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SIMBOLISMO

1893- 1902

Prof.ª Bruna Lohana Capelão


O QUE FOI?
O Simbolismo foi um movimento que se desenvolveu nas artes
plásticas, teatro e literatura. Surgiu na França, no final do século
XIX, em oposição ao Naturalismo e ao Realismo.
Principais características do Simbolismo são:
• Ênfase em temas místicos, imaginários e subjetivos.

• Caráter individualista.

• Desconsideração das questões sociais abordadas pelo Realismo e Naturalismo.

• Estética marcada pela musicalidade (a poesia aproxima-se da música).

• Produção de obras de arte baseadas na intuição, descartando a lógica e a razão.

• Utilização de recursos literários como, por exemplo, a aliteração (repetição de


um fonema consonantal) e a assonância (repetição de fonemas vocálicos).
Principais autores internacionais:
Charles Baudelaire (1821 - 1867) escritor francês –
conhecido como “pai do Simbolismo” autor da
obra As flores do mal (1857) que é considerada um
marco no Simbolismo literário.

❑ Inclua o idealismo romântico, em grande parte de suas obras,


e também explorava temas sombrios e eróticos.
❑ Alguns exemplos são: o sexo, a sensualidade, a morte, a
melancolia, a tristeza, o tédio, o diabo, as doenças, dentre
outros.
❑ Traduziu obras do escritor estadunidense Edgar Allan Poe
(1809-1849).
❑ Vale lembrar que muito da sua personalidade boêmia está Charles Baudelaire: principal representante
do simbolismo na literatura.
expressa em seus versos.
Charles Baudelaire
UMA CARNIÇA O ventre prenhe de livores.
Ardia o sol naquela pútrida torpeza,
Lembra-te, meu amor, do Como a cozê-la em rubra pira
objeto que encontramos E para o cêntuplo volver à
Numa bela manhã Natureza Tudo o que ali ela reunira.
radiante: E o céu olhava do alto a esplêndida
Na curva de um atalho, carcaça
entre calhaus e ramos, Como uma flor a se entreabrir.
Uma carniça repugnante. O fedor era tal que sobre a relva
As pernas para cima, qual escassa
mulher lasciva, Chegaste quase a sucumbir.
A transpirara miasmas e Zumbiam moscas sobre o ventre e,
humores, em alvoroço,
Eis que as abria desleixada Dali saíam negros bandos
De larvas, a escorrer como um
e repulsiva,
líquido grosso
Por entre esses trapos nefandos.
Camilo Pessanha
Caminho
I
Tenho sonhos cruéis: n’alma doente
Sinto um vago receio prematuro.
Vou a medo na aresta do futuro,
Embebido em saudades do presente…
Saudades desta dor que em vão procuro
Do peito afugentar bem rudemente,
Devendo, ao desmaiar sobre o poente,
Cobrir-me o coração dum véu escuro!…
Porque a dor, esta falta d’harmonia,
Toda a luz desgrenhada que alumia
As almas doidamente, o céu d’agora, Camilo Pessanha (1867-1926) foi um poeta português, o melhor
Sem ela o coração é quase nada: representante do Simbolismo de Portugal. Sua poesia é
— Um sol onde expirasse a madrugada, marcadamente pessimista, sendo notória sua rejeição pelo
Porque é só madrugada quando chora. mundo material.
Paul Verlaine
O Lar, a Estreita Luz

O lar, a estreita luz de uma lâmpada


honesta:
O desvaneio com um dedo contra a testa
E os olhos a sumir nos olhos bem-
amados;
A hora do chá cheiroso e dos livros
fechados;
O prazer de sentir o fim de uma noitada;
A adorável fadiga e a espera idolatrada
De uma sombra nupcial e de uma noite
doce,
A tudo isso o meu sonho terno dedicou-se
Sem tréguas, contra vãs dilações
cotidianas,
Devorando, impaciente, os meses e as Paul Marie Verlaine (1844 -1896) é considerado
semanas!
um dos maiores e mais populares poetas
franceses.
Principais autores internacionais:
❑Eugênio de Castro - poeta simbolista português.

❑Camilo Pessanha - um dos mais importantes poetas do simbolismo em Portugal.

❑Arthur Rimbaud - poeta francês.

❑Stéphane Mallarmé - poeta, tradutor e crítico literário francês.

❑Jean Moréas - poeta simbolista grego. Entre suas principais obras, podemos destacar: Les
Syrtes (1884) e Les Cantilènes (1886). Foi o autor do Manifesto Simbolista, publicado em
18 de setembro de 1886.

❑Paul Verlaine - poeta francês.


Simbolismo no Brasil
❑O Simbolismo no Brasil iniciou em 1893 com a
publicação de Missal e Broquéis, de Cruz e Sousa.

❑E terminou com a publicação de Canaã, de Graça


Aranha em 1902.
Características do Simbolismo no Brasil
“O poeta simbolista, inserindo-se cada vez menos na teia da vida social, faz do exercício da arte a
sua única missão e, no limite, um sacerdócio.”
(BOSI, Alfredo p. 285 ed. 2017)

❑ Considera importante a subjetividade do poeta.

❑ Exploram ao máximo o sentido da palavra, todos os seus sentidos e imagens.

❑Os simbolistas aproximaram a poesia da música, presente na poesia por meio


de ritmos, combinações de rimas, repetições propositais de fonemas.

❑É uma poesia difícil, hermética, misteriosa, que destrói a poética tradicional.


Cruz e Sousa
❑ Cruz e Sousa (1861-1898) – foi o mais importante poeta
simbolista brasileiro. Com os livros: Missal (poemas em prosa) e
Broquéis (versos) inaugurou oficialmente o Simbolismo no
Brasil.

❑ João da Cruz e Sousa nasceu em Nossa Senhora do Desterro,


hoje Florianópolis, Santa Catarina, no dia 24 de novembro de
1861. Filho de escravos alforriados nasceu livre.

❑ Foi criado como filho adotivo do Marechal de Campo,


Guilherme Xavier de Sousa e Clarinda Fagundes de Sousa. Por
ter nascido no dia de São João da Cruz, recebeu o nome do
santo, e o sobrenome da família que o criou.
Cruz e Sousa
Siderações
Para as Estrelas de cristais gelados
As ânsias e os desejos vão subindo,
Galgando azuis e siderais noivados
De nuvens brancas a amplidão vestindo…
Num cortejo de cânticos alados
Os arcanjos, as cítaras ferindo,
Passam, das vestes nos troféus prateados,
As asas de ouro finamente abrindo…
Dos etéreos turíbulos de neve
Claro incenso aromal, límpido e leve,
Ondas nevoentas de Visões levanta…
E as ânsias e os desejos infinitos
Vão com os arcanjos formulando ritos
Da Eternidade que nos Astros canta…
Alphonsus de Guimaraens
❑ Alphonsus de Guimaraens (1870 -1921) nasceu em Ouro Preto,
Minas Gerais.

❑ Além de poeta, foi promotor, juiz e jornalista.

❑ A morte de sua primeira noiva — a prima Constança — fez com


que o escritor passasse a ver a realidade com os olhos da
tristeza.

❑ Fez parte do Simbolismo brasileiro e produziu melancólicas


poesias, caracterizadas por uma linguagem simples, além do uso
de aliterações e sinestesias. Devido à perda de sua amada, é
também recorrente, em seus textos, a presença da mulher
idealizada e da temática da morte.
Alphonsus de Guimaraens
Ismália
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar…
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar…
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar…
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar…
Estava perto do céu,
Estava longe do mar…
E como um anjo pendeu
As asas para voar…
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar…
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par…
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar…

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