envolvendo debates que se situam em áreas como bio-
logia, medicina, filosofia e direito. 12. Uma década depois de a primeira linhagem de cé-
(B) a pesquisa com células-tronco é uma área especifi- lulas-tronco embrionárias humanas ter sido isolada
camente médica com parâmetros consolidados e esta- nos EUA, o Brasil conseguiu reproduzir a técnica (...)
tuto legal claramente definido. Após 35 tentativas frustradas, o grupo percebeu que
(C) por referir-se à questão da origem da vida, o tema uma das linhagens de células cultivadas em gel es-
envolve debates que se restringem à esfera religiosa. tava se reproduzindo e mantendo a “pluripotência”.
(D) sob o ponto de vista ético, existem critérios absolu-
tos mediante os quais os conflitos podem ser resolvidos. Células-tronco embrionárias
(E) as questões suscitadas pela pesquisa com células-
-tronco são de natureza exclusivamente jurídica. (A) são obtidas de embriões em estágio de nêurula.
(B) não podem ser obtidas de embriões em estágio de

18 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Biologia do desenvolvimento
Capítulo 2: O organismo vivo

Praticando

blastocisto. (A) Protostômio - boca e ânus; deuterostômio - ânus.


(C) não são capazes de se diferenciar em células adul- (B) Protostômio - celoma; deuterostômio - boca.
tas. (C) Protostômio - ânus; deuterostômio - boca e ânus.
(D) apresentam o mesmo potencial de diferenciação (D) Protostômio - intestino; deuterostômio - sistema
que as células presentes na medula óssea vermelha. excretor.
(E) são capazes de se transformar virtualmente em (E) Protostômio - sistema nervoso; deuterostômio -
qualquer tipo de tecido humano. esôfago.

13. O trecho a seguir foi extraído do artigo “Desencon- 16. Sobre o desenvolvimento embrionário, pode-se
tros sexuais”, de Drauzio Varella, publicado na Fo- afirmar:
lha de S. Paulo, em 25 de agosto de 2005.
I. Os folhetos germinativos de embriões de vertebrados
“Nas mulheres, em obediência a uma ordem que parte produzem estruturas especiais denominadas anexos
de uma área cerebral chamada hipotálamo, a hipófise embrionários, que não fazem parte do corpo do em-
libera o hormônio FSH (hormônio folículo estimulante), brião. São eles: vesícula vitelínica, âmnio, cório e alan-
que agirá sobre os folículos ovarianos, estimulando-os toide, sendo a vesícula vitelínica o único anexo que está
a produzir estrogênios, encarregados de amadurecer presente em todos os grupos de vertebrados.
um óvulo a cada mês. FSH e estrogênios dominam os II. O início do desenvolvimento do embrião é marcado
primeiros 15 dias do ciclo menstrual com a finalidade por um processo denominado clivagem, que provoca
de tornar a mulher fértil, isto é, de preparar para a fe- divisões sucessivas do zigoto, formando uma esfera
cundação uma das 350 mil células germinativas com as maciça de células denominadas, individualmente, blas-
quais nasceu.” tômeros e, conjuntamente, mórula.
III. O tubo digestivo primitivo, ou arquêntero, forma-se
O trecho faz referência a um grupo de células que a durante a fase de diferenciação que dá origem à ecto-
mulher apresenta ao nascer. Essas células são derme e à endoderme.

(A) ovogonias em início de meiose, presentes no interior Está(ão) correta(s) a(s) assertiva(s):
dos folículos ovarianos e apresentam 23 cromossomos.
(B) ovócitos em início de meiose, presentes no interior (A) I.
dos folículos ovarianos e apresentam 46 cromossomos. (B) III.
(C) ovócitos em fase final de meiose, presentes no in- (C) I e II.
terior de folículos ovarianos e apresentam 23 cromos- (D) I e III.
somos. (E) I, II e III.

BIOLOGIA
(D) óvulos originados por meiose, presentes na tuba
uterina e apresentam 23 cromossomos. 17. Em relação à embriologia, julgue os itens a seguir:
(E) ovogonias em início de meiose, presentes na tuba
uterina e apresentam 46 cromossomos. I. Nos espermatozoides, as mitocôndrias situadas na re-
gião intermediária são as “centrais de energia” para a
14. Fase do desenvolvimento embrionário caracteriza- intensa atividade motora dos flagelos.
da pelo estabelecimento dos três folhetos germina- II. Nos marsupiais, os filhotes nascem prematuramente
tivos (ectoderma, mesoderma e endoderma) e por e completam seu desenvolvimento na bolsa marsupial.
intensos movimentos morfogenéticos: III. A penetração de um único espermatozoide no óvulo
caracteriza a monospermia. Há casos de polispermia,
(A) Gastrulação. ou seja, entrada de mais de um espermatozoide no óvu-
(B) Clivagem. lo, e isto caracteriza a formação de gêmeos.
(C) Morfogênese. IV. O âmnio é o anexo embrionário que se constitui
(D) Fecundação. numa bolsa preenchida pelo liquido amniótico e que
(E) Apoptose. tem por função proteger o embrião contra choques me-
cânicos e desidratação.
15. No início do desenvolvimento embrionário dos ani-
mais, em geral formam-se os folhetos germinativos É(são) correta(s) a(s) afirmativa(s):
ou embrionários, dos quais se originam os tecidos
do adulto. Com base nessa afirmação e na figura a (A) I , II e IV.
seguir, a estrutura denominada de blastóporo nos (B) I , III e IV.
animais protostômios e deuterostômios, pode dar (C) I , II e III.
origem às seguintes estruturas: (D) II , III e IV.
(E) I , II , III e IV.

18. A placenta, uma das principais estruturas envolvi-


das no processo de desenvolvimento embrionário,
surge precocemente, estabelecendo as relações
maternofetais até o nascimento. A partir disso, ana-
lise as afirmativas a seguir.

I. O transporte de oxigênio e dióxido de carbono, através


da placenta, se dá por simples difusão.

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 19


Biologia do desenvolvimento
Capítulo 2: O organismo vivo

Praticando

II. O sangue materno e fetal se mesclam nas vilosidades


coriônicas da placenta.
III. A placenta é uma estrutura de origem mista, com um
componente fetal e um materno.
IV. O vírus da rubéola pode atravessar a placenta e cau-
sar anomalias congênitas no feto.

Estão corretas apenas as afirmativas:

(A) I e II.
(B) III e IV.
(C) II e IV.
(D) I, II e III.
(E) I, III e IV.

19. A meiose, realizada por diversos seres vivos, é uma


divisão celular que está relacionada à reprodução Ao se avaliar a quantidade de cromossomos contida no
sexuada. Na prófase I da meiose ocorre o fenôme- núcleo de cada célula numerada, pode-se concluir que
no denominado crossing-over ou permutação. Esse
fenômeno contribui para a evolução das espécies (A) a célula 5 tem a metade do número de cromosso-
porque promove: mos que a célula 4.
(B) a célula 1 tem a metade do número de cromosso-
(A) a manutenção do número de cromossomos. mos que a célula 2.
(B) a duplicação dos genes nos gametas. (C) a célula 3 tem o dobro do número de cromossomos
(C) o aumento da variabilidade genética. que a célula 4.
(D) a separação dos cromossomos homólogos. (D) a célula 4 tem o mesmo número de cromossomos
(E) a geração de uma nova característica adaptativa. que a célula 5.
(E) a célula 2 tem o mesmo número de cromossomos
20. Comportamento do casal pode definir sexo do que a célula 3.
bebê, dizem pesquisadores
22. Na gametogênese humana,
Muitas pessoas sonham não só com o nascimento de
um bebê, mas com o sexo dele. Não é possível escolher (A) espermatócitos e ovócitos secundários, formados
BIOLOGIA

se você vai gerar uma menina ou um menino, mas al- no final da primeira divisão meiótica, têm quantidade
guns pesquisadores sugerem que alguns fatores, como de DNA igual à de espermatogônias e ovogônias, res-
fazer sexo exatamente no dia da ovulação, ou a frequ- pectivamente.
ência das relações sexuais, aumentariam a chance de (B) espermátides haploides, formadas ao final da se-
ter uma criança de determinado sexo. gunda divisão meiótica, sofrem divisão mitótica no pro-
(Ivonete Lucirio. https://universa.uol.com.br, 06.08.2012. Adaptado.) cesso de amadurecimento para originar espermatozoi-
des.
A notícia traz hipóteses ainda em discussão entre es- (C) espermatogônias e ovogônias dividem-se por mi-
pecialistas, mas o que o conhecimento biológico tem tose e originam, respectivamente, espermatócitos e
como certo é que, na espécie humana, o sexo da pro- ovócitos primários, que entram em divisão meiótica, a
le é definido no momento da fecundação e depende da partir da puberdade.
constituição cromossômica do (D) ovogônias dividem-se por mitose e originam ovóci-
tos primários, que entram em meiose, logo após o nas-
(A) espermatozoide, que é definida na meiose I da ga- cimento.
metogênese do pai e a mãe não tem participação na (E) espermatócitos e ovócitos primários originam o
determinação do sexo da prole. mesmo número de gametas, no final da segunda divisão
(B) óvulo, que é definida na meiose II da gametogênese meiótica.
da mãe e o pai não tem participação na determinação
do sexo da prole.
(C) espermatozoide, que é definida na meiose II da ga-
metogênese do pai e a mãe não tem participação na
determinação do sexo da prole.
(D) óvulo e do espermatozoide, que são definidas na
meiose II da gametogênese de ambos os genitores e o
pai e a mãe participam, conjuntamente, da determina-
ção do sexo da prole.
(E) óvulo, que é definida na meiose I da gametogênese
da mãe e o pai não tem participação na determinação
do sexo da prole.

21. A figura representa, de forma simplificada, a game-


togênese humana masculina.

20 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


3 Reprodução dos
seres vivos

Gestantes e coronavírus: grupo de risco?


Pesquisadores israelenses acompanharam de perto mulheres que contraíram Covid-19
durante o primeiro ou segundo trimestre da gravidez e avaliaram o bem-estar fetal,
o crescimento e outros fatores relacionados. De acordo com um estudo publicado no
Journal of Clinical Medicin, e revisto por pares, a infecção por SARS-CoV-2 no início da
gravidez não prejudica o bebê.
A pesquisa acompanhou 55 mulheres que contraíram coronavírus e diferenciou entre
as que contraíram a doença no início da gravidez e aquelas que foram infectadas no
terceiro trimestre, quando há um risco aumentado de doenças maternas graves e com-
plicações.
Yoav Yinon, chefe da Unidade de Medicina Fetal do Centro Médico Sheba e investigadora
principal do artigo, observou que “não houve complicações na gravidez, restrições de
crescimento fetal ou complicações placentárias. Nenhum dos fetos mostrou sinais de
doença do sistema nervoso central, restrição de crescimento e disfunção placentária”.
Além disso, não houve evidência de transmissão vertical, o que significa que as mães
não transmitiram o vírus para seus bebês através da placenta.
As gestações resultaram em 100% de sobrevivência perinatal até o momento. As desco-
bertas do estudo trouxeram garantias à comunidade médica de Israel, onde no início de
2021, houve dois casos de bebês natimortos que mais tarde foram descobertos por terem
contraído o coronavírus de suas mães.
No entanto, apesar do relatório positivo, o pesquisador lembrou que as gestantes devem
se certificar de se vacinar contra o coronavírus. Isso porque existe um risco aumentado
de doenças maternas graves e complicações no terceiro trimestre que podem levar as
gestantes à unidade de terapia intensiva e levar ao parto prematuro.
No final de abril de 2021, a diretora dos Centros de Prevenção e Controle de Doenças
(CDC) dos Estados Unidos, Rochelle Walensky, recomendou que as mulheres grávidas
fossem vacinadas contra o COVID-19. O anúncio foi feito após a realização de um estudo
em que nenhum perigo para as mulheres ou para o feto foi observado.

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Sumário
Reprodução animal_03
Reprodução assexuada (ou agâmica)_03
Reprodução sexuada (ou gâmica)_04
Reprodução humana_09
Referências_15

Bio. _Contexto

01. De acordo com a leitura inicial, explique as conclusões dos pesquisadores israelenses a partir do
estudo realizado.

02. Qual é o posicionamento do Centros de Prevenção e Controle de Doenças (CDC) com relação às
gestantes e à vacinação para Covid-19?

03. De acordo com a leitura do texto inicial, é correto afirmar que:


(A) 100% das gestantes não conseguem sustentar a gravidez uma vez infectadas pelo SARS-CoV-2.
(B) gravidezes no primeiro e segundo trimestres são as mais propensas a gerar óbito do feto.
(C) o risco de doenças maternas graves e complicações na gravidez são aumentados a partir do terceiro
trimestre.
(D) tanto no início da gravidez quanto no final o risco de aborto ou parto prematuro é igual para as
gestantes que contraem Covid-19.
(E) contrair Covid-19 no início da gravidez é muito arriscado por causar má-formação fetal.
Biologia do desenvolvimento
Capítulo 3: Reprodução dos seres vivos

Reprodução dos seres vivos


Reprodução animal
Introdução

Todos os organismos vivos resultam da reprodução a partir de organismos vivos preexistentes, ao con-
trário do postulado pela teoria da geração espontânea.
Os métodos conhecidos de reprodução podem agrupar-se, genericamente, em dois tipos: os de
reprodução assexuada e o de reprodução sexuada. A reprodução sexuada é um traço quase uni- Até meados do século
versal entre os animais, embora muitas espécies possam também reproduzir-se assexuadamente XIX os cientistas acredi-
tavam que os seres vivos
e outras exclusivamente de forma assexuada. eram gerados esponta-
A prole gerada assexuadamente apresenta-se geneticamente idêntica entre si e a seus proge- neamente do corpo de
nitores. Entretanto, a reprodução assexuada não produz o tipo de diversidade genética produzida cadáveres em decompo-
pela sexuada. sição; que rãs, cobras e
crocodilos eram gerados
Espécies com reprodução assexuada ocorrem mais comumente em ambientes relativamente
a partir do lodo dos rios.
constantes, onde a diversidade genética é menos importante para o sucesso da espécie. As três Essa interpretação sobre
formas comuns de reprodução assexuada são brotamento, regeneração e partenogênese. a origem dos seres vivos
A reprodução sexuada implica a partilha de material genético, geralmente providenciado por ficou conhecida como
organismos da mesma espécie classificados geralmente como macho e fêmea. Em várias espécies, hipótese da geração es-
pontânea ou abiogênese.
fêmeas possuem estratégias para controlar a inseminação do óvulo. Algumas endurecem o cami-
nho do esperma; outras espécies desenvolveram um sistema reprodutivo para ajudar o esperma a
alcançar seu objetivo, como no caso dos seres humanos.

Reprodução assexuada (ou agâmica)


Cissiparidade, brotamento e regeneração

A reprodução assexuada conta com a participação de apenas um indivíduo; os descendentes são for-
mados por mitoses e, caso não ocorram mutações, são cópias genéticas (clones) do indivíduo original. A
vantagem está nos fatos de ser um processo mais rápido que a reprodução sexuada e de que um único or-
ganismo é suficiente para produzir descendentes. Nos organismos unicelulares, essa reprodução costuma
ocorrer por divisão binária, também chamada bipartição ou cissiparidade.

Em certos animais (como poríferos, cnidários,

BIOLOGIA
vermes e equinodermos), o corpo parte-se em
dois ou mais pedaços − laceração (ou regenera-
ção) − e cada pedaço regenera por mitoses a par-
Amebas
te perdida, gerando dois ou mais filhotes. A pla-
(filhas)
nária (animal do grupo dos platelmintos − vermes
de corpo achatado −, no qual também se encontra Ameba
(mãe) 3. Duas amebas (fi-
a tênia ou solitária, um parasita do intestino hu-
mano), por exemplo, “estica” seu corpo e o parte lhas) são produzidas
1. A ameba cresce e seus
em dois pedaços; cada pedaço origina um novo componentes são duplicados
indivíduo inteiro, o que é possível graças ao gran-
de poder de regeneração desse animal.
Outras vezes, em uma parte do corpo do indi-
víduo cresce um broto (um broto cresce por divi-
são celular mitótica, e as células se diferenciam
antes que o broto se separe do progenitor), que 2. A ameba se torna
corresponde a um esboço de filhote − é o brota- mais fina no seu
mento. No brotamento (ou gemiparidade), ocorre centro
um processo inverso ao da laceração. Primeiro, há Figura 1. Reprodução assexuada das amebas por cissiparidade.
um crescimento de um destacamento do corpo Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.
original por sucessivas mitoses; depois, ocorre o
corte (separação).
Migração dos neoblastos e
desdiferenciação dos tecidos
locais

Tecidos de
regeneração
(blastema)

Figura 2. Reprodução assexuada da planária por laceração.


Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 3


Biologia do desenvolvimento
Capítulo 3: Reprodução dos seres vivos

O broto é geneticamente idêntico ao seu progenitor, e pode crescer tanto quanto o progenitor antes de
se tornar independente. Algumas vezes, o broto não se desliga; com o aparecimento de novos brotamen-
tos, o conjunto pode formar uma colônia, como ocorre nos corais ou com as esponjas.
No caso das plantas, encontramos tanto reprodução sexuada quanto assexuada. Esta última ocorre, por
exemplo, quando caules ou folhas originam novas plantas completas. Isso acontece de forma natural em
caules subterrâneos e rasteiros. A reprodução das plantas será estudada no capítulo referente à Botânica.

Nova
Broto hidra

Figura 3. Reprodução assexuada por brotamento em hidras.


Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.

_Cissiparidade e laceração

A cissiparidade (divisão binária ou, ainda, bipartição) ocorre com organismos unicelulares que dividem-se em
duas partes geneticamente iguais, que passarão a constituir novos indivíduos. Essa forma de reprodução é verificada,
geralmente, nas bactérias, nas algas unicelulares e nos protozoários. A laceração ocorre quando parte do indivíduo
é cortado gerando um novo ser. Cortando o braço de uma estrela-do-mar, por exemplo, verifica-se que o animal
regenera o braço cortado, podendo reconstituir um novo organismo – o que também é observado em planárias.

Partenogênese

Também conhecida como partogênese, o mecanismo de repro-


dução chamado partenogênese diz respeito ao crescimento e de-
BIOLOGIA

senvolvimento de um embrião sem que ocorra a fertilização, ou seja,


ocorre por reprodução assexuada. É o caso de fêmeas que apresen-
tam a habilidade de procriar sem que haja um parceiro sexual, ha-
vendo a participação apenas do gameta feminino.
Esse fenômeno ocorre com os artrópodes, algumas espécies de
peixes, anfíbios e répteis. Em muitas espécies de animais, a parteno-
gênese é parte de um mecanismo de determinação sexual.
Um exemplo é o das abelhas (assim como em muitas formigas
e vespas): os machos desenvolvem-se dos ovos não fertilizados e
são haploides − chamados de zangões. As fêmeas desenvolvem-se
Figura 4. Colônia de abelhas.
Entre as abelhas e alguns outros insetos, a única fêmea reprodutiva é a
a partir de ovos fertilizados e são diploides (rainhas ou operárias).
rainha, vista no centro, depositando ovos no favo. As fêmeas operárias A maior parte das fêmeas é composta de operárias estéreis, mas
que atendem a rainha são estéreis. umas poucas selecionadas se tornam rainhas férteis. Após o aca-
Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.
salamento, a rainha mantém um suprimento de esperma sob seu
controle, permitindo-lhe produzir ovos fertilizados ou não. Assim, a
rainha determina quando e quanto dos recursos da colônia serão
despendidos em machos.

Reprodução sexuada (ou gâmica)


Quanto mais simples a
organização do corpo de
um animal, maior é a sua Introdução
capacidade de reprodu-
ção por esses meca- Ao contrário da reprodução assexuada, a reprodução sexuada origina filhos com uma varie-
nismos (assexuados).
Portanto, a reprodução
dade genética muito grande. Isso porque os gametas, produzidos por meiose, são geneticamente
assexuada depende da distintos e podem associar-se de várias maneiras durante a fecundação. A reprodução sexuada
capacidade de regenera- está presente na maioria das espécies pluricelulares. Mesmo aquelas que se reproduzem de forma
ção do organismo. assexuada, quase todas apresentam, periodicamente, reprodução sexuada, ainda que simples.

De modo geral, pode-se dizer que a reprodução sexuada se caracteriza pela formação de gametas
(gametogênese) e pela fecundação ou fertilização (união dos gametas). Nesse tipo de reprodução, há al-
ternância entre meiose, que origina células haploides (com metade dos cromossomos das outras células),
e fecundação, que restaura o número diploide de cromossomos. A reprodução sexuada por si só também
contribui para diversidade genética. A variabilidade genética entre os gametas de um único indivíduo e

4 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Biologia do desenvolvimento
Capítulo 3: Reprodução dos seres vivos

aquela entre dois progenitores produz um enorme potencial para variabilidade genética entre a prole de
um par de indivíduos com reprodução sexuada.

A reprodução sexuada nos animais consiste em três passos fundamentais:

• Gametogênese (produção de gametas);


• Acasalamento (união dos gametas); e
• Fertilização (fusão dos gametas).

Gametogênese

A gametogênese (processo de formação dos gametas) ocorre


nas glândulas sexuais ou gônadas (testículos nos machos e ovários Ducto
nas fêmeas). Os espermatozoides (minúsculos gametas masculinos deferente
que se movem pelo batimento de seus flagelos) são produzidos por
espermatogênese nos testículos; os óvulos − os grandes gametas Epidídimo
femininos –, são imóveis (na espécie humana, ovócitos) e produzi-
dos por ovulogênese (ou ovogênese) nos ovários. Parede externa
A espermatogênese e a ovulogênese são semelhantes e podem do testículo
Túbulos
ser divididas, basicamente, em três fases: multiplicação, cresci-
seminíferos
mento e maturação. Na espermatogênese ocorre ainda a fase de Corte
especialização ou espermiogênese (momento em que as esper- transversal
mátides se transformam em espermatozoides propriamente ditos). do túbulo
No período de multiplicação, determinadas células − as gônias seminífero
(espermatogônias do testículo e ovogonias do ovário) − multipli-
cam-se intensamente por divisões mitóticas. As células resultantes
Figura 5. Testículo em corte longitudinal.
desse período iniciam a fase de crescimento. No caso das ovogonias Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.
é um período durante o qual a célula aumenta muito de volume
devido ao acúmulo de alimento (vitelo) no citoplasma.
As células resultantes do período de crescimento, agora chamadas de cito primário ou
cito I (espermatócito e ovócito primários), iniciam a fase de maturação, que corresponde O ovócito primário ad-
a uma meiose. quire toda a energia, ma-
téria-prima e RNA que
o ovo irá necessitar para
sobreviver às suas pri-
Trompa de meiras divisões celulares
Falópio ou uterina
Ovulação
após a fertilização. De
Útero

BIOLOGIA
fato, os nutrientes no ovo
Fecundação Ovário devem manter o embrião
Espermatozoide 30 horas: o ovo até que ele seja nutrido
se divide em 2 pelo sistema circulató-
células
rio materno ou possa se
Divisão em alimentar sozinho.
4 células

Óvulo Divisão celular 3 dias: forma-se um


do ovo cacho com 8 células
Implição
(embrião) 4 dias: o embrião
Parede do está com 64 células
útero
Espermatozoides 5 ou 6 dias: o embrião
se implanta no útero
ao redor do óvulo (ovo fecundado)

Figura 6. Sistema reprodutor feminino.


Ilustração da formação do gameta feminino no ovário, a fecundação e a implantação do embrião no útero.
Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.

Testículo em corte
Na espermatogênese, essa meiose pro- Canal deferente
duz quatro células haploides para cada
Epidídimo
espermatócito primário que inicia a di- Epidídimo
visão. As duas células resultantes da pri-
meira divisão da meiose são chamadas de Lóbulo

citos secundários ou citos II (espermató- Septo


citos secundários) e as quatro finais são Células
as espermátides, que se diferenciam em intersticiais
espermatozoides pelo processo de esper- Testículo Bolsa
miogênese ou fase de especialização. escrotal
Na ovulogênese, a primeira divisão da
meiose de cada ovócito primário produz
Túbulo seminífero

uma célula grande (ovócito secundário) Espermatogônio


Espermátide
e uma atrofiada (primeiro polócito ou Espermátide I
primeiro glóbulo polar). O mesmo ocorre Espermátide II
Espermatozoide Capilar
na segunda divisão, em que se produzem
uma ovótide ou óvulo e o segundo poló- Figura 7. Corte esquemático de tubo seminífero.
Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 5


Biologia do desenvolvimento
Capítulo 3: Reprodução dos seres vivos

cito ou segundo glóbulo polar. Portanto, cada ovócito primário produz apenas um óvulo. Na maioria dos
mamíferos, a primeira divisão da meiose ocorre imediatamente antes da ovulação (processo em que o cito
II é lançado na tuba uterina). A segunda divisão da meiose só se completa se o espermatozoide penetrar
no cito II.
Espermatogênese Ovogênese
Células germinativas
2n primordiais 2n
Período de
multiplicação
(mitoses)
2n 2n 2n 2n Gônias 2n 2n 2n 2n

Período de
crescimento 2n Citos I 2n

Polócito I
Citos II
Período de
maturação
(meiose) Polócito II
n n n n n
n
Espermátides
Óvulo n n

Espermiogênese n n n n

Fecundação

Espermatozoides

Figura 8. Gametogênese.
Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.
BIOLOGIA

Fecundação

A união de um espermatozoide haploide com um óvulo haploide (por penetração, no caso do esper-
matozoide no óvulo ou, em algumas espécies, por contato – atração dos espermatozoides por substâncias
químicas produzidas pelo óvulo ou por células que o envolvem) na fertilização cria uma única célula di-
ploide, chamada de zigoto, a qual irá se desenvolver em um embrião. Nos mamíferos, o espermatozoide
passa, inicialmente, pela corona radiata (ou coroa radiada), células foliculares que envolvem o ovócito II
(na maioria das espécies) e que se desprenderam com ele do ovário.

Depois, o espermatozoide entra em contato com uma camada gelatinosa formada por gli-
O processo de fertilização coproteínas (zona pelúcida). Quando o primeiro espermatozoide funde sua membrana com a
envolve uma complexa membrana plasmática do ovócito, começam as modificações que impedirão a entrada de outros
série de eventos até ser
concluído: reconhecimento espermatozoides. Em anfíbios, répteis e aves, pode ocorrer a entrada de mais de um espermato-
entre óvulo e espermato- zoide (polispermia), mas apenas um é utilizado; os outros são destruídos por enzimas do óvulo.
zoide; ativação do esper- A última etapa da fecundação é a cariogamia (cario = núcleo; gamo = casamento), também
matozoide, permitindo que chamada singamia (sin = aproximação) e anfimixia (anfi = duplo; mixia = mistura). Nessa etapa,
ganhe acesso à membrana
o núcleo do espermatozoide − chamado pró-núcleo masculino − funde-se com o núcleo do óvu-
plasmática do óvulo; fusão
das membranas plasmá- lo − o pró-núcleo feminino −, formando o zigoto. Logo em seguida, o zigoto passa pela primeira
ticas do espermatozoide mitose de seu desenvolvimento. A fecundação pode ser:
e do óvulo; bloqueio da
entrada adicional de • externa: esse processo é frequente em muitos invertebrados aquáticos, em muitos peixes e na
espermatozoides no óvulo;
ativação do metabolismo maioria dos anfíbios. O macho e a fêmea lançam seus gametas na água e o encontro entre estes
do óvulo e estimulação do se dá fora do corpo. A quantidade de gametas produzidos é significativa, compensando a grande
início do desenvolvimento; perda;
fusão do núcleo do esper-
matozoide com o o núcleo
• interna: sendo os espermatozoides lançados no sistema reprodutor feminino, a fecundação
do óvulo e criação do
núcleo diploide do zigoto. interna constitui uma importante adaptação à vida terrestre, impedindo a desidratação dos ga-
metas. Esse tipo de fecundação reduz ao máximo o desperdício dos gametas, permitindo uma
economia no número de óvulos produzidos.

Juntamente com a fecundação interna, surgiram hábitos mais complexos de corte: em muitas espécies,
o macho possui um pênis, órgão que facilita a introdução de gametas na fêmea. Forma dominante de
fecundação para os animais terrestres, a fecundação interna é encontrada nos répteis, nas aves, nos ma-

6 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Biologia do desenvolvimento
Capítulo 3: Reprodução dos seres vivos

míferos e em diversos invertebrados (insetos, aranhas etc.), mas é frequente também em alguns animais
aquáticos, como o polvo, a lula e alguns peixes.

Coroa radiada

Óvulo Zona pelúcida

Glóbulos polares

Enzimas do
acrossoma

Coroa radiada

Zona pelúcida

Grânulos
corticais
Membrana
plasmática

Núcleo do
óvulo

Primeiras células formadas Fusão dos núcleos e início da mitose


Figura 9. Fecundação (ilustração).
Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.

Determinação do sexo
Ao se comparar uma cé-

BIOLOGIA
Na maioria das espécies, também na humana, existe um par de cromossomos res- lula masculina com uma
ponsável pela diferença entre os dois sexos: os cromossomos sexuais ou heterocro- célula feminina, notam-
mossomos. Em geral, nas fêmeas eles são idênticos e, nos machos, um dos cromosso- -se diferenças entre os
seus cromossomos, que
mos é idêntico ao das fêmeas e o outro é diferente. habitualmente se restrin-
Em todas as espécies dioicas, ou seja, que possuem sexos separados, as fêmeas gem a um par, chamados
possuem cromossomos sexuais homólogos (XX), enquanto que os machos possuem cromossomos sexuais ou
um cromossomo sexual semelhante ao das fêmeas (X) e outro cromossomo sexual alossomos. Todos os de-
mais, idênticos nas células
tipicamente masculino (Y), sendo então XX para as fêmeas e XY para os machos. Em
masculina e feminina, são
princípio, se o óvulo (ovócito II, na maioria dos mamíferos) for fecundado por um es- chamados autossomos.
permatozoide X, o embrião originará uma fêmea; se por um espermatozoide Y, nascerá
um macho.
Cromossomos sexuais
das células somáticas

X X Y

M
e ei
os Fecundações os
ei possíveis e
M

XX XY

Figura 10. Determinação do sexo na espécie humana.


Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 7


Biologia do desenvolvimento
Capítulo 3: Reprodução dos seres vivos

A determinação do sexo ocorre no momento da fecundação do óvulo. Nos mamíferos, essa determi-
nação é feita através dos cromossomos sexuais encontrados nos gametas masculinos, que são os esper-
matozoides (XY), e no gameta feminino, que é o óvulo (XX) − como já mencionado em linhas anteriores.
Sabemos que a espécie humana possui 46 cromossomos, sendo que 23 desses cromossomos foram doados
pela mãe (no óvulo) e os outros 23 cromossomos foram doados pelo pai (no espermatozoide).
Uma vez definido o tipo de gônada, ela produz hormônios que estimulam o desenvolvimento do sis-
tema sexual masculino ou feminino e também as características sexuais que aparecem na puberdade: a
presença de barba, a voz grossa e o maior desenvolvimento muscular no homem; o aumento dos seios e
dos quadris na mulher etc.

_Determinação sexual cromossômica

A determinação sexual é o processo biológico que mo Y nos machos determina a produção de testos-
determina o desenvolvimento de características sexuais terona e consequente desenvolvimento das caracte-
de um organismo. Ao longo da evolução da reprodu- rísticas sexuais masculinas;
ção sexuada, diversos mecanismos de determinação e
regulação do desenvolvimento sexual foram sendo se- • Sistema X0 – esse sistema ocorre em espécies
lecionados nas diferentes espécies. A interação de fa- onde não existe o cromossomo Y. Os machos são,
tores genéticos no genoma do zigoto, produtos gênicos portanto, X0 (lê-se xis-zero) e as fêmeas são XX.
transmitidos pelos pais, e condições ambientais duran- Esse tipo de herança ocorre em alguns insetos, como
te o desenvolvimento formam o complexo sistema de os gafanhotos. Os machos desse sistema possuem
determinação sexual. um número ímpar de cromossomos em seu cariótipo
e as fêmeas possuem um número par;
• Sistema XY – nesse sistema, as fêmeas possuem o
cariótipo XX, ou seja, apresentam o cromossomo X • Sistema ZW – esse tipo de herança ocorre em al-
em dose dupla, e os machos apresentam os cromos- gumas espécies de insetos, peixes, aves e répteis.
somos XY. Está presente nos insetos, mamíferos, al- Nessa herança, o sexo heterogamético é a fêmea,
guns peixes e plantas. É o caso da espécie humana, que apresenta os cromossomos sexuais ZW e o ma-
onde o macho é o sexo heterogamético (XY) e é ele cho, ZZ. Como a fêmea é heterogamética, ela que
que define o sexo da prole. A presença do cromosso- define o sexo da prole.

Hermafroditismo
BIOLOGIA

Em várias espécies de invertebrados, um mesmo indivíduo produz normalmente espermatozoides e


óvulos (hermafroditismo). Em princípio, o indivíduo hermafrodita pode fecundar a si próprio (autofe-
cundação), mas isso só é verificado em alguns parasitas (como a tênia) e em organismos fixos que vivem
isolados.
Na maior parte das vezes, os hermafroditas realizam fecundação cruzada: um dos indivíduos funciona
como macho e o outro, como fêmea. Em alguns casos (como nas minhocas, por exemplo), ocorre fecun-
dação recíproca, também chamada fecundação cruzada mútua, na qual os dois funcionam, ao mesmo
tempo, como macho e fêmea, dando e recebendo espermatozoides.

Receptáculos seminais Vesículas seminais

Ovário
Vesículas seminais
Figura 11. Fecundação recíproca nas minhocas.
Os espermatozoides eliminados pelas vesículas seminais são lançados nos receptáculos seminais da outra minhoca.
Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.

Na espécie humana, os "hermafroditas" são estéreis e possuem órgãos genitais malformados. Até os
dois meses de gestação, homens e mulheres têm a genitália idêntica. O que os diferencia, a partir desse
momento, é que a presença do cromossomo Y no embrião do sexo masculino (em especial um gene de-
nominado SRY), produz proteínas que orientam para a formação dos genitais masculinos e para a ação da
testosterona, o hormônio sexual masculino. No feto do sexo feminino, a ausência do gene SRY estimula a
formação de genitais femininos.
É comum referir-se a pessoas com esta condição de “hermafroditas”. Este termo, no entanto, está
ultrapassado e, aos poucos, está caindo em desuso. Atualmente, o nome mais correto para a condição é
“intersex”.

8 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Biologia do desenvolvimento
Capítulo 3: Reprodução dos seres vivos

Há três tipos de hermafroditismo: o hermafroditismo verdadeiro, o pseudo-hermafroditismo masculino


e o pseudo-hermafroditismo feminino.
No primeiro caso, o indivíduo apresenta ovários e testículos e os órgãos genitais externos com estrutu-
ras masculinas e femininas. Geneticamente, a maioria dos hermafroditas verdadeiros tem em cada célula
dois cromossomos X – os homens normais têm um cromossomo X e um Y e as mulheres, dois X. Portanto,
eles deveriam ser mulheres.
O desenvolvimento dos testículos se deve a alterações em genes ainda desconhecidos que atuam como
o gene SRY do cromossomo Y, responsável pela formação dos testículos.
No segundo, o indivíduo é um homem (XY) do ponto de vista genético, mas o pênis não se desenvolve
completamente. Trata-se de homens não completamente virilizados, por lacunas no desenvolvimento se-
xual embrionário.
No terceiro caso, ocorre o inverso. As mulheres apresentam dois cromossomos X e têm o aparelho
reprodutor feminino completo, mas durante a fase intrauterina sofrem um processo de virilização dos ge-
nitais: o clitóris cresce excessivamente e se apresenta como uma estrutura semelhante ao pênis.
Uma das causas possíveis é genética. Mutações no gene CYP21A2 (que se encontra no braço curto do
cromossomo 6) resultam na deficiência de uma enzima, a 21-hidroxilase. O nome da doença decorrente
dessa deficiência é hiperplasia congênita da suprarrenal (HCSR), que ocorre em 1 em cada 17 mil nasci-
mentos.
Há também causas não genéticas. Quando a mulher, sem saber que está grávida, toma hormônios,
essas substâncias podem contribuir para a virilização do feto do sexo feminino.

Conjugação

A conjugação é uma troca de material genético entre organismos uni-


celulares ou mesmo entre multicelulares muito simples, de modo que os
descendentes passam a apresentar uma recombinação de caracteres he-
reditários. Isso estimula a variabilidade genética da espécie, sendo uma
forma intermediária entre a reprodução assexuada e sexuada. Ocorre em
bactérias, protozoários e algas.

Fixando conceitos Figura 12. Paramécios em conjugação.


Vistos ao microscópio de luz, com cerca de 200x de aumento, colori-
dos artificialmente.
01. Diferencie o processo de reprodução sexuada do processo
de reprodução assexuada. Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.

BIOLOGIA
02. Explique porque não há variabilidade genética na reprodu-
ção assexuada.
03. Quais as formas mais comuns de reprodução assexuada?
04. Diferencie a reprodução sexuada com fecundação interna
da reprodução assexuada com fecundação externa.

Reprodução humana
Introdução

Na puberdade (o período de transição entre a infância e a adolescência, no qual ocorre o desenvolvi-


mento dos caracteres sexuais secundários e a aceleração do crescimento, levando ao início das funções
reprodutivas), o corpo humano sofre grandes transformações.
Nos meninos, ela começa, em geral, entre os 9 e os 14 anos de idade. Entre outras transformações, os
órgãos genitais crescem, a musculatura se desenvolve, aparecem a barba e os pelos nas axilas e no púbis
(pelos púbicos), o crescimento se acelera e começa a produção de espermatozoides.
Nas meninas, a puberdade começa, em geral, entre os 8 e os 13 anos. Os seios aumentam, aparecem
pelos nas axilas e no púbis, o ritmo do crescimento se acelera e ocorre a primeira menstruação e ovulação
(lançamento de um ovócito secundário na tuba uterina).
Essas mudanças são controladas por hormônios, substâncias químicas lançadas no sangue por certas
glândulas do corpo, chamadas glândulas endócrinas. Essas transformações são controladas pela glân-
dula hipófise e pelos hormônios produzidos nos testículos (testosterona) e nos ovários (progesterona).

Sistema genital feminino

O sistema genital feminino é formado por um par de ovários, que produzem hormônios sexuais femi-
ninos e ovócitos, e um par de tubas uterinas (ou trompas de Falópio), que desembocam no útero, órgão
muscular e oco que aloja o embrião durante a gravidez.
O útero tem o formato de uma pera invertida, com 7,5 centímetros de comprimento e 5 centímetros de
largura (durante a gravidez, aumenta muito de tamanho, chegando a ter 35 centímetros de comprimento).
Dele sai a vagina, que se abre nos órgãos genitais externos.

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 9


Biologia do desenvolvimento
Capítulo 3: Reprodução dos seres vivos

A vagina recebe o pênis durante o ato sexual e é através dela que o bebê sai no momento do parto
(natural).
A abertura da vagina e da uretra é protegida por dobras de pele e pelos lábios maiores e menores
(dobras de pele e mucosa). Um pouco acima do orifício da uretra está o clitóris, pequeno órgão formado
pela união da parte de cima dos pequenos lábios, que, por possuir muitas terminações nervosas, é muito
sensível a estímulos, além de apresentar tecidos que se enchem de sangue durante a excitação sexual.
Em mulheres virgens, fechando parcialmente a abertura da vagina, há uma membrana perfurada (o
hímen), que, em geral, se rompe no primeiro ato sexual (algumas mulheres têm hímen complacente, que
possui uma abertura grande e pode não se romper com a penetração do pênis). Na parede vaginal, abrem-
-se os ductos das glândulas vestibulares maiores (ou de Bartholin). Sob ação de estímulos sexuais, essas
glândulas produzem um líquido que lubrifica a vagina.
Os espermatozoides depositados na vagina “nadam” pelo útero até a parte superior das tubas, onde
ocorre a fecundação. A tuba é revestida por células com cílios, cujos movimentos, juntamente com con-
trações musculares, levam o zigoto em direção ao útero. Durante essa viagem, que dura em média quatro
dias, o zigoto sofre mitoses, de modo que, ao chegar ao útero, já se encontra na forma de uma pequena
esfera com 16 a 32 células. Cinco dias após a fecundação, formado por cerca de duzentas células, implan-
ta-se no útero (nidação) e inicia-se a gravidez.
Os ovários começam a funcionar já na fase embrionária, estimulados pelo hormônio gonadotrofina
coriônica humana (hCG), produzido pela placenta e similar ao LH. Por ocasião do nascimento, existe cerca
de 1 milhão de futuros óvulos, no interior de “cachos” de células: os folículos ovarianos. Em cada folículo,
apenas uma ovogonia cresce, transformando-se em ovócito primário e iniciando a primeira divisão da
meiose.
No entanto, com o nascimento, o bebê perde o contato com a placenta e todo esse processo é interrom-
pido, e o ovócito I fica estacionado na prófase I da meiose. Depois, na puberdade, quando a menina é capaz
de produzir seus próprios hormônios, a meiose continua e a sua primeira divisão termina, com a formação
de um ovócito II e um glóbulo polar.

Tuba uterina Intestino


(trompas de Falópio) grosso Ovário

Tuba uterina
Pavilhão
Endométrio
BIOLOGIA

Útero
Flagelo
Ovário

Flagelo
Ligamento ovárico Canal
Extensão do
útero

uterino
Útero

Colo
uterino
Reto
Uretra
Ânus Vagina
Osso púbis
Clítoris

Lábio menor

Formação dos Bexiga Orifício Vagina


lábios urinária da Figura 13. Sistema genital feminino.
uretra Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.

Quando a mulher engravida, dois eventos são fundamentais: a fertilização. Quando o casal tem re-
lações no período fértil, os espermatozoides passam pelo colo do útero com a ajuda do muco cervical,
“nadando” em direção às tubas uterinas, onde devem encontrar o óvulo liberado pelo folículo dominan-
te. No sêmen ejaculado, existem milhões de espermatozoides, mas muitos não sobrevivem no trajeto e
algumas centenas chegam ao óvulo, sendo que apenas um penetra a zona pelúcida (camada externa)
e faz a fertilização.
O interessante é que esse período é muito curto, pois o óvulo tem apenas 24 horas para ser fertilizado
após a ovulação. Após a fertilização, o embrião é formado e a tuba deve transportá-lo ao endométrio.
Neste trajeto, que dura 5 dias, o embrião se divide em várias células e chega ao útero numa fase conhe-
cida como blastocisto, quando infiltra o endométrio e começa a produzir as células que vão formar a
placenta. Estas células produzem o bhCG (gonadotrofina coriônica humana), que pode ser detectado
por testes de gravidez. Este hormônio mantém o corpo lúteo produzindo a progesterona, que ajuda a
manter a gestação).

10 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Biologia do desenvolvimento
Capítulo 3: Reprodução dos seres vivos

Percebemos então que a concepção não é tão fácil como imaginamos e cerca de 15% dos casais
"saudáveis" podem ter dificuldades para engravidar naturalmente. Às vezes, uma avaliação de um es-
pecialista com orientação para os dias mais férteis é o suficiente para a mulher conseguir engravidar.

Ovócito primário
Ovário

Figura 14. Ciclo ovariano.


Progride do desenvolvimento de um folículo até sua ovulação e, finalmente, para o crescimento e degeneração do corpo lúteo. A micrografia mostra um folículo maduro de mamífero; o
ovócito está no centro.

Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.

O ciclo menstrual

Uma vez por mês, em média, o ovário lança um cito II na tuba (ovulação) e o útero prepara-se para
receber um embrião. Se houver fecundação, o embrião se implantará e crescerá no útero. Caso não haja,

BIOLOGIA
a parte interna do útero desmancha-se e é eliminada pela vagina (a menstruação − do latim menses, que
significa “meses”). Essa série de acontecimentos no ovário e no útero é controlada pelo FSH (hormônio
folículo estimulante) e pelo LH (hormônio luteinizante) e constitui o ciclo menstrual, dividido em três
fases:

• Fase folicular ou proliferativa: o folículo cresce estimulado pelo FSH e produz estrogênios (ou estró-
genos), hormônios que provocam o crescimento do endométrio, membrana que forra o útero e na qual
o embrião se fixará e crescerá. Em geral, apenas um folículo termina seu crescimento e transforma-se
em folículo maduro ou de Graaf. O ovócito primário termina a primeira divisão da meiose ao mesmo
tempo que o folículo crescido se rompe, lançando o ovócito secundário na tuba uterina;

• Secretória ou lútea: sob a ação do LH, o folículo rompido transforma-se no corpo amarelo ou lúteo,
glândula que secreta estrogênios e progesterona. Esta torna o endométrio espesso, vascularizado e
cheio de secreções nutritivas;

• Menstrual: o útero “espera” pelo embrião até cerca de quatorze dias depois da ovulação; se não
ocorrer fecundação e não chegar nenhum embrião até esse dia, o corpo lúteo degenera ao longo da
segunda fase do ciclo, transforma-se em uma “cicatriz” (corpo branco ou albicans) e deixa de produzir
os hormônios. A queda de progesterona provoca a degeneração e a eliminação de parte do endométrio
(menstruação, que dura de três a sete dias).

Por convenção, considera-se o primeiro dia de menstruação o início do ciclo menstrual. Na primeira
metade do ciclo, um novo folículo é estimulado pelo FSH e começa a crescer, produzindo estrogênios, cuja
concentração aumenta gradativamente e inibe (controle por feedback) a produção de FSH e LH. No meio
do ciclo, a alta taxa de estrogênios passa a ter efeito contrário, estimulando a produção de LH e, em menor
grau, de FSH por meio de um feedback positivo. Logo após o pico de estrogênios, há um pico de LH e FSH.
Com o LH alto (perto do décimo quarto dia), ocorre a ovulação. Assim, é o LH que provoca a ovulação e a
formação do corpo lúteo.
Após o pico de LH e da ovulação, a taxa de estrogênios cai. O corpo lúteo começa a secretar progeste-
rona e a taxa desse hormônio aumenta. A concentração elevada de progesterona, associada a um pouco
de estrogênio, inibe a produção de FSH e LH. Com a queda da concentração de LH, o corpo amarelo tende
a regredir e a concentração de estrogênio e a de progesterona diminuem, o que provoca a menstruação e
o desbloqueio da hipófise, e um novo ciclo inicia-se.

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 11


Biologia do desenvolvimento
Capítulo 3: Reprodução dos seres vivos

A primeira menstruação é chamada de menarca. Por volta dos cinquenta anos, as mulheres passam
pela menopausa: a ovulação e a menstruação tornam-se irregulares e interrompem-se, por causa da
queda na taxa de estrogênio e progesterona produzidos.

30 horas: o ovo se
4 dias: o embrião 5 ou 6 dias: o embrião se
divide em duas células 3 dias: forma-se um
está com 64 células implanta no útero (nidação)
cacho com 8 células

0 hora:
fecundação

Tuba uterina

Folículos

Ovulação

Útero

Ovário

Corpo lúteo

Vagina

Figura 15. Formação do gameta feminino no ovário, fecundação e implantação do embrião no útero.
Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.
BIOLOGIA

Figura 16. Esquema simplificado do ciclo menstrual e os gráficos de concentração no sangue dos hormônios da hipófise e do ovário ao longo do ciclo.
Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.

12 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Biologia do desenvolvimento
Capítulo 3: Reprodução dos seres vivos

O ciclo uterino na maior parte dos mamíferos não humanos não inclui a menstruação – em vez disso, o
revestimento uterino é reabsorvido. Nessas espécies, a correlação com o ciclo ovariano constitui um estado
de receptividade sexual chamado estro, próximo à época da ovulação.
O sangramento que ocorre nas cadelas na época do estro não é o mesmo que em uma menstruação ‑
na verdade, ele constitui exatamente o oposto. Quando uma fêmea de mamífero entra no estro (ou "cio"),
ela solicita, ativamente, a atenção do macho e pode ficar agressiva com outras fêmeas. A mulher é a única
entre os mamíferos que menstrua, por ser potencialmente receptiva sexualmente durante todo o seu ciclo
ovariano e em todas as estações do ano.

Período fértil e gravidez

O óvulo (na realidade, na maioria dos mamíferos e na espécie humana, é o ovócito II que será fecun-
dado) pode ser fecundado em um período de 24 a 36 horas após ter sido eliminado do ovário. Alguns
espermatozoides podem permanecer vivos no sistema genital feminino por 72 horas (ou até mais). Assim,
uma mulher pode engravidar se tiver uma relação sexual 72 horas antes da ovulação e até 36 horas depois.
Como a ovulação ocorre de treze a quinze dias antes da próxima menstruação, o período fértil está, por-
tanto, perto do meio do ciclo. O período estéril está próximo ao início e ao fim do ciclo. É preciso lembrar,
no entanto, que a duração do ciclo é variável, podendo oscilar entre 21 e 35 dias, o que torna difícil prever
o período fértil.
Em caso de gravidez, a placenta produz o hormônio hCG, que mantém o corpo lúteo ativo e impede
que haja menstruação e ovulação. A detecção desse hormônio na urina ou no sangue serve de método
para identificar a gravidez. Os testes de gravidez caseiros detectam o hCG na urina, em geral, catorze dias
depois da concepção, mas não são infalíveis. Por isso, qualquer que seja o resultado, deve-se entrar em
contato com um médico, que indicará um teste mais preciso. A partir do terceiro mês, com a produção de
progesterona e estrogênio pela placenta, o corpo lúteo degenera, e o processo torna-se independente do
ovário.

_O parto

Existem dois tipos de parto: o parto cirúrgico (a tal. Num parto normal, o bebê deve apresentar-se de
cesárea/cesariana) e o parto vaginal (ou natural). Os cabeça virada para baixo. Depois de se apresentar
partos vaginais podem ser diferenciados em partos nessa posição, o feto começa a iniciar movimentos
vaginais cirúrgicos – que acontecem normalmente em para encaixar a cabeça nos ossos pélvicos da mãe.
hospitais com intervenções médicas como anestesia, A mulher sente, normalmente, movimentos fortes

BIOLOGIA
aplicação de ocitocina (hormônio sintético que induz e bruscos que indicam esta mudança de posição –
as contrações uterinas), episiotomia (corte vaginal) muitas vezes, a grávida começa a sentir, no final da
etc.; e partos vaginais naturais – apenas com interven- gravidez, os “pontapés” na zona superior do abdô-
ções extremamente necessárias. men, o que indica que o bebê está voltado de cabeça
O parto normal pode ser realizado em posições va- para baixo;
riadas, como deitada, de cócoras ou utilizando uma
cadeira de parto. Há também a possibilidade de ser re- • contrações uterinas ritmadas e dolorosas: no início
alizado na água, em uma banheira apropriada. Quanto do trabalho de parto, as contrações são irregulares
aos locais, em maternidades há mais recursos de as- (isto é, os intervalos não são certos) e são pouco fre-
sistência para a mãe e o recém-nascido, mas há quem quentes. Começa por sentir que a barriga fica dura,
opte por ter o bebê em casas de parto ou no próprio podendo não haver dor. Progressivamente, vão-se
domicílio. tornando mais regulares, mais intensas e mais pró-
Nem sempre o parto normal é possível. Nesses casos, ximas. Quando elas forem regulares, com intervalos
a cesariana é uma cirurgia decisiva para garantir a se- de 10 em 10 minutos, deve dirigir-se à maternida-
gurança da mãe e do bebê. A operação consiste em um de/hospital. Nas últimas semanas de gravidez é co-
corte na parede abdominal e no útero. O bebê é retirado mum ocorrerem contrações irregulares e indolores,
através desta abertura, que é fechada com pontos. A ce- sem que isto signifique o início do trabalho de parto
sárea é uma cirurgia e, por isso, a recuperação da mãe (contrações de Braxton-Hicks);
é mais lenta que a do parto normal, mas atualmente é
considerado um procedimento bastante seguro. • ruptura das membranas ou “bolsa de águas”: saí-
No entanto, o melhor tipo de parto é aquele em que da de líquido amniótico pela vagina, devida à rup-
tanto a mãe quanto o bebê são submetidos às melhores tura das membranas que envolvem o bebê. O líqui-
condições possíveis. Por isso, o pré-natal é importan- do pode sair aos poucos ou repentinamente e em
te, pois fornece informações essenciais para ajudar o grande quantidade. Normalmente, o líquido é claro
médico a decidir junto com o casal a opção de parto e transparente. Nesta situação deve dirigir-se à ma-
mais adequada para aquela gestante em particular e ternidade/hospital;
seu bebê.
• expulsão do “tampão” mucoso: outro indicador de
Primeiros sinais do início do trabalho de parto: que a data de parto se aproxima é a expulsão do
tampão mucoso que consiste na eliminação, através
• o bebê encaixa-se: o primeiro sinal de que o bebê da vagina, de um muco gelatinoso, rosado ou acas-
se prepara para nascer é a mudança da posição fe- tanhado.

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 13


Biologia do desenvolvimento
Capítulo 3: Reprodução dos seres vivos

_O parto

As secreções existentes na vagina ou dentro do colo uterino soltam-se repentinamente e a expulsão é provocada
pelas contrações uterinas e pela abertura do colo do útero. Isto acontece antes da fase ativa e, mais uma vez, pode
anteceder o parto dias ou apenas horas. A sua expulsão pode ocorrer dias ou horas antes do parto e significa que o
nascimento poderá estar para breve mas não implica uma deslocação imediata para a maternidade/hospital.

Sistema genital masculino

O sistema genital (ou aparelho reprodutor) masculino é o sistema responsável pela produção dos ga-
metas masculinos, tal como a maturação e introdução destes no aparelho reprodutor feminino. Como
processos fisiológicos relacionadas a essas funções, há a produção de hormônios e do sêmen.
O sistema genital masculino consiste em:

• dois testículos, que produzem os espermatozoides e também o hormônio sexual masculino testoste-
rona; os testículos ficam alojados no escroto;
• dois epidídimos;
• dois ductos (ou dutos) deferentes;
• dois ductos (ou dutos) ejaculatórios;
• uretra;
• pênis;
• glândulas anexas: próstata, duas glândulas vesiculosas (vesículas seminais) e duas glândulas bulbou-
retrais.

Tecido cavernoso Vesícula seminal

Pênis Ducto ejaculador


BIOLOGIA

Próstata
Uretra

Glândula bulbouretral
Tecido esponjoso
Ducto deferente

Testículo
Epidídimo
Figura 17. Esquema de sistema genital masculino humano.
Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.

Os espermatozoides produzidos nos testículos passam para os epidídimos, onde ficam armazenamentos
até serem eliminados na ejaculação. Quado o homem é estimulado sexualmente, seu pênis fica ereto e rí-
gido. Isso ocorre devido ao fluxo de sangue, que preenche os espaços existentes no tecido cavernoso desse
órgão. Assim, o pênis pode ser introduzido na vagina. Continuando o estímulo sexual, ocorre a ejaculação.
Nesse processo, os espermatozoides são conduzidos até a extremidade do pênis por contrações rítmicas
da musculatura do epidídimo, os ductos e da uretra. Passam inicialmente do epidídimo para o ducto defe-
rente e em seguida para o ducto ejaculatório, já próximo à bexiga urinária.
No ducto ejaculatório, os espermatozoides recebem uma secreção fluida das glândulas vesiculosas,
que chega a constituir 54% do volume total ejaculado. Nas proximidades da porção inicial da uretra os
espermatozoides passam pela próstata, que libera uma secreção leitosa e alcalina, a qual é incorporada
ao fluido seminal. A secreção da próstata também contribui para neutralizar o pH vaginal, que é natural-
mente ácido, impedindo o desenvolvimento de microrganismos na região genital feminina, mas que acaba
por matar os espermatozoides. Assim, esse pH é regulado pela secreção da próstata, e os espermatozoides
conseguem se locomover.
Essa espessa massa líquida, formada principalmente pelos espermatozoides e pelas secreções das
glândulas vesiculosas e da próstata, constitui o sêmen ou esperma. Apenas cerca de 10% do volume do
sêmen correspondem aos espermatozoides. Ao entrar na uretra, o sêmen será ainda acrescido de uma
substância mucosa lubrificante secretada pela glândula bulbouretral, na base do pênis. A principal função
dessa glândula é lubrificar a uretra.

14 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Biologia do desenvolvimento
Capítulo 3: Reprodução dos seres vivos

Fixando conceitos

01. Explique como se processa a reprodução humana.


02. Indique as características que permitem identificar a passagem da chamada puberdade no ciclo de vida dos
seres humanos.
03. O que é o chamado período fértil? Como podemos determiná-lo?

Referências
BIZZO, Nélio. Novas bases da Biologia. 2ª ed., vol. 1, São Paulo: ÁTICA, 2013.
GILBERT, Scott F. Biologia do desenvolvimento. 5ª ed., vol. 1, São Paulo: FUNPEC, 2003.
LOPES, Sônia. BIO. Vol. único, 2ª ed., São Paulo: SARAIVA, 2008.
MACHADO, Sidio. Biologia: ciência e tecnologia. Vol. único, 1ª ed., São Paulo: SCIPIONE, 2009.
SADAVA, David et al. VIDA – a ciência da Biologia. Vol. I, 8ª ed., Porto Alegre: ARTMED, 2009.

Sessão ENEM

01. Em relação ao sistema reprodutor humano, escreva II. A presença de ovos com envoltório rígido e a fecun-
V ou F conforme seja verdadeiro ou falso o que se dação interna são características importantes que pro-
afirma a seguir: piciaram a conquista do ambiente terrestre pelos ver-
tebrados.
( ) A próstata é a glândula responsável pela produção III. O âmnio é o anexo embrionário que se constitui numa
dos espermatozoides e da testosterona. bolsa, preenchida pelo líquido amniótico, e que tem por
( ) A uretra masculina é comum ao sistema reprodutor função proteger o embrião contra choques mecânicos e
e excretor, ou seja, por ela saem o sêmen e a urina. desidratação.
( ) A vagina é formada por: lábios menores e maiores;
clítoris e orifício da uretra. Está(ão) correta(s) apenas:
( ) Nos ovários são produzidos os hormônios estrogê-

BIOLOGIA
nio e progesterona, e as células reprodutivas femininas. (A) I e II.
(B) I e III.
Está correta, de cima para baixo, a seguinte sequência: (C) II e III.
(D) III.
(A) V, V, V, F. (B) V, F, V, F. (C) F, V, F, V. (E) I.
(D) F, F, F, V. (E) F, F, F, V.
04. A figura ilustra uma divisão celular que ocorre em
02. Em relação aos tipos de reprodução assexuada exis- um órgão humano.
tentes nos seres vivos, assinale a alternativa incor-
reta.

(A) Reprodução por partenogênese ocorre quando há


troca de gametas entre indivíduos de uma mesma espé-
cie, reproduzindo um novo ser vivo.
(B) Reprodução por brotamento ocorre quando há for-
mação de brotos em várias aéreas do corpo. Cada broto
forma um novo ser vivo.
(C) Reprodução por fragmentação ocorre quando partes
de um ser vivo se soltam e originam novos seres vivos.
(D) Reprodução por bipartição ocorre quando uma célu-
la se divide em duas ou mais células. O órgão que realiza a primeira divisão celular ilustrada
(E) Reprodução por esporulação ocorre pela liberação éo
de célula especializada conhecida como esporo.
(A) testículo.
03. Sobre o processo reprodutivo e o desenvolvimento (B) ovário.
em vertebrados, analise as informações a seguir: (C) fígado.
(D) estômago.
I. A formação da placenta é uma característica que ocor- (E) rim.
re em todos os vertebrados.

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 15


Biologia do desenvolvimento
Capítulo 3: Reprodução dos seres vivos

Praticando

01. Os ovários são duas estruturas com cerca de 3cm ção dos gametas, estão sob controle de vários hor-
de comprimento, localizados na cavidade abdomi- mônios. Em relação a esse tema, analise as afirma-
nal, na região das virilhas. Na porção ovariana mais tivas abaixo.
externa, chamada córtex ovariano, localizam-se as
células que darão origem aos óvulos. I. O hormônio FSH estimula os folículos ovarianos na mu-
lher e a espermatogênese nos homens.
A respeito do processo de formação dos óvulos, assinale II. A progesterona estimula o desenvolvimento das glân-
o que for correto: dulas mamárias e atua na preparação do endométrio
para receber o embrião.
(01) O processo de formação de gametas femininos é III. O alto nível do LH e da somatotrofina são os fatores
chamado de ovulogênese e tem início antes do nasci- determinantes da maturação do óvulo.
mento de uma mulher, em torno do terceiro mês de vida IV. O hormônio dosado pelos testes de gravidez mais co-
intrauterina. mum é o HCG, o qual mantém o corpo lúteo no ovário
(02) Por volta do terceiro mês de vida de uma menina, durante o primeiro trimestre da gestação.
as ovogonias param de se dividir, crescem, duplicam os V. A testosterona, produzida nos testículos e na adeno-
cromossomos e entram em meiose, passando então a -hipófise, estimula a maturação dos espermatozoides,
ser chamadas de ovócitos primários ou ovócitos I. garantindo-lhes a mobilidade necessária à fecundação.
(04) As células precursoras dos gametas femininos, as
ovogonias, multiplicam-se por mitose somente após o A sequência que marca corretamente cada uma das as-
primeiro ciclo menstrual feminino. sertivas é
(08) Os ovócitos primários ou ovócitos I permanecem
estacionados na fase de metáfase II da meiose. Ester (A) V, V, F, V, F. (B) V, V, V, F, F. (C) F, V, F, V, F.
terminam o ciclo meiótico por volta do décimo quarto (D) V, F, V, F, V. (E) F, F, V, F, F.
dia do ciclo menstrual. Se não houver fecundação, de-
generam e são eliminados. 04. Analise a figura a seguir, que representa um esper-
(16) O ovócito primário ou ovócito I termina a segunda matozoide humano, e assinale a alternativa correta:
divisão da meiose e produz duas células de tamanhos
iguais: o ovócito secundário ou ovócito II e o primeiro
corpúsculo polar ou corpúsculo polar I.

É(são) correta(s) a(s) assertiva(s)

(A) 01, 02 e 08. (B) 01, 02, 04 e 16. (C) 01, 02 e 04.
BIOLOGIA

(D) 04, 08 e 16. (E) 02, 04 e 16.

02. As principais substâncias que compõem o sêmen


humano são enzimas, ácido cítrico, íons (cálcio,
zinco e magnésio), frutose, ácido ascórbico e pros-
taglandinas, essas últimas de natureza lipídica. Tais
compostos desempenham papel específico na re- (A) I representa o acrossomo, formado a partir de ve-
produção, possibilitando o sucesso da célula apre- sículas do complexo de Golgi, contendo enzimas que
sentada a seguir: modificam a permeabilidade da membrana do óvulo,
necessária à fecundação.
(B) II representa o núcleo com 46 moléculas de DNA
para formar os 46 cromossomos da espécie humana.
(C) III representa a peça intermediária rica em estrutu-
ras citoplasmáticas diversas, responsáveis pela viabili-
dade do gameta.
(D) IV representa o flagelo, formado por microfilamen-
tos contráteis que promovem os movimentos do game-
ta.
(E) V representa a peça intermediária, rica em mitocôn-
drias e ribossomos que sintetizam as proteínas contrá-
teis do flagelo.

05. Os processos de fecundação in vitro estão cada vez


mais presentes na sociedade. Uma das característi-
Nessa célula, a substância que será utilizada na estrutu- cas da fecundação in vitro é o aumento da chance
ra 2, permitindo a movimentação de 3, é um(a): de gestações múltiplas, isto é, gestação de gêmeos.
Em relação às gestações múltiplas, é correto afir-
(A) lipídio. (B) proteína. (C) vitamina. mar que
(D) carboidrato. (E) cílio.
(A) as mulheres podem liberar dois ovócitos, e se esses
03. Os processos reprodutivos na espécie humana, des- forem fertilizados por dois espermatozoides diferentes,
de a formação da genitália até o desenvolvimento gerarão gêmeos idênticos.
das características sexuais secundárias e a produ- (B) os gêmeos fraternos são simplesmente dois irmãos

16 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Biologia do desenvolvimento
Capítulo 3: Reprodução dos seres vivos

Praticando

de mesmo idade que compartilham o útero materno ao (...) Um dia as regras de Natalina não desceram. A
mesmo tempo. patroa aflita pediu a urina, fizeram o exame: posi-
(C) os gêmeos monozigóticos, diferentes dos dizigóti- tivo. Os três estavam grávidos. O pai sorriu, voltou
cos, possuem cordões umbilicais próprios, mas sempre a viajar sempre. A patroa ficava o tempo todo com
compartilham a mesma placenta. ela. Contratou outra empregada. Levava Natalina ao
(D) os gêmeos dizigóticos, diferentes dos monozigó- médico, cuidava de sua alimentação e de distraí-la
ticos, podem se implantar em diferentes posições no também.” (...).
útero, sempre desenvolverão placenta, córnio e âmnio
individuais e compartilham o mesmo cordão umbilical. O exame de gravidez dá resultado positivo quando de-
(E) os gêmeos monozigóticos compartilham a mesma tecta, na urina da mulher, a presença do hormônio
carga genética e são a forma mais comum de gestação
múltipla na espécie humana. (A) estrógeno. (B) progesterona.
(C) gonadotrofina coriônica (HCG). (D) testosterona.
06. A menstruação é um evento marcante no universo (E) luteinizante (LH).
feminino (não só pelos incômodos que pode causar,
mas também pelos significados sociais e emocio- 09. Para responder à questão, analise as informações
nais que pode representar) que acompanha toda a sobre as etapas necessárias para que ocorra a va-
vida fértil das mulheres. Quando as ovulações pa- riabilidade genética em seres vivos com reprodução
ram, sexuada.

(A) a menstruação é interrompida e, nesse momento, a 1. Fertilização aleatória.


mulher entra no climatério. 2. Crossing over na prófase da meiose II.
(B) a vida sexual feminina fica comprometida. 3. Segregação independente na anáfase da meiose I.
(C) a mulher fatalmente entra na menopausa. 4. Introdução do órgão reprodutor masculino no órgão
(D) é imprescindível que a mulher faça reposição hor- reprodutor feminino.
monal.
(E) inicia-se o período fértil da mulher. Está/Estão correta(s) apenas a(s) etapa(s)

(A) 1. (B) 1 e 3. (C) 2 e 4.


07. Fêmeas de espécies de crustáceos do gênero Daph- (D) 1, 2 e 3. (E) 2, 3 e 4.
nia sp., importantes componentes do zooplâncton,
podem se reproduzir a partir de dois processos dis-
tintos:
10. Analise a representação da sequência de eventos
que ocorrem no aparelho reprodutor feminino hu-
mano.

BIOLOGIA
- partenogênese, quando há condições ambientais mui-
to favoráveis, gerando uma prole composta apenas por
fêmeas;
- reprodução sexuada padrão formando ovos dormentes
que eclodem quando as condições se tornam novamen-
te favoráveis.

Observe o esquema:

Caso não ocorra o fenômeno indicado pela seta, o des-


tino do ovócito II é ser

(A) degenerado na tuba uterina.


(B) eliminado juntamente com a menstruação.
(C) mantido na tuba, aguardando outra ejaculação.
(D) retornado ao ovário para ser eliminado na outra
ovulação.
(E) aderido ao endométrio para ser posteriormente fe-
Defina o processo de reprodução por partenogênese. cundado.
Aponte, também, uma vantagem, para esses animais, da
realização da partenogênese sob condições ambientais 11. Sobre os mecanismos de reprodução humana, é
favoráveis. Em seguida, indique dois impactos negativos, correto afirmar que:
um genético e outro ecológico, para uma população de
Daphnia sp. que realize apenas partenogênese por mui- (A) epidídimo, próstata e canal deferente são compo-
tas gerações. nentes do sistema genital feminino.
(B) o processo de liberação do óvulo pelo ovário cha-
08. (...)“A patroa de Natalina passou a viajar sozinha. O ma-se fecundação.
patrão ficava no quarto dele, de noite levantava e ia (C) gêmeos idênticos ou univitelinos são gerados quan-
buscar Natalina no quarto da empregada. Não fala- do um óvulo é fecundado por 2 espermatozoides dife-
vam nada, naqueles encontros de prazer comedido. rentes.

