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Claudia Mariza Braga

Leitura e Produção de Texto

MEC / SEED / UAB


2011
Reitor
Helvécio Luiz Reis

Coordenador UAB/NEAD/UFSJ
Heitor Antônio Gonçalves

Comissão Editorial:
Fábio Alexandre de Matos
Flávia Cristina Figueiredo Coura
Geraldo Tibúrcio de Almeida e Silva
José do Carmo Toledo
José Luiz de Oliveira
Leonardo Cristian Rocha (Presidente)
Maria Amélia Cesari Quaglia
Maria do Carmo Santos Neta
Maria Jaqueline de Grammont Machado de Araújo
Maria Rita Rocha do Carmo
Marise Maria Santana da Rocha
Rosângela Branca do Carmo
Rosângela Maria de Almeida Camarano Leal
Terezinha Lombello Ferreira

Edição
Núcleo de Educação a Distância
Comissão Editorial - NEAD-UFSJ
Capa
Eduardo Henrique de Oliveira Gaio
Diagramação
Luciano Alexandre Pinto

B813l Braga, Claudia Mariza


Leitura e produção de texto. – São João del-Rei, MG:
UFSJ, 2011.
56p.

Curso de Especialização em Práticas de Letramento e


Alfabetização.

1. Português 2.Produção de texto I. Título.

CDU: 811.134.3
Agradecimento

Às pedagogas Neide Manhã e Mariza Braga,


sem cuja preciosa e essencial colaboração
este trabalho não teria sido possível.
Sumário

Pra começo de conversa... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07

Unidade 1 – Lendo a vida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09

Unidade 2 – Práticas de leitura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

Unidade 3 – Práticas de escrita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

Pra final de conversa... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

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Pra começo de conversa...

Prezado(a) Colega/Estudante

Estamos iniciando agora a disciplina “Leitura e Produção de Texto”, do curso de PRÁTICAS


DE LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO do NEAD-UFSJ.

Buscamos fazer dessa disciplina um efetivo fórum de discussões sobre nossas práticas de
leitura e escrita, num ambiente descontraído e lúdico, onde não apenas vamos pensar nas
possíveis aplicações junto a nossos alunos como também praticaremos formas variadas
de produção.

Dividimos o curso em 3 unidades. Na primeira, apresentamos algumas reflexões sobre


a leitura e a escrita; a segunda traz propostas de discussões a respeito de eventuais
exercícios a serem aplicados junto aos alunos; na terceira, somos nós os “praticantes”.

Esperando que as “dicas” e discussões aqui propostas e estabelecidas sejam fecundas e


proveitosas, desejamos a todos(as) um ótimo trabalho!

Com meu abraço,

Claudia Braga

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unidade 1

“Lendo” a vida

Objetivo
Estimular a reflexão sobre o conceito de leitura

9
unidade 1
“Lendo” a vida

Em agosto de 2010, um conhecido periódico brasileiro trazia como título de sua matéria
de capa: “Falar e escrever bem: rumo à vitória”. Tratava-se de uma breve enquete sobre
as formas de expressão orais e escritas e seu manejo, no sentido de demonstrar como os
profissionais têm necessidade de se expressar bem em sua língua materna, para alcançar
êxito em todas as áreas.

Em meio à reportagem propriamente dita, os repórteres Sérgio Martins e Marcelo Marthe


afirmam:

[...] ler é indispensável para quem quer se expressar bem. E ler inclui de
Machado de Assis e Graciliano Ramos até um blog decente na internet
(mas atenção: é preciso ler de tudo – não uma coisa ou outra). Ler mostra
as infinitas possibilidades de expressão da língua, enriquece o vocabulário
(e o bom vocabulário é o melhor amigo da precisão), ensina o leitor a
organizar seu pensamento e ainda oferece a ele algo de valor inestimável:
conteúdo. (Revista Veja: 11/08/2010, p. 100)

Sabemos disso.

É pela leitura que aprimoramos nossa capacidade de expressão oral e escrita.

Mas essa “leitura” é bastante anterior a Machado de Assis ou aos “blogs” da internet. Todos
nós, desde o nascimento, percebemos, compreendemos, “lemos”, o universo que nos cerca.
Todos nós, desde a infância, somos leitores do mundo.

E essa “leitura” do mundo que nos cerca vai moldar nossa “escrita” nele, metafórica e
concretamente.

Assim, nossos alunos que chegam à escola possuem um conhecimento advindo dessa
“leitura” inicial de mundo. E só se transformarão em leitores de textos quando passarem
a ter contato com eles, dominando todo o processo de uma leitura diferente daquela que
utilizaram anteriormente.

Dessa forma, com certeza, o ato ou o hábito de ler é influenciado por determinantes que
causam reações e sensações diversas no leitor, a partir de seu histórico particular, de seu

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aprendizado anterior de “leitura” do mundo. Assim, a leitura não é algo estático, mas em
permanente transformação, que deve, sobretudo, ser prazeroso, pois aprender a ler é,
também, ter acesso a um mundo distinto daquele em que a oralidade se instala e organiza.

Assegurar o direito de aprender a ler e escrever e, assim, participar do mundo da escrita é


um dos principais desafios o processo educativo atual.

Todos têm direito de adquirir esses conhecimentos acumulados historicamente e os


contextos em que foram produzidos. Para isso, o conhecimento da linguagem escrita é
fundamental.

Diante disso, podemos afirmar que a leitura varia e se transforma de acordo com o texto,
o momento e a situação na qual se encontra o leitor, pois “não se lê uma poesia como se lê
um problema de matemática ou uma narrativa” (CAGLIARI, 2005, p. 172).

Assim, o acesso ao mundo da escrita exige habilidades para além do apenas aprender
a ler e a escrever – exige práticas de letramento autênticas, que garantam aos alunos o
procedimento de leitor e escritor autônomo; que lhe dê possibilidades de incorporar
habilidades de uso da leitura e da escrita desenvolvidas no início da escolarização, com
ampliação gradativa e consistente para sua formação digna e plena.

Magda Soares (2002) explica como foi se ampliando progressivamente o conceito de


educação:

[...] até os anos 40 do século passado, os questionários do censo


indagavam, simplesmente, se a pessoa sabia ler e escrever, servindo
como comprovação da resposta afirmativa ou negativa a capacidade de
assinatura do próprio nome. A partir dos anos 50 e até o último censo
(2000), os questionários passaram a indagar se a pessoa era capaz de
“ler e escrever um bilhete simples”, o que já evidencia a ampliação do
conceito de alfabetização. Já não se considera alfabetizado aquele que
apenas declara saber ler e escrever, genericamente, mas aquele que sabe
usar a leitura e a escrita para exercer uma prática social em que a escrita
é necessária (p. 45).

