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2ª FASE

MODERNISTA

1930-1945
CONTEXTO HISTÓRICO

 CRISE CAFEEIRA EM 1929 (CAFÉ-COM-LEITE)

 REVOLUÇÃO DE 1930 (VARGAS GOVERNO PROVISÓRIO

 ASCENSÃO DO PARTIDO NAZIFACISTA

 DITADURA DE GETÚLIO EM 1937-1945


2ª GUERRA MUNDIAL

 BOMBA ATÔMICA (FINAL DA GUERRA FRIA)


ATENÇÃO!
 A geração de 30 não precisou ser
combativa como a de 22. Eles já
encontraram uma linguagem poética
modernista estruturada.
 O Modernismo já estava dinamicamente
incorporado às práticas literárias
brasileiras, sendo assim os modernistas
de 30 estão mais voltados ao drama do
mundo e ao desconcerto do capitalismo.
ATENÇÃO!

 NÃO FOI COMBATIVA, FOI


CONSTRUTIVA!

PREOCUPAÇÃO DE ASSUMIR
UMA POSTURA SÉRIA COM
RELAÇÃO AO MUNDO!
Novo Retrato do Modernismo
PROSA
•Influenciados pela repercursão da Semana de
Arte Moderna – 1922;
•Novo olhar: posicionamento crítico, construtivo
e politico;
•Surgimento dos romances regionalistas (com
destaque para zona rural da Região Nordeste);
Novo Retrato do Modernismo
•Modernismo neorrealista (retoma
características e moldes realistas e naturalistas)

• Escritores amadurecidos em relação às


Gerações anteriores, porém ingênuos, pois
acreditavam que a simples denúncia da realidade
social mudaria o comportamento da sociedade;
Produção literária do período:
PROSA

Diferentemente da primeira fase, em que


reinou a poesia, agora a prosa de ficção
ocupa lugar de maior destaque, sobretudo
pela estréia de muitos escritores.

Examinada em conjunto, a prosa divide-se em:

Prosa Regionalista
Prosa Urbana
Prosa Intimista
Prosa Regionalista

Busca de traços peculiares de nossa


Realidade, trazida pelos românticos.

Uso de uma linguagem muito mais


próxima à fala brasileira.

Influência das idéias socialistas.

A região nordeste, marcada por contrastes


sociais mais chocantes, forneceu material
para grande parte da prosa: seca, cangaço e
misticismo são motivações para essa fase.
Muito conhecida como “Literatura do Nordeste”.
Prosa Regionalista
OBRA INAUGURAL

“A bagaceira” de José
Américo de Almeida,
publicada em 1928.

IMPORTANTES
REGIONALISTAS

Graciliano Ramos

Rachel de Queiroz José Lins do Rego Jorge Amado


Prosa Urbana

As grandes cidades, com seus tipos e


problemas característicos,
seriam a temática de Érico Veríssimo –
pelo menos no começo
de sua carreira, e
de Marques Rabelo,
entre outros.
Prosa Intimista

Novidade surgida na segunda fase


do Modernismo.

A teoria psicanalítica de Freud extensamente


divulgada, incorporando as sugestões de
psicanálise em que alguns autores preocupam-se
em desvendar o mundo interior de suas personagens,
analisando angústias e conflitos internos.

Também chamada “prosa de


sondagem psicológica”.
Prosa Intimista

PRINCIPAIS AUTORES

Cornélio Pena (Fronteira) Otávio de Faria

Lúcio Cardoso Dyonélio Machado


Principais Autores na Prosa
• José Américo de Almeida
• Rachel de Queiroz
• Graciliano Ramos
• Erico Verissimo
• Jose Lins do Rego
• Jorge Amado.
JOSÉ AMÉRICO DE ALMEIDA

• Inaugurou a temática social;


•Exerceu grande influência política na Paraíba
(Governador do estado);
•Visão do homem nordestino entregue ao sabor
das ingratas condições climáticas;
JOSÉ AMÉRICO DE ALMEIDA
“BAGACEIRA”
• Marco do Romance de 30;
•Linguagem culta e urbana misturada com outras
variedades linguísticas;
•Denuncia uma sociedade opressiva e marcada
pela exploração dos retirantes nos engenhos de
cana-de-açúcar.
JOSÉ AMÉRICO DE ALMEIDA
“BAGACEIRA”
•Obra pioneira na abordagem do problema da seca
e dos retirantes;
•O título: representa o “bagaço da cana” e as
pessoas “transformadas em bagaço” após a ação
exploratória em que eram submetidas;
JOSÉ AMÉRICO DE ALMEIDA
“BAGACEIRA”
Rachel de Queiroz

• Boa formação intelectual;


• Primeira dama da academia;

1910-2003
Rachel de Queiroz
“Os quinze”

• Discorreu sobre a seca de 1915;