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 17


Biologia do desenvolvimento
Capítulo 3: Reprodução dos seres vivos

Praticando

(D) gêmeos bivitelinos podem tanto ser do mesmo sexo (E) reduz a variabilidade genética da população.
quanto de sexos diferentes.
(E) tanto a produção de óvulos quanto a de espermato- 15. Se compararmos as sequências de DNA de duas
zoides iniciam-se no período da puberdade. pessoas, veremos que são idênticas

12. Uma alimentação com deficiência de vitaminas ou (A) apenas nos cromossomos autossômicos.
de minerais pode influenciar todas as etapas do (B) apenas no cromossomo mitocondrial.
processo reprodutivo. Seguem alguns exemplos que (C) no cromossomo X, se forem de duas mulheres.
não podem faltar na dieta. (D) no cromossomo Y, se forem de dois homens.
(E) em tudo, se forem de gêmeos monozigóticos.
• Vitamina A: regula a síntese de progesterona e, du-
rante a gestação, previne a imunodeficiência da mãe e 16. Os zangões, machos das abelhas, são formados por
do bebê. um processo de partenogênese e possuem 16 cro-
• Vitamina C: é um potente antioxidante que protege os mossomos. Já as abelhas operárias são fruto de um
óvulos e espermatozoides. processo de fecundação. Diante dessas informa-
Vitamina D: influencia a formação do endométrio. ções, analise as afirmativas a seguir:

Considerando os eventos envolvidos na reprodução hu- I. Por serem fruto de partenogênese, os machos pos-
mana, os segmentos sublinhados relacionam-se, res- suem o dobro de cromossomos encontrados na abelha
pectivamente, com o(a) rainha.
II. A abelha rainha possui óvulos com o mesmo núme-
(A) fecundação − fecundação − ciclo menstrual. ro de cromossomos encontrados nas células somáticas
(B) ciclo menstrual − gametogênese − ciclo menstrual. das operárias, pois ela também é uma fêmea.
(C) gametogênese − fecundação − fecundação. III. Todas as fêmeas possuem 32 cromossomos nas suas
(D) fecundação − gametogênese − fecundação. células somáticas, o dobro que os machos possuem.
(E) ciclo menstrual − gametogênese − fecundação. IV. A abelha rainha possui 16 cromossomos em seus
óvulos, que, quando fecundados, geram indivíduos com
13. Eduardo e Mônica decidiram recorrer a um proce- 32 cromossomos.
dimento de útero em substituição (ou barriga de
aluguel) para gerar um filho. Desse modo, um óvulo Estão CORRETAS
de Mônica foi fecundado, in vitro, por um esperma-
tozoide de Eduardo, e o embrião foi posteriormente (A) I e II. (B) I e III. (C) II e III. (D) II e IV. (E) III e IV.
implantado no útero de outra mulher, definida como
BIOLOGIA

receptora. Nessas condições, as características ge- 17. No transcorrer do desenvolvimento embrionário dos
néticas da criança gerada serão determinadas pelas animais, existem algumas etapas características
características genéticas nas quais ocorrem processos mais ou menos seme-
lhantes. Observe que há uma sequência cronológica
(A) de Eduardo, de Mônica e da receptora. igual para todos os grupos zoológicos, traduzindo
(B) de Eduardo e da receptora, apenas. a “origem comum” dos metazoários. Os principais
(C) de Eduardo e de Mônica, apenas. “momentos” pelos quais passam os embriões dos
(D) da receptora, apenas. diferentes grupos são:
(E) de Mônica, apenas.
1 - Segmentação. 2 - Mórula. 3 - Blástula.
14. As fêmeas de algumas espécies de aranhas, escor- 4 - Gástrula. 5 - Nêurula.
piões e de outros invertebrados predam os machos
após a cópula e inseminação. Como exemplo, fê- Para você visualizar o que ocorre em cada uma dessas
meas canibais do inseto conhecido como louva- fases, basta relacioná-las, corretamente, com os even-
-a-deus, Tenodera aridofolia, possuem até 63% da tos a seguir:
sua dieta composta por machos parceiros. Para as
fêmeas, o canibalismo sexual pode assegurar a ob- a - Formação do tubo neural.
tenção de nutrientes importantes na reprodução. b - Proliferação da célula-ovo ou zigoto originando os
Com esse incremento na dieta, elas geralmente blastômeros.
produzem maior quantidade de ovos. c - Micrômeros e macrômeros envolvendo uma pequena
cavidade central.
Apesar de ser um comportamento aparentemente des- d - Intensas modificações dos blastômeros, culminando
vantajoso para os machos, o canibalismo sexual evoluiu com a formação dos folhetos embrionários.
nesses táxons animais porque e - Formação de uma estrutura esférica e maciça.

(A) promove a maior ocupação de diferentes nichos Assinale a alternativa que contém a sequência correta
ecológicos pela espécie. dos “momentos” do desenvolvimento embrionário:
(B) favorece o sucesso reprodutivo individual de ambos
os parentais. (A) 1e, 2b, 3a, 4d, 5c.
(C) impossibilita a transmissão de genes do macho para (B) 1b, 2e, 3c, 4d, 5a.
a prole. (C) 1d, 2c, 3e, 4b, 5a.
(D) impede a sobrevivência e reprodução futura do ma- (D) 1b, 2d, 3a, 4e, 5c.
cho. (E) 1b, 2c, 3e, 4d, 5a.

18 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Capítulo 1: Força e movimento Capítulo 2: Gravitação universal e energia
Introdução à dinâmica 4 Gravitação universal 28
Introdução 4 Introdução 28
Força 4 Leis de Kepler 28
Força resultante 5 Lei da gravitação universal 29
Equilíbrio 5 Aceleração da gravidade 30
Satélite estacionário 32
Princípio da inércia ou 1ª lei de Newton 6
A 1ª lei de newton 6 Energia 32
Massa de um corpo 6 Introdução 32
Trabalho de uma força 33
Princípio fundamental da dinâmica 7 Trabalho da força peso 35
A 2ª lei de Newton 7 Potência 36
Introdução 7 Rendimento 37
Peso de um corpo 9 Energia cinética 38
Medida de uma força 9 Teorema da energia cinética 39
Lei de Hooke 10 Energia potencial gravitacional 40
Energia potencial elástica 41
Princípio da ação e reação 11 Energia mecânica 42
A 3ª lei de Newton 11 Princípio da conservação da energia 42
Força peso 12 Princípio da conservação da energia mecânica 43
Força de tração em fio 12
Força de reação normal 12 Impulso e quantidade de movimento 44
Plano inclinado 14 Impulso de uma força 44
Força de atrito 14 Quantidade de movimento 44
Influência da resistência do ar 16 Teorema do impulso 46
Força centrípeta 17 Sistema isolado de forças externas 47
Princípio da conservação da quantidade de movimento 47
Referências bibliográficas 18
Referências bibliográficas 47

Grupo colaborativo formado pelos autores:

Prof. Weider Alberto Costa Santos, Administrador, especialista em Balanced Scorecard -


FGV, Marketing - FEJAL/CESMAC, Serviço Social - UFAL.

SANTOS, Weider Alberto Costa. Física - Unidade 3. 6. ed. - Maceió-AL : Sistema Dina-
mus de Ensino, 2022.

Editoração e ilustração:
w2advanced

Impressão e distribuição:
Editora Dinamus

© 2022 - SDE | SISTEMA DINAMUS DE ENSINO Ltda. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do detentor dos
direitos autorais. Esta obra é de caráter educativo e didático, prezando pelo teor científico. Dispondo de todas as referências bibliográficas e/ou webgráficas. Também
das fontes de pesquisas, cortes de reportagens e imagens. Creditadas e reservadas em nome do SISTEMA DINAMUS DE ENSINO Ltda.

A Verdade vos liber tará.


Dinâmica
Capítulo
1

A terceira lei de Newton


explica o funcionamento dos motores a reação

Motor aeronáutico à reação


FONTE: https://www.ainonline.com/sites/-900

Um motor de avião opera sob a aplicação da tercei- mado pelos compressores, câmara de combustão,
Sobre o texto e a
ra lei de Newton: para toda ação (força) sobre um turbina e bocal propulsor. imagem de intro-
objeto, em resposta à interação com outro objeto, dução
existirá uma reação (força) de mesmo valor e dire- A maior parte do ar (em torno de 80%), é desviada
ção, mas com sentido oposto. Isso é chamado de ao redor do núcleo diretamente para a saída trasei-
empuxo. Esta lei é demonstrada em termos sim- ra do motor. Esse fluxo de ar pode ser responsável • A partir do texto, explique
por até 85% da potência do motor. O ar que passa como funciona o motor de um
ples: solte um balão inflado e veja o ar que escapa
avião a jato.
propulsionar o balão no sentido oposto. dentro do núcleo do motor é o que faz funcionar a
turbina, que, por sua vez, gira os compressores e o • Que transformações da matéria
Os motores do tipo turbofan são os mais utilizados grande ventilador frontal. estão envolvidas no processo
pelos grandes aviões comerciais e jatos executi- de funcionamento do motor dos
vos. Eles são formados por um turbojato com um O ar restante passa pelos compressores, onde fica aviões?
enorme ventilador na parte frontal, que funciona mais comprimido e chega a ser reduzido a 20% do
• Explique a terceira lei de
como hélice, e são cobertos por uma grande ca- seu volume original. Depois disso vai para a câma-
Newton.
renagem. ra de combustão, onde é misturado ao combustível
e a mistura é queimada. Os gases saem da câmara
Segundo a fabricante britânica Rolls-Royce, os de combustão a altíssimas temperaturas e passam
maiores motores produzidos pela empresa contam pelas turbinas, que transformam a energia dos ga-
com ventilador de até 3 metros de diâmetro, capaz ses quentes em energia mecânica necessária para
de sugar até 1,2 tonelada de ar por segundo. Ape- movimentar o compressor e o fan, garantindo a
nas uma pequena quantidade desse ar, no entanto, sustentabilidade de funcionamento do motor.
será direcionada ao chamado núcleo do motor, for-
Dinâmica
Capítulo 1: Força e Movimento

Introdução à dinâmica
FÍSICA

Introdução
Já estudamos o movimento dos corpos, porém não discutimos as causas que produzem ou modifi-
cam o movimento. A parte da Mecânica que estuda essas causas é a Dinâmica.
A primeira teoria sobre esse assunto foi publicada em 1687 por Isaac Newton (1642-1727), em Phi-
losofhia e Naturalis Principia Mathematica, explicando de forma completa o movimento dos corpos, trabalho
esse apoiado nos estudos realizados por Galileu Galilei (1564-1642) e Johannes Kepler (1571-1630). Nesse
trabalho Newton conseguiu estabelecer relações entre a massa do corpo e seu movimento, surgindo daí três
leis básicas que são chamadas leis de Newton ou princípios da Dinâmica. Nessa mesma obra explica-se
o movimento dos astros e o efeito da massa dos planetas sobre os corpos próximos a eles, por meio da lei
da gravitação universal.

Nesse estudo perceberá a diferença entre massa e peso


– palavras que o leigo usa como se fossem sinônimas; explica-
remos a razão pela qual os passageiros de um veículo em movi-
mento são atirados para a frente quando o veículo é freado. Você
conseguirá compreender o movimento dos foguetes e de tantos
outros corpos na natureza, bem como entenderá a necessidade
do atrito de uma superfície, que facilita o caminhar sobre ela.

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
Saberá também o porquê da necessidade de sobreleva-
ção em pistas de corrida e de rodovias, o que ocorre quando um
piloto realiza um looping com um avião, por que a Lua gira em
torno da Terra e a Terra em torno do Sol, como é possível prever
a data de ocorrência dos diversos eclipses.
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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998


Montanha-russa.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

Introduziremos aqui o mais importante conceito do mundo moderno, o conceito de energia, suas
modalidades, transformações, sua conservação e dissipação. Com esses conceitos será fácil você explicar
o movimento de um carrinho na montanha-russa, o funcionamento de um bate-estaca, a necessidade de
utilizar o cinto de segurança no automóvel ou em qualquer outro veículo.
Abordaremos a ideia de quantidade de movimento e impulso de uma força, inter-relacionando
grandezas como massa, velocidade, força e tempo, e veremos que essas grandezas associadas permitem
detectar a velocidade de partículas após a colisão com outras partículas e também a velocidade de veículos
e até de bolas de bilhar.

A Dinâmica oferece recursos para respondermos a questões interessantíssimas. É o que passare-


mos a descobrir juntos.

Força
Quando acontece uma interação entre corpos, podem ocorrer variações na veloci-
dade, deformações ou ambos os fenômenos.
As causas dessas variações ou deformações são denominadas forças.
Quando um corpo é abandonado de uma determinada altura, cai com movimento
acelerado devido à força de atração da Terra.
Ao chutarmos uma bola, o pé faz sobre ela uma força que, além de deformá-la,
inicia-lhe o movimento.
Quando as superfícies dos corpos que interagem se tocam – como a interação pé
– bola, por exemplo –, a força é chamada de contato.
Ocorrendo a interação e estando os corpos a distância, a força é chamada de cam-
Interação pé – bola.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino. po. Um exemplo é a interação Terra – maçã.

Em Dinâmica vamos tratar de forças cujo efeito principal é causar variações na velocidade de um
corpo, isto é, aceleração.
Tal qual a aceleração, a força é uma grandeza vetorial, exigindo, portanto, para ser caracterizada,
uma intensidade, uma direção e um sentido. A unidade de força no S.I. é o newton (N), que será definido
mais adiante.

4 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Dinâmica
Capítulo 1: Força e Movimento

Força resultante

FÍSICA
Seja uma partícula na qual estão aplicadas várias forças. Esse sistema de forças pode ser substitu-
ído por uma única força, a força resultante, que é capaz de produzir na partícula o mesmo efeito que todas
as forças aplicadas.

Forças são interações entre


corpos, causando variações
no seu estado de movimen-
to ou uma deformação.
É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998

01. Duas forças concorrentes, F1 e F2, de intensidades 4 N e 3 N,


atuam num mesmo ponto material, formando um ângulo a entre
si. Determine a intensidade da força resultante para os seguintes
valores de a:
b)
a) 0º
b) 60º
c) 180º

02. O que é uma força? É uma grandeza escalar ou vetorial?

03. O que é resultante de um sistema de forças?


c)
04. Determine a intensidade da força resultante em cada um dos
sistemas de forças concorrentes.

a) 05. Um garoto arma um estilingue com uma pedra. Supondo que a


força em cada ramo do estilingue seja de 40 N e o ângulo a entre
eles tal que cos a = 0,805, determine o módulo da força resultante
sobre a pedra.

Equilíbrio
Um ponto material está em equilíbrio quando a resultante das forças que nele atuam é nula. Podemos
distinguir dois casos:

a) Equilíbrio estático: um ponto material está em equilíbrio estático quando se encontra em


repouso, isto é, sua velocidade vetorial é nula no decorrer do tempo.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 5
Dinâmica
Capítulo 1: Força e Movimento

b) Equilíbrio dinâmico: o equilíbrio é dito dinâmico quando o ponto material está em mo-
vimento retilíneo uniforme, isto é, sua velocidade vetorial é constante e diferente de zero.
FÍSICA

Princípio da inércia
A primeira lei de Newton
Considere um corpo não submetido à ação de força alguma. Nessa condição esse corpo não sofre
variação de velocidade. Isso significa que, se ele está parado, permanece parado e se está em movimento,
permanece em movimento e sua velocidade se mantém constante.
Tal princípio, formulado pela primeira vez por Galileu e depois confirmado por Newton é conhecido
como primeiro princípio da Dinâmica (1ª lei de Newton) ou princípio da inércia. Podemos interpretar seu
enunciado da seguinte maneira: todos os corpos são “preguiçosos” e não desejam modificar seu estado

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
de movimento: se estão em movimento, querem continuar em movimento; se estão parados, não desejam
mover-se.
Os físicos chamam essa “preguiça” de inércia, característica de todos os corpos dotados de massa.

O princípio da inércia pode ser observado no movimento de um ôni-


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bus. Quando o ônibus “arranca” a partir do repouso, os passageiros tendem
a deslocar-se para trás, resistindo ao movimento. Da mesma forma, quando
o ônibus já em movimento freia, os passageiros deslocam-se para a frente,
tendendo a continuar com a velocidade que possuíam.
Para Galileu, o natural era o movimento – e não o repouso, como
afirmava Aristóteles. Ao observar o movimento de um corpo, sua questão era
“por que para” e não “por que se move”.
A afirmação de que “um corpo parado permanece parado se não agir
sobre ele alguma força” pode facilmente ser compreendida em nossa vida
prática (um corpo não se move por si só, é necessário aplicar-lhe uma força).
Já a afirmação de que um corpo em movimento mantém velocidade
constante se não atuarem forças sobre ele é menos intuitiva. Com efeito, um
corpo em movimento não permanece sempre em movimento: depois de certo
Ônibus em trânsito.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino. tempo – mais ou menos longo – o corpo para.

Uma bolinha jogada sobre um plano horizontal para depois de percorrer poucos metros, mesmo que
aparentemente não aja força alguma sobre ela.
Na realidade existe uma força de freamento, indicada genericamente com o nome de atrito. Porém,
no caso de essas forças freantes não existirem ou serem reduzidas ao mínimo, o princípio da inércia é
verificado plenamente.
Os referenciais em que o princípio da inércia se verifica são chamados referenciais inerciais. Tais
referenciais são fixos em relação às estrelas distantes ou se movem com velocidade constante em relação a
elas, isto é, possuem aceleração vetorial nula.
Para movimentos de pequena duração (menor que 24), podemos desprezar os efeitos de rotação da
Terra e considerar sua velocidade como constante durante o movimento de translação. Nessas condições a
Terra pode ser considerada um referencial inercial.

Massa de um corpo
Sabemos que os corpos que apresentam maior inércia são aqueles de maior massa. Por exemplo, é
mais fácil empurrar um carrinho vario do que um cheio de compras.
O carrinho com compras oferece maior resistência para sair do repouso. Podemos, então, associar
a massa de um corpo à sua inércia, dizendo que a massa de um corpo é a medida numérica de sua inércia.
No S.I. de unidades a massa tem como padrão o quilograma.

6 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Dinâmica
Capítulo 1: Força e Movimento

O submúltiplo e o múltiplo usuais do quilograma são, respectivamente, o grama (g) e a tonelada (t).

FÍSICA
01. O que é equilíbrio estático? E equilíbrio dinâmico? Dê exemplos. c) Quando arremessamos uma pedra, ela começa a se movimentar
devido ao impulso dado pela mão. Mas, por que continua a se mo-
02. O que é inércia? vimentar depois de estar solta, fora da mão?

03. Explique fisicamente os seguintes fenômenos: 04. Um passageiro, sentado num ônibus, observa os passageiros
que estão de pé. Em alguns momentos, nota que eles se inclinam
a) No espetáculo do circo o palhaço se coloca diante de uma mesa para a frente e, em outros momentos, observa que os passageiros
coberta com uma toalha. Sobre a toalha estão pratos e talheres. O inclinam-se para trás; na maior parte da viagem, eles permanecem
palhaço puxa a toalha rapidamente, retirando-a da mesa, mas os na sua posição normal.
pratos e talheres continuam sobre a mesa.
À luz das leis de Newton, analise os possíveis movimentos do ôni-
b) Quando saltamos verticalmente da carroceria de um caminhão bus e justifique sua resposta.
É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

em movimento, caímos num ponto que, em relação à carroceria, é


o mesmo de onde saltamos.

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Princípio fundamental da dinâmica


A segunda lei de Newton
A experiência nos mostra que uma mesma força produzirá diferentes acelerações sobre diferentes
corpos. Uma mesma força provoca uma aceleração maior numa bola de tênis do que num automóvel, isto é,
quanto maior a massa de um corpo mais força será necessária produzir uma dada aceleração.

Esse princípio estabelece uma proporcionalidade entre causa (força) e efeito (aceleração).
Um ponto material de massa m submetido a uma força resultante adquire uma aceleração na
mesma direção e sentido da força, tal que:

A resultante das forças


aplicada a um ponto ma-
terial é igual ao produto de
sua massa pela aceleração
adquirida

No S.I. de unidades a unidade de massa é o quilograma (kg) e a unidade de aceleração é o metro


por segundo ao quadrado (m/s2).
Aplicando o princípio fundamental da Dinâmica, temos a unidade de força newton (N).

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 7
Dinâmica
Capítulo 1: Força e Movimento
FÍSICA

Um newton (N) é a intensidade da força que, aplicada à massa de 1 kg, produz na sua direção e no
seu sentido um movimento de aceleração 1 m/s2.

01. Seja um corpo de massa 2 kg, em repouso, apoiado sobre um 07. Um automóvel trafegando a 72 km/h leva 0,5 s para ser imobili-
plano horizontal sob a ação das forças horizontais F1 e F2 de intensi- zado numa freada de emergência.
dades 10 N e 4 N, respectivamente, conforme indica a figura.
a) Que aceleração suposta constante, foi aplicada no veículo?
b) Sabendo que a massa do automóvel é 1,6 ⋅ 103 kg, qual a inten-
sidade da força que foi a ela aplicada em decorrência da ação dos
freios?

08. Um corpo de massa 1,8 kg passa da velocidade de 7 m/s à


velocidade de 13 m/s num percurso de 52 m. Calcule a intensidade
a) Qual a aceleração adquirida pelo corpo? da força constante que foi aplicada sobre o corpo nesse percurso.
b) Ache a velocidade e o espaço percorrido pelo corpo 10 s após o Despreze os atritos.

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
início do movimento.
09. A figura seguinte é reproduzida de uma fotografia estroboscó-
02. Um corpo de massa 4 kg é lançado num plano horizontal liso, pica tirada com intervalos de 0,5 e as distâncias estão medidas em
com velocidade inicial de 40 m/s. Determine a intensidade da força metros.
resultante que deve ser aplicada sobre o corpo, contra o sentido do
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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998


movimento, para pará-lo em 20 s.

03. Determine a aceleração adquirida por um corpo de massa 2 kg,


sabendo que sobre ele atua uma força resultante de intensidade 8 N.

04. Um bloco de massa 4 kg desliza sobre um plano horizontal su- Trata-se de um corpo de 0,25 kg de massa que parte do repouso
jeito à ação das forças F1 e F2 conforme indica a figura. Sendo a do ponto A.
intensidade das forças F1 = 15 N e F2 = 5 N, determine a acelera-
ção do corpo. a) Qual a aceleração do corpo?
b) Com que velocidade o corpo passa pelo ponto B = 9 m?
c) Calcule a velocidade média com que o corpo se deslocou do
ponto A ao ponto B.
d) Determine a força que atua sobre o corpo.

10. Um ponto material de massa m = 3 kg está apoiado numa


superfície horizontal perfeitamente lisa, em repouso. Num dado ins-
05. Dez segundos após a partida, um veículo alcança a velocidade tante, uma força horizontal de intensidade 6 N passa a agir sobre o
de 18 km/h. corpo. Determine:

a) Calcule, em m/s2, sua aceleração média nesse intervalo de tem- a) a aceleração adquirida pelo ponto material
po. b) a velocidade e o deslocamento do ponto material 10 s após ini-
b) Calcule o valor médio da força resultante que imprimiu essa ace- ciado o movimento
leração ao veículo, sabendo que sua massa é de 1,2 ⋅ 103 kg.
11. A respeito do conceito da inércia, assinale a frase correta:
06. Observe o esquema de um arco que exerce sobre uma flecha
as forças F1 e F2 de sua corda. A força resultante imprimirá à flecha (A) Um ponto material tende a manter sua aceleração por inércia.
uma aceleração de 10√2 m/s2. Qual a massa da flecha? (B) Uma partícula pode ter movimento circular e uniforme, por inér-
cia.
(C) O único estado cinemático que pode ser mantido por inércia é
o repouso.
(D) Não pode existir movimento perpétuo, sem a presença de uma
força.
(E) A velocidade vetorial de uma partícula tende a se manter por
inércia; a força é usada para alterar a velocidade e não para man-
tê-la.

8 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Dinâmica
Capítulo 1: Força e Movimento

Peso de um corpo

FÍSICA
Em torno da Terra há uma região chamada campo
gravitacional, na qual todos os corpos sofrem sua influên-
cia, que se apresenta em forma de uma força.

Essas forças de atração são denominadas forças


gravitacionais.

Desprezando-se a resistência do ar, todos os


corpos abandonados próximo à superfície da Terra caem,
devido aos seus pesos, com velocidades crescentes, su- Peso é a força de atração
gravitacional que a Terra
jeitos a uma mesma aceleração, denominada aceleração
exerce sobre um corpo.
da gravidade.

Sendo m a massa do corpo e a aceleração da


gravidade, podemos aplicar o princípio fundamental da
O peso de um corpo.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino. Dinâmica e obter o peso do corpo.
É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

O peso de um corpo é uma grandeza vetorial que tem direção vertical orientada para o centro da
Terra e cuja intensidade depende do valor local da aceleração da gravidade.
Em torno de qualquer planeta ou satélite existe um campo gravitacional. Por isso, podemos falar em
peso de um corpo na Lua ou em Marte, por exemplo.

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A unidade de peso no S.I. é o newton (N). Podemos ainda utilizar o quilograma-força (kgf), que é
uma unidade de força muito usada pela indústria.
A relação entre o quilograma-força e o newton é:

P = m ⋅ g → 1kgf = 1 kg ⋅ 9,8 m/s2 → 1 kgf = 9,8 kg ⋅ m/s2 → 1 kgf = 9,8 N

Note que peso e massa são grandezas diferentes.

• A massa é uma propriedade exclusiva do corpo; não depende do local em que é medida.
• O peso do corpo depende do local no qual é medido.

1 kgf é o peso de um corpo


Medida de uma força de 1 kg de massa num
local em que a aceleração
Podemos medir a intensidade de uma força pela deforma- da gravidade é igual a 9,8
m/s2.
ção que ela produz num corpo elástico.
O dispositivo utilizado é o dinamômetro, que consiste
numa mola helicoidal de aço envolvida por um protetor. Na extre-
midade livre da mola há um ponteiro que se desloca ao longo de
uma escala.
A medida de uma força é feita por comparação da defor-
mação causada por essa força com a de forças padrão.

01. A aceleração da gravidade na Terra é, em média, 9,8 m/s2 e na Lua, 1,6 m/s2. Para um corpo de
massa 5 kg, determine:

a) o peso desse corpo na Terra


b) a massa e o peso desse corpo na Lua
O dinamômetro.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino. 02. Um astronauta com o traje completo tem massa de 120 kg. Determine sua massa e seu peso
quando for levado para a Lua, onde a gravidade é aproximadamente 1,6 m/s2.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 9
Dinâmica
Capítulo 1: Força e Movimento
FÍSICA

03. O que é peso? Qual a massa de um corpo que na superfície de Júpiter pesa 120 N?

04. Qual é o peso, na Lua, de um astronauta que na Terra tem peso 06. Transforme:
784 N? Considere gT = 9,8 m/s2 e gL = 1,6 m/s2.
a) 490 N em kgf
05. A aceleração da gravidade na superfície de Júpiter é de 30 m/s2. b) 20 kgf em N

Lei de Hooke
Uma mola apresenta uma deformação elástica se, retirada a força
que a deforma, ela retornar ao seu comprimento e forma originais.

Robert Hooke (cientista inglês, 1635-1703), estudando as defor-


mações elásticas, verificou que, duplicando a força aplicada, a deformação
duplica, triplicando a força, a deformação triplica e assim sucessivamente.

Analisando esses dados, Hooke verificou que existe uma proporcio-


nalidade entre a força exercida na mola e a correspondente deformação e

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
enunciou a seguinte lei: a intensidade da força deformadora é proporcio-
nal à deformação.
Dinamômetro.
Instrumento utilizado para medir forças. Foi inventado por Isaac Newton. Um dinamômetro A expressão matemática da lei de Hooke é:
baseia a sua operação em uma mola que segue a lei de Hooke, sendo proporcional à
força aplicada às deformações.
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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998


FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

Em que:

F = força deformadora
x = deformação sofrida pela mola
k = constante de proporcionalidade característica da mola, chamada de
constante elástica da mola

O valor de k depende do material com que é feita a mola. Molas com


valores de k muito grandes são muito duras. O valor de k é dado por:

Aplicação da lei de Hooke.


FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

A unidade de k do S.I. é o N/m.

Observações:

• O dinamômetro indica a intensidade da força aplicada em uma de suas extremidades.


Tracionando um dinamômetro com duas forças iguais de 200 N, o dinamômetro acusa
somente 200 N.

10 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Dinâmica
Capítulo 1: Força e Movimento

• Uma corda de borracha, ou um elástico, também obedece à lei de Hooke.

FÍSICA
01. Considere uma mola de comprimento inicial x0, presa em uma b) Qual a intensidade da força tensora quando x = 10 cm?
das extremidades. Aplicando-se forças de 100 N, 200 N e 300 N, a
mola sofre, respectivamente, deformações de 2 cm, 4 cm e 6 cm. 04. A mola da figura varia seu comprimento de 10 cm para 22 cm
Qual a intensidade da força deformadora quando a deformação for quando penduramos em sua extremidade um corpo de 4 N. Deter-
11 cm? mine o comprimento total dessa mola quando penduramos nela um
corpo de 6 N.
02. A constante elástica de uma mola é de 30 N/cm. Determine a
deformação sofrida pela mola ao ser solicitada por uma força de
intensidade 120 N.

03. O gráfico mostra como varia a intensidade da força tensora apli-


cada a uma mola em função da deformação produzida.
É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

05. A uma mola não deformada, de comprimento 30 cm e constante


elástica 10 N/cm, aplica-se um peso de 25 N.

a) Qual o elongamento sofrido pela mola?


a) Qual a constante elástica da mola? b) Determine o comprimento final da mola.

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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998

Princípio da ação e reação


A terceira lei de Newton
Quando dois corpos interagem aparece um par de forças
como resultado da ação que um corpo exerce sobre o outro. Es-
sas forças são comumente chamadas de ação e reação.

O princípio da ação e reação estabelece as seguintes


propriedades das forças decorrentes de uma interação entre os
corpos: a toda ação corresponde uma reação, com a mesma
intensidade, mesma direção e sentido contrário.

Admita dois patinadores, A e B. Se A exerce uma força


Lançamento de foguete da NASA.
em B, este, simultaneamente reage e exerce uma força em A. Aplicação da 3ª lei de Newton.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.
Pela 3ª lei de Newton, as forças de ação e reação apre-
sentam:

• mesma intensidade:
• mesma direção: horizontal
• sentidos contrários: (o sinal – indica que são
forças de sentidos opostos)

Como consequência dessa interação, A e B vão se mo-


vimentar em sentidos contrários. Apesar de as forças de ação e
reação apresentarem a mesma intensidade, os efeitos produzidos
por elas dependerão da massa e das características de cada cor-
po.
Apresentamos também o par de forças ação-reação em
Rafting – famosa descida de corredeiras de rios com um bote.
alguns exemplos: Aplicação da 3ª lei de Newton.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 11
Dinâmica
Capítulo 1: Força e Movimento

Força peso
FÍSICA

Na interação da Terra com um corpo, o peso do corpo é a ação, e a força que


o corpo exerce sobre a Terra é a reação.

Força de tração em fio


Quando esticamos um fio ideal (inextensível e de massa desprezível), nas suas
extremidades aparecem forças de mesma intensidade chamadas forças de tração (T).

Ilustração: Força peso.


FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.
Força de reação normal
Um corpo em repouso, apoiado numa superfície horizontal, aplica sobre
esta uma força de compressão, cuja intensidade é igual à do seu peso. A
superfície de apoio exerce no corpo uma força de reação, que por ser perpen-
dicular às superfícies de contato é chamada força de reação normal de apoio.

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
Ilustração: Força de atração em fio.
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FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.
Ao considerarmos o peso do corpo, nele atuam duas forças de mesma
intensidade e sentidos contrários. Logo, elas se anulam.

01. Consideremos um corpo de massa igual a 6 kg em repouso sobre um


plano horizontal perfeitamente liso. Aplica-se uma força horizontal F = 30
N sobre o corpo conforme a figura. Admitindo-se g = 10 m/s2, determine:
Ilustração: Força de reação normal.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.
a) a aceleração do corpo b) a reação do plano de apoio

Pessoa andando

Ao andar, o pé empurra o chão com uma força para trás; pelo princípio da ação e reação,
o chão aplica no pé uma força – de mesma intensidade, mesma direção e sentido opostos
(portanto, para a frente). Essas forças advêm das irregularidades das superfícies em contato e
são denominadas forças de atrito. Numa superfície perfeitamente lisa, não conseguiríamos andar.

01. Consideremos um corpo de massa igual a 2 kg inicialmente em repouso sobre um plano horizontal
perfeitamente liso. Sobre o corpo passa a atuar uma força de intensidade 16 N, conforme indica a
figura. Determine:
(Admitindo-se: g = 10 m/s2 e √3 ≅ 1,7)

a) a aceleração do corpo b) a reação normal do plano de apoio

12 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Dinâmica
Capítulo 1: Força e Movimento

FÍSICA
02. Embora desprovidos de nadadeiras, alguns moluscos e medu- de 20 N, conforme indica a figura.
sas se movem no mar com certa precisão, admitindo e expelindo
água de forma conveniente. Formule uma explicação física para seu
movimento e indique a lei ou princípio físico em que você se baseou.

03. Mariana está parada, em pé, em um ponto de ônibus, segurando


em uma das mãos uma mochila que contém seu material escolar,
cuja massa total é 4 kg. A aceleração da gravidade no local é igual
a 9,8 m/s2. Determine:
a) a aceleração do conjunto.
a) A garota exerce força sobre a mochila? Em que direção? Desenhe b) a intensidade da força de tração no fio.
essa força.
b) A mochila exerce força sobre Mariana? Em que direção? Dese- 09. A figura a seguir mostra dois corpos, A e B, ligados entre si
nhe essa força. por um fio que passa por uma polia. Abandonando-se o sistema
c) Qual o valor da força exercida por Mariana para sustentar o peso em repouso à ação da gravidade, verifica-se que o corpo A desce
da mochila? com uma aceleração de 3 m/s2. Sabendo que mB = 7 kg, calcule
a massa do corpo A. Despreze os atritos e considere g = 10 m/s2.
04. Um menino chuta uma pedra exercendo nela uma força de 100
N. Quanto vale a reação dessa força, quem a exerce e onde está
aplicada essa reação?
É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

05. Qual a intensidade da força que devemos aplicar a um corpo de


massa 1 kg de modo que o corpo suba verticalmente, com acele-
ração 1,0 m/s2. Despreze a resistência do ar e adote g = 10 m/s2.

06. Uma caixa de massa igual a 100 kg, suspensa por um cabo
de massa desprezível, deve ser baixada, reduzindo sua velocidade

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inicial com uma desaceleração de módulo 2,00 m/s2. A tração má-


xima que o cabo pode sofrer, sem se romper, é 1.100 N. Fazendo 10. Um corpo A, de 10 kg, é colocado num plano horizontal sem
os cálculos pertinentes, responda se este cabo é adequado a essa atrito. Uma corda ideal de peso desprezível liga o corpo A a um
situação, isto é, se ele não se rompe. corpo B, de 40 kg, passando por uma polia de massa desprezível e
(Considere: g = 10,0 m/s2) também sem atrito. O corpo B, inicialmente em repouso, está a uma
altura de 0,36 m, como mostra a figura. Sabendo a aceleração da
07. Dois blocos de massas mA = 2 kg e mB = 3 kg, apoiados sobre gravidade g = 10 m/s2, determine:
uma superfície horizontal perfeitamente lisa, são empurrados por
uma força constante de 20 N, conforme indica a figura:

Determine:
a) a aceleração do conjunto.
b) a intensidade das forças que A e B exercem entre si. a) o módulo da tração na corda.
b) o mínimo intervalo de tempo necessário para que o corpo B che-
08. Dois corpos, A e B, de massas respectivamente iguais a 6 kg e gue ao solo.
4 kg estão interligados por um fio ideal. A superfície de apoio é ho-
rizontal e perfeitamente lisa. Aplica-se em A uma força horizontal

Equipamentos de segurança em um automóvel

O encosto de cabeça é um equipamento de segurança veicular que pode salvar vidas, especialmente quando ocorre uma colisão traseira. No
momento do impacto, o passageiro é lançado para frente e, depois, para trás – esteja ele usando ou não o sinto de segurança. O encosto de cabeça
impede que, nesse momento, o passageiro seja jogado para trás violentamente (o famoso “efeito chicote”) – o que pode causar traumatismo da
coluna cervical, com risco de paralisia dos membros e até de morte.
Testes realizados com bonecos colocados num automóvel a 28 km/h mostram que a sequência do movimento da cabeça, sem o uso do
encosto, efetua um giro total de 120º num intervalo de tempo de 0 a 120 milissegundos – tempo equivalente a um piscar de olhos. Com o encosto,
o giro da cabeça atinge no máximo 30º. No entanto, o cinto de segurança ainda é o equipamento que oferece maior proteção, uma vez que impede

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 13
Dinâmica
Capítulo 1: Força e Movimento
FÍSICA

o lançamento dos passageiros para fora do carro. Se todos usarem o cinto, a morte pode ser evitada em 80% dos casos.
Numa colisão a 50 km/h, uma criança de apenas 4,5 kg exerce uma força equivalente a quase 150 kg contra os braços que a seguram – ou
melhor, que tentariam segurá-la. Por isso elas nunca devem ser transportadas no banco da frente, muito menos no colo do motorista, onde correm
o risco de serem prensadas contra o volante. Para as crianças, recomenda-se o uso de assentos especiais (que, em muitos carros, têm sistema
de fixação ISOFIX – um padrão internacional de fixação de cadeirinhas infantis para automóveis, camionetas e utilitários –, mais seguro do que
prender a cadeirinha pelo cinto).
Convém salientar que a proteção oferecida pelo cinto de segurança não é completa. Numa colisão frontal violenta, o motorista pode se chocar
contra o volante, o painel ou mesmo o para-brisa. Nesses casos, o uso combinado do cinto com o airbag – a almofada de ar que infla diante dos
ocupantes em caso de desaceleração brusca – é o ideal. No Brasil, desde 2014, todos os carros saem de fábrica com, pelo menos, dois airbags
frontais. O cinto de segurança é obrigatório em todos os assentos.

Plano inclinado
Diariamente temos oportunidade de observar objetos em movimento ou em repouso sobre uma
superfície inclinada. Usamos o plano inclinado para facilitar certas tarefas.

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
01. Um corpo de massa 8 kg é abandonado sobre um plano inclinado cujo ângulo de
elevação é 30º. O atrito entre o corpo e o plano é desprezível. Admitindo g = 10 m/
s2, determine:

a) a aceleração do corpo
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b) a intensidade da reação normal de apoio

Ilustração: Plano inclinado


FONTE: Sistema Dinamus de Ensino. 02. No esquema, um bloco de 20
kg é abandonado livremente num
plano inclinado perfeitamente liso.
Sendo g = 10 m/s2, determine:

a) a intensidade da reação do plano de apoio


b) a aceleração do bloco

03. No sistema, o atrito entre os


blocos e o plano e na roldana é
desprezível. Sendo mA = 20 kg, mB
= 30 kg e g = 10 m/s2, determine:

a) a aceleração do sistema
b) a tração no fio

Exemplo de plano inclinado.


Esqui na neve.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

Força de atrito
O fato de não conseguirmos fazer um corpo deslizar sobre uma superfície é justificado pelo apare-
cimento de uma força entre as superfícies de contato que impede o movimento, denominada força de atrito
estático.
Quando um corpo desliza sobre outro surge uma força de contato que se opõe ao movimento,
chamada força de atrito dinâmico.

A força de atrito entre corpos sólidos é devida às asperezas das superfícies em contato e diminui
com o polimento ou com o uso de lubrificantes.

14 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Dinâmica
Capítulo 1: Força e Movimento

Admita um corpo sobre uma superfície sendo solicitado a mover-se pela força . Enquanto o corpo
não deslizar, à medida que cresce o valor de , cresce também o valor da força de atrito estática, de modo

FÍSICA
a equilibrar a força , impedindo o movimento. Quando a força atingir um determinado valor, o corpo fica
na iminência de deslizar, e a força de atrito estática atinge seu valor máximo. A partir desse instante, com
qualquer acréscimo que a força sofra, o corpo começa a deslizar.

Uma vez iniciado o movimento, a força de atrito estática deixa de existir, passando a atuar a força de
atrito dinâmica, de valor inferior ao valor máximo da força de atrito estática.
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A força de atrito entre um par qualquer de superfícies obedece às seguintes leis:

• É aproximadamente independente da área de contato,


• É aproximadamente proporcional à intensidade de força normal.

O fator µ é uma constante de proporcionalidade, chamada coeficiente de atrito, que


depende do material dos corpos em contato e do polimento das superfícies.
O µ é adimensional e recebe o nome de coeficiente de atrito estático (µe) na imi-
nência do deslizamento e o de coeficiente de atrito dinâmico (µd) quando já foi iniciado o
movimento. A experiência mostra que, para um mesmo par de superfícies, µe > µd.
Nos exercícios, se não for especificado µe ou µd, utiliza-se simplesmente o coeficiente
de atrito µ e admite-se µe = µd.
As duas leis do atrito foram descobertas experimentalmente por Leonardo da Vinci
(1452-1519).
Foi o cientista francês Charles A. Coulomb que, estudando o atrito, estabeleceu a
diferença entre atrito estático e dinâmico.

Observações:

• Quando dois corpos são colocados em contato, a área microscópica efe-


tiva de contato é muito menor que a área macroscópica aparente de contato.
Pode-se estabelecer que essas áreas estão na razão de 1 para 104.

• O fato de a força de atrito ser independente da área aparente de contato significa, por
exemplo, que a força necessária para arrastar um tijolo metálico sobre uma superfície me-
tálica é a mesma, não importando qual face do tijolo esteja em contato com a superfície.
Isso porque a área microscópica de contato é a mesma para as duas posições do tijolo. A
justificativa de tal fato é que com a maior face de apoio há um número relativamente grande
de áreas de contato, muito pequenas, suportando o peso do tijolo. Por outro lado, com a
menor face de apoio, os contatos são em menor número (pois a área aparente de contato

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 15
Dinâmica
Capítulo 1: Força e Movimento

é menor), e a área de um dado contato é maior exatamente pelo mesmo fator, pois é maior
a pressão exercida pelo tijolo sobre esse número menor de contatos que suportam o tijolo.
FÍSICA

• A força de atrito de rolamento é muito menor que no atrito de deslizamento, aí residindo a


vantagem da invenção da roda. É o atrito que nos permite caminhar sobre uma superfície. O
pé da pessoa exerce uma força sobre o solo e, devido ao atrito, o solo aplica no pé a for-
ça – (princípio da ação e reação), que empurra a pessoa para a frente. Se não houvesse
o atrito, como já sabemos, o pé da pessoa escorregaria para trás. Num carro com tração
traseira são as rodas traseiras que empurram o solo para trás, exercendo sobre ele a força
, e devido ao atrito (forças de ação e reação) o solo exerce sobre as rodas a força – ,
que empurra o carro para a frente.

Influência da resistência do ar
O meio no qual o corpo está imerso (ar ou líquido) oferece também uma resistência ao desloca-
mento. Um corpo abandonado do alto de um prédio adquire movimento acelerado por causa da ação da
força peso. Além dessa força, atua no corpo a força de resistência do ar, que tem mesma direção e sentido
contrário ao da força peso.
Essa força de resistência do ar é variável e depende da velocidade do corpo, de sua forma e da maior
secção transversal em relação à direção do movimento.

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
Curiosidades sobre a influência da resistência do ar

• Para uma gota de chuva cuja velocidade é de 2 m/s, a força de resistência do ar é proporcional a essa velocidade.
• Para corpos pequenos cuja velocidade varia entre 24 m/s e 330 m/s, a força de resistência do ar é proporcional ao quadrado da velocidade.
• Um paraquedas tem forma semiesférica côncava (área muito grande) para aumentar a força de resistência do ar.
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• Carros, aviões e peixes têm forma aerodinâmica (cortam o ar e a água) e área da secção transversal muito pequena para diminuir a força de
resistência do ar ou da água.

Arraia. Paraquedas.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino. FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

01. Um corpo de peso igual a 200 N está em repouso sobre uma a) Qual o módulo da aceleração do carro?
superfície horizontal em que os coeficientes de atrito estático e di- b) Qual o módulo da força de atrito que atua sobre o carro?
nâmico valem, respectivamente, 0,4 e 0,3. Calcule a intensidade da
força paralela ao plano capaz de fazer o corpo: 03. Um corpo de massa 5 kg desce um plano inclinado que faz um
ângulo a com a horizontal. O coeficiente de atrito entre as superfí-
a) entrar em movimento cies é 0,4. Considerando g = 10 m/s2 e sendo sen a = 0,8 e cos
b) mover-se em movimento retilíneo uniforme a = 0,6, calcule:

02. Um carro de 900 kg, andando a 72 km/h, freia bruscamente e a) a reação normal do apoio
para em 4 s. b) a aceleração do corpo

16 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Dinâmica
Capítulo 1: Força e Movimento

FÍSICA
04. As rodas de um automóvel que procura movimentar-se para a a) Qual a aceleração do movimento? Justifique.
frente exercem claramente forças para trás sobre o solo. Para cien- b) Calcule a resultante das forças que se opõem ao movimento.
tificar-se disso, pense no que acontece se houver uma fina camada
de areia entre as rodas e o piso. 10. A figura a seguir representa dois blocos, A e B, ligados por um
fio inextensível e apoiados sobre uma superfície horizontal. Puxa-se
Explique como é possível, então, ocorrer o deslocamento do auto- o bloco A por uma força horizontal de módulo 28 N. A massa de
móvel para a frente. A é igual a 3,0 kg, a de B, igual a 4,0 kg e o coeficiente de atrito ciné-
tico entre cada um dos blocos e a superfície vale 0,20. Despreze a
05. Considere as situações: massa do fio e considere g = 10 m/s2.

a) um barco a remo num lago de águas paradas


b) uma pessoa em pé no solo

Tanto o barco como a pessoa estão inicialmente em repouso. Indi-


que as forças impulsoras responsáveis pelo início do deslocamento
de cada um e explique suas origens do ponto de vista da Física. Determine:
a) a aceleração dos blocos
06. Para iniciar o movimento de um corpo de massa m = 10 kg, b) a força de tração no fio que liga os blocos
apoiado sobre um plano horizontal, é necessária uma força mínima
de 60 N. Para manter o corpo em movimento uniforme é preciso 11. Um homem ergue uma carga de 50 kg, à velocidade constante,
aplicar ao bloco uma força de 50 N. Determine os coeficientes de num plano inclinado que forma 37º com a horizontal.
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atrito estático e dinâmico entre o corpo e o plano.


(Adote: g = 10 m/s2)

07. Um garçom faz escorregar pelo balcão, sem tombar, uma gar-
rafa de cerveja até que ela pare em frente a um freguês, a 5,0 m
de distância. Sabendo que o coeficiente de atrito entre o balcão e

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a garrafa vale 0,16 e que a aceleração local da gravidade deve ser


tomada como 10 m/s2, pede-se determinar a velocidade inicial im-
posta à garrafa pelo garçom. O coeficiente de atrito entre as superfícies é 0,2. Considerando sen
37º = 0,6, cos 37º = 0,8 e a aceleração da gravidade igual a 10
08. Um carro de 800 kg, andando a 108 km/h, freia bruscamente m/s2, calcule:
e para em 5,0 s.
a) o peso da carga
a) Qual a aceleração do carro? b) a força normal do plano sobre a carga
b) Qual o valor da força de atrito que atua sobre o carro? c) a força de atrito sobre a carga
d) a força com que a corda puxa o homem
09. Um paraquedas desce verticalmente com velocidade constante
de 0,4 m/s. A massa do paraquedista é 90 kg e g = 10 m/s2.

Força centrípeta
Quando um corpo de massa m efetua um MCU, está sujeito a uma aceleração que é
responsável pela mudança da direção do movimento. Essa aceleração é constante, denomina-se
aceleração centrípeta e é perpendicular, em cada instante, ao vetor velocidade .
Se existe uma aceleração, de acordo com a 2ª lei de Newton, deve haver uma força
resultante, na direção da aceleração, perpendicular à velocidade e dirigida para o centro da
circunferência que é responsável por essa aceleração. Essa força resultante é denominada força
centrípeta. Sem ela, um corpo não pode descrever um movimento circular.

Se o movimento é circular e uniforme, a força centrípeta tem valor constante.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 17
Dinâmica
Capítulo 1: Força e Movimento

Devemos salientar que a força centrípeta é a resultante das forças


que agem sobre o corpo, ou seja, em cada situação, uma ou mais forças
FÍSICA

podem exercer o papel da força centrípeta.

• Quando giramos uma pedra presa à extremidade de um fio, a tração no


fio faz o papel da força centrípeta.
• A lua movimenta-se em órbita circular devido à força centrípeta, que é a
própria força que a Terra exerce sobre a Lua.
• No caso do pêndulo cônico, a força centrípeta é a resultante da força peso
e da tração no fio.
• No caso de um carro que descreve uma curva horizontal, as forças de
atrito originam a resultante centrípeta.
Força centrípeta.
• No looping, um carrinho de montanha-russa está sujeito a uma resultante
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino. centrípeta.

01. Um veículo de massa 1.000 kg percorre o trecho de uma estra- IV. A aceleração resultante em cada ponto é perpendicular à velo-
da conforme indica a figura, com velocidade constante de 18 km/h. cidade vetorial.
Dado g = 10 m/s2, determine a intensidade da força normal que o
leito da estrada exerce no veículo nos pontos A e B. Quais dessas afirmações são verdadeiras?

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
05. Um ponto material de massa m = 0,25 kg descreve uma trajetó-
ria circular horizontal de raio R = 0,50 m, com velocidade constante
e frequência f = 4,0 Hz. Calcule a intensidade da força centrípeta
que age sobre o ponto material.
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06. Um avião de brinquedo é posto para girar num plano horizontal
preso a um fio de comprimento 4,0 m. Sabe-se que o fio suporta
02. Um carro deve fazer uma curva de raio 100 m numa pista plana uma força de tração horizontal máxima de valor 20 N. Sabendo que
e horizontal, com velocidade de 72 km/h. Determine o coeficiente a massa do avião é 0,8 kg, qual a máxima velocidade que pode ter
de atrito entre os pneus e a estrada para que o carro não derrape o avião, sem que ocorra o rompimento do fio?
na pista.
(Adote: g = 10 m/s2) 07. Um automóvel deve contornar uma praça circular seguindo uma
trajetória com raio de 100 m. Supondo que a rodovia é horizontal e
03. Um motociclista realiza um movimento circular num plano verti- que o coeficiente de atrito cinético entre os pneus e a estrada é 0,4,
cal dentro de um “globo da morte” de raio 4,9 m. Determine o me- qual a velocidade máxima, em km/h, que o carro pode atingir para
nor valor da velocidade no ponto mais alto para a moto não perder contornar a praça sem derrapar?
o contato com o globo.
(Adote: g = 10 m/s2) 08. Uma borracha da massa igual a 50 g está sobre o disco de uma
eletrola, a 10 cm de seu centro. A borracha gira junto com o disco,
04. Para uma partícula em movimento circular uniforme são feitas numa velocidade angular constante de 0,4 rad/s. O coeficiente de
as seguintes afirmações: atrito estático entre a borracha e o disco vale 0,50, e a aceleração
da gravidade pode ser considerada igual a 10 m/s2.
I. A sua aceleração é zero.
II. O módulo da força resultante que atua na partícula é proporcional a) Determine o valor da força centrípeta que atua na borracha.
ao quadrado da sua velocidade. b) Determine o valor da força de atrito que atua sobre a borracha.
III. A força resultante que atua na partícula está dirigida para o centro
da circunferência.

Referências bibliográficas
MÁXIMO e ALVARENGA, Antônio e Beatriz. Curso de Física: volume 1. São Paulo: Scipione, 2010.
CORRADI, Wagner. Fundamentos de Física 1: física, mecânica e gravitação. Belo Horizonte: Editora UFMG,
2008.
RAMALHO JÚNIOR e NICOLAU, Francisco e Gilberto Ferraro. Os Fundamentos da Física: volume 1. 9ª ed.
São Paulo: Moderna, 2007.

18 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Dinâmica
Capítulo 1: Força e Movimento

FÍSICA
FORÇA E MOVIMENTO

Introdução

Já estudamos o movimento dos corpos, porém não discutimos as causas que produzem ou modificam o movimen-
to. A parte da Mecânica que estuda essas causas é a Dinâmica.

A primeira teoria sobre esse assunto foi publicada em 1687 por Isaac Newton (1642-1727), em Philosofhia e Natu-
ralis Principia Mathematica, explicando de forma completa o movimento dos corpos, trabalho esse apoiado nos es-
tudos realizados por Galileu Galilei (1564-1642) e Johannes Kepler (1571-1630). Nesse trabalho Newton conseguiu
estabelecer relações entre a massa do corpo e seu movimento, surgindo daí três leis básicas que são chamadas leis
de Newton ou princípios da Dinâmica. Nessa mesma obra explica-se o movimento dos astros e o efeito da massa
dos planetas sobre os corpos próximos a eles, por meio da lei da gravitação universal.

1ª Lei de Newton: princípio da inércia


É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

Considere um corpo não submetido à ação de força alguma. Nessa condição esse corpo não sofre variação de
velocidade. Isso significa que, se ele está parado, permanece parado e se está em movimento, permanece em
movimento e sua velocidade se mantém constante.

Tal princípio, formulado pela primeira vez por Galileu e depois confirmado por Newton é conhecido como primeiro

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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998

princípio da Dinâmica (1ª lei de Newton) ou princípio da inércia.

2ª Lei de Newton: princípio fundamental da dinâmica

A experiência nos mostra que uma mesma força produzirá diferentes acelerações sobre diferentes corpos. Uma
mesma força provoca uma aceleração maior numa bola de tênis do que num automóvel, isto é, quanto maior a mas-
sa de um corpo mais força será necessária produzir uma dada aceleração. Esse princípio estabelece uma proporcio-
nalidade entre causa (força) e efeito (aceleração).

3ª Lei de Newton: princípio da ação e reação

Quando dois corpos interagem aparece um par de forças como resultado da ação que um corpo exerce sobre o ou-
tro. Essas forças são comumente chamadas de ação e reação. O princípio da ação e reação estabelece as seguintes
propriedades das forças decorrentes de uma interação entre os corpos: a toda ação corresponde uma reação, com a
mesma intensidade, mesma direção e sentido contrário.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 19
Dinâmica
Capítulo 1: Força e Movimento
FÍSICA

01. Sobre as leis da Mecânica, é correto afirmar: (cinquenta segundos).

(A) Quando uma força horizontal de valor variável e diferente de Com base nessas informações e adotando g = 10 m/s2, assinale
zero atua sobre um corpo que desliza sobre uma superfície hori- a alternativa correta:
zontal sem atrito, sua aceleração permanece constante.
(B) A força resultante é nula sobre um corpo que se movimenta, (A) O trabalho da força motora usada para elevar o passageiro no
em linha reta, com velocidade constante. trecho citado tem módulo igual a 15.000 J.
(C) Todo corpo em queda livre, próximo da superfície terrestre, (B) A potência utilizada pelo motor que aciona o mecanismo, efe-
aumenta sua energia potencial. tuando o transporte do passageiro no trecho citado, é de 150 W.
(D) Quando um corpo de massa exerce uma força sobre um (C) Se um passageiro subisse do térreo ao andar superior de ele-
corpo de massa o segundo corpo exerce sobre o primeiro uma vador, o trabalho do seu peso seria maior do que se ele subisse
força igual a uma vez que sua massa é maior. de escada rolante.
(E) Quando um corpo gira com velocidade angular constante, a (D) Cada degrau da escada tem 20 cm de altura.
força que atua sobre ele é nula. (E) Para um passageiro em cima do degrau em movimento, é
correto afirmar que o módulo da normal é igual ao módulo de
02. Com um dedo, um garoto pressiona contra a parede duas seu peso.
moedas, de R$ 0,10 e R$ 1,00, uma sobre a outra, mantendo-as
paradas. Em contato com o dedo está a moeda de R$ 0,10 e 05. A figura a seguir ilustra uma máquina de Atwood.
contra a parede está a de R$ 1,00. O peso da moeda de R$ 0,10 é
0,05 N e o da de R$ 1,00 é 0,09 N. A força de atrito exercida pela
parede é suficiente para impedir que as moedas caiam.

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
Qual é a força de atrito entre a parede e a moeda de R$ 1,00?

(A) 0,04 N.
(B) 0,05 N.
(C) 0,07 N.
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(D) 0,09 N.
(E) 0,14 N.

03. Em um experimento, os blocos I e II, de massas iguais a 10kg


e a 6kg, respectivamente, estão interligados por um fio ideal. Em
um primeiro momento, uma força de intensidade F igual a 64N é
aplicada no bloco I, gerando no fio uma tração TA. Em seguida,
uma força de mesma intensidade F é aplicada no bloco II, produ- Supondo-se que essa máquina possua uma polia e um cabo de
zindo a tração TB. Observe os esquemas: massas insignificantes e que os atritos também são desprezíveis,
o módulo da aceleração dos blocos de massas iguais a m1 =
1,0kg e m2 = 3,0kg, em m/s2 é

(A) 20. (B) 10. (C) 5,0. (D) 2,0. (E) 15.

06. Na montagem experimental abaixo, os blocos A, B e C têm


massas mA = 2,0kg, mB = 2,0kg e mC = 5,0kg. Desprezam-se
os atritos e a resistência do ar. Os fios e as polias são ideais e
adote g = 10 m/s2.
Desconsiderando os atritos entre os blocos e a superfície S, a
razão entre as trações TA/TB corresponde a:

(A) 9/10.
(B) 4/7.
(C) 3/5.
(D) 8/13.
(E) 1/2.

04. Devido ao aumento da verticalização das construções, tanto No fio que liga o bloco B com o bloco C, está intercalada uma
residenciais quanto comerciais, os meios de elevação mecaniza- mola leve de constante elástica 3,5 · 103 N/m. Com o sistema em
dos, como elevadores e escadas rolantes, têm uso cada vez mais movimento, a deformação da mola é:
frequente. Uma dada escada rolante transporta passageiros do
andar térreo ao andar superior, com velocidade escalar constan- (A) 2,0 cm.
te. Quando parada, a escada tem comprimento total igual a 30m (B) 1,0 cm.
(trinta metros), 60 (sessenta) degraus visíveis e inclinação igual a (C) 1,5 cm.
30º (trinta graus). Um passageiro de 70kg (setenta quilogramas) é (D) 2,8 cm.
transportado por essa escada do térreo ao andar superior em 50s (E) 4,2 cm.

20 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Dinâmica
Capítulo 1: Força e Movimento

FÍSICA
07. Uma caixa, de massa m, é puxada por uma corda com uma duzirá certa aceleração nesse conjunto. Desconsiderando a resis-
tência do ar, para que B não escorregue sobre A, a deformação
força , horizontal e de módulo constante, sobre uma superfície
F máxima que a mola pode experimentar, em cm, vale
horizontal com atrito, na superfície da Terra.
(A) 3,0. (B) 4,0. (C) 10. (D) 16. (E) 20.

10. Objetos em queda livre sofrem os efeitos da resistência do


ar, a qual exerce uma força que se opõe ao movimento desses
objetos, de tal modo que, após um certo tempo, elas passam a
se mover com velocidade constante. Para uma partícula de poeira
no ar, caindo verticalmente, essa força pode ser aproximada por
O número total de forças que atuam no conjunto (caixa, corda e
Fa = bv , sendo v a velocidade da partícula de poeira e b uma
Terra) é de constante positiva. O gráfico mostra o comportamento do módu-
lo da força resultante sobre a partícula, FR, como função de v, o
(A) 10. (B) 2. (C) 4. (D) 8. (E) 6. módulo de v .

08. Numa competição envolvendo carrinhos de controle remoto,


a velocidade de dois desses carrinhos foi medida em função do
tempo por um observador situado num referencial inercial, sendo
feito um gráfico da velocidade v em função do tempo t para ambos
os carrinhos. Sabe-se que eles se moveram sobre a mesma linha
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reta, partiram ao mesmo tempo da mesma posição inicial, são


iguais e têm massa constante de valor m = 2kg. O gráfico obtido
para os carrinhos A (linha cheia) e B (linha tracejada) é mostrado
a seguir.
Obs.: o ar está em repouso.

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O valor da constante b, em unidades de N · s/m, é

(A) 1,0 · 10–14. (B) 1,5 · 10–14. (C) 3,0 · 10–14.


(D) 1,0 · 10–10. (E) 3,0 · 10–10.

11. Na linha de produção de uma fábrica, uma esteira rolante


movimenta-se no sentido indicado na figura 1, e com velocidade
constante, transportando caixas de um setor a outro. Para fazer
uma inspeção, um funcionário detém uma das caixas, mantendo-
-se parada diante de si por alguns segundos, mas ainda apoiada
na esteira que continua rolando, conforme a figura 2.
Com base nos dados apresentados, responda:
(A) Após 40s de movimento, qual é a distância entre os dois car-
rinhos?

(B) Quanto vale o trabalho total realizado sobre o carrinho A entre


os instantes t = 0s e t = 10s?

(C) Qual o módulo da força resultante sobre o carrinho B entre os


instantes t = 20s e t = 40s? No intervalo de tempo em que a esteira continua rolando com
velocidade constante e a caixa é mantida parada em relação ao
09. Na situação da figura a seguir, os blocos A e B têm massas funcionário (figura 2), a resultante das forças aplicadas pela es-
mA = 3,0 kg e mB = 1,0 kg. O atrito entre o bloco A e o plano teira sobre a caixa está corretamente representada na alternativa
horizontal de apoio é desprezível, e o coeficiente de atrito estático
entre B e A vale µe = 0,4. O bloco A está preso numa mola ideal, (A) (B) (C)
inicialmente não deformada, de constante elástica K = 160 N/m
que, por sua vez, está presa ao suporte S.

(D) (E)

12. Uma partícula de massa m, presa na extremidade de uma


corda ideal, descreve um movimento circular acelerado, de raio R,
O conjunto formado pelos dois blocos pode ser movimentado contido em um plano vertical, conforme a figura a seguir:
produzindo uma deformação na mola e, quando solto, a mola pro-

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 21
Dinâmica
Capítulo 1: Força e Movimento
FÍSICA

Dados: massa do corpo A = mA; massa do corpo B = MB; cons-


tante elástica da mola = k; aceleração da gravidade = g.
Consideração: a massa mA é suficiente para garantir que o corpo
permaneça no plano horizontal da mesa.

16. Leia a tirinha a seguir e responda à(s) questão(ões):

Quando essa partícula atinge determinado valor de velocidade, a


corda também atinge um valor máximo de tensão e se rompe.
Nesse momento, a partícula é lançada horizontalmente, de uma
altura 2R, indo atingir uma distância horizontal igual a 4R. Con-
siderando a aceleração da gravidade no local igual a g, a tensão
máxima experimentada pela corda foi de

(A) 1 mg. (B) 2 mg. (C) 3 mg. Com base no diálogo entre Jon e Garfield, expresso na tirinha, e
(D) 4 mg. (E) 5 mg. nas Leis de Newton para a gravitação universal, assinale a alter-
nativa correta:
13. Em Júpiter a aceleração da gravidade vale aproximadamente
25 m/s2 (2,5 x maior do que a aceleração da gravidade da Terra). (A) Jon quis dizer que Garfield precisa perder massa e não peso,
Se uma pessoa possui na Terra um peso de 800 N, quantos new- ou seja, Jon tem a mesma ideia de um comerciante que usa uma
tons esta mesma pessoa pesaria em Júpiter? balança comum.

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
(B) Jon sabe que, quando Garfield sobe em uma balança, ela
Considere a gravidade na Terra g = 10 m/s2. mede exatamente sua massa com intensidade definida em qui-
lograma-força.
(A) 36. (C) Jon percebeu a intenção de Garfield, mas sabe que, devido
(B) 80. à constante de gravitação universal “g”, o peso do gato será o
(C) 800. mesmo em qualquer planeta.
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(D) 2.000. (D) Quando Garfield sobe em uma balança, ela mede exatamente
(E) 120. seu peso aparente, visto que o ar funciona como um fluido hi-
drostático.
14. Alguns relógios utilizam-se de um pêndulo simples para fun- (E) Garfield sabe que, se ele for a um planeta cuja gravidade seja
cionarem. Um pêndulo simples é um objeto preso a um fio que é menor, o peso será maior, pois nesse planeta a massa aferida
colocado a oscilar, de acordo com a figura a seguir: será maior.

Desprezando-se a resis- 17. Uma esfera rígida de volume 5 cm3 e massa 100 g é aban-
tência do ar, este objeto donada em um recipiente, com velocidade inicial nula, totalmente
estará sujeito à ação de submersa em um líquido, como mostra a figura:
duas forças: o seu peso e
a tração exercida pelo fio.
Pode-se afirmar que en-
quanto o pêndulo oscila, Verifica-se que a esfera leva 4 s
a tração exercida pelo fio: para atingir o fundo do recipiente,
a 80 cm de profundidade. Consi-
(A) tem valor igual ao peso do objeto apenas no ponto mais baixo derando g = 10 m/s2 e que ape-
da trajetória. nas as forças peso e o empuxo
(B) tem valor igual ao peso do objeto em qualquer ponto da tra- atuem sobre a esfera, determine:
jetória.
(C) tem valor menor que o peso do objeto em qualquer ponto da (A) a velocidade, em m/s, com que a esfera toca o fundo do re-
trajetória. cipiente.
(D) tem valor maior que o peso do objeto no ponto mais baixo da
(B) a densidade do líquido, em g/cm3.
trajetória.
(E) e a força peso constitui um par ação-reação.
18. Há dois momentos no salto de paraquedas em que a velocida-
de do paraquedista torna-se constante: quando atinge velocidade
15. Uma mola presa ao corpo A está distendida. Um fio passa
máxima, que é de aproximadamente 200 km/h, e no momento
por uma roldana e tem suas extremidades presas ao corpo A e ao
do pouso. Com base nas Leis da Física, a força de arrasto do ar:
corpo B, que realiza um movimento circular uniforme horizontal
com raio R e velocidade angular . O corpo A encontra-se sobre
(A) é maior quando o paraquedista encontra-se em velocidade
uma mesa com coeficiente de atrito estático µ e na iminência do
de pouso.
movimento no sentido de reduzir a deformação da mola.
(B) é a mesma, seja na velocidade máxima ou no momento do
pouso.
Determine o valor da deformação da mola.
(C) é maior quando o paraquedista encontra-se em velocidade
máxima.

22 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Dinâmica
Capítulo 1: Força e Movimento

FÍSICA
(D) é zero nesses dois momentos. (A) decrescente.
(E) depende do posições do corpo do paraquedista nesses dois (B) constante e não nula.
momentos. (C) crescente.
(D) nula.
19. Em uma construção, um operário utiliza-se de uma roldana e (E) constante e nula.
gasta em média 5 segundos para erguer objetos do solo até uma
laje, conforme mostra a figura a seguir: 23. Durante um teste de desempenho, um carro de massa 1200
kg alterou sua velocidade, conforme mostra o gráfico a seguir:

Desprezando os atritos e considerando a gravidade local igual a Considerando que o teste foi executado em uma pista retilínea, po-
10 m/s2, pode-se afirmar que a potência média e a força feita de-se afirmar que a força resultante que atuou sobre o carro foi de
pelos braços do operário na execução da tarefa foram, respecti-
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vamente, iguais a (A) 1200 N.


(B) 2400 N.
(A) 300 W e 300 N. (C) 3600 N.
(B) 300 W e 150 N. (D) 4800 N.
(C) 300 W e 30 N. (E) 6000 N.
(D) 150 W e 300 N.