A metodologia descrita nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa


(1997) indica que o Planejamento é um instrumento, por excelência, capaz de assegurar o
diagnóstico das capacidades e dos conhecimentos prévios dos alunos e de criar condições

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unidade 1
e tempos para definir objetivos e para organizar atividades. Nos mesmos documentos,
há ênfase sobre a necessidade de investimento nos meios para a sua implementação,
destacando-se que a organização das atividades em torno da alfabetização deverá levar
em conta:

• a progressão de níveis do trabalho pedagógico em função dos níveis


de aprendizagem dos alunos na natureza das atividades, envolvendo
conceitos e procedimentos pertinentes aos diversos componentes para
o aprendizado da língua escrita;
• a compreensão e a valorização da cultura escrita, a apropriação do
sistema de escrita, a oralidade, a leitura e a produção de textos escritos;
• a criação de um ambiente alfabetizador ou de um contexto de cultura
escrita oferecido pelas formas de organização da sala e de toda a
escola, capaz de disponibilizar aos alunos a familiarização com a escola
e a interação com diferentes tipos, gêneros, portadores e suportes da
escrita, nas mais diversas formas.

Sendo assim, em relação ao ler e escrever, verifica-se que o professor precisa facilitar
a interação entre a escrita e a leitura e, ao mesmo tempo, precisa propor desafios que
tenham significado para os alunos, para que estes se sintam instigados pela busca de
resultados, ou seja, para que se tornem sujeitos ativos e envolvidos com os procedimentos
de leitor e/ou escritor.

Logo, tanto quanto seus alunos, é preciso que o professor se torne sujeito do mundo da
leitura e da escrita, que organize registros de acompanhamento do processo de construção
do conhecimento de seu grupo, que busque textos que componham a pluralidade das
práticas de leitura.

O prazer da leitura

A leitura da palavra não é apenas precedida pela leitura do mundo, mas


por certa forma de “escrevê-la” ou de descrevê-la, quer dizer transformá-
la em uma prática consciente.
(Paulo Freire)

É importante que o trabalho de leitura esteja incorporado às práticas cotidianas de sala


de aula, visto tratar-se de uma forma estimuladora e prazerosa para o conhecimento: a
leitura é importante em todas as idades e em todos os momentos da vida, pois estimula a
formação de cidadãos críticos, que se exige para a inserção na sociedade.

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O prazer em ler é uma técnica que se adquire no decorrer dos anos, tendo em vista que
vem gradativamente e contribui para a formação de leitores capazes de reconhecer as
sutilezas, as particularidades, os sentidos, a extensão e a profundidade de cada texto lido.

Segundo Lajolo (1997, p. 7), “lê-se para conhecer o mundo, para viver melhor”. Nesse
contexto, o papel dos professores, não só de Língua Portuguesa como de outras áreas de
ensino, é de colaborar para a compreensão e as transformações do mundo.

Assim, segundo Silva, (1996, p. 46)

É necessário aprender a ler e, mais tarde, ler para aprender. Quer dizer,
conseguir que o indivíduo torne-se capaz de compreender os diferentes
tipos de textos que existem em sociedade e que assim possa participar de
dinâmica que é a própria do mundo da escrita.

Para conquistar e ganhar novos leitores é imprescindível saber utilizar-se dos artifícios
necessários, através dos quais se possa oferecer ao outro o que o outro deseja, mesmo
que este não tenha consciência do seu próprio desejo e da necessidade de adquirir novos
conhecimentos.

Dessa forma, no momento do trabalho com a leitura é que são fincados os alicerces para a
produção de bons textos. A escolha de textos e temas adequados à faixa etária dos alunos
permite que eles se integrem ao exercício da leitura de modo prazeroso e investigativo.

De acordo com os PCN de Língua Portuguesa (1997, p. 54), para formar um leitor
competente é preciso

[...] formar alguém que compreenda o que lê; que possa aprender a ler
também o que não está escrito, identificando elementos implícitos; que
estabeleça relações entre o texto que lê e outros já lidos; que saiba que
vários sentidos podem ser atribuídos a um texto; que consiga justificar e
validar a sua leitura a partir da localização de elementos discursivos.

Mas, para que ocorra uma leitura fluente, é preciso que haja o envolvimento de uma
série de estratégias cognitivas que permitam ao leitor guiar sua leitura. A esse respeito,
Goodman (1990, p. 16-18) apresenta as seguintes estratégias:

14
unidade 1
• Seleção: o leitor elege as informações do texto que lhe são realmente
úteis, necessárias.
• Predição: o leitor faz o uso de seu conhecimento prévio para antecipar,
predizer o que virá no texto e seu respectivo significado.
• Inferência: o leitor utiliza seus conhecimentos conceptual e linguístico
para complementar a ideias que não estão explícitas no texto.
• Autocontrole: o leitor põe à prova suas estratégias e as modifica se for
necessário.
• Autocorreção: o leitor repensa e corrige suas hipóteses levantadas por
inferência ou predição.

É necessário que a leitura tenha sentido e objetivo para o aprendiz. Em função disso, a
escolha de textos de boa qualidade, autênticos, variados, desde o início da escolarização, é
fundamental para a formação de bons leitores.

ATIVIDADE
A unidade 1 levanta reflexões sobre diferentes processos de leitura.
Qual sua opinião sobre as considerações apresentadas?
Elabore um texto conceituando as eventuais práticas de leitura e o que seria, para
você, o “leitor ideal”.

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unidade 2

Práticas de Leitura

Objetivo
Trabalhar a “leitura” de imagens e textos com vistas a sua análise escrita

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unidade 2
Práticas de Leitura

O trabalho com a produção de textos orais e escritos é primordial no processo ensino


aprendizagem de língua.

É impossível pensar na escrita sem associá-la à prática da leitura, e verifica-se que um


bom leitor tem muito maior possibilidade de ser um escritor competente do que aquele
que não tem o hábito da leitura.

Segundo os PCN de Língua Portuguesa (1997), um escritor competente é aquele que, na


produção de um discurso, sabe escolher o gênero textual mais adequado para alcançar
seus objetivos. É capaz de planejar seu discurso de acordo com o destinatário, sem
desconsiderar as características do gênero. Um escritor competente é capaz, também, de
avaliar se seu texto apresenta ideias confusas, ambiguidade ou redundância, revisando e
reescrevendo até torná-lo adequado a seus objetivos.

