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PARNASIANISMO

Capítulo 29
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▪ Últimas décadas do século XIX.


▪ Seu nome surge de Parnase Contemporain, texto publicado em Paris a partir de
1866. Parnaso é como se chama a montanha consagrada a Apolo e às musas da
poesia na mitologia grega.
▪ Abandonar o sentimentalismo romântico.
▪ Os princípios adotados pelos românticos esconderam as verdadeiras qualidades da
poesia.
▪ Então, propuseram uma literatura mais objetiva, com um vocabulário elaborado (às
vezes, incompreensível por ser tão culto), racionalista e voltada para temas
universais.
▪ O marco inicial do Parnasianismo brasileiro foi em 1882 com a publicação de
“Fanfarras” de Teófilo Dias.
Características da poesia parnasiana

• Idealização da arte pela arte • Universalismo


• Busca da perfeição formal • Apego à tradição clássica
• Preferência pelo soneto • Gosto pela mitologia greco-latina
• Preferência pela descrição • Rejeição do lirismo
• Rimas raras
• Vocabulário culto
• Objetivismo
• Racionalismo
A tríade parnasiana:
Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac
Olavo Bilac (1865-1918)

• Príncipe dos poetas;


• Poemas líricos;
• Trabalhos voltados para a educação;
• Serviço militar obrigatório;
• Além de poemas parnasianos,
dedicou-se à poesia lírica.
Via-Láctea

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo


Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…
E conversamos toda a noite, enquanto
A Via-Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas”.
Língua Portuguesa

Última flor do Lácio, inculta e bela,


És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela…
Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
Nel mezzo del camin…

Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada


E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E alma de sonhos povoada eu tinha…
E paramos de súbito na estrada
Da vida: longos anos, presa à minha
A tua mão, a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continha.
Hoje segues de novo… Na partida
Nem o pranto os teus olhos umedece,
Nem te comove a dor da despedida.
E eu, solitário, volto a face, e tremo,
Vendo o teu vulto que desaparece
Na extrema curva do caminho extremo.
Raimundo Correia (1859-1911)

• Mais filosófico entre a tríade.


• Advogado exerceu a função de juiz.
• "Sua temática estava concentrada na
exaltação das formas estruturais na
composição do poema, na
contemplação da natureza, na
perfeição dos objetos, na métrica
rígida.
• Enfocava também um forte pessimismo
marcado por desilusão dos sonhos que
podem não ser realizados
As pombas

Vai-se a primeira pomba despertada...


Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
Das pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada.

E à tarde, quando a rígida nortada


Sopra, aos pombais, de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações onde abotoam


Os sonhos, um a um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam,


Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais.
Mal secreto

Se a cólera que espuma, a dor que mora


N'alma, e destrói cada ilusão que nasce
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse, o espírito que chora,


Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo


Guarda um atroz, recôndito inimigo
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,


Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!
Alberto de Oliveira (1857-1937)

▪ O mais parnasiano entre a tríade.


▪ Presença de rigor formal, descritivismo e
linguagem objetiva, em oposição ao
Romantismo, alienação social;
distanciamento do eu lírico; uso do
polissíndeto.
▪ Além de escritor, foi farmacêutico e
professor.
▪ Após a morte de Olavo Bilac, Alberto de
Oliveira foi escolhido para ser o novo
Príncipe dos Poetas.
Vaso Chinês

Estranho mimo aquele vaso! Vi-o


Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio
Entre um leque e o começo de um bordado.

Fino artista chinês, enamorado,


Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.

Mas, talvez por contraste à desventura —


Quem o sabe? — de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura.

Que arte em pintá-la! A gente acaso vendo-a,


Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.
Vaso grego

Esta de áureos relevos, trabalhada


De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.

Era o poeta de Teos que o suspendia


Então, e, ora repleta ora esvaziada,
A taça amiga aos dedos seus tinia,
Toda de roxas pétalas colmada.

Depois... Mas, o lavor da taça admira,


Toca-a, e do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,

Ignota voz, qual se da antiga lira


Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa voz de Anacreonte fosse.
Hora de revisar com diversão...

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