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(E) 150 W e 150 N. 24. Doutor Botelho quer instalar um portão elétrico na garagem de
sua casa. O sistema é composto de um contrapeso preso à extre-
20. Um menino solta uma moeda, a partir do repouso, sobre um midade de um cabo de aço de massa desprezível, que passa por
plano inclinado. Desprezando-se o atrito, pode-se afirmar que a uma polia, de massa também desprezível. A outra extremidade do
velocidade, ao final da rampa, é: cabo de aço é presa ao portão, como mostrado na figura. Saben-
do-se que o portão possui uma massa de 100 kg, qual deve ser
(A) igual a de qualquer ponto anterior à do final. a massa do contrapeso para que o portão suba com aceleração
(B) diretamente proporcional à altura do plano. igual a 0,1 g, sendo g a aceleração da gravidade? Desconsidere
(C) diretamente proporcional ao quadrado da altura do plano. qualquer outra força externa realizada pelo motor do portão.
(D) diretamente proporcional à raiz quadrada da altura do plano.
(E) inversamente proporcional à altura do plano.

21. Beisebol é um esporte que envolve o arremesso, com a mão,


de uma bola de 140 g de massa na direção de outro jogador que
irá rebatê-la com um taco sólido. Considere que, em um arremes-
so, o módulo da velocidade da bola chegou a 162 km/h, imediata-
mente após deixar a mão do arremessador. Sabendo que o tempo
de contato entre a bola e mão do jogador foi de 0,07 s, o módulo
da força média aplicada na bola foi de: (A) 81,8 kg.
(B) 122,2 kg.
(A) 324,0 N. (C) 61 kg.
(B) 90,0 N. (D) 163,6 kg.
(C) 6,3 N. (E) 127,5kg.
(D) 11,3 N.
(E) 110 N. 25. Sobre uma caixa de massa 120 kg, atua uma força horizontal
constante F de intensidade 600 N. A caixa encontra-se sobre uma
22. De um modo simplificado, pode-se descrever mecanicamente superfície horizontal em um local no qual a aceleração gravitacio-
um amortecedor automotivo como uma haste cujo tamanho varia nal é 10 m/s2.
mediante a aplicação de uma força de tração ou compressão na
direção de seu comprimento. Essa haste oferece uma força de Para que a aceleração da caixa seja constante, com módulo igual
resistência oposta à força aplicada. Diferentemente de uma mola a 2 m/s2 e tenha a mesma orientação da força F, o coeficiente de
helicoidal, cuja força é proporcional ao deslocamento, no amor- atrito cinético entre a superfície e a caixa deve ser de
tecedor a força é proporcional à velocidade de compressão ou de
distensão. Nesse amortecedor ideal, sendo aplicada uma tração (A) 0,1.
que faça seu comprimento L variar como L = 2t, onde t é o (B) 0,2.
tempo, a força de resistência é (C) 0,3.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 23
Dinâmica
Capítulo 1: Força e Movimento
FÍSICA

(D) 0,4. (A) a força de atrito é diretamente proporcional à área da super-


(E) 0,5. fície de contato;
(B) o coeficiente de atrito estático não depende da natureza da
26. Algumas embalagens trazem, impressas em sua superfície superfície;
externa, informações sobre a quantidade máxima de caixas iguais (C) a força de atrito máxima é diretamente proporcional ao módulo
a ela que podem ser empilhadas, sem que haja risco de danificar a da força normal;
embalagem ou os produtos contidos na primeira caixa da pilha, de (D) a força de atrito máxima é inversamente proporcional ao mó-
baixo para cima. Considere a situação em que três caixas iguais dulo da força normal;
estejam empilhadas dentro de um elevador e que, em cada uma (E) uma vez que o bloco começa a deslizar, a força de atrito au-
delas, esteja impressa uma imagem que indica que, no máximo, menta proporcionalmente à velocidade do bloco.
seis caixas iguais a ela podem ser empilhadas.
30. Um professor de ensino médio deseja determinar o coeficiente
Suponha que esse elevador esteja de atrito cinético entre dois tênis e o chão dos corredores da esco-
parado no andar térreo de um edi- la, supostamente horizontais. Para tanto, ele mede inicialmente a
fício e que passe a descrever um massa dos dois tênis, A e B, encontrando um valor de 400 g e 500
movimento uniformemente ace- g, respectivamente. Após, solicita que um aluno puxe horizontal-
lerado para cima. Adotando g = mente os tênis com um dinamômetro, verificando a sua marca-
10 m/s2, é correto afirmar que a ção quando o tênis está se movendo com velocidade constante,
maior aceleração vertical que esse sendo que são registrados os valores de 2,8 N para o tênis A e
elevador pode experimentar, de 3,0 N para o tênis B.
modo que a caixa em contato com

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o piso receba desse, no máximo, Com base nessas informações e considerando a aceleração da
a mesma força que receberia se o gravidade igual a 10 m/s2, é correto afirmar que:
elevador estivesse parado e, na pi-
lha, houvesse seis caixas, é igual a (A) O coeficiente de atrito cinético determinado para o tênis A é
um valor entre 0,4 e 0,6.
(A) 4 m/s2. (B) Mesmo sem ser realizada uma medida para o atrito estático, o
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(B) 8 m/s2. valor do coeficiente desse atrito será menor do que o encontrado
(C) 10 m/s2. para o atrito cinético em cada caso.
(D) 6 m/s2. (C) O tênis B possui maior coeficiente de atrito cinético do que
(E) 2 m/s2. o tênis A.
(D) Foi determinado um valor de para o coeficiente de atrito ciné-
27. Considere um patinador X que colide elasticamente com a tico para o tênis B.
parede P de uma sala. Os diagramas abaixo mostram segmentos (E) Em nenhuma das medidas foi determinado um valor maior ou
orientados indicando as possíveis forças que agem no patinador igual a 0,7.
e na parede, durante e após a colisão. Note que segmento nulo
indica força nula. 31. O peso de um corpo depende basicamente da sua massa e
da aceleração da gravidade em um local. A tirinha a seguir mostra
que o Garfield está tentando utilizar seus conhecimentos de Física
para enganar o seu amigo.

Supondo desprezível qualquer atrito, o diagrama que melhor re-


presenta essas forças é designado por:
De acordo com os princípios da Mecânica, se Garfield for para
esse planeta:
(A) I. (B) II. (C) III.
(D) IV. (E) I e IV.
(A) ficará mais magro, pois a massa depende da aceleração da
gravidade.
28. Um helicóptero transporta, preso por uma corda, um paco-
(B) ficará com um peso maior.
te de massa 100 kg. O helicóptero está subindo com aceleração
(C) não ficará mais magro, pois sua massa não varia de um local
constante vertical e para cima de 0,5 m/s2. Se a aceleração da
para outro.
gravidade no local vale 10 m/s2, a tração na corda, em newtons,
(D) ficará com o mesmo peso.
que sustenta o peso vale
(E) não sofrerá nenhuma alteração no seu peso e na sua massa.

(A) 1.500. (B) 1.050. (C) 500.


32. Uma criança está parada em pé sobre o tablado circular gi-
(D) 1.000. (E) 950.
rante de um carrossel em movimento circular e uniforme, como
mostra o esquema (uma vista de cima e outra de perfil).
29. Em relação às forças de atrito entre um bloco e uma superfície
sobre a qual o mesmo repousa, assinale a afirmação CORRETA:

24 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Dinâmica
Capítulo 1: Força e Movimento

FÍSICA
(C) (D)

(E)
O correto esquema de forças atuantes sobre a criança para um
observador parado no chão fora do tablado é:

(Dados: F força do tablado; N reação normal do tablado; P peso 34. O trilho de ar é um dispositivo utilizado em laboratórios de
da criança) física para analisar movimentos em que corpos de prova (carri-
nhos) podem se mover com atrito desprezível. A figura ilustra um
trilho horizontal com dois carrinhos (1 e 2) em que se realiza um
experimento para obter a massa do carrinho 2. No instante em que
o carrinho 1, de massa 150,0 g, passa a se mover com velocidade
(A) (B) escalar constante, o carrinho 2 está em repouso. No momento
em que o carrinho 1 se choca com o carrinho 2, ambos passam
a se movimentar juntos com velocidade escalar constante. Os
sensores eletrônicos distribuídos ao longo do trilho determinam
as posições e registram os instantes associados à passagem de
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cada carrinho, gerando os dados do quadro.

(C) (D)

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(E)

Com base nos dados experimentais, o valor da massa do carrinho


2 é igual a
33. Rasgando a terra, tal como a proa de um navio corta as águas,
(A) 50,0 g. (B) 250,0 g. (C) 300,0 g.
o arado em forma de cunha é uma ferramenta agrícola utilizada
(D) 450,0 g. (E) 600,0 g.
para revolver a terra, preparando-a para o cultivo. Para utilizá-lo,
é necessária a tração de um animal. Enquanto ele é puxado pelo
35. Em uma colisão frontal entre dois automóveis, a força que o
animal, uma pessoa segura seus dois manetes, orientando o mo-
cinto de segurança exerce sobre o tórax e abdômen do motoris-
vimento do arado.
ta pode causar lesões graves nos órgãos internos. Pensando na
segurança do seu produto, um fabricante de automóveis realizou
testes em cinco modelos diferentes de cinto. Os testes simularam
uma colisão de 0,30 segundo de duração, e os bonecos que re-
presentavam os ocupantes foram equipados com acelerômetros.
Esse equipamento registra o módulo da desaceleração do boneco
em função do tempo. Os parâmetros como massa dos bonecos,
dimensões dos cintos e velocidade imediatamente antes e após o
impacto foram os mesmos para todos os testes. O resultado final
obtido está no gráfico de aceleração por tempo.
Na figura, pode-se notar o ângulo que as lâminas formam entre si,
assim como o engate onde os arreios são fixados. Quando o ara-
do representado na figura e engatado a um animal e esse animal
se desloca para frente, os vetores que representam as direções
e sentidos das forças com que as lâminas do arado empurram
a terra, quando ele está em uso, estão melhor representados em
(desconsidere a ação do atrito entre as lâminas e a terra):

(A) (B)

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 25
Dinâmica
Capítulo 1: Força e Movimento
FÍSICA

Qual modelo de cinto oferece menor risco de lesão interna ao (A) A força de ação é aquela exercida pelo garoto.
motorista? (B) A força resultante sobre o móvel é sempre nula.
(C) As forças que o chão exerce sobre o garoto se anulam.
(A) 1. (B) 2. (C) 3. (D) 4. (E) 5. (D) A força de ação é um pouco maior que a força de reação.
(E) O par de forças de ação e reação não atua em um mesmo
36. Um objeto move-se em uma trajetória circular com módulo da corpo.
velocidade constante. Assinale a alternativa que explica por que o
trabalho realizado pela força centrípeta é zero. 41. Em uma aula de educação física, o professor convida os es-
tudantes para observar o movimento de uma bola de basquete de
(A) A força centrípeta é perpendicular à velocidade. 500 g, arremessada contra o solo. Nesse experimento, as velo-
(B) A força média para cada revolução é zero. cidades da bola imediatamente antes e depois da colisão foram
(C) Não há atrito. determinadas e estão mostradas na figura a seguir.
(D) A magnitude da aceleração é zero.
(E) O deslocamento para cada revolução é zero.

37. Para entender a importância do uso do capacete, considere o


exemplo de uma colisão frontal de um motoqueiro, com massa de
80 kg, com um muro. Suponha que ele esteja se deslocando com
uma velocidade de 72km/h quando é arremessado em direção ao
muro na colisão. Suponha que o tempo de colisão dure 0,2s até
que ele fique em repouso, e que a força do muro sobre o moto-

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
queiro seja constante. Qual o valor desta força e quantos sacos de
cimento de 50kg é possível levantar (com velocidade constante)
com tal força?

(A) 3.000N e 6 sacos. Três afirmações propostas pelo professor acerca da colisão da
(B) 6.000N e 240 sacos. bola com o chão devem ser analisadas pelos estudantes como
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(C) 8.000N e 16 sacos. verdadeiras (V) ou falsas (F). São elas:
(D) 8.000N e 160 sacos.
(E) 12.000N e 160 sacos. ( ) O impulso sobre a bola possui direção vertical e para baixo.
( ) O módulo da variação da quantidade de movimento da bola
38. Durante a realização de uma experiência no laboratório de fí- é igual a 18 kg m/s.
sica, sobre a segunda lei de Newton, um estudante percebeu que ( ) A Terceira Lei de Newton não se aplica nesse caso.
um corpo desliza para baixo num plano inclinado de 45° com o
dobro do tempo que ele levaria se não houvesse atrito, mantendo A sequência CORRETA encontra-se na alternativa
as condições iniciais. A partir dessas informações, ele calculou o
coeficiente de atrito de escorregamento entre o corpo e a superfí- (A) F - V - V. (B) V - V - F. (C) F - F - V.
cie do plano inclinado, encontrando o seguinte resultado: (D) V - F - V. (E) F - V - F.

(A) 0,55. (B) 0,25. (C) 0,45. (D) 0,75. (E) 0,35. 42. Em No seu estudo sobre a queda dos corpos, Aristóteles afir-
mava que se abandonarmos corpos leves e pesados de uma mes-
39. De acordo com a segunda lei de Newton, uma partícula sob ma altura, o mais pesado chegaria mais rápido ao solo. Essa ideia
ação de uma única força “F” possui, em relação à um referencial está apoiada em algo que é difícil de refutar, a observação direta
inercial, uma aceleração “a” de tal forma que da realidade baseada no senso comum. Após uma aula de física,
dois colegas estavam discutindo sobre a queda dos corpos, e um
F = m · a, tentava convencer o outro de que tinha razão:

onde “m” é a massa da partícula. Se a massa da partícula for Colega A: “O corpo mais pesado cai mais rápido que um menos
dada em quilograma (kg) e a força em newtons (N) então a acele- pesado, quando largado de uma mesma altura. Eu provo, largando
ração da partícula será dada em: uma pedra e uma rolha. A pedra chega antes. Pronto! Tá prova-
do!”.
(A) N/kg. (B) N · kg. (C) N². (D) kg². (E) kg/N. Colega B: “Eu não acho! Peguei uma folha de papel esticado e
deixei cair. Quando amassei, ela caiu mais rápido. Como isso é
40. Durante uma faxina, a mãe pediu que o filho a ajudasse, deslo- possível? Se era a mesma folha de papel, deveria cair do mesmo
cando um móvel para mudá-lo de lugar. Para escapar da tarefa, o jeito. Tem que ter outra explicação!”.
HULSENDEGER, M. Uma análise das concepções dos alunos sobre a queda dos corpos.
filho disse ter aprendido na escola que não poderia puxar o móvel,
Caderno Brasileiro de Ensino de Física, n. 3, dez. 2004 (adaptado).
pois a Terceira Lei de Newton define que se puxar o móvel, o mó-
vel o puxará igualmente de volta, e assim não conseguirá exercer
O aspecto físico comum que explica a diferença de comportamen-
uma força que possa colocá-lo em movimento.
to dos corpos em queda nessa discussão

Qual argumento a mãe utilizará para apontar o erro de interpreta-


(A) peso dos corpos. (B) resistência do ar.
ção do garoto?
(C) massa dos corpos. (D) densidade dos corpos.
(E) aceleração da gravidade.

26 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Capítulo
Gravitação universal e
energia
2

Voos parabólicos: simulando


a ausência da gravidade

Tripulante observa garrafa flutuar em cabine de avião


FONTE: https://s3.observador.pt

A única forma de treinar astronautas ou re- (é 1,8 vezes a força da gravidade). Quando Sobre o texto e a
alizar investigação científica em gravidade o avião ultrapassa o topo desta parábola, a imagem de intro-
zero é com os chamados voos parabólicos. força centrífuga exercida no avião – e no que dução
Basicamente, as simulações de gravidade estiver dentro dele – cancela a força gravita-
zero dependem de uma queda livre. Se você cional. É então que acontece a sensação de • De acordo com o texto, o que
observar, quando um objeto está em queda gravidade zero, que na verdade é uma micro- são voos parabólicos?
livre, ele está somente sob a influência da gravidade, pois somente as forças gravitacio-
• Explique o que é a trajetória de
gravidade. Então, para simular um voo sem nais desprezíveis estão presentes. A experi-
Kepler.
gravidade, basta criar uma queda livre. ência dura cerca de 30 segundos, e então o
avião mergulha para depois subir novamente • Como acontece a “anulação”
Para isso, o avião precisa subir em um ângu- e começar uma nova parábola. da gravidade num voo parabó-
lico?
lo bem inclinado, para então nivelar e depois
mergulhar. Este movimento pode ser nomea- Os voos com simulação de gravidade zero re-
do como arco de parábola, Trajetória de Ke- presentam uma parte entre os diversos testes
pler ou, ainda, rota de queda livre. para se tornar um astronauta da NASA, e com
certeza são os mais atrativos e conhecidos
Neste processo, o que acontece é que duran- pelo público. Afinal, quem nunca pensou em
te a subida a aceleração do avião e a força da como é a sensação de estar em um ambiente
gravidade criam tal força que os passageiros sem gravidade?
chegam a pesar quase o dobro do normal FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.
Dinâmica
Capítulo 2: Gravitação universal e energia

Gravitação universal
FÍSICA

Introdução
O brilho e o movimento dos astros sempre despertaram a curiosidade dos homens. Em todas as
etapas da civilização, eles procuraram dar uma explicação para os fascinantes fenômenos da gravitação
universal.

Os gregos, por exemplo, deduziram que a


Terra ocupava o centro do Universo e em torno dela
giravam outros corpos celestes, em perfeitos círculos
concêntricos. Esse sistema, conhecido como geocên-
trico (geo = centro), foi sistematizado pelo astrônomo
grego Hiparco (século II a.C.).

Mas o astrônomo grego Aristarco de Samos


(310-230 a.C.) pensava de modo diferente. Foi o pri-
meiro a afirmar que todos os planetas, inclusive a Ter-
ra, giravam em torno do Sol. Assim, ao contrário do
sistema geocêntrico concebido pelos seus compatrio-
tas, Samos imaginou um sistema heliocêntrico (helio
= sol). Entretanto, na época, ele não teve crédito, por-

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
que, favorecida pelo geocentrismo, os gregos aceita-
Sistema solar.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino. vam a ideia de que o homem era o centro do Universo.

No século II, o sistema geocêntrico foi desenvolvido e consagrado por Cláudio Ptolomeu, grande
astrônomo de Alexandria, no Egito. Somente no século XVI a teoria heliocêntrica viria a se firmar novamen-
| SISTEMA DINAMUS • ENSINO MÉDIO |

te, graças aos estudos do cônego polonês Nicolau Copérnico (1473-1543) que, discordando do sistema

LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998


ptolomaico, aceito e defendido até então, renovou a teoria de Aristarco, afirmando que o Sol era realmente o
centro das órbitas planetárias. Essa reafirmação suscitou muito debate e discussão.
A observação dos fenômenos celestes levou outro astrônomo, o dinamarquês Tycho Braché (1546-
1601), a elaborar uma teoria intermediária: ele concluiu que os planetas giravam em torno do Sol e a Lua
girava em torno da Terra. Suas observações levaram o alemão Johannes Kepler (1571-1630) a elaborar
algumas leis que convenceram os pesquisadores sobre a realidade do heliocentrismo, estabelecendo ainda
que as órbitas eram elípticas, e não circulares.

Mas muitos ainda negavam a teoria copernicana. Por exem-


plo, o italiano Galileu Galilei (1564-1642), um dos maiores pesqui-
sadores que a ciência conheceu, foi acusado de herege pela igreja
católica porque afirmava que a Terra não era fixa e fazia parte do
sistema solar.

As conclusões de Kepler e Galileu foram coroadas pelos


estudos de Isaac Newton (1643-1727), físico e matemático inglês,
autor da lei da gravitação universal, que explica a mecânica ce-
leste.

Ilustração da 1ª lei de Kepler. Leis de Kepler


FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

No século XVII, Johannes Kepler enunciou as leis que re-


gem o movimento planetário, utilizando em seus estudos as anota-
ções do astrônomo dinamarquês Tycho Braché.

As três leis de Kepler, que tratam dos movimentos dos


planetas, são:

a) 1ª lei: os planetas descrevem órbitas elípticas em torno do Sol,


ocupando este um dos focos da elipse.

b) 2ª lei: o segmento imaginário que une o Sol ao planeta descreve


Ilustração da 2ª lei de Kepler. áreas proporcionais aos tempos gastos em percorrê-las.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

28 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Dinâmica
Capítulo 2: Gravitação universal e energia

FÍSICA
Isto significa que os planetas se movem ao redor do Sol com velocidade variada, pois:

• quando A1 = A2 → ∆t1 = ∆t2;

• mas como ∆s1 > ∆s2 → v1 > v2.

As velocidades dos planetas são maiores quando eles estão mais perto do Sol e menores quando
estão mais longe. O ponto A da órbita do planeta mais próximo do Sol é chamado periélio e o ponto B mais
afastado é chamado afélio.

c) 3ª lei: os quadrados dos tempos de revolução


dos planetas (tempo para dar uma volta completa em
torno do Sol) são proporcionais aos cubos das suas
distâncias médias do Sol.
É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

Ilustração da 3ª lei de Kepler.


FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998

Observações:

• Através dessa lei podemos concluir que o período de translação de um planeta aumenta
com o aumento do semieixo maior de sua trajetória em torno do Sol, isto é, aumenta o seu
ano. Exemplos: Mercúrio → ano de 88 dias terrestres; Plutão → ano de 248 anos terrestres;

• As três leis de Kepler são válidas para qualquer corpo girando em torno de uma grande
massa central, isto é, os satélites naturais e os artificiais;

• A constante k só depende da massa do Sol e não do planeta que gira em torno dele.

01. De quantos anos seria, aproximadamente, o período de um pla- 03. O raio da órbita da Terra é 1,49 ⋅ 1011 m e o da órbita de Urano
neta girando em torno do Sol, se sua distância ao centro de gravita- é 2,87 ⋅ 1012 m. Determine o período de Urano. Dado: período da
ção fosse 8 vezes a distância Terra – Sol? Terra = 1 ano terrestre.

02. A Terra descreve uma elipse em torno do Sol cuja área é A = 04. Um satélite artificial A, em órbita circular, dista x do centro da
6,98 ⋅ 1022 m2. Terra, e o seu período é T. Um outro satélite, B, também em órbita
circular, tem período 4T. Calcule o raio da órbita de B.
a) Qual é a área varrida pelo raio que liga a Terra ao Sol desde zero
hora do dia 1º de abril até as 24 h do dia 30 de maio do mesmo 05. Marte tem dois satélites: Fobos, que se move em órbita circular
ano? de raio 9.700 km e período 2,75 ⋅ 104 s, e Deimos, que tem órbita
b) Qual foi o princípio ou lei que você usou para efetuar o cálculo circular de raio 24.300 km. Determine o período de Deimos.
acima?

Lei da gravitação universal


Newton explicou as leis dos movimentos dos planetas por uma hipótese aplicável à universalidade
dos casos desde a atração dos planetas até as atrações moleculares dos corpos.
Estudando o movimento da Lua, ele concluiu que a força que a mantém em órbita é do mesmo tipo
da força que a Terra exerce sobre um corpo colocado nas suas proximidades. Chamou essas forças de
gravitacionais e enunciou e lei de gravitação universal.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 29
Dinâmica
Capítulo 2: Gravitação universal e energia

Dois corpos atraem-se com forças proporcionais


às suas massas e inversamente proporcionais ao quadra-
FÍSICA

do da distância entre seus centros.

Ilustração da Lei da gravitação universal.


FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

Essas forças têm mesma intensidade, mesma direção – que passa pelo centro dos dois corpos – e
sentidos contrários.
Sendo:

• M e m as massas dos corpos;


• G a constante de gravitação universal;
• d a distância entre os centros dos dois corpos;
• F a intensidade da força gravitacional.

A constante G não depende dos corpos, nem do meio que os envolve, nem da distância entre eles.
Depende somente do sistema de unidades utilizado. No S.I., temos: G = 6,67 ⋅ 10–11 N ⋅ m2/kg2.

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
01. Dois pontos materiais de massas mA = 2 kg e mB = 8 kg es- 04. Em certo sistema planetário alinham-se, num dado momento,
tão localizados a uma distância de 4 m um do outro. Determine a um planeta, um asteroide e um satélite, como representa a figura.
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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998


intensidade da força gravitacional entre eles, sabendo que G = 6,7 Sabendo que a massa do satélite é mil vezes menor que a massa do
⋅ 10–11 Nm2/kg2. planeta e o raio do satélite é muito menor que o raio R do planeta,
determine a razão entre as forças gravitacionais exercidas pelo pla-
02. Calcule a intensidade da força gravitacional da Terra sobre a Lua neta e pelo satélite sobre o asteroide.
sabendo que: massa da Terra = 6 ⋅ 1024 kg, massa da Lua = 3/4 ⋅
1023 kg, distância do centro da Terra ao centro da Lua = 3,84 ⋅ 108
m e G = 6,67 ⋅ 10–11 Nm2/kg2.

03. Um corpo de massa m é atraído, quando colocado na superfície


da Terra, por uma força gravitacional de intensidade F. Determine a
intensidade da força gravitacional sobre esse corpo quando levado
para a superfície de um planeta de forma esférica cuja massa é oito
vezes maior que a da Terra e cujo raio é quatro vezes maior que o
terrestre.

Aceleração da gravidade
Em torno da Terra há uma região denominada campo gravitacional, onde todos os
corpos lá colocados sofrem sua influência, que se apresenta em forma de uma força.
Dentro desse campo os corpos são atraídos para a Terra, sofrendo variações de velo-
cidade em virtude de terem adquirido aceleração. A essa aceleração chamamos aceleração da
gravidade, indicada pela letra g.
Temos dois casos,

a) Aceleração da gravidade na superfície da Terra: todo ponto material de massa m colo-


cado na superfície da Terra é atraído para o seu centro.
Essa força atrativa é o peso do corpo, que é dado por:

Ilustração da aceleração da gravidade na


superfície da Terra.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

30 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Dinâmica
Capítulo 2: Gravitação universal e energia

Mas, devido à lei de Newton, a intensidade da força de atração gravitacional entre a Terra e o corpo
é dada por:

FÍSICA
Em que:

• M = massa da Terra • R = raio da Terra

Não levando em consideração a rotação da Terra, a força peso é a própria força de atração gravita-
cional; logo:

Essa fórmula fornece a aceleração da gravidade na superfície de qualquer planeta.


É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

Note que a aceleração da gravidade na superfície independe da massa m do ponto material


que foi atraído.

b) Aceleração da gravidade para pontos externos à Terra: se o ponto


material estiver a uma altura h da superfície da Terra, temos:

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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998

Note que a aceleração da gravidade diminui com a altitude dos corpos em relação
à superfície da Terra. Ilustração da aceleração da gravidade para pontos
externos à Terra.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.
Observação:

• Os corpos flutuam dentro de uma nave espacial porque a força gravitacional (força peso)
que age sobre o corpo faz o papel da força centrípeta que age sobre ele para mantê-lo numa
trajetória circular. A sensação de ausência de peso dos corpos é chamada de impondera-
bilidade.

01. Qual é, aproximadamente, o valor do módulo da aceleração da 04. À medida que se aproxima da superfície de um planeta, uma
gravidade num ponto em torno da Terra, a uma altitude igual a cinco sonda espacial envia dados para a Terra. A tabela a seguir indica
vezes o raio terrestre? A aceleração da gravidade ao nível do mar na os valores medidos para a aceleração da gravidade desse planeta
superfície terrestre é igual a 9,8 m/s2. como função da distância h da sonda à sua superfície.

02. Determine a aceleração da gravidade a uma altura de 1.000 km g (m/s2) h (km)


acima da superfície da Terra.
0,6 4,8 ⋅ 103
(Dados: G = 6,67 ⋅ 10–11 Nm2/kg2, RT = 6.400 km e MT = 6 ⋅ 1024 kg)
2,4 0,7 ⋅ 103
03. Considerando a constante de gravitação universal com valor G
= 6,67 ⋅ 10–11, a aceleração da gravidade ao nível do mar g = 9,8 Com base nesses dados, determine o valor do raio desse planeta
m/s2 e raio da Terra R = 6.400 km, calcule aproximadamente a medido em unidades de 105 m.
massa da Terra.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 31
Dinâmica
Capítulo 2: Gravitação universal e energia

Satélite estacionário
FÍSICA

Particularmente interessantes para a telecomunicação são os satélites, que descrevem uma órbita
circular sobre o plano equatorial em 86.400 s, isto é, 24 h.
Quando o satélite tem órbita circular contida no plano equatorial e o período de rotação do satélite é
igual ao período de rotação da Terra, o satélite permanece em repouso em relação a um referencial fixo na
superfície da Terra e é chamado satélite estacionário.
Eles devem ficar a uma altura aproximada de h = 35.480 km da superfície da Terra. A força de inte-
ração gravitacional F entre a Terra de massa M e o satélite de massa m representa a própria força centrípeta
para manter o satélite em órbita (F = Fcp). A partir dessa igualdade podemos determinar a velocidade orbital
e o período de rotação do satélite em torno da Terra.

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
Ilustração – Satélite estacionário.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.
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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998


01. Pretende-se lançar um satélite artificial que irá descrever uma M1 = 6 ⋅ 1024 kg e R1 = 6.400 km, calcule a velocidade tangencial
órbita circular a 1.040 km de altura. Sabe-se que G = 6,7 ⋅ 10–11 N do satélite naquela altura e também seu período.
⋅ m2/kg2 e o raio e a massa da Terra são RT = 6.400 km e MT = 6 ⋅
1024 kg. Determine: 03. Os satélites artificiais tripulados descrevem, habitualmente, ór-
bitas aproximadamente circulares em torno da Terra, a uma altitude
a) a velocidade tangencial que deve ser imprimida ao satélite, na- de 400 km em relação à superfície. Sabe-se que, nessa altitude, a
quela altura, para obter-se a órbita desejada. aceleração da gravidade é de 8,7 m/s2.
b) a frequência do movimento do satélite e o número de voltas que
ele dará, por dia, em torno da Terra. a) Qual a velocidade desses satélites, admitindo-se que o raio da
Terra é de 6.400 km?
02. Pretende-se lançar um satélite artificial que irá descrever uma b) Sabendo que existe aceleração da gravidade nessa altitude, por
órbita circular a 1.200 km de altura. Dados: G = 6,7 ⋅ 10–11 Nm2/kg2, que os astronautas podem flutuar dentro desses satélites?

Energia
Introdução
A palavra energia nos é muito familiar, embora seja algo que não podemos tocar
com as mãos. Podemos, entretanto, sentir suas manifestações.

• Energia solar: é a energia radiante emitida pelo Sol. Fornece calor e luz;

• Energia química: é a energia produzida por transformações químicas. Liberada pelos


alimentos, nutre todos os seres vivos para que seus corpos possam funcionar. Os carros, os
aviões e os barcos dependem da energia de combustão da gasolina ou do diesel;

• Energia elétrica: é a energia que, nas residências, proporciona iluminação e calefação.


Geralmente é convertida em outras formas de energia para realizar trabalho. Como exem-
Energia química.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino. plos, temos a energia mecânica produzida por um liquidificador ou uma máquina perfuratriz;

32 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Dinâmica
Capítulo 2: Gravitação universal e energia

• Energia eólica: é a energia


produzida pelo vento. Ela é que

FÍSICA
faz, por exemplo, girar moinhos e
aciona barcos à vela;

• Energia nuclear: é a energia


liberada quando certos átomos
são divididos. É usada para pro-
duzir eletricidade e acionar sub-
marinos. Ilustração – Trabalho e energia.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

Para avaliar quantitativamente a energia, devemos medir a transferência de energia de um corpo


para outros, isto é, a transformação de uma forma de energia em outra.
Seja qual for a forma assumida, a energia representa a capacidade de fazer algo acontecer ou fun-
cionar. Podemos dizer que energia é a capacidade de realizar trabalho.
Se alguma coisa pode realizar um trabalho, direta ou indiretamente, por meio de alguma transforma-
ção, é porque essa coisa tem uma forma de energia.
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Energia eólica. Energia solar. Energia elétrica. Energia nuclear.


FONTE: Sistema Dinamus de Ensino. FONTE: Sistema Dinamus de Ensino. FONTE: Sistema Dinamus de Ensino. FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

Trabalho de uma força


O significado da palavra trabalho, em Física, é diferente do seu significado habitual, empregado na
linguagem comum. Por exemplo: um homem que levanta um corpo até uma determinada altura realiza um
trabalho. Já em Física, o trabalho que uma pessoa realiza ao sustentar um objeto numa certa altura sem se
mover é nulo, pois não houve deslocamento.
Concluímos, então, que uma força aplicada num corpo realiza um trabalho quando produz um deslo-
camento desse corpo. Por isso, dizemos trabalho de uma força e não trabalho de um corpo.
O trabalho é uma grandeza física criada para medir energia. Vamos considerar dois casos:

a) 1º caso: a força tem a mesma direção do deslocamento. Consideremos um ponto ma-


terial que, por causa da força , horizontal e constante, se movimenta da posição A para a
posição B, sofrendo um deslocamento d.

O trabalho de no deslocamento AB é dado por:

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 33
Dinâmica
Capítulo 2: Gravitação universal e energia

O valor desse trabalho é igual à energia transferida pela pessoa ao corpo – supondo que o sistema
seja ideal, isto é, sem perdas.
FÍSICA

Se a força tem o mesmo sentido do deslocamento, o trabalho é dito motor. Se tem sentido con-
trário, o trabalho é denominado resistente.
Por convenção:

A unidade de trabalho, no S.I., é o N ⋅ m – chamada joule e indicada por J, em homenagem ao físico


inglês James Prescott Joule (1818-1889).

b) 2º caso: a força não tem a mesma direção do deslocamento. Consideremos um ponto


material que, sob a ação da força , passa da posição A para a posição B, sofrendo um
deslocamento d.

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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998


Nesse caso, o trabalho da componente no deslocamento d é nulo, pois não há desloca-
mento na direção y. Logo, somente realiza trabalho e esse trabalho é dado por:

O trabalho é uma grandeza escalar. Se a força for perpendicular à direção do deslocamento, o


trabalho de é nulo, pois cos 90º = 0.
O trabalho de uma força , constante ou não, pode ser obtido através de um gráfico, como indicam
as figuras:

O trabalho é dado numericamente pela área A das figuras.

34 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Dinâmica
Capítulo 2: Gravitação universal e energia

FÍSICA
01. Um ponto material é deslocado 10 m pela força F = 50 N indi- a) o deslocamento durante esses 4 s.
cada na figura. Determine o trabalho realizado pela força F no des- b) o trabalho realizado nesse deslocamento.
locamento AB.
07. Uma força realiza trabalho de 20 J, atuando sobre um corpo
na mesma direção e no mesmo sentido do seu deslocamento. Sa-
bendo que o deslocamento é de 5 m, calcule a intensidade da força
aplicada.

08. Sob a ação de uma força constante, um corpo de massa m =


4,0 kg adquire, a partir do repouso, a velocidade de 10 m/s.

a) Qual é o trabalho realizado por essa força?


02. Um corpo com massa 6 kg é lançado horizontalmente com b) Se o corpo se deslocou 25 m, qual o valor da força aplicada?
velocidade de 20 m/s sobre uma superfície plana e horizontal. O
coeficiente de atrito entre o corpo e a superfície é 0,2. Considere 09. Um garoto puxa um trenó de 40 N por 25 m ao longo de uma
g = 10 m/s2. superfície horizontal, com velocidade constante. Calcule o trabalho
que ele realiza sobre o trenó sabendo que o coeficiente de atrito
a) Calcule o trabalho realizado pela força de atrito até o corpo atingir cinético é igual a 0,1.
o repouso. (Dados: sen 30º = 0,5; cos 30º = 0,8 e g = 10 m/s2)
b) Determine o trabalho realizado pela força peso e pela reação nor-
mal do apoio durante todo o percurso. 10. O gráfico representa a intensidade da força aplicada a um ponto
É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

material, em função da posição sobre uma trajetória. Calcule o tra-


03. Quais são das duas grandezas de que depende o trabalho? balho realizado pela força nos deslocamentos:

04. Por que uma pessoa fica cansada ao sustentar uma mala com
as mãos, embora não esteja realizando trabalho?

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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998

05. Uma caixa desliza num plano sem atrito sob a ação de uma for-
ça F de intensidade 60 N. Determine o trabalho dessa força em um
deslocamento de 12 m, no mesmo sentido dessa força.

06. Um ponto material de massa 6 kg tem velocidade de 8 m/s a) de 0 m a 5 m.


quando sobre ele passa a agir uma força de intensidade 30 N na b) de 5 m a 8 m.
direção do movimento, durante 4 s. Determine: c) de 0 m a 8 m.

Trabalho da força peso


Consideremos um corpo de massa m
que se desloca de um ponto A (nível mais alto)
para um ponto B (nível mais baixo), segundo
uma trajetória qualquer.

O desnível entre A e B é igual a h.

Sendo P o peso do corpo e d o deslo-


camento entre A e B, o trabalho realizado pela
força peso é dado por:

Trabalho da força peso.


FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

Essa expressão mostra que o trabalho da força peso não depende da trajetória descrita pelo corpo,
isto é, depende do desnível entre as posições inicial e final do corpo.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 35
Dinâmica
Capítulo 2: Gravitação universal e energia

Por esse motivo, o trabalho da força peso é o mesmo, sendo o deslocamento de A até B ou de A
até C. Se o deslocamento do corpo for de B até A, isto é, durante a subida, o trabalho realizado pela força
FÍSICA

peso é negativo.
As forças cujos trabalhos não dependem da trajetória descrita são denominadas forças conservati-
vas. Logo, a força peso é uma força conservativa.

01. Um homem levanta uma caixa de massa 8 kg a uma altura de 2 horizontal de 90 N. A seguir, ergue o saco a uma altura de 1,5 m
m em relação ao solo, com velocidade constante. Sabendo que g = para colocá-lo sobre um muro. Sabendo que g = 10 m/s2, calcule o
10 m/s2, determine o módulo do trabalho realizado pela força peso. trabalho total realizado pela pessoa.

02. Por que o peso é uma força conservativa? 05. Uma formiga caminha com velocidade média de 0,20 cm/s.
Determine:
03. Um garoto abandona uma pedra de 0,4 kg do alto de uma torre
de 25 m de altura. Dado g = 10 m/s2, calcule o trabalho realizado a) a distância que ela percorre em 10 min.
pela força peso até a pedra atingir o solo. b) o trabalho que ela realiza sobre uma folha de 0,2 g quando trans-
porta essa folha de um ponto A para outro, B, situado 8,0 m acima
04. Uma pessoa arrasta um saco de areia de massa 10 kg a uma de A.
distância de 8 m sobre o solo, empregando para tanto uma força (Considere: g = 10 m/s2)

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
Potência
Consideremos duas pessoas que realizam o mesmo trabalho. Se uma delas leva um tempo menor
que a outra para a realização desse trabalho, tem de fazer um esforço maior e, portanto, dizemos que desen-
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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998


volveu uma potência maior.
Vejamos dois casos para exemplificar.

• Um carro é mais potente que outro quando “arranca” mais rapidamente, isto é, atinge uma
grande velocidade num intervalo de tempo menor.
• Um aparelho de som é mais potente que outro quando transforma mais energia elétrica
em sonora num menor intervalo de tempo.

Uma máquina é caracterizada não pelo trabalho que efetua, mas pelo trabalho que pode efetuar em
determinado tempo; daí a noção de potência.
Define-se como potência média o quociente do trabalho desenvolvido por uma força e o tempo gasto
em realizá-lo. Sua expressão matemática é:

Efetuando algumas transformações, podemos escrever:

Em que:

• Pot é a potência média


• t é o trabalho realizado
• ∆t é o intervalo de tempo
• F é a força
• vm é a velocidade média

36 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Dinâmica
Capítulo 2: Gravitação universal e energia

Quando o tempo gasto na realização de um trabalho é muito pequeno (∆t → 0), fica caracterizada a
potência instantânea. Nesse caso, temos:

FÍSICA
Em que:

• Pot é a potência instantânea


• F é a força
• v é a velocidade instantânea

A unidade de potência no S.I. é o watt, em homenagem ao engenheiro escocês James Watt (1736-
1819), que se indica pela letra W. As duas outras unidades de potência são o cavalo-vapor e o horse-power,
cujas relações são: 1 CV ≅ 735 W; 1 HP ≅ 746 W.
Como o watt é uma unidade de potência muito pequena, mede-se a potência em unidades de 1.000
W, denominadas quilowatts (1 kW = 1.000 W).
Quando recebemos a informação de que um veículo é 1.300, 1.600, 2.0, que tem 125 cc e 400 cc,
esses números representam a potência de um carro ou moto; indicam o deslocamento em volume, efetuado
pelos pistões, dentro dos cilindros do motor. Indicam, portanto, o trabalho realizado por eles dentro dos
cilindros.
É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

01. Calcule a potência média desenvolvida por uma pessoa que ele- 05. Uma pessoa de massa igual a 80 kg sobe uma escada de 20

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va a 20 m de altura, com velocidade constante, um corpo de massa degraus, cada um com 20 cm de altura.
5 kg em 10 s.
(Dado: g = 10 m/s2) a) Calcule o trabalho que a pessoa realiza contra a gravidade.
b) Se a pessoa subir a escada em 20 s, ela se cansará mais do que
02. Um carro de 1.000 kg pode atingir 30 m/s em 10 s, a partir do se subir em 40 s. Como se explica isso, já que o trabalho realizado
repouso. Despreze os atritos. é o mesmo nos dois casos?

a) Qual a potência média do motor desse carro? 06. Um carro recentemente lançado pela indústria brasileira tem
b) Qual a potência do carro no instante 10 s? aproximadamente 1.500 kg e pode acelerar, do repouso até uma
velocidade de 108 km/h, em 10 s.
03. A potência de uma máquina é de 300 J/s. O que significa esse (Adote: 1 CV = 750 W)
número?
a) Qual o trabalho realizado nesta aceleração?
04. Um homem de massa igual a 80 kg sobe um morro cuja ele- b) Qual a potência do carro em CV?
vação total é de 20 m, em 10 s. Qual é a potência média que ele
desenvolve? (Dado: g = 10 m/s2)

Rendimento
Imaginemos uma máquina qualquer, que deve realizar determinado
trabalho. Para que um trem elétrico funcione, por exemplo, devemos fornecer
a ele uma potência, denominada potência elétrica ou potência total. Por
outro lado, o trem desenvolve uma potência útil que provoca o seu deslo-
camento.

A potência útil é sempre menor que a total, pois uma parte da potên-
cia total é utilizada (perdida) para vencer as resistências passivas, representa- Rendimento.
das principalmente pelo atrito. A parcela da potência total perdida (dissipada) FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

é denominada potência dissipada ou potência perdida.


A relação entre essas grandezas é:

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 37
Dinâmica
Capítulo 2: Gravitação universal e energia

Em que:
FÍSICA

• Pt é a potência total
• Pu é a potência útil
• Pd é a potência dissipada

Para qualificar uma máquina quanto à sua eficiência, definimos a grandeza rendimento (η) como
sendo o quociente entre a potência útil e a potência total recebida.

Observações:

• Como o rendimento é o quociente entre duas grandezas de mesma unidade, ele é adimen-
sional, isto é, não tem unidade.
• O rendimento pode ser expresso em porcentagem.
• O rendimento é sempre menor do que 1 e maior ou igual a zero, isto é, 0 ≤ η < 1.

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
01. O rendimento de uma máquina é de 80%. Sabendo que ela re- 06. Em quanto tempo um motor de potência útil igual a 125 W,
aliza um trabalho de 1.000 J em 20 s, determine a potência total funcionando como elevador, eleva a 10 m de altura com velocidade
consumida pela máquina. constante um corpo de peso igual a 50 N?
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02. O motor de um carro tem potência útil 80 HP. Qual a força apli- 07. Numa casa, a água é retirada de um poço de 12 m de profun-
cada no carro quando ele se desloca com velocidade constante de didade com auxílio de um motor de 6 kW. Determine o rendimento
90 km/h? do motor, se para encher uma caixa de 9.000 L decorre um tempo
de 1 h.
03. Um motor de potência total 800 W desenvolve uma potência útil (Dados: g = 10 m/s2 e µágua = 1 kg/L)
de 600 W. Determine o rendimento em porcentagem.
08. Cada turbina de uma hidrelétrica recebe cerca de 103 m3 de água
04. Que potência absorve um motor de 40 CV, trabalhando em plena por segundo, numa queda de 100 m. Se cada turbina assegura uma
carga, se o seu rendimento é 0,7? potência de 700.000 kW, qual é a perda percentual de energia nesse
processo?
05. Um dispositivo consome 1.000 W realizando um trabalho de
3.200 J em 4 s. Determine o rendimento desse dispositivo.

Energia cinética
A água que corre, o vento que sopra, um corpo que cai, a bala que sai da boca
de um canhão etc. têm energia, pois podem produzir trabalho quando encontram algum
obstáculo.
A água corrente pode acionar uma turbina; o vento impulsiona barcos à vela, faz
girar moinhos; a bala de um canhão derruba prédios.
Esse tipo de energia que os corpos têm devido ao movimento é denominado
energia cinética. A energia cinética de um corpo resulta de uma transferência de energia
do sistema que põe o corpo em movimento para o corpo. Ela mede o trabalho que o corpo
é capaz de realizar sobre o exterior, devido ao seu estado de movimento.

Considere, por exemplo, um corpo de massa m, em repouso sobre um plano


horizontal liso, que, sob a ação da força exercida pela pessoa, adquire velocidade v após
Energia cinética. um certo deslocamento.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

O trabalho realizado pela pessoa nesse deslocamento é transferido para o corpo sob a forma de
energia de movimento (energia armazenada no corpo).
Essa energia devida ao movimento é chamada energia cinética e é dada por:

38 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Dinâmica
Capítulo 2: Gravitação universal e energia

FÍSICA
Em que:

• Ec = energia cinética

A unidade de energia cinética é a mesma do trabalho, isto é, o joule (J).

01. Consideremos um ponto material de massa 6 kg, inicialmente a) o trabalho realizado pela força horizontal durante 10 s.
em repouso sobre um plano horizontal liso. No instante t = 0, passa b) a energia cinética do ponto material no instante 16 s.
a agir sobre o ponto material uma força F = 12 N, durante 10 s.
04. Um corpo de massa, 1,0 kg é lançado obliquamente, a partir do
a) Qual o trabalho realizado por F? solo, sem girar. O valor da componente vertical da velocidade, no
b) Qual a energia cinética do ponto material no instante 10 s? instante do lançamento, é 2,0 m/s e o valor da componente horizon-
tal é 3,0 m/s. Supondo que o corpo esteja sujeito exclusivamente à
02. Calcule a energia cinética de um corpo de massa 8 kg no instan- ação da gravidade, determine sua energia cinética:
te em que sua velocidade é 72 km/h.
É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

a) no instante do lançamento
03. Consideremos um ponto material de massa 8 kg, inicialmente b) no ponto mais alto da trajetória
em repouso, sobre um plano horizontal liso. Sabendo que sobre
ele passa a agir uma força horizontal de intensidade 32 N, calcule:

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Teorema da energia cinética


Consideremos um corpo de massa m que passa da velocidade v0 para a velocidade v sob a ação da
força resultante F num deslocamento d.

Essa força produzirá no corpo uma aceleração a, tal que:

t = EC – E C
f i

Em que:


1 m ⋅ v2 = E = energia cinética inicial
• 0 C
2
i

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 39
Dinâmica
Capítulo 2: Gravitação universal e energia

Daí podemos enunciar: o trabalho realizado pela força resultante que atua sobre um corpo é igual à
variação da energia cinética desse corpo.
FÍSICA

Esse teorema é de grande utilidade em Mecânica. Em primeiro lugar, permite calcular a velocidade
de uma partícula a partir de uma velocidade conhecida e do cálculo do trabalho das forças aplicadas. A
determinação da velocidade é um dos objetivos da Cinemática, aqui realizado por meio da grandeza trabalho.
Em segundo lugar, permite também calcular o trabalho de certos tipos de força a partir de uma varia-
ção de velocidade da partícula. Consequentemente, permite medir os diferentes tipos de energia transferidos
para a partícula.

01. Um corpo de massa 2 kg está em repouso sobre o plano hori- 03. Determine o trabalho realizado pelo motor de um carro de mas-
zontal rugoso indicado na figura a seguir. Aplicando-se a força hori- sa 1.400 kg para alcançar a velocidade de 54 km/h partindo do
zontal F = 40 N, o corpo desloca-se 50 m, adquirindo a velocidade repouso.
de 30 m/s ao fim desse deslocamento. Determine a intensidade da
força de atrito entre o corpo e o plano de apoio. 04. Um corpo de massa 5 kg está parado sobre um plano horizontal,
sem atrito. Aplica-se ao corpo uma força de 40 N paralela ao plano.
Calcule:

a) a aceleração do corpo
b) a velocidade do corpo depois de 4 s
02. Um corpo de massa 10 kg realiza um movimento retilíneo sobre c) a distância percorrida pelo corpo em 4 s
um plano perfeitamente liso. Qual o trabalho realizado por uma força d) o trabalho da força depois de 4 s

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
que faz variar a velocidade do corpo de 36 km/h a 90 km/h?

Energia potencial gravitacional


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A energia potencial gravitacional é uma espécie de energia capaz de existir em estado de reserva.
Ela é associada a um corpo devido à posição que ele ocupa em relação a um nível de referência, como, por
exemplo, a superfície da Terra.
Consideremos um corpo de massa m sendo erguido, com velocidade constante, do ponto A até o
ponto B num local onde a aceleração da gravidade é igual a g.

Se, em seguida, o corpo for


abandonado no ponto B, ele cairá com
velocidade cada vez maior, isto é, sua
energia cinética vai aumentando.

Isso significa que, na posição B,


o corpo possui outra forma de energia
que, durante a queda, vai se transforman-
do em energia cinética.

A energia armazenada pelo cor-


po devido à sua posição em relação ao
Energia potencial gravitacional.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.
nível de referência (por exemplo, a su-
perfície da Terra) é denominada energia
potencial gravitacional.

A energia do corpo vem da pessoa que, ao erguer o corpo para colocá-lo na posição B, exerce uma
força motriz e realiza um trabalho, transferido para o corpo sob a forma de energia potencial gravitacional.
Essa energia é numericamente igual ao trabalho no deslocamento AB. Logo:

t = Fh → Ep = Ph → Ep = mgh
grav

A energia potencial gravitacional é uma função da posição. Portanto, ela pode ser positiva, nega-
tiva ou nula.

40 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Dinâmica
Capítulo 2: Gravitação universal e energia

A energia potencial gravitacional não depende nem de como o


corpo atinge uma certa altura – lenta ou rapidamente – nem do tipo de

FÍSICA
trajetória. Depende, sim, das posições inicial e final do corpo em relação a
um nível de referência.

01. Um reservatório de água A, contendo 7 ⋅ 103 kg de água, ali-


menta uma turbina B por meio de um tubo, conforme indica a figu-
ra a seguir. Determine e energia que pode ser transferida à turbina
esvaziando-se o reservatório. Considere g = 10 m/s2.
Energia potencial gravitacional.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.
É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

Costuma-se atribuir à superfície da Terra uma energia potencial nula. Essa


escolha é arbitrária.

Energia potencial elástica

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Energia potencial elástica é a forma de energia que se encontra armazena-


da em um corpo elástico deformado, como, por exemplo, numa mola comprimida
ou distendida, ou numa tira de borracha esticada.
Considere uma pessoa esticando a mola de constante elástica k, indicada
na figura.
O trabalho do agente externo no alongamento da mola corresponde à energia
Energia potencial elástica.
que ele transfere para a mola, e essa energia fica armazenada na mola sob a forma FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.
de energia potencial elástica.
A força externa obedece, até certo limite, à lei de Hooke, cuja representação gráfica é:

A área A é numericamente igual ao trabalho realizado pelo agente externo da deformação x. Logo:

A energia potencial elástica, ou de deformação, é uma forma de energia latente que está prestes
a se transformar em energia de movimento, se a força externa deixar de existir. Num revólver de brinquedo,
uma força é aplicada sobre uma esfera para comprimir a mola, que adquire energia potencial elástica.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 41
Dinâmica
Capítulo 2: Gravitação universal e energia

Ao se apertar o gatilho, a mola se solta e aplica uma força na bolinha, transformando a energia
potencial elástica em energia cinética.
FÍSICA

01. Um mola de constante elástica k = 400 N/m é comprimida 5 Determine:


cm. Determine sua energia potencial elástica. a) a constante elástica da mola
b) a energia ganha pela mola quando x = 2 cm
02. Um garoto atira pedras com um estilingue, conforme indica a
figura. 04. Uma mola de constante elástica 40 N/m sofre uma deformação
de 0,04 m. Calcule a energia potencial acumulada pela mola.

05. Uma mola pendurada num suporte apresenta comprimento


igual a 20 cm. Na sua extremidade livre dependura-se um balde
vazio, cuja massa é 0,50 kg. Em seguida coloca-se água no balde
até que o comprimento da mola atinja 40 cm. O gráfico a seguir
ilustra a força que a mola exerce sobre o balde em função do seu
comprimento.
(Adote: g = 10 m/s2)

a) Qual a forma de energia armazenada pela borracha? Quem lhe


transfere essa energia?
b) Que forma de energia adquire a pedra? Quem lhe transfere essa

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
energia?

03. O gráfico representa a intensidade de uma força aplicada numa


mola em função da deformação.
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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998


Determine:
a) a massa de água colocada no balde
b) a energia potencial elástica acumulada na mola ao final do pro-
cesso

Energia mecânica
Denomina-se energia mecânica total de um corpo a soma das energias cinética e potencial, isto é:

Em que:

• Em é a energia mecânica; • Ec é a energia cinética; • EP é a energia potencial.

Nessa fórmula, a parcela EP inclui a energia potencial gravitacional e a energia potencial elástica.

Princípio da conservação da energia


Qualquer movimento ou atividade é realizado através da transformação de um tipo de energia em
outro ou em outros, isto é, através da transformação energética (não há criação nem destruição de energia).

Vejamos alguns exemplos:

• Para uma pessoa correr, nadar, levantar peso etc., sua energia é transformada em calor e movi-
mento. Essa energia provém dos alimentos ingeridos e do ar que ela respira. Quando uma pessoa ou
um animal se alimenta de vegetais verdes, por exemplo – cuja energia é obtida através do processo

42 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Dinâmica
Capítulo 2: Gravitação universal e energia

conhecido como fotossíntese –, essa energia fica armazenada nas células da pessoa ou do animal,
permitindo a realização de atividades musculares;

FÍSICA
• Nas usinas hidrelétricas, a energia potencial da água transforma-se em energia cinética e movi-
menta turbinas acopladas a geradores elétricos. Nas usinas termelétricas, a energia necessária para
aquecer a água provém de combustíveis derivados do petróleo ou do carvão. Nas nucleares, utiliza-
-se como combustível o urânio. A finalidade dessas usinas é transformar essas energias (potencial
gravitacional, potencial química ou potencial nuclear, respectivamente) em energia elétrica, que terá
outras formas nas residências, nos hospitais e nas indústrias. Um liquidificador a transformará em
energia cinética; uma lâmpada, em energia térmica e luminosa; um rádio, em energia sonora etc;

• Para um carro avançar, ele tem de transformar em energia cinética parte da energia que provém
do combustível;

• Nos automóveis, as baterias produzem energia elétrica através de reações químicas. Essa energia
é transformada em movimento no motor de arranque, em luz nos faróis e em energia sonora na
buzina.

A principal fonte de energia que utilizamos é a energia solar. A radiação solar é responsável pela
produção dos alimentos vegetais, do carvão, do petróleo, da evaporação, dos ventos etc.
A energia do Sol e de outras estrelas é devida a reações exotérmicas de fusão nuclear. Assim,
podemos enunciar o princípio da conservação da energia: a energia não se cria nem se destrói, apenas se
transforma de um tipo em outro, em quantidade iguais.
É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

Princípio da conservação da energia mecânica


Estudaremos agora os sistemas conservativos, isto é, sistemas isolados em que

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as forças de interação são conservativas, ou seja, não se consideram as forças dissipa-


tivas como o atrito e a resistência do ar.
Quando o trabalho das forças dissipativas é resistente, há uma perda de energia
mecânica. A esta perda, que é irreversível, denomina-se dissipação. O trabalho realizado
pelas forças dissipativas mede a energia mecânica, que se dissipa geralmente para a
forma térmica e, mais raramente, para outras formas.
Como exemplo, vamos estudar o pêndulo gravítico simples e desprezar as forças
dissipativas de atrito e de resistência do ar. Princípio da conservação da energia mecânica.
Consideremos um corpo em equilíbrio no ponto A, pendurado na
Soltando-se o corpo, ele entre em movimento – adquirindo energia cinética cada extremidade de um fio.

vez maior – e perde energia potencial porque diminui a altura, de tal forma que o que o FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.
corpo perde em energia potencial, ganha em energia cinética.
Chegando novamente ao ponto A, e energia potencial é nula e a cinética é má-
xima.
A partir daí, o corpo continua em movimento perdendo energia cinética e adqui-
rindo energia potencial porque aumenta a altura até chegar ao ponto C, onde para.
Como não se considera a resistência do ar, pode-se mostrar que a altura do pon-
to B é a mesma de C, o que mostra que o corpo tem a mesma energia que tinha no início.
Nesse exemplo, em qualquer ponto da trajetória do corpo, a partir da posição B,
a sua energia mecânica permanece constante, isto é:

Princípio da conservação da energia mecânica.


Deslocando-se o corpo para a posição B, ele ganhará energia potencial.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

Portanto, podemos enunciar: em um sistema conservativo, a energia mecâ-


nica total permanece constante.

01. Um ponto material de massa 5 kg é abandonado de uma altura de 45 m num


local onde g = 10 m/s2. Calcule a velocidade do corpo ao atingir ao solo.

02. Uma esquiadora de massa 60 kg desliza de uma encosta, partindo do repouso Princípio da conservação da energia mecânica.
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 43
Dinâmica
Capítulo 2: Gravitação universal e energia
FÍSICA

de uma altura de 50 m. Sabendo que sua velocidade ao chegar ao a) Qual a energia potencial armazenada na mola?
fim da encosta é de 20 m/s, calcule a perda de energia devida ao b) Calcule a variação de comprimento da mola.
atrito.
(Adote: g = 10m/s2) 04. Uma pequena esfera, de massa igual a 100 g, é abandonada de
uma altura de 5 m sobre o solo e volta a subir com 60% da veloci-
03. Um corpo de massa m = 2 kg e velocidade v = 5 m/s se choca dade de chegada. Adotando a aceleração da gravidade igual a 10 m/
com uma mola de constante elástica k = 20.000 N/m, conforme s2 e supondo desprezível a resistência do ar, calcule a altura máxima
indicado na figura. O corpo comprime a mola até parar. Despreze atingida pela esfera nesse retorno e a energia que foi consumida
os atritos. durante seu choque com o solo.

05. Um atleta salta por cima do obstáculo indicado na figura e seu


centro de gravidade atinge a altura de 2,2 m. Atrás do obstáculo
existe um colchão de ar, com 40 cm de altura, para atenuar a queda
do atleta, que cai deitado. Qual a velocidade, em m/s, com que o
atleta atingirá a superfície do colchão? (Despreze a resistência do
ar)

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
Impulso e quantidade de movimento
Impulso de uma força
Considere uma pessoa dando uma tacada numa bola de bilhar.
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Nesse caso, temos a ação de uma força entre taco e bola, num pequeno intervalo
Impulso de uma força. de tempo, que faz com que a bola seja impulsionada. Sempre que uma força agir em um
FONTE: Sistema Dinamus de Ensino. corpo durante certo intervalo de tempo, dizemos que o corpo recebeu um impulso.
Para definirmos o impulso, consideremos uma força atuando num corpo du-
rante um intervalo de tempo ∆t.

O impulso, sendo uma grandeza vetorial, tem três características:

• intensidade: I = F∆t;
• direção: mesma da força ;
• sentido: o mesmo de , pois ∆t é sempre positivo.

A unidade de impulso no S.I. é: newton ⋅ segundo (N ⋅ s).

Quantidade de movimento
Na natureza, um corpo em movimento pode transmitir, total ou parcialmente, seu movimento a ou-
tros corpos. Por exemplo: o vento empurra um barco à vela, um jogador de bilhar empurra o taco que bate na
bola branca e, por sua vez, a bola branca bate na vermelha, transmitindo velocidade a esta última.
A pergunta é a seguinte: existem regras que permitem calcular a velocidade, a direção e o sentido do
movimento de um corpo ao receber um impulso de outro corpo?
Certamente essas regras existem, pois um jogador de futebol, ao bater uma falta, sabe que a velo-
cidade, a direção e o sentido do movimento que a bola irá adquirir dependem do chute, isto é, do modo com
que se transmite movimento a ela.

Vamos, portanto, estudar a grandeza física que mede o movimento ou a quantidade de movimento
de um corpo. Para tanto, considere os exemplos a seguir.

44 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Dinâmica
Capítulo 2: Gravitação universal e energia

• É mais fácil parar uma bicicleta do que um caminhão em movimento, quando ambos possuem a
mesma velocidade, porque o caminhão tem massa maior que a bicicleta.

FÍSICA
• Um projétil disparado por uma arma penetra com maior profundidade numa madeira do que se
fosse lançado manualmente, porque possui velocidade maior.

Esses exemplos mostram a necessidade de definir uma nova grandeza física que relacione a massa
de um corpo com a sua velocidade, para caracterizar o estado de movimento desse corpo. Essa grandeza
física é denominada quantidade de movimento.
Consideremos um ponto material de massa m e velocidade .

Define-se como quantidade de movimento desse ponto material a grandeza vetorial:


É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

A quantidade de movimento, sendo uma grandeza vetorial, possui:

• intensidade: Q = mv; • direção: a mesma de ; • sentido: o mesmo de .

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A unidade de quantidade de movimento no S.I. é kg ⋅ m/s.


O conceito de quantidade de movimento está estritamente ligado ao conceito de velocidade; entre-
tanto é mais útil que este último em diversas situações.
Uma dessas situações, por exemplo, ocorre quando do encontro frontal de dois automóveis ou de
duas jamantas. Em igualdade de velocidade, o segundo acidente é mais terrível que o primeiro, pois nessa
colisão não estão em jogo apenas as velocidades das jamantas envolvidas, como também suas quantidades
de movimento.

Outra situação em que a quantidade de movimento se revela mais importante que a velocidade pode
ser observada quando, num rinque de patinação, um patinador empurra outro. Nesse empurrão, os dois
patinadores interagem um com o outro e as velocidades de ambos são alteradas depois do contato.
Entretanto, a mudança de velocidade não é a mesma para os dois: a velocidade do patinador de
menor massa sofre uma variação maior que a velocidade do patinador de maior massa.

A quantidade de movimento é também chamada momento linear.

01. Um corpo de massa 3 kg está em repouso sobre o plano hori- 03. Uma força constante aplicada a um corpo de 5 kg em repouso
zontal liso. Aplica-se sobre o corpo uma força constante, horizontal, desloca-se 2 m em 4 s.
durante 5 s. Nesse intervalo de tempo o corpo sofre um desloca-
mento de 10 m. a) Determine a aceleração adquirida pelo corpo.
b) Calcule o módulo do impulso aplicado ao corpo.
a) Calcule a intensidade do impulso aplicado ao corpo nesse inter-
valo de tempo. 04. Um corpo de massa igual a 4 kg é abandonado do topo de um
b) Ache a quantidade de movimento do corpo no instante 4 s. prédio muito alto. Sabendo que a aceleração da gravidade no local
vale 9,8 m/s2, calcule o módulo do impulso da força peso nos pri-
02. Um corpo fica sujeito à ação de uma força F de módulo 20 N, meiros 3 s de queda.
durante 4 s. Qual o módulo do impulso comunicado ao corpo?

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 45
Dinâmica
Capítulo 2: Gravitação universal e energia

Teorema do impulso
FÍSICA

A 2ª lei de Newton pode ser expressa de um modo di-


ferente. Considere, por exemplo, um corpo de massa m sob a
ação de uma força resultante , constante, na mesma direção
da velocidade.

Teorema do impulso. Sejam:


FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

• vi = velocidade inicial do corpo;

• vf = velocidade final do corpo;
• ∆t = tf – ti = intervalo de tempo de ação da força.

Utilizando a 2ª lei de Newton no intervalo de tempo ∆t, temos:

Em que:

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente



• mv→i = Qi = quantidade de movimento inicial
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Para o mesmo intervalo de tempo, o impulso da força resultante é igual à variação da quantidade de
movimento.
Considerando a expressão , observa-se que e ∆t são inversamente proporcionais.
Isso explica por que os paraquedistas, no término da queda, procuram aumentar o tempo de contato com o
solo, rolando ou correndo sobre ele, e não caindo com as pernas imóveis, “duras”.

Se o paraquedista caísse em pé e mantivesse as pernas “duras”, o tempo (∆t) de desaceleração


seria menor e, consequentemente, aumentaria a força ( ) de reação do solo sobre o paraquedista, o que
poderia provocar um acidente.
Analogamente, quando uma bala disparada por uma arma atravessa uma placa de isopor, ela leva
mais tempo para perder velocidade, porque a força de reação sobre a bala é muito menor do que se fosse
usado um obstáculo duro, como, por exemplo, uma placa de madeira.

01. A intensidade de uma força de direção constante, que age num 02. Em um jogo de vôlei, ao bloquear uma cortada, um jogador
corpo inicialmente em repouso, varia com o tempo conforme o grá- devolve a bola ao campo adversário com a mesma velocidade com
fico a seguir. Sendo a massa do corpo 4,5 kg, determine: que ela atingiu seus pulsos. A massa da bola é de 250 g, sua velo-
cidade é de 20 m/s e a duração do impacto é de 0,1 s. Qual a força
que o jogador imprime à bola no bloqueio?

03. Um corpo de massa m = 20 kg, deslocando-se sobre uma


superfície horizontal perfeitamente lisa, sofre o impulso de uma
força, I = 60 N ⋅ s, no sentido do seu movimento, no instante em
que a velocidade do corpo era v0 = 5,0 m/s. Sabendo ainda que a
aceleração média sofrida pelo corpo durante a atuação da força foi
de 300 m/s2, calcule:

a) a velocidade final do corpo


a) a intensidade do impulso dessa força de 0 a 15 s b) o tempo de atuação da força
b) a velocidade do corpo no instante 15 s c) o valor médio da força.

46 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Dinâmica
Capítulo 2: Gravitação universal e energia

Sistema isolado de forças externas

FÍSICA
Considere um sistema formado por dois corpos, A e B, que colidem. No sistema, as
forças decorrentes de agentes externos ao sistema são chamadas de forças externas, como,
por exemplo, o peso e a normal . No sistema isolado, a resultante dessas forças externas
é nula.

Durante a interação, o corpo A exerce uma força no corpo B e este exerce no corpo
A uma força – igual e de sentido oposto.
As forças e – correspondem ao par de forças de ação e reação exercidas mutua-
mente entre os corpos que compõem o sistema. São chamadas de forças internas.
Denomina-se sistema isolado de forças externas o sistema cuja resultante dessas
forças é nula, atuando nele somente as forças internas.

Sistema isolado de forças externas.


Princípio da conservação da quantidade de movimento FONTE: Sistema Dinamus de Ensino.

Considere um sistema isolado de forças externas, isto é, as forças externas são desprezíveis ou sua
resultante é nula (FR = 0).
Nessas condições, pelo teorema do impulso, temos:
É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

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A quantidade de movimento de um sistema de corpos isolados de forças externas é constante.


O princípio da conservação da quantidade de movimento é aplicado em explosões, disparos e
choques, nos quais as forças internas são mais intensas que as externas.
Nesses casos as forças externas são consideradas desprezíveis em comparação com as forças
internas decorrentes das interações entre os componentes de cada sistema.
Essa lei também é usada em certas máquinas em que há uma massa propulsora que adquire quan-
tidade de movimento num certo sentido. Em consequência, a máquina adquire quantidade de movimento
em sentido oposto.

