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Componente Curricular: Pesquisa e Escrita Acadêmica (PEAL1)

Docente: Débora Mariana Ribeiro

DIÁRIO DE LEITURA

Para Canetti, a prática da escrita diarista deve ter o caráter de diálogo aberto e franco do escritor
consigo mesmo, com suas múltiplas faces e com os outros que o rodeiam, diálogo que deve permitir
uma autocrítica constante, em que o diarista deveria tratar-se com mais rigor do que um outro o faria
(Apud Machado et. al. 2007, p. 21).

O que é um diário de leitura


Diário de leitura é um recurso educacional capaz de despertar a consciência e o posicionamento crítico do seu autor e de enriquecer
o debate com outros leitores do texto (alunos e professores em sala de aula, por exemplo). Ele vai além do fichamento, pois deixa
livre o diálogo do seu autor com o texto lido. O diário pode ser em formato impresso ou digital, de acordo com a preferência de
cada um.
ORIENTAÇÕES PARA ELABORAÇÃO DO DIÁRIO DE LEITURA
1. Comece com um caderno.
2. Coloque sempre o local, a data e a hora em que você começar a escrever e a referência bibliográfica completa do
texto que estiver lendo (Machado, Abreu-Tardelli, Lousada, 2007, p.32).
3. Observe o título do texto e registre no seu diário: suas impressões: gostou ou não? Tem vontade de ler? Que tipo
de texto espera encontrar? Sobre o que você acha que o texto trata? Que sentimento ele provoca em você?
3.1 Não se esqueça de verificar as referências bibliográficas e o título e, a partir deles, levante hipóteses sobre o tema
do texto, sobre a posição do autor a respeito dele etc. (Machado; Abreu-Tardelli; Lousada, 2007, p.67).
4. Antes de iniciar a leitura, observe todas as informações (verbais ou não-verbais) que podem ajudá-lo a melhor
compreender o texto: a última capa, a orelha, as notas sobre o autor, a bibliografia (se houver), o índice, as indicações
bibliográficas, ilustrações, organização das partes etc. Anote tudo o que você julgar importante e as ideias que você já
for tendo a respeito do texto a ser lido.
5. À medida que for lendo, vá registrando (sempre com frases completas):
5.1 As relações estabelecidas por você entre o texto e suas experiências pessoais, entre o texto e outros objetos
culturais, entre o texto e outros textos (verbais e/ou não verbais) que já leu.
5.2 Num processo normal de leitura, um bom leitor sempre estabelece relações entre o texto que estiver lendo com
suas experiências pessoais, com outros textos/conteúdos ou qualquer tipo de conhecimento, com livros, com filmes,
com músicas, com aulas, com sua experiência de vida ou com qualquer outro objeto cultural a que tenha tido acesso.
Isso faz com que a leitura fique muito mais rica e com que os conhecimentos que vamos adquirindo na vida não fiquem
separados uns dos outros. No diário de leitura, frequentemente, essas relações são mencionadas e justificadas.
(Machado, Abreu-Tardelli, Lousada, 2007, p.79)
5.3 As contribuições que julga que o texto está trazendo para: qualquer tipo de aprendizado que ele lhe traga, o
desenvolvimento de sua prática de leitura, o desenvolvimento de produção de textos, sua futura profissão e para a
sociedade, algum trabalho que você vai realizar, estudos e/ou pesquisas da área de conhecimento e/ou sua vida
pessoal.
5.4 Suas opiniões sobre o texto, sobre sua forma e seu conteúdo. Discuta as ideias do autor concordando ou
discordando, questionado, levantando dúvidas, citando exemplos, vá registrando as dificuldades de leitura que
encontrar e os trechos que não compreender ou aqueles de que mais gostar; vá sintetizando as ideias que o autor
coloca como mais importantes, as teses centrais e os argumentos que defende etc.
6. Sempre justifique suas opiniões.
(Adaptado de MACHADO, LOUSADA, ABREUTARDELLI, 2004).
7.Em seu diário, aponte sua(s) dificuldades(s) de compreensão e o modo que encontrou (ou não) para resolvê-las.
(Machado; Abreu-Tardelli; Lousada, 2007, p. 71). Observe palavras, expressão ou frase inteira que lhe trouxe
dificuldade de compreensão.
7.1 Qual ou quais razões explicam a sua dificuldade? (falta de clareza do autor; falta de algum tipo de conhecimento necessário;
palavras pouco usuais; frase muito longa; pensamento muito abstrato do autor; outros).
7.2 Você tentou solucionar sua dificuldade de algum modo? O que você fez? Uso do dicionário ou da gramática; relacionei o termo
com outras palavras; relacionei o sentido geral da frase e do texto; relacionei com outros textos que li; perguntei a alguém; não
fiz nada; busquei na internet; outros.

8. Registro das reações diante do texto lido/ a ser lido: prazer; curiosidade; desprazer; preguiça; desinteresse inicial;
cansaço; questionamento das ideias do autor lido; interesse inicial pelo suporte e, que o texto se encontra; interesse
pelo objetivo do texto; rejeição às ideias do autor lido; tédio; dúvida sobre a atualidade do texto.
Levantamento do que é significativo para o leitor
Lembre-se sempre de que, durante a leitura de um texto, ao mesmo tempo em que for lendo, você deverá ir produzindo
o seu diário. NÃO DEIXE PARA FAZER ISSO AO FINAL DA LEITURA!
Aos poucos, à medida que for lendo, vai encontrar ideias importantes para você e ideias que parecem ser importantes
para o autor. Além disso, no diário, você vai registrar suas próprias ideias, seus sentimentos, suas reflexões, sobre o
que o autor discorre. Portanto, é necessário tomar cuidado e não misturar o que é seu com o que é do autor.
Para isso, registre as ideias que o autor coloca como sendo as mais importantes, a(s) tese(s) que ele defende e os
argumentos que usa para sustentá-las, de acordo com as normas científicas para citações. Quanto mais importantes,
maior a necessidade de registrá-las (Machado, Abreu-Tardelli, Lousada, 2007, p. 57).
Referências
MACHADO, Anna Rachel. O diário de leituras: a introdução de um novo instrumento na escola. São Paulo: Martins
Fontes, 1998.
MACHADO, Anna Rachel; LOUSADA, Eliane; ABREU-TARDELLI, Lília Santos. Trabalhos de pesquisa: diários de leitura
para a revisão bibliográfica. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.
MACHADO, Anna Rachel; LOUSADA, Eliane; ABREU-TARDELLI, Lília Santos. O diário de leitura: ferramenta para uma
leitura crítica do texto. In: Resenha. São Paulo: Parábola Editorial, 2004, p. 63-83.

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