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elaboração:

PROF. DR. JOSÉ NICOLAU GREGORIN FILHO

Não Era uma Vez...


Contos clássicos
recontados

escrito por
Vários
autores
Os Projetos de Leitura: concepção

Buscando o oferecimento de subsídios práticos para o


trabalho docente com os livros de literatura para crianças
e jovens, neste ano, a Editora Melhoramentos lança os
Projetos de Leitura.
Por que Projeto de Leitura? Porque a atividade de lei-
tura compreende sempre um projeto, de conhecimento do
mundo e de si, de aperfeiçoamento da linguagem verbal,
de conhecer outras realidades, de experimentar sensações
e sentimentos diversos.
Os Projetos de Leitura são instrumentos de auxílio ao
professor nas atividades de leitura. Evidente que não pre-
tendem esgotar as possibilidades de trabalho com a leitura
dos livros nem tampouco padronizar o exercício do ato
de ler, mas podem ser extremamente úteis aos professores
e profissionais da educação para nortear as atividades de
leitura.
Eles são concebidos de maneira a abordar a leitura nos
seus vários processos, enfatizando as relações do livro
com a vida cotidiana do aluno e as relações de intertex-
tualidade oferecidas pelo texto, isto é, as relações de forma
e sentido que a obra apresenta em relação a outros textos
veiculados na e pela sociedade (livros, filmes, textos, entre
outros), mas sem as tentativas de reducionismo das obras
que algumas fichas de leitura do passado eram capazes
de fazer.
Para a equipe de divulgação escolar, os Projetos de Lei-
tura podem ser mais um importante instrumental para
um conhecimento detalhado das obras, além de oferecer
atividades a serem sugeridas aos educadores.
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Os Projetos de Leitura contêm as seguintes etapas:

a) Palavras iniciais
Nesta parte do projeto, o professor será informado
sobre a adequação da obra ao tipo de leitor1 e a série mais
apropriada para sua leitura, sobre as possibilidades de
utilização do projeto como um guia para o desenvol-
vimento de atividades em consonância com o projeto
político-pedagógico da escola, bem como sobre possíveis
caminhos complementares a este guia, a fim de que este
projeto não se torne um elemento de redução da leitura
literária e da construção de leitores.

b) Sobre a obra
Aqui, são inseridas informações gerais sobre cada obra
específica:

• o gênero textual predominante na obra e suas peculiaridades


quanto à estrutura;
• breve resumo da obra (podem ser inseridas as observações
da quarta capa do livro);
• dados sobre o autor, se necessário;
• informações sobre a inserção do livro numa coleção (se for
o caso).

Além desses itens, são oferecidas informações sobre a


adequação da obra aos Parâmetros Curriculares Nacio-
nais, relações com temas transversais e outras leis educa-

1. A indicação da adequação do livro ao tipo de leitor deve ser analisada pelos


educadores, a fim de que sejam verificadas as competências das crianças lei-
toras em cada realidade escolar.
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cionais, com o objetivo de tornar a escolha da obra pelo


professor mais fundamentada e segura.

c) A leitura e suas etapas


Neste ponto do projeto, são enumeradas algumas ativi-
dades de preparação para a leitura, geralmente elaboradas
e executadas pelo professor de língua portuguesa, com
a finalidade de exploração da temática da obra. Podem
ser debates sobre o tema do livro, projeção de filmes2 e
até leituras e pesquisas em outros suportes textuais com
o objetivo de despertar o interesse do aluno para o livro
em questão.
Em todos os projetos, procuram-se atividades de pre-
paração para a leitura que contemplem situações mais
descontraídas, de modo a mostrar para o aluno a leitura
como atividade prazerosa e de fundamental importância
nas relações humanas.
Nesta parte, são propostas atividades que também pro-
piciam maior relação do aluno com o contexto de produ-
ção da obra, de seu microuniverso textual, bem como as
relações com a sua vida cotidiana.

d) Sugestões de atividades
As atividades oferecidas nesta etapa do projeto referem-
-se às propostas de atividades de leitura e têm início na
preparação para a leitura, tanto do texto verbal como do
texto visual, atividades que contribuem para a constru-
ção da obra, além de outros elementos internos do texto e

2. Quando são sugeridos os filmes, é importante que o professor tenha em mente


a possibilidade de trabalho com curtas-metragens e peças publicitárias; desse
modo, o aluno adquire maior competência de leitura.
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do universo de sua produção merecedores da atenção por


parte do professor, como:

• a divisão da obra em capítulos;


• a inserção de outros gêneros na obra;
• as ilustrações;
• os elementos estruturantes da narrativa;
• o(s) papel(is) do narrador;
• a linguagem utilizada.