2.1- Produção coletiva

No início do trabalho de escrita nas classes de alfabetização, os textos devem ser criados
coletivamente e escritos no quadro pelo professor, que fará o papel de escriba. Depois, os
textos poderão ser transcritos em um cartaz e afixados na sala de aula, para serem lidos
diariamente pelo professor e pelos alunos, em grupo ou individualmente. O texto deverá
ser sempre substituído por outros textos coletivos criados pelo grupo recentemente.

2.2 - Os Gêneros textuais

Os textos literários são divididos em dois grupos: textos em verso, textos em prosa.

O professor deverá sempre definir o gênero textual a ser utilizado pelo aluno para a
produção de um texto. Em uma situação de interação verbal, são considerados vários
elementos, de acordo com a situação de comunicação em que o locutor se encontra,

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devendo escolher sempre o gênero textual mais adequado, avaliando com quem fala, sobre
o que fala, com que finalidade fala, pois, como afirma Koch,

[...] toda ação linguageira implica diferentes capacidades da parte do


sujeito: de adaptar-se às características do contexto e do referente
(capacidade de ação), de mobilizar modelos discursivos (capacidades
discursivas) e de dominar as operações psicolinguísticas e as unidades
linguísticas (capacidades linguístico-discursivas). (2002, p. 56).

Assim, se um locutor quer defender um determinado ponto de vista de um assunto, ele


poderá usar um texto de opinião. Se quer ensinar a preparar um determinado prato,
o gênero a ser utilizado é uma receita culinária. Entretanto, se o sujeito quer relatar
acontecimentos pessoais a alguém íntimo que mora distante, o mais adequado será
escrever uma carta.

Ao professor cabe eleger um determinado gênero textual para ser trabalhado na escola,
definindo um modelo específico desse gênero, com referências teóricas específicas, e
determinar as dimensões que serão abordadas com os alunos.

É da maior importância que se realizem na escola trabalhos com os diferentes gêneros


textuais que, diariamente, circulam entre as pessoas. Este trabalho ampliará a capacidade
linguística e discursiva do aprendiz. Com efeito, segundo Mikhail Bakhtin

É de acordo com nosso domínio dos gêneros que usamos com desembaraço,
que descobrimos mais depressa e melhor nossa individualidade neles
(quando isso é possível e útil), que refletimos, com maior agilidade, a
situação irreproduzível da comunicação verbal, que realizamos, com o
máximo de perfeição, o intuito discursivo que livremente concebemos.
(1997, p. 304).

2.3 – A Coesão e a coerência

Para que o professor possa auxiliar seus alunos de forma eficiente na organização e
estruturação da escrita, deve estar atento à coesão e à coerência textuais. Segundo Koch &
Travaglia (1989, p. 11-12),

A coerência seria a possibilidade de estabelecer, no texto, alguma forma


de unidade ou relação. Essa unidade é sempre apresentada como unidade

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unidade 2
de sentido do texto, o que caracteriza a coerência como global, isto é,
referente ao texto como um todo. (KOCH & TRAVAGLIA).

De acordo com as mesmas autoras (1989, p. 13-14), a coesão é, ao contrário da coerência,

[...] explicitamente revelada através de marcas linguísticas, índices


formais na estrutura da sequência linguística e superficial do texto, sendo,
portanto de caráter linear, já que se manifesta na organização sequencial
do texto. [...] a coesão é, então, a ligação entre os elementos superficiais do
texto, o modo como eles se relacionam, o modo com frases ou partes delas
se combinam para assegurar um desenvolvimento proporcional.

A coesão relaciona-se à organização textual. A coerência é externa, ou seja, é construída


pelo leitor, que compreenderá ou não o texto.

2.4 – A Reescrita e a socialização de textos

Para a formação de um leitor competente, o professor deve orientar seus alunos em relação
ao processo de revisão dos textos produzidos. Para isso deve ser solicitada a releitura
e a reelaboração de suas produções textuais, com o objetivo de melhorá-las o máximo
possível.

No momento da revisão dos textos, cabe ao professor selecionar os aspectos nos quais
deseja que seus alunos se concentrem: elementos de coesão, pontuação, adequação
ortográfica, clareza de ideias, uso da linguagem adequada a quem se destina o texto.

As atividades de revisão textual podem ser realizadas individualmente, em grupos ou por


toda a classe, e para o trabalho de reescrita de textos produzidos em grupo devem-se
traçar metas que favoreçam o espírito de cooperação entre os alunos, como, por exemplo,
as sugestões que se seguem.
• Combinar com os alunos os critérios que serão utilizados na correção.
• Selecionar para a reescrita a produção que contenha os erros que aparecem com
maior frequência com a maioria da classe.
• Escolher uma produção e pedir autorização a seu(s) autor(es) para copiá-las no
quadro, na íntegra.
• Ler ou pedir aos alunos que leiam o texto para que eles mesmos percebam os erros
cometidos.

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• Após identificar os erros na produção escrita, solicitar sugestões, por parte do grupo,
para uma nova organização da frase ou da forma correta de escrever uma palavra.
• Ter o cuidado de não alterar o sentido do texto, deixando que os alunos-autores
decidam sobre a incorporação das sugestões da classe, respeitando a autonomia do
texto a ser escrito. Escolher a cada reescrita a produção de uma dupla ou grupo
diferente, de modo que todos tenham seus textos reescritos.

Cabe ao professor, portanto, ser mediador desse processo de formação do aprendiz,


ajudando-o cada vez mais a produzir textos coesos, coerentes e eficazes quanto a seus
objetivos.

2.5 - Atividades de leitura

O objetivo da escrita é a leitura, mas quem vai escrever só é capaz de


fazê-lo se souber o que escreve. Portanto, a leitura é uma habilidade que
precede a própria escrita.
Cagliari (1999, p. 196)

A partir do parágrafo acima, começaremos nossas atividades práticas com a leitura de


pinturas, gravuras e fotos, com o objetivo de, a partir da análise das imagens, incentivar
a produção escrita sobre elas.

2.5.1 - Pintura

a) Tela “A Casa Amarela” – Vincent Van Gogh, 1888

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unidade 2

FIGURA 1 - “A Casa Amarela” – Vincent Van Gogh, 1888


Fonte: <http://arquiteturaparalela.files.wordpress.com/2010/07/y01.jpg>. Acesso em:
10 jun. 2011.

