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Lavrar o mar
O Autor
O Livro
Temas
O autor procurou abordar vários temas que de alguma forma se relacionam com
a adolescência: os conflitos do quotidiano, o amor e o sexo entre adolescentes, o uso de
álcool e de drogas. Procurou, também, dar o seu contributo para a definição do conceito
de adolescência. Daniel Sampaio não esqueceu, ainda, a infância e os diferentes «tipos»
de pais como elementos de vital importância durante os anos da adolescência.
O livro termina com a troca de correspondência entre Daniel Sampaio e Eulália
Barros, num capítulo chamado «Cartas sobre a Escola».
O Conceito de Adolescência
1
O estudo científico da adolescência começa no início do século XX com Stanley
Hall. Influenciado pelas teorias de Darwin, acreditava que «os comportamentos
humanos característicos de cada etapa da vida seriam a reprodução de uma era anterior
da evolução: os adolescentes reproduziriam períodos mais selvagens da civilização,
caracterizados por comportamentos desregrados e agressivos, dos quais se poderiam
libertar através da integração social. Por essa razão, viviam um período de “tempestade
e inquietação/conflito” (...)». Ainda hoje podemos encontrar uma ideia de adolescência
semelhante a esta, caracterizada por conflitos, agressividade, tensão ou desequilíbrio. A
ideia de que a adolescência era uma etapa dedicada ao estudo deu lugar à noção de um
período marcado pela indisciplina.
A ideia seria (e ainda hoje existe) a de que o adolescente precisa de uma cura, o
que nos leva a perceber que muitos consideram esta fase como sendo uma doença.
«Por isso gostaríamos muito que viesse à nossa escola, para nos ajudar a compreender
a fase da vida em que estamos e para nos informar quais os sintomas da adolescência.»
Os Conflitos do Quotidiano
O autor de Lavrar o Mar acredita que «na maioria dos casos a adolescência
corre bem e é uma decisiva ocasião para o crescimento emocional de toda a família».
São, em seu entender, os média e alguns profissionais os responsáveis pela ideia de que
todos os adolescentes vão ter desentendimentos graves com os pais, protagonizar actos
marginais, andar com más companhias ou vestir de forma bizarra. Este aparato é, por
sua vez, a causa de muitos medos sentidos pelos familiares dos jovens e «uma das
origens da falsa crença de que a adolescência corre sempre mal».
Daniel Sampaio propõe uma reflexão, e não uma solução, para alguns conflitos:
- Limites: cabe aos pais saber dizer não de uma forma clara, sempre que a segurança ou
o bem-estar dos mais novos possam estar em perigo.
-Dinheiros: muitos pais acham que será pelo facto de darem pouco dinheiro aos filhos
que eles entrarão no mundo da droga, outros acham que é por darem muito que eles o
farão. O dinheiro é um dos causadores de conflitos em muitos lares com adolescentes.
Optar pela entrega semanal de uma quantia preestabelecida talvez acabe por ser uma
boa solução, tentando ensinar sempre o valor do dinheiro, de modo a evitar gastos sem
sentido.
2
-Más Companhias: tentar impedir os filhos de andarem com esta ou aquela pessoa só
porque usa roupas bizarras ou porque tem determinado corte de cabelo não dá bom
resultado. Quando os pais não têm boa impressão dos amigos dos filhos e não
fundamentam correctamente a sua opinião, acabarão por gerar discussões que a nada
levam. Não interessa se têm piercings ou tatuagens: importa, sim, o que os filhos fazem
com esses amigos. É nisso que os pais se devem centrar.
-Prémios e Castigos: «Alguns pais dão prémios por tudo e por nada». Vivemos numa
sociedade que privilegia tanto os lucros que a família tem de ser o lugar onde se
defendem e conservam os valores humanos, o local onde se aprende a valorizar o
esforço. Gratificar os filhos pelas boas notas não faz sentido porque estudar é uma
obrigação deles, é o seu dever.
-Mentiras: muitos pais sentem que foram maus educadores quando verificam que os
filhos mentem. Acreditam que não lhes conseguiram transmitir valores de honestidade.
É importante mostrar ao jovem que a mentira é algo negativo mas que se espera que
sejam capazes de superar o problema. «A mentira é o grande inimigo da vida familiar».
Conclusão
«Os conflitos fazem bem à saúde. As pessoas que não vivem conflitos são
pessoas que já morreram e ainda não repararam.»
3
«(...) os confrontos existem em todas as épocas da vida e são essenciais ao
desenvolvimento. Uma criança precisa de questionar, discutir, opor-se, crescer.»
«Os pais não podem ser os melhores amigos dos adolescentes. Um pai ou uma
mãe é muito mais do que um melhor amigo.»
Bibliografia