01. Um canhão de 800 kg, montado sobre rodas e não freado, dispara um projétil de 6 kg com velocidade inicial de 500 m/s. Determine a
velocidade de recuo do canhão.
02. Quando um garoto, usando patins, lança uma pedra para frente, ele adquire um movimento para trás. Por que isso acontece?
03. Num trecho horizontal e reto de uma estrada, um canhão montado sobre uma carreta está em posição horizontal e com seu eixo longitudinal
paralelo à direção da estrada. A massa do conjunto carreta-canhão é de 10 t. Em dado instante, o canhão dispara um projétil de 10 kg com
velocidade de 720 km/h. Qual a velocidade de recuo da carreta?
04. Um projétil com massa de 50 g, animado de uma velocidade de 700 m/s, atinge um bloco de madeira com massa de 450 g, inicialmente
em repouso sobre uma superfície horizontal lisa e sem atrito. A bala aloja-se no bloco após o impacto. Qual a velocidade final adquirida pelo
conjunto?
05. Um homem de 70 kg e um garoto de 35 kg estão juntos sobre uma superfície gelada, cujo atrito é desprezível. Um empurra o outro e o
homem se desloca, para trás, com velocidade de 30 cm/s em relação ao gelo. Determine a distância entre eles após 5 s.

Referências bibliográficas
MÁXIMO e ALVARENGA, Antônio e Beatriz. Curso de Física: volume 1. São Paulo: Scipione, 2010.
CORRADI, Wagner. Fundamentos de Física 1: física, mecânica e gravitação. Belo Horizonte: Editora UFMG,
2008.
RAMALHO JÚNIOR e NICOLAU, Francisco e Gilberto Ferraro. Os Fundamentos da Física: volume 1. 9ª ed.
São Paulo: Moderna, 2007.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 47
Dinâmica
Capítulo 2: Gravitação universal e energia
FÍSICA

GRAVITAÇÃO UNIVERSAL E ENERGIA

Gravitação universal

O brilho e o movimento dos astros sempre despertaram a curiosidade dos homens. Em todas as etapas da civiliza-
ção, eles procuraram dar uma explicação para os fascinantes fenômenos da gravitação universal.

As três leis de Kepler, que tratam dos movimentos dos planetas, são:

a) 1ª lei: os planetas descrevem órbitas elípticas em torno do Sol, ocupando este um dos focos da elipse.
b) 2ª lei: o segmento imaginário que une o Sol ao planeta descreve áreas proporcionais aos tempos gastos em
percorrê-las.
c) 3ª lei: os quadrados dos tempos de revolução dos planetas (tempo para dar uma volta completa em torno do Sol)
são proporcionais aos cubos das suas distâncias médias do Sol.

Energia

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
A palavra energia nos é muito familiar, embora seja algo que não podemos tocar com as mãos. Podemos, entretanto,
sentir suas manifestações.

• Energia solar: é a energia radiante emitida pelo Sol. Fornece calor e luz.
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• Energia química: é a energia produzida por transformações químicas. Liberada pelos alimentos, nutre todos os
seres vivos para que seus corpos possam funcionar. Os carros, os aviões e os barcos dependem da energia de
combustão da gasolina ou do diesel.
• Energia elétrica: é a energia que, nas residências, proporciona iluminação e calefação. Geralmente é convertida
em outras formas de energia para realizar trabalho. Como exemplos, temos a energia mecânica produzida por um
liquidificador ou uma máquina perfuratriz.
• Energia eólica: é a energia produzida pelo vento. Ela é que faz, por exemplo, girar moinhos e aciona barcos à vela.
• Energia nuclear: é a energia liberada quando certos átomos são divididos. É usada para produzir eletricidade e
acionar submarinos.

Para avaliar quantitativamente a energia, devemos medir a transferência de energia de um corpo para outros, isto é, a
transformação de uma forma de energia em outra. Seja qual for a forma assumida, a energia representa a capacida-
de de fazer algo acontecer ou funcionar. Podemos dizer que energia é a capacidade de realizar trabalho. Se alguma
coisa pode realizar um trabalho, direta ou indiretamente, por meio de alguma transformação, é porque essa coisa tem
uma forma de energia.

Impulso e quantidade de movimento

Considere uma pessoa dando uma tacada numa bola de bilhar. Nesse caso, temos a ação de uma força entre taco
e bola, num pequeno intervalo de tempo, que faz com que a bola seja impulsionada. Sempre que uma força agir em
um corpo durante certo intervalo de tempo, dizemos que o corpo recebeu um impulso. Para definirmos o impulso,
consideremos uma força F atuando num corpo durante um intervalo de tempo Δt.

48 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Dinâmica
Capítulo 2: Gravitação universal e energia

FÍSICA
01. Sobre as leis da Mecânica, é correto afirmar: (E) 3,8 x 105.

(A) Quando uma força horizontal de valor variável e diferente de 04. Uma criança está sentada no topo de um escorregador cuja
zero atua sobre um corpo que desliza sobre uma superfície hori- estrutura tem a forma de um triângulo ABC, que pode ser perfei-
zontal sem atrito, sua aceleração permanece constante. tamente inscrito em um semicírculo de diâmetro AC = 4 m. O
(B) A força resultante é nula sobre um corpo que se movimenta, comprimento da escada do escorregador é AB = 2 m.
em linha reta, com velocidade constante.
(C) Todo corpo em queda livre, próximo da superfície terrestre,
aumenta sua energia potencial.
(D) Quando um corpo de massa m exerce uma força F sobre um
corpo de massa 2m, o segundo corpo exerce sobre o primeiro
uma força igual a 2F, uma vez que sua massa é maior.
(E) Quando um corpo gira com velocidade angular constante, a
força que atua sobre ele é nula.

02. Uma bola é deixada cair conforme mostra a figura a seguir:

Considerando que a energia potencial gravitacional da criança no


ponto B, em relação ao solo horizontal que está em A C é igual a
342 joules, e adotando g = 5,7√3 m/s2, a massa da criança, em
kg, é igual a
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(A) 35. (B) 25. (C) 20. (D) 24. (E) 18.

05. Dois corpos de massas iguais são soltos, ao mesmo tempo,


a partir do repouso, da altura h1 e percorrem os diferentes trajetos
(A) e (B), mostrados na figura, onde x1 > x2 e h1 > h2.

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Inicialmente, ela gira com velocidade angular w no sentido anti-


-horário para quem a observa do leste, sendo nula a velocidade do
seu centro de massa. Durante a queda, o eixo de rotação da bola
permanece sempre paralelo à direção oeste-leste. Considerando
o efeito do ar sobre o movimento de queda da bola, são feitas as
seguintes afirmações: Considere as seguintes afirmações:

I. A bola está sujeita apenas a forças verticais e, portanto, cairá I. As energias cinéticas finais dos corpos em (A) e em (B) são
verticalmente. diferentes.
II. A bola adquire quantidade de movimento para o norte (N) ou II. As energias mecânicas dos corpos, logo antes de começarem
para o oeste (O). a subir a rampa, são iguais.
III. A bola adquire quantidade de movimento para o leste (L) ou III. O tempo para completar o percurso independe da trajetória.
para o sul (S). IV. O corpo em (B) chega primeiro ao final da trajetória.
IV. Quanto maior for a velocidade angular da bola, mais ela se V. O trabalho realizado pela força peso é o mesmo nos dois casos.
afastará do ponto C.
É correto somente o que se afirma em
Está(ão) correta(s) apenas
Note e adote:
(A) I. Desconsidere forças dissipativas.
(B) II e IV.
(C) III e IV. (A) I e III. (B) II e V. (C) IV e V. (D) II e III. (E) I e V.
(D) III.
(E) II. 06. O cabo de guerra é uma atividade esportiva na qual duas
equipes, A e B, puxam uma corda pelas extremidades opostas,
03. A propaganda de um automóvel (massa de 1,2 ton) diz que conforme representa a figura a seguir:
ele consegue atingir a velocidade de 108 km/h em um percurso
de 150m partindo do repouso. Com base nessas informações, o
trabalho, em joules, desenvolvido pela força resultante é de

(A) 5,0 x 105.


(B) 5,4 x 105.
(C) 4,6 x 105.
(D) 4,2 x 105.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 49
Dinâmica
Capítulo 2: Gravitação universal e energia
FÍSICA

FgT
Considere que a corda é puxada pela equipe A com uma força Calcule a razão entre o módulo da força gravitacional com
horizontal de módulo 780 N e pela equipe B com uma força ho- que a FgP Terra atrai a sonda e o módulo da força
rizontal de módulo 720 N. Em dado instante, a corda arrebenta. gravitacional com que Plutão atrai a sonda. Caso necessário, use
a massa da Terra (MT = 6 · 1024 kg).
Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do
enunciado a seguir, na ordem em que aparecem. (B) Suponha que a sonda New Horizons estabeleça uma órbita cir-
cular com velocidade escalar orbital constante em torno de Plutão
A força resultante sobre a corda, no instante imediatamen- com um raio de rP = 1 · 1–4 UA. Obtenha o módulo da velocidade
te anterior ao rompimento, tem módulo 60 N e aponta para a orbital nesse caso. Se necessário, use a constante gravitacional
__________. Os módulos das acelerações das equipes A e B, no G = 6 · 10–11 N · m2/kg2. Caso necessário, use 1UA (Unidade
instante imediatamente posterior ao rompimento da corda, são, Astronômica) = 1,5 · 108 km.
respectivamente, __________, supondo que cada equipe tem
massa de 300 kg. 09. Um bloco A de massa 100 kg sobe, em movimento retilíneo
uniforme, um plano inclinado que forma um ângulo de 37º com a
(A) esquerda – 2,5 m/s2 e 2,5 m/s2. superfície horizontal. O bloco é puxado por um sistema de rolda-
(B) esquerda – 2,6 m/s2 e 2,4 m/s2. nas móveis e cordas, todas ideais, e coplanares. O sistema man-
(C) esquerda – 2,4 m/s2 e 2,6 m/s2. tém as cordas paralelas ao plano inclinado enquanto é aplicada a
(D) direita – 2,6 m/s2 e 2,4 m/s2. força de intensidade F na extremidade livre da corda, conforme o
(E) direita – 2,4 m/s2 e 2,6 m/s2. desenho a seguir:

07. Vinícius observa duas crianças, Caio e João, empurrando

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uma caixa de brinquedos. Relembrando a aula de Ciências que
teve pela manhã, ele observa o deslocamento da caixa e faz um
desenho representando as forças envolvidas nesse processo,
conforme a figura:
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Considerando que a caixa esteja submetida a duas forças hori- Todas as cordas possuem uma de suas extremidades fixadas em
zontais, nos sentidos representados na figura, de intensidades F1 um poste que permanece imóvel quando as cordas são traciona-
= 100 N e F2 = 75 N, ficou pensando em como poderia evitar o das. Sabendo que o coeficiente de atrito dinâmico entre o bloco A
deslocamento da caixa, fazendo com que ela ficasse em equilíbrio e o plano inclinado é de 0,50, a intensidade da força → é:
F
(parada).
Dados: sem 37º = 0,60 e cos 37º = 0,80.
Concluiu, então, que para isso ocorrer, uma outra criança deveria
exercer uma força de intensidade igual a Considere a aceleração da gravidade igual a 10 m/s2.

(A) 100 N, junto com João. (A) 125 N. (B) 200 N. (C) 225 N.
(B) 100 N, junto com Caio. (D) 300 N. (E) 400 N.
(C) 75 N, junto com João.
(D) 25 N, junto com Caio. 10. Considere que um satélite de massa m = 5,0 kg seja colo-
(E) 25 N, junto com João. cado em órbita circular ao redor da Terra, a uma altitude h = 650
km. Sendo o raio da Terra igual a 6.350 km, sua massa igual a
08. Plutão é considerado um planeta anão, com massa Mp = 1 5,98 · 1024 kg e a constante de gravitação universal G = 6,67 ·
· 1022 kg, bem menor que a massa da Terra. O módulo da força 10–11 N · m2/kg2, o módulo da quantidade de movimento do satéli-
gravitacional entre duas massas m1 e m2 é dado te, em kg · m/s, é, aproximadamente, igual a
m 1m 2
por Fg = G , em que r é a distância entre as massas e G é a (A) 7,6 · 103.
r2
constante gravitacional. Em situações que envolvem distâncias (B) 3,8 · 104.
astronômicas, a unidade de comprimento comumente utilizada é (C) 8,0 · 104.
a Unidade Astronômica (UA). (D) 2,8 · 1011.
(E) 5,6 · 1011.
(A) Considere que, durante a sua aproximação a Plutão, a sonda
New Horizons se encontra em uma posição que está dp = 0,15 11. Considere duas estrelas de um sistema binário em que cada
UA distante do centro de Plutão e dT = 30 UA distante do centro qual descreve uma órbita circular em torno do centro de massa
da Terra. comum. Sobre tal sistema são feitas as seguintes afirmações:

I. O período de revolução é o mesmo para as duas estrelas.

50 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Dinâmica
Capítulo 2: Gravitação universal e energia

FÍSICA
II. Esse período é função apenas da constante gravitacional, da 14. “Astrônomos holandeses e americanos descobriram um exo-
massa total do sistema e da distância entre ambas as estrelas. planeta com um sistema de anéis gigantesco, 200 vezes maior
III. Sendo R1 e R2 os vetores posição que unem o centro de massa do que os anéis de Saturno. Os anéis foram encontrados graças
dos dois sistemas aos respectivos centros de massa das estrelas, a dados levantados pelo observatório SuperWASP, que pode de-
tanto R1 quando R2 varrem áreas de mesma magnitude num mes- tectar exoplanetas quando estes passam à frente das estrelas. Tal
mo intervalo de tempo. exoplaneta distante foi batizado de J1407b.”
(Adaptado de: BBC News. 28/01/2015).

Das assertivas acima, é(são) correta(s):


Com base na notícia, assinale o que for correto.
(A) I. (B) II. (C) III. (D) I e II. (E) I e III.
(01) Para expressar a que distância J1407b encontra-se de nassa
galáxia, os astrônomos podem utilizar o ano-luz como unidade de
12. O grande mérito do sábio toscano estava exatamente na apre-
comprimento. Um ano-luz corresponde à distância percorrida pela
sentação de suas conclusões na forma de “leis” matemáticas do
luz em um ano, e vale aproximadamente 9,5 · 1012 km.
mundo natural. Ele não apenas defendia que o mundo era gover-
(02) A Lei da Gravitação Universal exclui exoplanetas.
nado por essas “leis”, como também apresentava as que havia
(04) Um exoplaneta terá no afélio uma velocidade orbital maior do
“descoberto” em suas investigações.
Carlos Z. Camenietzki, Galileu em sua órbita. 01/02/2014. www.revistadehistoria.com.br.
que no periélio.
(08) A 2ª Lei de Newton explica, em função da massa, o fato de
Considerando que o texto se refere a Galileu Galillei (1564-1642), o exoplaneta orbitar a estrela e não o contrário. Contudo, a rigor,
ambas orbitam o centro de massa do sistema.
(A) identifique uma das “leis” do mundo natural proposta por ele;
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15. A figura a seguir exibe uma bola que é abandonada de uma


(B) indique dois pontos principais pelos quais ele foi julgado pelo rampa curva de 1,25 m de altura que está sobre uma mesa nas
Tribunal da Inquisição. proximidades da Terra. Após liberada, a bola desce pela rampa,
passa pelo plano horizontal da mesa e toca o solo 1,0 s após
13. Quer subir de elevador até o espaço? Apesar de esta ideia já passar pela borda.
ter surgido já mais de 100 anos, um avanço em nanotecnologia

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pode significar que iremos de elevador até o espaço com um cabo


feito de diamante ou de carbono. A empresa japonesa de cons-
trução Obayashi investiga a viabilidade de um elevador espacial,
visando a uma estação espacial ligada ao equador por um cabo de
96 mil quilômetros feito de nanotecnologia de carbono, conforme
a figura a seguir. A estação espacial orbitaria a Terra numa posição
geoestacionária e carros robóticos com motores magnéticos le-
variam sete dias para alcançar a estação espacial, transportando Desprezando-se qualquer tipo de atrito, avalie as afirmações a
carga e pessoas até o espaço por uma fração dos custos atuais. seguir e assinale (V) para as verdadeiras, ou (F) para as falsas.

(___) O alcance horizontal da bola a partir da saída da mesa é de


5,0 metros.
(___) Abandonado-se a bola a partir do repouso da borda da
mesa, o tempo de queda até o solo é também de 1,0 s.
(___) Para se calcular o tempo de queda da bola a partir da saída
da mesa, é necessário conhecer a massa da bola.
(___) Para se calcular o alcance da bola a partir da saída da mesa,
é necessário conhecer a altura da mesa.

A sequência correta encontrada é

(01) a estação espacial japonesa deve possuir movimento circular (A) F, F, V, V. (B) V, V, F, F. (C) F, V, F, V.
ao redor da Terra com velocidade linear igual à velocidade linear (D) V, F, V, F. (E) V, V, F, V.
de rotação da superfície da Terra.
(02) as pessoas que visitarem a estação espacial poderão flutuar 16. Beisebol é um esporte que envolve o arremesso, com a mão,
no seu interior porque lá não haverá atração gravitacional. de uma bola de 140 g de massa na direção de outro jogador que
(04) a velocidade angular da estação espacial deve ser igual à irá rebatê-la com um taco sólido. Considere que, em um arremes-
velocidade angular de rotação da Terra. so, o módulo da velocidade da bola chegou a 162 km/h, imediata-
(08) um carro robótico terá, no trajeto da Terra até a estação es- mente após deixar a mão do arremessador. Sabendo que o tempo
pacial, vetor velocidade constante. de contato entre a bola e a mão do jogador foi de 0,07 s, o módulo
(16) o período do movimento da estação espacial ao redor da da força média aplicada na bola foi de
Terra deve ser igual ao período de rotação diária da Terra.
(32) a força de atração gravitacional da Terra será a força centrífu- (A) 324,0 N.
ga, responsável por manter a estação espacial em órbita. (B) 90,0 N.
(64) o valor da aceleração da gravidade (g) na posição da estação (C) 6,3 N.
espacial terá um módulo menor que seu valor na superfície da (D) 11,3 N.
Terra. (E) 15,0 N.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 51
Dinâmica
Capítulo 2: Gravitação universal e energia
FÍSICA

17. Os planetas do Sistema Solar giram em torno do Sol. A Terra, 20. Um objeto de massa m, que pode ser tratado como uma par-
por exemplo, está aproximadamente 150 milhões de km (1u.a.) tícula, percorre uma trajetória retilínea, e sua velocidade varia no
do Sol e demora 1 ano para dar uma volta em torno dele. A tabela tempo de acordo com a função cujo gráfico está descrito na figura
a seguir traz algumas informações interessantes sobre o Sistema a seguir.
Solar.

De acordo com a tabela, a razão entre os diâmetros equatoriais de


Júpiter e da Terra vale, aproximadamente,

(A) 10,8. (B) 0,2. (C) 0,9. (D) 1,0. (E) 5,2.
Considere os três instantes assinalados na Figura: o instante t0, no
18. A pintura a seguir é de autoria do francês Jean-Baptiste De- qual a velocidade do objeto vale v0, o instante t1, no qual a velo-
bret, que viajou pelo Brasil entre 1816 e 1831, retratando vários cidade vale v0, e o instante t2, para o qual a velocidade do objeto

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aspectos da natureza e da vida cotidiana do nosso país. A pintura, continua valendo v0. Os trabalhos realizados pela força resultante
denominada Caboclo, mostra índios caçando pássaros com arco sobre o objeto entre os instantes t0 e t1(W1), e entre os instantes
e flecha. Imagine que a flecha, de 250 g de massa, deixa o arco t1 e t2(W2), valem
com uma velocidade v0 = 30 m/s. Considere que a flecha é lan-
çada com um ângulo de 45º com a horizontal. Com base nestas (A) W1 < 0 e W2 < 0.
informações, RESPONDA: (B) W1 > 0 e W2 < 0.
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(C) W1 = 0 e W2 = 0.
(D) W1 > 0 e W2 = 0.
(E) W1 = 0 e W2 < 0.

21. Em uma perícia de acidente de trânsito, os peritos encontra-


ram marcas de pneus referentes à frenagem de um dos veículos,
que, ao final dessa frenagem, estava parado. Com base nas mar-
cas, sabendo que o coeficiente de atrito cinético entre os pneus
e o asfalto é de 0,5 e considerando a aceleração da gravidade
igual a 10 m/s2, os peritos concluíram que a velocidade do veículo
antes da frenagem era de 108 km/h. Considerando o atrito dos
pneus com o asfalto como sendo a única força dissipativa, o valor
medido para as marcas de pneus foi de:
(A) Qual a energia potencial elástica armazenada no arco antes da
flecha ser lançada? (A) 30 m.
(B) 45 m.
(B) Considerando que a flecha seja uma partícula e sai do nível do (C) 60 m.
chão, qual a altura máxima que os pássaros devem voar para que (D) 75 m.
o Caboclo possa atingi-los? (E) 90 m.

(C) Se o índio não acertar o pássaro, qual a distância que ele irá 22.Uma campanha publicitária afirma que o veículo apresentado,
percorrer para recuperar a flecha? de 1.450 kg, percorrendo uma distância horizontal, a partir do
repouso, atinge a velocidade de 108,0 km/h em apenas 4,0 s.
19. Para transportar terra adubada retirada da compostagem, um Desprezando as forças dissipativas e considerando g = 10 m/s2,
agricultor enche um carrinho de mão e o leva até o local de plantio podemos afirmar que, a potência média, em watts, desenvolvida
aplicando uma força horizontal, constante e de intensidade igual a pelo motor do veículo, neste intervalo de tempo é, aproximada-
200 N. Se durante esse transporte, a força resultante aplicada foi mente, igual a:
capaz de realizar um trabalho de 1.800 J, então, a distância entre
o monte de compostagem e o local de plantio foi, em metros,

Lembre-se de que o trabalho realizado por uma força, durante a


realização de um deslocamento, é o produto da intensidade dessa
força pelo deslocamento.
(A) 1,47 ⋅ 105.
(A) 6. (B) 9. (C) 12. (D) 16. (E) 18. (B) 1,63 ⋅ 105.
(C) 3,26 ⋅ 105.

52 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Dinâmica
Capítulo 2: Gravitação universal e energia

FÍSICA
(D) 5,87 ⋅ 105. (___) Se a quantidade de energia solar absorvida por esse painel
(E) 6,52 ⋅ 105. em 2 minutos for de 20 kcal/cm2, a potência gerada por ele será
inferior a 200 W.
23. A escolha do local para instalação de parques eólicos depen- (___) A energia necessária para que o barco, partindo do repou-
de, dentre outros fatores, da velocidade média dos ventos que so, atinja a velocidade de 20 m/s, é superior a 3 ⋅ 105 J.
sopram na região. Examine este mapa das diferentes velocidades (___) Supondo-se que o painel de células solares fornecesse 200
médias de ventos no Brasil e, em seguida, o gráfico da potência W, para que o barco fosse acelerado a partir do repouso até atingir
fornecida por um aerogerador em função da velocidade do vento. a velocidade de 72 km/h, seriam necessários mais de 15 minutos.
(___) Para uma potência de 400 W gerada pelas células solares,
teremos uma energia correspondente de 100 cal por segundo.
(___) O rendimento do painel solar prevê que, para cada 10 J de
energia solar, 2,5 J são convertidos em energia elétrica.

A sequência correta encontrada é:

(A) F, F, V, V, V.
(B) V, V, F, F, V.
(C) F, V, F, V, V.
(D) V, F, V, F, F.
(E) V, V, F, V, F.
É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

De acordo com as 25. Desejando ampliar seus conhecimentos sobre conservação


informações forneci- da energia mecânica, um estudante observa o movimento de um
das, esse aerogera- pequeno carro, de massa 250 g, ao longo de uma trajetória que é
dor poderia produzir, descrita pela equação x2/25 + y2/4 = 1, onde x e y são medidos
em um ano, 8,8 GWh em metros. Se no ponto A de coordenada horizontal x = xA = 3,0
de energia, se fosse m, o carro foi arremessado com velocidade inicial de módulo vA =

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instalado no 3,0 m/s, qual é a velocidade do carro no ponto B de coordenada


horizontal xB = 0,0 m? Considere que o carro pode ser tratado
(Note e adote: 1 GW = 109 W; 1 ano = 8.800 horas) como partícula e despreze os efeitos do atrito.

(A) noroeste do Pará.


(B) nordeste do Amapá.
(C) sudoeste do Rio Grande do Norte.
(D) sudeste do Tocantins.
(E) leste da Bahia.

24. Um barco movido à energia solar tem grandes limitações para


transportar passageiros e cargas. O maior dos problemas é o bai-
(A) 0,0 m/s.
xo rendimento das células solares, que em sua maioria atingem
(B) 1,0 m/s.
25% – convertem em energia elétrica apenas 25% da energia so-
(C) 3,0 m/s.
lar que absorvem. Outro grande problema é que a quantidade de
(D) 6,2 m/s.
energia solar disponível na superfície da Terra depende da latitude
(E) 8,4 m/s.
e das condições climáticas.

26. Complete o quadro a seguir que explica as principais transfor-


mações de energia que ocorre em cada tipo de usina.

Tipos de usinas Energia inicial Energia final

Hidrelétrica I Elétrica
Termoelétrica II Elétrica
Termonuclear III Elétrica

Considere um barco movido a energia solar, com massa de 1.000 Eólica IV Elétrica
kg e um painel de 2 m2 de células solares, com rendimento de Fotovoltaica V Elétrica
25%, localizado em sua proa. Desconsidere as perdas por atrito
de qualquer espécie. A alternativa correta que completa a coluna energia inicial é:

(Admita: 1 cal = 4 J, e a aceleração da gravidade = 10 m/s2) (A) I - térmica; II - térmica; III - térmica; IV - mecânica; V - lumi-
nosa.
Com base nos dados, julgue as afirmativas. (B) I - mecânica; II - mecânica; III - luminosa; IV - mecânica; V -
mecânica.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 53
Dinâmica
Capítulo 2: Gravitação universal e energia
FÍSICA

(C) I - térmica; II - luminosa; III - luminosa; IV - mecânica; V - (___) A energia potencial gravitacional de um objeto pode ser
térmica. positiva, negativa ou zero, dependendo do nível tomado como
(D) I - mecânica; II - térmica; III - térmica; IV - mecânica; V - lu- referência.
minosa. (___) A soma das energias cinética e potencial de um sistema
(E) I - luminosa; II - térmica; III - mecânica; IV - mecânica; V - mecânico oscilatório é sempre constante.
térmica. (___) A energia cinética de uma partícula pode ser negativa se a
velocidade tiver sinal negativo.
27. Segundo a Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), a
taxa metabólica basal (TMB) é o mínimo de energia necessária Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima
para manter as funções do organismo em repouso, tais como os para baixo.
batimentos cardíacos, a pressão arterial, a respiração e a manu-
tenção da temperatura corporal. Em uma competição de corrida, (A) V – V – F – V.
um atleta de 70 kg tem que subir uma montanha com uma inclina- (B) F – F – V – F.
ção de 60º e uma distância total de 1.200 m. (C) F – V – F – V.
(D) V – F – V – V.
Desprezando a taxa metabólica basal e as perdas por atrito, CAL- (E) F – V – F – F.
CULE qual deve ser a energia extra, ou seja, o trabalho extra reali-
zado pelo corredor para chegar ao final da subida: 30. Um foguete, de massa M, encontra-se no espaço e na ausên-
cia de gravidade com uma velocidade (v0) de 3.000 km/h em rela-
(A) 840.000 J. ção a um observador na Terra, conforme ilustra a figura a seguir.
(B) 730.800 J Num dado momento da viagem, o estágio, cuja massa representa

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
(C) 420.000 J. 75% da massa do foguete, é desacoplado da cápsula. Devido a
(D) 365.400 J. essa separação, a cápsula do foguete passa a viajar 800 km/h
(E) 487.200 J. mais rápido que o estágio.

28. Ótimos nadadores, os golfinhos conseguem saltar até 5 m Qual a velocidade da cápsula do foguete, em relação a um obser-
acima do nível da água do mar. Considere que um golfinho de 100 vador na Terra, após a separação do estágio?
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kg, inicialmente em repouso no ponto A, situado 3 m abaixo da
linha da água do mar, acione suas nadadeiras e atinja, no ponto
B, determinada velocidade, quando inicia o seu movimento as-
cendente e seu centro de massa descreve a trajetória indicada na
figura pela linha tracejada. Ao sair da água, seu centro de massa
alcança o ponto C, a uma altura de 5 m acima da linha da água,
com módulo da velocidade igual a 4√10 m/s, conforme a figura.

(A) 3.000 km/h.


(B) 3.200 km/h.
(C) 3.400 km/h.
(D) 3.600 km/h.
(E) 3.800 km/h.

Considere que, no trajeto de B para C, o golfinho perdeu 20% da 31. “Ao utilizar o cinto de segurança no banco de trás, o passa-
energia cinética que tinha ao chegar ao ponto B, devido à resistên- geiro também está protegendo o motorista e o carona, as pessoas
cia imposta pela água ao seu movimento. que estão na frente do carro. O uso do cinto de segurança no
banco da frente e, principalmente, no banco de trás pode evitar
Desprezando a resistência do ar sobre o golfinho fora da água, muitas mortes. Milhares de pessoas perdem suas vidas no trân-
a velocidade da água do mar e adotando g = 10 m/s2, é correto sito, e o uso dos itens de segurança pode reduzir essa estatísti-
afirmar que o módulo da quantidade de movimento adquirida pelo ca. O Brasil também está buscando, cada vez mais, fortalecer a
golfinho no ponto B, em kg ⋅ m/s é igual a nossa ação no campo da prevenção e do monitoramento. Essa
é uma discussão que o Ministério da Saúde vem fazendo junto
(A) 1.800. com outros órgãos do governo”, destacou o Ministro da Saúde,
(B) 2.000. Arthur Chioro. Estudo da Associação Brasileira de Medicina de
(C) 1.600. Tráfego (Abramet) mostra que o cinto de segurança no banco da
(D) 1.000. frente reduz o risco de morte em 45% e, no banco traseiro, em até
(E) 800. Em 2013, um levantamento da Rede Sarah apontou que 80% dos
passageiros do banco da frente deixariam de morrer, se os cintos
29. Com relação aos conceitos relativos à energia, identifique as do banco de trás fossem usados com regularidade.
afirmativas a seguir como verdadeiras (V) ou falsas (F): Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/ultimas-noticias/1596-metade-dos-brasileiros-
-nao-usa-cinto-de-seguranca-no-banco-detras. Acesso em: 12 de julho de 2015.

(___) Se um automóvel tem a sua velocidade dobrada, a sua ener-


gia cinética também dobra de valor.

54 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Dinâmica
Capítulo 2: Gravitação universal e energia

FÍSICA
Em uma colisão frontal, um passageiro sem cinto de segurança Considerando g o módulo da aceleração da gravidade, a altura h
é arremessado para a frente. Esse movimento coloca em risco a atingida pela barra é igual a
vida dos ocupantes do veículo. Vamos supor que um carro popu-
3mvi
2

lar com lotação máxima sofra uma colisão na qual as velocidades (A)
inicial e final do veículo sejam iguais a 72 km/h e zero, respecti- 2 Mg
vamente. Se o passageiro do banco de trás do veículo tem massa
3mvi
2

igual a 80 kg e é arremessado contra o banco da frente, em uma (B)


colisão de 400 ms de duração, a força média sentida por esse 4 Mg
passageiro é igual ao peso de
5mvi
2

(C)
(A) 360 kg na superfície terrestre. 8 Mg
(B) 400 kg na superfície terrestre. 3mvi
2

(C) 1.440 kg na superfície terrestre. (D)


8 Mg
(D) 2.540 kg na superfície terrestre.
(E) 2.720 kg na superfície terrestre. mvi
2

(E)
4 Mg
32. Os planetas do Sistema Solar giram em torno do Sol. A Terra,
por exemplo, está a aproximadamente 150 milhões de km (1 u.a.)
do Sol e demora 1 ano para dar uma volta em torno dele. 34. Um dos principais impactos das mudanças ambientais glo-
bais é o aumento da frequência e da intensidade de fenômenos
A tabela a seguir traz algumas informações interessantes sobre extremos, que quando atingem áreas ou regiões habitadas pelo
É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

o Sistema Solar. homem, causam danos. Responsáveis por perdas significativas


de caráter social, econômico e ambiental, os desastres naturais
são geralmente associados a terremotos, tsunamis, erupções vul-
Distância média ao Diâmetro
Planeta cânicas, furacões, tornados, temporais, estiagens severas, ondas
Sol (u.a.) equatorial (km)
de calor etc.
Mercúrio 0,4 4.800 (Disponível em: <www.inpe.br>. Acesso em: 20 maio 2015.)

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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998

Vênus 0,7 12.000


Terra 1,0 13.000 É possível relacionar o caos de um desastre natural com o fenô-
meno de um terremoto. O sismógrafo vertical, representado na
Marte 1,5 6.700
imagem a seguir, é um dos modelos utilizados para medir a inten-
Júpiter 5,2 140.000 sidade dos tremores.
Saturno 9,5 120.000
Urano 20,0 52.000
Netuno 30,0 49.000

De acordo com a Tabela a razão entre os diâmetros equatoriais de


Júpiter e da Terra, vale aproximadamente:

(A) 10,8.
(B) 0,2.
(C) 0,9.
(D) 1,0.
(E) 5,2.
A massa que está na ponta da haste tem 100 g, e o comprimento
33. Uma partícula de massa m e velocidade horizontal vi colide da haste, da ponta até o pivô de articulação, é de 20 cm. Durante
elasticamente com uma barra vertical de massa M que pode girar um tremor, a haste se move para baixo e isso causa um deslo-
livremente, no plano da página, em torno de seu ponto de sus- camento de π/6 rad entre a sua posição de equilíbrio e a nova
pensão. A figura (i) abaixo representa a situação antes da colisão. posição.
Após a colisão, o centro de massa da barra sobe uma altura h
e a partícula retorna com velocidade vf, de módulo igual a vi/2, Considerando que sen π/6 = 1/2, assinale a alternativa que apre-
conforme representa a figura (ii) a seguir. senta, corretamente, a energia despendida no processo.

(A) 0,01 J.
(B) 0,10 J.
(C) 1,10 J.
(D) 10,001 J.
(E) 100,10 J.

35. Um motorista conduzia seu automóvel de massa 2.000 kg que


trafegava em linha reta, com velocidade constante de 72 km/h,
quando avistou uma carreta atravessada na pista. Transcorreu 1

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 55
Dinâmica
Capítulo 2: Gravitação universal e energia
FÍSICA

s entre o momento em que o motorista avistou a carreta e o mo- atuou sobre a bola, indicada no gráfico por Fmáx, é igual, em new-
mento em que acionou o sistema de freios para iniciar a frenagem, tons, a
com desaceleração constante igual a 10 m/s2. Desprezando-se
a massa do motorista, assinale a alternativa que apresenta, em (A) 68,8.
joules, a variação da energia cinética desse automóvel, do início (B) 34,4.
da frenagem até o momento de sua parada. (C) 59,2.
(Lembre-se de que: EC = m ⋅ v2/2, em que EC é dada em joules, m em quilogra- (D) 26,4.
mas e v em metros por segundo) (E) 88,8.

(A) 4,0 ⋅ 105. 38. Para responder à questão, analise a situação a seguir.
(B) 3,0 ⋅ 105.
(C) 0,5 ⋅ 105.
(D) – 4,0 ⋅ 105.
(E) – 2,0 ⋅ 105.

36. Uma partícula de massa m se move com velocidade de mó-


dulo v imediatamente antes de colidir elasticamente com uma Duas esferas – A e B – de massas respectivamente iguais a 3
partícula idêntica, porém em repouso. A força de contato entre kg e 2 kg estão em movimento unidimensional sobre um plano
as partículas que atua durante um breve período de tempo T está horizontal perfeitamente liso, como mostra a figura 1. Inicialmen-
mostrada no gráfico a seguir. te as esferas se movimentam em sentidos opostos, colidindo no
instante t1. A figura 2 representa a evolução das velocidades em

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
Desprezando os atritos, deter- função do tempo para essas esferas imediatamente antes e após
mine o valor máximo assumido a colisão mecânica.
pela força de contato F0

(A) 4 mv/3T.
(B) 2 mv/3T.
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Sobre o sistema
(C) mv/T.
formado pelas esfe-
(D) mv/3T.
ras A e B, é correto
(E) mv/4T.
afirmar:

37. O gol da conquista do tetracampeonato pela Alemanha na (A) Há conservação da energia cinética do sistema durante a co-
Copa do Mundo de 2014 foi feito pelo jogador Götze. Nessa jo- lisão.
gada, ele recebeu um cruzamento, matou a bola no peito, amor- (B) Há dissipação de energia mecânica do sistema durante a co-
tecendo-a, e chutou de esquerda para fazer o gol. Considere que, lisão.
imediatamente antes de tocar o jogador, a bola tinha velocidade de (C) A quantidade de movimento total do sistema formado varia
módulo V1 = 8 m/s em uma direção perpendicular ao seu peito durante a colisão.
e que, imediatamente depois de tocar o jogador, sua velocidade (D) A velocidade relativa de afastamento dos corpos após a coli-
manteve-se perpendicular ao peito do jogador, porém com módu- são é diferente de zero.
lo V2 = 0,6 m/s e em sentido contrário. (E) A velocidade relativa entre as esferas antes da colisão é infe-
rior à velocidade relativa entre elas após colidirem.

Admita que, nessa jo-


gada, a bola ficou em
contato com o peito
do jogador por 0,2 s e
que, nesse intervalo de
tempo, a intensidade da
força resultante (FR) que
atuou sobre ela, variou
em função do tempo,
conforme o gráfico.

Considerando a massa da bola igual a 0,4 kg, é correto afirmar


que, nessa jogada, o módulo da força resultante máxima que

56 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Química
Capítulo 1: Funções inorgânicas
Capítulo 2: Reações químicas
Capítulo 3: Cálculo estequiométrico

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autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados.
Violação de direito autoral cabe detenção de três meses a um ano, ou multa. Caracterização da
violação: reprodução por qualquer meio, de obra intelectual, no todo ou em parte.
Química: ensino médio, 1ª série. Alagoas: Dinamus
Sistema de Ensino, 2022.

Obra em 1 v.

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CNPJ: 11.582.953/0001-21
Rua Dr. Eurico Ayres, 53 - Tabuleiro do Martins
Maceió – AL.

Obra editada segundo a Base Nacional Comum Curricular para o Ensino Médio, homo-
logado pela Portaria nº 1.570, publicada no D.O.U. de 2017.
1 Funções
inorgânicas

Química inorgânica e nosso organismo


Um dos sintomas mais comuns entre os brasileiros, a azia causa muito descon-
forto para quem a sente com frequência. A presença da sensação constante de quei-
mação pode ser consequência de uma série de condições, que vão desde refluxo
e gastrite até alimentação inadequada, nervosismo ou, inclusive, o uso de roupas
muito justas.
Para evitar que o sintoma evolua para um problema mais grave, é importante
tentar identificar as causas da azia. Caso apareçam outros sinais, como inchaço e
desconforto abdominal, a indicação é procurar um gastroenterologista.
Independentemente da causa, a mudança nos hábitos alimentares e o uso de an-
tiácidos, como o leite de magnésia, auxiliam no alívio da azia.
O leite de magnésia contém hidróxido de magnésio, um composto que diminui
a acidez estomacal. Ele é indicado para aliviar os sintomas de azia, má digestão e
intestino preguiçoso.
Como laxante, age aumentando a retenção de água no interior do intestino, pro-
movendo a movimentação intestinal.
Por ser uma base (e praticamente insolúvel em água), o hidróxido de magnésio
consegue neutralizar a hiperacidez estomacal ao reagir com o ácido clorídrico pre-
sente no aparelho digestivo, formando cloreto de magnésio, que é um sal, e água.
Possíveis causas do surgimento da azia são: refluxo; hérnia de hiato; gastrite;
esofagite; gravidez; intolerância alimentar; uso de roupas apertadas (sim, a pressão
exercida na região abdominal pode fazer com que o ácido estomacal mova-se para
o esôfago, podendo causar refluxo ou azia).
Hábitos inadequados que ajudam a desenvolver problemas intestinais são: ali-
mentação desequilibrada; excesso de álcool; sedentarismo; tabagismo.
Para evitar o problema, sempre que possível, opte por alimentos in natura ou
minimamente processados; consuma alimentos com baixa quantidade de açúcares,
gorduras, sódio e conservantes; tente manter um horário padrão para as principais
refeições; mantenha o controle do peso corporal; pratique atividades físicas.

Lei nº 9.610/98.
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Sumário
Funções químicas_03
Os experimentos de Arrhenius_03
Classificação dos ácidos_04
Bases ou hidróxidos_09
Comparação entre ácidos e bases_12
Sais_13
Óxidos_16
Referências_19

Qui. _Contexto

01. O principal componente do suco gástrico é o ácido clorídrico (HCl). Segundo o texto inicial, al-
guns fatores como alimentação, tensão nervosa e doenças podem aumentar a quantidade de HCl
no estômago, dando aquela sensação de queimação (azia). Para neutralizar esse meio ácido, sob
orientação médica, algumas pessoas tomam certos medicamentos que contêm bases fracas para
combater a azia. Essas bases neutralizam o excesso de acidez existente no estômago, aliviando os
sintomas. Qual das substâncias a seguir poderia ser utilizada para essa finalidade?

(A) NaHSO4.
(B) NaCl.
(C) H2SO4.
(D) H3C-COOH.
(E) Mg(OH)2.

02. A partir da leitura inicial, com o auxílio do professor, responda:


(A) cite alguns alimentos com caráter ácido.
(B) cite alguns alimentos alcalinizantes que podem neutralizar a acidez do organismo.
(C) cite os prejuízos à saúde quando uma pessoa adota uma dieta rica em ácidos.

03. De acordo com o texto inicial, quais hábitos podem nos ajudar a evitar a hiperacidez estomacal?
Química inorgânica
Capítulo 1: Funções inorgânicas

Funções inorgânicas
Funções químicas
Introdução

As funções químicas são um conjunto de substâncias com propriedades químicas semelhantes, que
podem ser divididas em orgânicas e inorgânicas.
As funções orgânicas são aquelas constituídas pelo elemento carbono, estudada pela química orgâni-
ca. A propriedade típica do carbono é a formação de cadeias carbônicas. É chamada de orgânica porque
inicialmente os cientistas pensavam que elas só podiam ser encontrados nos seres vivos ou fósseis. Hoje,
um grande número de compostos de carbono pode ser produzido em laboratório para utilização na in-
dústria. Certos medicamentos, plásticos e pesticidas, por exemplo, são substâncias orgânicas sintéticas.
Existem algumas substâncias que possuem átomo(s) de carbono, mas que fogem a este critério de
classificação, por possuírem propriedades de compostos inorgânicos, dentre as quais destacam-se o
monóxido de carbono (CO), o dióxido de carbono (CO2), o cianeto de potássio (KCN), o carbonato de
cálcio (CaCO3), o carbonato de sódio (Na2CO3), o ácido carbônico (H2CO3), entre outros.

Funções inorgânicas são aquelas constituídas por


todos os demais elementos químicos que constituem os
ácidos, bases, sais e óxidos, estudados pela química
inorgânica. A química mineral ou inorgânica abrange o
estudo dos metaloides e dos metais e das combinações
químicas.
As principais funções químicas inorgânicas – ácidos,
bases, sais e óxidos – são encontradas em nosso coti-
diano e também em nosso organismo. Por exemplo: o
ácido clorídrico é um dos constituintes do suco gástri-
co, encontrado no estômago; a soda cáustica é cons-
tituinte de produtos de uso doméstico para desentupir
pias e utilizada para fabricar o sabão; o sal de cozinha Figura 1. Soda cáustica em escamas.
é constituído pelo cloreto de sódio (NaCl); a cal viva, Normalmente apresentada na forma sólida, a soda cáustica (NaOH) também existe na
utilizada na construção civil e também na culinária, é forma líquida. É muito utilizada nas residências para a desobstrução de encanações, por
conseguir dissolver gorduras, mas precisa ter muito cuidado: a soda cáustica é altamente
constituída pelo óxido de cálcio (CaO). corrosiva, podendo causar queimaduras muito graves se manuseada de forma errada.
Para definir estas substâncias, existem vários crité-

QUÍMICA
Fonte: https://www.desentupidoraemportoalegre.com.br/wp-content/uploads/2020/02/
rios de classificação. Nós utilizaremos os critérios da
sosa-caustica-en-escamas_0.jpg
condutividade elétrica segundo Arrhenius e o teste
com indicadores ácido-base para caracterizar seme-
lhança nas propriedades químicas dessas substâncias.
Agora que conhecemos um dos procedimentos que os químicos utilizam para classificar as substâncias
em funções químicas, vamos apresentar as funções inorgânicas. As teorias de ácidos e bases que serão
tratadas aqui datam do século XX: a teoria de Arrhenius (1887), a teoria de Brönsted-Lowry (1923) e a
teoria de Lewis (1923).

Fixando conceitos

01. Qual o objeto de estudo da química inorgânica?


02. Diferencie substâncias orgânicas de substâncias inorgânicas.
03. Quais são as principais funções inorgânicas? Você saberia exemplificá-las?

Os experimentos de Arrhenius
Um pouco de história

Na Universidade de Upsala, o químico sueco Svante August Arrhenius (1859 - 1927) realizou diversas ex-
periências envolvendo substâncias em meio aquoso e corrente elétrica. Arrhenius observou que algumas
substâncias conduziam essa corrente elétrica, como por exemplo, o sal de cozinha (NaCl) e a soda cáus-
tica (NaOH). Tal fenômeno foi justificado pelo fato dessas substâncias sofrerem separação (dissociação
iônica) de seus íons preexistentes.
Com os compostos moleculares, ele observou que este fenômeno não acontecia. Então, sabia-se que as
substâncias iônicas conduziam corrente elétrica, porém as moleculares não. Contudo, havia uma substân-
cia molecular formada por átomos de hidrogênio e cloro que conduzia corrente elétrica, e a explicação
que Arrhenius deixou para este fato é que ocorre a quebra da ligação molecular entre esse átomos for-
mando íons – a ionização.

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 3


Química inorgânica
Capítulo 1: Funções inorgânicas

Ácidos e bases de Arrhenius

O comportamento ácido-base é conhecido há muitos anos. A palavra áci-


do (do latim acidus) significa “azedo”, que é uma das principais característi-
cas dos ácidos (mas não podemos – lembrem-se –, sair provando substân-
cias desconhecidas a fim de saber que gosto elas têm). As bases (também
chamadas de álcalis – do árabe al qaliy – que significa “cinzas vegetais”)
possuem sabor adstringente, isto é, que “amarra” a boca (como quando co-
memos uma banana ainda verde).
Os termos ácido, álcali e base datam da Antiguidade, da Idade Média e da
Idade Moderna, respectivamente. As teorias ácido-base, ou seja, as teorias
que procuram explicar o comportamento dessas substâncias baseando-se
em algum princípio mais geral, são também bastante antigas.
Em 1789, Antoine-Laurent Lavoisier afirmava que “o oxigênio é o princípio
acidificante”. Em outras palavras, dizia que todo ácido deveria ter oxigênio.
Figura 2. Svante August Arrhenius.
Fonte: data:image/jpeg Entretanto, já nesta época, Claude-Louis Berthollet (1787) e Humphry Davy
(1810) descreveram vários ácidos que não apresentavam o oxigênio, tais
como o ácido cianídrico (HCN), o ácido sulfídrico (H2S) e o ácido clorídrico
(HCl).
Arrhenius propôs, em 1887, uma teoria para explicar o comportamento de ácidos e bases. Segundo o
conceito de Arrhenius, ácidos são substâncias que, em solução aquosa, aumentam a concentração de íons
hidrogênio, H+, que, na presença de água, formam o cátion hidrônio (H3O+); e bases são substâncias que,
em solução aquosa, aumentam a concentração de íons hidroxila (OH–). O cloreto de hidrogênio (HCl), por
exemplo, à temperatura ambiente, é um gás. Quando dissolvido em água, o HCl forma íons H+(aq) e Cl–(aq), e
é chamado de ácido clorídrico (presente no suco gástrico, ele é usando também como reagente químico).

Fixando conceitos

01. Segundo Arrhenius, o que são ácidos e bases?


02. É correto dizer que todos os ácidos são oxigenados?
03. Qual é a principal característica de diferenciação entre um ácido e uma base?
QUÍMICA

Classificação dos ácidos


Introdução

Desde os tempos dos alquimistas, observou-se que certas substâncias apresentavam comportamentos
peculiares quando dissolvidas na água. Entre tais propriedades destacavam-se:

• o sabor azedo facilmente identificado em frutas cítricas, como limão, laranja ou maçã;
• formação de soluções aquosas condutoras de eletricidade;
• efervescência quando em contato com o calcário (rochas);
• mudança de cor nos indicadores ácido-base.

As substâncias que apresentavam esse conjunto de


propriedades foram denominadas ácidos. Os ácidos são
facilmente identificados no nosso dia a dia. Eles estão
presentes, por exemplo, nas frutas cítricas (ácido cítrico),
na bateria de um automóvel (ácido sulfúrico), no vinagre
(ácido acético), no nosso estômago (ácido clorídrico), na
grafia do número do chassi no vidro dos automóveis (áci-
do fluorídrico) etc.
De um modo geral os ácidos são tóxicos e corrosivos,
portanto, deve-se evitar contato com a pele, ingeri-los ou
respirá-los. Os ácidos estão classificados de acordo com
alguns critérios:

• Quanto à natureza do ácido: nesse sentido, os ácidos


Figura 3. Número do chassi gravado em para-brisa de automóvel.
O ácido fluorídrico (HF) corrói o vidro comum, pois ataca a sílica (SiO2) que o constitui. Daí seu
podem ser:
uso para decoração em fosco de objetos de vidro e gravação do número do chassi em vidros de
veículos automotores. a) orgânicos: são compostos que contêm em sua es-
Fonte: http://novaviaveiculosecia.com.br trutura o grupamento carboxila, composto por um
átomo de carbono ligado a um átomo de oxigênio por
ligação dupla e a um grupo de hidroxila, por ligação
simples, como ilustrado a seguir:

4 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Química inorgânica
Capítulo 1: Funções inorgânicas

OH

O grupo de carboxila também pode ser representado apenas por –


COOH. O hidrogênio ligado ao átomo de oxigênio do grupo carboxila é
considerado o hidrogênio ionizável do ácido, e desta forma, na sua ioni-
zação, teremos –COOH H+ + –COO–.
Entre os milhares de ácidos orgânicos conhecidos, alguns são de enor-
me importância para o homem, como por exemplo:

• o ácido fórmico – CH2O2 (proveniente das formigas);


• o ácido acético – CH3COOH (extraído no vinagre – acetum = azedo); Figura 4. Vinagre.
Fonte: http://www.novamae.com.br

b) inorgânicos ou minerais: são ácidos de origem mineral e dividem-se em hidrácidos (não pos-
suem oxigênio) e oxiácidos (ácidos oxigenados). Os hidrácidos mais comuns são o HCl, o HF, o HCN
etc. Dentre os oxiácidos mais comuns, temos o H2SO4 (ácido sulfúrico), H3PO3 (ácido fosforoso) HClO3
(ácido clórico) etc.

A força dos ácidos depende do número de hidrogênios ionizáveis (X) que eles possuem. Se X 2, o áci-
do será forte; se X = 1, semiforte; se X = 0, fraco. O ácido carbônico (H2CO3) e o ácido acético (H3CCOOH),
embora possuam mais hidrogênios ionizáveis, são classificados como ácidos fracos.

Tabela 1. Força dos ácidos


ÁCIDO FORÇA
Fluorídrico (HF) Forte
Clorídrico (HCl) Forte
Bromídrico (HBr) Forte
Hialurônico (Hi) Forte

• Quanto ao número de hidrogênio ionizável: aqui, os ácidos podem ser:

a) monoácidos (ou monopróticos): apresentam um hidrogênio ionizável (HCl,

QUÍMICA
HBr, HNO3 etc.); Uma consequência da teoria
b) diácidos (ou dipróticos): apresentam dois hidrogênios ionizáveis (H2S, H2SO4, de Arrhenius é que pode-
mos considerar que nem
H2CO3 etc.); todos os ácidos e bases são
c) triácidos: apresentam três hidrogênios ionizáveis (H3PO4 , H3BO3 etc.); igualmente fortes, ou seja,
d) tetrácidos: apresentam quatro hidrogênios ionizáveis (H4SiO4 , H4P2O7 etc.). nem todos se ionizam ou
dissociam em água comple-
tamente, como ocorre com
Os ácidos que possuem dois ou mais hidrogênios ionizáveis podem ser chamados o HCl e o NaOH, que são
de poliácidos. exemplos de ácidos e bases
fortes. O ácido acético (CH-
• Quanto ao número de elementos químicos: os ácidos podem ser compostos por 3
COOH), presente no vinagre,
dois ou mais elementos químicos. Eles serão: e o ácido cítrico (H3C6H5O7),
presente no limão, são
exemplos de ácidos fracos.
a) binários: quando possuírem dois elementos químicos diferentes (HCl, H2S, Em solução aquosa, esses
HBr etc.); ácidos não se ionizam com-
pletamente. Sua ionização
leva a um equilíbrio quí-
b) ternários: quando possuírem três elementos químicos diferentes (HCN, mico, em que os íons estão
HNO3, H2SO4 etc.); presentes juntamente com
os ácidos não ionizados.
c) quaternários: quando possuírem quatro elementos químicos diferentes O ácido acético e o ácido
(HCNO, HSCN etc.). cítrico, assim como todos
os outros ácidos que têm
esse comportamento, são
Formulação dos ácidos chamados de ácidos fracos.
Do mesmo modo, existem as
Você já observou que todo ácido é formado pelo cátion H+ e por um átomo ou gru- bases fracas.
po de átomos com carga negativa (ânion ou radical negativo), como ilustrado ao lado.
Observe também que a carga total positiva dos cátions H+ deve anular a carga total
do radical negativo, de tal modo que a molécula seja eletricamente neutra. Desse H+1 Cl 1–
modo, representando o ânion (ou radical ácido) por A e supondo sua valência igual a
–x, chegamos à seguinte regra geral de formulação dos ácidos: H2+1 SO4 2–
H3+1 PO4 3–
ou seja:

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 5


Química inorgânica
Capítulo 1: Funções inorgânicas

Nas fórmulas estruturais dos ácidos oxigenados, devemos assinalar que os hidrogênios ionizáveis sem-
pre se ligam ao átomo central por intermédio de um átomo de oxigênio; os demais átomos de oxigênio
ligam-se ao átomo central por meio de ligações covalentes.

H O H O O
H2CO3 estruturalmente é: C O; H2SO4 estruturalmente é: S ;
H O H O O

O
H O
H2SO4 estruturalmente é: H O P O; HClO4 estruturalmente é: H O Cl O.
H O
O
Quando ligado diretamente ao átomo central, o hidrogênio não é ionizável. Dois exemplos importantes
são:

1 - o ácido fosforoso (H3PO3), que, apesar de possuir três hidrogênios, é um diácido; sua fórmula estru-
tural mostra que os dois primeiros hidrogênios são ionizáveis, e o terceiro, ligado diretamente ao átomo
de fósforo, não é ionizável:
H O
ionizáveis
H O P O
H
2 - o ácido hipofosforoso (H3PO2), que é um monoácido, pois só um hidrogênio se liga ao fósforo por
intermédio do oxigênio:

O H
ionizável
H P O
H
Um caso importante é o dos ácidos orgânicos (ou carboxílicos), por exemplo:

O H O

• ácido fórmico (CH2O2): H C ionizável • ácido acético (C2H4O2): H C C ionizável


O H O H
H
QUÍMICA

Nesses casos, só é ionizável o hidrogênio do grupo C ou, abreviadamente, –COOH, chamado


grupo carboxila. O H

Nomenclatura dos ácidos

Para os hidrácidos (ácidos que contém hidrogênio e não contém oxigênio), a nomenclatura é feita com
a terminação -ídrico. Vejamos:

Ácido ____________________ ídrico.


(nome do ânion)

No ácido clorídrico, por exemplo, temos a primeira partícula (ácido, que é a função inorgânica), a se-
gunda partícula devidamente adaptada (cloro, que é o ânion) e a terminação (ídrico, indicando um hidrá-
cido). O mesmo vale para os ácidos iodídrico, sulfídrico, cianídrico etc.

Para os oxiácidos (aqueles que contém oxigênio no grupo ácido de sua molécula), a nomenclatura
pode ser:

• terminada em -ico, quando o elemento forma apenas um oxiácido:

Ácido ____________________ ico.


(nome do elemento)

Por exemplo: H2CO3 – ácido carbônico; H3BO3 – ácido bórico.

• terminada em -ico, quando o elemento forma dois oxiácidos e apresenta Nox maior; ou terminada em
-oso, se o elemento possuir Nox menor:

6 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Química inorgânica
Capítulo 1: Funções inorgânicas

NOX maior
Ácido ____________________ ico
(nome do elemento) oso
NOX menor

• se o elemento forma três ou quatro oxiáxidos, ela poderá ser:

Ácido per _______________ ico.


Preferencial Ácido _______________ ico. Diminuição do NOX
Ácido _______________ oso. do elemento central
Ácido hipo ______________ oso.

Observação: no caso de existir um único ácido é preferencial a terminação ico. A regra geral segue o
disposto na tabela a seguir:

Tabela 2. Regra geral de nomenclatura


TERMINAÇÃO DO ÂNION SUBSTITUIR POR
-ato -ico
-eto -ídrico
-ito -oso

No íon sulfato substituímos a terminação -ato por -úrico; No íon fosfato substituímos a terminação -ato
por -órico. Vejamos na tabela a seguir:

Tabela 3. Padrão de nomenclatura dos principais ácidos Além dos prefixos per e hipo,
ELEMENTOS EXEMPLO NOME são usados outros, como no
caso de oxiácidos do fósforo
Cl, Br, I HClO3 Ácido clórico (H3PO4 = ácido ortofosfórico;
S, Se, Te H2SO4 Ácido sulfúrico H4P2O7 = ácido pirofosfórico;
HPO3 = ácido metafosfórico).
P, As, Sb H3PO4 Ácido fosfórico Nos três casos, o fósforo
tem o mesmo número de
Si, Ge H4SiO4 Ácido silícico
oxidação (+5); a diferença

QUÍMICA
B H3BO3 Ácido bórico está no grau de hidratação.
C H2CO3 Ácido carbônico
N HNO3 Ácido nítrico

Ácidos importantes

Os ácidos são substâncias que se fazem muito presentes em nosso cotidiano


(estão presentes até mesmo na nossa alimentação, como por exemplo, nas fru-
tas cítricas, onde encontramos os ácidos cítrico e ascórbico – ou vitamina C).
Existem alguns ácidos que são mais importantes para o nosso cotidiano, e
que estudaremos mais detalhadamente a seguir.

• Ácido sulfúrico: é um dos produtos químicos mais utilizados na indústria


(costuma-se dizer que o consumo de ácido sulfúrico mede o nível de desen-
volvimento industrial de um país). O H2SO4 puro é um líquido incolor, oleoso,
denso (d = 1,84 g/mL), corrosivo e extremamente solúvel em água (para di-
luí-lo, deve-se despejá-lo lentamente em água, e nunca ao contrário, a fim
de que a água não vaporize-se rapidamente e projete-se contra o operador,
causando graves queimaduras. O ácido sulfúrico ferve a 338 ºC, que é um
valor bem acima da temperatura de ebulição dos ácidos comuns; por isso, é
considerado um ácido fixo, isto é, pouco volátil.

O ácido sulfúrico é produzido industrialmente pelo processo catalítico ou de


contato, de acordo com as seguintes etapas:

1 – queima do enxofre: S + O2 SO2 (ou ustulação de sulfetos metá- Figura 5. Frasco contendo ácido sulfúrico.
licos): Sua corrosividade pode ser atribuída principalmente à
sua natureza de ácido forte e, se em alta concentra-
ção, a suas propriedades de desidratação e oxidação.
4 FeS2 + 11 O2 2 Fe2O3 + 8 SO2 ) Também é higroscópico, prontamente absorvendo
vapor d'água do ar. Em contato com a pele pode causar
graves queimaduras químicas e até queimaduras de
2 – oxidação do SO2: 2 SO2 + O2 2 SO3; segundo grau.

Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 7


Química inorgânica
Capítulo 1: Funções inorgânicas

3 – reação do SO3 com a água: SO3 + H2O H2SO4.

O ácido sulfúrico é principalmente empregado na produção de fertilizantes agrícolas, na produção de


compostos orgânicos (plásticos, fibras têxteis, celulose, corantes, tintas, pigmentos etc.), na produção de
outros ácidos (H3PO4, HNO3 etc.), na limpeza de metais e ligas metálicas, no refino do petróleo, em baterias
de automóveis etc.

• Ácido clorídrico: o HCl é um gás incolor, não inflamável, muito tóxico e corrosivo.
O HCl é um ácido inorgânico Esse gás é muito solúvel em água (cerca de 450 L de gás clorídrico para cada litro
forte. Sua aparência é de um de água, em condições ambientes). Sua solução aquosa é o ácido clorídrico – so-
líquido incolor ou levemente
amarelado. Uma coisa inte- lução incolor que, quando concentrada, contém cerca de 38% de HCl em massa –,
ressante sobre o ácido clo- é fumegante, sufocante, muito tóxica e corrosiva. Na indústria, o HCl é preparado
rídrico é que, apesar de ser por síntese direta: H2 + Cl2 2 HCl. Em laboratório, forma-se o HCl a partir do
altamente tóxico em caso de NaCl (sólido): 2 NaCl + H2SO4 Na2SO4 + 2 HCl .
ingestão na sua forma líqui-
da, esse ácido está presente
no suco gástrico. Essa secre- O ácido clorídrico é usado em reações de amidos e proteínas (indústria de alimen-
ção produzida pelo estômago tos), na produção de corantes, tintas, couros etc. Na limpeza de pisos e paredes de
é formada pelo próprio ácido pedra ou de azulejo, usa-se o ácido muriático, que é o ácido clorídrico impuro. Além
clorídrico, enzimas, sais e disso, é importante destacar que o ácido clorídrico é um dos componentes do suco
muco. Ela mantêm o pH do
estômago entre 0,9 e 2, pro- gástrico existente em nosso estômago. Sua função é auxiliar a digestão dos alimentos.
porcionando assim a melhor
destruição do alimento para • Ácido nítrico: o HNO3 é um líquido incolor, muito tóxico e corrosivo. Ferve a 83 ºC
que os nutrientes possam em pressão normal. É muito solúvel em água e, com o tempo e a influência da luz,
ser devidamente absorvidos
pelo organismo. Também age
sua solução fica avermelhada devido à decomposição do HNO3 em NO2. Industrial-
como um ativador da enzima mente, o ácido nítrico é preparado a partir do NH3, segundo as reações:
pepsina, para que ela quebre
as proteínas em cadeias catalisador
4 NH3 + 5 O2 4 NO + 6 H2O
menores. Outra função sua 2 NO + O2 2 NO2
é reduzir o crescimento de
bactérias causadoras de 3 NO2 + H2O 2 HNO3 + NO
doenças e infecções. Quando
essa produção de ácido se Em laboratório, o HNO3 é produzido da seguinte maneira:
descontrola, sente-se o
que se conhece por azia, ∆
que pode ser aliviada com
2 NaNO3(s) + H2SO4 Na2SO4 + 2 HNO3
a ingestão de substâncias
básicas, como o hidróxido de O ácido nítrico é usado na produção de compostos orgânicos (explosivos, corantes,
magnésio, ou determinados medicamentos etc.), na produção de fertilizantes agrícolas (NH4NO3, por exemplo),
QUÍMICA

sais, como o bicarbonato de na produção de nitratos etc. Nas equações químicas, o termo “catalisador”, sobre a
sódio.
flecha, indica um composto que acelera a reação, e o símbolo ∆ indica aquecimento.

• Ácido fluorídrico: é um líquido incolor, fumegante, de ponto de ebulição 20 ºC sob pressão normal,
altamente corrosivo para a pele. Portanto, em condições ambientes (1 atm e 25 ºC), o HF é um gás. Seu
ponto de ebulição é superior ao dos demais ácidos halogenídricos, devido à formação de fortes ligações
de hidrogênio. O HF é produzido a partir do minério denominado fluorita (CaF2), por reação com ácido
sulfúrico concentrado. Essa reação ocorre a uma temperatura de 250 ºC. Vejamos a equação da reação
química:
250 ºC
CaF2(s) + H2SO4 (l) CaSO4 (s) + 2 HF (g)

Além de sua aplicação na decoração em fosco de peças vítreas e a gravação de números de chassi
nos vidros dos automóveis, o HF é também usado no preparo de Na3AlF6 (na produção de alumínio), no
de compostos do tipo CCl2F2 (em sistemas de refrigeração), no de UF6 (no enriquecimento de urânio para
reatores atômicos) etc.

Pratique

01. Considere as descrições dos processos de obtenção 03. Com o auxílio de uma tabela de radicais negativos,
do HCl, HNO3 e HF. Esses processos poderiam ser re- procure escrever a s fórmulas dos seguintes ácidos:
alizados em sistemas abertos? Por quê?
(A) ácido permangânico.
02. Considere os ácidos HClO4, H2MnO4, H3PO3, H4Sb2O7. (B) ácido fosforoso.
Quanto ao número de hidrogênios ionizáveis, como (C) ácido oxálico.
podem ser classificados? (D) ácido sulfuroso.
(E) ácido arsênico.

8 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Química inorgânica
Capítulo 1: Funções inorgânicas

Bases ou hidróxidos
Introdução

Os pesquisadores antigos dividiam as substâncias disponíveis na


natureza em dois grandes grupos: as que se assemelhavam ao vi-
nagre, denominadas ácidos, e as semelhantes às cinzas de plantas,
chamadas álcalis.
Os álcalis eram substâncias detergentes ou, segundo o farmacêu-
tico e químico francês Guillaume François Rouelle, bases. Existem
muitas bases fracas e inofensivas observáveis no dia a dia, como o
sabonete que faz muita espuma e desliza facilmente pela pele, pois
transforma alguns tipos de óleos de nossa pele em substâncias pa-
recidas com as usadas para fazer sabão, e até compostos utilizados Figura 6. Leite de magnésia.
como medicamentos, como o hidróxido de magnésio – Mg(OH)2 – e Nome popular para uma suspensão de hidróxido de magnésio – Mg(OH)2 – e água.
Sua ação laxante deve-se à reação dela com o ácido clorídrico do suco gástrico,
o hidróxido de alumínio – Al(OH)3. formando cloreto de magnésio - MgCl2 - que é deliquescente, ou seja, absorve
Por outro lado, existem também bases fortes e corrosivas tan- muita umidade, e desse modo, lubrifica-se os intestinos, neutralizando a prisão de
to quanto os ácidos, como o hidróxido de sódio (NaOH), utilizado ventre. Em doses moderadas, serve também para ação antiácida, devido às suas
propriedades alcalinas (por reação de salinização do HCl), mas prefere-se os bicar-
em produtos para desentupir encanamentos; o hidróxido de amônio bonatos para tal coisa.
(NH4OH), componente de produtos de limpeza etc. Do ponto de vista
prático, bases ou hidróxidos são substâncias que apresentam as se- Fonte: https://cdn4.ecycle.com.br/cache/images/2018-03/50-650-leite-de-magnesia.
jpg
guintes características:

• sabor adstringente, isto é, que “prende” a língua, como é possível perceber quando se come uma fruta
“verde” (mas lembre-se: não devemos experimentar substâncias desconhecidas – as bases, em geral,
são tóxicas e corrosivas);
• formam soluções aquosas condutoras de eletricidade;
• podem fazer voltar à cor primitiva os indicadores ácido-base, caso essa cor tenha sido alterado por
um ácido);
• reagem com ácidos produzindo sal e água.

As bases são também muito usadas na indústria química. O hidróxido de sódio, por exemplo, é empre-
gado na produção de sabões, detergentes, tecidos etc. Para Arrhenius:

Bases ou hidróxidos são compostos que, por dissociação iônica, liberam, como íon negativo, apenas o

QUÍMICA
ânion hidróxido (OH–), também chamado de oxidrila ou hidroxila.