Conversando sobre a tela


• O local reproduzido pela tela nos revela uma grande metrópole ou uma cidade de
interior?
• É um momento atual ou do passado?
• Enumere fatos que comprovem as suas observações.

b) Tela: “The River Bennecourt” (O rio Bennecourt) - MONET, 1868

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FIGURA 2 - “The River Bennecourt” (O rio Bennecourt) - MONET, 1868
Fonte: <http://absurtus.files.wordpress.com/2011/03/557_river_scene_at_
bennecourt_1868.jpg> . Acesso em: 10 jun. 2011.

Conversando sobre a pintura


• O que compõe essa tela?
• Que detalhe na pintura nos revela o sexo da personagem?
• Na sua opinião:
* Ela aguarda alguém?
* Faz uma reflexão?
* Descansa após o dia de trabalho?

DISCUTA SUAS RESPOSTAS NO FÓRUM DA TURMA.


COMPARE SUA RESPOSTA COM A DE SEUS COLEGAS.

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unidade 2
2.5.2 - Fotografia

FIGURA 3 - Fotografia 1
Fonte: PASSOS, Célia & SILVA, Zeneide – “Coleção Eu Gosto Integrado” 4ªsérie-Ed.
IBEP, 2006

Explorando a foto
• Quem foi fotografado?
• O que faz?
• Demonstra emoção?
• Por que podemos reconhecer se ele é destro ou canhoto?

Gravuras comparativas

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FIGURA 4 - Fotografia 2
Fonte: PASSOS, Célia & SILVA, Zeneide – “Coleção Eu Gosto Integrado”
4ªsérie-Ed.IBEP, 2006

Observe atentamente as fotografias.


• Comparar os locais.
• Descrever a figura da esquerda e da direita.
• Quais as semelhanças?
• Quais as diferenças?

COMO ESSAS ILUSTRAÇÕES PODERIAM SER EXPLORADAS NA ESCOLA?


DISCUTA SUAS RESPOSTAS NO FÓRUM DA TURMA.
COMPARE SUA RESPOSTA COM A DE SEUS COLEGAS.

2.5.3 - Tiras

Num crescendo de dificuldades, apresentamos e analisaremos diferentes tiras.

As tirinhas são quadrinhos de desenhos muito parecidos com as histórias em quadrinhos,


só que bem menores; assim, sua mensagem deve ser passada com total precisão, dado o
curto espaço de que dispõe.

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unidade 2
É comum vermos as tirinhas abordarem temas atuais de forma sarcástica, como é o caso
da corrupção, esportes e outros assuntos que são criticados e ironizados através dos
desenhos, encontramos até algumas que fazem fortes críticas ao governo ou a pessoas
famosas em particular.

O objetivo de trabalharmos com tirinhas é o de, partindo de um universo familiar ao aluno,


provocar uma reflexão sobre as mensagens apresentadas em cada uma delas.

a) Tira 1

FIGURA 5 - Tira 1
Fonte: <http://3.bp.blogspot.com/_ZS1t8ouQWrY/SrgkHc6rjdI/AAAAAAAABq4/
RDMLFl66egE/s1600-h/tira_meninomaluquinho_30_07.jpg>. Acesso em 30 jun. 2011.

Refletindo e conversando sobre a tira


• Local onde se passa o fato.
• O que ocasionou a desistência pelo primeiro lugar?
• Esse fato é comum na rotina diária?

b) Tira 2

FIGURA 6- Tira 2
Fonte: <http://www.portalpower.com.br/tirinhas-inteligentes>. Acesso em 12 abr. 2011.

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Refletindo e conversando sobre a tira
• Qual a dúvida do menino da tira?
• Por que ele não acredita na afirmativa do pai?
• E para você, existe essa dúvida? Justifique.

c) Tira 3

FIGURA 7 - Tira 3
Fonte: <http://www.portalpower.com.br/tirinhas-inteligentes>. Acesso em 12 abr. 2011.

• Quando se conhece um bom livro?


• O que significa “mas quando ele abre nossas cabeças.”?

ESSAS TIRINHAS PODERIAM SER EXPLORADAS NA ESCOLA?


COMENTE CADA UMA DELAS NO FÓRUM DA TURMA.
COMPARE SEUS COMENTÁRIOS COM OS DE SEUS COLEGAS.

2.5.4 - História em quadrinhos

As histórias em quadrinhos são enredos narrados quadro a quadro por meio de desenhos
e textos que utilizam o discurso direto, característico da língua falada.

O objetivo do trabalho com as histórias em quadrinhos é o de apresentar, de um


modo lúdico, fatos a serem analisados.

a) Em meio às sempre atuais questões sobre o meio ambiente, Chico Bento, personagem
criado por Maurício de Souza, apresenta algo bem ecológico...

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unidade 2
Leia a história.

FIGURA 8 - Chico Bento


Fonte: Maurício de Souza, Chico Bento n. 396. São Paulo, Globo,
março/2002.

Questões
• Que tipo de pesca Chico Bento realiza?
• Qual a emoção que ele demonstra sentir ao realizar essa pescaria?
• O que ele fez com o objetivo de preservar o nosso Planeta?

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2.5.5 - Textos diversos

Com o objetivo de aproximar o aprendiz dos diferentes gêneros literários, selecionamos


textos para exploração da leitura e, posteriormente, da escrita.

2.5.5.1 - Propagandas e anúncios

A propaganda tem o objetivo de vender um produto ou um serviço, levar alguém a aderir


a uma causa ou criar uma imagem favorável de uma empresa ou instituição, utilizando
artifícios psicológicos, ilusórios, a fim de manipular a vontade.

O anúncio tem como objetivo tornar algo público, sem artifícios auxiliares, simplesmente
expor o produto.

a) Veja os anúncios de um classificado de um jornal, observando o que cada texto apresenta


ou propõe.

FIGURA 9 - Classificados
Fonte: Jornal “O GLOBO”. 10 jun. 2011.

Reflita e compare
• Semelhanças.
• Diferenças.
• Propostas.

b) Leia as três propagandas a seguir. Todas falam de Artes.

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unidade 2

Fonte de todas as propagandas: Jornal “O GLOBO”. 10 jun. 2011.


• Em que se diferenciam?
• Qual das propagandas mais seduz. Por quê

ESSES ANÚNCIOS PODERIAM SER EXPLORADOS NA ESCOLA?


COMO?
COMPARE SUA OPINIÃO COM A DE SEUS COLEGAS NO FÓRUM DA TURMA.

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2.5.5.2 - Crônica

• Como você deve ter observado, o texto visa a divertir o leitor, falando de coisas de
seu cotidiano, de modo informal. Imagine ações engraçadas do pai, na tentativa de
tornar o filho um grande jogador de futebol.

