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Resenha: Carta de uma orientadora

O livro ou carta de um orientador de Deborah Diniz é um texto para


alunos que estão escrevendo seu primeiro trabalho acadêmico. Esta carta é o
resultado de experiências pessoais da autora bem como de observações
etnográficas relacionadas com o ritual de orientação. Usando de analogias
como coser e cozinhar, a autora mostrar como a estreita colaboração entre
leitor, ouvinte e aspirante a escritor é essencial para a arte de orientar. A
parceria resulta em trabalho de conclusão do curso e não de desenvolvimento
a partir de novos autores. Mesmo que este seja seu primeiro e último trabalho.
A autora defende o desenvolvimento de uma monografia criativa que
trate das realidades sociais, dá conselhos sobre como escolher um orientador,
defende que essa escolha seja tão independente quanto a escolha do tema,
trazendo atenção à necessidade de um tema o mais específico, claro e objetivo
possível. Sugere também que os escritores estagiários façam uma breve
revisão bibliográfica, contemplando um panorama geral, para que o resultado
final do trabalho seja uma questão de investigação.
O autor dá mais ênfase a esses pontos e apresenta três unidades
básicas do projeto de pesquisa de forma mais prática: título funcional, problema
de pesquisa e palavras-chave. Aborda a questão da autocrítica e da prudência,
afinal, escrever é se expor publicamente. Recomenda-se, espantar o medo,
pois isso silenciará o aprendiz de escritor no silêncio imposto pelo medo.
O planejamento e o uso do tempo são outra questão, e a conclusão do
plano é o que importa. Destaca-se a importância da construção de uma linha
do tempo que contemple as etapas essenciais de pesquisa bibliográfica ou de
campo, leitura, redação e revisão, pesquisa e produção científica.
Autoconhecimento e disciplina são elementos essenciais para se organizar
nesse momento. Recomenda-se o uso de cronômetro e caderno para os
primeiros momentos de descoberta do próprio ritmo.
No encontro com o texto, o autor começa alertando que a leitura será
uma atividade de pesquisa mais fundamental e será realizada ao longo da
elaboração do projeto e da redação da monografia. A leitura pode nos inspirar
e dar uma nova perspectiva sobre os dados de campo, consequentemente
nos inspira a escrever. O livro nos oferece orientações sobre a organização
da leitura, que deve ser substancial e densa, e aponta para o uso de
ferramentas como programas bibliográficos e a criação de mapas de autores.
Diniz alerta contra o plágio, que é uma fraude na escrita acadêmica, ao
contrário de artes como a paródia. É importante assumir apenas que o que
você criou verdadeiramente é seu, expressando o que você é capaz de
sustentar, alerta para assumirmos a responsabilidade pelo que criamos.
Assim, Carta de um orientador traz elementos da produção acadêmica,
como a definição do objeto da organização do tempo e a autoria, sem perder o
caráter questionador e transformador das realidades sociais das produções.
Defende-se o pensamento livre e criativo, alertando os autores de textos
acadêmicos para que não se limitem a reproduzir os autores de seus direitos,
as motivações políticas na escolha dos temas bem como as produções
envolvidas são valorizadas sem colocar o rigor da pesquisa em segundo plano
oferecendo em sua carta um guia acadêmico para a monografia, mas também
um norte para aprendizes de escritor.

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