_Indicadores ácido-base e o potencial hidrogeniônico (pH)

A escala de pH serve para medir o nível de ácido-base de uma solução. Se o nível estiver entre 0 e 6, a solução é
ácida; se for 7, é neutra; se estiver entre 8 e 14, a solução é básica. Os valores de pH são calculados matematicamente
considerando as concentrações de H- e (OH) presentes em uma solução.

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 9


Química inorgânica
Capítulo 1: Funções inorgânicas

Classificação das bases

As bases geralmente são classificadas conforme o número de hidroxilas (OH), a solubilidade em água e
a força dissociativa (capacidade de liberar íons).
Quanto à presença de hidroxila (OH–), as bases podem ser:

• monobases: aquelas que possuem apenas uma hidroxila (OH–), como o hidróxido de lítio (LiOH) o
hidróxido de sódio (NaOH) etc.;

• dibases: aquelas que possuem duas hidroxilas (OH–), como o hidróxido de magnésio (Mg(OH)2), o
hidróxido de bário (Ba(OH)2) etc.;

• tribases: aquelas que possuem três hidroxilas (OH–), como o hidróxido de alumínio
Algumas bases são encontra- (Al(OH)3), o hidróxido ferroso (Fe(OH)3) etc;
das nas substâncias usadas
em nosso cotidiano, como
o hidróxido de magnésio • tetrabases: aquelas que possuem quatro hidroxilas (OH–), como o hidróxido de estânico
(Mg(OH)2), presente no leite (Sn(OH)4), o hidróxido platínico (Pt(OH)4) etc.
de magnésia, utilizado, por
exemplo, para combater a Quanto à Solubilidade em água, as bases podem ser:
acidez estomacal; a cal hi-
dratada (Ca(OH)2), usada, por
exemplo, como argamassa na • solúveis: são as bases compostas de metais alcalinos e o hidróxido de amônio (NH4OH);
construção civil; o hidróxido • pouco solúveis: são bases de metais alcalinos terrosos;
de sódio (NaOH), utilizado na • insolúveis: são todas as demais bases.
limpeza de materiais, no de-
sentupimento de encanações
etc.; o hidróxido de amônio Quanto à força (ou o grau de dissociação iônica), as bases podem ser:
(NH4OH), componente de
vários produtos de limpeza • fortes: quando apresentam um metal da família 1A ou 2A da Tabela Periódica (metais
vendidos no comércio etc. alcalinos e alcalinos terrosos), como o NaOH, o Ca(OH)2;

• fracas: quando apresentam algum dos demais metais da tabela periódica, como o NH4OH; o Al(OH)3,
o Sn(OH)4 etc.

Quanto à volatilidade (facilidade da substância de passar do estado líquido ao de vapor ou gasoso), as


bases podem ser:

• voláteis: apenas o hidróxido de amônio (NH4OH);


QUÍMICA

• não voláteis: as demais bases.

Formulação das bases

Uma base é sempre formada por um radical positivo (metal ou NH4+) ligado invariavelmente
Na+ OH– ao radical negativo oxidrila (OH–), como ilustrado ao lado. Note também que a carga positiva
do cátion é neutralizada pela carga negativa total das oxidrilas, originando a seguinte regra
Ca2+ (OH–)2 geral de formulação das bases:
Al3+ (OH–)3

ou seja:

Nessa expressão, B representa o radical básico (metal ou NH4+) de carga +y. Cabe também assinalar que,
nas bases, y 4.

Nomenclatura das bases

As bases são compostos inorgânicos que, em meio aquoso, liberam como único ânion o hidróxido, e
seus cátions variam, sendo, geralmente, metais. A nomenclatura desses compostos baseia-se nessa sua
formação, em que sempre se escreve primeiro “hidróxido de” seguido do nome do cátion.
Quando um elemento forma apenas uma base, a nomenclatura será:

Hidróxido de _____________________.
(nome do elemento)

Quando um elemento forma duas bases, a nomenclatura poderá ser:

10 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Química inorgânica
Capítulo 1: Funções inorgânicas

Hidróxido ______________________ ico


NOX maior
(nome do elemento) oso
NOX menor

Por exemplo:

• Fe(OH)3: hidróxido férrico;


• Sn(OH)4: hidróxido estânico;
• Fe(OH)2: hidróxido ferroso;
• Sn(OH)2: hidróxido estanoso.

Em lugar das terminações -ico e -oso, podemos usar também um algarismo romano indicando o nú-
mero de oxidação do elemento:

• Fe(OH)3: hidróxido de ferro III;


• Sn(OH)4: hidróxido de estanho IV;
• Fe(OH)2: hidróxido de ferro II;
• Sn(OH)2: hidróxido de estanho II.

Bases importantes

As bases são substâncias comuns na natureza e em nosso cotidiano. Elas estão presentes em vários
alimentos, como caju, banana, caqui verdes, alho, espinafre, aspargo etc., por exemplo. Existem também
vários produtos fabricados em laboratório e em indústrias que têm as bases inorgânicas como principais
constituintes, como o papel, sabões, cal etc.
Dentre as mais importantes, pode-se destacar:

• Hidróxido de sódio (NaOH): também chamado de soda cáustica, é um sólido branco, de ponto de
fusão 318º C, muito tóxico e corrosivo e bastante solúvel em água (dissolução muito exotérmica). O
hidróxido de sódio é produzido, industrialmente, a partir de solução aquosa de NaCl:

2 NaCl + 2 H2O 2 NaOH + H2 + Cl2

É uma das bases mais utilizadas pela indústria química, servindo

QUÍMICA
na preparação de compostos orgânicos (sabão, seda artificial, celofa-
ne etc.), na purificação de óleos vegetais, na purificação de derivados
do petróleo, na fabricação de produtos para desobstruir encanações
etc.

• Hidróxido de cálcio (Ca(OH)2): o hidróxido de cálcio é conhecido


por cal hidratada, cal extinta ou cal apagada. Esses nomes provêm
de seu método de preparação, que é por hidratação do óxido de
cálcio (CaO), chamado de cal viva ou cal virgem:
CaO + H2O Ca(OH)2 Figura 7. Cal hidratada.
Cal viva Cal hidratada Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.

O Ca(OH)2 é um sólido branco pouco solúvel em água. A suspensão aquosa de hidróxido de cálcio é
chamada de leite de cal ou água de cal.
O maior uso do hidróxido de cálcio é na construção civil, para a preparação de argamassa (massa para
assentar tijolos) e para a caiação (pintura) de paredes. Pode ser utilizada também na agricultura, como
inseticida e fungicida, bem como no tratamento (purificação) de águas e esgotos.

• Hidróxido de amônio (NH4OH): o hidróxido de amônio não existe isolado, sendo, na verdade, uma so-
lução aquosa de NH3 (amoníaco ou amônia):

NH3 + H2O NH2OH

O NH3, por sua vez, é preparado por síntese direta (processo de Haber-Bosch):

N2 + 3 H2 2 NH3

O NH3 é um gás, de cheiro sufocante, usado como fertilizante agrícola, na fabricação do ácido nítrico
(HNO3), na produção de compostos orgânicos e como gás de refrigeração. A solução aquosa NH4OH é usada
em limpeza doméstica e tem um cheiro forte de NH3, devido à decomposição espontânea:

NH4OH H2O + NH3

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 11


Química inorgânica
Capítulo 1: Funções inorgânicas

Pratique

01. Com o auxílio de uma tabela de radicais positivos (E) um ametal.


(cátions), escreva as fórmulas das seguintes bases:
03. Assinale a associação correta do ácido ou da base
(A) hidróxido de lítio. com sua utilização:
(B) hidróxido de estanho II.
(C) hidróxido de cromo. (A) Ácido sulfúrico, usado nos refrigerantes gaseifica-
(D) hidróxido áurico. dos.
(E) hidróxido de cobre I. (B) Amônia, usada na fabricação de produtos de lim-
peza.
02. Uma base forte deve ter ligada ao grupo OH-: (C) Hidróxido de sódio, utilizado como antiácido esto-
macal.
(A) um elemento muito eletropositivo. (D) Ácido clorídrico, utilizado em baterias de automó-
(B) um elemento muito eletronegativo. veis.
(C) um semimetal. (E) Óxido de zinco, utilizado para neutralizar o pH es-
(D) um metal que dê três elétrons. tomacal.

Comparação entre ácidos e bases


Propriedades funcionais

Na Química, ácidos e bases podem ser considerados substâncias com características opostas, fato que
pode ser percebido se observarmos suas propriedades funcionais, como elencadas na tabela a seguir:

Tabela 4. Propriedades funcionais de ácidos e bases


PROPRIEDADE ÁCIDOS BASES
SABOR Sabor azedo Sabor adstringente
Só o NH4OH e hidróxidos alcalinos são
SOLUBILIDADE EM ÁGUA Solúvel em sua maioria
solúveis
Hidróxidos alcalinos e alcalino-terrosos são
QUÍMICA

ESTRUTURA Compostos moleculares compostos iônicos; os demais são mole-


culares
Conduzem corrente elétrica Conduzem também quando fundidos (no
CONDUTIVIDADE ELÉTRICA
em solução aquosa caso dos hidróxidos alcalinos)
Ácidos e bases podem mudar a cor de certas substâncias, que são, por
esse motivo, denominadas indicadores ácido-base; se um ácido provoca
REAÇÃO AOS INDICADORES
certa mudança de cor, a base poderá fazer o indicador voltar à cor primi-
tiva, e o contrário também.
Juntando-se um ácido e uma base, um irá neutralizar as propriedades do
outro, porque ácidos e bases reagem quimicamente entre si; a reação, por
AÇÃO RECÍPROCA
esse motivo, é chamada reação de neutralização, que forma H2O e algum
sal, sendo também chamada de reação de salificação.

Medida de acidez-basicidade ºC Figura 8. Escala de acidez-basicidade. pH


Termômetro

Escala de acidez-basicidade

Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.


– 100 – 14
Medições são comuns no dia a dia. - – 13
Para medir um comprimento, usamos –
– 12
Aumento de

-
basicidade

uma fita métrica; para medir a mas- – 80 Base


– 11
sa, uma balança; para medir a tem- -
– – 10
peratura, usamos um termômetro
- – 09
(ou escala termométrica) etc. – 60 – 08
Para medir a acidez ou basicidade -
– "Quente" – 07 Solução neutra
de uma solução, usamos uma escala - – 06
Aumento de

denominada escala de pH, que varia – 40 – 05


-
acidez

de zero (soluções muito ácidas) até


– – 04
14 (soluções muito básicas); o va- - – 03 Ácido
lor pH = 7 indica uma solução neu- – 20 Temperatura ambiente
- – 02
tra (nem ácida e nem básica). Veja a
– – 01
analogia ao lado. - – 00
– 0
"Frio"

12 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Química inorgânica
Capítulo 1: Funções inorgânicas

Na, prática, o pH é medido com indicadores ácido-base (substâncias que mudam de cor em valores bem
definidos de pH) ou por meio de aparelhagem elétrica (que mede a condutividade elétrica da solução).
Embora esse último processo seja mais preciso, o uso dos indicadores é bastante frequente, dada a sua
comodidade; os químicos dispõem, inclusive, de grande número de indicadores, que mudam de cor em
diferentes valores de pH (a mudança de cor é chamada, usualmente, de viragem do indicador).
Outro indicador muito usado em laboratório é o papel de tornassol, que fica vermelho em contato com
os ácidos, e azul em contato com as bases. A figura a seguir ilustra a escala de cores para três tipos de
indicadores muito utilizados na química:

0 2 4 6 8 10 12 14
pH

vermelho 3,1 4,4 alaranjado amarelo 6,0 7,6 azul


Alaranjado- Azul-de-
-de-metila bromotimol

incolor 8,3 10,0 vermelho


Fenolftaleína

Figura 9. Escala de cores para três tipos de indicadores ácido-base.


Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.

Pratique

01. Embora as picadas de vespas e de formigas pro- utilizaria para diminuir essa irritação é:
voquem dor e lesão, na picada de vespa é injetada
uma substância básica, enquanto na picada de for- (A) vinagre.
miga é injetada uma substância ácida. Para ameni- (B) sal de cozinha.
zar o edema provocado por essas picadas e neutra- (C) óleo.
lizar o veneno, pode-se colocar, no local picado por (D) coalhada.
cada um dos insetos, uma gaze umedecida, respec- (E) leite de magnésia.
tivamente, com
03. Num recipiente contendo uma substância A foram

QUÍMICA
(A) salmoura e suco de limão. adicionadas gotas de fenolftaleína dando uma co-
(B) vinagre e amoníaco. loração rósea. Adicionando-se uma substância B
(C) suco de laranja e salmoura. em A, a solução apresenta-se incolor. Com base
(D) solução de bicarbonato de sódio e vinagre. nessas informações, podemos afirmar que:
(E) leite de magnésia e amoníaco.
(A) A e B são bases.
02. Urtiga é o nome genérico dado a diversas plantas (B) A e B são ácidos.
da família urticáceas, cujas folhas são cobertas de (C) A é um ácido e B uma base.
pelos finos, os quais liberam ácido fórmico (H2CO2), (D)A e B são sais neutros.
que, em contato com a pele, produz uma irritação. (E) A é uma base e B um ácido.
Dos produtos de uso doméstico a seguir, o que você

Sais
Introdução

A maioria das pessoas, quando ouve a palavra sal, pensa imediatamente no sal de cozinha. Mas, se você
disser a palavra sal para um químico, ele provavelmente irá lhe perguntar de que sal você está falando,
pois o sal de cozinha (cloreto de sódio – NaCl) é apenas um exemplo dessa enorme classe de substâncias.
Os sais são compostos iônicos que, em solução aquosa, se dissociam, formando pelo menos um cátion
diferente do hidrogênio (H+(aq) ), e um ânion diferente da hidroxila (OH-(aq)) e do oxigênio (O2-(aq)).
Os sais podem ser obtidos através de reações de neutralização entre um ácido e uma base. A reação
entre o ácido clorídrico, HCl, e o hidróxido de sódio, NaOH, por exemplo, forma o sal cloreto de sódio –
NaCl e água.

Tipos de sais

Os sais são compostos iônicos, têm sabor salgado e são sólidos à temperatura ambiente. Dentre os tipos
de sais, podemos destacar:

• sal normal: apresenta apenas um cátion e um ânion. Exemplo: NaCI;

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 13


Química inorgânica
Capítulo 1: Funções inorgânicas

• sal ácido: apresenta em sua fórmula molecular íons H+. Exemplo: NaHCO3;
• sal básico: apresenta em sua fórmula molecular íons OH–. Exemplo: AlOHSO4;
• sal misto: apresenta em sua fórmula molecular dois cátions ou dois ânions. Exemplo: NaKSO4;
• sal hidratado: apresenta em sua fórmula molecular moléculas de água. Exemplo: CuSO4, 3H2O.

Figura 10. Aplicações dos sais.


Na sequência, vemos um tubo de pasta de dente (rica em fluoreto de sódio – NaF), uma bancada de mármore (rico em carbonato de cálcio – CaCO3) e espu-
ma de extintor de incêndio – rica em bicarbonato de sódio – NaHCO3).

Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.

Principais sais e sua utilização

Os sais são bastante comuns no cotidiano e nas indústrias químicas, sendo utilizados para as mais di-
versas aplicações. A seguir, temos os principais sais usados em nossa sociedade, suas fórmulas químicas,
nomes e aplicações:

• Bicarbonato de Sódio (NaHCO3): é usado em medicamentos que atuam como antiácidos estomacais
e também cicatrizantes tópicos (aplicados sobre a pele). É também empregado como fermento na fa-
bricação de pães, bolos etc., uma vez que libera gás carbônico aquecido, que permite o crescimento da
massa. É, ainda, usado para fabricar extintores de incêndio em forma de espuma;

• Carbonato de Cálcio (CaCO3): é um componente do mármore, usado na confecção de pisos, pias etc.
O carbonato de cálcio (calcário) é também empregado na fabricação do vidro comum e do cimento;

• Sulfato de Cálcio (CaSO4): é um sal usado na fabricação do giz e do gesso de porcelana, por exemplo;

• Cloreto de Sódio (NaCl): este sal é intensamente usado na alimentação e também na conservação de
QUÍMICA

certos alimentos; além disso, é um dos componentes do soro caseiro, usado no combate à desidratação.
No sal de cozinha, além do cloreto de sódio, existe uma pequena quantidade de iodeto de sódio (Nal)
e de iodeto de potássio (Kl). Isso previne o organismo contra o bócio ou “papo”, doença que se carac-
teriza por um crescimento exagerado da glândula tireoide, quando a alimentação é deficiente em sais
de iodo;

• Fluoreto de Sódio (NaF): é um sal usado na fluoretação da água potável e como produto anticárie, na
confecção de pasta de dente;

• Nitrato de Sódio (NaNO3): conhecido como salitre do Chile, esse sal é um dos adubos (fertilizantes)
nitrogenados mais comuns na agricultura.

Figura 11. Diferentes sais de sódio.


Cloreto de sódio (NaCl), à esquerda; fluoreto de sódio (NaF), ao centro; e nitrato de sódio (NaNO3) à direita.
Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.

Nomenclatura dos sais

Para escrever corretamente o nome de um sal, são necessárias três etapas:

1 – identificar o ânion do sal;


2 – inserir a preposição “de”;
3 – identificar o cátion do sal.

Os sais podem ser:


14 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO
Química inorgânica
Capítulo 1: Funções inorgânicas

• normais (ou neutros): formados a partir da reação de neutralização total de um ácido com uma base,
como por exemplo:

Observação: para que a reação seja total do ácido e da base, é necessário que as quanti-
dades de H+ e do OH– sejam iguais. O nome de um sal normal
deriva do ácido e da base
que lhe dão origem. Assim,
A nomenclatura do sal normal é feita da seguinte forma: para obter o nome de um sal,
basta alterar a terminação
nome do ânion + de + nome do cátion. do nome do ácido corres-
pondente, de acordo com a
seguinte regra:
Exemplos:
• se o ácido termina em –ídri-
NaCl – Cloreto de sódio; co, -oso ou -ico, o sal termi-
CaCl2 – Cloreto de cálcio; nará em -eto, -ito ou -ato,
K2SO4 – Sulfato de potássio; respectivamente.
CaSO3 – Sulfito de cálcio.

• sais ácidos ou hidrogeno-sais: formados a partir da reação de neutralização parcial de um ácido e


total de uma base.

A nomenclatura do sal ácido é feita da seguinte forma:

nome do ânion + (mono, di, tri, tetra) + ácido + de + nome do cátion.

Exemplos:
;

A nomenclatura dos sais ácidos é semelhante à dos sais normais, apenas acrescentando as expressões
monoácido, diácido (...), que indicam o número de H+ após o nome do ânion, ou as expressões monohidro-
geno, dihidrogeno (...), antes do nome ânion.

QUÍMICA
Observação: os sais ácidos mono-hidrogenados são também chamados bissais.

Exemplo:

NaHSO4 bissulfato de sódio.

Exemplo:

NaHCO3(s) .

• sais básicos ou hidroxi-sais: formados a partir da reação de neutralização parcial de uma


base e total de um ácido. Quanto à solubilidade dos sais
normais, os nitratos, cloratos
e acetatos são todos solúveis;
A nomenclatura do sal básico é feita da seguinte forma: dentre os cloretos, brometos
e iodetos, são insolúveis os
nome do ânion + (mono, di, tri, tetra) + base + de + nome do cátion. de prata, mercúrio e chumbo;
dentre os sulfatos, são inso-
lúveis os de cálcio, estrôncio,
A nomenclatura dos sais básicos é semelhante à dos sais ácidos, apenas substituindo a bário e chumbo; dentre os
palavra hidrogeno por hidroxi ou a palavra ácido por básico, as quais indicam o número de OH–. sulfetos, são insolúveis os de
lítio, sódio, potássio, rubídio,
• sais mistos: os sais mistos apresentam em sua fórmula mais de um cátion ou mais de césio, amônia, cálcio, estrôn-
um ânion diferentes. São formados a partir da neutralização de um ácido por mais de uma cio e bário. Com relação aos
outros tipos de sais (ácidos,
base ou de uma base por mais de um ácido. básicos, mistos, hidratados e
complexos) são solúveis os
A nomenclatura dos sais mistos é a seguinte: sais de lítio, sódio, potássio
rubídio, césio e amônia.
nome do ânion + de + nome do cátion.

Exemplo:

NaKSO4 – sulfato de sódio e potássio. Ocorre aqui uma dissociação eletrolítica (Na+ K+ SO42–).

• sais hidratados: são aqueles que contêm água na composição. As moléculas de H2O ficam localizadas
DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 15
Química inorgânica
Capítulo 1: Funções inorgânicas

no retículo cristalino da estrutura salina.

A nomenclatura dos sais hidratados é a seguinte:

nome do ânion + de + nome do cátion + (di, tri, tetra, penta) + hidratado.

Exemplo:

CaSO4 x 2 H2O – sulfato de cálcio di-hidratado.

_O galo do tempo

Nos sais hidratados, a água presente neles é chamada água de cristalização. Nesses casos, a água funciona como
um ligante, formando-se então um sal complexo. Tal fato é aproveitado em um pequeno bibelô chamado galo do
tempo.
Trata-se de uma estatueta de galo feita em gesso, recoberta com veludo impregnado de cloreto de sódio (NaCl)
e cloreto de cobalto (CoCl2), que juntos produzem Na2[CoCl4] (tetraclorocobalto). Com o tempo seco, o galo fica azul;
em dias úmidos, fica rosado. Do ponto de vista químico, o que acontece é o seguinte:

Na2[CoCl]4 + 6 H2O [Co(H2O)6]Cl2 + 2 NaCl


azul umidade do ar rosa

Pratique

01. Bromato de sódio, sulfito de amônio, iodeto de potássio e nitrito de cálcio são representados, respectivamente,
pelas fórmulas:

a) NaBrO3, (NH4)2SO3, Kl, Ca(NO2)2.


b) NaBrO4, (NH4)2SO3, Kl, Ca(NO2)2.
c) NaBrO3, (NH4)2SO3, Kl, Ca(NO3)2.
d) NaBrO3, (NH4)2SO2, KlO3, Ca(NO2)2.
e) NaBrO3, (NH4)2SO4, Kl, Ca(NO2)2.
QUÍMICA

Óxidos
Introdução

A parte sólida do planeta Terra, a litosfera, é formada por um grande


número de materiais, dentre os quais se destacam os óxidos. Desses, mui-
tos são gases poluentes na atmosfera, além da substância H2O (água), que
compõe a hidrosfera.
Há óxidos no ar, na água e no solo, os quais, juntamente com outros ma-
teriais e aluz, apresentam intrínseca relação com a vida em nosso planeta.
A capacidade de combinação entre os átomos de oxigênio e outros átomos
dos elementos químicos explica a grande quantidade de óxidos existentes.
Quando o oxigênio se liga a outro(s) átomo(s) de elemento, é formado
um composto binário. Esse composto pode ou não ser um óxido.
Óxidos são compostos binários (composto formado por dois elementos
químicos) em que o oxigênio é o elemento mais eletronegativo.
Nos óxidos, o oxigênio geralmente apresenta carga igual a 2–. Assim, a
fórmula geral de um óxido pode ser dada por:

Figura 12. Oxidação do ferro. Ex+ Oy– EyOx


Chamada de ferrugem na linguagem cotidiana, a corrosão
do ferro, chamada oxidação, ocorre quando esse metal, em
contato com o oxigênio presente na água e no ar, se oxida Em que:
(perdendo elétrons).

Fonte: Dinamus Sistema de Ensino. • X+ é a carga associada ao elemento mais eletropositivo;


• Y– é a carga associada ao elemento oxigênio.

Observe, a seguir, alguns compostos binários que são óxidos:

• Li1+ + O2– Li2O1 Li2O;

16 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Química inorgânica
Capítulo 1: Funções inorgânicas

• Ca2+ + O2– Ca2O2 Ca; 1 2 3


• P5+ + O2– Li2O1 P2O5;
• I7+ + O2– I2O7.

Os óxidos aparecem na composição de diversos mi-


nérios presentes na litosfera, como os apresentados nas
imagens ao lado.
Nestes exemplos, o elemento oxigênio se combina 4 5 6
com átomos de metais em proporções variadas, daí a
grande diversidade de óxidos existentes.
Além disso, os óxidos podem apresentar ligações e
propriedades químicas diferentes, sendo classificados
em iônicos, moleculares, básicos, ácidos, neutros, an-
fóteros, duplos e peróxidos.
Outro bom exemplo de óxido é o gás carbônico, ex- Figura 13. Exemplos de óxidos encontrados na natureza.
Em 1, fragmento de hematita (Fe2O3); em 2, magnetita (Fe3O4); em 3, Cassiterita (SnO2); em 4, pirolusi-
pelido na respiração, principal responsável pelo efeito
ta (MnO2); em 5, bauxita (Al2O3); e em 6, cuprita (Cu2O).
estufa. Os compostos OF2 ou O2F2, embora possuam
oxigênio, não são óxidos, pois o flúor é mais eletrone- Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.

gativo do que o oxigênio. Estes compostos são chama-


dos fluoretos de oxigênio.

Tipos de óxidos e sua nomenclatura

Os óxidos podem ser:

• iônicos: apresentam ligação iônica (metal + O2), como o óxido de ferro III;
• moleculares: apresentam ligação molecular (não metal + O2), como o peróxido de hidrogênio.

A nomenclatura dos óxidos é bastante parecida com a nomenclatura das bases. Para os óxidos iônicos
(formados por metais), teremos:

óxido + de + nome do metal


Ex.: Óxido de ferro III (Fe2O3)

Para os óxidos moleculares (ametais ligados ao oxigênio), teremos:

QUÍMICA
mono, di, tri, tetra, pent, hex, hept + óxido + de + (di, tri, tetra, pent, hex, hept) + nome do elemento
Ex.: Monóxido de carbono (CO)

Classificação dos óxidos

Como já dito, os óxidos possuem diferentes classificações: básicos, ácidos, neutros, anfóteros, mistos,
ou peróxidos.

Óxidos básicos são óxidos que reagem com a água produzindo uma base, ou reagem com um
ácido produzindo sal e água.

Os óxidos básicos têm ligado ao oxigênio um metal com baixo número de oxidação (+1, +2 e +3), sendo
os óxidos de caráter mais básico aqueles compostos de metais alcalinos e alcalinos-terrosos.
Os óxidos básicos possuem estrutura iônica devido à diferença de eletronegatividade entre o metal (que
é baixa) e o oxigênio (que é alta). Por terem este caráter iônico, apresentam estado físico sólido.
São formados por elementos dos grupos 1A e 2A da Tabela Periódica, além de outros metais com Nox
baixo, com comportamento químico semelhante ao das bases.
São óxidos básicos o Na2O (óxido de sódio); o K2O (óxido de potássio); o CaO (óxido de cálcio); o MgO
(óxido de magnésio); o FeO (óxido de ferro II ou óxido ferroso); o BaO (óxido de bário ou barita); o Cu2O
(óxido de cobre I ou cuprita) etc. Esses óxidos reagem com a água, formando uma base, e com ácidos,
formando sal e água (neutralizando o ácido).

Óxidos ácidos ou anidridos são óxidos que reagem com a água, produzindo um ácido, ou reagem
com uma base, produzindo sal e água.

Os óxidos ácidos (ou anidridos) são óxidos em que o elemento ligado ao oxigênio é um semimetal ou
metal com alto número de oxidação (Nox > +4) ou qualquer não metal. Eles possuem estrutura molecular,
pois a diferença de eletronegatividade entre o oxigênio e o outro elemento não é tão grande. Resultam
da desidratação dos ácidos e, por isso, são chamados anidridos de ácidos. São anidridos o SO3 (óxido de

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 17


Química inorgânica
Capítulo 1: Funções inorgânicas

enxofre VI); o CO2 (óxido de carbono IV); o N2O5 (óxido de nitrogênio); o Mn2O7 (óxido de manganês VII);
o Cl2O6 (óxido de cloro); o H2SO4 (anidrido sulfúrico); o H2CO3 (anidrido carbônico); o 2 HNO3 (anidrido
nítrico) etc.
Os óxidos ácidos reagem com a água formando uma ácido oxigenado, e com bases, formando sal e
água (neutralizando a base).

Óxidos anfóteros podem se comportar ora como óxidos básicos, ora como óxidos ácidos.

Os anfóteros são óxidos de metais de transição e semimetais capazes de reagir tanto com ácidos quanto
com bases, fornecendo sal e água.
Por possuírem propriedades intermediárias entre os óxidos ácidos e os óxidos básicos, podem se com-
portar como óxidos ácidos e como básicos. Dependendo do metal ligado ao oxigênio, pode haver predo-
minância do caráter ácido ou básico.
O caráter ácido do óxido aumenta à medida que seu elemento formador aproxima-se, na tabela perió-
dica, dos não metais. O caráter básico do óxido aumenta à medida que o elemento formador aproxima-se
dos metais alcalinos e alcalino-terrosos.
A estrutura dos óxidos anfóteros pode ser iônica ou molecular. São anfóteros o ZnO (óxido de zinco; o
Al2O3 (óxido de alumínio); 0 PbO (óxido de chumbo); O SnO (óxido de estanho II) etc.
Os anfóteros reagem com ácidos, formando sal e água (o metal do óxido torna-se o cátion do sal), e
com bases, formando sal e água (neste caso, o metal formador do óxido torna-se o ânion do sal).

Óxidos neutros (ou indiferentes) são óxidos que não reagem com a água, nem com ácidos nem com bases.

Os óxidos neutros são óxidos que não apresentam características ácidas nem básicas. Não reagem com
água, nem com ácidos, nem com bases.
O fato de não apresentarem caráter ácido ou básico não significa, porém, que sejam inertes. São forma-
dos por não metais ligados ao oxigênio, e geralmente apresentam-se no estado físico gasoso.
São óxidos neutros o CO (óxido – ou monóxido – de carbono); o NO (óxido de nitrogênio); o N2O (óxido
de nitrogênio I) etc.
QUÍMICA

Óxidos duplos (mistos ou salinos) são óxidos que se comportam como se fossem formados por dois
outros óxidos, do mesmo elemento químico.

Estes óxidos originam dois óxidos ao serem aquecidos. Quando reage-se um óxido duplo com um ácido,
o produto formado é composto de dois sais de mesmo cátion, mas com Nox diferentes, e mais água.
São mistos, por exemplo, o Fe3O4 (óxido de ferro III); o Mn3O4 (óxido de manganês III); Pb2O3 (óxido de
chumbo II) etc.

Peróxidos são óxidos que reagem com a água ou com ácidos diluídos, produzindo água oxigenada (H2O2).

Os peróxidos são os óxidos formados por cátions das famílias dos metais alcalinos (1A) e metais alcali-
nos terrosos (2A) e pelo oxigênio com Nox igual a –1.
Um exemplo é o peróxido de hidrogênio (H2O2), componente da água oxigenada. Sua aplicação se dá
em cortes e feridas que oferecem risco de infecção bacteriana. A degradação do peróxido de hidrogênio
pela enzima catalase libera oxigênio (O2), o que causa a morte de bactérias anaeróbicas.
Além do peróxido de hidrogênio, são peróxidos o Na2O2 (peróxido de sódio); o BaO2 (peróxido de bário);
o Li2O2 (peróxido de lítio) etc. Observe, na tabela a seguir, as características gerais dos óxidos.

Pratique

01. Considere os seguintes óxidos (I, ll, III, IV e V): (A) I e IV. (B) I, III e V. (C) II e III.
(D) II, IV e V. (E) III e V.
I. CaO; II. N2O5; III. Na2O; IV. P2O5; V. SO3.
Assinale a opção que apresenta os óxidos que, quando 02. Um elemento metálico forma um óxido de fórmula
dissolvidos em água pura, tornam o meio ácido: MO2. A fórmula de seu cloreto será, provavelmente:

18 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Química inorgânica
Capítulo 1: Funções inorgânicas

Pratique

(A) MCl. (B) MCl2. (C) MCl3. (D) MCl4. (E) MCl5. (A) ocorre a oxidação do ferro.
(B) no composto Fe2O3 x nH2O, o ferro possui número de
03. O composto Fe2O3 x nH2O é um dos componentes da oxidação igual a zero.
ferrugem, resultante da reação química que ocorre (C) ocorre a redução do ferro.
em ligas metálicas que contêm ferro, quando ex- (D) o oxigênio sofre oxidação.
postas ao ar atmosférico úmido. Na formação da (E) não é necessária a presença de água para que a fer-
ferrugem, pode-se afirmar que: rugem seja formada.

Tabela 5. Características gerais dos óxidos


CLASSIFICAÇÃO ELEMENTO EXEMPLO(S) REAÇÕES
Ametais e metais de transição Reagem com água formando um
CO2 – principal respon-
Ácido com elevado número de oxi- ácido ou com uma base forman-
sável pelo efeito estufa.
dação do sal e água.
Elementos das famílias 1A e CaO – cal virgem ou cal
Reagem com água e formam
2A da Tabela Periódica e me- viva, também utilizado
Básico uma base ou reagem com um
tais de transição com baixo como antiácido do solo
ácido e formam um sal e água.
número de oxidação e base de argamassas.
Minério de bauxita – Reagem com um ácido e for-
Principalmente formados por destinado quase que to- mam um sal e água ou reagem
Anfótero
alumínio e zinco talmente à produção de com uma base formando um sal
alumínio. e água.
Monóxido de carbono, monó-
CO – poluente atmosfé- Não reagem com água, ácidos
Neutro xido de nitrogênio e dióxido
rico. ou bases.
de hidrogênio

Referências

QUÍMICA
DE NOVAIS, Vera Lúcia Duarte; ANTUNES, Murilo Tissoni. VIVÁ: Química. 1ª ed., vol. 1, Curitiba: POSITIVO. 2016.
FELTRE, Ricardo. Química Geral - Volume único. Sétima edição, Editora Moderna - São Paulo - 2008.
FARADAY, Michael. A História Química de uma Vela - As Forças da Matéria. Editora: Contraponto.
FARIAS, Robson Fernandes de. Para Gostar de Ler a História da Química. Editora: Átomo.
MACHADO, Sidio. Biologia: ciência e tecnologia. Vol. único, 1ª ed., São Paulo: SCIPIONE, 2009.
MARQUES, Júlio; DA VEIGA, Priscila F. Pesarini. #Conta Química. 1ª ed., vol. 1, São Paulo: QUINTETO, 2016.

Sessão ENEM

01. Na molécula da amônia, cada átomo de hidrogênio 02. Leia as conceituações das funções inorgânicas
tem seu elétron comprometido na formação de uma abaixo e associe a sequência correta.
ligação covalente com o nitrogênio. Por outro lado,
a existência de um par de elétrons não ligantes no I. Segundo a definição de Arrhenius, são compostos que,
átomo de nitrogênio da molécula de amônia faz por dissociação iônica, liberam o ânion hidróxido (OH-).
com que esta substância possa participar de rea- II. Compostos formados juntamente com a água na rea-
ções ácido-base. Existem várias teorias que classi- ção de um ácido com uma base de Arrhenius.
ficam substâncias como ácido e base. Uma delas é a III. São produzidas industrialmente por reação direta en-
teoria de Lewis que pode classificar a amônia como tre H2 e Cl2 , cujo produto é um gás incolor, muito tóxico
base devido: e corrosivo.
IV. Podem ter caráter básico e formam compostos iôni-
(A) doação do par de elétrons não ligantes ao se com- cos com as famílias 1, 2 e 3, formam compostos anfóte-
binar. ros com a família 4 e anidridos, com as famílias 5, 6 e 7
(B) liberação de três íons H+ quando é dissolvido em da Tabela Periódica.
água.
(C) aceitação de íons F- ao reagir com BF3. (A) I. Base II. Sal III. Ácido IV. Óxido.
(D) liberação de íons OH- quando na forma gasosa reagir (B) I. Base II. Óxido III. Ácido, IV. Sal.
com gás O2. (C) I. Ácido II. Óxido III. Base IV. Sal.
(E) formação de íons NH2- quando solubilizado e água ao (D) I. Óxido II. Base III. Ácido IV. Sal.
aceitar um elétron não-ligante a mais. (E) I. Base II. Sal III. Óxido IV. Ácido.

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 19


Química inorgânica
Capítulo 1: Funções inorgânicas

Praticando

01. Resíduos de papel contribuem para que o clima 03. Em temperatura ambiente, adicionou-se uma por-
mude mais do que a maioria das pessoas pensam. ção de ácido clorídrico 6 mol/L–1 a uma solução
A Blue Planet Ink anunciou que sua tinta de impres- aquosa contendo os íons metálicos Co2+, Cu2+, Hg22+
sora autoapagável Paper Saver® agora está dispo- e Pb2+. Assinale a opção que apresenta os íons me-
nível em cartuchos remanufaturados para uso em tálicos que não foram precipitados.
impressoras de uma determinada marca. A tinta
autoapagável (economizadora de papel) é uma (A) Co2+ e Cu2+. (B) Co2+ e Hg22+. (C) Cu2+ e Hg22+.
tinta roxa de base aquosa, que pode ser impressa (D) Co2+ e Pb2+. (E) Hg22+ e Pb2+.
em papel sulfite normal. Um cartucho rende a im-
pressão de até 4000 folhas. Com a exposição ao ar, 04. Observe a charge a seguir:
ao absorver dióxido de carbono e vapor de água, o
componente ativo (corante) da tinta perde sua cor, a
impressão torna-se não visível e o papel fica bran-
co, tornando possível sua reutilização. Sabe-se que
o componente ativo da tinta Paper Saver® é o indi-
cador o-cresolftaleína. As formas estruturais A e B,
a seguir, representam o componente ativo quando
se mostra incolor e quando se mostra roxo, não ne-
cessariamente nessa sequência.

Na charge são lidas algumas substâncias que aparecem


no “leite de caixinha”, substâncias essas adicionadas
com funções distintas na preservação e na conservação
do produto. As substâncias citadas na charge
Dessa forma, pode-se afirmar que na mudança da cor
roxa para incolor ocorreu um (A) podem ser obtidas por reação de neutralização áci-
do-base e, quando dissolvidas em água, aumentam sua
(A) abaixamento do pH, e a maioria das moléculas do condutividade elétrica.
QUÍMICA

indicador que estava no cartucho mudou da forma B (B) formam um tampão que promove a variação contí-
para a forma A. nua do pH do leite, aumentando seu tempo de validade.
(B) aumento do pH, e a maioria das moléculas do indi- (C) são sais de ácido e base fortes que se neutralizam
cador que estava no cartucho mudou da forma B para com a finalidade de manter a acidez do leite controlada.
a forma A. (D) estão presentes em diversos alimentos, pois são óxi-
(C) abaixamento do pH, e a maioria das moléculas do dos que colaboram na conservação dos produtos.
indicador que estava no cartucho mudou da forma A (E) são altamente nocivas à saúde, pois se tratam de
para a forma B. ácidos fortes e óxidos ácidos.
(D) aumento do pH, e a maioria das moléculas do indi-
cador que estava no cartucho mudou da forma A para 05. Uma alternativa recente ao processo de cremação
a forma B. de corpos tem sido a hidrólise alcalina, realizada
(E) equalização do pH, e todas as moléculas do indica- com solução de hidróxido de potássio aquecida
dor que estava no cartucho mudaram da forma B para sob pressão até 150 ºC. Nessas condições, o corpo
a forma A. é “dissolvido” na solução, restando apenas os ossos
que são posteriormente queimados. Esse processo
02. Na coluna da direita a seguir, estão listados com- é considerado mais ambientalmente amigável que
postos inorgânicos; na da esquerda, sua classifica- a queima, na qual aproximadamente 320 kg de gás
ção. Associe adequadamente a coluna da esquerda carbônico são gerados. Considerando as informa-
à da direita. ções acima, assinale a alternativa correta:

( ) Oxiácido forte 1. Óxido de zinco (A) A fórmula do hidróxido de potássio é POH.


( ) Hidrácido fraco 2. Hidróxido de alumínio (B) O gás carbônico é representado pela fórmula CO.
( ) Base forte 3. Ácido cianídrico (C) A hidrólise alcalina é um processo físico.
( ) Base fraca 4. Hidróxido de potássio (D) A cremação é um processo químico.
5. Ácido sulfúrico (E) O hidróxido de potássio é classificado como um óxi-
do.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses,
de cima para baixo, é 06. O cloreto de sódio, principal composto obtido no
processo de evaporação da água do mar, apresenta
(A) 1 – 2 – 3 – 4. (B) 1 – 3 – 5 – 2. a fórmula química NaCl.
(C) 3 – 4 – 2 – 5. (D) 5 – 2 – 4 – 1.
(E) 5 – 3 – 4 – 2. Esse composto pertence à seguinte função química:

20 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Química inorgânica
Capítulo 1: Funções inorgânicas

Praticando

(A) sal. (B) base. (C) ácido. (A) na indústria, há formação de óxido constituído por
(D) óxido. (E) peróxido. três elementos.
(B) na atmosfera, a chuva gerada colore de rosa uma
07. Muitas substâncias químicas são utilizadas com a solução de fenolftaleína.
finalidade de prevenir e tratar doenças, um exemplo (C) na atmosfera, há consumo de duas substâncias
é o do óxido presente nos cremes contra assaduras, compostas e uma substância pura.
dermatites que afetam bebês nos seus primeiros (D) na atmosfera, o produto final da reação é uma subs-
meses de vida. Geralmente essas dermatites aco- tância utilizada nas baterias de automóveis.
metem a região da pele coberta pela fralda. (E) na indústria não se formam óxidos.
(CISCATO, C.A.M, PEREIRA, L.F., CHEMELLO, E., PROTI, P.B. Química, Vol. 1,
1ª ed., São Paulo: Editora Moderna, 2016.)
10. Em 2011 uma carreta que transportava 19 mil litros
de soda cáustica (NaOH) tombou na BR-101 próxi-
A substância que pode corresponder àquela citada
mo ao Rio Pium em Natal/RN. Com a finalidade de
como exemplo no texto, é o
minimizar os efeitos nocivos deste produto, a em-
presa responsável pelo veículo providenciou um
(A) ZnO. (B) NaCl. (C) HNO3.
caminhão com cerca de 20 mil litros de um líquido
(D) Ca(OH)2. (E) Cl2.
capaz de neutralizar a soda cáustica presente na
área afetada.
08. Conversores catalíticos (catalisadores) de automó- Disponível em <http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/soda-caus-
veis são utilizados para reduzir a emissão de po- tica-vazou-para-orio-pium/181781>. Acesso em: 10 set. 2017 (adaptado).
luentes tóxicos. Poluentes de elevada toxicidade
são convertidos a compostos menos tóxicos. Nesses O líquido que poderia ser utilizado nesse procedimento
conversores, os gases resultantes da combustão no é o(a)
motor e o ar passam por substâncias catalisadoras.
Essas substâncias aceleram, por exemplo, a con- (A) vinagre.
versão de monóxido de carbono (CO) em dióxido (B) água destilada.
de carbono (CO2) e a decomposição de óxidos de (C) leite de magnésia.
nitrogênio como o NO, N2O e o NO2 (denominados (D) solução de bicarbonato de sódio.
NOX) em gás nitrogênio (N2) e gás oxigênio (O2). (E) hidróxido de zinco.
Referente às substâncias citadas no texto e às ca-
racterísticas de catalisadores, são feitas as seguin- 11. Na ânsia pelo “elixir da longa vida”, por volta do
tes afirmativas: século I, alquimistas descobriram acidentalmente a
Pólvora, referenciada em textos de Alquimia pelos
I. a decomposição catalítica de óxidos de nitrogênio pro- avisos quanto aos cuidados para não se misturarem

QUÍMICA
duzindo o gás oxigênio e o gás nitrogênio é classificada certos materiais uns com os outros. A pólvora, mais
como uma reação de oxidorredução; conhecida desde o final do século XIX como pólvo-
II. o CO2 é um óxido ácido que, ao reagir com água, for- ra negra, é uma mistura química que queima com
ma o ácido carbônico; rapidez. Foi extensamente utilizada como propelen-
III. catalisadores são substâncias que iniciam as reações te em canhões e armas de fogo e atualmente ainda
químicas que seriam impossíveis sem eles, aumentando é empregada em artefatos pirotécnicos. Nitrato de
a velocidade e também a energia de ativação da reação; potássio, enxofre e carvão (carbono) são os consti-
IV. o CO é um óxido básico que, ao reagir com água, tuintes da pólvora negra. Sobre as espécies consti-
forma uma base; tuintes da pólvora negra afirma-se que
V. a molécula do gás carbônico (CO2) apresenta geome-
tria espacial angular. Número Atômico: K = 19; N = 7; O = 8; S = 16; C = 6.

Das afirmativas feitas estão corretas apenas a I. o nitrato de potássio é classificado como uma base
segundo a teoria de Arrhenius;
(A) I e II. (B) II e V. (C) III e IV. II. a 25 ºC e 1 atm a variedade alotrópica mais estável do
(D) I, III e V. (E) II, IV e V. carbono é a grafite e a do enxofre é a rômbica;
III. a fórmula do nitrato de potássio é KNO2;
09. O esquema a seguir explica a formação da chuva IV. o enxofre é um metal radioativo que pertence à famí-
ácida a partir de emissões gasosas poluentes gera- lia 6A (16) da tabela periódica;
das nos grandes centros urbanos industrializados. A V. o átomo de carbono (6C) estabelece 4 ligações quími-
combinação desses poluentes com o vapor de água cas e possui a variedade alotrópica diamante, substân-
da atmosfera acumula-se nas nuvens, ocorrendo, cia natural de alta dureza;
assim, sua condensação.
Estão corretas apenas as afirmativas

(A) I e IV. (B) II e V. (C) III, IV e V.


(D) I, II e V. (E) II, III e IV.

12. Uma mistura extremamente complexa de todos os


Em relação ao fenômeno representado, é correto afir- tipos de compostos – proteínas, peptídeos, enzimas
mar que e outros compostos moleculares menores – com-
põem os venenos dos insetos. O veneno de formiga
tem alguns componentes ácidos, tal como o ácido

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 21


Química inorgânica
Capítulo 1: Funções inorgânicas

Praticando

fórmico ou ácido metanoico, enquanto o veneno da Cienciando


vespa tem alguns componentes alcalinos. O veneno
penetra rapidamente o tecido uma vez que você foi Periódica a nossa reação
picado. Sobre o veneno dos insetos, pode-se afir- Com ácido e base
mar que: Sem óxidos
A produzir um sal
(A) O veneno de formigas possui pH entre 8 e10. A perfeita neutralização
(B) A fenolftaleína é um indicador de pH e apresenta a Com ácido clorídrico e soda cáustica
cor rosa em meio básico e apresenta aspecto incolor Que não forme precipitado
em meio ácido, no entanto, na presença do veneno da Nem par conjugado.
vespa esse indicador teria sua cor inalterada devido à
mistura complexa de outros compostos. Um exemplo de cada função, na ordem em que apare-
(C) O veneno da formiga, formado por ácido fórmico, de cem na primeira estrofe do poema, está presente na
fórmula H2CO2, poderia ser neutralizado com o uso de alternativa
bicarbonato de sódio.
(D) Segundo a teoria de Arrhenius, o veneno de vespa, (A) NaOH, HCl, CO2, NaCl.
em água, possui mais íons hidrônio do que o veneno de (B) NaOH, NaCl, CO2, HCl.
formiga. (C) HCl, NaOH, CO2, NaCl.
(E) Os venenos de ambos os insetos não produzem solu- (D) HCl, NaOH, NaCl, CO2.
ções aquosas condutoras de eletricidade. (E) HCl, NaCl, NaOH, CO2.

13. A água da chuva é naturalmente ácida devido à 16. Conversores catalíticos de automóveis são utilizados
presença do gás carbônico encontrado na atmos- para reduzir a emissão de poluentes. Os gases re-
fera. Esse efeito pode ser agravado com a emissão sultantes da combustão no motor e o ar passam por
de gases contendo enxofre, sendo o dióxido e o tri- substâncias catalisadoras que aceleram a transfor-
óxido de enxofre os principais poluentes que inten- mação de monóxido de carbono (CO) em dióxido de
sificam esse fenômeno. Um dos prejuízos causados carbono (CO2) e a decomposição de óxidos de nitro-
pela chuva ácida é a elevação do teor de ácido no gênio (genericamente NxOy) em gás nitrogênio (N2)
solo, implicando diretamente a fertilidade na pro- e gás oxigênio (O2).
dução agrícola de alimentos. Para reduzir a acidez
provocada por esses óxidos, frequentemente é uti- Em relação ao uso de catalisadores e as substâncias ci-
lizado o óxido de cálcio, um óxido básico capaz de tadas no texto, são feitas as seguintes afirmações:
neutralizar a acidez do solo.
QUÍMICA

I. As reações de decomposição dos óxidos de nitrogênio


As fórmulas moleculares dos óxidos citados no texto a gás oxigênio e a gás nitrogênio ocorrem com variação
são, respectivamente, no número de oxidação das espécies.
II. O CO2 é um óxido ácido que quando reage com a água
(A) CO, SO, SO2 e CaO2. forma o ácido carbônico.
(B) CO2, SO2, SO3 e CaO. III. Catalisadores são substâncias que iniciam as reações
(C) CO2, S2O, S3O e CaO. químicas que seriam impossíveis sem eles, aumentando
(D) CO, SO2, SO3 e CaO2. a velocidade e também a energia de ativação da reação.
(E) CO, SO4, SO2 e CaO. IV. O monóxido de carbono é um óxido básico que ao
reagir com a água forma uma base.
14. A semeadura de nuvens atualmente é usada em V. A molécula do gás carbônico apresenta geometria
todo o mundo para otimizar a precipitação, tanto espacial angular.
de chuva quanto de neve e, ao mesmo tempo, inibir
o granizo e a neblina. E ela funciona. Esse tipo de Das afirmações feitas estão corretas apenas:
semeadura tem efeito ao espalhar partículas mi-
croscópicas, a fim de afetar o desenvolvimento da (A) I e II. (B) II e V. (C) III e IV.
condensação, agindo como núcleos de gelo artifi- (D) I, III e V. (E) II, IV e V.
ciais. Insolúveis na água, tais partículas funcionam
como suporte para o crescimento dos cristais de 17. Centenas de milhares de toneladas de magnésio
gelo. Para tal propósito, utiliza-se frequentemente metálico são produzidas anualmente, em grande
determinado sal. Ele possui uma estrutura cristalina parte para a fabricação de ligas leves. De fato, a
similar à do gelo e forma um recife artificial onde os maior parte do alumínio utilizado hoje em dia con-
cristais podem crescer. tém 5% em massa de magnésio para melhorar suas
Adaptado de: http://gizmodo.uol.com.br/semeadura-de-nuvens/ propriedades mecânicas e torná-lo mais resistente
à corrosão. É interessante observar que os mine-
Que sal é utilizado para semear as nuvens?
rais que contêm magnésio não são as principais
(A) Agl. (B) Kl. (C) NaCl. (D) AgNO3. (E) KNO3. fontes desse elemento. A maior parte do magnésio
é obtida a partir da água do mar, na qual os íons
15. Em um trabalho interdisciplinar, o professor de re- Mg2+ estão presentes em uma concentração de 0,05
dação pede aos alunos que façam um poema que mol/L. Para obter o magnésio metálico, os íons Mg2+
seria denominado “Cienciando”, usando o estudo de da água do mar são inicialmente precipitados sob a
Ciências. Observe um desses poemas, em que o alu- forma de hidróxido de magnésio, com uma solução
no cita algumas funções químicas. de hidróxido de cálcio. O hidróxido de magnésio é

22 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Química inorgânica
Capítulo 1: Funções inorgânicas

Praticando

removido desse meio por filtração, sendo finalmente 21. Assinale a opção que apresenta o sal solúvel em
tratado com excesso de uma solução de ácido clo- água a 25 ºC.
rídrico. Após a evaporação do solvente, o sal anidro
obtido é fundido e submetido ao processo de ele- (A) CaSO4.
trólise ígnea. (B) PbCl2.
(C) Ag2CO3.
Considerando as informações do texto acima, assinale a (D) Hg2Br2.
alternativa correta. (E) FeBr3.

(A) A filtração é um processo físico que serve para sepa- 22. Quando tocamos em objetos, deixamos várias
rar misturas homogêneas de um sólido disperso em um substâncias neles, uma delas é o cloreto de sódio,
líquido ou em um gás. expelido pelo suor. Para encontrar impressões di-
(B) A massa de Mg2+ presente em 500 mL de água do gitais, os investigadores borrifam, nos objetos que
mar é de 2,025 g. o suspeito tocou, uma solução de nitrato de prata
(C) A eletrólise ígnea do sal anidro produz, além do que, ao entrar em contato com o cloreto de sódio,
magnésio metálico, um gás extremamente tóxico e de reage formando o cloreto de prata, sólido, e o nitra-
odor irritante. to de sódio, aquoso. O cloreto de prata é um sólido
(D) O hidróxido de magnésio é uma monobase fraca, branco e, quando exposto à luz, revela as linhas da
muito solúvel em água. impressão digital do criminoso. A reação química
(E) O processo de eletrólise é um fenômeno físico, em utilizada para identificar as impressões digitais de
que um ou mais elementos sofrem variações nos seus criminosos, bem como a função química correta a
números de oxidação no transcorrer de uma reação quí- que pertencem os compostos, é
mica
(A) NaCl (aq) + AgNO3 (aq) AgCl (s) + NaNO3 (aq) –
18. Sobre as características do dióxido de enxofre (SO2) Sal.
afirma-se que: (B) NaCl (aq) + AgNO3 (aq) AgCl (s) + NaNO3 (aq) –
Óxido.
I. apresenta geometria angular. (C) NaCl (aq) + AgNO2 (aq) AgCl (s) + NaNO2 (aq) – Sal.
II. apresenta ligações covalentes. (D) NaClO (aq) + AgNO3 (aq) AgClO (s) + NaNO3 (aq)
III. corresponde a um óxido básico. – Óxido.
IV. corresponde a uma molécula apolar. (E) Não são funções químicas inorgânicas.

São corretas apenas as afirmações 23. A química está presente em nossa rotina, em todos

QUÍMICA
os materiais que nos cercam e em todos os seres vi-
(A) I e II. (B) I e IV. (C) II e III. vos. O hidróxido de sódio, o hidróxido de magnésio
(D) III e IV. (E) I, II, III e IV. e o óxido de cálcio são exemplos disso, pois, no nos-
so cotidiano, são conhecidos como soda cáustica,
19. Os ácidos estão muito presentes em nosso cotidia- leite de Magnésia e cal virgem. As fórmulas mole-
no, podendo ser encontrados até mesmo em nos- culares destas substâncias estão dispostas, respec-
sa alimentação. A tabela a seguir apresenta alguns tivamente, em
ácidos e suas aplicações.
(A) NaOH, MgOH2 e CaO2.
(B) NaOH, Mh(OH)2 e CaO.
(C) Na(OH)2, MgOH2 e Ca2O.
(D) NaOH, Mg(OH)2 e Ca2O.
(E) HCN, Mg(OH)2 e Ca2O.

24. A calagem é um processo usado para preparar o


A força dos ácidos dispostos na tabela, respectivamen- solo para a agricultura. Tem a finalidade de diminuir
te, é a acidez do solo, fornecendo suprimento de cálcio e
magnésio para as plantas. Nesse processo, pode-se
(A) Forte, forte e moderado. usar calcário, no qual o principal componente e o
(B) Moderado, fraco e moderado. carbonato de cálcio, CaCO3. Sobre as informações
(C) Moderado, fraco e fraco. fornecidas é correto afirmar que
(D) Forte, moderado e fraco.
(E) Moderado, moderado e moderado. (A) no processo descrito, temos a adição de metais pe-
sados ao solo.
20. Inúmeros produtos químicos estão presentes no (B) no principal componente do calcário, temos cinco
nosso cotidiano, como por exemplo, o vinagre, o elementos químicos.
mármore e a soda cáustica. As substâncias citadas (C) a calagem consiste na adição de um composto com
pertencem, respectivamente, as seguintes funções caráter ácido ao solo.
químicas: (D) o principal componente do calcário é fonte de cálcio
e magnésio para as plantas.
(A) ácido, base e sal. (B) sal, base e ácido. (E) o suprimento de magnésio deve vir de outro com-
(C) ácido, sal e base. (D) sal, ácido e base. posto que não seja o carbonato de cálcio.
(E) sal, óxido e base.

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 23


Química inorgânica
Capítulo 1: Funções inorgânicas

Praticando

25. Considerando o indicador de pH fenolftaleína, assi- siderado o principal responsável pelo efeito estufa.
nale a alternativa correta. A fórmula química desse óxido corresponde a

(A) Esse indicador na presença de uma solução ácida (A) CO2. (B) SO3. (C) H2O. (D) Na2O. (E) H2SO4.
torna-se róseo.
(B) A faixa de viragem da fenolftaleína e do azul de bro- 30. O NO2 e o SO2 são gases causadores de poluição at-
motimol é a mesma. mosférica que, dentre os danos provocados, resulta
(C) Em pH = 1, o indicador torna-se róseo. na formação da chuva ácida quando esses gases
(D) Em pH = 10, o indicador torna-se incolor, a mesma reagem com as partículas de água presentes nas
coloração do indicador tornassol. nuvens, produzindo HNO3 e H2SO4. Esses compostos,
(E) Em pH = 8, o indicador torna-se róseo. ao serem carreados pela precipitação atmosféri-
ca, geram transtornos, tais como contaminação da
26. Na série Prison Break (FOX), Michaek Scofield utiliza água potável, corrosão de veículos, de monumentos
um composto chamado Kesslivol para corroer o aço históricos etc. Os compostos inorgânicos citados no
e destruir a cerca de proteção da prisão SONA, no texto correspondem, respectivamente, às funções
Panamá. Na verdade, o Kesslivo não existe, mas o
aço pode ser corroído pela ação de um ácido forte (A) sais e óxidos.
e oxidante. Qual dos ácidos a seguir Scofiel poderia (B) bases e sais.
usar para fugir da prisão? (C) ácidos e bases.
(D) bases e óxidos.
(A) H3BO3. (B) HCl. (C) HCN. (E) óxidos e ácidos.
(D) HNO3. (E) CH3COOH.
31. Azia é uma sensação de ardor (queimação) e pode
27. Os veículos automotores emitem gases poluentes ser sintoma de algumas doenças como refluxo gas-
na atmosfera como o NO2 e o NO3, conhecidos pelos troesofágico ou indicação de processos irritativos
nomes de óxido nitroso e óxido nítrico, respectiva- ou inflamatórios no esôfago. Esse ardor é provocado
mente, os quais reagem com a água da chuva pre- pela ação do ácido gástrico fora do ambiente esto-
cipitando na forma de ácido nítrico. Já o SO2, pre- macal. A substância, representada por sua fórmula,
cipita na forma de ácido sulfúrico também quando que pode ser utilizada, paliativamente, para com-
reage com a água da chuva. Esses ácidos são alta- bater os efeitos da azia é
mente tóxicos e corrosivos: nos vegetais retardam o
crescimento, e nos seres humanos atacam as vias (A) CO2. (B) NaCl. (C) H2CO3. (D) NaHCO3. (E) HCN.
respiratórias. A respeito dessas substâncias poluen-
32. Acidulantes são substâncias utilizadas principal-
QUÍMICA

tes grifadas no texto e os elementos químicos que a


constituem, é CORRETO afirmar que: mente para intensificar o gosto ácido de bebidas e
outros alimentos. Diversos são os ácidos emprega-
(A) O SO2 é uma substância simples. dos para essa finalidade. Alguns podem ser classifi-
(B) O enxofre não constitui nenhuma dessas substân- cados como ácidos orgânicos e outros como ácidos
cias. inorgânicos. Dentre eles, estão os quatro descritos
(C) As substâncias poluentes são constituídas por 3 ele- pelas fórmulas moleculares e estruturais a seguir.
mentos químicos.
(D) Não possuem nenhum elemento em comum.
(E) O nitrogênio é um metal.

28. Um trecho do “Canto Armorial ao Recife, Capital do


Reino do Nordeste”, de Ariano Suassuna, é transcrito
a seguir:

Que o Nordeste é uma Onça e estão seus ombros


queimados pelo Sol e pelo sal:
as garras de arrecifes, os Lajedos,
são seus dentes-de-pedra e ossos-de-cal.
A Liberdade e o sangue da Inumana (A) 1 – Ácido etânico; 2 – Ácido fenóico; 3 – Ácido fosfó-
precisam de teu Gládio e do Punhal! rico; 4 – Ácido bórico.
(B) 1 – Ácido etanoico; 2 – Ácido benzoico; 3 – Ácido
Que tipo de constituinte químico é o mais destacado nas fosfórico; 4 – Ácido bórico.
estruturas naturais metaforizadas nesses versos? (C) 1 – Ácido etanoico; 2 – Ácido benzílico; 3 – Ácido
fosforoso; 4 – Ácido borático.
(A) CaCO3. (B) CaCl2. (C) CaO. (D) 1 – Ácido propílico; 2 – Ácido benzílico; 3 – Ácido
(D) Ca(NO3)2. (E) Ca3(PO4)2. fosfático; 4 – Ácido boroso.
(E) 1 – Ácido etanoso; 2 – Ácido benzoico; 3 – Ácido fos-
29. Os combustíveis fósseis, que têm papel de desta- foroso; 4 – Ácido bárico.
que na matriz energética brasileira, são formados,
dentre outros componentes, por hidrocarbonetos. A
combustão completa dos hidrocarbonetos acarreta
a formação de um óxido ácido que vem sendo con-

24 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


2 Reações
químicas

Reação química e o maior recall automotivo


Para que as pessoas sejam protegidas pelos airbags é necessário que eles sejam
inflados muito rapidamente: 25 milésimos de segundo, cinco vezes mais rápido que
um piscar de olhos.
A reação química escolhida para encher o airbag tão rapidamente foi a decomposi-
ção de azida de sódio (NaN3).
A azida de sódio é um composto químico instável e tóxico, constituído por átomos
de sódio e de nitrogênio (NaN3). No sistema de airbag, a azida de sódio encontra-se
numa pequena cápsula, juntamente com nitrato de potássio (KNO3) e óxido de silício
(SiO2).
Quando acontece a ativação do airbag, ocorre uma ignição, que aquece a azida de
sódio a mais de 300° C. Esta temperatura desencadeia a reação química de decom-
posição da azida de sódio, em sódio metálico (Na) e em nitrogênio molecular (N2).
O nitrogênio molecular é liberado sob a forma gasosa, que muito rapidamente infla
o airbag. Quase ao mesmo tempo que a almofada se enche começa a esvaziar de
forma controlada – outra forma de amortecer o choque.
Recentemente, uma tecnologia desenvolvida pela japonesa Takata Corp., que de-
veria otimizar a eficácia do airbag, foi alvo do maior recall da história da indústria
automotiva: 53 milhões de veículos no mundo (parte deles no Brasil) contém uma
peça defeituosa (e fatal) no mecanismo de ativação.
Trata-se de um pequeno gerador, instalado na base do volante e que, a partir de
um impulso elétrico, gera uma reação química explosiva, cuja base é o NH4NO3, que
expele o gás para inflar o airbag.
Porém, a “explosão”, que deveria ser controlada, ocorre forte demais, rompendo o
gerador e lançando fragmentos metálicos contra os ocupantes do veículo.
Foram registrados 24 acidentes fatais e mais de 100 com ferimentos graves, embora
não fatais, no mundo.
No Brasil, mais de 4 milhões de veículos foram convocados para recall. Houve pelo
menos duas fatalidades e mais de 20 feridos.
A japonesa Takata Corp declarou falência em 2018.

Lei nº 9.610/98.
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ção da violação: reprodução por qualquer meio, de obra intelectual, no todo ou em parte.
Sumário
Aspectos qualitativos e quantitativos_03
Equações químicas_04
Tipos de reações químicas_07
Condições para ocorrência de reações químicas_10
Referências_16

Qui. _Contexto

01. De acordo com o texto, a reação química presente na ativação da bolsa de ar inflável é a decompo-
sição da azida de sódio. Esta reação também é chamada de

(A) reação de síntese.


(B) reação análise.
(C) reação de simples troca.
(D) reação de dupla troca.
(E) reação de deslocamento.

02. Algumas reações químicas "consomem" calor para ocorrerem, enquanto outras liberam calor
quando ocorrem. A partir da leitura do texto, defina se a decomposição da azida de sódio (NaN3)
é uma reação química que consome ou que libera calor. Qual outro nome estas reações recebem?

03. De acordo com a leitura inicial, por qual motivo os airbags da fabricante japonesa Takata Corp, ao
invés de salvar vidas, tornaram-se fatais?

04. A partir da leitura inicial, elabore um possível conceito para reação química. Compartilhe sua res-
posta com seus colegas de turma.
Química inorgânica
Capítulo 2: Reações químicas

Reações químicas
Aspectos qualitativos e quantitativos
Introdução

Se você já preparou alguma receita de bolo, por exemplo, deve ter percebido que a
receita indica quantidades proporcionais de cada ingrediente e orienta a adicioná-los em
uma determinada ordem. Alem disso, eles devem ser triturados, misturados e aquecidos
para então obtermos o bolo como resultado final da receita.
Quando se trata de reações químicas, as etapas dos processos podem apresentar simi-
laridade com as etapas do processo de preparação de uma receita de bolo.
A queima da parafina da vela, o ato de se alimentar, a detonação da dinamite, a fo-
gueira, um comprimido efervescente na água etc., são todos exemplos de que estamos Figura 1. Lançamento da SpaceX Dragon.
rodeados por reações químicas. Reações químicas vencem a força da gravidade e
colocam no espaço a Dragon, primeira espaçonave
tripulada a entrar em órbita desenvolvida pela em-
presa estadunidense Space Exploration Technologies
A B Corp.

Fonte: https://www.aeroflap.com.br

Figura 2. Reações químicas.


Em A, temos a combustão (reação química) da madeira em
uma fogueira; em B, cloreto de amônio (fumaça branca),
produto da reação química entre amônia e ácido clorídrico.

Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.

QUÍMICA
Reações químicas são fenômenos caracterizados pela transformação da matéria, envolvendo altera-
ções, quebra e/ou formação nas ligações entre partículas (átomos, moléculas ou íons), resultando em nova
substância com propriedades diferentes das anteriores.
Não raras as vezes, é difícil perceber que a reação está ocorrendo, pois:

• algumas reações são muito lentas (demoram dias, meses, anos), como acontece, por exemplo, com o
apodrecimento de um fruto ou o enferrujamento de uma grade de ferro;

• outras reações quase não mostram sinais perceptíveis de seu andamento; por exemplo, juntando duas
soluções aquosas diluídas, uma de HCl e outra de NH4OH, ocorre a reação HCl + NH4OH → NH4Cl + H2O
sem aparecimento de cor ou de sólidos, e com aquecimento quase imperceptível.

Além disso, é importante não confundir reações químicas com alguns fenômenos físicos comuns, como
o derretimento do gelo, a dissolução do açúcar comum em água, o desprendimento do gás carbônico de
uma garrafa de refrigerante etc.
Na reação química, as moléculas (ou aglomerados iônicos) iniciais são “desmontadas” e seus átomos
são reaproveitados para “montar” as moléculas (ou aglomerados iônicos) finais. Vejamos uma representa-
ção disto (cores-fantasia) a seguir:

2 moléculas de 1 molécula de 2 moléculas de


hidrogênio (H2) oxigênio (O2) água (H2O)

São os reagentes que vão “desaparecer” durante São os produtos que “aparecem” após a reação. Aqui
a reação. Aqui há um total de 6 átomos. reencontramos os mesmos 6 átomos reagrupados
de forma diferente.