2.5.5.3 - Fábulas

Fábulas são histórias fantásticas cujos personagens são animais que, nessas histórias,
sentem, agem e pensam como os seres humanos. As fábulas, por serem uma das mais
antigas maneiras de contar histórias, veiculam uma norma de conduta para a essência
humana, para expressar suas emoções e sentimentos; contêm um fundo moral para a
educação humana e criticam os valores de nossa sociedade.

O objetivo de trabalhar com fábulas é incentivar o aluno a reconhecer o aprendizado


proposto pela conclusão da fábula.

32
unidade 2
a) A Formiga e a Pomba

Uma Formiga estava na margem de um rio bebendo


água, e sendo arrastada pela forte correnteza,
estava prestes a se afogar.

Uma Pomba, que estava em uma árvore, sobre a


água observando tudo, arranca uma folha e a deixa
cair na correnteza perto da mesma. Subindo na
folha a Formiga flutua em segurança até a margem.

Eis que pouco tempo depois, um caçador de pássaros, escondido pelas folhas da
árvore, se prepara para apanhar a Pomba, colocando visgo no galho onde ela
descansa, sem que ela perceba o perigo.

A Formiga, percebendo sua intenção, dá-lhe uma ferroada no pé. Do susto, ele
deixa cair sua armadilha de visgo, e isso dá chance para que a Pomba acorde e
voe para longe, a salvo.
Autor: Esopo
Fonte: <http://cantinhodasfabulas.vilabol.uol.com.br/aformigaeapomba.html>. Acesso
em 14 abr. 2011.

Moral da História:__________________________________________________

b) O Carvalho e os Juncos
Um enorme carvalho, ao ser puxado do chão
pela força de forte ventania, rio abaixo é
levado pela correnteza. Arrastado pelas
águas, ele cruza com alguns Juncos, e em tom
de pranto exclama:

Gostaria de ser como vocês, que, de tão


delicados e esguios, não são de modo algum
afetados por estes fortes ventos.

33
E eles responderam:

- Você competiu e lutou com o vento, por isso mesmo foi destruído. Nós, ao
contrário, nos curvamos, mesmo diante do mais leve sopro da brisa, e por essa
razão permanecemos inteiros e a salvo.
Autor: Esopo
Fonte: <http://cantinhodasfabulas.vilabol.uol.com.br/ocarvalhoeosjuncos.html>. Acesso
em 14 abr. 2011.

Moral da História: _______________________________________________

NA SUA OPINIÃO, COMO PODERÍAMOS TRABALHAR COM FÁBULAS NA ESCOLA?


COMPARE SEUS COMENTÁRIOS COM OS DE SEUS COLEGAS.

2.5.5.4 - Conto

Conto é uma narrativa curta que apresenta os mesmos elementos de um romance:


narrador, personagens, enredo, espaço e tempo. Diferencia-se do romance pela sua
concisão, linearidade e unidade: o conto deve construir uma história focada em um conflito
básico e apresentar o desenvolvimento e resolução desse conflito.

O objetivo de trabalhar com contos é o de apresentar ao aluno uma forma curta de narrativa.

O caboclo, o padre e o estudante


Um estudante e um padre viajavam pelo sertão, tendo como bagageiro um
caboclo. Deram-lhes, numa casa, um pequeno queijo de cabra. Não sabendo
como dividi-lo, mesmo porque chegaria um pequenino pedaço para cada um, o
padre resolveu que todos dormissem e o queijo seria daquele que tivesse, durante
a noite, o sonho mais bonito, pensando engabelar todos com os seus recursos
oratórios. Todos aceitaram e foram dormir. À noite, o caboclo acordou, foi ao
queijo e comeu-o.

Pela manhã, os três sentaram-se à mesa para tomar café e cada qual teve que
contar o seu sonho. O padre disse ter sonhado com a escada de Jacó e descreveu-a
brilhantemente. Por ela ele subia triunfalmente para o céu. O estudante, então,

34
unidade 2
narrou que sonhara estar já dentro do céu à espera do padre que subia. O caboclo
sorriu e falou:

– Eu sonhei que via “seu” padre subindo a escada e ”seu” doutor lá dentro do céu,
rodeado de amigos. Eu ficava na terra e gritava:

– “Seu” doutor, “seu” padre, o queijo! Vosmincês esqueceram o queijo. Então


vosmincês respondiam de longe, do céu:

– Come o queijo, caboclo! Come o queijo caboclo! Nós estamos no céu, não
queremos queijo. “O sonho foi tão forte que eu pensei que era verdade, levantei-
me, enquanto vosmincês dormiam e comi o queijo.
(Luís da Câmara Cascudo)
Fonte: <http://portalsme.prefeitura.sp.gov.br/Regionais/108800/Documentos/
melhortexto2009/ciclo1/caboclo.pdf>. Acesso em 14/04/2011.

Trabalhando o texto
 Quais são os personagens do texto?
 Por que o queijo de cabra tornou-se um problema?
 Que solução foi dada pelo padre para resolver a questão?
 O desfecho do texto é surpreendente em relação ao que se esperava que acontecesse
entre os três personagens caracterizados logo no início?

COMENTE SUAS RESPOSTAS NO FÓRUM DA TURMA.

2.5.5.4 - Poemas

O poema é uma obra em verso. O poema, depois de criado, existe por si, em si mesmo,
ao alcance de qualquer leitor. Os poetas têm escrito poemas de vários tipos. Dois deles,
entretanto, são considerados os principais: o poema lírico e o poema narrativo. Alguns
críticos acrescentam, como um terceiro tipo, o poema dramático.

Há textos poéticos onde os versos têm rima e em outros não.

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Leia os poemas a seguir.

a) CIDADEZINHA QUALQUER (Carlos Drummond de Andrade)

Casas entre bananeiras


mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar ... as janelas olham.

Eta vida besta, meu Deus.


Fonte: <http://www.horizonte.unam.mx/brasil/drumm6.html>. Acesso em 12/04/2011.

b) O ADOLESCENTE (Mário Quintana)

A vida é tão bela que chega a dar medo.


Não o medo que paralisa e gela,
estátua súbita,
mas
esse medo fascinante e fremente de curiosidade que faz
o jovem felino seguir para a frente farejando o vento
ao sair, a primeira vez, da gruta.
Medo que ofusca: luz!
Cumplicemente,
as folhas contam-te um segredo
velho como o mundo:
Adolescente, olha! A vida é nova...
A vida é nova e anda nua
- vestida apenas com o teu desejo!
Fonte: <http://quintanaeterno.blogspot.com/2009/01/o-adolescente.html>. Acesso em
12/04/2011.