Verificam-se aqui atividades que partem da leitura


como importante prática de interação pela linguagem e
a ela retornam, sempre com o objetivo de ampliar a com-
petência textual do aluno e possibilitar a integração com
as múltiplas linguagens e códigos da sociedade contem-
porânea.

e) Trabalhos interdisciplinares3
Esta parte do projeto tem a finalidade de propor apenas
um breve inventário de possíveis trabalhos da temática do
livro em diferentes disciplinas, para o desenvolvimento
de atividades que possibilitem um projeto de ensino que
atenda à formação global do aluno, não a simples inter-
seção de conteúdos.
Assim, propõe-se, nesta etapa, a inclusão de traba-
lhos das diversas disciplinas estruturantes do currículo
no sentido de contribuir para que o professor de língua
portuguesa consiga levar o aluno à contextualização da
obra de maneira mais ampla, concreta e relevante para

3. Note que a interdisciplinaridade tem início na formulação dos objetivos edu-


cacionais, isto é, só pode ser interdisciplinar um projeto de ensino que tenha
como objetivo a formação integral do indivíduo.
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a formação integral do aluno como sujeito agente na


sociedade.
Interessante perceber que as atividades que envolvem
a interdisciplinaridade não precisam acontecer simul-
taneamente. Determinadas disciplinas podem oferecer
subsídios para uma leitura posterior da obra e vice-versa,
proporcionando conteúdo para discussões em outras dis-
ciplinas.

f) Proposta de avaliação
A avaliação do processo de leitura de uma obra não
deve se pautar apenas em provas ou trabalhos escritos;
o próprio ato de ler deve ser valorizado e se tornar crité-
rio e propiciar instrumentos de avaliação. Desse modo,
cada obra ou gênero pode comportar a recomendação
de diferentes instrumentos e critérios de avaliação pelo
professor, favorecendo a mudança gradual da cultura de
avaliação do texto literário.

elaboração: José Nicolau Gregorin Filho. Licenciou-se em Letras pela


Unimauá, de Ribeirão Preto, onde exerceu diversos cargos até chegar
a vice-reitor. Especializou-se em Linguística e Língua Portuguesa pela
Unesp de Araraquara, onde se tornou Mestre e Doutor em Letras. Pos-
sui vários artigos e capítulos de livros publicados no Brasil e no exterior
sobre suas pesquisas em Literatura Infantil e Juvenil. Parecerista ad hoc
do Conselho Estadual de Educação de São Paulo. Atualmente, é docente
da área de Literatura Infantil e Juvenil, docente e vice-coordenador do
Programa de Pós-Graduação em Estudos Comparados de Literaturas de
Língua Portuguesa da Universidade de São Paulo.
projeto de leitura

Não Era uma Vez... Contos clássicos recontados


vários autores
15,5 x 23 cm, brochura, 128 páginas

PALAVRAS INICIAIS���������������������������������������������������������

O livro Não Era uma Vez... Contos clássicos reconta-


dos, de vários autores latino-americanos, pode ser indi-
cado para os leitores em processo ou fluentes, dependendo
de suas aptidões de leitura e das relações intertextuais que
já foram promovidas no seu amadurecimento intelectual.
Neste Projeto de Leitura, o professor encontrará suges-
tões de atividades que buscam explorar esta obra de
maneira abrangente. Evidente que ele não pretende esgo-
tar todas as possibilidades de trabalho em sala de aula
nem todas as perspectivas de leitura do livro, visto que
o leitor, em virtude de sua experiência de vida e relações
com outros textos, pode investir a obra de novos e incon-
táveis significados e interpretações.
Há necessidade de o professor refletir sobre a ade-
quação desta obra ao projeto político-pedagógico de sua
escola e, desse modo, ampliar as possibilidades de utiliza-
ção deste Projeto de Leitura, adequando-o às especifici-
dades de cada grupo de alunos, a fim de que este projeto
não se torne um elemento de redução da leitura da obra
literária, mas consiga promover a construção de leitores
mais plurais.
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SOBRE A OBRA���������������������������������������������������������������

Não Era uma Vez... Contos clássicos recontados é um


livro que nasce de relações intertextuais e interculturais,
isto é, do diálogo com textos maravilhosos já conhecidos
por sua vasta circulação, além de trazerem a visão e a arte
de diversos autores do continente sobre essas histórias, daí
o seu caráter multicultural.
Além de uma narrativa bem construída e surpreen-
dente, o livro traz ilustrações muito criativas e impor-
tantes para a ampliação da significação das histórias.
A obra consegue, por meio de pontos de vista ines-
perados e divertidos, mostrar que as coisas às vezes não
parecem o que são, ou que nem sempre já conhecemos a
totalidade de uma história!