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 3


Química inorgânica
Capítulo 2: Reações químicas

Representando esta reação de maneira simplificada, temos:


Nas reações químicas, o
sinal D sobre a seta indica 2 H2 + O2 2 H 2O
aquecimento; o sinal de Na seta lê-se “produzem”
seta ascendente indica No sinal + lê-se “reagem”
que ocorreu liberação de
algum gás; o sinal de seta
descendente indica que um A leitura completa será, então: o hidrogênio reage com o oxigênio produzindo água. À re-
sólido foi precipitado; o
sinal l (lambda) indica que presentação 2H2 + O2 → 2H2O damos o nome de equação química (representação simbólica
incide luz na reação; o sinal e abreviada de uma reação química ou fenômeno químico).
→ indica ocorrência de

As equações químicas representam a escrita usada pelos químicos. É uma linguagem
reações reversíveis; a letra i
universal, isto é, não muda de uma língua para outra ou de um país para outro. Isso simplifica
minúscula, quando presente,
indica a passagem de cor- bastante a maneira de expressar um fenômeno ou reação química.
rente elétrica. Nas equações químicas, temos:

Coeficiente
2 H2 + O2 2 H2O

Reagentes (1º membro) Produtos (2º membro)

• Fórmulas (H2, O2, H2O), que indicam quais são as substâncias participantes da reação química. No
primeiro membro aparecem os reagentes, isto é, as substâncias que entram em reação; no segundo
membro aparecem os produtos, isto é, as substâncias que são formadas pela reação;

• Coeficientes estequiométricos ou simplesmente coeficientes (2, 1, 2), que indicam a proporção de


moléculas (ou aglomerados iônicos) que participam da reação (não é costume escrever o coeficiente 1,
que fica, então, subentendido); o objetivo dos coeficientes é igualar o número total de átomos de cada
elemento no primeiro e no segundo membros da equação.

As fórmulas dão sentido qualitativo, enquanto os coeficientes dão um sentido quantitativo às equa-
ções químicas.
As integrações entre reagente(s), as condições para ocorrência de reações químicas e as proporções
adequadas para a formação do(s) produto(s) serão abordadas neste capítulo.

Equações químicas
Introdução
QUÍMICA

Para representar de forma rápida e resumida as


transformações ocorridas em uma reação química,
utilizamos as equações químicas.
Seja a seguinte equação, escrita na forma co-
mum:

Zn + CuSO4 ZnSO4 + Cu
Metal Sal Sal Metal
(iônico) (iônico)

Ela pode, também, ser escrita da seguinte forma:


Figura 3. Experimento.
Em (A) temos uma placa de zinco sendo mergulhada numa solução de sulfato de cobre. Em (B) pode-
mos observar depósitos de cobre ao redor da placa de zinco. Durante a reação química, o zinco da placa Zn + Cu2+ + SO2–4 → Zn2+ + SO2–4 + Cu
passa para a solução na forma de íons Zn2+ e uma parte dos íons cobre (Cu2+) da solução passa para a
placa na forma de cobre metálico (Cu).
Cancelando o SO2–4, que não reagiu (pois não se
Fonte: FELTRE, Ricardo (2008, p.357). alterou), temos:

Zn + Cu2+ → Zn2+ + Cu (Equação iônica)

Essa equação iônica corresponde ao experimento acima.


Portanto, quando uma reação envolve substâncias iônicas ou ionizadas, podemos escrever apenas os
íons que nos interessam na explicação do fenômeno químico.
Assim, por exemplo, quando o AgNO3 (Ag+ e NO–3) reage com NaCl (Na+ e Cl–), podemos escrever sim-
plesmente:

Ag+ + Cl– AgCl Equação iônica

Outro exemplo:
Equação iônica
H+ + OH– H 2O

4 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Química inorgânica
Capítulo 2: Reações químicas

Essa equação indica que um ácido (possuidor de H+) reagiu com uma base
(possuidor de OH–) para formar água.
De modo geral, podemos então dizer que a equação iônica é a equação quími-
ca em que aparecem íons, além de átomos e moléculas.
De certo modo, podemos dizer que a equação iônica é mais real do que a Molécula da água
equação completa correspondente, pois a equação iônica mostra apenas as par-
tes que realmente participam do fenômeno químico.

Balanceamento das equações químicas

Existem várias maneiras de fazermos o balanceamento de uma equação quí-


mica.
Geralmente, o modo mais usado para determinar os coeficientes de uma
equação é o método das tentativas, que deve ser utilizado obedecendo as se-
guintes regras: Cristal de cloreto de sódio (NaCl)

• Regra a: raciocinar com o elemento (ou radical) que aparece apenas uma
vez no primeiro e no segundo membros da equação;
• Regra b: preferir o elemento (ou radical) que possua índices maiores;
• Regra c: escolhido o elemento (ou radical), transpor seus índices de um
membro para outro, usando-os como coeficientes;
• Regra d: prosseguir com os outros elementos (ou radicais), usando o mesmo
raciocínio, até o final do balanceamento.

É importante ressaltar que uma equação química só está correta quando re-
presenta um fenômeno químico que realmente ocorre, por meio de fórmulas cor-
retas (aspecto qualitativo) e coeficientes corretos (aspecto quantitativo). Íon de sódio hidratado
Lembrando que numa reação química os átomos permanecem praticamente
“intactos”, podemos enunciar o seguinte critério geral:

Acertar os coeficientes ou balancear uma equação química é igualar


o número total de átomos de cada elemento, no primeiro e no segundo
membros da equação.

QUÍMICA
Exemplos:

• Balancear a equação: Íon de cloreto hidratado


Al + O2 → Al2O3 Figura 4. Cristal de cloreto de sódio.
Cloreto de sódio próximo a íons cloreto e íons sódio re-
Regra a: indiferente para Al ou O. sultantes da dissociação em água. Cada íon está cercado
por moléculas polares de água.
Regra b: preferimos o O, que possui índices maiores (2 e 3).
Rega c: Al + 3 O2 2 Al2O3 Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.

Regra d: agora só falta acertar o Al:


Regra d: agora só falta acertar o Al:

4 Al + 3 O2 2 Al2 O3

2·2=4

Conclusão: 4 Al + 3 O2 2 Al2O3

Agora podemos dizer que a equação está balanceada, pois:

• do alumínio: há 4 átomos no primeiro membro e também 4 átomos (2 · 2) no segundo membro da equação;


• do oxigênio: há 6 átomos (3 · 2) no primeiro membro e também 6 átomos (2 · 3) no segundo membro da equação.

No balanceamento, estamos mais interessados na proporção entre os coeficientes do que nos coeficientes em si. Por isso,
podemos multiplicar ou dividir todos os coeficientes por um mesmo número.

A equação 4Al + 3O2 → 2 Al2O3

equivale a 8Al + 6O2 → 4 Al2O3 (o dobro da 1ª equação)

ou a 2Al + 3 O2 → Al2O3 (a metade da 1ª equação)


2

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 5


Química inorgânica
Capítulo 2: Reações químicas

Entretanto, é sempre preferível a primeira representação, em que os coeficientes são números inteiros e os me-
nores possíveis.

• Balancear a equação:

CaO + P2O5 → Ca3(PO4)2

Regra a: devemos raciocinar com o Ca ou o P, porque o O já aparece duas vezes no primeiro membro (no CaO e
no P2O5);
Regra b: preferimos o Ca, que possui índices maiores (1 e 3);
Rega c:
Regra c: 3 Ca1O + P2O5 1 Ca3 (PO4)2 ;

Rega d:
Regra d:por fim, acertamos o P: 3 CaO + 1 P2O5 1 Ca3 (P1 O4) 2
.
1·2=2

Conclusão: 3 CaO + P2O5 → Ca3(PO4)2

Observe que, na equação final, o oxigênio ficou automaticamente acertado com 3 + 5 = 4 · 2 = 8 átomos, antes e
depois da reação. Observe também que, embora na equação final não seja necessário escrever o coeficiente 1, é pru-
dente conservá-lo até o final, para lembrar que ele já foi acertado.

• Balancear a equação:

Al(OH)3 + H2SO4 → Al2(SO4)3 + H2O

Regra a: devemos raciocinar com o Al, o S ou com o radical SO2–4 (e não com o H e o O, que aparecem várias
vezes);
Regra b: preferimos o SO2–4, que apresenta índices maiores (1 e 3);
Rega c:c: Al(OH)3 + 3 H2(SO4)1
Regra 1 Al2(SO4)3 + H2O ;

Rega d:
Regra d (prosseguimos com o Al): 2 Al(OH)3 + 3 H2SO4 1 Al2(SO4)3 + H2O .
1·2=2

Finalmente, o coeficiente da água pode ser acertado pela contagem dos H ou dos O:
QUÍMICA

2 Al(OH)3 + 3 H2SO4 → Al2(SO4)3 + 6 H2O

Pratique

01. Aquecido a 800 ºC, o carbonato de cálcio decom- (C) 4 HF + SiO2 → SiF4 + 2 H2O.
põe-se em óxido de cálcio (cal virgem) e gás car- (D) 4 HF + SiO → SiF4 + 2 H2O.
bônico. A equação corretamente balanceada, que (E) 2 HF + SiO2 → SiF4 + H2O.
corresponde ao fenômeno descrito, é:
03. A equação
(Dado: Ca – metal alcalino-terroso)
Ca(OH)2 + H3PO4 → Ca3(PO4)2 + H2O
(A) CaCO3 → 3 CaO + CO2.
(B) CaC2 → CaO2 + CO. não está balanceada. Balanceando-a com os menores
(C) CaCO3 → CaO + CO2. números possíveis, a soma dos coeficientes estequio-
(D) CaCO3 → CaO + O2. métricos será:
(E) CaCO3 → Ca + C + O3.
(A) 4.
02. Para a gravação em vidro, usa-se ácido fluorídrico, (B) 7.
que reage com o dióxido de silício da superfície do (C) 10.
vidro, formando tetrafluoreto de silício gasoso e (D) 11.
água. A reação corretamente equacionada e balan- (E) 12.
ceada para o processo é:
04. Considere a reação de combustão completa de hi-
(Dados: 11H; F (7A ou 17); Si (4A ou 14); O (6A ou 16)) drogênio gasoso, balanceada em menores números
inteiros. Comparando-se os reagentes com o pro-
(A) HF + 2 SiO → 3 SiF4 + 2 H2O. duto da reação, pode-se dizer que eles apresentam
igual:
(B) HF + Si2O → 2 SiF4 + H2O.

6 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Química inorgânica
Capítulo 2: Reações químicas

Pratique

I. Número total de moléculas; e admitindo-se, num balanceamento, o coeficiente 6


II. Número total de átomos; (seis) para cada produto, o coeficiente de cada reagente
III. Massa. será, respectivamente:

Dessas afirmações, é(são) correta(s): (A) 3 e 6.


(B) 6 e 6.
(A) I. (C) 6 e 12.
(B) II. (D) 12 e 6.
(C) I e II. (E) 12 e 12.
(D) I e III.
(E) II e III. 07. A equação
05. Um fermento químico, utilizado na produção de Al + H2SO4 → Al2(SO4)3 + H2
biscoitos, é o bicarbonato de amônio, que apresen-
ta a fórmula (NH4)HCO3. Quando essa substância é mostra que:
aquecida, ela se decompõe, produzindo gás carbô-
nico (CO2), amônia (NH3) e água (H2O). Escreva a (A) a reação não está balanceada.
equação química devidamente balanceada que re- (B) há maior quantidade de átomos de alumínio nos
presenta este fenômeno. produtos que nos reagentes.
(C) os coeficientes que ajustam a equação são: 2, 3, 1
06. Considerando-se a equação química não balance- e 3.
ada (D) a massa dos reagentes não é igual a dos produtos.
(E) o reagente é também o produto.
Mg + HCl → MgCl2 + H2

Tipos de reações químicas


Introdução

Existem várias maneiras de classificar as reações. Uma delas relaciona o número de substâncias que

QUÍMICA
reagem e o número de substâncias produzidas. De acordo com esse critério, podemos ter quatro tipos de
reação química: de síntese (ou adição), de análise (ou decomposição), de simples troca (ou deslocamento)
e dupla troca.
Vejamos cada uma delas a seguir.

Reações de síntese (ou adição)

Ocorre quando dois ou mais reagentes se combinam para originar um único produto. Geralmente, as
reações de síntese podem ser representadas por:

A+B C

A reação de síntese é denominada:

• Síntese total: quando partimos apenas de substâncias simples;


• Síntese parcial: quando, entre os reagentes, já houver no mínimo uma subs-
tância composta.

Vejamos alguns exemplos:

Exemplo 1: durante a queima de uma fita de magnésio, ocorre a reação do mag-


nésio (Mg) com o gás oxigênio (O2) presente no ar atmosférico, originando o
óxido de magnésio (MgO):

2 Mg(s) + 1 O2(g) → 2 MgO(s)

Nessa reação ocorre uma grande liberação de luz branca, que é utilizada, por
exemplo, em lâmpadas de flashes fotográficos descartáveis e em foguetes sinali-
Figura 5. Sinalizadores.
zadores. Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 7


Química inorgânica
Capítulo 2: Reações químicas

Exemplo 2: as soluções aquosas de ácido clorídrico HCl(aq) e de hidróxido de amônio NH4OH(aq) liberam,
respectivamente, dois gases: o HCl(g) e o NH3(g).

Quando aproximamos dois frascos abertos contendo, separadamente, essas soluções, ocorre a forma-
ção de uma névoa constituída por cloreto de amônia NH4Cl(s), que é o produto da reação entre os gases
liberados das soluções:

HCl(g) + NH3(g) → NH4Cl(s)

Também o hidrogênio (H2) que reage com o oxigênio nos propulsores de naves espaciais, como a Spa-
ceX Dragon (página 3) é um exemplo de reação de síntese (ou adição).
Ao reagir com o oxigênio, o gás hidrogênio produz vapor de água e libera uma grande quantidade de
energia na forma de calor, conforme representado na equação química a seguir:

2 H2(g) + O2(g) → 2 H2O(g)


reagentes produto

Reações de análise (ou decomposição)


Outro critério de classifica-
ção das reações químicas
Ocorre quando um único reagente se decompõe, originando dois ou mais produtos.
considera o fator calor:
Em geral, temos:
• quando uma reação libera
calor, a chamamos de exo-
térmica (do grego exo = para A B + C
fora; thermos = calor); é o
caso da queima do carvão
(C + O2 → CO2 + calor);
Vejamos alguns exemplos:
• pelo contrário, quando
uma reação consome calor Exemplo 1: um composto de sódio (NaN3(s))
para se processar, a cha-
é utilizado nos airbags. Quando esses dispo-
mamos de endotérmica (do
grego endo = para dentro; sitivos são acionados, a rápida decomposi-
thermos = calor); é o caso ção do NaN3(s) origina N2(g), e esse gás infla
da reação do nitrogênio os airbags.
com o oxigênio para formar
monóxido de nitrogênio
2 NaN3(s) → 3 N2(g) + 2 Na(s)
(N2 + O2 + calor → 2 NO).
QUÍMICA

Exemplo 2: a água oxigenada é uma solução


aquosa de peróxido de hidrogênio (H2O2(aq)) Figura 6. Airbag inflado em teste de colisão.
que sofre decomposição na presença de luz Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.
(fotólise), originando água e gás oxigênio:
luz
2 H2O2(aq) 2 H2O(l) + 1 O2(g)

Reações de simples troca (ou deslocamento)

Ocorre quando uma substância simples reage com uma substância composta, originando uma nova
substância simples e outra composta.
Genericamente, pode-se representar esse tipo de reação por:

A + XY AX + Y ou A + XY AY + X

Veja alguns exemplos:

Exemplo 1: quando uma lâmina de zinco entra em contato com


o ácido clorídrico, ocorre uma reação com a liberação de gás hi-
drogênio (H2) e a formação de um sal, o cloreto de zinco (ZnCl2),
que permanece em solução:

Zn(s) + 2 HCl(aq) ZnCl2(aq) + H2(g)

Diz-se, então, que o zinco deslocou o hidrogênio.

Exemplo 2: quando uma lâmina de zinco entra em contato com


a solução de CuSO4(aq), ocorre uma reação entre o zinco e o co-
bre da solução. O cobre deposita-se sobre a lâmina e ocorre a
Figura 7. Reação de deslocamento ou simples troca. formação de um sal, o sulfato de zinco (ZnSO4), que permanece
Fonte: Dinamus Sistema de Ensino. em solução:
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Química inorgânica
Capítulo 2: Reações químicas

Zn(s) + CuSO4(aq) → ZnSO4(aq) + Cu(s)

Diz-se, então, que o zinco deslocou o cobre.

Reações de dupla troca

Ocorre quando duas substâncias compostas reagem entre si, trocando seus componentes e dando ori-
gem a duas novas substâncias compostas.
Geralmente, pode-se representar esse tipo de reação por:

AB + XY AY + XB

Onde o A se une ao Y enquanto o B se une ao X. Veja alguns exemplos:

Exemplo 1: se misturarmos duas soluções aquosas de H2SO4 e Ba(OH)2, ocorre a formação de um preci-
pitado branco de BaSO4 e água.

H2SO4(aq) + Ba(OH)2(aq) → 2 H2O(l) + BaSO4(s)

Exemplo 2: quando a barrilha ou soda (Na2CO3) é adicionada ao ácido clorídrico (HCl), o sódio (Na+)
combina-se com o cloreto (Cl–), permanecendo na solução, enquanto os hidrogênios (H+) ligam-se a
grupos carbonato (CO2–3), formando ácido carbônico (H2CO3).
Na2CO3(s) + 2 HCl(aq) 2 NaCl(aq) + H2O(l) + CO2(g)

H2CO3

Nas reações em que ocorre a formação do ácido carbônico, que é instável, é mais adequado represen-
tarmos os produtos de sua decomposição: CO2(g) e H2O(l).
Todos os exemplos dados são verificados experimentalmente e sua ocorrência fica evidenciada a olho
nu pelos seguintes fatos: mudança de cor, formação de precipitado e liberação de gás.

Pratique

QUÍMICA
01. O bromato de potássio (KBrO3), adicionado à fari- Zn + 2 HCl → ZnCl2 + H2
nha de trigo com a finalidade de tornar o pão mais P2O5 + 3 H2O → 2 H3PO4
“fofo”, ao ser aquecido transforma-se em brometo AgNO3 + NaCl → AgCl + NaNO3
de potássio. CaO + CO2 → CaCO3
N2O4 → 2 NO2
(A) O que provoca a “fofura” do pão?
(B) Como essa reação pode ser classificada? representam, respectivamente, reações de:

02. O carbonato de cálcio (CaCO3), aquecido, sofre uma (A) dupla troca, adição, análise, deslocamento e de-
decomposição (pirólise), originando cal viva (CaO) composição.
e gás carbônico (CO2). Uma certa massa de CaCO3 (B) dupla troca, adição, análise, simples troca e decom-
úmida foi submetida a um aquecimento contínuo e posição.
uniforme em frasco aberto. A variação da massa do (C) simples troca, dupla troca, síntese, análise e deslo-
sistema aquecido permitiu elaborar o gráfico: camento.
massa do A (D) deslocamento, síntese, dupla troca, adição e análise.
sistema
(E) síntese, dupla troca, simples troca, análise e adição.
C
B 04. Observe as equações químicas a seguir.
Com base nes- E
sas afirmações, D I. BaO + H2O Ba(OH)2
resolva: ∆
temperatura II. 2 NaHCO3 Na2CO3 + H2O + CO2
(A) Como pode ser explicada a diminuição da massa do II. Mg + 2 AgNO3 Mg(NO3)2 + 2 Ag
sistema no trecho AB?
(B) No trecho AB ocorreu uma reação química? Justi- As reações I, II e III classificam-se (respectivamente) em:
fique.
(C) Como pode ser explicada a diminuição de massa do (A) síntese, análise, simples troca.
sistema no trecho CD? (B) análise, síntese, dupla troca.
(D) Classifique a reação que ocorreu em um dos trechos. (C) simples troca, análise, síntese.
(D) dupla troca, simples troca, análise.
03. As equações químicas: (E) síntese, dupla troca, simples troca.

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 9


Química inorgânica
Capítulo 2: Reações químicas

Condições para a ocorrência de reações químicas


Introdução

Nem sempre ocorre reação química quando duas ou mais substâncias são misturadas. Para que ela
ocorra, é necessário satisfazer certas condições. O conhecimento dessas condições permitirá fazer previ-
sões sobre a ocorrência ou não de uma dada reação.
Assim, antes de completarmos o equacionamento de uma reação química, é necessário analisar se as
condições para a ocorrência dessa reação foram satisfeitas.
No caso das reações de simples troca (ou deslocamento), para que elas reações ocorram, é necessá-
rio que as substâncias simples sejam mais reativas do que o elemento da substância composta que será
deslocado.

A+XY AY + X

A é mais reativo que X


X foi deslocado por A

Essas substâncias simples, genericamente chamadas A, podem ser um metal ou um ametal, sendo que
as reatividades comparativas desses elementos foram determinadas experimentalmente e são conhecidas
por filas de reatividade dos metais e dos ametais.
Veja alguns exemplos de experimentos que permitem ter uma ideia dessas filas de reatividade.

• Reatividade dos metais: para comparar a reatividade de dois metais, por exemplo, o zinco (Zn) e o
cobre (Cu), podem-se realizar os seguintes experimentos:

• Lâmina de Cu em solução aquosa de ZnSO4;


• Lâmina de Zn em solução aquosa de CuSO4.
QUÍMICA

Figura 8. Reatividade dos metais.


Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.

Após um certo tempo:

Observando o resultado dos experimentos, pode-se concluir que no primeiro experimento não ocorreu
reação, o que significa que o cobre (Cu) não deslocou o zinco (Zn):

Cu(s) + ZnSO4(aq) → Não ocorre

No entanto, no segundo experimento, nota-se que a solução de sulfato de cobre, inicialmente azulada,
descoloriu-se, e surgiu um depósito de cobre sobre a lâmina de zinco, o que nos indica que o zinco (Zn)
deslocou o cobre (Cu).

Zn(s) + Cu SO4(aq) ZnSO4(aq) + Cu(s)

Assim, pode-se afirmar que o zinco é mais reativo que o cobre, pois é capaz de deslocá-lo:

Reatividade: Zn > Cu

Na reação em que o zinco deslocou o cobre, tanto o CuSO4(aq) quanto o ZnSO4(aq) são compostos iônicos
solúveis; logo, em solução, esses compostos encontram-se na forma dissociada.
Assim, a equação dessa reação pode ser representada por:
Zn(s) + Cu2+(aq) + SO2–4(aq) Zn2+(aq) + SO2–4(aq) + Cu(s)

lâmina solução solução depósito

10 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Química inorgânica
Capítulo 2: Reações químicas

Como se pode perceber pela equação, o ânion sulfato (SO2–4) não participa efetivamente da reação,
pois permanece inalterado durante o processo e, portanto, não existe a necessidade de representá-lo na
equação, que será demonstrada mais adequadamente da seguinte maneira:

Zn(s) + Cu2+(aq) → Zn2+(aq) + Cu(s)

Esta forma de representar a reação é conhecida por equação iônica.


Podemos também comparar a capacidade de alguns metais em deslocar o H de alguns ácidos. Para veri-
ficarmos essa reatividade dos metais, introduziremos lâminas de zinco, chumbo, cobre e ouro em soluções
aquosas iguais de ácido clorídrico (HCl).

Analisando os resultados, temos:

• Zn: observa-se grande efervescência.

Zn(s) + 2 HCl(aq) ZnCl2(aq) + H2(g)

• Pb: nota-se pequena efervescência.

Pb(s) + 2 HCl(aq) PbCl2(aq)+ H2(g)

• Cu e Au: não reagem com ácido clorídrico. Figura 9. Reações químicas com zinco, chumbo, cobre e ouro.
Fonte: USBERCO, Salvador, 2000, p.354.

Pode-se concluir que tanto o zinco (Zn) quanto o chumbo (Pb) são mais reativos que o hidrogênio, pois conse-
guem deslocá-lo e, ao mesmo tempo, conclui-se, pela intensidade da efervescência (H ) , que o zinco (Zn) é mais re-
2
ativo que o chumbo (Pb). No entanto, o cobre (Cu) e o ouro (Au) são menos reativos que o hidrogênio, por não serem
capazes de deslocá-lo.

Assim, através de uma série de experimentos semelhantes a esses, envolvendo vários metais e o hidro-
gênio, foi estabelecida a fila de reatividade dada a seguir:

QUÍMICA
K > Na > Li > Ca > Mg > Al > Zn > Fe > Ni > Pb > H > Cu > Hg > Ag > Pt > Au

Os metais menos reativos que o hidrogênio – Cu, Hg, Ag, Pt, Au – são denominados metais nobres. Essa
fila de reatividade pode ser expressa de maneira simplificada:

Consultando a fila de reatividade, pode-se prever a ocorrência ou não de uma reação de deslocamento.
O ouro, por exemplo, é um dos metais menos reativos que existe, não sendo atacado por ácidos isola-
dos. É atacado somente por uma mistura formada por três partes (volumes) de HCl e uma parte de HNO3,
conhecida como água régia.
A reação pode ser representada pela equação:

Au(s) + 3 HNO3(aq) + 4 HCl(aq) → HAuCl4(aq) + 3 H2O(l) + 3 NO2(g)

Reatividade dos ametais

A reatividade comparativa dos ametais pode ser determinada experimentalmente da mesma maneira
que a utilizada para os metais, ou seja, a reação envolvendo ametais irá ocorrer quando um ametal mais
reativo desloca outro ametal menos reativo.

Exemplo 1: ao misturarmos as duas soluções: água de cloro Cl2(aq) e iodeto de potássio Kl(aq), verifica-se
o aparecimento de uma coloração castanha, devido à formação de iodo (I2).

A reação ocorrida pode ser representada das seguintes maneiras:

Cl2(aq) + 2 KI(aq) → 2 KCl(aq) + I2(aq)

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 11


Química inorgânica
Capítulo 2: Reações químicas

Ou

Cl2(aq) + 2 K+(aq) + 2 I–(aq) 2 K+(aq) + 2 Cl–(aq) + I2(aq)

Cl2(aq) + 2 I–(aq) → 2 Cl–(aq) + I2(aq)

Como o cloro (Cl) deslocou o iodo (I), pode-se concluir que ele é mais reativo.
Através de outros experimentos semelhantes, envolvendo ametais, foi estabelecida uma fila de reativi-
dade para esses elementos:

Fila de reatividade dos ametais


F > O > Cl > Br > I > S > C

Utilizando somente a fila de reatividade dos ametais, pode-se prever a ocorrência ou não das reações.

Reatividade dos metais com água e bases

a) Metais e água: alguns metais conseguem reagir com a água, deslocando o hidrogênio e produzindo
gás hidrogênio e o hidróxido correspondente:

Me + H OH Me(OH) ++ HH22(g)

metal água hidróxido gás


hidrogênio

Exemplo: quando se adiciona um pedaço do metal sódio (Na) a um frasco contendo água e o indicador
fenolftaleína, observa-se que o pedaço de sódio se movimenta rápida e desordenadamente sobre a
superfície da água.
Esse tipo de reação ocorre com os metais alcalinos (Li, Na, K, Rb, Cs e Fr) e com alguns metais alcalino-
-terrosos (Ca, Sr, Ba e Ra). Essas reações podem ser equacionadas por:
2 Na(s) + 2 HOH(l) 2 NaOH(aq) +
+ HH22(g)
(g)

Ca(s) + 2 HOH(l) Ca(OH)2(aq) +


+ HH22(g)
QUÍMICA

(g)

Outros metais, como o magnésio (Mg), o ferro (Fe) e o zinco (Zn), também reagem com a água; porém,
essas reações só ocorrem com aquecimento, originando óxidos do metal e liberando gás hidrogênio:

Mg(s) + H2O(v) MgO(s) +
+ HH22(g)
(g)

3 Fe(s) + 4 H2O(v) Fe3O4(s) +
+ 44HH22(g)
(g)

Zn(s) + H2O(v) ZnO(s) +
+HH22(g)
(g)

Metais e bases

A maioria dos metais reage com ácidos, mas apenas alguns têm a capacidade de reagir tanto com
ácidos quanto com bases. Esses metais são o alumínio (Al), o zinco (Zn), o chumbo (Pb) e o estanho (Sn).
Ao reagirem com bases fortes, eles produzem sais não muito comuns e liberam gás hidrogênio.
Veja alguns exemplos:
2 Al(s) + 2 NaOH(aq) + 2 H2O 2 NaAlO2(aq) +
+ 33HH2(g)
2 (g)

aluminato de sódio

Zn(s) + 2 NaOH(aq) Na2ZnO2(aq) +


+HH22(g)
(g)

zincato de sódio

Pratique

01. Utilizando a fila de reatividade, complete as equações das reações que realmente ocorrem, representando-as
também na forma iônica:

(A) Cu + NiCl2. (B) Zn + NiSO4. (C) Zn + CuSO4. (D) Ni + CuSo4.


(E) Cu + AgNO3. (F) Al + AgNO3. (G) Zn + HCl. (H) Ag + HCl.

12 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Química inorgânica
Capítulo 2: Reações químicas

Pratique

02. O sistema a seguir mostra a ocorrência de reação mento mais reativo desloca outro de uma substân-
química entre um ácido e um metal, com liberação cia composta.
do gás X.
Um exemplo de reação de deslocamento, em que o cál-
cio desloca o hidrogênio, é apresentado a seguir:

Ca(s) + 2 HNO3(aq) → Ca(NO3)2(aq) + H2(g)

(A) Qual o nome do sal formado nessa reação?


(B) Por analogia, apresente a equação da reação em que
o alumínio desloca o hidrogênio do ácido clorídrico.

O gás X, liberado neste sistema, é o: 04. “Na reação de sódio metálico com água ocorre ...
e forma-se ...”. A alternativa que preenche correta-
(A) O2. mente a frase é:
(B) Cl2. (Equacione e balanceie a reação)
(C) O3.
(D) H2. (A) libertação de oxigênio, hidróxido de sódio.
(E) Ag. (B) fusão do sódio, óxido de sódio.
(C) eletrólise, hidreto de sódio.
03. Reações de deslocamento ou simples troca são (D) libertação de hidrogênio, hidróxido de sódio.
aquelas em que uma substância simples de um ele- (E) hidrólise, íons hidroxônio.

Condição de ocorrência das reações de dupla troca

Para que essas reações ocorram, é necessário que pelo menos um dos produtos, quando comparado
com os reagentes, apresente, no mínimo, uma das características a seguir:

• Seja mais fraco (menos ionizado ou dissociado);


• Seja mais volátil (passa com maior facilidade para o estado gasoso ou produz um gás);

QUÍMICA
• Seja menos solúvel (ocorre a formação de um precipitado).

No caso de formação de um produto mais fraco, devemos ter:

AB+XY X B + A Y,
Onde XB e/ou AY devem ser mais fracos, ou seja, menos ionizados que os reagentes.

Veja alguns experimentos em que essa condição pode ser verificada.

Exemplo 1: uma das reações de dupla troca mais comuns são as neutralizações, que ocorrem entre
ácidos e bases:

Ácido + Base → Sal + Água

Essas reações ocorrem porque a água formada está menos ionizada do que o ácido ou a base.
HCl(aq) + NaOH(aq) NaCl(aq) + H2O(l)

ácido base substância


muito muito pouco
ionizado dissociada ionizada

H+(aq) + Cl–(aq) + Na+(aq) + OH–(aq) Na+(aq) + Cl–(aq) + H2O(l)

H+(aq) + OH–(aq) H2O(l)

Geralmente, como esse tipo de reação não é perceptível a olho nu, adiciona-se um indicador ao ácido
ou à base para verificar a ocorrência da neutralização.
Acrescenta-se o indicador à solução básica, e a seguir goteja-se uma solução aquosa de ácido clorídri-
co, sob agitação, até a solução básica contendo o indicador se tornar incolor.

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 13


Química inorgânica
Capítulo 2: Reações químicas

Exemplo 2: outro exemplo de reação de dupla troca é a que ocorre quando são misturadas uma solução
aquosa de hidróxido de sódio (NaOH) e uma solução aquosa de sulfato de alumínio [Al2(SO4)3].
6 NaOH(aq) + 1 Al2(SO4)3(aq) 2 Al(OH)3(s) + 3 Na2SO4(aq)

base base
forte fraca

6 Na+(aq) + 6 OH–(aq) + 2 Al3+(aq) + 3 SO2–4(aq) 2 Al(OH)3(s) + 6 Na+(aq) + 3 SO2–4(aq)

6 OH–(aq) + 2 Al3+(aq) 2 Al(OH)3(s)

Essa reação é facilmente perceptível a olho nu, pois ocorre a formação de hidróxido de alumínio, uma
base insolúvel e, portanto, fraca, que se apresenta na solução na forma de flóculos, sendo este fenômeno
denominado floculação.
Uma reação muito semelhante a essa, na qual ocorre a formação de flóculos de hidróxido de alumínio,
é utilizada no tratamento de água nas grandes estações de tratamento e nas piscinas. Os flocos formados
envolvem as partículas sólidas presentes na água, arrastando-as para o fundo, de onde serão removidas.
No caso de formação de um produto mais volátil, devemos ter:

AB+XY X B + A Y,
Onde pelo menos um dos produtos deve ser mais volátil que os reagentes.

Uma das reações mais comuns que satisfaz essa condição ocorre quando se adiciona um ácido a um sal
do tipo carbonato (CO2–3) ou bicarbonato (HCO–3).
Um dos produtos formados é o ácido carbônico (H2CO3), muito instável e fraco, que se decompõe libe-
rando gás carbônico (CO2).
Essas reações podem ser genericamente representadas por:

• Ácido + Carbonato:

2 H+(aq) + CO2–3(aq) → CO2(g) + H2O(l)


QUÍMICA

• Ácido + Bicarbonato:

H+(aq) + HCO–3(aq) → CO2(g) + H2O(l)

Esse tipo de reação ocorre, por exemplo, quando se usa o bicarbonato de sódio (NaHCO3) para diminuir
a acidez estomacal, pois ele reage com o ácido clorídrico presente no estômago:

Na HCO3(aq) + H Cl(aq) NaCl(aq) + CO2(g) + H2O(l)


bicarbonato ácido cloreto gás água
de sódio clorídrico de sódio carbônico

Na+(aq) + HCO–3(aq) + H+(aq) + Cl–(aq) Na+(aq) + Cl–(aq) + CO2(g) + H2O(l)

HCO–3(aq) + H+(aq) CO2(g) + H2O(l)

O gás carbônico (CO2) produzido no estômago durante a reação precisará ser liberado, podendo provo-
car uma eructação conhecida popularmente por “arroto”.
Quando gotejamos, por exemplo, uma solução aquosa de ácido sulfúrico (H2SO4) a outra solução aquo-
sa de sulfeto de sódio (Na2S), essas substâncias reagem e liberam o H2S(g):
H2SO4(aq) + Na2S(aq) Na2SO4(aq) + H2S(g)
ácido fixo ácido volátil

2H +
(aq)
+ SO 2–
4(aq)
+ 2 Na +
(aq)
+S 2–
(aq)
2 Na+(aq) + SO2–4(aq) + H2S(g)

2 H+(aq) + S2–(aq) H2S(g)

14 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Química inorgânica
Capítulo 2: Reações químicas

A ocorrência dessa reação nem sempre é perceptível a olho nu, mas pode ser percebida pelo odor ca-
racterístico do H2S(g): ovos podres.
No caso de formação de um produto menos solúvel ou insolúvel, devemos ter:

AB+XY X B + A Y,
Onde pelo menos um dos produtos deve ser menos solúvel que os reagentes.

Um exemplo dessa reação pode ser observado quando misturamos duas soluções aquosas de nitrato de
chumbo [Pb(NO3)2] e iodeto de sódio (NaI):
Pb(NO3)2(aq) + 2 NaI(aq) PbI2(s) + 2 NaNO3(aq)
solúvel solúvel insolúvel
Pb2+(aq) + 2 NO3(aq) + 2 Na+(aq) + 2 I–(aq) PbI2(s) + 2 Na+(aq) + 2 NO–3(aq)

Pb2+(aq) + 2 I–(aq) PbI2(s)


precipitado

A ocorrência dessa reação é perceptível a olho nu, pois forma-se um precipitado.

_Catalisadores

Os catalisadores são substâncias que aumentam a velocida-


de de uma reação química sem serem consumidas por ela. Por
este mesmo fato, o catalisador não tem efeito sobre o equilíbrio
de uma reação: ele pode acelerar ou retardar a velocidade com a
qual uma reação atinge o equilíbrio, mas não afeta a composição
deste equilíbrio. Seu papel é oferecer uma rota mais rápida para o
mesmo destino. Para indicar a catálise da reação, colocamos aci-
ma da seta o elemento catalítico ( ∆ ).

Um exemplo bastante usual de reação catalisada é a decom- Figura 10. Gráfico da reação catalisada.
posição da água oxigenada, que sofre uma decomposição muito O catalisador afeta a reação já em pequenas quantidades, pois

QUÍMICA
como não é consumido, pode agir por muitas vezes. Ele é capaz
lenta em condições ideais do ambiente, formando gás oxigênio
de aumentar a velocidade de uma reação em ambos os sentidos
e água. dela, na mesma proporção, e por esta razão o equilíbrio da
mesma não é afetado.
H2O2 → O2 + H2O Fonte: https://www.infoescola.com/quimica/catalisadores/

Ao colocarmos a água oxigenada em um machuca- A catálise pode ser dividida em dois tipos:
do, pode-se observar uma efervescência no local. Essas
efervescência ocorre pela formação de gás oxigênio • Catálise Homogênea – ocorre quando o catalisador
rapidamente, ou seja, essa reação foi acelerada ao co- se encontra no mesmo estado físico dos reagentes,
locar a água oxigenada em contato com o machucado. ou seja. Por exemplo: para reagentes gasosos, o ca-
Isso ocorre porque o sangue contém um catalisador talisador também será um gás;
biológico para essa reação, chamado de catalase. A ca-
talase é uma enzima que está presente não apenas no • Catálise Heterogênea – ocorre quando o catalisador
sangue, mas em diversos outros materiais, como a ba- se encontra em estado físico diferente dos reagen-
tata por exemplo. tes. Os catalisadores heterogêneos mais comuns são
Em geral, o catalisador acelera a reação encontran- sólidos, como é o exemplo do catalisador dos auto-
do um caminho alternativo (um atalho), que em quí- móveis.
mica traduz-se como um mecanismo de reação dife-
rente, entre reagentes e produtos. Esse novo caminho Em algumas situações, é comum usar catalisadores
tem uma energia de ativação menor que a do caminho com o objetivo de diminuir a velocidade de uma reação.
original. Neste caso, chamamos o catalisador de veneno, pois
este irá retardar a velocidade de um processo.

Fixando conceitos

01. O que são reações químicas? Demonstre caracterizando-as.


02. Como são denominadas as substâncias utilizadas para permitir a visualização da ocorrência de reações de neu-
tralização?
03. Classifique as reações químicas conforme o que você estudou até aqui.
04. Quais são as condições para ocorrência das reações químicas?

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 15


Química inorgânica
Capítulo 2: Reações químicas

Pratique

01. No comércio, são vendidos alguns produtos desti- Mn(CH3COO)2(s)


350 ºC
MnO(s) + (CH3)2CO(g) + CO2(g)
nados a remover manchas de ferrugem [Fe(OH)3] de
peças de roupas; porém, a maioria das donas de
Certa massa do sal hidratado é aquecida nessas condi-
casa executa essa remoção usando suco de limão,
ções. Qual dos gráficos a seguir representa o que ocorre
que contém ácido cítrico, ou vinagre, que contém
com a massa (m) da frase sólida com o aumento da
ácido acético (H3C – COOH). Escreva a equação que
temperatura (t)?
representa a reação entre a ferrugem e o ácido
acético e justifique sua ocorrência.
m
02. Escreva as equações (comum e iônica) que repre-
sentam a reação ocorrida entre o cloreto de amô- (A)
nio (NH4Cl) e o hidróxido de sódio (NaOH). Justifi-
que a ocorrência dessa reação.
t
03. Equacione as reações de dupla troca, quando ocor- m
rem:

(A) Na2SO4 + CaCl2. (B)


(B) PbSO4 + NaCl.
(C) Na2CO3 + CaCl2. t
(D) AgNO3 + NaCl. m
(E) Na2S + AlCl3.

04. Pacientes que necessitam de raios X do trato intes- (C)


tinal devem ingerir previamente uma suspensão de
sulfato de bário (BaSO4). Esse procedimento per- t
mite que as paredes do intestino fiquem revestidas
m
pelo sulfato de bário, que é opaco aos raios X, per-
mitindo uma análise médica das condições do in-
testino. O sulfato de bário pode ser obtido mediante (D)
as seguintes reações:

(A) Ba(OH)2(aq) + H2SO4(aq). t


QUÍMICA

(B) BaCl2(aq) + Na2SO4(aq). m


(C) Ba(NO3)2(aq) + K2SO4(aq).
(E)
05. A decomposição térmica por aquecimento gradual
e contínuo (ao ar) do acetato de manganês (II) te-
traidratado, sólido, ocorre em duas etapas: t

Mn(CH3COO)2 · 4 H2O(s) Mn(CH3COO)2(s) + 4 H2O(g)


130 ºC

Referências
DE NOVAIS, Vera Lúcia Duarte; ANTUNES, Murilo Tissoni. VIVÁ – Química. 1ª ed., vol. 1, Curitiba: POSITIVO.
2016.
FARADAY, Michael. A História Química de uma Vela - As Forças da Matéria. Editora: Contraponto.
FARIAS, Robson Fernandes de. Para Gostar de Ler a História da Química. Editora: Átomo.
FELTRE, Ricardo. Fundamentos da Química. 4ª ed., vol. único, São Paulo: MODERNA. 2005.
FELTRE, Ricardo. Fundamentos da Química. 7ª ed., vol. único, São Paulo: MODERNA. 2008.
MACHADO, Sidio. Biologia: ciência e tecnologia. Vol. único, 1ª ed., São Paulo: SCIPIONE, 2009.
MARQUES, Júlio; PESARINI DA VEIGA, Priscila F. #ContatoQuímica. 1ª ed., vol. 1, São Paulo: QUINTETO, 2016.
USBERCO; SALVADOR, João; Edgard. Química Geral. Nona edição, Editora Saraiva - São Paulo - 2000.

16 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Química inorgânica
Capítulo 2: Reações químicas

Sessão ENEM

01. Para distinguir uma solução aquosa de ácido sulfú- 04. Quando se aproxima um frasco aberto de ácido clo-
rico de outra de ácido clorídrico, basta adicionar a rídrico concentrado de outro contendo hidróxido
cada uma delas: de amônio também concentrado, há a formação de
uma névoa branca. Essa névoa, que é formada por
(A) um pouco de solução aquosa de hidróxido de sódio. pequenas partículas sólidas suspensas no ar, tem
(B) um pouco de solução aquosa de nitrato de bário. fórmula:
(C) raspas de magnésio.
(D) uma porção de carbonato de sódio. (A) NH3.
(E) gotas de fenolftaleína. (B) HNO3.
(C) NH4Cl.
02. Nas reações químicas que ocorrem: (D) HCl.
(E) H2O.
I. nos flashes fotográficos descartáveis;
II. com o fermento químico para fazer bolos; 05. O sódio é um metal mole, de cor prateada, que re-
III. no ataque de ácido clorídrico ao ferro; age violentamente com água, como está equacio-
IV. na formação de hidróxido de alumínio usado no tra- nado a seguir:
tamento de água;
V. na câmara de gás, 2 Na(s) + 2 H2O(λ) → 2 NaOH(aq) + H2(g)

representadas, respectivamente, pelas equações: Esta reação química é identificada como:

I. 2 Mg + O2 → 2 MgO (A) adição.


II. NH4HCO3 → CO2 + NH3 + H2O (B) análise.
III. Fe + 2 HCl → FeCl2 + H2 (C) dupla troca.
IV. Al2(SO4)3 + 6 NaOH → 2 Al(OH)3 + 3 Na2SO4 (D) simples troca.
V. H2SO4 + 2 KCN → K2SO4 + 2 HCN, (E) neutralização.

indique a alternativa que corresponde a reações de de- 06. Adicionando-se soda cáustica a uma solução aquo-
composição: sa e concentrada de cloreto de amônio há despren-
dimento de vapores de:
(A) I e III.
(B) II e IV. (A) hidrogênio.
(C) I. (B) amônia.

QUÍMICA
(D) II. (C) oxigênio.
(E) V. (D) ozônio.
(E) cloreto de hidrogênio.
03. Colocando-se um frasco de ácido clorídrico junto
a outro de amônia e retirando-se as rolhas de am- 07. Com base nas propriedades funcionais das subs-
bos, nota-se a formação de fumaça branca intensa, tâncias inorgânicas, uma das reações a seguir não
constituída de cloreto de amônia (HCl + NH3 → NH- ocorre:
4
Cl). Esta experiência é um exemplo de:
(A) H3PO4 + 3 KOH → K3PO4 + 3 H2O
(A) síntese. (B) Cl2 + 2 NaBr → NaCl + Br2
(B) decomposição. (C) AgNO3 + NaOH → AgOH + NaNO3
(C) reação de substituição. (D) CaO + H2O → Ca(OH)2
(D) reação de dupla troca. (E) 2 NaNO3 + H2SO4 → 2 HNO3 + Na2SO4.
(E) sublimação.

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 17


Química inorgânica
Capítulo 2: Reações químicas

Praticando

01. No tratamento dos sintomas da acidez estomacal, (D) BaSO4 e NaCl.


emprega-se o hidróxido de alumínio, que neutraliza (E) Na2SO4 e BaCl2.
o excesso do ácido clorídrico produzido no estôma-
go. Na neutralização total, a quantidade de mols de 05. Considere que, ao final de um experimento, foi ge-
ácido clorídrico que reage com um mol de hidró- rado H2SO4 (ácido sulfúrico) como rejeito. Para o
xido de alumínio para formação do sal neutro cor- descarte adequado, o técnico de laboratório neutra-
responde a: lizou o ácido empregando uma base entre os com-
postos disponíveis em sua bancada, representados
(A) 2. na figura a seguir.
(B) 3.
(C) 4.
(D) 6.
(E) 8.

02. Observe a reação química a seguir e examine as


afirmativas a seguir.
Para determinar a quantidade de base necessária para
NaOH + H2SO4 → Na2SO4 + H2O neutralização, o técnico representou adequadamente a
equação de reação, observando como produtos K2SO4 e
I. Os coeficientes da reação balanceada são 2, 1, 1, 2. água. Após o ajuste da equação de reação, determine a
II. É uma reação de dupla-troca. soma dos menores coeficientes de balanceamento en-
III. É uma reação de neutralização ácido-base. contrados.
IV. Nos produtos da reação, além de água, temos um
ácido formado. (A) 3.
(B) 4.
É(são) verdadeira(s) a(s) assertiva(s) (C) 5.
(D) 6.
(A) I e IV. (E) 8.
(B) II e III.
(C) I, II e III. 06. A água é o principal componente do sangue. Não é
(D) II e IV. à toa que profissionais de saúde aconselham que se
(E) I, II, III e IV. beba 8 copos de água por dia. Assim, quanto mais
água ingerida, mais líquido vermelho corre nas
03. Um experimento consistiu em reagir 3 · 10–3 de alu-
QUÍMICA

veias. Isso aumenta o transporte de nutrientes por


mínio com solução aquosa de ácido clorídrico, con- todo o corpo, inclusive para o cérebro, que tem suas
forme esquema a seguir: funções otimizadas. Isso se dá não só porque o cé-
rebro recebe mais nutrientes por meio do sangue,
mas também porque certas reações químicas que
acontecem nele, entre elas, a formação da memó-
ria, também dependem da presença da água para
acontecer. A água atua como agente oxidante na
seguinte equação:

(A) 2NaCℓ + H2O Na2O + 2HCℓ.


(B) 3H2O + 2CO2 C2H6O + 3O2.
Depois de cessada a reação, observou-se que ainda (C) H2O2 + HNO2 HNO3 + H2O.
existia alumínio no fundo do frasco e que foram co- (D) 2Na + 2H2O 2NaOH + H2.
letados no tubo 3,36 · 10–3 L de gás. Considerando que (E) Na + 2H3O 2NaOH + H2.
não ocorreram perdas durante o experimento e que o
volume molar na condição do ensaio tenha sido 22,4 L 07. Nos seres vivos, as enzimas aumentam a velocidade
pode-se afirmar corretamente que o das reações químicas. Assinale com V (verdadeiro)
ou F (falso) as afirmações a seguir, referentes às
(A) alumínio é o agente limitante da reação. enzimas.
(B) gás coletado no tubo de ensaio é o cloro.
(C) experimento não ilustra a lei de Lavoisier. ( ) As enzimas têm todas o mesmo pH ótimo.
(D) HCl foi consumido na quantidade de 3 · 10–4 mol. ( ) A temperatura não afeta a formação do complexo
(E) alumínio é o agente oxidante da reação. enzima-substrato.
( ) A desnaturação, em temperaturas elevadas, acima
04. Volumes de soluções aquosas de cloreto de bário e da ótima, pode reduzir a atividade enzimática.
de sulfato de sódio de concentrações apropriadas ( ) A concentração do substrato afeta a taxa de reação
são misturados observando-se a formação de um de uma enzima.
precipitado. Os produtos formados na reação são:
A sequência correta de preenchimento dos parênteses,
(A) BaO e NaCl. de cima para baixo, é
(B) NaCl e BaCl2.
(C) BaCl2 e Na2O. (A) V – V – F – F.

18 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Química inorgânica
Capítulo 2: Reações químicas

Praticando

(B) V – F – V – F. quiométricos são 1:1:1:1.


(C) V – F – F – V.
(D) F – V – F – V. É(são) correta(s) a(s) assertiva(s):
(E) F – F – V – V.
(A) I, V e VI.
08. A cinética química é a área da química que trata (B) I.
das velocidades das reações. Analise os processos (C) I, III, IV e VI.
em relação à cinética química. (D) I, II, IV e V.
(E) V e VI.
I. Quando o carvão está iniciando a sua queima, as pes-
soas ventilam o sistema para que a queima se propague 11. As reações químicas podem ocorrer por adição, por
mais rapidamente. decomposição, por simples troca ou dupla troca.
II. Um comprimido efervescente se dissolve mais rapida- Observe as misturas feitas nos itens I a IV.
mente quando triturado.
I. KNO3(aq) + NaCl(aq)
Assinale a alternativa que contém os fatores que in- II. Cu(s) + ZnSO4(aq)
fluenciam as velocidades das reações químicas nos pro- III. FeCl3(aq) + NaOH(aq)
cessos descritos em I e II, respectivamente: IV. Ni(s) + CuSO4(aq)

(A) concentração, superfície de contato. Podemos afirmar que as reações que irão ocorrer por
(B) catalisador, concentração. dupla troca com formação de precipitado, e por simples
(C) temperatura, concentração. troca, respectivamente, são
(D) superfície de contato, catalisador.
(E) temperatura, catalisador. OBS.: quando necessário, adote os valores da tabela:

09. Reações químicas são mudanças na maneira que • módulo da aceleração da gravidade: 10 m/s-2
os átomos estão combinados, formando novas • calor latente de vaporização da água: 540 cal/g-1
substâncias, com novas propriedades. Como os • calor específico da água: 1,0 cal/g-1/ºC-1
átomos, moléculas e demais compostos são invisí- • densidade da água: 1 g/cm-3
veis a olho nu, recorremos às evidências perceptí- • calor específico do cobre: 0,094 cal/g-1/ºC-1
veis aos nosso sentidos para verificar a ocorrência • calor latente de fusão do cobre: 49 cal/g-1
ou não de uma transformação química. Indique a • temperatura de fusão do cobre: 1083 oC
alternativa que apresenta uma evidência de que • 1cal = 4,0 J.

QUÍMICA
está ocorrendo uma reação química: •π=3
• sen30o = 0,5
(A) Formação de montes de areia pela ação dos ventos • cos30o = 0,8
em dunas.
(B) Estalo que se ouve quando um pedaço de corda ten- (A) I e II.
sionada se rompe. (B) II e III.
(C) Mudança da cor de peças anatômicas humanas ao (C) I e III.
serem dissecadas. (D) III e IV.
(D) Liberação de vapor na água fervente. (E) I.
(E) Formação de serragem quando um marceneiro lixa
um pedaço de madeira. 12. A coagulação sanguínea é extremamente impor-
tante para a contenção de um sangramento no mo-
10. O ácido sulfúrico (H2SO4) é um dos produtos quími- mento de uma lesão na parede de um vaso sanguí-
cos de maior importância industrial, sendo utilizado neo. Trata-se de um processo complexo que envolve
em uma variedade de reações químicas, como as algumas reações químicas catalisadas por diferen-
mostradas a seguir: tes enzimas. Considerando todo o processo de co-
agulação sanguínea, assinale a alternativa correta.
A. H2SO4 (aq) + NaOH (aq) NaHSO4 (aq) + H2O (l)
B. H2SO4 (aq) + BaCl2 (aq) BaSO4 (s) + HCl (aq) (A) Os íons Ca++ e a vitamina A são indispensáveis ao
C. H2SO4 (aq) + (NH4) 2CO3 (aq) (NH4) 2SO4 (aq) + H2O processo de contenção de um sangramento, por isso de-
(l) + CO2 (g) vem estar presentes na alimentação (ou serem forneci-
dos via complementos).
Sobre essas reações, analise as proposições. (B) Os leucócitos liberam a enzima tromboplastina,
que catalisa a reação de conversão da protrombina em
I. A reação A é uma reação de neutralização, entre um trombina.
ácido forte e uma base forte. (C) O fibrinogênio é uma proteína presente na circula-
II. Os coeficientes estequiométricos para a reação B são ção sanguínea, o qual, sob o efeito da trombina junto
1:2:1:2 dos íons Ca++ é convertido em fibrina.
III. A reação B é uma reação de oxirredução e está balan- (D) A hemofilia é um doença hereditária relacionada
ceada corretamente. ao processo de coagulação, em que o acometido pos-
IV. A reação C é uma reação de precipitação. V. Os coefi- sui uma alta coagulabilidade, levando a sérios riscos de
cientes estequiométricos para a reação C são 1: 1: 1: 1: 1. formação de coágulos intravasculares.
VI. A reação A está balanceada e os coeficientes este- (E) O coágulo, depois de ser formado e ter estancado

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 19


Química inorgânica
Capítulo 2: Reações químicas

Praticando

o sangramento, deve ser desfeito pela ação da enzima (A) para que uma reação química ocorra, a energia de
protrombina, que restabelece o fluxo normal de sangue ativação é inferior à energia do estado de transição da
no vaso sanguíneo. reação em curso.
(B) a etapa determinante da velocidade de uma reação
13. Para que uma reação química aconteça, as molé- será a etapa que ultrapassa em velocidade todas as
culas dos reagentes devem colidir com geometria etapas da reação.
favorável e devem possuir energia suficiente. Se es- (C) para uma reação genérica A → B, de primeira or-
sas duas condições forem atingidas ocorrerá a for- dem, a velocidade com que A forma a substância B é
mação do complexo ativado, o qual corresponde a dada por v = k [A].
um estado de transição. Existem vários fatores que (D) em uma reação química de ordem zero, a velocida-
influenciam na rapidez das reações, por exemplo, de de formação do produto independe da concentração
a superfície de contato e a temperatura. O gráfico inicial do reagente.
mostra a variação da energia cinética das molécu- (E) os catalisadores atuam aumentando a energia de
las em baixa e alta temperatura. ativação das reações, aumentando as velocidades das
reações químicas.

15. Os elementos químicos hidrogênio e oxigênio estão


presentes em todos os seres vivos. A combinação
destes elementos pode formar a água, fundamental
para a vida, assim como a água oxigenada, tóxica
para as células. As equações químicas a seguir são
Sobre a influência do exemplos de reações que ocorrem em seres vivos e
aumento da tempera- que envolvem os elementos hidrogênio e oxigênio.
tura para a formação
do complexo ativado 1. água → oxigênio + íons de hidrogênio.
e na rapidez das rea- 2. água oxigenada → água + gás oxigênio.
ções químicas foram 3. oxigênio + íons de hidrogênio → água.
feitas as afirmações a
seguir: As reações químicas 1, 2 e 3 ocorrem, respectivamente,
em
I. Com o aumento da temperatura, um maior número de
moléculas irá possuir energia suficiente para atingir o (A) cloroplastos, peroxissomos e mitocôndrias.
estado de ativação. (B) peroxissomos, mitocôndrias e cloroplastos.
QUÍMICA

II. O aumento da temperatura aumenta o número de co- (C) mitocôndrias, peroxissomos e cloroplastos.
lisões entre as moléculas dos reagentes e, consequen- (D) mitocôndrias, cloroplastos e peroxissomos.
temente, aumentam os choques não eficazes e os efi- (E) cloroplastos, mitocôndrias e peroxissomos.
cazes.
III. Para que ocorra a formação do complexo ativado, as 16. Um belo exemplo de como a química está presente
moléculas dos reagentes devem possuir uma quantida- em todo lugar são os vaga-lumes, nos quais ocorre
de de energia no mínimo igual à energia de ativação e, uma reação química do tipo bioluminescente que
portanto, o aumento de temperatura favorece a forma- “acende” seus corpos, produzindo um lindo efei-
ção do complexo ativado. to com a participação do oxigênio que age como
IV. A formação do complexo ativado ocorre apenas em agente oxidante e, dessa forma, uma reação de oxi-
reações endotérmicas. dação redução é responsável pela emissão de luz.
As afirmativas corretas são: Atente ao que se diz a esse respeito:

(A) I. I. Em uma reação de oxidação-redução, todos os átomos


(B) I e II. passam por variação do número de oxidação.
(C) I, II, e III. II. Geralmente não há oxidação sem redução e vice-ver-
(D) I, II, III e IV. sa.
(E) I e IV. III. As reações de dupla troca são de oxidação-redução.
IV. As reações de combustão (queima na presença de
14. Atualmente, o estudo cinético de reações químicas oxigênio) são também processos redox.
é de fundamental interesse no campo industrial, V. Os termos oxidante e redutor costumam referir-se às
nas áreas da saúde (sistemas biológicos e bioquí- espécies químicas, e não somente a determinado áto-
micos) e em muitos outros campos. A otimização de mo.
parâmetros experimentais, como concentração das
substâncias participantes, variação de temperatura Está correto o que se afirma somente em
de reação e uso de catalisadores, resulta na redução
do tempo de reação, economia de reagentes e ma- (A) II, IV e V.
ximização da formação de produtos, tornando os (B) I, II e III.
processos produtivos cada vez mais competitivos, (C) I, III, IV e V.
além de minimizar a produção de resíduos, contri- (D) II, III e IV.
buindo, assim, para o meio ambiente. (E) I e V.

De acordo com a cinética química,

20 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Química inorgânica
Capítulo 2: Reações químicas

Praticando

17. As reações químicas chamadas de reações de oxir- obtenção industrial do ácido sulfúrico mostradas a
redução são aquelas em que ocorre transferência seguir:
de elétrons entre as espécies químicas envolvidas
no processo. Elas são fundamentais em nossa so- I. FeS + O2 → Fe + SO2
ciedade, pois, em muitos casos, estão envolvidas em II. 2 SO2 + 2 O2 → 2 SO3
processos essenciais para o desenvolvimento tec- III. SO3 + H2O → H2SO4
nológico, em processos eletroquímicos, em estudos
envolvendo a poluição, nas indústrias siderúrgicas, (A) Dupla troca, síntese, síntese.
no processo de fotossíntese e na produção de pilhas (B) Dupla troca, análise, análise.
e baterias que utilizamos cotidianamente, apenas (C) Síntese, simples troca, dupla troca.
para citar alguns exemplos. Sobre os processos de (D) Simples troca, análise, análise.
oxirredução, assinale a alternativa correta. (E) Simples troca, síntese, síntese.

(A) A água oxigenada (H2O2) pode ser utilizada para 21. Fazendo-se a classificação das reações a seguir:
desinfetar ferimentos. Ao entrar em contato com o fe-
rimento, esse peróxido sofre uma decomposição for- (I) CuSO4 + 2NaOH → Cu(OH)2 + Na2SO4
mando água e gás oxigênio. O gás oxigênio, por sua (II) Cu(OH)2 → CuO + H2O
vez, sofre um processo de redução em seu número de (III) Zn + 2AgNBaCO3 → 2Ag + Zn(NBaCO3)2
oxidação. (IV) NH3 + HCl → NH4Cl
(B) Na decomposição do peróxido de hidrogênio, essa
substância atua simultaneamente como agente oxidan- A ordem correta é:
te e agente redutor.
(C) Pelo processo de Ostwald, pode-se obter industrial- (A) Decomposição, simples troca, dupla troca, adição.
mente o ácido nítrico (HNO3). A última etapa do pro- (B) Dupla troca, adição, simples troca, análise.
cesso envolve a reação: 3 NO2(g) + H2O(l) → 2 HNO3(aq) + (C) Dupla troca, análise, deslocamento, síntese.
NO(g). Nessa reação, o hidrogênio sofre oxidação. (D) Deslocamento, análise, dupla troca, adição.
(D) Na fotossíntese realizada pelas plantas e repre- (E) Dupla troca, decomposição, síntese, simples troca.
sentada pela equação: 6 CO2(g) + 6 H2O(l) + energia →
C6H12O6(aq) + 6 O2(g), o oxigênio sofre uma redução e atua 22. Nem todos os compostos classificados como sais
como agente redutor. apresentam sabor salgado. Alguns são doces, como
(E) Se uma lâmina de zinco for colocada dentro de um os etanoatos de chumbo e berílio, e outros são
recipiente contendo uma solução aquosa de nitrato de amargos, como o iodeto de potássio, o sulfato de
cobre [Cu(NO3)2], a tendência é que o íon Cu2+ seja oxi- magnésio e o cloreto de césio.

QUÍMICA
dado pelo metal zinco.
As fórmulas dos compostos que, ao reagirem por neu-
18. O equilíbrio químico pode ocorrer quando, em uma tralização, podem formar o etanoato de berílio são:
reação química, reagentes se combinam e formam
produtos e, ao mesmo tempo, os produtos reagem (A) CH3COOH, BeOH.
e formam os reagentes. Tais reações são denomina- (B) CH3COOH, Be(OH)2.
das de reversíveis. (C) CH3CH2COOH, BeOH.
(D) CH3CH2COOH, Be(OH)2.
São exemplos de reações químicas reversíveis: (E) CH2Be(OH)3

(A) Oxidação de uma barra de ferro. 23. Em diversos países, o aproveitamento do lixo do-
(B) Reações em lentes fotocromáticas. méstico é quase 100%. Do lixo levado para as usinas
(C) Digestão de alimentos. de compostagem, após a reciclagem, obtém-se a
(D) Adição de vinagre ao leite. biomassa que, por fermentação anaeróbica, produz
(E) Reação de combustão. biogás. Esse gás, além de ser usado no aquecimento
de residências e como combustível em veículos e
19. No filme fotográfico, quando exposto à luz, ocorre indústrias, é matéria prima importante para a pro-
a reação: dução das substâncias de fórmula H3C-OH, H3C-Cl,
2 AgBr → 2 Ag + Br2 H3C-NO2 e H2, além de outras.

Essa reação pode ser classificada como: Do texto, conclui-se que o lixo doméstico:

(A) pirólise. (A) nunca é aproveitado, pois requer para isso grande
(B) eletrólise. gasto de energia.
(C) fotólise. (B) pode ser considerado como uma fonte alternativa
(D) síntese. de energia.
(E) simples troca. (C) na produção de biogás, sofre fermentação em pre-
sença do oxigênio do ar.
20. O consumo de ácido sulfúrico pode ser utilizado (D) após fermentar, sofre reciclagem.
como um indicador do desenvolvimento de um país. (E) na fermentação, produz nitrometano.
Industrialmente, esse ácido pode ser obtido a par-
tir da pirita de ferro, que consiste basicamente em 24. A contaminação ambiental tem sido uma fonte de
sulfeto ferroso (FeS). Classifique as equações de problemas e doenças em diversas comunidades. Um

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 21


Química inorgânica
Capítulo 2: Reações químicas

Praticando

relatório aponta a contaminação de pelo menos 150 odor. A obtenção de um álcool saturado, a partir do
pessoas em Paulínia, São Paulo. Dezoito delas apre- 3-cis-hexenol, é possível através de uma reação de
sentaram tumores no fígado e na tireoide. Todas
teriam sido contaminadas por substâncias usadas (A) oxidação.
na fabricação de pesticidas. Dr. Anthony Wong, pe- (B) redução de carbonila.
diatra e diretor do Centro de Assistência de Toxico- (C) hidrogenação.
logia, do Hospital das Clínicas da Universidade de (D) esterificação.
São Paulo, afirma que a intenção não é criar pânico (E) substituição por halogênio.
na população, mas é necessário ter muita cautela,
porque há substâncias, como o benzeno, cloro- 26. Indústrias farmacêuticas estão investindo no arran-
benzeno e metil-etilcetona (butanona), perigosas jo espacial dos átomos nas moléculas constituin-
para mulheres grávidas, crianças e idosos, que são tes dos princípios ativos de seus medicamentos, de
os mais vulneráveis. Além disso, vapores tóxicos do forma a torná-los mais efetivos no tratamento de
clorobenzeno afetam o rim e o fígado. Fez, ainda, moléstias, podendo alterar ou inativar determina-
um outro alerta: as pessoas não sentem o cheiro da função biológica. Já estão sendo liberados no
porque a sua concentração na fase gasosa é peque- mercado produtos resultantes dos mais avançados
na. Ambientalistas lutam para que o índice ideal de centros de pesquisa. Com isso, os atuais genéricos
exposição ao benzeno seja 0,1ppm. estão-se tornando meros coadjuvantes de novas
tecnologias, como a “estereosseletividade”, que já
A respeito do hidrocarboneto e do derivado halogenado é dominada por alguns laboratórios de pesquisa
(haleto de arila) mencionados no texto, são feitas as se- farmacêutica. Um exemplo é o fármaco conheci-
guintes afirmações: do como clorazepate, genérico do racemato, pois
a produção de um dos enantiômeros puros desse
I - Ambos apresentam cadeias carbônicas aromáticas; mesmo fármaco já é resultado da tecnologia de
II - Partindo-se de uma delas, é possível obter-se o ou- “estereosseletividade”. Uma reação em que o pro-
tro por reação de adição nucleofílica com cloreto de duto orgânico formado apresenta as características
hidrogênio, em presença de cloreto férrico como cata- estereoquímicas abordadas no texto ocorre na:
lisador;
III - Ambos reagem com haleto de acila, em presença (A) hidrólise do 2-bromo-metil-propano.
de cloreto de alumínio como catalisador, produzindo di- (B) hidratação do propeno catalisada por ácido.
retamente ácidos carboxílicos e cloreto de hidrogênio; (C) desidratação intramolecular do etanol em presença
IV - É possível obter-se uma delas a partir da trimeri- de ácido sulfúrico.
zação catalisada do gás resultante da adição de água (D) reação entre o etanoato de propila e a amônia.
QUÍMICA

ao CaC2. (E) reação do etanal com o cloreto de etil-magnésio,


seguida de hidrólise.
São corretas as afirmações:
27. Examine as afirmações sobre compostos orgânicos
(A) I e IV. oxigenados:
(B) I e III.
(C) I e II. I. Os álcoois contêm o grupo hidroxila, ligado a um ra-
(D) II e III. dical alquila.
(E) III e IV. II. Os álcoois podem ser preparados a partir de alcenos
por reação de desidratação.
25. Os recursos hídricos podem ser considerados sob III. O glicerol é um álcool que tem somente dois grupos
três aspectos distintos: como elemento físico da hidroxilas.
natureza, como ambiente para a vida e como fa- IV. Éteres são moléculas orgânicas que contém um áto-
tor indispensável à vida na Terra. A água usada no mo de oxigênio covalentemente ligado a dois radicais
abastecimento de comunidades humanas requer de hidrocarbonetos.
padrões de qualidade. Assim, ela não deve apre- V. Os éteres são relativamente estáveis quimicamente,
sentar sabor, odor e aparência desagradáveis, bem mas podem se oxidar formando peróxidos explosivos.
como não deve conter substâncias nocivas e mi-
crorganismos patogênicos. O tratamento conven- São verdadeiras:
cional para obtenção de água potável utiliza méto-
dos tais como aeração, pré cloração, carvão ativado (A) I, II, III, IV e V.
e outros, a fim de remover substâncias que causam (B) I, III, IV e V.
odor e sabor nos suprimentos públicos de água, de- (C) III, IV e V.
correntes da atividade industrial, esgotos domésti- (D) I, IV e V.
cos, gases dissolvidos, matéria mineral dissolvida e (E) IV.
algas. Assim, nas águas com ferro (+2) e manganês
(+2), formam-se óxidos amarronzados que alteram
a cor e sabor dessas águas, enquanto que o gás sul-
fídrico (sulfeto de hidrogênio) lhes altera o sabor e
o odor. Substâncias orgânicas, como, por exemplo,
os compostos 2-trans-6-cis-nonadienal e 3-cis-
-hexenol produzidos por algas, em níveis muito bai-
xos (nanograma/L), causam alterações no sabor e

22 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


3 Cálculo
estequiométrico

Princípios estequiométricos na cozinha


Está consolidado o conceito de que a Química estuda, principalmente, as reações que
ocorrem ao se misturar duas ou mais substâncias (reagentes) para produzir outras
substâncias, chamadas de produtos.
Mas quanto de cada reagente deve ser usado para se obter a quantidade de produto
desejado? Esse é justamente o objeto de estudo da estequiometria.
Utilizamos o cálculo estequiométrico quando desejamos descobrir a quantidade de
determinadas substâncias envolvidas numa reação química, reagentes e/ou produtos.
Originada de dois vocábulos gregos (stoikheion = elemento ou substância) e (metron =
medida), a estequiometria é de grande importância em nosso cotidiano, visto que toda
a reação química que ocorre (seja na cozinha de nossas casas, em laboratórios ou nas
indústrias) segue uma “receita” nas condições preestabelecidas.
Ao preparar um bolo, por exemplo, é necessário seguir à risca a sua receita, a fim de que
dê certo. Se aumentarmos ou reduzirmos qualquer dos ingredientes, o bolo pode solar.
Assim é com as reações químicas: uma quantidade errada deste ou daquele elemento
químico pode arruinar toda a reação e trazer prejuízos.
Mas atenção! Aqui está uma diferença para as receitas de bolo: enquanto nas receitas
nós geralmente trabalhamos com massa (gramas), na Química nós trabalhamos com
mol, e é em mol que devemos considerar os resultados da reação.
De uma maneira geral, podemos seguir os seguintes passos para resolver um exercício
de cálculo estequiométrico:

1º Escrever a equação química;


2º Balancear a reação química;
3º Passar para número de mols a grandeza da substância dada no enunciado;
4º Determinar quantos mols serão necessários da substância pedida no enunciado atra-
vés dos coeficientes estequiométricos da reação;
5º Caso necessário, transformar de número de mols da substância pedida para a gran-
deza especificada no enunciado.