36
unidade 2
Trabalhando com os textos

REFLITA SOBRE OS TÍTULOS DOS POEMAS.


ELES PODERIAM SER EXPLORADOS NA ESCOLA?
COMO?
EXPONHA SUA OPINIÃO NO FÓRUM DA TURMA.
COMPARE SEUS COMENTÁRIOS COM OS DE SEUS COLEGAS.

2.5.5.5 - Letra de Música

A música popular brasileira é das mais ricas do planeta, em termos de melodia, ritmo e/
ou temática. Trabalhar a “leitura” de músicas tem como objetivo fazer com que o aluno,
ouvindo e cantando, perceba que em qualquer tipo de canção há temas para reflexão.

Tente Outra Vez - Raul Seixas


Veja Há uma voz que canta,
Não diga que a canção está perdida uma voz que dança,
Tenha fé em Deus, tenha fé na vida uma voz que gira
Tente outra vez Bailando no ar

Beba Queira
Pois a água viva ainda está na fonte Basta ser sincero e desejar profundo
Você tem dois pés para cruzar a ponte Você será capaz de sacudir o mundo, vai
Nada acabou, não, não, não, não Tente outra vez

Tente Tente
Levante sua mão sedenta e recomece a andar E não diga que a vitória está perdida
Não pense que a cabeça agüenta se você parar, Se é de batalhas que se vive a vida
não, não, não, não Tente outra vez

Fonte: <http://letras.terra.com.br/raul-seixas/48334/>. Acesso em: 12 abr. 2011.

Conversando sobre o texto


• Observe no texto as palavras de sentido positivo. Selecione 3. Justifique a sua escolha.
• Cite três argumentos que justificam o tentar novamente.
• O que você entende por “não pense que a cabeça aguenta, se você parar”?

37
• A palavra TENTE repete-se várias vezes. Qual seria a intenção do poeta com esta
repetição?

DISCUTA SUAS RESPOSTAS COM OS COLEGAS.

2.5.5.7 – Trabalhando com peça teatral

JUDAS EM SÁBADO DE ALELUIA


Luis Carlos Martins Pena

CENA IV
[...]
FAUSTINO – Maricota...
MARICOTA – Fui bem desgraçada em dar meu coração a um ingrato!
FAUSTINO, enternecido – Maricota!
MARICOTA – Se eu pudesse arrancar do peito esta paixão...
FAUSTINO – Maricota, eis-me a teus pés! (Ajoelha-se, e enquanto fala, Maricota
ri-se, sem que ele veja.) Necessito de toda a tua bondade para ser perdoado!
MARICOTA – Deixe-me.
FAUSTINO – Queres que morra a teus pés? (Batem palmas na escada.)
MARICOTA, assustada – Quem será? (Faustino conserva-se de joelhos.)
CAPITÃO, na escada, dentro – Dá licença?
MARICOTA, assustada – É o capitão Ambrósio! (Para Faustino:) Vá-se embora,
vá-se embora! (Vai para dentro, correndo.)
FAUSTINO levanta-se e vai atrás dela – Então, o que é isso?... Deixou-me!... Foi-
se!... E esta!... Que farei?... (Anda ao redor da sala como procurando onde
esconder-se.) Não sei onde esconder-me... (Vai espiar à porta, e daí corre
para a janela.) Voltou, e está conversando à porta com um sujeito; mas
decerto não deixa de entrar. Em boas estou metido, e daqui não... (Corre
para o judas, despe-lhe a casaca e o colete, tira-lhe as botas e o chapéu e
arranca-lhe os bigodes.) O que me pilhar tem talento, porque mais tenho
eu. (Veste o colete e casaca sobre a sua própria roupa, calça as botas, põe o
chapéu armado e arranja os bigodes. Feito isso, esconde o corpo do judas em
uma das gavetas da cômoda, onde também esconde o próprio chapéu, e toma
o lugar do judas.) Agora pode vir... (Batem.) Ei-lo! (Batem.) Aí vem!

38
unidade 2
CENA V

CAPITÃO e FAUSTINO, no lugar do judas.

CAPITÃO, entrando – Não há ninguém em casa? Ou estão todos surdos? Já bati


palmas duas vezes, e nada de novo! (Tira a barretina e a põe sobre a mesa,
e assenta-se na cadeira.) Esperarei. (Olha ao redor de si, dá com os olhos
no judas; supõe à primeira vista ser um homem, e levanta-se rapidamente.)
Quem é? (Reconhecendo que é um judas:) Ora, ora, ora! E não me enganei
com o judas, pensando que era um homem? Oh, oh, está um figurão! E
o mais é que está tão bem feito que parece vivo. (Assenta-se.) Onde está
esta gente? Preciso falar com o cabo José Pimenta e... ver a filha. Não seria
mau que ele [não] estivesse em casa; desejo ter certas explicações com a
Maricota. (Aqui aparece na porta da direita Maricota, que espreita, receosa.
O capitão a vê e levanta-se.) Ah!

CENA VI

MARICOTA e os mesmos.

MARICOTA, entrando, sempre receosa e olhando para todos os lados – Senhor


capitão!
CAPITÃO, chegando-se para ela – Desejei ver-te, e a fortuna ajudou-me.
(Pegando-lhe na mão:) Mas que tens? Estás receosa! Teu pai?
MARICOTA, receosa – Saiu.
CAPITÃO – Que temes então?
MARICOTA adianta-se e como que procura um objeto com os olhos pelos cantos
da sala – Eu? Nada. Estou procurando o gato...
CAPITÃO, largando-lhe a mão – O gato? E por causa do gato recebe-me com
esta indiferença?
MARICOTA, à parte – Saiu. (Para o capitão:) Ainda em cima zanga-se comigo!
Por sua causa é que eu estou nestes sustos.
CAPITÃO – Por minha causa?
MARICOTA – Sim.
CAPITÃO – E é também por minha causa que procura o gato?

39
MARICOTA – É, sim!
CAPITÃO – Essa agora é melhor! Explique-se...
MARICOTA, à parte – Em que me fui eu meter! O que lhe hei de dizer?
CAPITÃO – Então?
MARICOTA – Lembra-se...
CAPITÃO – De quê?
MARICOTA – Da... da... daquela carta que escreveu-me anteontem, em que me
aconselhava que fugisse da casa de meu pai para a sua?
CAPITÃO – E o que tem?
MARICOTA – Guardei-a na gavetinha do meu espelho e, como a deixasse aberta,
o gato, brincando, sacou-me a carta; porque ele tem esse costume...
CAPITÃO – Oh, mas isso não é graça! Procuremos o gato. A carta estava assinada
e pode comprometer-me. É a última vez que tal me acontece! (Puxa a espada
e principia a procurar o gato).
Fonte: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/martins-pena/o-judas-em-sabado-
de-aleluia.php>. Acesso em: 13 abr. 2011.