•Linguagem coloquial, mesmo em personagens


bem-formados, como Conceição;
RACHEL DE QUEIROZ
GRACILIANO RAMOS
José Lins do Rego
“Menino de Engenho”
•Santa Rosa: engenho da família (obsoleto pelo
aparecimento da usina canavieira);

•Carlinhos: passa a infância acompanhando o engenho do


avô, transparece nostalgia (elementos biográficos);

•Outros romances: “Doidinho” (reatrata Carlinhos no


internato e “Banguê” retrata Carlinhos com 24 anos,
formado em direito, retornado para o Engenho Santa Rosa;
Características na Poesia
 Iniciou com o livro Alguma Poesia, de Carlos
Drummond de Andrade.
 Aprofundou os ideais e propostas da 1ª fase.
 Verso livre.
 Poesia sintética.
 Questionamento da Realidade.
 Busca o “eu-indivíduo” e o seu “estar no
mundo”.
 Investigação do papel do artista.
 Metalinguagem.
Corrente mais intimista e espiritualizada.
Evidencia-se a fragilidade do Eu.
Autores da segunda geração
modernista – poesia 1930
Cecília Meireles
Mário Quintana
Murilo Mendes
Vinicius de Moraes
Carlos Drummond de Andrade
Jorge de Lima
CECÍLIA MEIRELES
Características:
•Escreve obras em poesia, prosa
e também traduções.
• Influência simbolista (neo-simbolismo).
• Uso de lirismo (TEMPO)
• Ceticismo e melancolia (solidão, saudade)
• Musicalidade como apoio para seus lamentos.
• Versos curtos e com ritmo.
• Jogo de imagens, sons e cores.
• Subjetivismo.
Corrente espiritualista do Modernismo.
ROMANCEIRO DA
INCONFIDÊNCIA
Pungia a Marília, a bela, Entre lágrimas se erguia
negro sonho atormentado: seu claro rosto acordado.
voava seu corpo longe, Volvia os olhos em roda,
longe por alheio prado. e logo, de cada lado,
Procurava o amor perdido, piedosas vozes discretas
a antiga fala do amado. davam-lhe o mesmo recado:
Mas o oráculo dos sonhos “Não chores tanto, Marília,
dizia a seu corpo alado: por esse amor acabado:
“Ah, volta, volta, Marília, que esperavas que fizesse
tira-te desse cuidado, o teu pastor desgraçado,
que teu pastor não se lembra tão distante, tão sozinho,
de nenhum tempo passado...” em tão lamentoso estado?”
E ela, dormindo, gemia: A bela, porém, gemia:
“Só se estivesse alienado!” “Só se estivesse alienado!”
(...)
Motivo
Eu canto porque o instante existe
E a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste :sou poeta.

Irmão das coisas fugidas,


Não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias no vento.

Se desmorono ou se edifico,
Se permaneço ou me desfaço,
Não sei, não sei. Não sei se fico ou passo.

Sei que canto.E a canção é tudo.


Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
-mais nada.
Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje, /
assim calmo, assim triste, assim
magro, / nem estes olhos tão
vazios, / nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força, /
tão paradas e frias e mortas; / eu
não tinha este coração / que nem
se mostra.
Eu não dei por esta mudança, / tão
simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida a
minha face?
Lua Adversa
Tenho fases,como a lua
fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Tenho fases de ser tua,
tenho outra de ser sozinha.
Fases que vão e que vêm
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E roda a melancolia
Seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...
Canção
Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as
mãos,
para o meu sonho naufragar
Minhas mãos ainda estão
molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus
dedos
colore as areias desertas.
O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um
navio...
MÁRIO QUINTANA
RUA DOS CATAVENTOS - Melancolia, morte, solidão, infância e
amor, às vezes com um tom irônico.

 POÉTICA DESENCANTADA COM O MUNDO – É DIFÍCIL


DETECTAR AS CAUSAS DAS TRISTEZAS

 Linguagem vaga, imprecisa e rica

VERTENTE ESPIRITUAL – HERANÇA SIMBOLISTA DE CECÍLIA

 SUBJETIVISMO – INDIVIDUALISMO

POETA NÃO SE LIGA AO CONTEXTO, MAS AS COISAS AO SEU


REDOR

NÃO EXISTE PREOCUPAÇÃO SOCIAL


A RUA DOS CATAVENTOS
Da vez primeira em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.

Hoje, dos meu cadáveres eu sou


O mais desnudo, o que não tem mais nada.
Arde um toco de Vela amarelada,
Como único bem que me ficou.

Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!


Pois dessa mão avaramente adunca
Não haverão de arracar a luz sagrada!

Aves da noite! Asas do horror! Voejai!


Que a luz trêmula e triste como um aí
A luz de um morto não se apaga nunca!
POEMINHA DO CONTRA

Todos estes que aí estão


Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!