Lei nº 9.610/98.
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Sumário
Leis e cálculos estequiométricos_03
O cálculo estequiométrico_04
Grau de pureza_05
Rendimento_06
Casos gerais de cálculo estequiométrico_06
Casos particulares de cálculo estequiométrico_12
Referências_18

Qui. _Contexto

01. De acordo com o texto, a estequiometria pode ser observada em situações rotineiras, como quando
cozinhamos baseado em alguma receita. Discuta com os seus colegas de turma e indique outros
possíveis exemplos de cálculo estequiométrico visível em situações corriqueiras.

02. Como é possível realizar o cálculo estequiométrico?


03. De acordo com as regras propostas na leitura inicial (o passo a passo para realizar o cálculo es-
tequiométrico), calcule a quantidade de mols de NaOH (hidróxido de sódio) necessária para reagir
com 5 mols de H2SO4.

04. A hidrazina (N2H4) e o peróxido de hidrogênio (H2O2) são utilizados como propelentes de foguetes.
Eles reagem de acordo com a equação:

7 H2O2 + N2H4 → 2 HNO3 + 8 H2O

Quando forem consumidos 3,5 moles de peróxido de hidrogênio, a massa, em gramas, de HNO3 formada
será de:

(A) 3,5.
(B) 6,3.
(C) 35,0.
(D) 63,0.
(E) 126,0.
Estequiometria
Capítulo 3: Cálculo estequiométrico

Estequiometria
Leis e cálculos estequiométricos
Introdução

Quando desejamos descobrir a quantidade de determinadas substâncias envolvidas numa reação quími-
ca, recorremos ao chamado cálculo estequiométrico. O cálculo estequiométrico estabelece relações entre
as quantidades de reagentes e as quantidades de produtos da reação química. Dessa forma, sabe-se quanto
de produto será utilizado em uma reação e quanto de produto será formado.
Para facilitar o entendimento, considere aquela tradicional receita de bolo de cenoura da vovó. Para o
preparo da receita, além do modo de preparo correto, são indicadas as quantidades específicas de cada
ingrediente (3 cenouras, 4 ovos, 1/2 xícara de óleo, 2 xícaras de açúcar, 2 e 1/2 xícaras de farinha de trigo e 1
colher de fermento químico em pó). Se tal proporção não for respeitada, o bolo pode dar errado, mas com
o modo de preparo certo e os ingredientes quantificados, não tem erro.
Em Química, o cálculo que envolve a proporção de fórmulas de reagentes e produtos (o cálculo estequio-
métrico) serve como uma "receita" de bolo. Ele guia o curso da reação que se pretende conseguir.
Vamos observar a reação química de combustão do carvão:
C(carvão)(s) + O2(g) → CO2(g)
1 fórmula 1 molécula 1 molécula

Nessa reação, observamos que há 1 mol de carbono (carvão) reagindo com 1 mol de gás oxigênio, produ-
zindo 1 mol de dióxido de carbono. Para obter o dobro da quantidade de dióxido de carbono, deve-se dobrar
as quantidades de carbono e de gás oxigênio usadas na reação. Percebemos então que é o mesmo princípio
do bolo de cenoura: para fazer dois bolos, dobra-se a quantidade de todos os ingredientes envolvidos na
receita.
Vamos analisar mais um exemplo, a reação de síntese da amônia. A estequiometria dessa reação mostra
que três mols de gás hidrogênio reagem com um mol de gás nitrogênio, produzindo dois mols de amônia.
3 H2(g) + N2(g) → 2 NH3(g)
3 moléculas 1 molécula 2 moléculas
Assim, nessa reação, é possível afirmar que a proporção estequiométrica (em quantidade de mol) de hi-
drogênio: nitrogênio: amônia é de 3 : 1 : 2, pois são necessários três mols de gás hidrogênio para a produção
de dois mols de amônia.
Para resolvermos um exercício estequiométrico, precisamos da equação do fenômeno perfeitamente

QUÍMICA
balanceada, pois os coeficientes vão nos dar as proporções em mols. Iremos pegar a dúvida proposta
pelo exercício, “encaixar” abaixo das substâncias questionadas e então vamos comparar a dúvida com a
certeza que está no balanceamento da equação. Quando expressamos uma quantidade em mols indireta-
mente, podemos expressar mol em moléculas, em gramas ou em litros, pois temos que: 1 mol = 6,02 · 1023
Moléculas = Mg/mol = 22,4L (gás, nas CNTP).

A Lei de Lavoi-
sier encontra
lugar no cálculo
estequiométrico
A importância de realizar o cálculo estequiométrico reside em economizar as quantidades de reagentes
ao disciplinar
(a chamada economia de átomos) por dois motivos fundamentais: reduzir os custos de produção e econo- que numa reação
mizar os recursos da natureza. Certamente, esses cálculos “de previsão” devem se basear em conhecimen- química em um
tos do passado e de uma série de dados relacionados ao que se está planejando. Como exemplo, podemos sistema fechado,
considerar que: a soma das mas-
sas dos reagentes
é igual à soma
• uma nova ponte é planejada com dados de pontes idênticas já construídas e com o conhecimento da das massas dos
resistência do concreto, dos cabos de aço etc.; produtos ("na
• um avião é abastecido com base no conhecimento da quantidade de combustível que gasta por hora natureza nada
se cria, nada se
de voo;
perde, tudo se
• o cálculo estequiométrico é baseado nas leis ponderais e volumétricas das reações (especialmente na transforma").
lei das proporções constantes) e em várias grandezas, como massa molar, volume molar, constante de
Avogadro etc.

Fixando conceitos

01. Explique a relação da estequiometria com o dia a dia das pessoas no mundo.
02. Quais procedimentos devemos adotar para realizar o cálculo estequiométrico?

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 3


Estequiometria
Capítulo 3: Cálculo estequiométrico

O cálculo estequiométrico
Mol e massa molar

Entendemos então que a estequiometria se trata de cálculos que envolvem a quantidade das substân-
cias de uma reação química. Em uma reação química, os números que aparecem na frente das substâncias
são denominados coeficientes estequiométricos.

Figura 1. O cálculo ao redor do mundo.


Cálculos são necessários para o funcionamento dos motores a combustão (a mistura ar + combustível); uma ponte, antes de se iniciar sua construção, requer
muitos cálculos dos seus projetistas; um avião, para ser abastecido para voar determinada rota, calcula a distância que pode cobrir com os taques cheios etc.

Fonte: Dinamus Sistema de Ensino.

Para resolver um problema estequiométrico, nós precisaremos:

• ler e interpretar o problema: nele você vai encontrar dados sobre duas
substâncias que estão na reação química. Das substâncias citadas no
problema, vamos utilizar os coeficientes estequiométricos;

• construir uma fração (se o problema não a sugerir), em que o nu-


merador é o coeficiente estequiométrico da substância citada no pro-
blema;

• inserir no denominador as quantidades citadas no problema;

• fazer as possíveis transformações necessárias;

• calcular a variável do problema.


QUÍMICA

Exemplos: dada a seguinte reação: N2 + 3H2 → 2NH3, responda:

a) Quantos mols de N2 reage com 2 mols de H2?


b) Quantos mols de NH3 são produzidos com 2 mols de H2?
c) Que massa de N2 reage com 2 mols de H2?
Figura 2. Comprimidos efervescentes. d) Que massa de NH3 são formados com 56 g de N2?
Este simples exemplo do cotidiano pode ser utilizado para
explicar a estequiometria: ao efervescer, o comprimido produz e) Que massa de H2 produz 34 g de NH3?
dióxido de carbono (CO), que permitirá (ao descobrirmos a massa f) Quantos litros de H2 são necessários para formar 2mols de NH3?
produzida) determinar o teor de bicarbonato de sódio (NaHCO3)
g) Quantos litros de N2 são necessários para formar 67,2 L de NH3?
presente na reação.

Fonte: http://medicinaemcasa.com Para efetuar os cálculos estequiométricos, precisaremos saber o que é


mol (e quanto vale) e o que é massa molar.

No cotidiano, várias mercadorias são vendidas “em conjunto” ou “por atacado”. Normalmente não se
compra UM ovo, mas sim uma DÚZIA de ovos; não se compra UMA folha de papel, mas uma RESMA de
folhas de papel (500 folhas); não se compra UM tijolo, mas um MILHEIRO de tijolos (mil tijolos), e assim
por diante.
Em química, ocorre algo semelhante. O átomo é tão pequeno que é muito difícil “trabalhar” com UM só
átomo. Mesmo uma dúzia, uma resma, um milheiro de átomos são quantidades extremamente pequenas.
Os químicos procuraram então uma quantidade de átomos que pudesse ser “pesada” em balanças comuns.
A escolha mais lógica foi considerar o número (N) de átomos contidos em 12g de carbono–12 (1 átomo de
carbono–12 pesa 12 u (unidade de massa atômica), então N átomos de carbono–12 pesam 12g).
A esse conjunto de N partículas foi dado o nome de mol. A definição oficial de mol, segundo o Sistema
Internacional de Medidas (SI) é “a quantidade de matéria de um sistema que contém tantas entidades ele-
mentares quantos átomos existem em 0,012kg de carbono–12”.
A palavra mol, introduzida na química por Wilhem Ostwald em 1896, vem do latim mole, que significa
“monte”, “amontoado” ou “quantidade”. Deste termo também teve origem a palavra “molécula”, significan-
do “pequena quantidade”.
Mas, afinal, quanto vale esse número N que utilizamos para chegar ao conceito de mol? Hoje sabemos
que seu valor é (aproximadamente) 602.000.000.000.000.000.000.000 (ou, abreviadamente, 6,02 · 1023 par-
tículas/mol). A este valor foi dado o nome de constante de Avogadro, em homenagem ao químico italiano
Amedeo Avogadro.

4 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Estequiometria
Capítulo 3: Cálculo estequiométrico

A massa molar (M), outro termo que precisamos conhecer antes de realizar cálculos estequiométricos,
é a massa, em gramas, de um mol da substância (ou elemento) em análise.
Usualmente, as quantidades das substâncias, dos elementos, íons etc. são dadas em gramas (ou quilo-
gramas, toneladas etc.). Entretanto, todos os cálculos químicos simplificam-se se usarmos as quantidades
de matéria na sua unidade específica – mol.
Torna-se então muito importante aprendermos a transformação de gramas em mols. Vejamos:

• Quantos mols correspondem a 88g de dióxido de carbono (CO2)? (massas atômicas: C = 12; O = 16).

1 - 44g de CO2 correspondem a 1 mol de CO2.

2 - 88g de CO2 correspondem a n mols de CO2.

Assim,

Para transformar a massa de gramas para mols, podemos utilizar a seguinte fórmula:

Fixando conceitos

01. Até aqui, você saberia responder o que é estequiometria?


02. Elenque o "passo a passo" do cálculo estequiométrico.
03. Em qual unidade de medida as moléculas são representadas?
04. Explique o que é mol e massa molar.
05. Calcule o número de mols correspondente a 100g de cálcio (massa atômica Ca = 40).

Grau de pureza
Entre os compostos químicos avaliados, encontraremos substâncias puras e impuras (ou misturas).

QUÍMICA
O grau de pureza expressa uma porcentagem que se refere a uma substância que se encontra em meio
a outras. É rotina dos laboratórios químicos trabalhar este tipo de operação estequiométrica.
Para explicar melhor, vejamos o seguinte caso:

• o mineral calcário é uma substância impura, pois é formado por várias outras substâncias, tais como
a sílica, as argilas, os fosfatos, o carbonato de magnésio, o gipso, a glauconita, a fluorita, os óxidos de
ferro e magnésio, os sulfetos, a siderita, a dolomita e matéria orgânica, entre outros. Porém, a subs-
tância em maior quantidade no calcário é o carbonato de cálcio (CaCO3). Assim, quando nos referirmos
ao carbonato de cálcio de uma amostra de calcário estamos mencionando a pureza do calcário, pois o
carbonato é a principal substância deste mineral.

Exemplos:

• Uma amostra de 250 g de calcário apresenta 200g de carbo-


nato de cálcio. Qual o grau de pureza em CaCO3? Qual o grau
de impureza?

• Determine a massa de CO2 produzida pela decomposição de


80 g de calcário cujo grau de pureza é 75 % de CaCO3. (Ca =
40; C = 12; O = 16)

CaCO3 → CaO + CO2

• Um químico dispõe de 200 g de uma amostra de blenda com


80% de pureza em sulfeto de zinco (ZnS). Calcule o volume de
SO2. (S = 32; O = 16; Zn = 65)

ZnS + O2 → ZnO + SO2. Figura 3. Fragmento de blenda.


Blenda (do alemão blender = enganar) é um mineral composto por sulfeto de
zinco (ZnS). Recebe este nome por se parecer muito com a galena, podendo
• Em 200g de um certo minério apresenta 50% de pureza em
ser facilmente confundida. Também chamada de esfarelita, é o principal
Mg. Segundo a reação a seguir qual o volume de H2 forma- minério de zinco.
do?(Mg = 24; H = 1; Cl = 35,5)
Fonte: http://www2.montes.upm.es

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 5


Estequiometria
Capítulo 3: Cálculo estequiométrico

• Quantas toneladas de óxido de cálcio (CaO) serão produzidas através da decomposição de 100 tonela-
das de carbonato de cálcio com 90% de pureza? (Ca = 40u; O = 16u; C = 12u; 1Tonelada = 106 g).

CaCO3 → CaO + CO2


• 200g de calcário com 80% de pureza em CaCO3 foram submetidos a aquecimento segundo a equação:

CaCO3 → CaO + CO2

• Qual a massa de gás carbônico obtida?

Fixando conceitos

01. É correto afirmar que todas as substâncias são puras? Explique.


02. O que é grau de pureza em estequiometria?
03. Em 200g de calcário encontramos 180g de CaCO3 e 20g de impurezas. Qual o grau de pureza do calcário?

Rendimento
Na indústria química é muito comum querer saber “quantos por cento” o produto final rendeu. Neste
tópico iremos tratar do rendimento de uma reação química. Veja o seguinte exemplo:

• Carol acordou com aquele desejo de comer docinhos de chocolate, o famoso brigadeiro. Foi até a
dispensa e, por sorte, deu logo de cara com uma lata de chocolate, pronto para ser consumido. Mas o
desejo dela era pegar aquele docinho em uma forminha de papel laminado, coberto de granulado de
chocolate e levar até a boca, como a gente vê nas festas de aniversário. Antes de preparar os docinhos,
percebeu que no rótulo da lata estava escrito: “faz até 50 unidades”. Untou as mãos com manteiga e
passou a fazer as bolinhas de chocolate. Quando o chocolate acabou, Carol resolveu contar quantos ela
havia feito, e viu que só conseguiu 42 docinhos. O motivo pelo qual ela fez menos brigadeiros nós já
sabemos: ela fez os docinhos um pouco maiores do que a média. Trazendo este exemplo para a química
temos:

Lata de chocolate → 50 brigadeiros


QUÍMICA

50 brigadeiros → 100 %
42 brigadeiros → X %

X % corresponde ao rendimento. Como Carol conseguiu 8 brigadeiros a menos, seu


O rendimento de uma rendimento foi de 84%. Para explicar a perda, devemos considerar que “em uma reação
reação é a razão entre o química, o rendimento nunca é de 100%, sempre há perdas no processo”.
produto realmente obtido e
a quantidade que teori-
camente seria obtida, de Exemplos: foram submetidos 104 g de NaOH à ação de H2SO4 obtendo-se 169 g de Na-
acordo com a equação 2
SO4. Qual o rendimento da reação? (H = 1; S = 32;. O = 16; Na = 23)
química correspondente.
A diferença pode se dar
porque ocorrem reações
H2SO4 + 2NaOH → Na2SO4 + 2H2O
paralelas à desejada, ou
porque a reação desejada foi Com 20g de H2 obteve 36 g de água. Qual o rendimento da reação?
incompleta porque reverteu
parte do produto formado
em reagente novamente, ou
H2 + O2 → H2O
mesmo porque perdas do
produto ocorreram durante Calcule o volume de CH4 obtido a partir de 36 g de Al4C3, sabendo que o processo tem
o processo. um rendimento de 90%.

Al4C3 + 12H2O → 4Al(OH)3 + 3CH4

Casos gerais de cálculo estequiométrico


Introdução

Como vimos anteriormente, o cálculo estequiométrico (ou estequiometria) é o cálculo das quantidades
de reagentes e/ou produtos das reações químicas feito com base nas leis das reações e executado, em
geral, com o auxílio das equações químicas correspondentes.
Vejamos agora casos gerais.

6 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Estequiometria
Capítulo 3: Cálculo estequiométrico

Quando o dado é expresso em massa e a pergunta em volume (ou vice e versa)


As condições normais de
temperatura e pressão
Imaginemos que se queira calcular o volume do anidrido sulfuroso (SO2) obtido nas condi- (CNTP no Brasil e PTN em
ções normais de temperatura e pressão (CNTP), resultante do aquecimento do minério blenda Portugal) referem-se à
(ZnS) na presença de oxigênio, produzindo óxido de zinco (ZnO) e anidrido sulfuroso. condição experimental com
Essa questão só é possível porque o SO2 é um gás nas CNTP. temperatura de 273,15 K (0
Seguindo os “passos” já vistos em Introdução à Estequiometria, vamos expressar os 2 SO2 ºC) e pressão de 101325 Pa
ou 101,325 kPa ou, ain-
que aparecem na equação (2 ZnS + 3 O2 2 ZnO + 2 SO2) por 2 x 22,4 litros (volume molar da, 1,01325 bar = 1 atm =
nas CNTP – somente utilizado para gases). 760mmHg). Esta condição
Com esses dados, a regra de três será: é geralmente empregada
para medidas de gases em
condições atmosféricas (ou
Coluna do Coluna da pergunta
de atmosfera padrão). O
dado do problema do problema
equivalente de CNTP/PTN
em ingês é normal tempera-
ture and pressure (NTP).
2 ZnS + 3 O2 2 ZnO + 2 SO2

3 x 32 g 2 x 22,4 L (CNTP) Linha obtida da equação


24g X Linha com o dado e a
pergunta do problema

Única alteração
nos cálculos

Daí resulta .

Uma variante interessante desse problema seria o caso de o enunciado pedir o volume de SO2 obtido
não nas CNTP, mas em outras condições – digamos, a 700 mmHg e 27 ºC. Nesse caso, bastaria aplicar a
equação geral dos gases e transformar os 11,2 L de SO2 nas novas condições pedidas:

Pratique

01. A 0 ºC e 1 atm, 19,5 g de sulfeto de zinco puro rea- (B) 5,6.

QUÍMICA
gem estequiometricamente com oxigênio, de acor- (C) 28.
do com a reação: (D) 44.
(E) 11.
2 ZnS (s) + 3 O2 (g) 2 ZnO (s) + 2 SO2 (g).
03. Numa estação espacial, emprega-se óxido de lítio
Assumindo comportamento ideal, o volume (em L) de para remover o CO2 no processo de renovação do ar
SO2 gerado será de aproximadamente: de respiração, segundo a equação:

(A) 1,1. Li2O + CO2 Li2CO3


(B) 2,2.
(C) 3,3. Dados: C = 12; O = 16; Li = 7).
(D) 4,5.
(E) 5,6. Sabendo-se que são utilizadas unidades de absorção
contendo 1,8 kg de Li2O, o volume máximo de CO2, me-
02. Sabendo-se que, nas CNTP, 1 mol de qualquer gás dido nas CNTP, que cada uma delas pode absorver é:
ocupa um volume igual a 22,4 L, determine a mas-
sa, em gramas, de gás carbônico que se obtém, (A) 1.800 L.
quando se provoca a combustão completa de 5,6 L (B) 1.344 L.
do gás metano nas CNTP. (C) 1.120 L.
(D) 980 L.
(A) 22,4. (E) 672 L.

Quando o dado é expresso em massa e a pergunta em mols (ou vice e versa)

Vamos voltar ao problema apresentado anteriormente e imaginar que o enunciado, ao invés de pedir o
volume de SO2 obtido, pedisse agora a quantidade de mols de SO2 obtida.
Seguindo os passos já vistos anteriormente, vamos concluir que agora o problema é mais fácil, pois a
própria equação está indicando que são formados 2 mols de SO2.
Com essa observação, a regra de três será:

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 7


Estequiometria
Capítulo 3: Cálculo estequiométrico

Coluna do Coluna da pergunta


dado do problema do problema

2 ZnS + 3 O2 2 ZnO + 2 SO2

3 x 32 g 2 mol Linha obtida da equação


24g X mol Linha com o dado e a
pergunta do problema

Única alteração
nos cálculos

Daí resulta

Pratique

01. Considere a seguinte reação: (C) 6 mols.


(D) 10 mols.
Zn (s) + HCl (aq) ZnCl2 (aq) + H2 (g). (E) 8 mols.

(A) Faça o balanceamento da referida reação. 03. Na poluição atmosférica, um dos principais irritan-
tes para os olhos é o formaldeído, CH2O, o qual é
(B) Sabendo-se que 73 g do ácido clorídrico reagem formado pela reação do ozônio com o etileno:
completamente, calcule o número de mols do cloreto
de zinco formado. O3 (g) + C2H4 (g) 2 CH2O (g) + O (g)

02. O ferro metálico, em contato com o gás oxigênio, Num ambiente com excesso de O3 (g), quantos mols de
durante alguns meses, sofre oxidação chegando etileno são necessários para formar 10 mols de formal-
a um tipo de ferrugem denominado óxido férrico. deído?
Quantos mols de ferro metálico são oxidados por
134,4 litros de gás oxigênio, medido nas CNTP? (Fe (A) 10 mols.
= 56; O = 16). (B) 5 mols.
QUÍMICA

(C) 3 mols.
(A) 2 mols. (D) 2 mols.
(B) 4 mols. (E) 1 mol.

Quando o dado é expresso em massa e a pergunta em número de partículas (ou vice e versa)

Considerando, mais uma vez, o exemplo da página anterior, imaginemos que o enunciado pede, ao invés
do volume de SO2 obtido, o número de moléculas de SO2 obtido.
Para isso, teríamos apenas que recordar a constante de Avogadro: 1 mol de SO2 contém 6 x 1023 molé-
culas de SO2.
Desse modo, a regra de três será:

Coluna do Coluna da pergunta


dado do problema do problema

2 ZnS + 3 O2 2 ZnO + 2 SO2

3 x 32 g 2 x 6 x 1023 moléculas Linha obtida da equação


24g X moléculas Linha com o dado e a
pergunta do problema

Única alteração
nos cálculos

Daí resulta:

8 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Estequiometria
Capítulo 3: Cálculo estequiométrico

Pratique

01. Dada a reação: 03. Os clorofluorcarbonetos (CFCs) sofrem decompo-


sição nas altas camadas da atmosfera, originando
Fe + HCl cloreto férrico + hidrogênio átomos de cloro, os quais atacam moléculas de ozô-
nio (O3), produzindo oxigênio. Supondo que 1 mol de
O número de moléculas de gás hidrogênio, produzidas ozônio seja totalmente transformado em moléculas
pela reação de 112 g de ferro, é igual a: de oxigênio, o número de moléculas produzidas é:

(A) 1,5. (A) 3,01 x 1023.


(B) 3,0. (B) 6,02 x 1023.
c) 9 x 1023. (C) 9,03 x 1023.
d) 1,8 x 1024. (D) 12,04 x 1023.
e) 3,0 x 1024. (E) 18,06 x 1023.

02. A amônia é obtida industrialmente pela reação do 04. Em relação à produção de fosfato de sódio por meio
nitrogênio do ar com o hidrogênio. Nessa reação, da reação do ácido fosfórico com um excesso de hi-
cada três mols de hidrogênio consumidos formam dróxido de sódio, pede-se:
um número de moléculas de amônia aproximada-
mente igual a: (A) a equação balanceada para a reação.

(A) 2 x 1023. (B) a quantidade, em gramas, de fosfato de sódio pro-


(B) 3 x 1023. duzido ao se utilizar 2,5 x 1023 moléculas de ácido fos-
(C) 6 x 1023. fórico.
(D) 1,2 x 1024.
(E) 1,8 x 1024.

Quando tanto o dado quanto a pergunta são expressos em volume

Este é o caso mais simples de cálculo estequiométrico. Voltemos, ainda mais uma vez, ao exemplo da
página 7, mas agora considerando que:

QUÍMICA
• fosse dado o seu volume – por exemplo, 30 litros de O2 nas CNTP;
• fosse pedido o volume de SO2 também nas CNTP.

Considerando que o volume molar é de 22,4 litros, nas CNTP, a regra de três seria:


Coluna do Coluna da pergunta
dado do problema do problema

2 ZnS + 3 O2 2 ZnO + 2 SO2

3 x 22,4 L 2 x 22,4 L Linha obtida da equação


30 L xL Linha com o dado e a
pergunta do problema

Única alteração
nos cálculos

Daí resulta:

Note que o volume molar (22,4 L) foi cancelado no cálculo final. Na verdade, 22,4 L já poderia ter sido
cancelado na regra de três acima, simplificando-a:

Coluna do Coluna da pergunta


dado do problema do problema

2 ZnS + 3 O2 2 ZnO + 2 SO2

3L L Linha obtida da equação


30 L xL Linha com o dado e a
pergunta do problema

Única alteração
nos cálculos

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 9


Estequiometria
Capítulo 3: Cálculo estequiométrico

Devemos ainda observar que, se os gases O2 e SO2 estivessem em condições diferentes das normais, o
volume molar seria diferente de 22,4 L. Mas, se o O2 e o SO2 estivessem na mesma pressão e na mesma
temperatura, o novo volume molar (diferente de 22,4 L) seria igual para o O2 e para o SO2 e seria cancelado
do mesmo modo.
Portanto, o cálculo estequiométrico entre volumes de gases é um cálculo direto e imediato, desde que
os gases estejam nas mesmas condições de temperatura e pressão (CNTP).
De fato, as leis volumétricas de Gay-Lussac e a lei de Avogadro permitem afirmar que a proporção dos
volumes gasosos que reagem e são produzidos numa reação coincide com a própria proporção dos coefi-
cientes da equação química dessa reação.
No entanto, se o dado e a pergunta do problema são volumes gasosos em condições diferentes de pres-
são e temperatura entre si, devemos usar a relação PV/T no início ou no fim dos cálculos, pois a regra de
três somente admite volumes na mesma pressão e na mesma temperatura (quaisquer que sejam P e T).

Pratique

01. Uma das transformações que acontecem no interior bono? Quantos litros de gás carbônico serão for-
dos “catalisadores” dos automóveis modernos é a mados nessa reação? (Os três gases foram medidos
conversão de CO em CO2, segundo a reação: a 22 ºC e 270 mm de mercúrio).

CO + 1/2 O2 CO2. 03. Os volumes de gás nitrogênio e de gás oxigênio ne-


cessários para a síntese de 8 L de pentóxido de di-
Admitindo-se que um motor tenha liberado 1.120 L de CO nitrogênio, considerando que todos os gases estão
(medido nas CNTP), o volume de O2 (medido nas CNTP) nas mesmas condições de temperatura e pressão,
necessário para converter todo o CO em CO2 é, em litros, são, respectivamente:
igual a:
2 N2 + 5 O2 2 N2O5
(A) 2.240.
(B) 1.120. (A) 8 L e 20 L.
(C) 560. (B) 2 L e 5 L.
(D) 448. (C) 5 L e 2 L.
(E) 336. (D) 2 L e 2 L.
(E) 1 L e 1 L.
02. Quantos litros de oxigênio são necessários para re-
agir completamente com 40 L de monóxido de car-
QUÍMICA

Quando há duas ou mais perguntas no problema

Trata-se de um caso apenas mais trabalhoso do que os anteriores. De fato, tudo se passa como se ti-
véssemos de resolver vários problemas na mesma questão.
Por exemplo, voltando ao problema da página 7, vamos supor que, dada a massa de O2, igual a 24 g, o
problema pedisse para calcular as massas de todos os outros participantes da reação (ZnS, ZnO e SO2).

• para o ZnS teríamos:

2 ZnS + 3 O2 2 ZnO + 2 SO2

2 x 97 g 3 x 32 g
xg 24 g x = 48,5 g de ZnS

• para o ZnO teríamos:

2 ZnS + 3 O2 2 ZnO + 2 SO2

3 x 32 g 2 x 81 g
x = 40,5 g de ZnO
24 g xg

• para o SO2 teríamos:

2 ZnS + 3 O2 2 ZnO + 2 SO2

3 x 32 g 2 x 24 g x = 32 g de SO2
24 g xg

10 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Estequiometria
Capítulo 3: Cálculo estequiométrico

Pratique

01. Mergulha-se uma barra de 3,27 g de zinco metálico a esponja de aço seja constituída de puro ferro, qual a
em ácido nítrico diluído até a dissolução total do massa de sulfato ferroso produzida e o volume de gás
metal. hidrogênio liberado?

(A) escreva a equação química da reação que ocorre, (A) 30,4 gramas e 4,5 litros.
indicando os nomes dos produtos formados. (B) 154 gramas e 24 litros.
(C) 152 gramas e 23 litros.
(B) sabendo-se que as massas molares (em g/mol) são (D) 15,2 gramas e 2,3 litros.
H = 1,0; N = 14; O = 16 e Zn = 65,4, calcule as massas (em (E) 15,2 gramas e 22,4 litros.
gramas) dos produtos formados.
03. Na síntese de 110 g de gás carbônico, as quantidades
02. O gás hidrogênio é facilmente produzido em labo- mínimas necessárias de reagentes são:
ratórios, fazendo-se reagir ferro com uma solução
de ácido sulfúrico, de acordo com a equação a se- (C = 12; O = 16).
guir:
(A) 30 g de carbono e 40 g de oxigênio.
Fe (s) + H2SO4 (aq) FeSO4 (aq) + H2(g) (B) 60 g de carbono e 80 g de oxigênio.
(C) 55 g de carbono e 55 g de oxigênio.
Ao se reagirem 11,2 gramas de esponja de aço com ex- (D) 60 g de carbono e 50 g de oxigênio.
cesso de ácido sulfúrico, em condições de normais de (E) 30 g de carbono e 80 g de oxigênio.
pressão e temperatura (1 atm e 0 ºC), considerando que

Quando o dado e a pergunta do problema são expressos em massa

Consideremos que o minério blenda (ZnS) foi fortemente aquecido na presença de oxigênio, produzin-
do óxido de zinco e anidrido sulfuroso. Calcule a massa de anidrido sulfuroso (pergunta do problema), em
gramas, que poderá ser obtida a partir de 24 gramas de oxigênio (dado do problema). Consulte as massas
atômicas na Tabela Periódica (que está ilustrada na 1ª unidade).
Resolvendo como nos itens anteriores, temos que escrever a equação (que, neste caso, o enunciado já
nos deu):

QUÍMICA
ZnS + O2 ZnO + SO2

Agora temos que acertar os coeficientes da equação:

2 ZnS + 3 O2 2 ZnO + 2 SO2

Devemos agora perceber que o enunciado nos informa a massa de oxigênio que irá reagir (24 g) e que
ele nos pede a massa do anidrido sulfuroso que será formado (x gramas de SO2).
Agora, precisamos relacionar o que foi dado ao que foi pedido, na própria equação:

Dado do problema Pergunta do problema

2 ZnS + 3 O2 2 ZnO + 2 SO2

mol mol
Informação Informação
da equação da equação

Note que a equação nos informa que 3 mols de O2 sempre produzirão 2 mols de SO2. Essa proporção é
fixa e inalterada, de acordo com a lei de Proust ou lei das proporções constantes.
É essa proporção que irá possibilitar o cálculo estequiométrico. Por outro lado, já sabemos que a quan-
tidade de mols das substâncias pode ser expressa de várias maneiras: em massa, em volume gasoso, em
número de partículas etc. Neste problema, interessa-nos traduzir a proporção da equação em gramas, já
que o dado e a pergunta do problema são apresentados em gramas.
No problema, as massas molares que interessam são:

• mol do O2 16 x 2 = 32 g/mol.
• mol do SO2 32 + 16 x 2 = 64 g/mol.

Substituindo esses valores na equação acima, temos:

2 ZnS + 3 O2 2 ZnO + 2 SO2


Proporção constante
3 x 32g 2 x 64g (lei de Proust)

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 11


Estequiometria
Capítulo 3: Cálculo estequiométrico

Finalmente, estabelecemos a regra de três entre as massas de O2 e SO2 (que segundo as leis das reações
químicas, mesmo variando-se estas massas, a proporção entre elas será constante e sempre igual a 3 x
32 g de O2 para 2 x 64 g de SO2):

Coluna do Coluna da pergunta


dado do problema do problema

2 ZnS + 3 O2 2 ZnO + 2 SO2

3 x 32 g 2 x 64 g Linha obtida da equação


24g (x) g Linha com o dado e a
pergunta do problema

Aplicando agora a regra matemática que diz: “entre grandezas proporcionais a multiplicação em cruz
(setas azuis do esquema acima) dá origem a produtos iguais”, temos: , do que
resulta:

Pratique

01. O carbonato de cálcio ( CaCO3), principal consti- (A) 23,5.


tuinte de calcário, é um sal usado na agricultura (B) 25,5.
para corrigir a acidez do solo. Esse sal, ao ser aque- (C) 27,0.
cido vigorosamente, sofre decomposição térmica, (D) 32,0.
produzindo óxido de cálcio (CaO) e gás carbôni- (E) 39,3.
co (CO2). Considerando a massa molar do CaCO3 =
100g/mol, e do CO2 = 44 g/mol, CaO= 56g/mol, e que 03. A térmita é uma reação que ocorre entre o alumínio
10 kg de carbonato de cálcio puro sofreram decom- metálico e diversos óxidos metálicos. A reação do Al
posição térmica, a quantidade de óxido de cálcio com óxido de ferro (III) Fe2O3, produz ferro metálico
produzido será de: e óxido de alumínio, Al2O3. Essa reação é utilizada
na soldagem de trilhos de ferrovias. A imensa quan-
(A) 2200 g. tidade de calor liberada pela reação produz ferro
(B) 2800 g. metálico fundido, utilizado na solda. Dadas as mas-
QUÍMICA

(C) 4400 g. sas molares, em g/mol: Al = 21 e Fe = 56, a quanti-


(D) 5600 g. dade em kg, de ferro metálico produzido a partir da
(E) 11200 g. reação com 5,4kg de alumínio metálico e excesso
de óxido de ferro (III) é:
02. O alumínio metálico é obtido pela redução eletrolíti-
ca da bauxita, na presença da criolita que age como (A) 2,8.
fundente, abaixando o ponto de fusão da bauxita de (B) 5,6.
2.600 °C para cerca de 1.000 °C. Considerando que a (C) 11,2.
bauxita é composta por óxido de alumínio, Al2O3, a (D) 16,8.
massa em toneladas de alumínio metálico a partir (E) 20,4.
de 51,0 toneladas de bauxita é de:

Casos particulares de cálculo estequiométrico


Quando surgem reações consecutivas

Às vezes, viajamos em etapas, percorrendo várias cidades, parando neste ou naquele ponto para isso ou
aquilo, até chegar ao destino final. Em alguns processos químicos, ocorrem fatos semelhantes: os átomos
“percorrem” várias reações (etapas), até chegar ao produto desejado.
É fácil, então, relacionar as quantidades dos reagentes iniciais com as quantidades dos produtos finais
que são formados.
Consideremos, como exemplo, a fabricação industrial do ácido sulfúrico a partir do enxofre. Ela se pro-
cessa por meio das três reações consecutivas dadas a seguir:

12 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Estequiometria
Capítulo 3: Cálculo estequiométrico

Quando um problema fornece, por exemplo, a massa do enxofre inicial e pede a massa do H2SO4 pro-
duzido, um dos caminhos do cálculo seria manter as três equações separadas e calcular primeiro a massa
de SO2, depois a massa de SO3 e, finalmente, a massa de H2SO4.
No entanto, é muito mais prático “somar algebricamente” as equações químicas e efetuar o cálculo
estequiométrico diretamente na equação final.
Exemplo: qual é a massa de H2SO4 produzida a partir de 8 toneladas de enxofre?
Resolução:

Da equação-soma

Do problema

Nesse tipo de problema é indispensável que:

• todas as equações estejam balanceadas individualmente;

• as substâncias “intermediárias” (no caso, SO2 e SO3) sejam canceladas; em certos problemas, isso
obriga a “multiplicar” ou “dividir” uma ou outra equação por números convenientes, que levem ao can-
celamento desejado.

Daí por diante recaímos num cálculo estequiométrico comum, em que a regra de três é estabelecida em
função da equação química que resulta da soma das equações intermediárias.

Quando são dadas as quantidades de dois ou mais reagentes

Se, para montar um carro, são necessários 5 pneus (4 mais 1 de reserva) e 1 volante, quantos carros
poderemos montar com 315 pneus e 95 volantes? Vamos calcular quantos carros podem ser montados

QUÍMICA
com 315 pneus:

5 pneus ---------- 1 carro


315 pneus ---------------------- x carros
Assim, x = 315 : 5. Isso implica que x = 63.

63 é o número de carros que podem ser montados com 315 pneus. Considerando que cada carro precisa
de apenas um volante, serão necessários apenas 63 dos 95 volantes disponíveis para montar o número de
carros que calculamos acima, sobrando, portanto, 32 volantes.
Concluímos assim que, na questão proposta, existem volantes “em excesso” (ou pneus “em falta”). Po-
demos ainda dizer que o número de pneus constitui o fator limitante em nossa linha de montagem.
Com as reações químicas acontecem problemas semelhantes ao do exemplo anterior. É sempre impor-
tante lembrar que as substâncias não reagem na proporção que a misturamos, mas reagem na proporção
indicada pela equação química correspondente (ou seja, de acordo com as leis das reações químicas).
Vamos considerar, então, o seguinte exemplo:

• misturam-se 147 g de ácido sulfúrico e 100 g de hidróxido de sódio para que reajam segundo a equa-
ção H2SO4 + 2 NaOH Na2SO4 + 2 H2O (massas atômicas: H = 1; O = 16; Na = 23; S = 32). Pede-se
para calcular:

(A) a massa de sulfato de sódio formada.


(B) a massa do reagente que sobra (em excesso) após a reação.

Vamos calcular inicialmente a massa de NaOH que reagiria com os 147 g de H2SO4 mencionados no
enunciado do problema:
H2SO4 + 2 NaOH Na2SO4 + 2 H2O

98 g ---------- 2 x 40 g
(x = 120 g de NaOH)
147 g ---------- x

Isso é impossível, pois o enunciado do problema informa que temos apenas 100 g de NaOH. Dizemos
então que, neste problema, o H2SO4 é o reagente em excesso, pois seus 147 g “precisariam” de 120g de NaOH

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 13


Estequiometria
Capítulo 3: Cálculo estequiométrico

para reagir completamente – mas nós só temos 100 g de NaOH. Vamos agora “inverter” o cálculo, isto é,
determinar a massa de H2SO4 que reage com os 100 g de NaOH dados no enunciado do problema:

H2SO4 + 2 NaOH Na2SO4 + 2 H2O

98 g ---------- 2 x 40 g
(y = 122,5 g de H2SO4)
y ---------- 100 g

Agora isso é possível e significa que os 100g de NaOH dados no problema reagem com 122,5g de H2SO4.
Como temos 147 g de H2SO4, sobrarão ainda 24,5 g de H2SO4 (147 – 122,5 = 24,5), o que responde à pergunta
b do problema.
Ao contrário do ácido sulfúrico, que, neste problema, é o reagente em excesso, dizemos que o NaOH é
o reagente em falta, ou melhor, o reagente limitante da reação, pois o NaOH será o primeiro reagente a
acabar ou se esgotar, pondo assim um ponto final na reação e determinando as quantidades de produtos
que poderão ser formados.
Para responder a pergunta a do problema, temos que:

H2SO4 + 2 NaOH Na2SO4 + 2 H2O

2 x 40 g ---------- 142 g
(z = 177,5 g de Na2SO4)
100 g ---------- z

Note que o cálculo foi feito a partir dos 100g de NaOH (reagente limitante), mas nunca poderia ter sido
feito a partir dos 147g de H2SO4 (reagente em excesso), pois chegaríamos a um resultado falso. Isso porque
os 147g de H2SO4 não podem reagir integralmente, por falta de NaOH.

Quando os reagentes são substâncias impuras

Imagine a seguinte situação: vamos convidar para um churrasco 25 parentes e amigos. Supondo que,
em média, cada pessoa coma 300g de carne “limpa”, precisaremos comprar 25 x 300g = 7.500g (ou 7,5 kg)
de carne “limpa”.
Se comprarmos carne com osso, deveremos comprar mais do que 7,5 kg para que, retirados os ossos,
sobrem 300g de carne “limpa” para cada convidado. Na química observa-se algo semelhante. É comum o
uso de reagentes impuros, principalmente em reações industriais, ou porque são mais baratos ou porque
QUÍMICA

já são encontrados na natureza acompanhados de impurezas.


Consideremos o caso do calcário, que é um mineral formado principalmente por CaCO3 (substância
principal), porém acompanhado de várias outras substâncias (impurezas) supondo o seguinte exemplo
numérico:
90 g de CaCO3:

é a “parte pura”, que nos


interessa
(substância pura ou principal)

100 g de calcário:

é a amostra de
material impuro 10 g de impurezas:
(substância impura)
é o “restante”, que não interessa
(não irá participar das reações)

Sendo assim, extraímos a seguinte conclusão:

Grau de pureza (p) é o quociente entre a massa da substância pura e a massa total da amostra.

No exemplo do calcário, temos: .

Porcentagem de pureza (P) é a porcentagem da massa da substância pura em relação à massa


total da amostra.

No exemplo do calcário, temos:

14 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Estequiometria
Capítulo 3: Cálculo estequiométrico

P = 90%

P = 100p

Vamos considerar, a seguir, dois exemplos mais comuns de cálculo estequiométrico envolvendo rea-
gentes impuros:

Exemplo 1: uma amostra de calcita, contendo 80% de carbonato de cálcio, sofre decomposição quando
submetida a aquecimento, segundo a equação a seguir:

CaCO3 CaO + CO2

Qual a massa de óxido de cálcio obtida a partir da queima de 800 g de calcita?

Resolução: o enunciado nos diz que a calcita contém apenas 80% de CaCO3. Temos então o seguinte
cálculo de porcentagem:

Note que é apenas essa massa (640 g de CaCO3 puro) que irá participar da reação. Assim, teremos o
seguinte cálculo estequiométrico:

CaCO3 CaO + CO2

100 g 56 g
y = 358,4 g de CaO
640 g y

Exemplo 2: deseja-se obter 180L de dióxido de carbono, medidos nas condições normais, pela calci-
nação de um calcário de 90% de pureza (massas atômicas: C = 12; O = 16; Ca = 40). Qual é a massa de

QUÍMICA
calcário necessária?

Resolução: esta questão é do tipo inverso da questão anterior. De fato, na anterior era dada a quantida-
de do reagente impuro e pedida a quantidade do produto obtido. Agora é dada a quantidade do produto
que se deseja obter e pedida a quantidade do reagente impuro que será necessária. Pelo cálculo este-
quiométrico normal, teremos sempre quantidades de substâncias puras:

CaCO3 CaO + CO2

100 g 22,4 L (CNTP) y = 803,57 g


x 180 L (CNTP) de CaCO3 puro.

A seguir, um cálculo de porcentagem nos dará a massa de calcário impuro que foi perdida no problema:

Note que a massa obtida (892,85 g) é forçosamente maior que a massa de CaCO3 puro (803,57 g) obtida
no cálculo estequiométrico (relembre o exemplo da página 14, quando mencionamos a compra de “carne
com osso” para um churrasco).

Quando o rendimento da reação não é total

Suponha que sejam necessárias 8 dúzias de laranjas para se fazerem 5 litros de suco. Se comprarmos 8
dúzias de laranjas e, por infortúnio, 1 dúzia apodrecer e for jogada fora, é evidente que só conseguiremos
fazer menos de 5 litros de suco.
Na química ocorre, muitas vezes, algo parecido. De fato, é comum uma reação química produzir uma
quantidade de produto menor do que a esperada pela equação química correspondente.
Quando isso acontece, dizemos que o rendimento da reação não foi total. Esse fato pode ocorrer porque
a reação é “incompleta” (reação reversível) ou porque ocorrem “perdas” durante a reação (por má quali-
dade da aparelhagem ou deficiência do operador).

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 15


Estequiometria
Capítulo 3: Cálculo estequiométrico

Por exemplo: C + O2 CO2 supondo que deveriam ser produzidos 100 litros de CO2 (CNTP). Admi-
tamos que, devido a perdas, foram produzidos apenas 90 litros de CO2 (CNTP).
Em casos assim, dizemos que:

Rendimento (r) é o quociente entre a quantidade de produto realmente obtida em uma reação
e a quantidade que teoricamente seria obtida, de acordo com a equação química correspondente.

No exemplo acima teríamos:

Rendimento porcentual (R) é o rendimento de uma reação expresso em termos porcentuais (o


que é muito comum em exercícios).

No exemplo dado, temos: R = 90%. Vejamos um exemplo comum de cálculo estequiométrico envolvendo
o rendimento da reação:

Exemplo: num processo de obtenção de ferro a partir da hematita (Fe2O3), considere a equação não
balanceada:

Fe2O3 + C Fe + CO

Massas atômicas: C = 12; O = 16; Fe = 56.

Utilizando-se 4,8 toneladas (t) de minério e admitindo-se um rendimento de 80% na reação, a quanti-
dade de ferro produzida será de?

Resolução: após o balanceamento da equação, efetuamos o cálculo estequiométrico de modo usual:

Fe2O3 + C 2 Fe + 3 CO

160 t 2 x 56 t
4,8 t x x = 3,36 t de Fe.
QUÍMICA

A massa de ferro (3,36 toneladas) seria obtida se a reação tivesse aproveitamento ou rendimento total
(100%). No entanto, no enunciado se diz que o rendimento é de apenas 80%. Devemos então efetuar o cál-
culo envolvendo o rendimento percentual dado:

E assim chegamos à resposta do nosso problema: 80% de 3,36 toneladas (três mil trezentos e sessenta
quilos) equivalem a 2,68 toneladas (dois mil seiscentos e oitenta quilos), aproximadamente.

Quando há participação do ar na reação

O ar seco é uma mistura gasosa que contém 78,02% de nitrogênio, 20,99% de oxigênio e 0,94% de argô-
nio em volume (além de porcentagens mínimas de outros gases nobres); o ar atmosférico contém ainda
umidade (vapor de água) e várias impurezas (monóxido de carbono, derivados de enxofre etc.).
Para efeito de cálculo, costuma-se considerar que o ar tem aproximadamente 21% de O2 e 79% de N2
(juntamente com os outros gases) em volume. Note que a proporção 21% de O2 : 79% de N2 : 100% de ar
pode ser simplificada para 20% : 80% : 100% ou 1 : 4 : 5, o que facilita extraordinariamente muitos proble-
mas de cálculo estequiométrico, como poderemos perceber pelas considerações feitas a seguir.
Dos componentes do ar, somente o oxigênio costuma participar das reações, provocando combustões
(queimas), ustulações (oxidações de sulfetos metálicos) e outras oxidações em geral. O nitrogênio (e mui-
to menos os gases nobres) não reage, a não ser em casos muito especiais; daí o motivo de o nitrogênio ser
chamado gás inerte.
Embora não reagindo, o nitrogênio faz parte tanto do ar que reage como dos gases finais que são pro-
duzidos na reação. É esse aspecto importante que vamos abordar neste item.

Exemplo: um volume de 56L de metano é completamente queimado no ar, produzindo gás carbônico e
água. Suponha todas as substâncias no estado gasoso e nas mesmas condições de pressão e tempera-
tura (lembre-se: composição volumétrica do ar = 20% de O2 e 80% de N2).

(A) qual o volume de ar necessário à combustão?

16 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Estequiometria
Capítulo 3: Cálculo estequiométrico

(B) qual o volume total dos gases no final da reação?

Resolução: tratando-se de um cálculo estequiométrico entre volumes gasosos, nas mesmas condições
de pressão e temperatura, a resolução é imediata – basta seguir os coeficientes da equação balanceada:

1 CH4 + 2 O2 1 CO2 + 2 H2O (vapor)

1 x 56 L+ 2 x 56 L 1 x 56 L + 2 x 56 L + sobra de N2

(A) cálculo do volume do ar necessário à combustão:

Se o volume de oxigênio é de 2 x 56 = 112L, o volume de ar será:

x = 560 L de ar

Veja que, em última análise, esse cálculo corresponde a multiplicar o volume do O2 por 5, de acordo com
a proporção já mencionada: 1 O2 : 4 N2 : 5 ar.

(B) cálculo do volume total dos gases no final da reação:

Pela equação acima notamos que, no final, teremos: 56L de CO2; 2 x 56 = 112L de vapor de água; além da
sobra de N2 que existe no ar inicial e que não reage. Ora, sabendo a composição volumétrica do ar, temos:

x = 448 L de N2 y = 448 L de N2

Na verdade, esses cálculos são desnecessários, pois, relembrando a proporção 1 O2 : 4 N2 : 5 ar, vamos
que basta multiplicar o volume de O2 por 4, e teremos o volume do N2. Concluindo, diremos que o volume
da mistura gasosa final será: 56L de CO2 + 112L de vapor de água + 448L de N2, ou seja: 616L.

QUÍMICA
Quando os reagentes são misturas

Na química, é muito comum aparecerem misturas de substâncias participando como “reagentes” das
reações químicas. Podemos citar alguns exemplos:

• as ligas metálicas são misturas de metais;

• a gasolina, que queima nos motores dos automóveis, é uma mistura de hidrocarbonetos (sobretudo
C7H16 e C8H18);

• certas misturas gasosas são usadas como combustíveis, como por exemplo, o chamado “gás de água”
(mistura de CO e H2); o “gás de botijão para fogões” (mistura de C3H8 e C4H10).

Nesses problemas, a dificuldade fundamental reside no fato de que as misturas não se sujeitam a obe-
decer uma proporção constante; no entanto, toda equação química deve obedecer a uma proporção cons-
tante, de acordo com a lei de Proust.
Consideremos o seguinte exemplo:

• uma mistura formada por 5 mols de flúor e 10 mols de cloro reage completamente com o hidrogênio.
Qual é a massa total dos produtos formados? (Massas atômicas: H = 1; F = 19; Cl = 35,5).

Resolução: vamos considerar separadamente as reações do flúor e do cloro e efetuar dois cálculos es-
tequiométricos separados:
1 - para o flúor 2 - para o cloro

H2 + F2 2 HF H2 + Cl2 2 HCl

1 mol 2 x 20 g 1 mol 2 x 36,5 g


5 mol x x = 200 g de HF. 10 mol y y = 730 g de HCl.

A massa total dos produtos (mtotal) formados será, portanto:

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 17


Estequiometria
Capítulo 3: Cálculo estequiométrico

mtotal = 200 g de HF + 730 g de HCl mtotal = 930 g (massa total).

Note que não podemos somar as duas equações vistas acima, pois a soma

2 H2 + 1 F2 + 1 Cl2 2 HF + 2 HCl

apresenta a proporção de 1 mol de F2 para 1 mol de Cl2, enquanto o enunciado do problema fala em 5 mols
de F2 e 10 mols de Cl2. Sendo assim, em problemas com misturas de reagentes, o ideal é resolver as equa-
ções químicas separadas, efetuando o cálculo estequiométrico também separadamente.

Quando a composição da mistura reagente não é conhecida (pelo contrário, constitui a pergunta do proble-
ma), também não podemos somar as equações porque não conhecemos a proporção em que o H2 e CO estão
misturados (aliás, esta será exatamente a pergunta do problema). Assim sendo, o caminho é trabalhar com cada
equação química separadamente, como foi feito no último exemplo que vimos.

Pratique

01. Partindo-se de 200 g de soda cáustica, por neutra- (A) escreva a equação química balanceada da reação.
lização completa com ácido clorídrico obtêm-se
234 g de cloreto de sódio. A porcentagem de pureza (B) calcule as massas dos reagentes para a obtenção de
da soda cáustica é de: 2,70 kg de cianeto de hidrogênio, supondo-se 80% de
rendimento da reação.
(A) 58,5%.
(B) 23,4%. 04. A combustão completa de 16 mols de magnésio
(C) 60%. metálico foi realizada utilizando-se 50 mols de
(D) 80%. uma mistura gasosa contendo 20% de O2, 78% de N2
(E) 45%. e 2% de argônio (% em mols).

02. Na queima de 10 kg de carvão de 80% de pureza, (A) escreva a equação química que representa essa
a quantidade de moléculas de gás carbônico pro- combustão.
duzida é:
(B) calcule a porcentagem em mols de O2 na mistura
Dados: massa molar (g/mol) C = 12; O = 16; gasosa, após a combustão.
QUÍMICA

Equação química: C + O2 CO2. 05. Uma massa de 39,2 g de uma mistura de carbono e
enxofre (na proporção 3 : 5, em mols, respectiva-
(A) 17,6 x 1028. mente) queima completamente. Qual a massa total
(B) 6,25 x 1027. dos produtos formados?
(C) 57,6 x 1019.
(D) 4,8 x 1026. 06. Uma massa de 300 mg de uma mistura de cloreto
(E) 4,0 x 1028. de sódio e cloreto de potássio produz, pela adição
em excesso de uma solução de nitrato de prata, 720
03. A reação entre amônia e metano é catalisada por mg de cloreto de prata. Qual é a composição em
platina. Formam-se cianeto de hidrogênio e hidro- massa da mistura inicial?
gênio gasosos (massas molares, em g/mol: H = 1; C
= 12; N = 14).

Referências
DE NOVAIS, Vera Lúcia Duarte; ANTUNES, Murilo Tissoni. VIVÁ – Química. 1ª ed., vol. 1, Curitiba: POSITIVO.
2016.
FARADAY, Michael. A História Química de uma Vela - As Forças da Matéria. Editora: Contraponto.
FARIAS, Robson Fernandes de. Para Gostar de Ler a História da Química. Editora: Átomo.
FELTRE, Ricardo. Fundamentos da Química. 4ª ed., vol. único, São Paulo: MODERNA. 2005.
FELTRE, Ricardo. Fundamentos da Química. 7ª ed., vol. único, São Paulo: MODERNA. 2008.
MACHADO, Sidio. Biologia: ciência e tecnologia. Vol. único, 1ª ed., São Paulo: SCIPIONE, 2009.
MARQUES, Júlio; PESARINI DA VEIGA, Priscila F. #ContatoQuímica. 1ª ed., vol. 1, São Paulo: QUINTETO, 2016.
USBERCO; SALVADOR, João; Edgard. Química Geral. Nona edição, Editora Saraiva - São Paulo - 2000.

18 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Estequiometria
Capítulo 3: Cálculo estequiométrico

Sessão ENEM

01. Em 2,8kg de óxido de cálcio, também conhecido como “cal virgem”, foi adicionada água, formando-se hidróxido
de cálcio, usado para pintar uma parede. Após a sua aplicação, transformou-se numa camada dura, pela reação
química com gás carbônico existente no ar, formando carbonato de cálcio. A massa de sal obtida é, aproxima-
damente, igual a:

(A) 5 kg.
(B) 2,8 kg.
(C) 1,6 kg.
(D) 1 kg.
(E) 0,6 kg.

02. Em 200 g de hidróxido de bário, mantidos em suspensão aquosa, são borbulhados 16L de anidrido sulfúrico, me-
didos a 27 ºC e 950 mmHg. Pergunta-se:

(A) qual é a substância em excesso e qual é a sua massa?

(B) qual é a massa do sulfato de bário formado na reação?

03. Para obtermos 8,8 g de anidrido carbônico pela queima total de um carvão de 75% de pureza, iremos precisar de:
(A) 3,2 g de carvão.
(B) 2,4 g de carvão.
(C) 1,8 g de carvão.
(D) 0,9 g de carvão.
(E) 2 g de carvão.

04. Em um tubo, 16,8 g de bicarbonato de sódio são decompostos, pela ação do calor, em carbonato de sódio sólido,
gás carbônico e água (vapor). O volume de gás carbônico, em litros, obtido nas CNTP, supondo o rendimento da
reação igual a 90%, é igual a:

(A) 2,02.
(B) 2,48.
(C) 4,48.

QUÍMICA
(D) 4,03.
(E) 8,96.

05. Qual é o volume de ar, medido a 27 ºC e 700 mmHg, necessário para oxidar 28 L de SO2 (em CNTP), transforman-
do-o em SO3?

06. Num recipiente encontram-se 80 cm3 de uma mistura de oxigênio e monóxido de carbono, contendo 40% de oxi-
gênio em volume. Supondo que as condições em que se encontra essa mistura permitam uma reação completa,
qual será o volume ocupado pelo sistema após a reação? (As medidas de volume, antes e após a reação, são
feitas nas mesmas condições de pressão e temperatura).

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 19


Estequiometria
Capítulo 3: Cálculo estequiométrico

Praticando

01. A amônia, NH3, à temperatura ambiente e pressão maior risco ambiental à saúde porque ocasiona,
atmosférica, é um gás tóxico, corrosivo na presen- dentre outras doenças, problemas pulmonares,
ça de umidade, inflamável, incolor, com odor muito problemas cardíacos e acidentes vasculares cere-
irritante e altamente solúvel em água. Ela tem di- brais. Portanto, o controle e o monitoramento da
versas aplicações, como processo de refrigeração, qualidade do ar são importantes para a saúde da
produção de fertilizantes, agente neutralizante de população, principalmente, nas regiões com fontes
ácidos, processo de metais cobre, níquel e molib- poluentes, a exemplo de automóveis, termelétri-
dênio de seus minérios, produção de ácido nítrico cas e indústrias. A análise de uma amostra do ar
e explosivos etc. A amônia é produzida de acordo atmosférico, de uma localidade, armazenado em
com a equação: um recipiente fechado com capacidade para 5,0l,
a pressão de 2,0atm e temperatura de 27°C, isenta
N2(g) + 3H2(g) → 2 NH3(g). de poluentes, revela a presença de 78,00% de nitro-
gênio, N2(g), 21,00% de oxigênio, O2(g), e 0,04% de
Em um experimento, 0,25 mol de NH3 é formada quando dióxido de carbono, CO2(g), em volume, além de va-
0,5 mol de N2 reage com 0,5 mol de H2. Calcule o rendi- por de água e argônio.
mento percentual de amônia:
Com base nessas informações e admitindo que os gases
(A) 25%. (B) 33%. (C) 50%. (D) 67%. (E) 75%. se comportem como ideais, é correto afirmar:

02. Alguns balões foram preenchidos com diferentes (A) A quantidade total de matéria contida na mistura
gases. Os gases utilizados foram o hélio, o gás car- gasosa analisada é de 4,5mol aproximadamente.
bônico, o metano e o hidrogênio. A massa molar (B) A pressão exercida pelo oxigênio, gás essencial para
aparente do ar é 28,96 g/mol e, segundo a Lei de o processo respiratório, na amostra analisada, é de 1,6
Graham, a velocidade com que um gás atravessa atm.
uma membrana é inversamente proporcional à raiz (C) O resfriamento do ar atmosférico contribui para a
quadrada de sua massa molar. dispersão de partículas e gases poluentes no ambiente.
(D) O uso do gás natural, constituído por metano, como
Assinale a alternativa CORRETA do gás presente no ba- combustível evita a emissão do monóxido de carbono,
lão que não irá flutuar em ar e do gás presente no balão um gás poluente.
que muchará primeiro, respectivamente. (E) O número de moléculas de dióxido de carbono no
recipiente fechado é de, aproximadamente, 1,0·1020 mo-
(A) metano e hidrogênio. léculas.
(B) hélio e gás carbônico.
06. Um
QUÍMICA

(C) metano e hélio. mineral muito famoso, pertencente ao grupo


(D) gás carbônico e hidrogênio. dos carbonatos, e que dá origem a uma pedra se-
(E) geas metano e gás hélio. mipreciosa é a malaquita, cuja fórmula é: Cu2(OH)-
2
CO3 (ou CuCO3 x Cu(OH)2). Experimentalmente po-
03. A decomposição térmica do ácido nítrico na pre- de-se obter malaquita pela reação de precipitação
sença de luz libera NO2 de acordo com a seguinte que ocorre entre soluções aquosas de sulfato de
reação (não balanceada). cobre II e carbonato de sódio, formando um carbo-
nato básico de cobre II hidratado, conforme a equa-
HNO3 (aq) → H2O (l) + NO2 (g) + O2 (g) ção da reação:

Assinale a alternativa que apresenta o volume de gás 2CuSO4(aq) + 2Na2CO3(aq) + H2O(l) → Cu(OH)2(s) + 2Na2SO4(aq) + CO2(g).
liberado, nas CNTP, quando 6,3 g de HNO3 são decom-
postos termicamente. Na relação de síntese da malaquita, partindo-se de 1.060
g de carbonato de sódio e considerando-se um rendi-
(A) 2,24 L. (B) 2,80 L. (C) 4,48 L. mento de reação de 90%, o volume de CO2 (a 25 ºC e 1
(D) 6,30 L. (E) 22,4 L. atm) e a massa de malaquita obtida serão, respectiva-
mente, de:
04. Em um recipiente fechado de 2 L de capacidade, en-
contram-se 10,8 g de H2O, 12 g de H2 e 9,6 g de O2 Dados:
em equilíbrio e a 300 ºC. Qual o valor da constante
do equilíbrio em termos de pressão (Kp) desse sis- – massas atômicas Cu 64 u; S = 32 u; O = 16 u; Na = 23 u;
tema? C = 12 u; H = 1 u.
(Dados: Massas molares: H2O = 18g/mol; H2 = 2g/mol e – volume molar 24,5 L/mol, no estado padrão.
O2 = 32g/mol; constante geral dos gases (0,082atm·L/
mol·K). (A) 20,15 L e 114 g.
(B) 42,65 L e 272 g.
2H2(g) + O2(g) → 2 H2O(v) (C) 87,35 L e 584 g.
(D) 110,25 L e 999 g.
(A) 0,014 atm–1. (B) 0,0014 atm–1. (C) 0,14 atm–1. (E) 217,65 L e 1480 g.
(D) 1,4 atm–1. (E) 0,00014 atm–1.
07. O vidro é um sólido iônico com estrutura amorfa, a
05. A Organização Mundial da Saúde, OMS, conside- qual se assemelha a de um líquido. Forma-se pela
ra que a poluição do ar constitui, na atualidade, o solidificação rápida do líquido, em que os cristais

20 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Estequiometria
Capítulo 3: Cálculo estequiométrico

Praticando

não conseguem se organizar. Seu principal compo- (C) 10 mols de substâncias gasosas.
nente é a sílica (SiO2), que constitui 70% do vidro e (D) 179,2 L de substâncias no estado gasoso.
é fundida juntamente com óxidos e metais, que al- (E) 7 mols de substâncias gasosas oxigenadas.
teram o arranjo das ligações do sólido, tornando-o
uma estrutura semelhante a de um líquido. Ao ser 10. O airbag é um equipamento de segurança na for-
gravado na sua decoração a sílica do vidro sofre ma de bolsas infláveis que protege os ocupantes de
ataque do íon F– como a seguir: veículos em caso de acidente e tem como princí-
pio fundamental reações químicas. Esse dispositivo
SiO2(s) + 6 HF(aq) → SiF62–(aq) + 2 H3O+(aq) é constituído de pastilhas contendo azida de sódio
e nitrato de potássio, que são acionadas quando a
Para criar um efeito decorativo em uma jarra que pesa unidade de controle eletrônico envia um sinal elé-
2,0 kg, a massa de ácido fluorídrico que deve ser em- trico para o ignitor do gerador de gás. A reação de
pregada é decomposição da azida de sódio (NaN3) ocorre a
300 ºC e é instantânea, mais rápida que um piscar
(A) 4,0 kg. (B) 2,8 kg. (C) 700,0 g. de olhos, cerca de 20 milésimos de segundo, e de-
(D) 666,7 g. (E) 560,0 g. sencadeia a formação de sódio metálico e nitrogê-
nio molecular, que rapidamente inflam o balão do
08. O sulfato de potássio e o permanganato de potás- airbag. O nitrogênio formado na reação é um gás
sio são duas importantes substâncias. O sulfato de inerte, não traz nenhum dano à saúde, mas o sódio
potássio é utilizado na agricultura como um dos metálico é indesejável. Como é muito reativo, acaba
constituintes dos fertilizantes, pois ajuda na adu- se combinando com o nitrato de potássio, formando
bação das culturas que estão com carência de po- mais nitrogênio gasoso e óxidos de sódio e potás-
tássio, ao passo que o permanganato de potássio sio, segundo as reações a seguir:
é utilizado no tratamento da catapora, pois ajuda
a secar os ferimentos causados pela doença. A re- NaN3 → Na + N2
ação a seguir mostra uma maneira de produzir o Na + KNO3 → K2O + Na2O + N2
sulfato de potássio a partir do permanganato de
potássio. Considerando as informações apresenta- Considerando uma pastilha de 150 g de azida de sódio
das e a análise da reação não balanceada, assinale com 90% de pureza, o volume aproximado de gás nitro-
a alternativa CORRETA. gênio produzido nas condições ambientes é de:

Dados: massas atômicas em g/mol: H = 1; O = 16; S = 32; Dados: Volume molar de gás nas condições ambientes =
K = 39; Mn = 55. 25 L/mol e massa molar do NaN3 = 65 g/mol.

QUÍMICA
KMnO4(aq) + H2SO4(aq) + H2O(aq) → K2SO4(aq) + H2O(l) + MnSO4(aq) + O2(g) (A) 60 L. (B) 75 L. (C) 79 L. (D) 83 L. (E) 90 L.