Estudo do texto

Apesar de não ter lido as primeiras cenas do texto, você pode entender o que se passou
anteriormente.
• Como você definiria a relação entre Maricota e Faustino?
• Que papel representa o Capitão nessa peça teatral?

COMO PODERÍAMOS EXPLORAR ESSE TEXTO EM SALA DE AULA?


DISCUTA SUA OPINIÃO COM SEUS COLEGAS NO FÓRUM DA TURMA.

2.5.5.8 - Resenha crítica

A resenha crítica é um gênero argumentativo. Ela expressa uma opinião ou tese sobre
um produto cultural (livro, filme, peça, show, música etc.) e apresenta argumentos que
justificam essa opinião.

40
unidade 2

Fonte: Jornal “O GLOBO”. 30 mar. 2011

Avalie o conteúdo da resenha


• Foram apresentados mais pontos positivos ou negativos da peça?
• Pensando em sua resposta anterior, conclua: a avaliação final da peça é coerente
com aquilo que a resenha apresenta? Por quê?

ESSE TIPO DE TEXTO PODERIA SER USADO EM SALA?


COMO?
EXPONHA SUA OPINIÃO E DISCUTA-A COM OS COLEGAS NO FÓRUM.

41
ATIVIDADE
A unidade 2 apresenta diferentes tipos de textos sugerindo sua possível utilização
em nossa prática cotidiana.
1. Qual sua opinião sobre as sugestões apresentadas?
2. A partir de um gênero textual de sua escolha, elabore um exercício de verificação
de apreensão de leitura para aplicação.

42
unidade 3

Propostas de produção escrita

Objetivo
Trabalhar a prática da escrita em diferentes gêneros de produção

43
Propostas de produção escrita

Com base nos trabalhos de leitura realizada, faremos agora, nós também, exercícios de
produção escrita. Lembramos que as unidades propostas no desenvolvimento da leitura
podem ser exploradas e trabalhadas na produção escrita.

3.1- Pontuação

Os sinais de pontuação servem para marcar pausas (a vírgula, o ponto e vírgula, o ponto)
ou a melodia da frase (o ponto de exclamação, o ponto de interrogação etc.). Geralmente,
estão ligados à organização sintática dos termos na frase, eles são regidos por regras.
Assim, é necessário trabalhar com os alunos a necessidade de seu bom emprego para a
melhor compreensão do que é lido ou escrito.

Leia o texto que nos fala sobre os sinais de pontuação. E veja como esse trabalho pode ser
descontraído e prazeroso

Quem é importante

Certo dia, num caderno, - Quem é?


Numa página interna, - Por quê?
Deu-se a grande reunião - Aonde?
Dos sinais de pontuação, - Quando? – ele só vive perguntando...
Para decidir, no instante,
Qual é o mais importante. E vêm as Vírgulas dengosas,
Muito falantes, muito prosas,
Chegou correndo, afobadão, E anunciam: - Nós meninas
O Ponto de Exclamação, Somos as pausas pequeninas,
Bufando, muito excitado, Que, pelas frases espalhadas,
Entusiasmado ou assustado: São sempre tão solicitadas!
- Socorro! Mas já chegam os Dois Pontos,
- Viva! Ponto e Vírgula, e pronto!
- Sarava!
- Dá o fora! – sempre a berrar! Tem início a discussão,
Que já dá em confusão:
E logo, todo sinuoso, - Sem por cima ter um ponto,
A rebolar-se, entrou pimpão, Vírgula é um sinal bem tonto! –
O enxerido e mui curioso Ponto e vírgula declara,
Dom Ponto de Interrogação: Arrogante, e fecha a cara.

45
- Essa não! Tenha paciência! – Importante eu é que sou
Intervêm as Reticências. Eu preparo toda a ação
- Somos nós as importantes, E a e-nu-me-ra-ção!
Tanto agora como dantes: - É aqui que nós entramos!
Quando falta competência, Nós, as Aspas, e avisamos:
Botam logo... Reticências! Sem nossa contribuição
Não existe citação!
Til e Acento Circunflexo,
Numa discussão sem nexo, A Cedilha e o Travessão
Cara a cara, bravos, quase Já se enfrentaram, mas então,
Se engalfinham. Mas a Crase Bem na hora, firme e pronto
Corta a briga, ao declarar: Se apresenta o senhor Ponto:
- Poucos sabem me empregar! - Importante é o meu sinal.
Me respeitem pois bastante, Basta. Fim. PONTO FINAL.
Já que sou tão importante!
Tatiana Belinki, Di-versos russos.
Mas Dois-Pontos protestou: São Paulo: Scipione, 1994

ATIVIDADE 1
Crie você mesmo(a), agora, uma forma de trabalhar a pontuação em sala de aula.
Discuta sua proposta com os tutores e os colegas no Fórum da turma.

3.2 – História em quadrinhos

ATIVIDADE 2
De modo a exercitar a criação de discursos diretos, crie as falas das personagens da
história em quadrinhos a seguir.

46
unidade 3

Fonte: PASSOS, Célia & SILVA, Zeneide – “Coleção Eu Gosto Integrado” 4ª série-Ed.IBEP,
2006

Envie o diálogo criado ao tutor da turma.

3.3 - Propagandas

ATIVIDADE 3
Elabore um anúncio para a venda de cada item:
Uma casa Um carro Um utensílio doméstico

3.4 - Fábula
O galo e a águia
Dois galos estavam disputando em feroz luta o direito de
comandar o galinheiro de uma chácara. Por fim, um põe o
outro para correr e é o vencedor.
O Galo derrotado afastou-se e foi se recolher num canto
sossegado do galinheiro.

47
O vencedor, voando até o alto de um muro, bateu as asas e, exultante, cantou
com toda força.
Uma Águia que pairava ali perto lançou-se sobre ele e com um golpe certeiro
levou-o preso em suas poderosas garras.
O Galo derrotado saiu do seu canto e daí em diante reinou absoluto, livre de
concorrência.

Autor: Esopo
Fonte: <http://cantinhodasfabulas.vilabol.uol.com.br/ogalodebrigaeaaguia.html>.
cantinhodasfabulas.vilabol.uol.com.br. Acesso em 14/04/2011.

