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PARNASIANISMO

E
SIMBOLISMO
PARNASIANISMO (FINAL DO SÉC.XIX)

 Parnaso: Montanha no centro da Grécia, consagrada a Apollo e às suas


musas inspiradoras
 Contemporâneo ao Realismo – Naturalismo ("Fanfarras", de Teófilo
Dias, em 1882);
 Pontos em comum com o Realismo – Naturalismo: a época e a
linguagem objetiva e impessoal. O resto...
 Características: - A arte pela arte;
- Objetividade e impessoalidade;
- Culto à forma (Sonetos, preocupação com rimas);
- Descritivismo;
- A arte não é crítica social;
- Resgate da mitologia greco-romana;
- Preciosismo;
- O escritor “esculpe” seus poemas.
PARNASIANISMO (FINAL DO SÉC.XIX)

Principais autores:
 Olavo Bilac (Nacionalismo: autor do “Hino à Bandeira”);
 Alberto de Oliveira (poeta geladeira);
 Raimundo Correia (filósofo);
 Francisca Júlia.
PARNASIANISMO (POEMAS)

A um poeta
Longe do estéri l turbil hão da ru a,
Benedit ino esc rev e! No aconchego
Do cl austro, na paci ênc ia e no sossego,
Trabalha e t eima, e lima , e sof re, e sua!
Mas que na forma se di sfarc e o emp rego
Do esforç o: e trama vi v a se c onst rua
De t al modo, que a imagem fi que nua
R i ca mas sóbria, como um t empl o grego
Não se mostre na fábrica o supl ici o
D o mestre. E nat ural , o efeito agrade
Sem l embrar os andai mes d o edifí cio:
Porque a Beleza, gêmea da Verdade
Arte pura, i nimiga do art ifí cio,
É a força e a gra ça na si mpl ici da de.

Olavo Bilac
PARNASIANISMO (POEMAS)
VASO CHINÊS
Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.

Fino artista chinês, enamorado,


Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.

Mas, talvez por contraste à desventura,


Quem o sabe?... de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura;

Que arte em pintá-la! a gente acaso vendo-a,


Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa. A l b e r to d e o l i ve i r a
PARNASIANISMO (POEMAS)
Saudade
Aqui outrora retumbaram hinos;
Muito coche real nestas calçadas
E nestas praças, hoje abandonadas,
Rodou por entre os ouropéis mais finos...

Arcos de flores, fachos purpurinos,


Trons festivais, bandeiras desfraldadas,
Girândolas, clarins, atropeladas
Legiões de povo, bimbalhar de sinos...

Tudo passou! Mas dessas arcarias


Negras, e desses torreões medonhos,
Alguém se assenta sobre as lájeas frias;

E em torno os olhos úmidos, tristonhos,


Espraia, e chora, como Jeremias,
Sobre a Jerusalém de tantos sonhos!... Raimundo Correia
PARNASIANISMO (POEMAS)
MUSA IMPASSÍVEL II
 Ó Musa, cujo olhar de pedra, que não chora,
Gela o sorriso ao lábio e as lágrimas estanca!
Dá-me que eu vá contigo, em liberdade franca,
Por esse grande espaço onde o Impassível mora.
 
Leva-me longe, ó Musa impassível e branca!
Longe, acima do mundo, imensidade em fora,
Onde, chamas lançando ao cortejo da aurora,
O áureo plaustro do sol nas nuvens solavanca.
 
Transporta-me, de vez, numa ascensão ardente,
À deliciosa paz dos Olímpicos-Lares,
Onde os deuses pagãos vivem eternamente,
 
E onde, num longo olhar, eu possa ver contigo,
Passarem, através das brumas seculares,
Os Poetas e os Heróis do grande mundo antigo.
 
Fr a n c i s c a J ú l i a - M á r m o r e s   ( 1 8 9 5 )
SIMBOLISMO (FINAL DO SÉC.XIX)

 Surgiu na França, no final do séc.XIX;


 Marco: As Flores do Mal, de Charles Baudelaire, em 1857;
 Em Portugal: obra Oaristos, de Eugênio de Castro, em 1890;
  Brasil: Missal (prosa) e Broquéis (poesia), ambas de Cruz e Sousa.
 Características:
- Visão intuitiva da realidade / exposição do sensorial;
- Busca do interior, do inconsciente, da individualidade;
- Subjetividade, egocentrismo;
- Temas envolvendo a espiritualidade e o misticismo;
- Presença de sonhos e sexualidade;
- Fascínio pela cor branca;
- Letras maiúsculas enfatizando alguns termos;
- Musicalidade, demarcada pela presença de rimas, assonâncias e
aliterações.
SIMBOLISMO (FINAL DO SÉC.XIX)

P r i n c i p a is a u t o r e s b r a s i l e i r o s :
Cruz e Souza
 C a r a c t e ríst ic a s:
 R e p re se n t a n t e m u n d i a l d o S im b o lism o ;
 F a s c ín io p e la c o r b r a n c a , t a l v e z p e lo f a t o
d e se r n e g ro , f i l h o d e e sc r a v o s e t e r so f rid o
p r e c o nc e it o  ra c i a l ;
 T e m a s e sp iri t u a i s;
 R e t r a t a ç ã o d a d o r e d o so f r i m e nt o ;
 E x p o siç ã o d a c o n d i ç ã o d o n e g ro n a é p o c a ;
 E r o t ism o .
A l p h o n su s d e G u i m a r ã e s
 C a r a c t e ríst ic a s:
 T e m a s m e la n c ó l i c o s, e n v o l v e n d o a d o r d a p e rd a ,  
d e v i d o à m o rt e d e su a n o i v a ;
 P r e s e nç a d e t r a ç o s d e p a i s a g e n s;
 R e l i g io s id a d e ;
 I d e a liz a ç ã o d o a m o r .
SIMBOLISMO (FINAL DO SÉC.XIX)

Alma solitária
Ó Alma doce e triste e palpitante!
que cítaras soluçam solitárias
pelas Regiões longínquas, visionárias
do teu Sonho secreto e fascinante!
Quantas zonas de luz purificante,
quantos silêncios, quantas sombras várias
de esferas imortais, imaginárias,
falam contigo, ó Alma cativante!
que chama acende os teus faróis noturnos
e veste os teus mistérios taciturnos
dos esplendores do arco de aliança?
Por que és assim, melancolicamente,
como um arcanjo infante, adolescente,
esquecido nos vales da Esperança?!
Cruz e Sousa
SIMBOLISMO (FINAL DO SÉC.XIX)

ISMÁLIA
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,


Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu


As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu


Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
Alphonsus Guimaraens

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