(A) O permanganato de potássio ajuda na cura da cata- 11. O alumínio tem um largo emprego no mundo mo-
pora, pois é um importante agente redutor. derno, como, por exemplo, em latas de refrigerante,
(B) Todo o oxigênio produzido provém do ácido sulfúri- utensílios de cozinha, embalagens, na construção
co e do permanganato de potássio. civil, etc. Esse metal de grande importância possui
(C) Considerando a reação balanceada, seriam necessá- caráter anfótero, que, colocado em ácido clorídrico
rios 44,8 L de permanganato de potássio na CNTP para ou em uma solução aquosa de hidróxido de sódio
produzir aproximadamente 30 x 1023 íons de gás oxigê- concentrado, é capaz de reagir, liberando grande
nio. quantidade de calor. Uma latinha de refrigerante
(D) O sulfato de potássio é utilizado na agricultura para vazia pesa, em média, 13,5g Uma experiência com
ajudar na correção do pH do solo, pois é um sal de ca- cinco latinhas foi realizada em um laboratório para
ráter básico. testar sua durabilidade como indicado na reação a
(E) Na reação balanceada, a soma dos menores coefi- seguir.
cientes inteiros é de: 26.
2 Al(s) + 6HCl(aq) 2 AlCl3 3(aq) + 3H2(g)s
09. A pólvora é considerada a primeira mistura explo-
siva, usada na China, na Arábia e na Índia. Há tex- O volume, em litros, de gás hidrogênio sob temperatura
tos chineses antigos que a denominam “substância de 0 ºC e pressão de 1 atm é de:
química do fogo”, mesmo sendo uma mistura de
nitrato de potássio, carvão e enxofre. A combus- (A) 11,2. (B) 16,8. (C) 84. (D) 28. (E) 56.
tão da pólvora pode ser representada pela seguinte
equação: 12. Em 33,65g de um sal de magnésio está presente 1
mol deste elemento. Sendo trivalente o ânion des-
4 KNO3 + 7 C + S → 3 CO2 + 3 CO + 2 N2 + K2CO3 + K2S te sal, é correto afirmar que a massa de 1 mol do
ânion é:
O que caracteriza a explosão é o súbito aumento de vo- (Massa molar: Mg = 24,31 g/mol)
lume, com grande liberação de energia. Nas CNTP, 520 g
de pólvora produzem, por explosão, (A) 6,23g. (B) 14,1g. (C) 24,31g.
(D) 42,03g. (E) 48,62g.
(A) 134,41 L de gás carbônico.
(B) 28 g de nitrogênio gasoso.

DINAMUS SISTEMA DE ENSINO 3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 21


Estequiometria
Capítulo 3: Cálculo estequiométrico

Praticando

13. O airbag é um equipamento de segurança na for- 17. O cloreto de magnésio encerra aproximadamente
ma de bolsas infláveis que protege os ocupantes de 75% de bromo em massa. Juntando-se 15 gramas
veículos em caso de acidente e tem como princí- de magnésio e 15 gramas de cloro obteremos, no
pio fundamental reações químicas. Esse dispositivo máximo, uma massa de cloreto de magnésio de:
é constituído de pastilhas contendo azida de sódio
e nitrato de potássio, que são acionadas quando a (A) 30 gramas. (B) 10 gramas. (C) 20 gramas.
unidade de controle eletrônico envia um sinal elé- (D) 25 gramas. (E) 50 gramas.
trico para o ignitor do gerador de gás. A reação de
decomposição da azida de sódio (NaN3) ocorre a 18. O peróxido de hidrogênio, ao entrar em contato
300 ºC e é instantânea, mais rápida que um piscar com o fermento biológico utilizado na fabricação
de olhos, cerca de 20 milésimos de segundo, e de- de pães em padarias, sofre decomposição em água
sencadeia a formação de sódio metálico e nitrogê- e oxigênio, como mostrado na equação abaixo.
nio molecular, que rapidamente inflam o balão do
airbag. O nitrogênio formado na reação é um gás 2H2O O2 + 2H2O
inerte, não traz nenhum dano à saúde, mas o sódio
metálico é indesejável. Como é muito reativo, acaba Com objetivo de produzir O2 para uma reação química,
se combinando com o nitrato de potássio, formando um estudante fez o uso do conhecimento apresentado
mais nitrogênio gasoso e óxidos de sódio e potás- anteriormente e obteve 150L de O2 medidos em CNTP
sio, segundo as reações a seguir. (273,15 K e 1 atm).

NaN3 Na + N2 A quantidade, em gramas, de peróxido de hidrogênio


Na + KNO3 K2O + Na2O + N2 utilizada na produção do oxigênio gasoso foi de apro-
ximadamente:
Considerando uma pastilha de 150 g de azida de sódio
com 90% de pureza, o volume aproximado de gás nitro- (A) 68. (B) 300. (C) 350,6.
gênio produzido nas condições ambientes é de: (D) 455,3. (E) 100.

Dados: Volume molar de gás nas condições ambientes = 19. A região metropolitana de Goiânia tem apresentado
25 L/mol e massa molar do NaN3 = 65 g/mol. um aumento significativo do número de veículos de
passeio. Estima- se que um veículo movido à ga-
(A) 60 L. (B) 75 L. (C) 79 L. (D) 83 L. (E) 90 L. solina emita 160g de CO2 a cada 1 km percorrido.
Considerando o número de veículos licenciados, em
14. O bronze campanil, ou bronze de que os sinos são 2008, igual a 800.000, como sendo o primeiro ter-
QUÍMICA

feitos, é uma liga composta de 78% de cobre e 22% mo de uma progressão aritmética com razão igual
de estanho, em massa. Assim, a proporção em mol a 50.000 e que a distância média percorrida anual-
entre esses metais, nessa liga, é, respectivamente, mente por veículo seja igual a 10.000 km conclui-se
de 1,0 para que a quantidade de CO2, em mols, emitida no ano
de 2020, será, aproximadamente, igual a:
Dados: Cu = 63,5; Sn = 118,7.
(A) 5 x 106. (B) 3 x 108. (C) 5 x 1010.
(A) 0,15. (B) 0,26. (C) 0,48. (D) 0,57. (E) 0,79. (D) 1 x 1012. (E) 1 x 1014.

15. Assinale a alternativa que apresenta a massa, em 20. O ferrocianeto de potássio, K4 [Fe(CN)6], reage com
gramas, de um átomo de Vanádio. Considere MAv = o cloreto de ferro III e produz um pigmento de cor
51u e o número de Avogadro = 6,02 · 1023. azul muito intensa, conhecido como azul da prús-
sia. Pode-se afirmar, corretamente, que 184,1 g de
(A) 8,47 · 10–23g. (B) 8,47 · 1023g. (C) 307 · 10–23g. ferrocianeto de potássio contém
(D) 307 · 1023g. (E) 3,07 · 1021g.
(A) 6 mols de carbono.
16. Amônia e gás carbônico podem reagir formando (B) 55,8 g do íon férrico.
ureia e água. O gráfico abaixo mostra as massas de (C) 2 átomos de potássio.
ureia e de água que são produzidas em função da (D) 18,06 x 1023 íons cianeto.
massa de amônia, considerando as reações comple- (E) 6,02 x 1023 átomos de nitrogênio.
tas. A partir dos dados do gráfico e dispondo-se de
270g de amônia, a massa aproximada, em gramas, 21. Nem todos os compostos classificados como sais
de gás carbônico minimamente necessária para re- apresentam sabor salgado. Alguns são doces, como
ação completa com essa quantidade de amônia é os etanoatos de chumbo e berílio, e outros são
amargos, como o iodeto de potássio, o sulfato de
magnésio e o cloreto de césio.
(A) 120g.
(B) 270g. As fórmulas dos compostos que, ao reagirem por neu-
(C) 350g. tralização, podem formar o etanoato de berílio são:
(D) 630g.
(E) 700g. (A) CH3COOH, BeOH. (B) CH3COOH, Be(OH)2.
(C) CH3CH2COOH, BeOH. (D) CH3CH2COOH, Be(OH)2.
(E) CH2Be(OH)3.

22 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE DINAMUS SISTEMA DE ENSINO


Capítulo 1: Função exponencial Capítulo 2: Função logarítmica
Tópicos básicos para função exponencial 4 Função logarítmica 14
Introdução 4 Introdução 14
Expoente inteiro negativo 4 Condição de existência de um logaritmo 15
Propriedades das potências, cujo expoente Consequências da definição 16
é um número inteiro 4 Equações logarítmicas 16
Expoente racional 4 Propriedades dos logaritmos 17
Cologaritmo 18
Função exponencial 5 Mudança de base 19
Introdução 5 Função logarítmica 19
Função exponencial 5 Inequações logarítmicas 20
Inequações exponenciais 7
Referências bibliográficas 21
Referências bibliográficas 7

Grupo colaborativo formado pelos autores:

Prof. Weider Alberto Costa Santos, Administrador, especialista em Balanced Scorecard -


FGV, Marketing - FEJAL/CESMAC, Serviço Social - UFAL.

SANTOS, Weider Alberto Costa. Matemática - Unidade 3. 6. ed. - Maceió-AL : Sistema


Dinamus de Ensino, 2022.

Editoração e ilustração:
w2advanced

Impressão e distribuição:
Editora Dinamus

© 2022 - SDE | SISTEMA DINAMUS DE ENSINO Ltda. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do detentor dos
direitos autorais. Esta obra é de caráter educativo e didático, prezando pelo teor científico. Dispondo de todas as referências bibliográficas e/ou webgráficas. Também
das fontes de pesquisas, cortes de reportagens e imagens. Creditadas e reservadas em nome do SISTEMA DINAMUS DE ENSINO Ltda.

A Verdade vos liber tará.


Função exponencial
Capítulo
1

Aplicação financeira e aprendizagem


da Matemática para jovens

Investimento
FONTE: https://investnews.com.br/wp-content/uploads/2020/05/investimentos-selic.jpg

O dinamismo no ensino da Matemática facilita a Os juros compostos são a base do atual Sistema
compreensão de conceitos, despertando o interes- Financeiro, pois são utilizados pelas instituições Sobre o texto e a
se do estudante, pois ao entender os conteúdos bancárias e financeiras na cobrança e recebimento imagem de intro-
dução
ele sente segurança na resolução de atividades, de juros nas operações de empréstimos, paga-
ocasionando a fixação dos conteúdos. mentos, aplicações, financiamentos, investimen-
tos entre outros serviços do ramo. • De acordo com o texto, como a
Mas esse sucesso depende do professor, que educação financeira se relaciona
deve criar mecanismos ao trabalhar os conteúdos, Esse tipo de capitalização é acumulativo, isto é, os com a matemática?
buscando inovar o ensino, contextualizando a Ma- juros são gerados com base nos juros anteriores,
temática. Uma opção de contextualização está na dessa forma as variações tendem a aumentar com • O que são juros compostos?
relação existente entre os juros compostos e as o decorrer dos intervalos, e é desse conceito que
• Com o auxílio do professor,
funções exponenciais, que são temas pertinentes podemos criar a relação com as funções exponen- elabore um plano de investi-
ao Ensino Médio. ciais. mento imaginário e destaque a
incidência dos juros compostos
Juros compostos são a aplicação de juros sobre As funções exponenciais correspondem às expres- no período de aplicação.
juros, isto é, os juros que são aplicados ao mon- sões que possuem a incógnita no expoente. A cada
tante final de cada período. Os dois conteúdos intervalo, a variação da sua imagem em função do
possuem pontos comuns e podem ser trabalhados domínio x aumenta, e essa característica é igual à
de forma paralela, e embora os livros didáticos os situação envolvendo juros compostos, por serem
apresentem separadamente, o profissional pode calculados sobre os juros anteriores, o montante a
criar os pontos de ligação. ser aplicado cresce mês a mês gerando juros pos-
teriores sempre mais elevados.
Álgebra
Capítulo 1: Função exponencial

Tópicos básicos para função exponencial


MATEMÁTICA

Introdução
O estudo da função exponencial requer alguns conceitos de potenciação. Para uma expressão do
tipo an, denominamos como base o número real a; expoente o número natural n maior que 1; e potência o
resultado da operação.

Expoente inteiro não-ne-


gativo – por extensão da 01. Determine:
definição, fazemos:

n = 0 → a0 = 1 a) 120 b) 10 c) (√12)0
n = 1 → a1 = a d) (3π)1 e) – 34 f) – 10

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
Expoente inteiro negativo
| SISTEMA DINAMUS • ENSINO MÉDIO |

Sendo a base a um número real não-nulo a ∈ IR* e o expoente n um número natural, temos:

LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998


Propriedades das potências cujo expoente é um
número inteiro

Expoente racional
Considerando , temos que:

• Não existe raiz em IR quando a ∈ e n é par.


• A raiz é um número negativo quando a ∈ e n é ímpar.

4 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Álgebra
Capítulo 1: Função exponencial

Função exponencial

MATEMÁTICA
Introdução
Chama-se equação exponencial toda equação que contém incógnita no expoente.

• 2x = 16
• 3x + 1 + 3x – 2 = 9
• 3x – 1 = 27
• 10 ⋅ 22x – 5 ⋅ 22x – 1 = 0

Para resolver uma equação exponencial, devemos transformá-la de modo a obter potências de
mesma base no primeiro e no segundo membros da equação utilizando as definições e propriedades da
potenciação. Além disso, usamos o seguinte fato:

Se a > 0, a ≠ 1 e x é a incógnita, a solução da equação ax = ap é x = p.


É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

01. Resolva a equação 4x = 512. c) 10x = √0,1


d) 101 – 4x = 0,001
02. Determine o conjunto solução da equação 81x + 2 = 1 no univer-
so dos números reais. 05. Uma fórmula matemática para se calcular aproximadamente a

| SISTEMA DINAMUS • ENSINO MÉDIO |


LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998

área, em metros quadrados, da superfície corporal de uma pessoa,


03. Resolva as equações exponenciais: é dada por:

a) 2x = 64
b) 9x = 243
c) 3x = √3 onde p é a massa da pessoa em quilogramas. Considere uma crian-
ça de 8 kg. Determine:
04. Determine o conjunto solução das equações:
a) a área da superfície corporal da criança.
a) 3x = 1/81 b) a massa que a criança terá quando a área de sua superfície cor-
b) 23x + 1 = 4x – 2 poral duplicar. (Use a aproximação √2 = 1,4.)

Função exponencial
A função dada por ƒ(x) = ax (com a > 0 e a ≠ 1) é denominada função exponencial
de base a.
Vamos agora examinar o comportamento da função exponencial traçando o seu gráfico no plano
cartesiano. Temos dois casos:

1º caso: a > 1
Como exemplo, seja ƒ(x) = 2x.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 5
Álgebra
Capítulo 1: Função exponencial

Observe que, quanto maior o expoente x, maior é a potência ax, ou seja, se a > 1 a função ƒ(x) =
MATEMÁTICA

a é crescente.
x

2º caso: 0 < a < 1


Como exemplo, seja .

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
Nesse caso, quanto maior o expoente x, menor é a potência ax, ou seja, se 0 < a < 1 a função ƒ(x)
= a é decrescente.
x

De acordo com a definição da função ƒ(x) = ax (com a > 0 e a ≠ 1) e observando os dois gráficos,
temos:
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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998


• O domínio da função é D = IR.
• O contradomínio da função é CD = IR.
• A imagem da função é Im = (reais positivos).

Existem fatos que podem ser descritos por meio de uma função do tipo exponencial, tais como
os juros do dinheiro acumulado, o crescimento ou decrescimento de populações animais ou vegetais e a
desintegração radioativa.

01. Uma pessoa deposita R$ 500,00 na caderneta de poupança e, mensalmente, são creditados juros de 2% sobre o saldo. Sabendo que a
fórmula do montante (capital + rendimento), após x meses, é M(x) = 500 ⋅ (1,02)x calcule:

a) o montante após 1 ano


b) o rendimento no primeiro ano

02. Uma cultura, inicialmente com 100 bactérias, reproduz-se em condições ideais. Suponha que, por divisão celular, cada bactéria dessa cultura
dê origem a duas outras bactérias idênticas por hora.

a) Qual a população dessa cultura após 3 horas do instante inicial?


b) Depois de quantas horas a população dessa cultura será de 51.200 bactérias?

03. Identifique como crescente ou decrescente as seguintes funções exponenciais:

a) ƒ(x) = 5x
b) ƒ(x) = (1/6)x
c) ƒ(x) = 2– x
d) ƒ(x) = πx

04. Uma associação assistencial a menores carentes é fundada por dez pessoas. O regulamento da associação estabelece que cada sócio deve
apresentar 2 novos sócios ao final de cada ano.

a) Qual o número de sócios após 3 anos? E após n anos?


b) Daqui a quantos anos essa associação terá 7.290 sócios?

6 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Álgebra
Capítulo 1: Função exponencial

Inequações exponenciais

MATEMÁTICA
Com base no crescimento e no decrescimento da função real ƒ(x) = ax, com a ∈ , podemos
comparar quaisquer dois de seus expoentes.

1º caso: a > 1 (função crescente) 2º caso: 0 < a < 1 (função decrescente)


É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

Usando essas relações, e lembrando que , podemos resolver algumas inequações

| SISTEMA DINAMUS • ENSINO MÉDIO |


LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998

exponenciais.

01. Resolva a inequação (1/3)3x – 1 < (1/3)x + 5 05. Qual o conjunto solução da equação 42x – 2 – 17 ⋅ 4x – 2 + 1 = 0?

02. Resolva as inequações exponenciais: 06. O crescimento de uma cultura de bactérias obedece à função
N(t) = 600 ⋅ 3kt, em que N é o número de bactérias no instante
a) 22x – 1 > 2x + 1 t, sendo t o tempo em horas. A produção tem início em t = 0.
b) (0, 1)5x – 1 ≤ (0, 1)2x + 8 Decorridas 12 horas há um total de 1.800 bactérias. O valor de k e
o número de bactérias, após 24 horas do início da produção, são,
03. Determine os valores reais de x que verificam a inequação respectivamente:
3x + 1 + 32 + x > 108.
(A) 1/12 e 3.600
04. Ache o conjunto solução das inequações: (B) – 1/12 e – 100
(C) – 1/12 e 64
a) 2x + 1 ⋅ 4x – 1 ≤ 1/32 (D) 12 e 5.400
b) (3/2)x + 1 ⋅ (9/4)1 + 2x > (27/8)4x + 3 (E) 1/12 e 5.400

Referências bibliográficas
GIOVANNI, José Ruy. Matemática fundamental: ensino médio, volume único. São Paulo: FTD, 2002.
PAIVA, Manoel Rodrigues. Matemática Paiva: volume 1. São Paulo: Moderna, 2009.
SILVA, Claudio Xavier da. Matemática aula por aula. 2. ed. São Paulo: FTD, 2005.
PAIVA, Manoel Rodrigues. Matemática: volume único. São Paulo: Moderna, 1999.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 7
Álgebra
Capítulo 1: Função exponencial
MATEMÁTICA

FUNÇÃO EXPONENCIAL

Introdução

O estudo da função exponencial requer alguns conceitos sobre potenciação. Para uma expressão do tipo an,
denominamos: base, ao número real a; expoente, ao número natural n maior que 1; potência, ao resultado da
operação.

Função exponencial

A função dada por ƒ(x) = ax (com a > 0 e a ≠ 1) é denominada função exponencial de base a.

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998

8 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Álgebra
Capítulo 1: Função exponencial

MATEMÁTICA
01. Em 1798, Thomas Malthus, no trabalho “An Essay on the 05. A análise de uma aplicação financeira ao longo do tempo
Principle of Population”, formulou um modelo para descrever a mostrou que a expressão V(t) = 1.000 ⋅ 20,0625 ⋅ t fornece uma
população presente em um ambiente em função do tempo. Esse boa aproximação do valor V (em reais) em função do tempo t
modelo, utilizado para acompanhar o crescimento de populações (em anos), desde o início da aplicação. Depois de quantos anos o
ao longo do tempo t, fornece o tamanho N(t) da população pela valor inicialmente investido dobrará?
lei N(t) = N0 · ekt, onde N0 representa a população presente no
instante inicial e k, uma constante que varia de acordo com a es- (A) 8.
pécie de população. A população de certo tipo de bactéria está (B) 12.
sendo estudada em um laboratório, segundo o modelo de Thomas (C) 16.
Malthus. Inicialmente foram colocadas 2.000 bactérias em uma (D) 24.
placa de Petri e, após 2 horas, a população inicial havia triplicado. (E) 32.
A quantidade de bactérias presente na placa 6 horas após o início
do experimento deverá aumentar: 06. Observe a figura a seguir.

(A) 6 vezes. (B) 8 vezes. (C) 18 vezes.


(D) 27 vezes. (E) 10 vezes.

02. Observe o plano cartesiano a seguir, no qual estão represen-


tados os gráficos das funções definidas por f(x) = 2x+1, g(x) = 8
e h(x) = k, sendo x pertencente aos Reais e k uma constante real.
É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

A meia-vida de um elemento radioativo é o tempo necessário para

| SISTEMA DINAMUS • ENSINO MÉDIO |


LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998

que sua atividade seja reduzida à metade da atividade inicial, ou


seja, o elemento radioativo perde metade de sua massa a cada
período de tempo. A braquiterapia é uma das modalidades de
tratamento da radioterapia contra o câncer, e um dos elementos
radioativos utilizados é o 103Pd, cuja meia-vida é de 17 dias.

Considerando a massa inicial de 16 g de 103Pd, assinale a alterna-


No retângulo ABCD, destacado no plano, os vértices A e C são as tiva que apresenta, corretamente, a massa desse elemento radio-
interseções dos gráficos f ∩ h e f ∩ g, respectivamente. ativo decorridos 136 dias.

Determine a área desse retângulo. (A) 1/16 g.


(B) 1/4 g.
03. No início do ano de 2017, Carlos fez uma análise do cresci- (C) 1/2 g.
mento do número de vendas de refrigeradores da sua empresa, (D) 2 g.
mês a mês, referente ao ano de 2016. Com essa análise, ele per- (E) 8 g.
cebeu um padrão matemático e conseguiu descrever a relação
V(x) = 5 + 2x, onde V representa a quantidade de refrigeradores 07. Considere a função real ƒ : IR → IR definida por ƒ(x) = ax –
vendidos no mês x. Considere: x = 1, referente ao mês de janeiro; b, em que 0 < a < 1 e b > 1. Analise as alternativas a seguir e
x = 12, referente ao mês de dezembro. marque a falsa.

A empresa de Carlos vendeu, no 2º trimestre de 2016, um total de (A) Na função ƒ, se x > 0, então – b < ƒ(x) < 1 – b
(B) Im(ƒ) contém elementos menores que o número real – b
(A) 39 refrigeradores. (C) A raiz da função ƒ é um número negativo.
(B) 13 refrigeradores. (D) A função real h, definida por h(x) = ƒ(|x|) não possui raízes.
(C) 127 refrigeradores. (E) nenhuma das alternativas anteriores.
(D) 69 refrigeradores.
(E) 112 refrigeradores. 08. Os biólogos observaram que, em condições ideais, o número
de bactérias Q(t) em uma cultura cresce exponencialmente com
04. Em relação à função real definida por g(x) = 2x + 1, é correto o tempo t, de acordo com a lei Q(t) = Q0 ⋅ ekt, sendo k > 0 uma
afirmar que g(g(0)) corresponde a: constante que depende da natureza das bactérias; o número irra-
cional vale aproximadamente 2,718 e Q0 é a quantidade inicial de
(A) 1. bactérias.
(B) 2.
(C) 3. Se uma cultura tem inicialmente 6.000 bactérias e, 20 minutos de-
(D) 4. pois, aumentou para 12.000, quantas bactérias estarão presentes
(E) 5. depois de 1 hora?

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 9
Álgebra
Capítulo 1: Função exponencial
MATEMÁTICA

(A) 1,8 ⋅ 104. (E) 1.909,62.


(B) 2,4 ⋅ 104.
(C) 3,0 ⋅ 104. 14. Uma pizza a 185 °C foi retirada de um forno quente. Entretan-
(D) 3,6 ⋅ 104. to, somente quando a temperatura atingir 65 °C será possível se-
(E) 4,8 ⋅ 104. gurar um de seus pedaços com as mãos nuas, sem se queimar.
Suponha que a temperatura T da pizza, em graus Celsius, possa
09. Em um experimento no laboratório de pesquisa, observou-se ser descrita em função do tempo t, em minutos, pela expressão
que o número de bactérias de uma determinada cultura, sob cer- T = 160 ⋅ 2–0,8 ⋅ t + 25. Qual o tempo necessário para que se
tas condições, evolui conforme a função B(t) = 10 ⋅ 3t – 1, em que possa segurar um pedaço dessa pizza com as mãos nuas, sem
B(t) expressa a quantidade de bactérias e t representa o tempo se queimar?
em horas. Para atingir uma cultura de 810 bactérias, após o início
do experimento, o tempo decorrido, em horas, corresponde a: (A) 0,25 minutos.
(B) 0,68 minutos.
(A) 1. (C) 2,5 minutos.
(B) 2. (D) 6,63 minutos.
(C) 3. (E) 10,0 minutos.
(D) 4.
(E) 5.
15. Em um dia num campus universitário, quando há alunos
presentes, 20% desses alunos souberam de uma notícia sobre
10. Sejam ƒ : IR → IR e g : IR → IR funções definidas por
um escândalo político local. Após t horas ƒ(t) alunos já sabiam

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
e .
do escândalo, onde , k e B são constantes po-
Então, podemos afirmar que sitivas. Se 50% dos alunos sabiam do escândalo após 1 hora,

(A) ƒ é crescente e g é decrescente. quanto tempo levou para que 80% dos alunos soubessem desse
(B) ƒ e g se interceptam em x = 0.
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escândalo?
(C) ƒ(0) = – g(0).
(D) [ƒ(x)]2 – [g(x)]2 = 1. (A) 2 horas
(E) ƒ(x) ≥ 0 e g(x) ≥ 0, ∀ x ∈. (B) 3 horas
(C) 4 horas
11. A mitose é uma divisão celular, na qual uma célula duplica o (D) 5 horas
seu conteúdo, dividindo-se em duas, ditas células-filhas. Cada (E) 6 horas
uma destas células-filhas se divide, dando origem a outras duas,
totalizando quatro células-filhas e, assim, o processo continua se 16. Os dados estatísticos sobre violência no trânsito nos mos-
repetindo sucessivamente. Assinale a alternativa que correspon- tram que é a segunda maior causa de mortes no Brasil, sendo
de, corretamente, à função que representa o processo da mitose. que 98% dos acidentes de trânsito são causados por erro ou ne-
gligência humana e a principal falha cometida pelos brasileiros
(A) ƒ : Z → IN, dada por ƒ(x) = x2. nas ruas e estradas é usar o celular ao volante. Considere que em
(B) ƒ : Z → IN, dada por ƒ(x) = 2x. 2012 foram registrados 60.000 mortes decorrentes de acidentes
(C) ƒ : IN* → IN, dada por ƒ(x) = 2x. de trânsito e destes, 40% das vítimas estavam em motos.
(D) ƒ : IR+ → IR+, dada por ƒ(x) = 2x. (Texto Adaptado: Revista Veja, 19/08/2013.)
(E) ƒ : IR+ → IR+, dada por ƒ(x) = 2x.
A função N(t) = N0(1,2)t fornece o número de vítimas que esta-
12. Uma aplicação financeira tem seu rendimento, que depende vam de moto a partir de 2012, sendo t o número de anos e N0 o
do tempo, dado pela função ƒ, definida por ƒ(t) = at, a > 0, e a número de vítimas que estavam em moto em 2012. Nessas con-
≠ 1. Dessa forma, ƒ(t1 + t2) é igual a dições, o número previsto de vítimas em moto para 2015 será de:

(A) t1 ⋅ t2. (B) at1 + at2. (C) . (A) 41.472.


(D) . (E) . (B) 51.840.
(C) 62.208.
13. O sindicato de trabalhadores de uma empresa sugere que o (D) 82.944.
piso salarial da classe seja de R$ 1.800,00, propondo um aumen- (E) 103.680.
to percentual fixo por cada ano dedicado ao trabalho. A expressão
que corresponde à proposta salarial (s), em função do tempo de 17. As matas ciliares desempenham importante papel na manu-
serviço (t), em anos, é s(t) = 1.800 ⋅ (1,03)t. De acordo com a tenção das nascentes e estabilidade dos solos nas áreas margi-
proposta do sindicato, o salário de um profissional dessa em- nais. Com o desenvolvimento do agronegócio e o crescimento
presa com 2 anos de tempo de tempo de serviço será, em reais, das cidades, as matas ciliares vêm sendo destruídas. Um dos
métodos usados para a sua recuperação é o plantio de mudas.
(A) 7.416,00. O gráfico a seguir mostra o número de mudas N(t) = bat (o <
(B) 3.819,24. a ≠ 1 e b > 0) a serem plantadas no tempo t (em anos), numa
(C) 3.709,62. determinada região.
(D) 3.708,00.

10 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Álgebra
Capítulo 1: Função exponencial

MATEMÁTICA
(B) linear.
(C) logarítmico.
(D) senoidal.
(E) nulo.

21. Um imóvel perde 36% do valor de venda a cada dois anos.


O valor V(t) desse imóvel em t anos pode ser obtido por meio da
fórmula a seguir, na qual V0 corresponde ao seu valor atual.

De acordo com os dados, o número de mudas a serem plantadas, Admitindo que o valor de venda atual do imóvel seja igual a 50 mil
quando t = 2 anos, é igual a reais, calcule seu valor de venda daqui a três anos.

(A) 2.137. 22. A desintegração de uma substância radioativa é um fenômeno


(B) 2.150. químico modelado pela fórmula q = 10 ⋅ 2k ⋅ t, onde q representa
(C) 2.250. a quantidade de substância radioativa (em gramas) existente no
(D) 2.437. instante t (em horas). Quando o tempo t é igual a 3,3 horas, a
(E) 2.500. quantidade existente q vale 5. Então, o valor da constante k é

18. A função ƒ, definida por ƒ(x) = 4–x – 2, intercepta o eixo das (A) – 35/5.
É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

abscissas em (B) – 33/10.


(C) – 5/33.
(A) –2. (D) – 10/33.
(B) –1. (E) – 100/33.
(C) –1/2.
(D) 0. 23. Um trabalhador possui um cartão de crédito que, em determi-

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(E) 1/2. nado mês, apresenta o saldo devedor a pagar no vencimento do


cartão, mas não contém parcelamentos a acrescentar em futuras
19. O decrescimento da quantidade de massa de uma substância faturas. Nesse mesmo mês, o trabalhador é demitido. Durante o
radioativa pode ser apresentado pela função exponencial real dada período de desemprego, o trabalhador deixa de utilizar o cartão
por ƒ(t) = at. Então, pode-se afirmar que de crédito e também não tem como pagar as faturas, nem a atual
nem as próximas, mesmo sabendo que, a cada mês, incidirão
(A) a < 0. taxas de juros e encargos por conta do não pagamento da dívida.
(B) a = 0. Ao conseguir um novo emprego, já completados 6 meses de não
(C) 0 < a < 1. pagamento das faturas, o trabalhador procura renegociar sua dívi-
(D) a > 1. da. O gráfico mostra a evolução do saldo devedor.
(E) a > 0.

20. A revista Pesquisa Fapesp, na edição de novembro de 2012,


publicou o artigo intitulado Conhecimento Livre, que trata dos
repositórios de artigos científicos disponibilizados gratuitamente
aos interessados, por meio eletrônico. Nesse artigo, há um gráfico
que mostra o crescimento do número dos repositórios institucio-
nais no mundo, entre os anos de 1991 e 2011.

Com base no gráfico, podemos constatar que o saldo devedor


inicial, a parcela mensal de juros e a taxa de juros são

(A) R$ 500,00; constante e inferior a 10% ao mês.


(B) R$ 560,00; variável e inferior a 10% ao mês.
(C) R$ 500,00; variável e superior a 10% ao mês.
Observando o gráfico, pode-se afirmar que, no período analisado, (D) R$ 560,00; constante e superior a 10% ao mês.
o crescimento do número de repositórios institucionais no mundo (E) R$ 500,00; variável e inferior a 10% ao mês.
foi, aproximadamente,
24. A função real f definida por f(x) = a · 3x + b, sendo a e b
(A) exponencial. constantes reais, está graficamente representada a seguir:

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 11
Álgebra
Capítulo 1: Função exponencial
MATEMÁTICA

função g(x) = 3–2x+k, com k um número real, é tal que g(a) = b,


o valor de k é

(A) 2.
(B) 3.
(C) 4.
(D) 1.
(E) 0.

29. Um modelo de automóvel tem seu valor depreciado em função


do tempo de uso segundo a função f(t) = b · at, com t em ano.
Essa função está representada no gráfico.
Pode-se afirmar que o produto (a x b) pertence ao intervalo real

(A) [–4, –1[.


(B) [–1, 2[.
(C) [2, 5[.
(D) [5, 8[.
(E) [4, –8[.

25. Sabendo que 2x+3 = 32, determine o valor de 2–x:

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
(A) 4.
(B) 2.
(C) 0.
(D) ½.
(E) ¼.
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26. Considere as funções f(x) = 3x e g(x) = x3, definidas para Qual será o valor desse automóvel, em real, ao completar dois
todo número real x. O número de soluções da equação f(g(x)) = anos de uso?
g(f(x)) é igual a
(A) 48.000,00.
(A) 1. (B) 48.114,00.
(B) 2. (C) 48.600,00.
(C) 3. (D) 48.870,00.
(D) 4. (E) 49.683,00.
(E) 5.
30. Uma aplicação bancária é representada graficamente confor-
27. Um dos processos de reprodução das bactérias é a chamada me figura a seguir.
divisão binária, na qual uma célula bacteriana se reproduz dividin-
do-se em duas novas células.

Em relação a este processo de reprodução, é correto afirmar que

(01) as bactérias são células procarióticas, desprovidas de cario-


teca e, portanto, seu processo de divisão celular é mais simples
do que o das células eucarióticas.
(02) a função N(t) = 2t, em que t pertence aos Naturais, fornece
a quantidade total de células geradas por uma célula, por divisão
binária, após t etapas de divisão.
(04) no processo de divisão binária, a quantidade total de células
após cada etapa da reprodução é representada por uma função
exponencial. M é o montante obtido através da função exponencial M = C ·
08) a bactéria tem um único cromossomo no qual existe uma (1,1)t, C é o capital inicial e t é o tempo da aplicação. Ao final de
região específica denominada origem de replicação, em que a 04 meses o montante obtido será de
divisão celular tem início pela duplicação do DNA a partir desta
região. (A) R$ 121,00.
(16) se uma célula bacteriana se reproduz, por divisão binária, a (B) R$ 146,41.
cada 20 minutos, então ao final de 1 hora e 40 minutos esta célula (C) R$ 1.210,00
terá gerado 32 novas células. (D) R$ 1.464,10.
(E) R$ 150,00.
28. Em um plano cartesiano, o ponto P(a, b) com a e b números
reais, é o ponto de máximo da função f(x) = –x2 + 2x + 8. Se a

12 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Função logarítmica
Capítulo
2

Calculando logaritmos com a


calculadora científica

Calculadora científica
FONTE: https://www.guia55.com.br/wp-content/uploads/2019/11/
calculadoracientifica-0-alexlmx-94047516_l-e1573485140964.jpg

No mundo dos números e das incógnitas, definitivamente, porque seu uso vai de aplica-
as certezas são poucas. Uma delas é que, ções tradicionais (como na educação esco- Aplicando o loga-
ritmo:
sem uma calculadora apropriada, alcançar lar) a aplicações profissionais.
o resultado pretendido se torna uma tarefa
quase impossível. Não importa qual equação, É muito utilizada para resolver logaritmos.
limite, logaritmo ou função se queira resolver, Na matemática, logaritmo de um número • De acordo com o texto, o que é
é relevante ter uma dessas máquinas como é o expoente a que outro valor fixo, a base, logaritmo?

aliadas. deve ser elevado para produzir este número.


É, assim, um estudo que depende – de um
Os modelos mais modernos atingem uma modo geral – do conhecimento em potencia-
gama incalculável – sem trocadilhos – de fun- ção e suas propriedades, pois para encontrar
ções. Embora tenha se convencionado cha- o valor numérico de um logaritmo, é preciso
mar todas de “calculadoras científicas”, há desenvolver uma potência e transformá-la em
diferenças sutis e marcantes entre elas. um logaritmo.

A calculadora “científica” é um tipo de calcu- Para calcular expressões logarítmicas com a


ladora eletrônica projetada para calcular pro- calculadora “científica” é bem simples: insira
blemas em ciências, engenharias e matemáti- a base do logaritmo, depois o número e fi-
ca. Sua invenção substituiu a régua de cálculo nalmente o resultado. Logo em seguida clique
(um dispositivo de cálculo que se baseia na em calcular e pronto! Fácil assim.
sobreposição de escalas logarítmicas) quase
Álgebra
Capítulo 2: Função logarítmica

Função logarítmica
MATEMÁTICA

Introdução
Iniciaremos este tópico com uma afirmação: todo número positivo pode ser escrito como uma
potência de base 10 – ou como uma aproximação dessa potência.
Para muitos números, isso pode ser feito com facilidade. Veja alguns exemplos:

1 = 100 0,1 = 10–1


10 = 101 0,01 = 10–2
100 = 102 0,001 = 10–3
Os logaritmos vêm facilitar a vida na me- 1.000 = 103 0,0001 = 10–4
dida que vão permitir simplificar cálculos 10.000 = 104 0,00001 = 10–5
mais complicados. E por que? Porque com
eles vamos baixar o grau de dificuldade
das operações, transformando multiplica- Entretanto, na maioria dos casos, torna-se difícil escrever um número como potência de
ções em adições, divisões em subtrações, base 10. Por exemplo, com os expoentes aproximados, por falta, até a 3ª casa decimal, temos:
potenciação em multiplicação e radiciação
em divisão.
2 = 100,301
Chama-se logaritmo de x na base a a 3 = 100,477
um número b tal que se elevarmos a ao
expoente b obtemos x. 7 = 100,845

Com o intuito de simplificar, usaremos o sinal de igualdade (=), mesmo nos casos que

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
envolvam valores aproximados.

Número Logaritmo Representação Número Logaritmo Representação

1 0,000 1 = 100 ... ... ...


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2 0,301 2 = 100,301 10 1,000 10 = 101
3 0,477 3 = 100,477 ... ... ...
4 0,602 4 = 10 0,602
100 2,000 100 = 102
5 0,699 5 = 10 0,699
... ... ...
6 0,778 6 = 10 0,778
145 2,161 145 = 102,161

Nos séculos XVI e XVII, vários matemáticos desenvolveram estudos visando a simplificação do
cálculo. Nesse sentido, construíram tabelas relacionando números naturais e os expoentes de 10, corres-
pondentes a cada um. A esses expoentes deram o nome de logaritmos. A palavra logaritmo vem do grego
logos (razão) + arithmos (número).
Assim, o número 0,301 é chamado logaritmo de 2 na base 10. Indica-se log102 = 0,301, ou seja,
2 = 100,301. O número 0,778 é chamado logaritmo de 6 na base 10. Indica-se log106 = 0,778, ou seja, 6
= 100,778.

Essas tabelas foram chamadas de tábuas de logaritmos decimais, porque os números são re-
presentados como potências de base 10. Entretanto, os logaritmos podem ser escritos em qualquer base
positiva diferente de 1. Observe:

• log72 = 0,356, porque 2 = 70,356


• log5125 = 3, porque 125 = 53
• log847 = 1,852, porque 47 = 81,852

Dizemos que o logaritmo de um número positivo b, na base a, positiva e diferente de 1, é o expoente


x ao qual se deve elevar a para se obter b.

Se a base do logaritmo for 10, costuma-se omiti-la na sua representação.

log10 b = log b (log → logaritmo decimal)

14 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Álgebra
Capítulo 2: Função logarítmica

O conjunto dos logaritmos na base 10 de todos os números reais positivos é chamado de sistema

MATEMÁTICA
de logaritmos decimais ou de Briggs. Pela facilidade do seu uso, esse sistema é especialmente empregado
para realizar cálculos numéricos.
Há, ainda, o sistema de logaritmos neperianos (o nome foi dado em homenagem a John Napier,
matemático escocês conhecido como o decodificador do logaritmo natural). A base desses logaritmos é o
número irracional e = 2,71828... Esse sistema também é conhecido como sistema de logaritmos naturais
e tem grande aplicação no estudo de diversos fenômenos da natureza.

loge b = In b (In → logaritmo natural)

A operação por meio da qual obtemos x na igualdade x = loga b é chamada logaritmação.

Operação / Elementos Potenciação Logaritmação

a base base do logaritmo


b potência logaritmando ou antilogaritmo
x expoente logaritmo

Note que a logaritmação e a potenciação são operações que se relacionam.


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01. Calcule: c) 10x = 15 d) 2x = 42

a) log6 36 b) log10 0,01 c) log1/4 2√2 05. Sabendo que 101,079 = 12, qual o valor de x que satisfaz a equa-

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ção 12x = 100?


02. Calcule log 1,4. Use 2 = 100,301 e 7 = 100,845.
06. Uma população de bactérias, em condições favoráveis, repro-
03. Digitando o número 85 numa calculadora e depois apertando a duz-se aumentando seu número em 25% a cada dia. Após quantos
tecla LOG, aparece, no visor, 1,9294189. Como se relacionam e o dias o número de bactérias será 200 vezes maior que o número
que significam esses números, quando consideramos uma potên- inicial?
cia de base 10? (Use: log 2 = 0,301 e log 5 = 0,699)

04. Considere os seguintes dados: log 2 = 0,301, log 3 = 0,477, 07. Suponha que o preço de um carro sofra uma desvalorização de
log 5 = 0,699 e log 21 = 1,322. Resolva as equações: 20% ao ano. Depois de quanto tempo, aproximadamente, seu preço
cairá para cerca da metade do preço de um carro novo?
a) 3x = 5 b) 10x = 21 (Use: log10 2 = 0,30)

Condição de existência de um logaritmo


Considere os logaritmos:

log2 4 = x ⇒ 4 = 2x ⇒ 22 = 2x ∴ x = 2
log10 0,1 = x ⇒ 0,1 = 10x ⇒ 10–1 = 10x ∴ x = – 1
log1/3 27 = x ⇒ 27 = (1/3)x ⇒ 33 = 3–x ∴ x = – 3
log2 (– 3) = x ⇒ – 3 = 2x ∴ que satisfaz a equação
log1 4 = x ⇒ 4 = 1x ∴ que satisfaz a equação
log(– 7) 7 = x ⇒ 7 = (– 7)x ∴ que satisfaz a equação

Observe que não existe o logaritmo x quando o logaritmando é negativo ou quando a base é negativa
ou igual a 1. Podemos, então, dizer que:

Para loga b existir, devemos ter:

• logaritmando positivo: b > 0


• base positiva e diferente de 1: a > 0 e a ≠ 1

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 15
Álgebra
Capítulo 2: Função logarítmica
MATEMÁTICA

01. Para quais valores de x existe log3 (x – 5)? 04. Dê a condição de existência de:

02. Para quais valores reais de x existe logx + 1 (x2 + 3x – 18)? a) log5 (x2 + 4x – 5)
b) log (50 – 5x – x2)
03. Determine os valores reais de x para que exista:
05. Determine os valores de x para que exista:
a) log2 (x – 8)
b) log (1 – x) a) b) log(x – 1) (2x – x2)
c) log5 (5x – 2) + log5 (x – 3) c) log |x| d) log |x – 1/x|

Consequências da definição
Supondo que estejam satisfeitas as condições de existência dos logaritmos, verifica-se que:

• O logaritmo de 1 em qualquer base é igual a zero: loga 1 = 0, pois a0 = 1.

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• O logaritmo da própria base é igual a 1: loga a = 1, pois a1 = a.

• O logaritmo de uma potência da base é igual ao expoente: loga am = m, pois loga am = p


⇔ ap = am. Portanto, p = m e, então, loga am = m.
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• O logaritmo de b na base a é o expoente ao qual devemos elevar a para obter b: ,
pois ax = b ⇔ x = loga b. Substituindo x por loga b em ax = b, resulta .

01. Que número natural log10 (log10 10) representa?

02. Determine o valor da expressão log7 73 + log9 16 + .

03. Dê o valor dos logaritmos:

a) log9 1 b) log1/7 1 c) log33 1 d) log4 46

Equações logarítmicas
Observe as equações:

• log3 (x – 1) = 2
• logx + 1 (19 – x) = 2
• 1 – log2 x = 3/2 + 4 log2 x

Elas representam a incógnita envolvida com logaritmos e, por esse motivo, são chamadas de equa-
ções logarítmicas. Para resolvê-las aplicaremos, além da definição de logaritmo, a seguinte propriedade:

Outras explicações sobre o modo de resolver essas equações serão dadas a seguir.

16 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Álgebra
Capítulo 2: Função logarítmica

MATEMÁTICA
01. Resolva a equações log2 (x – 4) = 3. 05. Uma cidade tem 10.000 habitantes. Sua população apresenta,
em média, 5% de crescimento ao ano. Após quantos anos essa
02. Determine o conjunto solução da equação logx (3x2 – x) = 2. cidade terá 100.000 habitantes?
(Use: log 1,05 = 0,02119)
03. Qual o conjunto verdade da equação (log3 x)2 – log3 x – 6 = 0?
06. No universo IR, quais as soluções da equação
04. Resolva as equações:

a) log5 x = 2 b) logx 243 = 5 07. Determine o conjunto solução da equação 4log x = 1.


c) logx 1/9 = 2 d) log5 (1 – 4x) = 2

Propriedades dos logaritmos


O conceito de logaritmo apareceu como uma tentativa de simplificar o cálculo em uma época em
que não existiam as calculadoras. Com os logaritmos as operações são substituídas por outras mais sim-
ples: potenciações são substituídas por multiplicações, multiplicações por adições, divisões por subtrações.
É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

Essas transformações de operações mais complicadas em outras mais simples serão apresentadas
na forma de propriedades. Vejamos:

a) Logaritmo de um produto: o logaritmo de um produto é igual à soma dos logaritmos dos


fatores, tomados na mesma base, isto é:

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Demonstração:
Considere os logaritmos logb a = x ∴ a = bx (I)
logb c = y ∴ c = by (II)
logb (ac) = z ∴ ac = bz (III)

Substituindo-se (I) e (II) em (III): bz = a ⋅ c ⇒ bz = bx ⋅ by


b z = bx + y ⇒ z = x + y
Dessa última igualdade, obtemos: logb (ac) = logb a + logb c.

b) Logaritmo de um quociente: o logaritmo de um quociente é igual ao logaritmo do divi-


dendo menos o logaritmo do divisor, tomados na mesma base, isto é:

Demonstração:
Considere os logaritmos logb a = x ∴ a = bx (I)
logb c = y ∴ c = by (II)
logb a/c = z ∴ a/c = bz (III)

Substituindo-se (I) e (II) em (III): bz = a/c

Dessa última igualdade, obtemos: logb (a/c) = logb a – logb c.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 17
Álgebra
Capítulo 2: Função logarítmica
MATEMÁTICA

01. Sabendo que log 2 = 0,301 e log 3 = 0,477, calcule: d) log 2/3 e) log 1,5 f) log 0,6

a) log 6 b) log 5 c) log 2,5 04. Determine o conjunto solução das equações:

02. Resolva a equação log2 (x + 2) + log2 (x – 2) = 5. a) log2 (x + 3) + log2 (x – 4) = 3


b) log2 x + log2 (10x – 1) = 1
03. Dados log 2 = 0,301; log 3 = 0,477; log 5 = 0,699 e log 7 =
0,845, calcule: 05. Resolva a equação

a) log 15 b) log 14 c) log 42 log10 (x2 + 1)2 – log10 (x2 + 1) = log10 101.

c) Logaritmo de uma potência: o logaritmo de uma potência é igual ao produto do expoente


pelo logaritmo da base da potência, isto é:

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
Demonstração:
Considere o logaritmo logb a = x. Usando a definição, obtemos: a = bx.
Elevando os dois membros ao expoente n, temos: a = bx ⇒ an = (bx)n ⇒ an = bnx.
Portanto, nx é o logaritmo de an na base b, isto é: logb an = nx.
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Substituindo x por logb a, obtemos: logb an = n ⋅ logb a.

01. Sendo log 2 = 0,301 e log 3 = 0,477, calcule: (Use: log 3 = 0,477)

a) log 7,2 b) log √3 03. O lucro mensal, em reais, de uma empresa é expresso pela lei
L(t) = 3.000 ⋅ (1,5)t, sendo L(t) o lucro após t meses.
02. Suponha que um carro sofra uma desvalorização de 10% ao
ano. Em quanto tempo o valor do carro se reduzirá a um terço do a) Qual o lucro dessa empresa após 2 meses?
valor inicial? b) Daqui a quantos meses o lucro será de R$ 36.000,00?
(Use: log 2 = 0,301 e log 3 = 0,477)

Cologaritmo
Considere as expressões:

Observe que o logaritmo do inverso de um número é igual ao oposto do logaritmo desse número. Ao
oposto do logaritmo de um número numa certa base denominamos cologaritmo desse número na mesma
base, isto é:

18 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Álgebra
Capítulo 2: Função logarítmica

MATEMÁTICA
01. Resolva a equação log5 x = log5 3 + colog5 4. 03. Determine x nas equações:

02. Calcule: a) log2 x = log2 25 + colog2 5


b) 2 log x = log 1.000 + colog 10
a) colog2 16. b) colog4 128. c) colog25 625
d) colog5 5√5.

Mudança de base
Usando uma tabela de logaritmo decimais ou uma calculadora científica, também é possível calcular
qualquer logaritmo em uma outra base, diferente de 10.
Além disso, para simplificar expressões ou resolver equações logarítmicas, necessitamos aplicar as
propriedades operativas, e os logaritmos devem ser da mesma base.
Para mostrar como isso pode ser feito, vamos apresentar uma fórmula conhecida como fórmula da
mudança de base.
Assim, conhecendo os logaritmos numa base c, vamos escrevê-los numa outra base a.
Para demonstrar a fórmula, fazemos: loga b = x.
Portanto, ax = b.
É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

Aplicando o logaritmo na base c em ambos os membros, obtemos:

logc ax = logc b

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Usando uma das propriedades operatórias, temos:

x ⋅ logc a = logc b

Daí, vem:

01. Sendo log 2 = 0,3 e log 3 = 0,4, calcule log2 6. 03. Sendo log 2 = 0,3; log 3 = 0,4 e log 5 = 0,7, calcule:

02. Resolva a equação log2 x + log4 x + log16 x = 7. a) log2 50. b) log3 45. c) log9 2.
d) log8 600. e) log5 3. f) log6 15.

Função logarítmica
A função exponencial ƒ : IR → IR*+ definida por y = ax, com a > 0 e a ≠ 1, é bijetora (isto é, uma
função que relaciona elementos de duas funções). Nesse caso, podemos determinar a sua função inversa.
A função inversa da função exponencial é a função logarítmica.
Veja:

y = ax ⇒ x = loga y ou, permutando as variáveis, y = loga x. Comparando as duas funções, temos:

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 19
Álgebra
Capítulo 2: Função logarítmica
MATEMÁTICA

Como os gráficos de funções inversas são simétricos em relação à bissetriz dos quadrantes ímpa-
res, o gráfico da função logarítmica é de imediata construção, uma vez que já vimos o gráfico da função
exponencial. Portanto:

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Note que:
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• se a > 1, a função ƒ(x) = loga x é crescente.

• se 0 < a < 1, a função ƒ(x) = loga x é decrescente.

01. Construa o gráfico da função ƒ(x) = log2 x. 04. Esboce o gráfico da função y = log |x|.

02. Construa o gráfico da função ƒ(x) = log1/2 x. 05. Determine o domínio de ƒ(x) = log x – 4/x + 1.

03. Construa o gráfico das funções: 06. Construa o gráfico da função ƒ(x) = 2x e ƒ(x) = log2 x.

a) y = log3 x b) ƒ(x) = log2 (x – 1)

Inequações logarítmicas
Observe as seguintes inequações:

• log2 x > 4;
• log (x – 1) + log (3x + 2) ≤ log x;
• .

Elas apresentam a incógnita envolvida com logaritmos e, por esse motivo, são chamadas de inequa-
ções logarítmicas. A partir do gráfico da função y = loga x, veremos duas propriedades importantes que são
úteis na resolução de uma inequação logarítmica.

20 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Álgebra
Capítulo 2: Função logarítmica

MATEMÁTICA
a>1 0<a<1
É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

01. Resolva a inequação log1/2 (x – 3) ≥ log1/2 4. a) log√2 (x – 6) > log√2 5


b) log2 (4 – x) < log2 3
02. Resolva a inequação log12 (x – 1) + log12 (x – 2) ≤ 1. c) log1/3 x < log1/3 (4x – 1)

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03. Resolva as inequações: 04. Resolvendo a inequação logarítmica log1/2 (x – 3) ≥ 3, qual a


solução encontrada?

Referências bibliográficas
GIOVANNI, José Ruy. Matemática fundamental: ensino médio, volume único. São Paulo: FTD, 2002.
PAIVA, Manoel Rodrigues. Matemática Paiva: volume 1. São Paulo: Moderna, 2009.
SILVA, Claudio Xavier da. Matemática aula por aula. 2. ed. São Paulo: FTD, 2005.
PAIVA, Manoel Rodrigues. Matemática: volume único. São Paulo: Moderna, 1999.

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 21
Álgebra
Capítulo 2: Função logarítmica
MATEMÁTICA

FUNÇÃO LOGARÍTMICA

Introdução

Os logaritmos vêm facilitar a vida na medida que vão permitir simplificar cálculos mais complicados. E por que? Por-
que com eles vamos baixar o grau de dificuldade das operações transformando: multiplicações em adições, divisões
em subtrações, potenciação em multiplicação e radiciação em divisão.

Chama-se logaritmo de x na base a a um número b tal que se elevarmos a ao expoente b obtemos x.

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22 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Álgebra
Capítulo 2: Função logarítmica

MATEMÁTICA
01. A curva do gráfico a seguir representa a função y = log4x. 05. Leia o texto a seguir:

Precisamos de um nome para o novo replicador, um substantivo


que comunique a ideia de unidade de transmissão cultural. “Mi-
meme” vem do grego “aquilo que é replicado”, mas eu quero um
monossílabo que se pareça com gene. Eu espero que meus ami-
gos clássicos me perdoem por abreviar mimeme para meme. Se
uma ideia se alastra, é dita que se propaga sozinha.
Adaptado de: DAWKINS, R. O gene egoísta. Trad. Geraldo H. M. Florsheim. Belo Horizonte:
Itatiaia, 2001. p. 214.

Diversos segmentos têm utilizado serviços de marketing para


criação e difusão de memes de seu interesse. Um partido político
A área do retângulo ABCD é
com P0 = 20 filiados encomendou um anúncio que se tornou um
meme em uma rede social, sendo que 5% dos K = 2 · 109 usuá-
(A) 12.
rios ativos visualizaram o anúncio no instante t = 1. Sejam e > 1,
(B) 6.
r > 0 constantes e suponha que a função P(t) dada por
(C) 3.
(D) 6log4 3/2. K · P0 · er – t
P(t) =
(E) log46. K + P0 (er – t – 1)
representa a quantidade de usuários da rede social que visualiza-
02. O gráfico a seguir é a representação da função
É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

ram o meme no instante t.


1
f(x) = log2 :
ax + b Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, o valor da
constante r para essa rede social.

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(A) (B)

(C) (D)

(E)

O valor de f–1(–1) é
06. No gráfico a seguir, representou-se a função
f: R R definida por f(x) = log2x.
(A) –1. (B) 0. (C) –2. (D) 2. (E) 1.

Define-se, conforme a figura, um triângulo MNP, reto em N, com


03. Os alunos do curso de Meio Ambiente do campus Cabo de
os vértices M e P pertencendo à curva definida por f. A partir das
Santo Agostinho observaram que o número de flores em uma ár-
informações apresentadas no gráfico de f, responda às questões
vore X segue o modelo matemático F(h) = 16 – log2(3h + 1),
a seguir detalhando os seus cálculos.
onde F(h) é a quantidade de flores após h horas de observação.
Após quanto tempo de observação esta árvore estará com apenas
10 flores?

(A) 6 horas.
(B) 25 horas.
(C) 20 horas.
(D) 21 horas.
(E) 64 horas.

(A) Qual o valor de a e b obtidos a partir do gráfico f?


04. Sendo c um número real, considere a função afim f(x) = 2x +
c, definida para todo número real x.
(B) Calcule a medida da área do triângulo MNP?
(A) Encontre todas as soluções da equação [f(x)]3 = f(x ), para
3
(C) Determine o(s) valores de x tal que [f(x)]2 – 5 · [f(x)] = ‑6.
c = 1.

07. Seja (a1, a2, a3,...) a sequência definida da seguinte forma: a1


(B) Determine todos os valores de c para os quais a função g(x) =
= 1000 e an = log10(1 + an–1) para n ≥ 2. Considere as afirma-
log(xf(x) + c) esteja definida para todo número real x.
ções a seguir:

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 23
Álgebra
Capítulo 2: Função logarítmica
MATEMÁTICA

I. A sequência (an) é decrescente. são os números.


II. an > 0 para todo n ≥ 1.
III. an < 1 para todo n ≥ 3. (A) 3 e 4. (B) 4 e 5. (C) 5 e 6.
(D) 6 e 7. (E) 7 e 8.
É (são) verdadeira(s)
13. Leia o texto a seguir e responda à(s) questão(ões).
(A) I. (B) I e II. (C) II e III. (D) I, II e III. (E) III.
Um dos principais impactos das mudanças ambientais globais é
08. Considere as funções f e g definidas por o aumento da frequência e da intensidade de fenômenos extre-
mos, que quando atingem áreas ou regiões habitadas pelo ho-
f(x) = 2 log2(x – 1), se x ∈ R, x > 1, mem, causam danos. Responsáveis por perdas significativas de
caráter social, econômico e ambiental, os desastres naturais são
g(x) = log2 1 – x , se x ∈ R, x < 4. geralmente associados a terremotos, tsunamis, erupções vulcâ-
4 nicas, furacões, tornados, temporais, estiagens severas, ondas
de calor etc.
(A) calcule f (2/3), f(2), f(3), g(–4), g(0) e g(2). (Disponível em: <www.inpe.br>. Acesso em: 20 maio 2015.)

(B) encontre x, 1 < x < 4, tal que f(x) = g(x). Em relação aos tremores de terra, a escala Richter atribui um nú-
mero para quantificar sua magnitude. Por exemplo, o terremoto
09. Considere as seguintes afirmações: no Nepal, em 12 de maio de 2015, teve magnitude 7,1 graus nes-
sa escala. Sabendo-se que a magnitude y de um terremoto pode

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
x–1
I. A função f(x) = log10 x é estritamente crescente no in- ser descrita por uma função logarítmica, na qual x representa a
tervalo ] 1, + ∞[. energia liberada pelo terremoto, em quilowatts-hora, assinale a
II. A equação 2x + 2 = 3x – 1 possui uma única solução real. alternativa que indica, corretamente, o gráfico dessa função.
III. A equação (x + 1)x = x admite pelo menos uma solução real
positiva.
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É (são) verdadeira (s)
(A) (B)

(A) I. (B) I e II. (C) II e III. (D) I, II e III. (E) III.

10. Resolvendo a equação, log 2x + log (1 + 2x) = log 20, encon-


tramos o valor de x real igual a
(C) (D)
(A) 1. (B) 2. (C) 3. (D) 4. (E) 5.

11. Considere a função ƒ(x) = |2x – 4| + x – 5, definida para


todo número real x.

(A) Esboce o gráfico de y = ƒ(x) no plano cartesiano para – 4 (E)


≤ x ≤ 4.

14. Um engenheiro projetou um automóvel cujos vidros das por-


tas dianteiras foram desenhados de forma que suas bordas su-
periores fossem representadas pela curva de equação y = log(x)
conforme a figura.

(B) Determine os valores dos números reais a e b para os quais


a equação loga (x + b) = ƒ(x) admite como soluções x1 = – 1
e x2 = 6.

12. O domínio da função real de variável real definida por ƒ(x) = A forma do vidro foi concebida de modo que o eixo x sempre
log7 (x2 – 4x) ⋅ log3 (5x – x2) é o intervalo aberto cujos extremos divida ao meio a altura h do vidro e a base do vidro seja paralela

24 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE
Álgebra
Capítulo 2: Função logarítmica

MATEMÁTICA
ao eixo x. Obedecendo a essas condições, o engenheiro determi- 16. Passados 20 anos, o carro valerá cerca de
nou uma expressão que fornece a altura h do vidro em função da
medida n de sua base, em metros. (A) R$ 600,00. (B) R$ 1.600,00. (C) R$ 6.000,00.
(D) R$ 16.000,00. (E) R$ 25.000,00.
A expressão algébrica que determina a altura do vidro é
17. O modelo da cobertura que está sendo colocada no Estádio
Beira-Rio está representado na figura a seguir.
(A)

(B)

(C)

(D)

(E) Colocada devidamente em um plano cartesiano, é possível afir-


mar que, na forma em que está, a linha em destaque pode ser
É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente

considerada uma restrição da representação da função dada por


15. Utilize as informações a seguir para a(s) questão(ões) a se-
guir. (A) y = log(x). (B) y = x2. (C) y = |x|.
(D) y = √– x. (E) y = 10x.
Informação I
18. Seja ƒ uma função a valores reais, com domínio D ⊂ IR, tal

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A figura a seguir exibe parte do gráfico da função ƒ(x) = log0,85 x,


cujo domínio é {x ∈ IR | 0 < x ≤ 0,85}. que ƒ(x) = log10 (log1/3 (x2 – x + 1)), para todo x ∈ D.

O conjunto que pode ser o domínio D é

(A) {x ∈ IR; O < x < 1}


(B) {x ∈ IR; x ≤ O ou x ≥ 1}
(C) {x ∈ IR; 1/3 < x < 10}
(D) {x ∈ IR; x ≤ 1/3 ou x ≥ 10}
(E) {x ∈ IR; 1/9 < x < 10/3}

19. Em 1997 iniciou-se a ocupação de uma fazenda improdutiva


no interior do país, dando origem a uma pequena cidade. Esti-
ma-se que a população dessa cidade tenha crescido segundo a
Informação II função P = 0,1 + log2 (x – 1996), onde P é a população no ano
Um carro, que no ato da compra vale R$ 40.000,00, tem uma x, em milhares de habitantes. Considerando √2 ≅ 1,4, podemos
desvalorização de 15% ao ano. Ou seja, após um ano, o carro concluir que a população dessa cidade atingiu a marca dos 3.600
tem, a cada instante, um valor 15% menor do que o valor que tinha habitantes em meados do ano:
exatamente um ano antes.
(A) 2.005. (B) 2.002. (C) 2.011.
Para que o carro perca 80% do seu valor, é necessário que se (D) 2.007. (E) 2.004.
passem
20. Em setembro de 1987, Goiânia foi palco do maior acidente
(A) entre 5 e 6 anos. radioativo ocorrido no Brasil, quando uma amostra de césio-137,
(B) entre 6 e 7 anos. removida de um aparelho de radioterapia abandonado, foi manipu-
(C) entre 7 e 8 anos. lada inadvertidamente por parte da população. A meia-vida de um
(D) entre 8 e 9 anos. material radioativo é o tempo necessário para que a massa desse
(E) entre 9 e 10 anos. material se reduza à metade. A meia-vida do césio-137 é 30 anos

3ª UNIDADE | 1ª SÉRIE 25
Álgebra
Capítulo 2: Função logarítmica
MATEMÁTICA

e a quantidade restante de massa de um material radioativo, após


t anos, é calculada pela expressão M(t) = A∙(2,7)kt, onde A e a
massa inicial e k é uma constante negativa. Considere 0,3 como
aproximação para log102.

Qual o tempo necessário, tem anos, para que uma quantidade de


massa do césio-137 se reduza a 10% da quantidade inicial?

(A) 27.
(B) 36.
(C) 50. Se h é a função definida h(x) = log(f(x) · g(x)), o domínio de h é
(D) 54.
(E) 100. (A) ] –2, 2[∪]5, + ∞[. (B) ] –∞, –2[∪]2, 5[.
(C) ] –∞, 2[∪]5, + ∞[. (D) R] – 2, 5[.
21. Na figura a seguir, dois vértices do trapézio sombreado estão (E) ] – 2, 5[.
no eixo x e os outros dois vértices estão sobre o gráfico da função
real ƒ(x) = logk x, com k > 0 e k ≠ 1. Sabe-se que o trapézio 27. O pH do sangue humano é calculado por pH = log(1/x), sendo
sombreado tem 30 unidades de área; assim, o valor de k + p – q é x a concentração dos íons H+. Se o valor dessa concentração for
dada por 4,0∙10–8 e, adotando-se log2 = 0,30, o valor desse pH
será

É proibida a reprodução parcial e/ou integral deste módulo, de acordo com a legislação vigente
(A) 7,20. (B) 4,60. (C) 6,80. (D) 4,80. (E) 7,40.

28. O preço de fábrica de uma motocicleta nova é igual a M reais.


Seu preço de mercado tem uma desvalorização média anual de
10%, em relação ao preço do ano anterior. Após quantos anos, no
mínimo, a contar da data de sua fabricação, seu preço de merca-
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LEI Nº. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998


do será menor do que 10% do seu preço de fábrica?

Dados: log 2 = 0,30 e log 3 = 0,47.


(A) – 20. (B) – 15. (C) 10. (D) 15. (E) 20.
(A) 14. (B) 15. (C) 16. (D) 17. (E) 18.
22. O produto entre o maior número inteiro negativo e o menor
número inteiro positivo que pertence ao domínio da função ƒ(x) 29. Um tipo especial de bactéria caracteriza-se por uma dinâmica
= log3 (x2 – 2x – 15) é de crescimento particular. Quando colocada em meio de cultura,
sua população mantém-se constante por dois dias e, do terceiro
(A) – 24. (B) – 15. (C) – 10. (D) – 8. (E) – 4. dia em diante, cresce exponencialmente, dobrando sua quantida-
de a cada oito horas. Sabe-se que uma população inicial de mil
23. Considere a função f(x) = log8(x + 3)3. A quantidade de nú- bactérias desse tipo foi colocada em meio de cultura. Conside-
meros inteiros que pertencem ao conjunto solução da inequação rando essas informações, (Em seus cálculos, use log2 = 0,3 e
4f(x) ≤ 2 x + 105 é igual a: log3 = 0,47).

(A) 8. (B) 12. (C) 21. (D) 19. (E) 11. (A) Calcule a população de bactérias após 6 dias em meio de
cultura.
24. Considerando o logarítimo na base 10 e analisando as possí-
veis soluções reais da equação log(cos4 x – 26cos2 x + 125) = (B) Determine a expressão da população P de bactérias, em fun-
2, pode-se afirmar que a equação ção do tempo t em dias.

(A) não possui solução. (C) Calcule o tempo necessário para que a população de bactérias
(B) possui exatamente duas soluções. se torne 30 vezes a população inicial.
(C) possui exatamente quaro soluções.
(D) possui infinitas soluções. 30. Um paciente de um hospital está recebendo soro por via intra-
(E) possui três soluções possível. venosa. O equipamento foi regulado para gotejar x gotas a cada 30
segundos. Sabendo-se que este número x é solução da equação
25. Para uma determinada espécie de roedores com população log4x = log23, e que cada gota tem volume de 0,3 mL, pode-se
inicial de 2000 indivíduos e uma taxa constante de crescimento afirmar que o volume de soro que este paciente recebe em uma
de 10% ao mês, se P(t) é o número de roedores após t meses, hora é de
então: P(t) = 2000 (1,1)t.
(A) 800 ml.
Nestas condições, em quantos meses a população de roedores (B) 750 ml.
atingirá 22000 indivíduos? Dado: log 11 = 1,04. (C) 724 ml.
(D) 500 ml.
26. Os gráficos das funções f e g estão representados geometri- (E) 324 ml.
camente na figura que se segue.

26 1ª SÉRIE | 3ª UNIDADE

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