Moral da História: _______________________________________________

O orgulho e a arrogância são o caminho mais curto para a ruína e o infortúnio.

ATIVIDADE 4
Crie, agora, SUA fábula.
Lembre-se de que toda fábula tem uma mensagem moral a ser difundida.
Apresente sua história no Fórum da turma.

3.5- Notícias de jornal

Diferentemente dos textos de ficção, das fábulas, os jornais devem dar informações
precisas sobre os fatos, fornecendo o maior número de dados no menor espaço possível.

Vejamos uma notícia difundida em diferentes meios de comunicação:


DESARMAMENTO INFANTIL

48
unidade 3

Fonte: Jornal “O GLOBO”. 13 abr. 2011.

ATIVIDADE 5
Faça uma leitura crítica do texto.
Destaque pontos positivos e negativos.
Pesquise na internet para saber mais sobre o desarmamento infantil.
Discuta a proposta da Campanha “Desarmamento Infantil” do Instituto Sou da Paz
com os tutores e os colegas no Fórum da turma.
Elabore um texto sobre o assunto a partir de suas leituras e experiências cotidianas.

3.6 - Crônicas

Temos que estimular nossos alunos a analisar criticamente eventos de seu cotidiano.

49
Façamos uma breve prática antes de aplicá-lo.

Observe as imagens abaixo. Elas são relacionadas a disputas esportivas que mobilizam no
público uma variedade de reações e sentimentos.

Fonte: Jornal “O GLOBO”. 13 abr. 2011.

ATIVIDADE 5
Escreva uma crônica a respeito de um jogo da modalidade de sua preferência. Para
isso, você deverá descrever e analisar os fatos que conferiram emoção à partida. A
abordagem do tema deverá ser feita de forma espontânea e subjetiva.

Roteiro para a elaboração do texto


• Qual jogo foi escolhido?
• Que características desse jogo merecem ser destacadas: algum jogador, a
arbitragem, os torcedores, um time em especial?

50
unidade 3

• Qual será o tom da sua crítica: como torcedor, como admirador, com descontração,
com otimismo, como desabafo, como deboche?

Ao escrever o texto, lembre-se:


• Sua crônica deve ter um título.
• Pode fazer referência a atletas, agremiações, lugares, jogo analisado, explicando,
se for necessário.
• Além da descrição de lances, você deve fazer uma análise pessoal da partida
selecionada.
• Você pode ilustrar com recorte de revista, jornal ou com uma fotografia.

Avalie o que você escreveu e veja se há necessidade da reescrita.


Envie seu texto ao fórum da turma da turma.

3.7 - Resenha crítica

Vamos exercitar agora a análise crítica em forma de resenha.

Pense em algum filme, livro, ou peça teatral você que tenha visto...
... e faça uma resenha crítica.

A resenha deverá conter


• Nome do livro
• Autor
• Editora
• Data de publicação
• Número de páginas

Complete com informações que farão parte da sua resenha:


• Tema do livro e a que público se destina
• Sua opinião sobre o livro
• Características do livro que justificam a sua opinião sobre ele

51
Destaque sempre pontos positivos e/ou negativos.

Crie um título, que deverá vir antes do conteúdo da resenha, e apresente a opinião que
será defendida.

Avalie e reescreva o texto. Para avaliar sua produção, siga respondendo as seguintes
perguntas:
• Há informações básicas sobre a obra?
• Seu ponto de vista sobre o livro está claro?
• Apresentou argumentos para justificar seu ponto de vista?
• Procurou escrever de forma impessoal?
• Você acredita que a sua resenha convence o leitor a respeito do seu ponto de vista?

Depois de sua releitura, faça as modificações necessárias e


envie seu texto ao seu tutor e a seus colegas.

52
unidade 3
3.8 – Uma leitura árdua: os gráficos

Fonte: Jornal “O GLOBO”. 13 abr. 2011.

Analisando os gráficos, podemos verificar que houve um crescimento de óbitos em


acidentes de trânsito no Brasil.
• Observar e comparar óbitos durante a década de 1998 a 2008:
a) De pedestres
b) Em acidentes de automóvel
c) Em acidentes de motociclista
d) E acidentes de ciclista
• Com base na observação do gráfico, elabore três possíveis causas para esse resultado
e sugira soluções.

Envie seu texto ao tutor

53
ATIVIDADE
1) Crie um exercício para seus alunos
A partir de um texto de sua escolha, elabore um exercício de expressão escrita
para aplicação em sala.

2) Autoavaliação
O conteúdo da disciplina atendeu às suas expectativas?
Destaque pontos positivos e negativos.
As discussões no fórum foram proveitosas?
Como foi sua participação nessas discussões?
Como se deu sua atuação nas atividades propostas?
Concluindo a disciplina, você diria que ela foi útil a seu trabalho em sala?

54
Pra final de conversa

Prezado(a) Colega/Estudante

Concluímos aqui nossas atividades da disciplina “Leitura e Produção de Texto”, do curso


de PRÁTICAS DE LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO.

Esperamos que as propostas tenham efetivamente estimulado questões e reflexões sobre


as possibilidades de compreensão e escrita.

Para finalizar nosso trabalho, propomos uma última atividade.

Gostaríamos também de contar com a avaliação do (a) colega sobre a disciplina e sobre
sua atuação nela.

Assim, pedimos que você elabore um texto sobre este período de estudos, no qual sejam
respondidas as questões propostas abaixo, e o poste na plataforma.

Até a próxima!
Um abraço,
Claudia Braga

55
REFERÊNCIAS

BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo: Martins
Fontes, 1997.

BUIN, Edilaine. Aquisição da escrita: a coerência e a coesão. São Paulo: Contexto, 2002.

CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetizando sem o Babébibóbu. São Paulo: Scipione, 2005.

GOODMAN, Kenneth S. O processo de leitura: considerações a respeito da língua e


desenvolvimento. In: FERREIRO, Emilia; PALÁCIO, Margarida G. Os processos de leitura
e escrita: novas perspectivas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.

______. & KOCH, Ingedore V. Linguística textual: uma introdução. São Paulo: Cortez, 1994.

KOCH, Ingedore G.V.; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Texto e coerência. São Paulo: Cortez, 1989.

LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática, 1993.

Revista VEJA, n. 2177. São Paulo: Editora Abril, 11 ago. 2010. (pp. 94-101).

SOARES, Magda. Português: uma proposta para o letramento. São Paulo: Moderna, 2002.

SILVA, E. T. A Produção da Leitura na Escola. São Paulo: Ática, 1996.

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros curriculares nacionais:


Língua Portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1997.

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Você também pode gostar