HORROR

Com os seus OO de espanto, seus RR


guturais, seu hirto H, HORROR é uma palavra
de cabelos em pé, assustada da própria
significação.
A arte de viver

A arte de viver é simplesmente a arte de


conviver ... simplesmente, disse eu? Mas
como é difícil!

Cartaz para uma Feira do Livro

Os verdadeiros analfabetos são os que


aprenderam a ler e não leem.
Murilo Mendes

• Poema-piada, sátiras, temas político-sociais


• Humor e ironia como crítica
• Apesar de ser modernista, teve um estilo próprio,
aproximando-se do Surrealismo europeu.
• Explora os estados de consciência do ser humano
através do jogo de imagens.
• Poeta complexo de difícil interpretação.
LINHAS PARALELAS

Um presidente resolve
Construir uma boa escola
Numa vila bem distante.
Mas ninguém vai nessa escola:
Não tem estrada pra lá.

Depois ele resolveu


Construir uma estrada boa
Numa outra vila do Estado.
Ninguém se muda pra lá
Porque lá não tem escola
CANÇÃO DO
EXÍLIO
Minha terra tem macieiras A gente não pode dormir
da Califórnia com os oradores e os
onde cantam gaturamos pernilongos.
de Veneza. Eu morro sufocado
Os poetas da minha terra em terra estrangeira.
são pretos que vivem em Nossas flores são mais
torres de ametista, bonitas
os sargentos do exército nossas frutas mais gostosas
são monistas, cubistas, mas custam cem mil réis a
os filósofos são polacos dúzia.
vendendo a prestações. Ai quem me dera chupar
uma carambola de verdade
e ouvir um sabiá com
certidão de idade!
OS DOIS LADOS

Deste lado tem meu corpo


Tem o sonho
Tem a minha namorada na janela
Tem as ruas gritando de luzes e movimentos
Tem meu amor tão lento
Tem meu anjo da guarda
Que às vezes se esquece de me guardar
Tem o mundo batendo na minha memória
Tem o caminho pro trabalho.

Do outro lado tem outras vidas vivendo da minha vida

Tem pensamento sérios me esperando na sala de visitas

Tem a minha noiva definitiva me esperando com flores na mão,

Tem a morte, as colunas da ordem e da desordem.


PERÍODO DE MUDANÇA!!!!

• CRISE METAFÍSICA

• ARTE RELIGIOSA E FILOSÓFICA


CATOLICISMO

• “Tempo e eternidade” – Jorge de Lima – movimento


religioso.

• Logo após, fundem-se com o engajamento social


POEMA ESPIRITUAL

Eu me sinto um fragmento de Deus


Como sou um resto de raiz
Um pouco de água dos mares
O braço desgarrado de uma constelação.
A matéria pensa por ordem de Deus,
Transforma-se e evolui por ordem de Deus.
A matéria variada e bela
É uma das formas visíveis do invisível.
Cristo, dos filhos do homem és o perfeito.
Na Igreja há pernas, seios, ventres e cabelos
Em toda a parte, até nos altares.
Há grandes forças de matéria na terra no mar e no ar
Que se entrelaçam e se casam reproduzindo
Mil versões dos pensamentos divinos.
A matéria é forte e absoluta, sem ela não há poesia
VINÍCIUS DE MORAES
“POETINHA”
Características

• 1ª fase: Colégio Jesuítico


• Transcendental e místico
• Espiritualidade - NEOSSIMBOLISTA.
•Versos mais longos, melancólicos, linguagem
complexa

• 2ª fase: “Cinco elegias”


• Proximidade com o mundo material
• Preocupação social
• Linguagem coloquial, dia – mas...SONETO
• “3ª fase”
•Versos mais curtos; sonetos; às vezes um modelo
de Camões; versos decassílabos e alexandrinos.
• Dá vazão ao erotismo e lirismo – mais conhecido
• Não existe preconceitos ou tabus

• SAUDADE, PAIXÃO, DESEJO, SEPARAÇÃO

• No aspecto social, sua literatura aparece como


OPOSIÇÃO À VIOLÊNCIA
Contras as desigualdades da guerra

MÚSICAS A PARTIR DA DÉCADA DE 50


Soneto do amor total

Amo-te, meu amor... não cante


o humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
numa sempre diversa realidade.

