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• Os processos de escrita
Assim, Flower & Hayes, ao definirem tal modelo, vão encarar a escrita como
uma actividade que tem uma finalidade, um objectivo que deverá ser alcançado. Note-se
que a concepção tradicional não valorizava a importância do objectivo no processo de
escrita. Considerarão, ainda, a influência que o conhecimento e as expectativas dos
receptores do texto exercem sobre a escrita.
• Porque escrevemos?
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exercícios, etc.). Escrevemos porque temos informações ou explicações para dar,
pedidos ou reclamações para fazer... São muitas as ocasiões em que fazemos uso dessa
capacidade fantástica.
Escrevemos, também, porque temos a necessidade de exprimir a nossa
criatividade.
• A Criatividade
A palavra criatividade tem raiz no verbo creare que significa originar, gerar,
formar. O dicionário de língua portuguesa diz-nos que «criatividade» é sinónimo de
originalidade, de engenho e de capacidade criadora. Assim percebemos que a
criatividade nos pode ajudar a construir várias coisas, por exemplo textos.
Embora a produção escrita seja uma das competências a adquirir durante a
escolaridade obrigatória, a verdade é que ela é mais vezes vista como tendo um carácter
de apoio na resolução de tarefas (veja-se a utilização da escrita na resolução de
exercícios, nos testes de avaliação, nos resumos, etc). Infelizmente, a mesma escola que
ensina a escrever põe de parte, por vezes, as potencialidades pessoais de escrita dos
estudantes.
Arredada da sala de aula a escrita criativa, aumenta a oferta de cursos e de
manuais que pretendem ensinar a escrever com criatividade. A maioria destes cursos
não se preocupa tanto com a qualidade final dos textos mas mais com o próprio
processo de produção. Pretendem levar os frequentadores a superar o medo da folha em
branco e, mesmo que o resultado não seja esplêndido, fazer perceber às pessoas a
importância da escrita na estruturação do pensamento e na expressão dos sentimentos.
www.escreverescrever.com
«Imagine-se no centro de Lisboa, numa sala com vista para a Praça Luís de Camões. Ao fundo da
Rua das Flores, o rio. Aqui escreve-se. Escreve-se à volta de uma mesa, em pequenos grupos cujos
elementos têm em comum a vontade de experimentar, ou de aprofundar a escrita, seja ela literária,
técnica ou até de experiências.»
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pensa durante horas no que escrever, pelo contrário: põem-se no papel as primeiras
ideias que se têm.
Todavia, para que a criatividade se solte, são precisos alguns estímulos. Assim,
começa-se por uma actividade tão relaxante como colorir uma mandala. «Mandala» é
uma imagem circular com um centro a partir do qual o desenho se desenvolve. Monges
tibetanos criam estas imagens para nos lembrar do ciclo de vida e morte. No Tibete,
pintar uma mandala exige anos de preparação. Na ESCREVER-ESCREVER não temos
esse tempo e colorimo-la rapidamente.
Fig. 1- Mandala
Seguem-se depois outros exercícios que envolvem novos estímulos, tais com a
pintura e a música.
Para cada exercício proposto, o tempo disponível é, obviamente, limitado. Isso
faz com que a pessoa sinta que tem de escrever qualquer coisa, seja ela de grande
qualidade ou não. A folha branca tem de deixar de o ser rapidamente e o que se escreve
tem de se ler em voz alta para todo o grupo ouvir. Ninguém critica, não há textos
melhores nem piores e esse é um dos aspectos interessantes deste workshop. Escreve-se
por prazer e, mesmo que o tempo seja curto, todos os participantes acabam por colocar
experiências e sentimentos no papel.
Com um curso como este percebe-se que escrever é uma forma de olharmos para
nós próprios e de organizarmos os nossos pensamentos. Pelo regresso a actividades
geralmente deixadas na infância, sentimo-nos estimulados a escrever sem medo de
avaliações. Combinamos ideias em que nunca tínhamos pensado porque as instruções
da formadora nos fazem seguir caminhos que, geralmente, não seguimos quando
estamos noutro tipo de ambiente. Aquele é preparado para fazer escrever e creio que a
própria janela aberta sobre o rio convida a uma visita ao papel. Camões também não
resistiu ao Tejo...
Nota: Escrevemos este resumo do nosso trabalho com alguma criatividade. Resolvemos
não fazer uma síntese porque acreditamos que o tema tratado não se coaduna com uma
escrita «cinzenta». A escrita lúdica, por prazer, na qual fazemos uso da nossa
imaginação e não de modelos previamente estudados, leva-nos a pôr um pouco de nós
nas palavras. Foi isso que fizemos.