A LEITURA E SUAS ETAPAS ���������������������������������������������

As atividades aqui enumeradas fazem parte da prepara-


ção para a leitura, com o objetivo de despertar o interesse
do aluno na história Não Era uma Vez... Contos clássicos
recontados.
Interessantes atividades de sensibilização para a leitura
da obra podem ser:

• projeção de filmes e peças de publicidade para que o aluno


amplie a sua competência textual e passe a perceber as rela-
ções intertextuais;

• numa roda de histórias, o professor convida seus alunos para


contar algumas histórias maravilhosas muito conhecidas;
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• após essa atividade, o educador promove uma discussão


sobre o foco narrativo e as mudanças que podem surgir a
partir da observação de um fato sob outra ótica;

• o professor pode ainda selecionar adaptações e versões cine-


matográficas que tenham como base histórias maravilhosas
e de fadas.

Livros que nascem de um diálogo intertextual devem


ser precedidos de algumas atividades de preparação para
a leitura de modo a despertar no aluno essa capacidade
de relacionar diferentes textos.

SUGESTÃO DE ATIVIDADES�������������������������������������������

O processo de leitura da obra deve ser composto de


atividades que contemplem o seu universo textual. Assim,
deve conduzir à exploração da linguagem e da forma
desse universo textual, partir dele e a ele retornar.

a) Vamos conversar sobre as histórias maravilhosas e sobre


o ponto de vista dos seus narradores? O professor pode
iniciar essa conversa mostrando textos publicitários cuja
temática seja o conto maravilhoso e coordenar essa dis-
cussão a fim de que seus alunos possam se envolver com
cada uma delas de modo a adquirir uma bagagem de in-
tertextualidade pela troca de experiências.

b) O professor deve instigar questionamentos sobre o foco


narrativo e sua importância na construção do enredo e
de cada personagem. Será que a história seria outra se
observada sob outro ângulo? Esses questionamentos têm
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o objetivo de preparar os alunos para a exploração dos


textos.

c) Quando os alunos tomarem contato com o livro, além


do texto verbal, o professor deve promover a curiosidade
sobre o seu projeto gráfico. A leitura das ilustrações tam-
bém faz parte da construção do sentido do texto! O pro-
fessor deve promover essas leituras do texto não verbal.

d) Após a leitura, a classe pode discutir as surpresas com a


leitura e retomar as histórias contadas no momento de
preparação para a leitura. Elas também traziam essa vi-
são das personagens? O enredo mudou? Por meio desses
questionamentos, o aluno pode, aos poucos, formar um
repertório de textos e entender a importância do foco
narrativo na construção de uma trama.

TRABALHOS INTERDISCIPLINARES �������������������������������

Além das atividades sugeridas para a área de língua


portuguesa, o livro Não Era uma Vez... Contos clássicos
recontados pode proporcionar uma discussão bastante
interessante sobre pluralidade cultural e ética, pois trata
do conhecimento do outro e da troca de experiências,
além de outros temas.
Dessa maneira, é possível a integração das seguintes áreas:

História:
• refletir sobre diferentes culturas e povos do mundo, princi-
palmente no que se refere à origem e à tradição de histórias
maravilhosas.
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Artes:
• contribuir para a confecção de bonecos, máscaras ou ilus-
trações, criando narrativas para essas produções que, poste-
riormente, podem ser dramatizadas ou filmadas pela classe.

Geografia:
• investigar os aspectos geográficos e humanos da Europa,
berço das histórias maravilhosas da maneira como as conhe-
cemos. Qual a importância da paisagem e do clima na cria-
ção dessas narrativas maravilhosas populares?

PROPOSTA DE AVALIAÇÃO �������������������������������������������

A avaliação do processo de leitura de uma obra não


deve se pautar apenas em provas ou trabalhos escritos. O
próprio ato de ler deve ser valorizado, tornando-se crité-
rio para a elaboração de instrumentos de avaliação.
Desse modo, a obra pode comportar uma avaliação
contínua e formativa, considerando os resultados das
atividades das diversas disciplinas envolvidas no Projeto
de Leitura, com o objetivo de levar o aluno, desde o iní-
cio, a perceber a gama de relações interdisciplinares que
envolvem a leitura literária.
Assim, são sugeridas avaliações de todas as atividades
propostas nas diferentes fases de leitura do texto, valo-
rizando as impressões de leitura e a contextualização
da obra.
Para esta obra, podem ser bons instrumentos de ava-
liação: as discussões sobre o livro, as atividades de artes
com a confecção de máscaras, filmes e dramatizações de
novas narrativas, entre outras.

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