Amo-te enfim, de um calmo amor prestante


e te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
dentro da eternidade e a cada instante
Amo-te como um bicho, simplesmente,
de um amor sem mistério e sem virtude
com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim, muito e amiúde,


é que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
SONETO DE FIDELIDADE

De tudo ao meu amor serei atento


Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento


E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):


Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Rosa de Hiroshima
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica

Sem cor sem perfume


Sem rosa sem nada
Carlos Drummond de Andrade
• Maior poeta do século XX.
• Sua poesia pode ser dividida em 4 fases:
• Irônica
• Social
• Metafísica
• Retrospectiva
FASE IRÔNICA (GAUCHE)

 Semana de 22
 Desajustado com o mundo
 Ironia, coloquialismo, humor
 Isolamento
 Individualismo, SUBJETIVO
 Reflexão existencial

FASE SOCIAL

 Estado Novo e 2ª guerra mundial


 Problemas sociais – alienado na primeira fase
 “A rosa do povo”
FASE METAFÍSICA (FILOSÓFICA)

A partir da década de 40, desencantou-se com os


problemas sociais.
Pessimismo
Preocupação formal, versos regulares
 Vida, morte, tempo, velhice, amor, infância, poesia

FASE RETROSPECTIVA
 Retorna a ironia e humor
Aprofundam-se temas como a infância em Minas,
amor, morte, família, amigos.

 IRÔNICO, MAS POÉTICO


NO MEIO DO CAMINHO

No meio do caminho tinha uma pedra


Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do
caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra.
POEMA DE SETE FACES

Quando nasci, um anjo torto


desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu
coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus,
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo
NOSSO TEMPO

Esse é tempo de partido,


tempo de homens partidos.
Em vão percorremos volumes,
viajamos e nos colorimos.
A hora pressentida esmigalha-se em pó na rua.
Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos.
As leis não bastam. Os lírios não nascem
da lei. Meu nome é tumulto, e escreve-se
na pedra.
Visito os fatos, não te encontro.
Onde te ocultas, precária síntese,
penhor de meu sono, luz
dormindo acesa na varanda?
Miúdas certezas de empréstimos, nenhum beijo
sobe ao ombro para contar-me
a cidade dos homens completos (...)
Temas típicos
 O INDIVÍDUO – “Um eu todo retorcido”, desajeitado,
tímido, torturado.

 A TERRA NATAL – Relação com o lugar de origem.

 FAMÍLIA – O indivíduo interroga sem alegria e


sentimentalismo a família que existe dentro de si.

 OS AMIGOS – Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Charles


Chaplin, Machado de Assis.
 CHOQUE SOCIAL – O espaço social onde se expressa
o indivíduo e onde ele se limita frente os outros.

 O AMOR – Nada de romântico ou sentimental, o amor é


uma amarga forma de conhecimento dos outros e de si.

 A POESIA – Fazer poética está presente.

 POEMAS-PIADA – Jogo com palavras (inocência)

 EXISTÊNCIA – Questão do estar-no-mundo.


O indivíduo

A Bruxa
Nesta cidade do Rio,
estou sozinho no quarto
estou sozinho na |América,

Precisava de um amigo,
Desses calados, distantes,
Que lêem versos de Horácio
Mas secretamente influem
Na vida, no amor, na carne.
Estou só, não tenho amigo,
E a essa hora tardia
Como procurar amigo?
A TERRA NATAL

Confidência do Itabirano

Alguns anos vivi em Itabira.


Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferros nas calçadas,
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e
comunicação.
A FAMÍLIA
Infância

Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.


Minha mãe ficava sentada cosendo.
|Meu irmão pequeno dormia.
Eu sozinho menino entre mangueiras
lia a comprida história de Robinson Crusoé
Comprida história que não acaba mais.

Lá longe meu pai campeava


no mato sem fim da fazenda.

E eu não sabia que minha história


era mais bonita que a de Robinson Crusoé.
JORGE DE LIMA

 Alagoano ligado à política


 Versos parnasianos – imaginário Surrealista
 Poesia social paralela a uma poesia religiosa

 Poesia social – Cor local


Menino branco – imagens de negros
Denúncias das desigualdades sociais
Essa negra Fulô!
Ora, se deu que chegou
(isso já faz muito tempo)
no bangüê dum meu avô
uma negra bonitinha,
chamada negra Fulô.

Essa negra Fulô!


Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá)
— Vai forrar a minha cama
pentear os meus cabelos,
vem ajudar a tirar
a minha roupa, Fulô!

Essa negra Fulô!


Essa negrinha Fulô!
ficou logo pra mucama
pra vigiar a Sinhá,
pra engomar pro Sinhô!

Essa negra Fulô!


Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá)
vem me ajudar, ó Fulô,
vem abanar o meu corpo
que eu estou suada, Fulô!
vem coçar minha coceira,
vem me catar cafuné,
vem balançar minha rede,
vem me contar uma história,
que eu estou com sono, Fulô!
Essa negra Fulô!
A segunda Guerra Mundial, a
ditadura no país, as perseguições
políticas, entre inúmeros problemas,
acentuaram a preocupação com o ser
humano, no plano social e individual.

Temas principais: preocupação


social e política, espiritualidade,
metafísica, questionamento
existencial.

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